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Sustentabilidade nas empresas: é hora de começar!
Fabiano Facó Foto: arquivo pessoal
Em entrevista, especialista comenta sobre o universo das empresas verdes e suas ações. Fique por dentro das iniciativas verdes e se destaque no mercado pet
Por Samia Malas Muitos empresários ainda não se adequaram ou não entraram no universo das empresas verdes por simples falta de informação. Sabendo disso, a revista Pet Center/ Pet Center Clínicas bateu um papo com Fabiano Facó, executivo de sustentabilidade empresarial, sócio diretor da empresa Habitante Verde Planejamento e Serviços Ltda com MBA em Gestão Ambiental e Práticas de Sustentabilidade pelo Instituto Mauá de Tecnologia, Gestão para o Baixo Carbono pela Fundação Getulio Vargas e inventor do espaço www.habitanteverde. com.br . O profissional, que atua no segmento da Sustentabilidade Corporativa, explica para nossos leitores como a questão da sustentabilidade tem sido encarada pelas empresas brasileiras, além de dar explicações do que é ser uma empresa verde. Confira! RPC - Como você avalia as ações sustentáveis praticadas entre as empresas brasileiras nos dias de hoje? Facó - Todas as ações são extremamente positivas porque estão colocando a sustentabilidade em
pauta na mídia, no governo, na sociedade e nas próprias empresas que ainda não embarcaram nessa viagem sem volta. É evidente que algumas empresas estão atuando pontualmente em projetos específicos, como também tentam “pegar carona” ao simplesmente olharem esta questão pelo viés do marketing. Por outro lado, existe uma minoria que lida com a sustentabilidade de forma estratégica, fazendo com que seja introduzida de forma transversal por todas as áreas e processos de seus negócios. O momento é de tomar iniciativas, tanto certas quanto erradas e, assim, corrigir rotas! RPC - Qual o conceito de uma Empresa Verde? Facó - É aquela que possui em sua estratégia, missão, visão e valores o reconhecimento que sustentabilidade ambiental é uma competência estratégica e, como tal, deve permear todas as áreas, todos os processos de negócios dentro da própria empresa e, principalmente, fora dela através da sua relação com fornecedores e parceiros, praticando sustentabilidade em toda sua cadeia produtiva e liderando seus fornecedores para se adequarem ao seu posicionamento estratégico
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em prol da sustentabilidade. Uma empresa que reconhece os recursos como água, ar, energia, solo, resíduos e matéria- prima como ativos do seu negócio e, como tal, fazem com que eles tragam ganhos econômicos tangíveis e intangíveis para o seu desempenho financeiro, ao passo que são aderentes às leis ambientais, sem dúvida, pode ser tratada como uma empresa verde. Se uma empresa verde possui todos esses atributos, podemos dizer que sustentabilidade está no seu DNA. RPC - É possível ser sustentável e aumentar os lucros de sua empresa? Facó - Sim. Uma empresa somente terá sucesso na inserção da sustentabilidade em seu negócio se esse movimento trouxer ganhos econômicos tangíveis, ou seja, projetos em que haja retorno financeiro pelo capital investido ou não pagamento de multas por não aderir às leis ambientais. Ainda assim, existe o ganho intangível de imagem perante o seu público consumidor que, a cada dia, pesa o fator sustentabilidade na sua decisão pela compra de produtos e serviços. RPC - Qualquer empresa pode ser sustentável? Quais são os primeiros
passos? Facó - Sim, qualquer empresa pode ser sustentável, desde que ela faça uso direto ou indireto de ativos como água, ar, energia, solo, resíduos e matéria-prima. No entanto, não acredito que haja uma receita de bolo para tal fim, pois cada empresa tem sua cultura, valores, maturidade no seu mercado e outros aspectos particulares da sua existência. Porém, ela pode designar um grupo de trabalho envolvendo todas as suas áreas e seu processo produtivo para debater o tema e traçar planos de ações ou ela pode desenvolver um projeto em que garanta a inserção da sustentabilidade na sua estratégia através de uma empresa que possa oferecer esse tipo de serviço customizado para ela. RPC - O que deve ser levado em conta? Facó - Deve ser levado em conta seu posicionamento junto aos concorrentes, as expectativas de seu público consumidor, sua aderência às leis ambientais e, principalmente, uma visão de longo prazo, considerando que sustentabilidade nas empresas é algo irreversível. RPC - O consumidor brasileiro considera iniciativas sustentáveis
na hora da escolha de um serviço ou produto? Ou seja, eles estão mais conscientes? Facó - Tenho convicção que está aumentando gradativamente a consciência dos consumidores, no sentido de inserir a questão da sustentabilidade de um produto ou serviço em sua decisão de compra, mesmo levando em conta que os rótulos ainda não refletem nas pegadas hídricas, energéticas, emissões de gases de efeito, percentual de uso de componentes reciclados etc. Essa consciência está existindo por influência do convívio social e também dos filhos, pois estão aprendendo essa nova maneira de nos relacionarmos com a água, o ar, a energia, o solo, os resíduos e a matéria-prima. RPC - Quais os principais entraves encontrados pelos empresários que querem tornar sua empresa sustentável? Facó - Desconhecimento do tema, ausência de pressão dos seus stakeholders, excitação para ser um líder de seu segmento ou esperar para copiar outras empresas. Além disso, as leis ainda estão em processo de amadurecimento como as Leis de Mudanças Climáticas e Resíduos Sólidos, por exemplo.
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“Uma empresa somente terá sucesso na inserção da sustentabilidade em seu negócio se esse movimento trouxer ganhos econômicos tangíveis” RPC - A legislação brasileira privilegia quem adota tal postura? Facó - As leis ainda estão em
processo de amadurecimento, ou seja, não beneficiam bem como não punem. No entanto, o fato de estarem surgindo está, de certa forma, incentivando empresas para que comecem a se posicionar e reconhecerem que a sustentabilidade é um processo irreversível. O licenciamento ambiental, que existe há bastante tempo, agora começa a se fazer presente nos noticiários. A política nacional de resíduos sólidos simplesmente esperou 19 anos para ser assinada. Enfim, tudo indica que estamos passando por um processo de amadurecimento. RPC - Empresas que se apresentam como verdes apenas para gerar
volume de vendas podem ser punidas? Facó - Sim. O Conar – Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária já criou um grupo de estudo para atuar em casos de propagandas e campanhas publicitárias com único propósito de praticar o greenwashing ou maquiagem verde para induzir e ou enganar seus consumidores tentando passar uma mensagem de produto ecológico ou ser viço verde. Já existem casos em que campanhas foram retiradas das mídias e produtos que tiveram que refazer suas embalagens em decorrência do sucesso de atuação do Conar.