H2 magazine Nº1

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H2

ATUALIDADE

TECNOLOGIA

Bio-hidrogénio Uma alavanca ao desenvolvimento do interior do país

Paulo Brito

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ivemos tempos de mudança em termos energéticos devido à urgente necessidade de reduzirmos as emissões de gases de efeito de estufa, em particular, o dióxido de carbono, cuja principal fonte são os combustíveis fósseis, no sentido de termos uma efetiva descarbonização da nossa sociedade e não aumentarmos mais a temperatura média do planeta. Aumento tal que tem como consequência o seu desequilíbrio e ajuste a um outro estado de equilíbrio muito menos favorável à espécie humana e ecosistemas. Os combustíveis fósseis, que temos vindo a consumir de forma intensiva, ao longo dos últimos 100 anos, são os principais responsáveis por esse desequilíbrio devido à libertação de grandes quantidades de carbono, sob a forma de dióxido de carbono, que esteve armazenado durante milhares de anos. Face a este problema, a Europa colocou o objetivo de atingir a neutralidade carbónica em 2050, sendo evidente a necessidade de se alterar o paradigma energético se o queremos atingir. Implementar alternativas aos combustíveis fosseis, hidrocarbonetos com elevado poder calorífico que, em termos económicos, é uma tarefa difícil de se conseguir de forma competitiva. Porém, se queremos assegurar a sobrevivência das gerações futu-

ras, a busca dessas alternativas não pode diminuir. O vetor energético que tem como base o hidrogénio é uma alternativa que pode ter uma contribuição muito significativa em todo o mix energético, pois permite diferentes aplicações e apresenta vantagens quer ao nível do armazenamento de energia renovável e estabilizador da rede elétrica, quer em aplicações de mobilidade elétrica como combustível, bem como, a possibilidade de ser utilizado como combustível numa vasta gama de aplicações industriais. A cadeia de valor do hidrogénio vai desde as tecnologias de produção de hidrogénio renovável, com base em eletrólise da água ou tecnologias que partem de recursos biomássicos, passando pelo seu transporte e armazenamento, até à sua utilização. A Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2) vem estabelecer a visão do país para o hidrogénio, identificando oportunidades e identificando todas as cadeias de valor, bem como as políticas e medidas de ação legislativa e operacional a implementar de modo que os objetivos

O vetor energético que tem como base o hidrogénio é uma alternativa que pode ter uma contribuição muito significativa em todo o mix energético

sejam atingidos, nomeadamente, a obtenção em 2030 de 5% de hidrogénio no consumo final de energia, no transporte rodoviário e no sector industrial, 15% de injeção na rede de gás natural, 50 a 100 estações de abastecimento e 2 GW de capacidade instalada. A concretização destes objetivos passa, essencialmente, pela produção com base em eletrólise da água com energias renováveis. Se a utilização de energia renovável, principalmente a que não é despachável e com potencial de ser armazenada, não oferece qualquer dúvida, a questão dos recursos hídricos já pode significar um problema dada a escassez do recurso que tende, todos os estudos apontam nesse sentido, a aumentar no futuro. Basta dizer que para produzir 1 kg de hidrogénio por eletrólise é necessário, pelo menos, 9 kg de água. Fontes de água alternativas, como águas resultantes de estações de tratamento de efluentes, ou água do mar, devem ser analisadas e estudadas a sua viabilidade tecnológica. Porém, o hidrogénio pode ser produzido a partir de um grande número de diferentes matérias-primas tal como a água, referida anteriormente, mas também o carvão, gás natural, biomassa, sulfureto de hidrogénio, hidretos de boro e outros, através de processos térmicos, eletrolíticos ou fotolíticos. Apesar de atualmente a maior produção de hidrogénio ser a partir do gás natural, para aplicações na indústria petroquímica, é a produção de hidrogénio eletrolítico a partir de fontes de energia renováveis, que se centra a maior aposta para dar corpo ao vetor energético hidrogénio, de acordo com as várias estratégias do hidrogénio apresentadas pelos vários países europeus. Mas, a produção de hidrogénio


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