GIRLS WHO RIDE #03 I JAN-MAR .15
THE cover
RITA NEVES Rita Neves, nascida em Lisboa em 1987. Foi em 2005 que descobriu a sua paixão pelo surf e pelas ondas. Três anos depois comprou a sua primeira máquina fotográfica profissional e decidiu que o que queria mesmo era poder captar aqueles momentos que o surf proporciona. Rapidamente percebeu que era aquilo que queria fazer da vida, embora não muito bem aceite pelos seus pais que, apesar de reconhecerem desde sempre o seu talento, não viam a fotografia de desportos de acção como profissão muito rentável. Em 2011 concluiu o seu curso de repórter de Imagem onde além de melhorar as suas capacidades como fotógrafa ganhou o bichinho do vídeo e edição. Após o curso estagiou na Revista VISÃO, onde teve a possibilidade de conhecer e fotografar diferentes personalidades de renome nacional e internacional. Desde aí trabalha como fotógrafa freelancer em diversas áreas. Em 2012 começou a colaborar com o site Surf Total para o qual fotografa actualmente. Teve no passado mês a sua primeira foto numa revista internacional de surf (Revista Fluir).
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THIS issue #03
06 14 22 30 34 04 |
40 48 50 56 66
EDIT
Na primeira edição do ano, não podíamos deixar de felicitar a “nossa” campeã mundial de bodyboard, a Teresa Almeida. É ela que nos faz uma retrospectiva desta aventura, com as emoções da competição e da vitória no Chile.... Destaque também para o diário do Mundial de Roller Derby, onde a selecção nacional participou pela primeira vez. Percorremos ainda os caminhos do outro lado do mundo com a segunda parte da viagem da Ollie e da Claire, e damos um saltinho à ilha do Sal, para acompanhar os treinos da Inês Correia. Fomos também conhecer as Lipstick Productions, uma produtora inteiramente no feminino, e uma rider de snowboard que promete dar cartas no panorama do snowboard mundial - Katie Vogel. Nas artes, a Catarina Machado traz-nos a sua arte inspirada pelo mar e pela paixão pelo surf e pelo snowboard. Convidamos-vos ainda a conhecer um grupo muito especial e que não pára mesmo com o frio de Inverno - As Salty Friends mostram-nos como aliar o surf, ao ioga, sempre sem esquecer a boa disposição! Estamos muito felizes por ter pela primeira vez na capa e na secção de fotografia uma rapariga.. uma girl who rides: a Rita Neves é fotógrafa de surf e surfista também. A edição é grande, disfrutem bem dela e um FELIZ 2015!
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foto : Vince Emond
flash interview
katie s. vogel
Chama-se Katie S. Vogel, também conhecida como Vogelicious ou Moo e nasceu a 30 de Setembro de 1992. Vive em Whistler, B.C. no Canadá, apesar de ter nascido na Sunshine Coast e é já uma esperança do snowboard mundial. Patrocionada actualmente pela DC Snowboarding e pela Somewon Collective, orgulha-se de ter tirado o seu brevet de piloto, de ter conseguido o 1º lugar no Showcase Big Air e de ter entrado na Canadian National Development Team.
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,
E tudo começou... Comecei com 17 anos, por isso ainda vou na minha 5ª temporada. Quando vivia na Sunshine Coast costumava montar a
o que procuro e o que faz o snowboard prencher-me. Conselhos... Dispendam tempo. Tudo leva tempo, e pratiquem. Descubram
cavalo, mas depois de me mudar para Vancouver tinha que
aquilo pelo que são apaixonadas e invistam o vosso esforço
depois mudei-me para Whistler.
interesses, e um deles, um deles pode agarrar-te, um deles
O que mais gostas...
ter encontrado o teu maior amor, comparado com todas as
descobrir um novo hobbie. Apanhei um bom negócio num nisso. Vi um episódio do “Ted Talks” que achei bastante passe anual para uma estância local e fiquei viciada. Pouco inspirador, com o Larry Smith em que diziam “precisas de 20
Gosto de enfrentar os meus medos. Isso e a adrenalina são 08 |
pode ligar-se mais do que qualquer outra coisa, e aí podes
foto : Vince Emond outras coisas que te interessam, e isso é paixão”.
vibrações para toda a gente, poucas linhas e os dias de pow
O snowboard é a minha paixão, passei os últimos 5 anos a
podem durar uma semana!
descobri-lo, e toda a minha vida anda à volta dele. Manobra Favorita... Local Favorito...
A minha manobra favorita é um Back Rodeo 5, o meu melhor
Ainda não viajei muito, por isso apenas posso falar das
truque é o 7.
montanhas do Canadá e as minhas preferidas são Whistler
Neste momento estou a dar um passo atrás, a relembrar
e Revelstoke.
e garantir que tenho todos os básicos na perfeição, e a
Whistler tem muita variedade e um park fantástico. Tudo é
corrigir velhos hábitos antes de começar a aprender novas
perfeito.
manobras.
Revy é outra montanha grande sem turistas. Tem boas | 09
ph. romain dujean
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foto : Ilanna Barkusky
Dia Perfeito...
Lâmpada de Aladino e os 3 desejos...
Qualquer dia de céu azul no park com os meus amigos e
1. Não precisar de trabalhar
sem linhas..
2. Ter mais horas num dia 3. Estar rodeada de pessoas felizes e que me inspirem.
Outros desportos... Downhill mountain biking. O meu namorado costumava
Mala de viagem...
competir e tem passado o verão a ensinar-me. Também Portátil, barras e provavelmente 1 bebida energética. adoro montar a cavalo, mas não tenho tido oportunidade de o fazer há bastante tempo.
Planos 2015... Este ano estou a planear ir ao mundial pela primeira vez e
Com quem gostarias de ridar?
começar a viajar mais para competições. O meu objectivo é
Torstein sem dúvidas. É o meu rider favorito, e quem não ia entrar na equipa nacional e eventualmente na equipa olímpica querer ridar com alguém que nos inspira?
canadiana, por isso quero progredir o máximo possível este ano e tentar melhorar o meu ranking. | 11
foto : Vince Emond
sigam os vossos objectivos ´
,
mesmo que o objectivo pareca , impossivel, quando comecas a dar pequenos passos,
´ o proximo passo sera sempre mais facil
Máquina do tempo... Iria a 1992, visitar o meu pai. Super poder... Ser capaz de voar. Sonho com isso desde criança. Fiz as duas coisas o mais perto disso possível: tirei o brevet de piloto e faço os saltos freestyle.
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foto : Toby Cowley
foto : Ilanna Barkusky
Marta Leit達o, Paul do Mar
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ROAD TRIP (part II)
by Ollie & Claire
A temporada de Inverno está a terminar em Wanaka, toda a gente está a fazer as malas para novos horizontes. É difícil deixar este lugar, as nossas marcas, os nossos amigos e uma parte das nossas vidas. Mas tudo tem um fim, e está na hora de entrar num 4x4 e fazer-nos à estrada pelo resto do país, as costas selvagens, vulcões e mais um banho de lama. A Região de Rotorua é um local geotérmico bastante activo e completamente louco!! Acabámos a viagem em Auckland na casa de um amigo e bim bam bom: estamos num avião para as ilhas Fiji.
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Fiji! Férias, sol, descontração e alguns mosquitos… O plano é balançar a todos os níveis: IndoBoard, Slackline, Paddle, côcos. Depois de um mergulho com os tubarões (sem jaula de protecção) decidimos que estava na hora de voltar ao asfalto e às nossas tábuas de skate. E assim, aqui estamos: Califórnia! Ficámos uns dias em Venice Beach na casa de uns amigos, que conhecem os famosos skateparks, e foi aqui que conhecemos a Bailey. Descalça na sua prancha e a andar por aí. Conversámos
por 5 minutos, ela deixa a sua marca. Calçou os sapatos e disse: “Esta é para ti”. Los Angeles é uma loucura, consegue-se sentir em todo o lado, a cidade é grande e começa a ser um pouco opressiva. Vamos alugar uma carrinha e arrancar outra vez. Skatamos, filmámos, bebemos.. A Clara fez uma manobra de skate e partiu um osso escafóide da mão, por isso já só temos o yoga. Voltámos à costa, um pouco partidas para as sessões de surf que tinhamos planeado, mas sem arrependimentos. Iremos voltar! A próxima viagem começa em 2016 mas shh.. é um segredo! Vemo-nos brevemente para a próxima aventura!
Algumas sugestĂľes da Ollie e da Claire: FIJI
The Beach House
VEGAS
The Neon Museum
ARIZONA
Antelope Canyon
SANTA CRUZ
GostĂĄmos de andar por ali e especialmente de provar o peixe, e acordar
todos os dias com o nascer do sol brilhante.
Sigam as aventuras da Ollie e da Claire em : http://makeitfunkyy.wordpress.com/
foto: Alenka Klinar
LIPSTICK PRODUCTIONS | 22
foto: Alenka Klinar
O projecto Lipstick Productions nasceu em 2010, quando Conny Bleicher teve a ideia de começar uma produção de snowboard Europeia totalmente feminina. Não havia nenhuma plataforma para as raparigas que não entravam em competições naquela altura, por isso ela contactou cerca de 15 snowboarders e e todas ficaram bastante entusiasmadas com a ideia. Pouco depois, a Conny conseguiu juntar alguns patrocionadores e estavam a bordo na primeira missão para fazer um vídeo. Como havia bastante trabalho e a Conny estava em todo o lado, pediu à Ana Rumiha para lhe dar uma ajuda, e têm estado juntas desde aí. Falámos com a Ana no sentido de saber um pouco mais sobre esta produtora de filmes totalmente no feminino.
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foto: Alenka Klinar
Qual o conceito por trás das Lipstick Productions? O conceito por trás da Lipstick Productions é mostrar uma perspectiva diferente do snowboard. O snowboard feminino é muito diferente do masculino, nem sempre conseguimos ir com potência máxima, e é difícil desligarmos o nosso cérebro e não pensar nas consequências. Vemos a nossa crew como um grupo de amigas que passam o inverno juntas, a viajar para lugares conhecidos e desconhecidos, á procura de passar um bom bocado a fazer aquilo que gostam. Acabou por ser ainda melhor do que tinhamos
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previsto e depois de um ano caótico acabámos por lançar o nosso primeiro filme e isso deixou-nos um enorme sorriso na cara. Quem são os membros da Crew? Originalmente éramos 15 incluindo as melhores riders Europeias, mas agora o nosso núcleo principal são Conny Bleicher, Lisa Filzmoser, Urska Pribosic, Julia Baumgartner, Vera Janssen, Basa Stevulova, Diana Sadlowski e eu (Ana Rumiha).
Qual a melhor parte de ridar com amigos? A melhor parte de ridar com os teus amigos é a partilha
O que gostas mais nos desportos de prancha, que te deixa sempre a desejar por um bocadinho mais?
do momento. O snowboard e a natureza são fabulosos,
A beleza dos desportos de prancha está em ser fora de casa,
mas se os experienciares sozinha, não poderás contar a
comvives com a natureza e nunca consegues aprender
ninguém como esse momento realmente foi. Os amigos
tudo. Não há uma maneira certa ou errada de o fazer, não
estão cá para partilhar a felicidade e fazer memórias que
existe um contexto, tem tudo a ver com a tua criatividade e
irás recordar para sempre.
com o que queres fazer com o teu dia. Descer pistas fáceis
Sabemos que quando estão a ridar querem sempre “5 more minutes…please?”
com os teus amigos pode ser tão divertido como fazer grandes saltos, não existem regras para a diversão.
foto: Alenka Klinar
foto: Alenka Klinar
Já nos deixaram maravilhados com grandes produções
Tudo o que tinham, partilharam conosco, apesar da electricidade
como Eurotic, Boobilicious, entre outras. Agora têm o mais ser um problema. Eramos transportadas para a montanha por recente filme Something. Que histórias estão por trás desta um velho tractor através do terreno denso e com demasiadas aventura? Ao filmar para o “Something” este ano, as nossas viagens principais foram ao Canadá e Georgia. As condições de neve no início do Inverno eram bastante imprevisíveis, mas ainda
pegadas de lobos. Se acham que já estiveram no meio do nada, ainda não estiveram no meio do nada! Apesar de tudo, queriamos aventura, e tivemos uma verdadeira aventura que vai acompanhar-nos para sempre.
assim tinhamos esperança the apanhar um bom nevão em
Que dificuldades encontraram ao implementar este
Alberta. Não podiamos estar mais enganadas. Em vez do
projecto?
powder prometido, descobrimos montanhas de gelo que não nos permitiam fazer snowboard. Por esta altura, algumas outras crews já teriam dado em doidas, mas ainda assim passámos um bom bocado. O Mark Gallup, fotógrafo famoso e uma lenda, levou-nos a visitar a região e contou-nos histórias sobre o Craig Kelly e a história do snowboard. Acabámos por conseguir os 2 últimos dias de neve, mas as viagens nunca correm como planeado e devemos sempre lembrar-nos de não desperdiçar o tempo com os amigos.
Fazer o “Something” foi financeira e logisticamente o ano mais difícil até agora. A indústria está a passar um mau bocado, e algumas das raparigas seguiram caminhos diferentes por causa disso. Tínhamos a moral em baixo, mas no final conseguimos juntar algumas semanas e mantivemos o projecto a andar, conseguindo pelo menos o “Something”. O snowboard feminino é sempre menos apoiado que o masculino, e tudo o que fazemos, é feito porque adoramos o desporto, ficamos juntas e trabalhamos arduamente para
Na viagem á Georgia, já tinhamos expectativas altas, pois
deixar a nossa marca e mostrar que as raparigas também
já tinhamos lá estado no ano anterior, mas acabou por ser
podem divertir-se.
ainda melhor do que esperávamos. O nosso amigo Oleg, que está a gerir o Gudauri Travel, recebeu-nos com 2 semanas do melhor powder que a Georgia pode oferecer. Conduzimos até
Tirando estas dificuldades, quais os pontos positivos que ganharam com estas experiências?
ás partes mais longinquas do país, em estradas inimagináveis
Cada ano que passamos é um ponto positivo só por si.
e acabámos numa pequena cidade que parece o cenário do
Podemos não estar satisfeitas com algumas coisas e pensar
Game of Thrones. (www.snow.ge)
que podiamos ter feito melhor, mas existem sempre pessoas
Durante 2 semanas tivemos neve fresca todos os dias e uma montanha só para nós. O Oleg levou-nos a uma vila que ainda não tinha visto turistas e fomos acolhidas por uma família local.
que estão á espera para ver os nossos filmes e apoiar-nos. Saber que temos um impacto positivo, nem que seja num pequeno grupo, dá sentido a tudo o que fazemos. Quanto a
nós, cada dia que vamos ridar a qualquer lado já é um prémio
Já têm planos para o próximo filme? Podemos dar uma
por si só! Sabemos que somos das poucas que podemos
“espreitadela”?
disfrutar este estilo de vida e não desperdiçar qualquer momento.
Neste momento precisamos de recarregar baterias, por isso decidimos fazer uma pausa este ano. Foi quase impossível
A Lipstick Productions fez a diferença que faltava nos
acabar o último filme e perder qualidade não é uma opção
filmes de snowboard femininos. O desporto precisava
para nós. Vamos continuar a fazer os nossos pequenos filmes
de um projecto assim. Como te sentes, por saber que
este Inverno, porque continuamos a ir fazer snowboard, mas
criaram inspiração para as mulheres em todo o mundo?
como, quando e onde é algo que nenhuma de nós sabe
Quando dizem que nós fizemos a diferença e que inspirámos pessoas, deixa-nos um sorriso na cara. Isso é tudo o que sempre quisemos fazer, e ouvir uma confirmação preenche-
neste momento. Espero que no próximo ano todas sintam falta da nossa ordem caótica e possamos voltar para fazer outro filme.
nos. Desde o primeiro dia, cada vez que recebemos uma mensagem sobre como inspirámos alguém no snowboard, faz a alegria do nosso dia.
foto: Alenka Klinar
foto: Alenka Klinar
GO OUT AND PLAY!
NAO PERCAM O VOSSO TEMPO! NUNCA TENHAM MEDO DE TENTAR! ~ ~ AS MONTANHAS SAO LINDAS E NUNCA VAO TER O HOJE DE VOLTA. Nรฃo existe muita diferenรงa para uma snowboarder mais ou menos talentosa, todas podemos ter a mesma alegria em todos os passos do progresso.
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TERESA ALMEIDA CAMPEÃ MUNDIALDE BODYBOARD
A viagem
A onda era óptima, fundo de pedra, para os dois lados, ideal
Viagem. equipa reunida, objetivos definidos, bom
Relativamente
ambiente e uma vontade e orgulho enorme de representar o meu país. O mundial Chile. Dois dias sem pranchas, devido ao atraso das bagagens. No entanto, aproveitámos os primeiros dias para nos ambientarmos, conhecer o local, a onda, fazer toda a preparação. Foram dias incríveis os que passei no Chile, super bem instalados, óptimo ambiente e espírito de equipa na selecção e tudo correu bem. Acho que tudo isto foi fundamental para o meu resultado. | 30
para bodyboard. ao
campeonato,
as
coisas
foram
acontecendo... fui para o Chile com um objetivo de trazer o título mundial coletivo e sabia que para isso teria de dar o meu melhor individualmente... era isso que tinha na cabeça e no qual me foquei. Os primeiros heats correram bem e estava super motivada para tirar um bom resultado. Ao chegar à final antes da finalíssima, este campeonato tem a vantagem de ter repescagens, perdi, o que me deu talvez ainda mais garra e força para alcançar de novo a final. E assim foi, no último dia, passo a final das repescagens em 1 lugar e vou para a finalíssima com a motivação ideal para lutar pelo título! Lutei, sonhei e ao acabar a final, não conseguia acreditar que era a nova campeã mundial! Foi um
diรกrio do mundial
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momento que jamais esquecerei, não consigo explicar o que senti naquele momento! A sensação de cantar o hino e receber a medalha … A vitória Receber a medalha de ouro em representação do nosso país, a sensação é única! ! Mais tarde e, no regresso a Portugal, tive uma recepcão no aeroporto que jamais imaginava... foi muito bom sentir o apoio de todos! ! Penso que este meu resultado ,e o de toda a selecção, foi óptimo para o bodyboard e espero que venha ajudar o desporto a crescer.
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Bodyboard em Portugal O bodyboard feminino em Portugal está no bom caminho, há cada vez mais nível e disputa nos campeonatos e há também uma nova geração com imensa vontade e talento e penso que nos próximos anos, vão ser elas a dar mais alegrias ao nosso país!
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SALTY FRIENDS by
pi
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Quem são as Salty Friends?
Encontros já realizados e planos para futuro?
As Salty Friends são um grupo de mulheres acima dos 35,
Como grupo tivemos o nosso 1º encontro no dia 13
com caminhadas diferentes e que se juntam para partilharem
de Novembro de 2014 e esperamos conseguir em breve
algo que as une: a paixão pelo mar, as ondas, o surf.
organizar o próximo, ainda sem data marcada, mas onde já
Começámos por ser um grupo de amigas que se foi
estarão presentes mais Salty Friends que se foram juntando.
alargando mas que mantêm o essencial, que é o espirito
Os encontros são marcados pela boa disposição, onde
ALOHA! Pretendemos partilhar experiências, sorrisos,
o surf e o yoga se complementam e ajudam a um ambiente
fotografia, yoga e tudo o que faça parte deste espirito que
descontraído e um tempo bem passado.
nos une, de forma a enriquecermos os nossos dias! O grupo tem hoje 56 membros com os mais variados níveis de surf.
Temos planos de conseguir organizar o evento noutras zonas do país, aliando o conceito do encontro a uma mega surftrip, onde todas possamos conviver e partilhar boas ondas e experiências.
Com que regularidade se encontram para surfar? O grupo inicial encontra-se, regra geral, duas a três vezes por semana, dependendo da disponibilidade de cada uma e das condições do mar.
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snowtrip
Alpes s Italiano Villagio Olimpico
2O15
14 > 21 Março 2o15 > 529 euros - Inclui -
Alojamento Residence Villaggio Olimpico Sestriere Apartamentos 4 Pessoas com Pequeno Almoço + 6 Dias Forfait Via Lattea = 400Km Pistas + Olympic Card · Piscina + Ginásio + Guarda Skis + Seguro Platina + WorkShop Freestyle e FreeRide com Vídeo Correcção By Kiko Rincon + Surpresas...
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CC Board Center
Rua Actor António Silva, Lj. 5A · 1600-404 Lisboa · Tel. 217 575 682 ccboardcenter@ccboardcenter.net · www.ccboardcenter.net
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RITA NEVES photography
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Há quanto tempo és fotógrafa de desportos de acção? Porquê esta escolha de profissão? Também praticas algum desporto de acção? Comecei a praticar Surf e também a andar de Skate com os amigos em 2005. A fotografia de Surf veio em 2008 quando comprei a minha primeira máquina. A paixão pelo mar e pelas ondas, e o pouco jeito para o surf, fizeram com que a maior parte do tempo fosse passado fora de água a fotografar os amigos e a tentar transmitir aos outros através da fotografia o lifestyle, as manobras e as ondas perfeitas.
Relação com outros fotógrafos (maioritariamente homens)? É boa, é nos campeonatos que vai havendo mais tempo para conhecer outros fotógrafos e aprendo sempre imenso, principalmente com os meus colegas da Surf Total, são impecáveis, estão sempre prontos para ajudar e são atenciosos. Como está o desporto (de acção) no feminino? Cada vez mais as raparigas estão a mostrar que podem ser tão boas como os rapazes. O surf feminino evoluiu bastante as rapartigas estão com power, com manobras mais fluidas e bonitas. nte Cada vez mais as raparigas estão a mostrar que podem
Desde que começaste até aos dias de hoje, que evolução tens notado no desporto no feminino? Quando comecei não se via muitas raparigas na água, hoje em dia nota-se uma grande diferença, principalmente devido ao boom de escolas de surf, onde se começa muito novo a aprender, estão a aparecer os novos talentos. Vemos nos campeonatos que o nível está top, as raparigas estão a dar nas vistas. .
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Que atletas gostas mais de fotografar? O Kelly Slater é o meu favorito sem dúvida. Mas cá também temos muitos bons surfistas que vão e já estão a dar nas vistas lá fora, o Vasco Ribeiro, o Frederico Morais, entre outros,. Nas meninas, a Teresa Bonvalot, a miúda tem raça, gosto muito de a fotografar, vai longe de certeza.
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Alguma história engraçada ou episódio especial de uma sessão? Este ano no campeonato do mundo em Peniche, estava a fotografar aquela sessão de free surf em que o Kelly fez “aquele aéreo”. No fim da sessão vou buscar a minha Go Pro para tirar uma selfie com o Kelly, quando chega a minha vez estava a carregar no botão errado da máquina sem me aperceber, ele percebeu e a rir-se pega na máquina e tira ele a fotografia. Foi a risota, adoro essa foto.
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ADORO fotografar ondas
vazias e
perfeitas | 47
ines correia
photo by Maria Enfondo
ilha do sal
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travel
A minha época de treino em Cabo Verde este ano começou
Mesmo assim, cada sessão que tenho por aqui é muito
mais cedo do que o habitual. Como o ano passado os dois
especial e muito importante para evoluir, pois estou na
meses que passei aqui foram fantásticos e consegui treinar e
companhia de grande parte dos atletas de topo do mundo.
evoluir bastante, achei que seria uma boa aposta passar mais
Habitualmente tenho feito kite pela manhã na praia mais
tempo por aqui! A ilha do Sal é um dos locais mais completos
popular, a kite beach, onde o vento é mais onshore e as
e com melhores condições para kitesurf nas ondas durante a
ondas um pouco desordenadas, mas sem dúvida, um lugar
época de Dezembro até Março, existem vários tipos de ondas
muito bom para treinar com condições mais difíceis. Depois
e ventos e é uma ilha muito completa com muitos spots.
pela tarde ou tentamos ir ao norte da ilha onda a frequência de ondas direitas é grande ou quando temos a oportunidade
Este ano as condições não têm sido as melhores, na minha opinião devido à bruma seca intensa que tem insistido em não
de ter Ponta Preta com ondas, aproveitamos, mas sempre com muito crowd.
se afastar da ilha. O vento tem sido um pouco inconstante e as ondas têm demorado a aparecer.
Por agora a época vai a meio e espero muito boas sessões no futuro.
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moda
rvca
When RVCA started in 2000, it was established as a collective platform for artists and designers; a creative home for likeminded individuals from diverse subcultures; a close-knit community that combined art, music and fashion in an original way; a design-driven lifestyle brand that defined itself through its creators, not its sales. Since then, we’ve kept it that way: clean, simple, authentic. Trans- cending the boundaries of traditional action sports apparel, RVCA ap- pears as a natural on the shelves of boutiques as on those of a local skate shop. RVCA is more than a clothing company, its a collaboration of sorts, a lifestyle within itself. The RVCA name (pronounced: rou-ka) was developed first and fore- most out of the “V” and “A” — which symbolizes the Balance of Op- posites and how they coexis
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artes
CATARINA MACHADO
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O meu nome é Catarina Machado, nasci no Porto em 1975 e sou artista plástica. Licenciei-me em arquitectura em 1998 seguindo as pisadas do meu Pai e Avô, fiz uma Pós-graduação em Arte Contemporânea, frequentei alguns cursos teóricos de Arte contemporânea e, a par do curso de arquitectura, frequentei também o atelier do Pintor Artur Terra onde iniciei o meu percurso no contacto com as técnicas e com os materiais. Dou aulas de pintura desde 2005 no atelier livre do SBN no Porto. Durante estes 23 anos de carreira artística participei em diversos workshops não só de pintura como também de serigrafia, resina e fibra de vidro. Gosto muito de experimentar novos materiais e explorá-los, um dos mais recentes foi a plasticina – adorei voltar a ter a sensação de quando era criança e brincava com este material! Desta experiência resultaram obras com formas e cromatismo similar às minhas pinturas só que criando, contudo, um efeito tridimensional. O mar é a minha maior fonte de inspiração. O meu trabalho é principalmente pintura sobre tela mas também exploro o vídeo art, fotografia e instalação.
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Quando começou o teu interesse pela arte?
e Páris, explorando com esta temática a figura humana em escala real, telas já de alguma dimensão. A arquitectura porém
O mundo dos desenhos e da cor envolveram-me desde
contribuiu de sobremaneira para o meu desenvolvimento
cedo, estou rodeada de arte sempre desde que nasci! Pais e
criativo, no sentido da composição espacial da tela, o facto
Avós com gosto pela pintura, arquitectura, fotografia, música
de ter aprendido a trabalhar em diversas escalas e explorar
e literatura permitiram-me despertar, aprender e apurar o
em alguns trabahos o tridimensional. A fase seguinte resultou
amor à arte. E cedo comecei a relacionar-me com o papel e
em trabalhos geométricos com uma paleta de cor por vezes
os lápis e com as telas e as tintas. A minha Avó também era monocromática, explorando bastante o “preto e branco”. A pintora, inspirada na poética de Fernando Pessoa e sempre
influência da arquitectura nesta série de obras foi total, uma
me encantou vê-la pintar! O meu Pai além de arquitecto é
vez que fotografava edíficios que me agradavam, e essas
fotógrafo, e o fascínio era imenso a vê-lo a revelar no quarto
imagens serviam-me de referência pois ao transpô-los para
escuro e do papel fazer aparecer imagens...fantásticas!!
a tela, descontruía-os tornando-os abstractos.
Primeiros anos/primeiros trabalhos
O teu traço
A relação afectiva com a pintura crescia à medida
Em 1998, concluindo o curso de arquitectura, senti uma
que comecei a demonstrar desenvoltura nas técnicas
necessidade de me libertar das referências geométricas e
apreendidas, comecei pela aguarela, passando pelo óleo e
rígidas que até aí me inspiravam, comecei a partir para a tela
rendi-me ao acrílico sendo a técnica que utilizo actualmente.
em branco e a pintar as minhas emoções e vivências. A paleta
Nas minhas primeiras telas inspirei-me na mitologia grega e
de cores explodiu com o arco-iris e a gestualidade imperou
nos deuses que mais me tocaram como o Cupido, Prometeu
até hoje. O trabalho tornou-se orgânico. Procuro transmitir
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ritmo e movimento através de linhas. A elipse é uma constante no meu trabalho desde o ano 2000.
a pintar, a conduzir, nas aulas...só o som das ondas do mar é substituído pela música!
Influências e inspirações
Surf e arte
Os meus Pais, os meus Avós, a minha família, os meus
Aprendi a fazer surf em 1996 e coincidiu com o momento
amigos, os meus amigos cães, os meus pares, alguns
em que encontrei a minha linguagem artística que identifica
professores, o mar, banhos nas ondas de Miramar com a minha
as minhas obras até hoje. Críticos de arte ao escreverem
Mãe, a música, dançar, dançar muito...o meu quotidiano,
sobre a minha obra associaram a minha pintura ao surf,
todas as minhas vivências são as minhas influências e fonte
pelos movimentos, cores e ritmo que transmitem. A minha
de inspiração...o surf, o skate, o snowboard, o golfe também...
linguagem artística remete-nos para a ideia das linhas
(todos estes desportos que pratico e é curioso que todos eles
geradas pela ondulação rítmica do mar, através da criação
tem movimentos curvos :) A música acompanha-me todos os
de ambientes cromáticos dissonantes assim como às linhas
dias enquanto pinto! Aliás a música acompanha-me sempre,
efémeras desenhadas pelas manobras de uma prancha de
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surf, efectuadas pelo surfista quando desliza nas
fachada do edificio do Cine Teatro de Vila nova de Cerveira
paredes de água formadas pelas ondas do mar. O mar e
há dois anos atrás a convite da Bienal Internacional de Arte
o surf inspiram-me pela energia positiva que transmitem,
de Cerveira. Considero que resultou bem a instalação que
pela beleza dos movimentos sempre curvos...elípticos. No
fiz no “Project Room” da Galeria por Amor à Arte com várias
meu imaginário habitam esses movimentos, essas curvas
paletes juntas que faziam o percurso da exposição onde um
onduladas, deslizes cremosos, espumas fragmentadas.
vinil translúcido pousava pintado por mim do avesso. Por baixo lâmpadas fluorescentes iluminavam a pintura e os pés
O teu trabalho favorito
de quem as pisava. Também gosto especialmente da caixa de luz que se destaca no Bugo na rua Miguel Bombarda,
Guardo sempre a obra preferida de cada série criada,
restaurante personalizado por mim.
ficam na “Colecção da artista”. Gosto especialmente de um painel de 6 telas que tenho na minha sala da série “Little
Trabalhos realizados e exposições
Wing” inspirada na letra da música de Jimi Hendrix. De um quadriptico com fundo preto de dois metros por dois metros
Concluindo a licenciatura em aquitectura decidi dedicar-
que ofereci aos meus pais da série “Backwash”. Gosto
me 100% à pintura,concorrendo a vários concursos e bienais,
bastante do resultado do mural “Ocean Vibes” que pintei na
tendo sido seleccionada. Em 1998 fui convidada pelo pintor
Augusto Canedo para me juntar ao grupo de jovens artistas emergentes da sua galeria, a Por Amor À Arte Galeria. Desde então participei em algumas das melhores feiras internacionais de arte contemporânea como a New Art Barcelona’99, IV Foro atlantico de Pontevedra, Transito Toledo 2000, Art Al’hotel Valencia 2000, em duas edições da Miart em Milão. Em Espanha fui representada por duas galerias, fazendo em ambas exposições individuais. Na Galeria Edurne em Madrid pintei uma das paredes já com spray (2003) resultando num mural que permaneceu durante essa minha exposição intitulada “Fluir”. A Galeria Carmen de la Calle levou-me a participar nas feiras de arte de Viena de Austria, Sevilha e na ARCO MADRID onde a Fundacion Cultural de Cádiz adquriu as minhas obras. Com a Galeria Sala Maior expus na tão distinguida Art Colonia na Alemanha e com a Galeria Alvarez fui a várias edições da Arte Lisboa. Em 2003 e 2004 organizei exposições de jovens artistas na Por Amor Á Arte Galeria, espaço situado na Rua Miguel Bombarda no Porto, local conhecido pelas inaugurações simultâneas das exposições das galerias de arte contemporânea existentes na Rua (aproximadamente 20 galerias e espaços artisticos alternativos). E foi aí que ganhei o gosto em organizar exposições, algo a que me tenho dedicado intensamente nos dois últimos anos. Fui a directora artística responsável por toda a programação da MAG (Marcolino Art Gallery) na baixa do Porto desde o seu incio em Outubro de 2012. Fui a curadora do projecto de street art “Mural da Rua da Lionesa” o maior colectivo de artistas do norte de Portugal e também do Projecto DOMA na Douro Marina iniciado em Junho de 2014. Papel do artista na sociedade actual Como artista pretendo através do meu discurso artístico transmitir sensações positivas. Utilizo bastante o lema “querer é poder”. Com este discurso positivo, em que pretendo conseguir transmitir através da minha pintura a sensação de
alegria e liberdade que o surf e o mar emanam, fui
individual para a qual fui convidada a realizar este ano no
convidada para ser oradora na edição Tedx Matosinhos com
Museu do Mar em Cascais. Faz parte dos meus planos voltar
o tema “à bolina” em 2013. No âmbito do Fantasporto’11
ao meu ritmo a pintar ! (como organizei quase 30 exposições
– cinema e artes plásticas – foi realizado e apresentado
em 25 meses, o tempo dedicado a pintar ultimamente foi
no Rivoli, um documentário sobre o meu percurso artístico
muito reduzido).
intitulado “Backside PaintingI Catarina Machado”- Realização de Raquel Vidal onde essa mensagem também é focada.
Agora neste início de 2015 recomecei intensivamente a minha relação diária com as tintas. E já respiro bem novamente. Pretendo também fazer mais surf e se possível
Planos para futuro Neste momento estou pintar para uma exposição
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ir em Março a Grand Valira fazer snowboard!
www.catarinamachado.com | 65
MUNDIAL roller DERBY by
bloodrunner
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Ponto de encontro: Estação de Campanhã. A viagem
que nós fomos a primeira equipa portuguesa a participar
adivinha-se bastante longa. Teríamos que esperar mais de
num campeonato mundial de roller derby. Por mais “cheesy”
20 horas para aterrar na terra que iria concretizar um sonho que possa parecer, senti-me uma rockstar com a banda mais de muitas mulheres. Porto, Lisboa, Londres e, finalmente,
“badass” do mundo.
Dallas. A dúvida pairava no ar. O que fazer durante tantas horas? Como passar o tempo? Já nos devíamos conhecer
Chegadas ao hotel, rapidamente, apercebemo-nos que
melhor...15 mulheres juntas no mesmo vôo, ansiosas por
as aventuras iam ter início. Hotel errado, vamos tentar
tudo aquilo que viria a acontecer.
arranjar o mesmo transfer para nos levar ao hotel certo, que, infelizmente, significava não ficar tão perto da downtown. As
Olhava em meu redor, e via caras conhecidas do derby
derby girls são uma tribo à parte. Conseguimos-nos identificar
por todo o lado. O avião não levava apenas a Team Portugal.
à distância, e, quando chegámos ao hotel, sabíamos
Caras da Suécia, Inglaterra, entre outros países, povoavam
perfeitamente quem era da nossa tribo, e quem não era.
aquele avião, tornando-o ainda mais especial....um charter de derby girls, em si só, já parecia um sonho conquistado.
Era segunda-feira, o que significava que tínhamos a terça
Finalmente, depois de origamis, muita conversa, filmes,
livre para passear por Dallas. Estava frio, muito frio mesmo.
e fotografias, aterramos no aeroporto de Dallas. Toda a
Já tinha passado por Dallas, há uns anos, e sabia que Dallas
gente sabia que depois daqueles dias, nunca nada mais
como cidade não tinha muito para oferecer. Andávamos
seria igual. Sabíamos todas, que, um dia iríamos olhar para
perdidas, à procura de algo, porque na verdade, o nervoso
trás, e, iríamos poder contar aos filhos, netos e afins, que
miudinho já se tinha instalado, e não conseguíamos olhar para
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uma montra sem pensar que daqui a uns dias estaríamos
o piso, mas a minha barriga não sabia a diferença. Não
a pisar a pista mais importante do mundo. O pequeno-
é fácil explicar o que se passa na cabeça de mulheres de
almoço era um evento em si mesmo. Por todo o lado, víamos
30 e poucos anos (na sua maioria), quando entram pela
t-shirts com logos de equipas de todo o mundo. Pensava,
primeira vez no Dallas Convention Center,, e sabem que
como é possível, este grupo de mulheres, sem apoios, sem vão representar o seu país. Se calhar há uns anos atrás, qualquer rede de segurança ter atravessado milhares de
imaginava-me em casa com filhos...tal como as convenções
quilômetros, e estar aqui para competir num mundial. A força
sociais sugerem. Mas não. Nós não. Nós tínhamos 30 e tal
de vontade leva-nos a todo o lado, e, realmente só quem é
anos e sentíamos-nos jovens, e muito capazes de mostrar a
louco suficiente para sonhar grande, é que vive uma VIDA.
garra lusitana. Chorei no fim do treino. A ansiedade, o medo de falhar, o culminar de tanta coisa.
Na quarta-feira, quando fazíamos as malas com o equipamento, os rostos começavam a mudar lentamente.
Deitei-me nessa noite carregada de receios. No dia a
Havia um misto de expressões, respirávamos com mais
seguir, sabia que ía ser a primeira a ir como jammer contra
dificuldade, ríamos mais descontroladas, trocávamos
a Team Brasil. Tenho vindo a treinar a minha mente. Disse-
olhares, e inspirávamos.
lhe várias vezes, que quando piso aquela pista, que ela não
Entrámos na carrinha mais caladas...a responsabilidade
pode ceder, que ela tem que ser incrível, forte e capaz. Team
começava a pesar. Era apenas um dia de treino. Íamos testar
Brasil era uma equipa com mais experiência que nós. Já
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tinha entrado no primeiro mundial em 2011, altura em que
a maior parte de nós nunca tinha participado num torneio.
nós estávamos a iniciar o roller derby em Portugal, e a maior
O mais difícil de nos tornarmos atletas numa idade adulta
parte de nós ainda nem sabia andar de patins. Para além
é, sem dúvida, a preparação mental. O jogo começou mal,
disso, tinha uma jogadora muito experiente, que as tinha
muito mal. O marcador apontava 0 para nós, e o relógio
treinado ao longo destes anos. Era difícil...mas sabíamos
já marcava alguns minutos. Não era isto que tínhamos
que o nosso grupo era destemido, forte, com garra,, e que
imaginado, queríamos ganhar. Era altura de respirar, parar,
essas características nos podiam fazer vencer. Chegámos
pensar, e jogar. Aos poucos o marcador foi mudando. Num
ao intervalo empatadas.
jogo pouco próprio para cardíacos, mais uma vez, sentíamos
A surpresa na cara das pessoas que nos desconheciam,
que estávamos perto da vitória, só que desta vez não a
dos “announcers” que nem sabiam que Portugal tinha roller
íamos deixar passar. O último jam, foi sem dúvida, o jam
derby, era notável. Já tínhamos ganho. Portugal já estava
mais longo da minha vida. Estava completamente gasta,
nas bocas de toda a gente, como uma equipa promessa, exausta, as pernas não obedeciam, a cabeça usava os seus uma equipa que surpreendeu tudo e todos. Perdemos, mas
últimos cartuxos. Olhava para trás, e via a outra jammer a
ficamos com o sabor de uma vitória.
pontuar. Olhava para o marcador, e via a diferença de pontos a aproximar-se. Depois de um momento de discussão com
Seguia-se o jogo contra a Suíça. Uma equipa da qual
o meu corpo, consegui avançar mais um pouco...pareciam
pouco ou nada conhecíamos. Temíamos o cansaço, pois
quilómetros. Finalmente o apito. Quando o apito soa, o | 71
resultado ainda esta sujeito a mudanças, e com um
que admiramos, e que aspiramos vir a ser. O que fazer
resultado tão renhido , não sabíamos se tínhamos, de
quando jogamos com verdadeiros ninjas do roller derby?
facto, ganho. Abraçamo-nos....umas desviavam o olhar da
Manter a postura, e olhar de frente o adversário. E fizemo-lo.
projeção, outras tremiam, outras ficavam em silêncio. Podia
Soube bem. Aprender faz parte do processo.
ser esta a nossa primeira vitória? Mais uma vez os segundos pareciam horas. Não sei se foi os berros, os saltos, ou a força
O resto do dia foi para absorver todo aquele ambiente
do abraço, mas sabia que tínhamos ganho, e que nada nos
incrível que o roller derby promove. Vê-se de tudo. Nas
fazia sentir tão bem. Estávamos emergidas numa alegria
bermas das pistas, vemos cangurus de plástico, vemos
infinita. Este resultado já ninguém nos tirava. E depois de
bandeiras pró-gays, vemos homens vestidos de mulheres,
estarmos a perder, esta vitória sabia melhor que nunca. Os e vice-versa, vemos liberdade. Vê-se, sente-se e cheira-se. “announcers” mais uma vez teciam elogios à nossa equipa.
No derby, somos, realmente, quem queremos ser. Não há fachadas, não há medos. Há ser e deixar ser.
O dia seguinte era um dia negro, muito negro. Íamos jogar contra uma das melhores equipas da Europa, França. A
Último dia. Mais uma vez, os rostos mudavam. A nostalgia
vitória era completamente impossível, por isso o importante
já começava a incomodar, e ainda se ouviam os apitos
era jogar bem. Continuar a surpreender tudo e todos. Pior perfeitamente. Era o último jogo, e não sabíamos quando, ainda , o jogo acontecia de manhã. O jogo contra a Suíça
e se, viveríamos esta experiência mais alguma vez. O bom
tinha sido o último do dia. Rendemo-nos às capacidades da
do ser humano é ter sede, é querer mais, e mais. Este sonho
França, ao seu jogo, às suas atletas. São, de facto, alguém
já estava a ser concretizado, queríamos idealizar um futuro,
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um objetivo. O ultimo jogo era contra a Dinamarca. Já
o sangue do vermelho, e a esperança do verde naquele
as tínhamos visto jogar no europeu, e sabíamos que eram
convention center. Jamais questionariam se existe roller
uma equipa muito forte. Daí a nossa surpresa quando no
derby em Portugal. Existe, e está de boa saúde. E cuidado,
marcador, a vantagem era nossa. Não sei se foi o cansaço,
porque pretendemos voltar...melhor, muito melhor!
a pressão, a falta de concentração, a falta de experiência, mas a garra deixou-nos. E os pontos começaram a estagnar. A meio da segunda parte já sabíamos que íamos perder. Sair do campo de batalha, com várias feridas, parecia inevitável. Mas nenhuma bandeira branca foi alçada. Fomos soldadas até ao fim. Representámos a bandeira. Deixámos
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BREVES
snowpark serra da estrela by Dropin8
Este ano a estância da Serra da Estrela tem um novo snowpark. A convite da administração da estância a Dropin8 (já conhecida pelos seus eventos de snowboard e pelo bom trabalho que têm vindo a realizar), está a dar uma ajuda na construção de novos módulos e na montagem do snowpark. Os módulos foram quase
evoluir no seu desporto de eleição sem sair de Portugal. Simultaneamente estão também a trabalhar para encontrar um novo apoio que possa ajudar na próxima temporada para que possam fazer um trabalho ainda melhor e proporcionar mais condições aos amantes de neve.
todos reaproveitados à excepção de 4 que foram construidos
Se tiverem oportunidade deêm um saltinho á nossa Serrinha,
de raiz com materiais todos reciclados.O objectivo da Dropin8 é
e desfrutem de um dos melhores snowparks de sempre, na
proporcionar a todos os practicantes de ski/snowboard vertente
estância.
freestyle, as condições indicadas para poderem praticar e | 76
biocicleta by Susana Martins & Rui Perez A Bio-Cicleta é uma loja dedicada à alimentação natural
Dois espaços num só, mercearia natural e loja de bicicletas,
e à utilização da bicicleta quer por meio de transporte ou
onde o cliente pode entrar na loja com a bicicleta, estacioná-la
simplesmente por lazer, que nos chega pelas mãos de Rui
em segurança e fazer as suas compras tranquilamente.
Perez (mecânico de bicicletas há mais de 10 anos) e Susana
Têm um balcão e bancos caso o cliente queira consumir os
Martins (naturopata, e por sinal, a trabalhar na àrea da dietética
produtos que adquiriu na mercearia, ou simplesmente beber
também há 10 anos).
um sumo ou chá enquanto espera pela reparação da bicicleta e
Ambos partilham a paixão do Vegetarianismo e das Bicicletas e assim surgio a Bio-Cicleta!
ainda um espaço de leitura com vários livros sobre alimentação natural, saúde e bicicletas...enfim, querem que todos se sintam em casa.
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F A S H I O N 50 |
MUST HAVE VANS slip-on
disponível em: Ericeira Surf Shop, Quiksilver, The Athelete’s Foot, Fuxia e nas melhores surfshops, skateshops e lojas de lifestyle do país.
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PVP: 62,90 €
Cap Retro Sailor
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T E C H
All Mountain Board 154 MYNKA PVP: 360 € disponível em: https://www.facebook.com/pages/MYNKA/204889576209989
Capacete Helt-Pro Solveig PVP: 109,95 €
disponível em: http://www.cume-store.com
Casaco SALEBRA Aneto
PVP: 249,95 € 10.000K 5.000K disponível em: http://www.cume-store.com
gwr.mag staff oriana brás catarina faustino susana torroais edições anteriores like us on Facebook e-mail
colaboradores Oreli & Claire Rita Neves Teresa Almeida RVCA Inês Correia BloodRunner
big thanks Katie S. voguel Lipstick Productions Salty Friends Suicide Industry Catarina Machado Cume CC board center Dropin8 Hackbrett Black Veins Biocicleta Ganesh
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