Pontos latentes - banca 2

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Pontos Latentes

Gustavo Rinaldi Gonçalves Netto orientadora Ms. Ana Lúcia M. de O.Ferraz

Centro Universitário Barão de Mauá Faculdade de Arquitetura e Urbanismo 2020


Sumário Motivação

08

Introdução

11

12

Escalas de contato

06

Uma aproximação

14

A cidade vivenciada

16

A cidade vista pela arte

18


50

Pontos de ativação 22

Construção de situações

Ladeira da Barroquinha

26

Plaza Jorge Somaca

30

MQ Duecentosessanta

34

Pavilhão Tube

38

Island TAZ

42

Renovação Tulou Longyan

46

Situações

52

Deslocamentos

58

Partido

88

Imagens maquete conceitual

90

Estudos de arquitetura

92

Referências bibliográficas

129

07


Motivação Durante todo o período acadêmico do curso de arquitetura refleti sobre a escolha do objeto e o tema que poderia abordar, mas uma incerteza sempre me cercou- Por onde começar? Que caminho seguir? ... Perguntas estas eu fiz desde o início do trabalho, pois para mim ele simboliza bem mais que o encerramento de um ciclo, mas o início de outro. Talvez esta seja a razão da incerteza!? A única certeza que possuo, é sobre a escolha da minha cidade para intervir, e está escolha não é atoa – Penso em retribuir todo o conhecimento e valores que está graduação me proporcionou, para com o lugar que me construiu como pessoa, uma cidade pequena que me proporcionou uma infância maravilhosa. Quase que um movimento involuntário ou um trabalho inconsciente segue a procura do tema; mas não me aflijo nesta trajetória inconstante, condizente ao caminho da vida, as escolhas que fiz, as memórias vivenciadas, diálogos com a cidade, a primeira vez que fui ao museu de arte, e tantas outras experiências – tenho certeza que me guiaram para chegar no ponto em que estou hoje. É a vida, uma construção de pedaços, pedaços estes que nos definem... Este trabalho, portanto, é um compilado de conhecimentos que foram construídos com um objetivo, porem sem uma linha previamente definida.

08


09


CIDADE

ARTE

ARQUITETURA

10


Introdução Arte e arquitetura expressam juntas, mudanças e evoluções de mundo no decorrer da história; este trabalho aborda como tema a relação entre: arte, arquitetura e cidade, seus diálogos e a comunicabilidade com a sociedade contemporânea. A proposta tem com intenção, desenvolver equipamentos de convívio e permanência na cidade de Serrana; com o intuito de aproximar o contato da população com a cidade, através da arte e arquitetura. Para isso a pesquisa visa aproximar novas estratégias de pensar a relação entre o homem, a cidade e a arte. Construir o entendimento das escalas presentes na construção da percepção urbana e na produção das interferências na cidade. Várias são as discussões que colocam em foco a maneira de intervir na cidade, o papel do homem e sua escala de vivência, o tempo das ativações urbanas e o papel pulsante das ações na cidade como construtoras de uma nova geografia física e humana.

Escalas de contato

Em tratamos da disciplina do urbanismo e da forma como a cidade e as relações urbanas vêm sendo discutidas. Dentro desse capítulo ‘Uma aproximação’ vem expor o surgimento e evolução da disciplina de urbanismo, a princípio preocupada com a conformidade do traçado de uma cidade; uma visão que sobrevoa se

aproximando da experiência urbana, quase que um movimento de cima para baixo em direção do próximo capitulo ‘A cidade vivenciada’ expressa pela tensão de contato entre a escala macro e micro da vivência urbana. No item ‘A cidade vista pela arte’ atentamos para novas possibilidades de pensar a cidade pelo viés da arte e como essa condição de olhar estabelece com a cidade a ampliação da experiência urbana. Assim como em muitas cidades, Serrana é uma cidade dormitório dependente de Ribeirão Preto e grande parte das atividades são realizadas na cidade vizinha, motivadas pela precariedade ou carência de equipamentos. Com o propósito de reaver e solucionar a falta de aderência nos espaços urbanos se faz necessário a implantação de catalisadores de relação, estruturas que propiciem o encontro entre diferentes indivíduos e com o próprio espaço. Em

Construção de situações

são selecionadas propostas projetuais que instiguem o acesso e permanência nos espaços públicos para amplificar as questões já debatidas anteriormente e ampliar iconograficamente as soluções de cada proposta. Por fim, em

Pontos de ativação

serão apresentadas áreas latentes na cidade, partindo da diase entre escala macro e micro; assim como o partido adotado para solucionar a conexão entre as duas escalas. Aliando as leituras projetuais e o corpo teórico, parto com os primeiros estudos para a concepção do projeto. 11


Escalas de contato



Uma Aproximação O pré-urbanismo se diferencia do urbanismo pelo simples fato de que, os pensamentos e obras antes produzidas por generalistas passam agora a ser de especialistas;

A ideia de urbanismo, ou melhor,

Pré-urbanismo

, surge no século XIX com a revolução industrial; o processo ocorreu de forma muito rápida, seguida de um impressionante crescimento demográfico gerado pelo êxodo rural; este desenvolvimento urbano sem precedentes ocasionou no crescimento das cidades e consequentemente de problemas, tais como de moradia, infraestrutura, saneamento e saúde pública. Surgem modelos para solucionar os problemas enfrentados; em seu livro O urbanismo, Choay constrói e descreve tais modelos. O Modelo

Progressista

idealiza um desenho de caráter aberto cercada por verdes, tido como exigência da higiene; o espaço urbano é traçado conforme uma análise das funções humanas: habitat [habitação], trabalho, cultura e lazer; além de aumento qualitativo de toda a estrutura de vida. O segundo modelo é denominado de

Culturalista

, inspirado nas cidades medievais, portanto ausentes de traços geométricos; seu ponto de partida é o agrupamento humano na cidade, assim, a população ao mesmo tempo descentralizada, é dispersa por uma multiplicidade de pontos, e em cada um deles, reagrupada de modo mais denso. 14

Le Corbusier ainda afirma

“O urbanista não é outra coisa senão um arquiteto” É encontrado, sob uma forma modernizada, os dois modelos do pré-urbanismo: modelo progressista e o modelo culturalista.


Modelo Progressista Nova versão A ideia-chave que subtende o urbanismo progressista é a ideia de Modernidade; seu interesse desloca-se de estruturas econômicas e sociais [defendido pelo modelo pré-urbanista] para estruturas técnicas e estéticas. É na prancha de desenho, como num quadro, que o urbanista “compõe” sua futura cidade; de conformidade com os princípios do cubismo, e mais ainda com os do purismo.

Modelo Culturalista Nova versão Neste modelo os princípios ideológicos são compatíveis com o seu precursor, porém defende que a experiência das primeiras cidades industriais inglesas, não se repetirá, e a expansão industrial será acompanhada por propósitos que constituirão até a primeira década do século XX. Cada cidade ocupa o espaço de modo particular e diferenciado; é a consequência do papel que os culturalistas atribuem à individualidade.

Estes três modelos [Progressista, Culturalista e Naturalista], não obtiveram as mesmas ressonâncias na prática. A resposta aos problemas urbanos colocados pela sociedade industrial, não termina nem nos modelos do urbanismo, ou nas realizações concretas que os inspiraram; é ai então que surge outra crítica, ou melhor, uma crítica de

Naturalista

Tecnotopia

Novo modelo As ideias da corrente antiurbana americana cristalizam-se, no século XX, num novo modelo; seu princípio ideológico se fundamenta na ideia de que a grande cidade industrial é acusada de alienar o indivíduo; somente o contato com a natureza pode devolver o homem a si mesmo e permitir um harmonioso desenvolvimento da pessoa como totalidade. A natureza volta a ser um meio contínuo, no qual todas as funções urbanas estão dispersas; todas estas células estão ligadas e desligadas entre si por uma abundante rede de rotas terrestres e aéreas.

segundo grau.

O urbanismo progressista não soube assumir em sua plenitude as possibilidades que a técnica lhes ofereceria e não realizou a revolução tecnológica, um dos fundamentos de sua teoria; uma crítica se constitui desta relação defeituosa, simultaneamente as novas técnicas de construção e estilo de vida, técnicos, arquitetos e engenheiros tentaram imaginar de modo radical a cidade do século XX. Essa polarização tecnológica engendra propostas que se constituíam por grandes estruturas, suspensas, triangulares, superfícies oblíquas ou auto-sustentadas, membranas, entre outras.

15


A cidade vivenciada

Continuando com a descrição de Choay; o urbanismo progressista suscitou criticas radicais que visa tanto a arbitrariedade de seus princípios quanto seu desprezo pelas realidades concretas, em nível de execução. O conceito

Antrópolis

de pretende reintegrar o problema urbano em contexto global, partindo das informações dadas pela antropologia descritiva. Essa critica também qualificada de humanista, tem como base o homem; se fundamenta no trabalho de sociólogos, historiadores, economistas e psicólogos, acreditavam que não era possível desenvolver o trabalho do planejamento urbano sem compreender a “alma da cidade”; utilizavam de estudos antropológicos para realizar uma análise de retrospectiva e perspectivada do espaço. Contribuidora importante para este modelo, a jornalista e crítica de arquitetura e urbanismo

Jane Jacobs [uma apologista das

01 JACOBS, 2001, p.205 e 206 16

megalópolis em detrimento dos subúrbios] critica em seu livro, Vida e morte de grandes cidades, o drástico aumento do tráfego de automóvel e os fundamentos do planejamento urbano e da reurbanização ora vigentes [modernismo], poriam um fim ao espaço urbano e a vida da cidade, resultado em cidades sem vida, esvaziadas de pessoas. Defendia a importância da diversidade nas cidades e sua relação com a rua.

Elas são um meio para um fim. [...] Como as combinações de usos principais, as ruas freqüentes efetivamente ajudam a gerar diversidade só pela maneira como atuam. O modo como funcionam [atraindo para si misturas de usuários] e os resultados que elas proporcionam [o crescimento de diversidade] estão intimamente relacionados. A 01 relação é recíproca.

Afinal a preocupação atual não é alojar nas regiões metropolitanas uma população densa e evitar aos estragos causados por doenças [pela falta de saneamento], e sim alojar as pessoas nas regiões metropolitanas e evitar os estragos causados pelos bairros apáticos e desassistidos.


Pela primeira vez na história, a maior parte da população global é urbana; este ritmo acelerado de crescimento das cidades do século XXI, ira continuar nos próximos anos; portanto as cidades existentes e as novas cidades terão de fazer mudanças cruciais em pressuposto ao seu planejamento e suas prioridades. Seguindo os pensamentos de Jacobs, em seu livro, Cidades para pessoas,

Jan Gehl

crítica o urbanismo moderno [cidades idealizadas por um olhar que “sobrevoa” resultado de um desenho sobre uma prancha] e seu negligenciamento da paisagem urbana; assim defende ruas para pedestres, como uma política urbana integrada para desenvolver cidades vivas, seguras, sustentáveis e saudáveis.

Reforça-se a potencialidade para a cidade tornar-se viva, sempre que mais pessoas sintam-se convidadas a caminhar, pedalar ou permanecer nos espaços da cidade. A importância da vida no espaço público, particularmente as oportunidades sociais e culturais, assim como as atrações associadas com uma cidade cheia de vida [...] 02

Deveria ser um requisito universal a conduta cuidadosa da dimensão humana, assim a importância da qualidade da cidade independe do tráfego a pé, mas da qualidade ao nível do olhar. Independente do propósito, o caminhar, além de um meio de transporte, é um início potencial para outras atividades durante o percurso.

[...] As cidades devem propiciar boas condições para as pessoas caminhem, parem, sentem-se, olhem, ouçam e falem. Se tais atividades básicas, ligadas aos sentidos e ao aparelho motor humano, puderem ocorrer em boas condições, essas e outras atividades relacionadas deverão ser capazes de se desdobrar em todas as combinações possíveis na paisagem humana. 03

02 GEHL, 2017, p.6 03 GEHL, 2017, p. 118 17


A cidade vista pela arte Da mesma forma que a arte transforma o espaço, o espaço também pode ser um agente transformador da arte; é com este pensamento que surgem grupos, movimentos e produções artísticas direcionadas e provocadas pela potência dos espaços. Fundada em 1957, a Internacional

Situacionista

foi o resultado da unificação de três agrupamentos de artistas dissidentes da arte, em voga na época: o Comitê Psicogeográfico de Londres, a Internacional Letrista e o Movimento por uma Bauhaus Imaginarista. O grupo preocupou-se em atacar a alienação e o funcionalismo moderno; abandonam a ideia de construir cidades, para tratar de algo além da arte, da relação da vida cotidiana com a arte. No “campo” do urbanismo, sua crítica poderia ser vista como um convite à reflexão, à autocrítica e ao debate; um apelo contra a espetacularização das cidades e um manifesto pela participação efetiva, por uma participação real da população nas decisões urbanas. A I.S. defendia que se pode viver situações construídas:

04 JACQUES, 2003. Disponível em: https:// www.vitruvius.com.br/ revistas/read/arquitextos/03.035/696.

Acessado em 10/02/2020 05 HERMANN, 2005, p. 6873 06 HERMANN, 2005, p. 6875 18

“ A construção de situações será a realiza-

ção contínua de um grande jogo deliberadamente escolhido; a passagem de um ao outro desses cenários e desses conflitos em que os personagens de uma tragédia morreriam em vinte e quatro horas. Mas o tempo de viver não faltará mais. Uma crítica do comportamento, um urbanismo influenciável, uma técnica de ambiências devem se unir a essa síntese, nós conhecemos os seus primeiros princípios. É preciso reinventar em permanência a atração soberana que Charles Fourier chamava de livre jogo das paixões 04

“ De certo modo, a situação é o oposto da

obra de arte, sendo esta uma tentativa de conservação e valorização do presente. A construção das situações possui dialética: as realidades são passageiras e contêm sua negação, caminham para sua alteração no 05 fim.

“ A vida é constituída de situações. Situ-

ações essas que deveriam ser construídas pelos indivíduos, e não pelo espetáculo. Essa passividade é o âmago da crítica situacionista, que propõe a construção das situações através do desvio e de “técnicas” como a psicogeografia e a deriva pelo espaço. O ideal de libertação do cotidiano é que o homem saia da platéia da vida, não se deixe apenas contemplá-la e passe a re06 aliza-la.


A psicogeografia

seria o estudo dos efeitos exatos do meio geográfico, conscientemente ordenado ou não, que age diretamente sobre o comportamento afetivo dos indivíduos, que poderia construir a situação.

[...] a psicogeografia trouxe a possibilidade do conhecimento embasado na percepção, mas o faz além da percepção fenomenológica, que enxerga o fenômeno como fim. O momento da percepção é necessário para chegar ao fenômeno, e não 07 vai além da descrição.

Seguindo pelo pensamento situacionista, este trabalho tem por interesse as possibilidades de vida cotidiana. Agindo contra a alienação da sociedade, o intuito de desenvolver objetos que instiguem a criação de novas situações é promover um novo olhar do usuário para própria cidade. Outro exemplo desta mudança de olhar se dá com o desenvolvimento da arte moderna; a revolução proporcionada pelos seus diferentes movimentos foram além da forma de produzir arte e afetou a forma de expô-la.

Quando a arte se liberta do espaço do museu e se destina à rua;

as obras de arte que eram antes dependentes do espaço, apartadas por pedestais e molduras ocupam o espaço real e se aproxima tanto dele, a ponto de serem concebidos para um determinado lugar especificamente como é o caso das instalações

site specific.

É interessante observar como a função de espectador da obra artística migra para a de usuário, o objeto que antes era observado, agora é testado e vivenciado.

“ Só essas práticas culturais que têm essa

sensibilidade relacional podem transformar encontros locais em compromissos de longa duração e intimidades passageiras em marcas sociais permanentes e indeléveis – para que a seqüência de lugares que habitamos durante a vida não se torne generalizada em serialização indiferenciada, 08 um lugar após o outro.

07 HERMANN, 2005, p. 6881 08 KWON, 2009, p. 184 19


[01]

Exemplos de obras geradas e potencializadas pelo espaço determinado são a do artista norte-americano Richard Serra; em 2014 sua obra east-west/west-east tornou-se um marco no Qatar, a obra consistia em quatro monumentos em aço, de aproximadamente 16 metros de altura, se contrasta com a paisagem horizontal do deserto de Zetreet. Outra instalação site specific, no Brasil, foi a do escritório de arquitetura gru.a; resultado da 9º Edição do TEMPO FESTIVAL [Festival Internacional de Artes Cênicas Rio de Janeiro] a instalação a praia e o tempo, consiste na inserção de uma grande estrutura quadrilátera de 31x31 metros e 50 centímetros de altura que demarca a área e ao mesmo tempo serve como suporte ao público, com o movimento da matéria local (areia da praia) o cenário se transforma gradualmente com o tempo.

[01 e 02] EAST-WEST/WEST-EAST de Richard Serra, 2014. 20

Apesar de diferentes, ambas as obras proporcionam um dialogo com o tempo, pelo simples contraste entre as estruturas sólidas [imóveis] com a fluidez do sítio, proporcionado pelo deslocamento dos grãos de areia com o vento. Revelando assim a importância dos espaços para esta arte específica.

[02]


[03]

Ao contrário das obras site-specific, as quais lidam com as dimensões físicas e específicas do lugar, impossibilitadas, portanto, de serem transferidas, as obras site-oriented podem ser transladadas ou recriadas [adequadas] para outros sítios.

[04]

09

Levando adiante o modo ou as tentativas de levar a arte para fora dos confins tradicionais de exposição [galerias e museus] ou até mesmo os lugares, para onde fora designada como é o caso das obras site specific.

site-oriented

O , além desta expansão espacial, é constituída por uma gama mais ampla de disciplinas [tais como, antropologia, sociologia, crítica literária, psicologia, história cultural e natural, arquitetura e urbanismo, informática, teoria política] junto a discursos populares [de moda, música, propaganda, cinema e televisão] visando sempre em uma troca intelectual ou debate cultura.

“ [...] formas atuais de arte site-oriented,

que prontamente se apropriam de questões sociais (com freqüência por elas inspiradas) e que rotineiramente incluem a participação colaborativa de grupos de público para a conceitualização e produção do trabalho, são vistas como uma forma de fortalecer a capacidade da arte de penetrar a 10 organização sociopolítica da vida [...]

[03 e 04] INSTALAÇÃO A PRAIA E O TEMPO de gru.a, 2018. 09 CARTAXO, 2009. Disponível em: http:// www.seer.unirio.br/index. php/opercevejoonline/ article/view/431/381.

Acessado em 20/05/2020 10 KWON, 2009, p. 173 21


Construção de situações



24


A falta de permanência e pertencimento dos espaços públicos, geram problemáticas de escala urbana muito das vezes motivadas pela especulação imobiliária e suas operações catastróficas. Para solucionar estes problemas, deve-se promover valores mais significativos do que os valores de troca; a cidade necessita de estruturas alternativas, ajudando a estabelecer comunidades e desenvolver diferentes formas de acesso e permanência. A relação entre os diferentes indivíduos da cidade contemporânea e seus espaços, adjacente a comunicabilidade dos campos artísticos e arquitetônicos, propiciam e viabilizam espaços moldáveis as necessidades locais como ato de reivindicar os espaços públicos, por excelência, tornando-os potentes locais de troca para com a população.

Pensando em formas alternativas de reaver a cidade ou sua mudança de percepção; compilei seis projetos de referência [ambos com materialidades, formas e métodos construtivos distintos] subdivididos em três categorias, possibilitando assim um melhor entendimento de cada proposta. A primeira categoria

Pontos de passagem

expressa por projetos que busquem qualificar espaços de passagem usando como diretriz o sítio à ser implantado aliado as necessidades de cada área; a segunda categoria

Pontos aferentes, como o pró-

prio nome diz irá tratar de objetos que conduzam um impulso ou tragam o usuário para o projeto; e por fim

Pontos ascendentes

, esta categoria irá abordar projetos que alterem e questionem a percepção das pessoas com a cidade, pelo simples ato de elevar/ascender sua visão do nível da rua.

25


Pontos de passagem

Ladeira da Barroquinha

Projeto executado pelo escritório Metro arquitetos, localizado na cidade de Salvador – Bahia. Cliente: Banco itaú / Prefeitura Municipal de Salvador Data do projeto: novembro de 2013 Área total Construída: 2 440,00 m²

[05 a 08] e [09 na página seguinte] Ladeira da Barroquinha, Metro arquitetos, Salvador, 2013. 26

O projeto de urbanização para a Praça do cinema Glauber Rocha e para a Ladeira da Barroquinha [um importante eixo de ligação no centro histórico da capital da Bahia]; levou em consideração a importância do patrimônio histórico edificado e a conciliação dos diversos usos existentes e desejados. A praça, por sua situação elevada em relação ao entorno, tinha como vocação natural se tornar um mirante [para a Igreja da Barroquinha e a Baía de Todos os Santos]. Já na ladeira, o projeto aproveita a morfologia do terreno junto a organização dos usos, resultando em uma confortável escada contínua que permite uma caminhada rápida e que se desdobra em uma sequência de platôs que insinuam um caminhar mais lento. Ao considerar o fluxo rápido de pessoas junto ao muro, o projeto liberou as visuais desejadas e revelou o muro histórico. E, ao organizar o comércio do lado oposto ao muro e próximo aos edifícios, os platôs unem os diferentes tipos de comercio numa espécie de galeria ao ar livre.

Os materiais escolhidos são os mesmos encontrados em todo o Centro Histórico, ou seja, pedra portuguesa no piso e granito maciço nas soleiras. Os cortes do granito em grande parte curvos, foram feitos todos à laser [uma maneira de expor o tempo do projeto através da técnica usada sobre um mesmo material do passado]. [05]

[06]


[07]

Passagem A área inicial é qualificada como uma ladeira, ou seja, um eixo linear em desnível.

x

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x

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Platôs Para solucionar a topografia, é proposta uma sucessão de pisadas formando uma escadaria.

RAMPA

+ Permanência [08]

Levando em consideração a demanda dos públicos, foi construído próximo ao muro existente uma rampa [cria um caminhar mais rápido] em contraponto ao outro lado, onde o desenho da escada se adequa as aberturas existentes, promovendo um espaço para o caminhar mais lento.

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28


Ladeira da Barroquinha, planta e corte transversal, Salvador, 2013.

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Pontos de passagem

Plaza Jorge Somaca

Criada em 2018, a Plaza Jorge Somaca reativou Chapellín, um assentamento informal na cidade de Libertador em Caracas, proporcionando aos pedestres um ponto de encontro para todos os tipos de práticas sociais. A organização sem fins lucrativos Caracas MiConvive em conjunto ao escritório Enlace Arquitectura desenvolveram o projeto, financiado pela Embaixada da Suíça na Venezuela. O trabalho começou por meio de assembléias de bairro para entender as demandas e promover um espaço focal dentro do assentamento. A área escolhida possuía uma mudança de nível de aproximadamente um metro e meio, inadequado para atividades como jogos de bola ou espaços de encontro e permanência. O projeto removeu o pavimento deteriorado existente, nivelou o espaço em uma única superfície e criou um novo padrão de pavimento feito de diferentes acabamentos de concreto. Degraus e rampas atenuam as mudanças de nível e dobram como arquibancadas para as pessoas se sentarem enquanto assistem às crianças brincando. Plantadores foram construídos nos cantos da praça para incorporar alguma vegetação ao local. [10 a 13] e [14 na página seguinte] Plaza Jorge Somaca, Enlace arquitectura, Libertador, 2018. 30

[10]

[11]


[12]

Passagem A área inicial com mais de 1 metro de desnível.

DESNÍVEIS

Platôs É proposta a criação de duas grandes áreas planas de permanência, ligadas por rampas e escadas.

[13]

+ Permanência Quando se constroi os elementos de ligação entre os planos, estas áreas intermediarias são qualificadas como bancos lineares para as pessoas se sentarem enquanto assistem às crianças brincando. 31


32


Plaza Jorge Somaca, planta e corte transversal, Libertador, 2018.

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Ponto aferentes

MQ Duecentosessanta

Projeto executado pelo arquiteto Simone Bossi, localizado na cidade de Trento – Itália. Data do projeto: julho de 2012 Área total Construída: 400,00 m²

[15]

Fruto de um concurso organizado pelo studio supergulp (firenze- itália) para uma quadra de tênis inútil e sem uso no norte da Itália; o pavilhão MQ Duecentosessanta de Simone Bossi, tem com o objetivo obter uma nova qualidade ao espaço. A proposta resulta em um objeto específico para o local, que descreve os arredores, sublinha a importância dos elementos que brincam com, como luz, água, pedra, madeira. Os usuários podem andar entre as tabuas de madeira, passar pelo espelho d’água e contemplar o entorno. Seu uso pode aparar eventos ou concertos como uma cenografia real, onde os personagens desaparecem ou caminham silenciosamente sob a água escura que reflete o céu constantemente.

[15 a 18] e [19 na página seguinte] MQ Duecentosessanta, Simone Bossi, Trento, 2012. 34

[16]


[17]

Inserção Quadra de tênis.

PASSAGEM

PERMANÊNCIA

Pulso de condução de base Criação de dois espaços com qualidades distintas, de uma lado um espelho d’água e do outro uma base com pedriscos. PISADAS

[18]

BANCO

Elemento condutor HASTE E SOMBRA

Os elementos verticais [em madeira] são os responsáveis por criar um espaço de permanência,enquanto os pisantes de pedra concebem a passagem e o banco.

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MQ Duecentosessanta, planta e corte transversal, Trento, 2012.

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Ponto aferentes

Pavilão Tube

Projeto executado pelo escritório Megabudka, localizado em Moscou. Cliente: Sretenka Design Week Data do projeto: agosto de 2012 Projetado para a mostra de design Sretenka Design Week em Moscou, o principal objetivo do Tube Pavilion é demonstrar a transformação dos espaços pode com meios simples. É constituída por uma lâmina [cobertura] espelhada apoiada por lâmpadas de iluminação e tubos de espelho. A espessura dos suportes foi reduzida para 30 mm de seção, partindo do aumento do número de apoios; resultando em dezenas de tubos finos formam o interior do pavilhão. A passagem através do pavilhão é levemente curvada; a noite 10% dos apoios iluminam, aliada à superfície espelhada do teto e aos tubos polidos, à noite o pavilhão se torna uma grande lanterna e o interior se enche de luz.

[20 e 21] e [22 na página seguinte] Pavilhão Tube, Megabudka, Moscou, 2012. 38

[20]


[21]

Inserção Não possui um lugar específico para implantação.

Pulso de condução de topo A cobertura é o elemento responsável pela criação da área de passagem e permanência.

Elemento condutor HASTE E REFLEXO

A cobertura se sustenta por diferentes hastes verticais, sendo elas espelhadas ou lampadas tubulares.

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PavilhĂŁo Tube, planta e corte transversal, Moscou, 2012.

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Pontos ascendentes

Island TAZ

Projeto executado pelo escritório Todo Por La praxis, Luxemburgo. Data do projeto: 2015 Levando em consideração todas as experiências que ocorrem em diferentes partes do planeta, a instalação ISLANDTAZ pretende ser um agente transformador da área onde está inserido. Um espaço temporário/autônomo na cidade; o objeto irá permanecer em Luxemburgo, dentro de uma área verde, durante o período de três meses. Apesar de sua pequena escala de baixo custo e natureza temporária; emergindo como um nó de uma rede de espaços; o dispositivo locado na praça entre o Boulevard de la Pétrusse e o Passerelle / Viaduc é transformada em um espaço comunitário, aberto à cidade que cria uma alternativa, novos conteúdos e possibilita uma lógica diferente.

[23 a 25] e [26 na página seguinte] Island TAZ, Todo Por La praxis, Luxemburgo, 2015. 42

[23]

[24]


[25]

Inserção Por se tratar de um objeto itinerante, ele pode alterar sua locação; em Luxemburgo permaneceu durante três meses em uma área aberta [praça].

Platôs ascendentes PERMANÊNCIA

Criação de mais áreas estanques, para atender ao programa.

Ascenção O fluxo se dá por uma escada metálica externa periférica ao volume, conexão física e visual.

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Island TAZ, isomĂŠtrica, Salvador, 2013.

S/ ESCALA

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Pontos ascendentes

Renovação Tulou Longyan

Projeto executado pelo escritório RufWork, localizado na cidade Fujian – China. Data do projeto: agosto de 2019 O projeto repensa o espaço público do tulou [grandes edifícios de terra introvertidos, típicos na tradição chinesa] erguendo o tradicional pátio coletivo, conectando cada andar a uma escada circular para o céu. Por tratar de um edifício histórico da cultura, a intervenção é construída em madeira e utilizando uma nova tecnologia, distinguindo o novo do antigo. A mudança do ritmo e da dimensão dos degraus incentiva as pessoas a se sentarem e lerem, beberem chá, caminharem nas pontes ou contemplarem a vista da varanda superior.

[27 a 29] e [30 na página seguinte] Renovação Tulou Longyan, RufWork, Fujian, 2019. 46

[27]


[28]

Inserção O objeto se localiza envolvido por um pátio de uma escola, com diferentes níveis.

Platôs ascendentes PASSAGEM

A intenção do projeto é criar uma ligação com os diferentes níveis do edificio existente.

[29]

Ascenção O volume é formado pelo fluxo vertical locado no centro, uma conexão física e visual. 47


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Renovação Tulou Longyan, planta terceiro pavimento e corte transversal, Fujian, 2019.

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Pontos de ativação



Situações

Tendo a cidade de Serrana como objeto para implantação das ativações, vem a busca de locais, potencialidades na cidade que irão sustentar as propostas. Recorro ao diálogo abordado anteriormente sobre a tensão das escalas macro e micro [urbana e vivenciada] para assim escolher os sítios. Nas páginas a seguir estarão duas representações [dois mapas], uma díade das distintas escalas. Representando a escala macro, aquela que sobrevoa a malha da cidade e mantem distancia do cotidiano e da vivência urbana, o mapa possui somente a geografia da cidade de Serrana [curvas de nível e córrego Serrinha] e sobreposta a ela uma malha espaçada a cada 50 metros, no qual a latência de pontos nela se encontra as potencialidades. Uma escala abstrata que reafirma a possibilidade de inserção das ativações em qualquer cidade.

Já a escala micro trata-se de uma aproximação da vida urbana, portanto uma escala vivenciada. A fim de experimentar a cidade, proponho um deslocamento que se inicia em uma entrada da cidade [entrada sentido Ribeirão Preto] em direção a seu coração [centro], tendo este caminho a ser percorrido por alguns dias. Durante o percurso meu olhar se volta às situações cotidianas [como a espera de um ônibus] até vazios urbanos presentes pela rota. Porém o percurso dividido durante alguns dias não obteve êxito devido ao momento em que vivenciamos [a quarentena]. É demonstrado os caminhos executados [linha cheia] e a continuidade dele não concretizado [linhas tracejadas]; para prosseguir com o desenvolvimento da busca, fixo minha mente em memórias da vivência na cidade idealizando um caminhar, quase que uma “deriva mental” buscando sítios potenciais pela cidade. Dentre os pontos sinalizados na malha urbana de Serrana, escolho três deles para implantar as intervenções, seguindo os critérios pré-mensurados no capítulo anterior [passagem, aferência e ascensão].

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MICRO - VIVÊNCIADA

MACRO - ABSTRATA

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Situações

Escala abstrata MAPA 01 - TOPOGRAFIA Latência de pontos, aliados a topografia da cidade de Serrana sobreposta a uma malha espaçada a cada 50 metros, prosaica a qualquer cidade.

54

0

500


CURVAS DE NÍVEL [ a cada 20 metros ] CÓRREGO SERRINHA POTENCIALIDADES SÍTIOS SELECIONADOS

55


USINA DA PEDRA

Situações

ENTRADA DA CIDADE SENTIDO RIB. PRETO

ROD. ABRAÃO ASSED * RIBEIRÃO PRETO

ROD. ANGELO CAVALHEIRO * CRAVINHOS

Escala vivênciada MAPA 02 - DESLOCAMENTOS Deslocamentos concretizados e imaginados, a fim de revelar a experiência da vivência urbana.

56

0

500


PEDREIRA SERRANA

DERIVA [ do dia 19 de Fevereiro ] DERIVA MENTAL CÓRREGO SERRINHA RAIO DE 500 METROS DO CENTRO POTENCIALIDADES SÍTIOS SELECIONADOS

57


Deslocamentos

O deslocamento concretizado no dia dezenove de Fevereiro proporcionou um levantamento fotográfico inicial, não dos sítios escolhidos, mas de um olhas sensível perante as manifestações espontâneas da vivência urbana.































Partido

O procedimento adotado como partido para a execução de ambas as propostas, se relaciona diretamente ao método utilizado para a concepção da maquete conceitual. A ideia central é construída partindo do ato de se ligar dois pontos, ou melhor duas escalas [macro e micro]; o elemento gráfico que melhor representa isto é a linha. A construção da maquete inicia com uma grade regular [espaçada a cada 2 cm] sobre uma base quadrada de 30×30 cm; neste desenho é possível perceber pontos latentes nos encontros das linhas da grade. A partir do momento que insere a linha [ haste ] nos pontos e ela rompe a base é criado uma ligação entre a escala da cidade [macro] e a escala de vivência [micro], ambas qualificadas na base da maquete, onde um lado representando a escala macro [a base geográfica da cidade de Serrana] e o verso a micro [gerada partindo da ampliação de determinado ponto]. Outro condicionante que salienta a relação entre escalas, vem do uso da cor. O lado macro possui pontos sobre a topografia da cidade, onde os brancos sinalizam áreas de possível ativação, enquanto os vermelhos mostram os pontos que estão sofrendo ativação, mas podendo ativar em outros locais. Quando viramos a maquete e mudamos de escala, os pontos se tornam planos criando diferentes usos com qualidades distintas.

88


Grade

Pontos latentes

Associação

Grade regular espaçada a cada 2 cm sobre uma base quadrada de 30×30 cm.

Nela é possível notar pontos ocultos, pontos latentes, assim como na cidade.

E através da percepção destes pontos não aparentes é que a forma/ideia se concebe.

Ligação

Escala macro

Escala micro

A ligação entre a escala macro e micro ocorre quando a linha [haste] é inserida em uma ponto e rompe a base.

Qualificada com a base geográfica da cidade.

Ao virar a escala o ponto/haste se amplia e se qualifica de acordo com a necessidade.

89


90


91


Estudos de arquitetura

As cidades são constituídas por espaços de passagem e permanência, é nítido a presença deles durante o deslocamento, mesmo que na maioria das vezes, desqualificados; como a presença de tijolos obstruindo a passagem ou a falta de objetos para sentar. Pensando nisso, todas as ativações apresentarão o uso de passagem e permanência, mas cada uma especificada pelas condicionantes dos sítios de implantação. Os sítios escolhidos em meio à malha urbana na cidade de Serrana não possuem o mesmo caráter, mas apresentam potencialidades de ocupação; por esta razão os objetos terão caráter metamórfico, donde partindo de uma modulação podem se adaptar há diferentes usos e aos locais selecionados, com a simples mudança de componentes.

92


Modulação

Montagem

Topografias

Grade regular espaçada a cada 2 metros, projetando-se horizontalmente.

Partindo da modulação, hastes são inseridas no entontro das linhas ascendendo o objeto.

Entre as hastes novas topografias são criadas.

93


Estudos de arquitetura

Componentes

Haste Linhas vertiais de apoio aos planos.

Conexão HASTE - SOLO

As hastes se prolonga ao chão, para se adequar em diferentes topografias.

Haste Para o uso noturno, a haste se transforma em uma linha de luz.

94

Planos de permanência

Planos de permanência

RÍGIDO

FLEXÍVEL

Planos de vedação

Topografias de permanência

Planos que tem a intenção de vedar ou proteger.


95


Estudos de arquitetura

Detalhamento EIXO Y

EIXO X

ILUMINAÇÃO

Entre as hastes verticais, uma lâmpada tubular de led é fixada, potencializando o uso noturno.

2.20 M EIXO Y

BASE CONCRETO

Módulo em concreto com encaixe para apoio das hastes. Tipologia para os terrenos irregulares [solo]. BASE METÁLICA

Nivelador metálico [tipo rosca] para regulagem em terrenos sem intervenção. 96

2.20 M EIXO X


CONEXÃO

Detalhe da fixação entre vigas e pilar. 4.5 X 9.9

4.5 X 9.9

4.5 X 9.9 PARAFUSO ROSQUEADO PARAFUSO ROSQUEADO

JUNÇÃO

Em dimensões maiores que 6 metros e para maximizar o aproveitamento das vigas de madeira, proponhos emendas tipo mão amiga.

PLANO

O plano é formado pela sucessão de vigas [autoclavada aparelhada 4.5cm x 9.5cm de até 6 metros].

97


98


Ponto passagem Av. Deolinda Rosa

Este sítio está locado próximo a uma rotatória [rotatória principal por ser o ponto de passagem de todos que vem de Ribeirão ou Cravinhos] além de outros equipamentos que motivam um grande movimento. Um destes motivadores é a escola estadual Prof.ª Neusa Maria do Bem, onde nos períodos de troca de turno a área delimitada no mapa ao lado recebe uma grande quantidade de discentes; este acontecimento acaba gerando tumulto na entrada e saída dos alunos. Pensando neste motivados e considerando que é um terreno grande, uma área verde sem uso, proponha uma ativação neste local. É uma área com um aclive, e isso propicia a criação de diferentes níveis de permanência e passagem; pela instituição de ensino trabalhar durante o período diurno e o terreno não possuir uma proteção contra a insolação, os platôs sobrepostos motivam cobertas para uma proteção nos horários quentes. O desenho incide em uma arquibancada e isso me leva a qualificar o objeto com outro uso, o de projeção [além de que a cidade não incentiva uma aproximação da população com a arte]; portanto no volume da rampa principal de acesso um plano é inserido sobre as hastes para possibilitar projeções a noite. Outro elemento que propicia o uso noturno são as hastes com lâmpadas tubulares, iluminando o passeio.

99


01 JOSÉ DO VALLE AV. GABRIEL

AV .D EO L IND AR OS A

SA RO DA LIN EO .D AV

DO SÉ JO L E RI AB .G AV

02

E LL VA

SÉ JO EL RI AB .G AV

DO

E LL VA

É DO VALLE AV. GABRIEL JOS

SA RO DA LIN EO .D AV

EIRA ERR EL P ANO R. M

A ROSA AV. DEOLIND

SANTOS CARLOS DOS

05

R. BENEDITO

ELA AVAN CO Z ANCIS R. FR

04

MAPA 03 - ATIVAÇÃO 01 1- Velório municipal 02- Fonte Praça das Bandeiras 03- UPA 04- Secretaria municipal da Educação 05- E. E . Profª Neusa Maria do Bem.

0

50

150

ANDES É FERN O JOS ASTIÃ R. SEB

03


[31] Fotografia sĂ­tio 01 R. Benedito Carlos dos Santos - Av. Deolinda Rosa 101


[32] Fotografia sĂ­tio 01 R. Benedito Carlos dos Santos - Av. Gabriel JosĂŠ do Vale 102


R. BENEDITO CARLOS DOS SANTOS

SA RO DA LIN EO .D AV

INSERÇÃO NO TERRITÓRIO 01 Escala 1:500

103


X 01 A X 02

X 03

X 04

X 05

SUP

ERIO

R

X 06

X 09

X 10

PRO

PROJEÇÃO PLANO SUPERIOR

X 08

JEÇ

ÃO PL A

NO

X 07

X 11

X 12

X 13

X 14

X 15

PROJEÇÃO PLA SUPERI

X 16

X 17

TÉRREO

X 18

Escala 1:200

104

A

Y 01

Y 02

Y 03

Y 04

Y 05

Y 06

Y 07

Y 08

Y 09

Y 10


CORTE TOPOGRAF

IA

ANO IOR

Y 11

Y 12

Y 13

Y 14

Y 15

Y 16

Y 17

Y 18

Y 19

Y 20

Y 21

Y 22

Y 23

Y 24

Y 25

Y 26

Y 27


X 01 A X 02

X 03

X 04

X 05

X 06

X 07

X 08

X 09

X 10

X 11

X 12

X 13

X 14

X 15

X 16

X 17

1 PAVIMENTO

X 18

Escala 1:200

106

A

Y 01

Y 02

Y 03

Y 04

Y 05

Y 06

Y 07

Y 08

Y 09

Y 10


Y 11

Y 12

Y 13

Y 14

Y 15

Y 16

Y 17

Y 18

Y 19

Y 20

Y 21

Y 22

Y 23

Y 24

Y 25

Y 26

Y 27


4.05 3.60 2.70 2.30 1.20 0.00 - 0.80

CORTE AA Escala 1:200

108

X 01

X 02

X 03

X 04

X 05

X


X 06

X 07

X 08

X 09

X 10

X 11

X 12

X 13

X 14

X 15

X 16

X 17

X 18


110


Ponto aferente R. dos Estudantes

segunda área localizada em frente ao hospital estadual de Serrana é um grande maciço verde; e o terreno de uma antiga escola. Próximos ao sítio possuem duas escolas, uma de ensino fundamental e outra de ensino médio, e um clube recreativo. Nesta ativação volto a infância e idealizo um passeio lúdico, onde os planos saem do chão e se elevam em meio as árvores; criando um diálogo próximo a natureza, uma reconexão. O componente que levo para está proposta são os planos flexíveis, que possibilitam outras ações como a de deitar ou pular.

111


R. NOSSA

01

IOL IÃO TERÇAR R. SEBAST

DAS HORA SA SEN R. NOS

RES A DAS DO SENHOR

DORES

NCO O BRA O DO RI R. BARÃ

S DO R.

02

ES NT DA TU ES

NCO O BRA O DO RI R. BARÃ

03

05

04 A ROSA AV. DEOLIND

SA ES AV TR

IZ R. LU

ONI SIOD

06

MAPA 04 - ATIVAÇÃO 02 01- Hospital Estadual de Serrana 02- Casa dos velhinhos 03- Serrana Esporte Clube 04- Casa da memória 05- EMEF Profª Dalzira Barros Martins 06- E. E. Deputado José Costa.

0

50

IZ LU

TI OT ZZ RI

150


[33] Fotografia sítio 02 R. dos Estudantes R. Barão do Rio Branco 113


S NTE UDA EST OS R. D R. BARÃO

INSERÇÃO NO TERRITÓRIO 02 Escala 1:500

114

DO RIO BR ANCO


X 01

X 02

X 03

X 04

X 05

X 06

X 07 PROJEÇÃO

PLANO SUPERIOR

X 08

A

A Y 01

Y 02

Y 03

Y 04

Y 05

Y 06

Y 07

TÉRREO Escala 1:125 115


X 01

X 02

X 03

X 04

X 05

X 06

X 07

X 08

A

A Y 01

1 PAVIMENTO Escala 1:125 116

Y 02

Y 03

Y 04

Y 05

Y 06

Y 07


3.65 3.20 2.75 2.00 1.20 0.50 0.00 - 0.085

0.35

X 01

X 02

X 03

X 04

X 05

X 06

X 07

X 08

CORTE AA Escala 1:125 117


118


Ponto ascendente R. Barão do Rio Branco

O último sítio escolhido é no coração da cidade [Praça da Igreja Matriz], para ele escolhi a categoria ascendente. Nos exemplos anteriores os projetos remetiam a uma elevação ou conexão entre diferentes andares, mas existem mais formas de alterar a perspectiva, exemplo disso é a igreja presente na praça [com traços góticos] ao adentra-la, por conta da entrada pequena e o pé direito grande em seu interior, seu olha se direciona para cima. Pensando nesta sensação proponho um observatório e assim como no ponto aferente elevei os níveis de passagem e permanência, proporcionando diferentes qualidades; já a ascensão do olhar é motivada por planos que envolve o objeto nas laterais direcionando-o para o céu.

119


01

S DORE

IMA ULA L DE PA ENTE R. VIC

03

02

RIO ÃO DO R. BAR

CO BRAN

02

MAPA 05 - ATIVAÇÃO 03 01- Escola Época Positivo 02- Agências bancárias 03- Igreja Matriz [Nossa Senhora das Dores].

0

50

150

UZ TA CR R. SAN

S RA DA ENHO SSA S R. NO

02


[34] Fotografia sítio 03 Praça Matriz 121


[34] Fotografia sĂ­tio 03 122


INSERÇÃO NO TERRITÓRIO 03 Escala 1:250

123


X 01

X 02

X 03

A X 04

TÉRREO Escala 1:75

124

Y 01


Y 02

Y 03 PROJEÇÃO PLANO FLEXÍVEL

A

Y 04

Y 05

Y 06

PROJEÇÃO PLANO FLEXÍVEL

PROJEÇÃO PLANO FLEXÍVEL

PROJEÇÃO PLANO FLEXÍVEL

PROJEÇÃO PLANO FLEXÍVEIL


9.00

6.00

3.60 3.20 3.60 2.75 2.30 1.85 1.40 1.00 0.50 0.00

CORTE AA Escala 1:75

126

Y 01


Y 02

Y 03

Y 04

Y 05

Y 06


128


Referências bibliográficas

CAMPOS, Alexandre et. al. Espaços colaterais/ Collateral spaces. Belo Horizonte: INSTITUTO CIDADES CRIATIVAS/ ICC, 2008. CARTAXO, Zalinda. ARTE NOS ESPAÇOS PÚBLICOS: a cidade como realidade. Trabalho final de Graduação. UNIRIO, 2009. CHOAY, Françoise. O urbanismo. 3ª edição- 1ª reimpressão. São Paulo: EDITORA PERSPECTIVA, 1992. GEHL, Jan. Cidades para pessoas. 3ª edição – 1ª reimpressão. São Paulo: EDITORA PERSPECTIVA, 2017.

MOREIRA,Susanna. Como o espaço transforma a arte: instalações site specific. Artigo ArchDaily, out. de 2019. Disponível em: <https:// www.archdaily.com.br/br/926347/como-o-espaco-transforma-a-arte-instalacoes-site-specific> Acessado em: 05 Mar. 2020. JACQUES, Paola Berenstein. Breve histórico da Internacional Situacionista. Revista Arquitextos, abr. de 2003, Vitruvius. Disponível em: <https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/ arquitextos/03.035/696> Acessado em: 10 Mar. 2020.

HERMANN, Carla Guimarães. Cidade e Cotidiano: a contribuição dos situacionistas. São Paulo: Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina/TGI, 2005. JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. 1ª edição – 2ª reimpressão. São Paulo: LIVRARIA MARTINS FONTES EDITORA, 2001. KWON, Miwon. Um lugar após o outro: anotações sobre site-specificity. Tradução Jorge Menna Barreto,Revista Arte & Ensaios n.17, EBA/UFRJ, 2009.

129


Tamanho 195 x 240 mm

Fontes tipográficas Calibri Roboto

Papéis

Paraná offset 120g/m²

CREDITO DE IMAGENS ACERVO PESSOAL Deslocamento em Serrana ocorrido no dia 19 de Fevereiro de 2020 p. 58 á 87, 101, 102, 113, 121 e 122. Maquete conceitual p. 90 e 91. Maquete tecnologia construtiva p. 95.



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