Revista Latitude - 5

Page 1

3

LATITUDE 4



3

LATITUDE 4


ÍNDICE / contents

62 Turismo – Bioparque Amazônia oferece um autêntico safari sem sair de Belém.

12

Tourism – Amazon Biopark offers an authentic safari without leaving Belém. capa / cover: Bob Menezes

24

Ensaio – A imponência dos urubus no mercado do Ver-o-Peso. Essay – The magnificence of vultures in the market of Ver-o-Peso.

Entrevista – Cantor Guilherme

Arantes apresenta seu lado ambientalista e defende o cuidado com a natureza.

34

Interview – Singer Guilherme Arantes reveals his

Arte – Aquarelas da in-

glesa Margareth Mee elevam ilustrações botânicas à categoria de obras de arte.

environmentalist side and supports the care of nature.

Art – Watercolor paintings of Margaret Mee takes botanical illustrations to the category of work of art.

42

Audiovisual – Documentário revela o mercado movido pelo ritmo do brega. Audiovisual – Documentary movie shows the market driven by brega rhythm.

52

Moda – O poeta Max Martins inspira editorial de moda com roupas da Costamazônia.

Fashion – The poet Max Martins

inspires the fashion editorial with clothes of Costamazônia.

História • 16

Belém faz 393 anos e esconde detalhes arquitetônicos de Art Noveau.

Roteiro • 70

Saiba como aproveitar o fim de tarde na capital paraense, depois da chuva.

Gastronomia • 76

Marajó exporta sabores que conquistaram o chef Francisco Ansiliero.

Cultura • 84

Português falado no Pará guarda expressões que nem o paraense conhece. LATITUDE 4

Ecologia • 88

Florestas protegidas mostram que manejo sustentável é possível.

Cenas • 22 | 48 | 74 | 78

Dicas de programações culturais, produtos e roteiros turísticos.

Opinião • 32 | 82 | 94

Bob Menezes, Zildinha Sequeira e Maurílio Monteiro. 4

History • 16 Belém makes 393 years and hides details of Art Nouveau architecture. Roadmap • 70 Learn how to enjoy the sunset of Belém in Pará, after the rain. Cuisine • 76 Marajó exports flavors that conquered chef Francisco Ansiliero. Culture • 84 Portuguese spoken in Pará has expressions that not even paraense knows. Ecology • 88 Protected forests show that sustainable management is possible. Scenes • 22 | 48 | 74 | 78 Tips for cultural programming, products and tourist itineraries. Opinion • 32 | 82 | 94 Bob Menezes, Zildinha Siqueira and Maurílio Monteiro.


5

LATITUDE 4


EXPEDIENTE / staff

Diretores Responsáveis / Responsable Directors Bob Menezes Esperança Bessa Conselho Editorial / Editorial Board Joana Pessoa Zildinha Sequeira Bob Menezes Maurílio Monteiro Editora Chefe / Chief Editor Esperança Bessa (DRT-PA 1524) Editor de fotografia / Photografic Editor Bob Menezes Design Gráfico / Grafic Design Gil Yonezawa Iara Ferreira Raffael Regis Comercial / Comercial Meg Martins Produção / Producer Elianna Homobono Estagiários / Interns Ana Carolina Palmeira (texto) Marcelle Leão (produção) Textos / Text Eliana Homobono Esperança Bessa Ismael Machado Ivonete Motta Juliana Oliveira Leandro Moreira Letícia Azevedo Luciana Medeiros Raymundo Mário Sobral Fotos / Photos Bob Menezes Cinthya Marques Gustavo Godinho Iuri Fernandes Jaime Souzza Luciana David Octávio Cardoso Thiago Nascimento

Revisão / Proofreading

José Rangel (português) Raffael Regis (inglês)

LATITUDE 4

Tradução / Traduction Márcia Franco Renata Rath

6

Tiragem / Reprint 3 0.000 un. Impressão / Printing Gráfica Delta

Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia Av. Dr. Freitas, S/N Marco • CEP: 66613-902 Belém • Pará • Brasil Contatos Contacts

+55 91 3344-0100 / 3344-0101 / 3344-0102 imprensa@hangarcentrodeconvencoes.com.br www.hangarcentrodeconvencoes.com.br Diretora-presidente President

Joana Pessoa Diretora administrativo-financeira Finance-administration Director

Vera Tavares Diretor operacional Operations manager

Cornélio Rath Conselho Administrativo do Hangar Management Board

Roberto Ferreira (presidente); Edilson Moura (Secretaria de Estado de Cultura - Secult); Ann Pontes (Empresa Paraense de Turismo - Paratur); Sebastião Miranda (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae); Orlando Rodrigues (Belém Convention & Visitors Bureau); Anazilda Sequeira, Jarbas Vasconcelos, Altair Vieira, Ruy Martini e Paulo Morelli.


7

LATITUDE 4


foto / photo: Bob Menezes

EDITORIAL / editorial

Vista aérea do Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia.

LATITUDE 4

Aerial view of Hangar Fairs and Conventions Center of the Amazon

8


This new year starts with a special moment for Pará. We are hosting the World Social Forum, which for the first time in history is held in the Amazon, and also come here in May, the UNESCO International Conference on Adult Education (CONFINTEA), the largest event in the world of education, which is promoted every twelve years and occurs for the first time in the South Hemisphere. If the projection of the Forum is to bring to Belém 100 thousand people, the CONFINTEA will gather in Pará’s capital six Heads of State and 164 delegations from around the world. It is our consolidation in the large-scale event’s tourism route. Hangar Fairs and Conventions Center of the Amazon is an essential part of the Amazon in these achievements, increasing the growth and professionalization of many market segments linked to the sector, from the provision of services to the reception of tourists. But the feedback of that growth isn’t only in the heating of the economy and in the fundings of the State. The more it receives local, national and international events, the more Hangar expands its work in the area of social responsibility, which is presented in several actions, being it working on rehabilitation of egressing individuals from the penitenciary system, including them as part of the board of service providers of the Convention Center, being it offering free cultural shows to the public, as at ‘Natal para todos’ or the rescue of the tradition of ‘Folia de Reis’, in the diffusion of the program One Billion Trees to the Amazon, promoted by the State Government, or the new advertisement campaign that will work on the simpler aspects that must be remembered by those who want to have a city ready for tourism, like caring for the garbage or the proper treatment to tourists. This is how Hangar gives its contribution to the growth of the state, helping Belém to be a better place not only for tourists but also for those who live in the metropolis of Amazon. Joana Pessoa Director-president of Hangar Fairs and Conventions Center of the Amazon

Joana Pessoa Diretora-Presidente do Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia

LATITUDE 4

Neste ano que se inicia, o Pará vive um momento especial. Estamos sediando o Fórum Social Mundial, que pela primeira vez na história é realizado na Amazônia, e para cá também virá, em maio, a Conferência Internacional da Unesco em Educação de Adultos (Confintea), o maior evento de educação do mundo, que é promovido de doze em doze anos e pela primeira vez ocorre no Hemisfério Sul. Se a projeção do Fórum é trazer a Belém 100 mil pessoas, o Confintea reunirá na capital paraense seis chefes de Estado e 164 delegações do mundo todo. É nossa consolidação na rota do turismo de eventos de grande porte. O Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia é parte fundamental nestas conquistas, potencializando o crescimento do mercado e a profissionalização de diversos segmentos vinculados ao setor, da prestação de serviços ao aparelhamento para receber os turistas. Mas o retorno desse crescimento não está somente no aquecimento da economia e na arrecadação do Estado. Quanto mais recebe eventos locais, nacionais e internacionais, mais o Hangar amplia seu trabalho na área de responsabilidade social, que está presente em diversas ações, seja colaborando na reinserção de egressos do sistema penal, incluindo-os no quadro de prestadores de serviço do Centro de Convenções, seja ofertando shows culturais abertos ao público, como no Natal Para Todos ou no resgate da tradição da Folia de Reis; seja na divulgação do programa Um Bilhão de Árvores para a Amazônia, promovido pelo Governo do Estado, ou na nova campanha publicitária que trabalhará aspecto simples que devem ser lembrados por quem quer ter uma cidade pronta para o turismo, como o cuidado com o lixo ou o bom tratamento destinado a quem vem de fora. Essa é a forma do Hangar dar sua contribuição para o crescimento do Estado, ajudando a fazer de Belém um lugar melhor não só para os turistas, mas também para quem vive na metrópole da Amazônia

9


ENTREVISTA / intervew

O

milagre da

natureza em nossas m찾os

LATITUDE 4

Cantor Guilherme Arantes mostra que o ambientalismo n찾o pode ficar s처 no discurso e cada um deve fazer a sua parte. Basta querer.

10


texto / text: Esperança Bessa fotos / photos: Jaime Souzza e divulgação

Quando você se despertou para a causa ambiental? Desde menino. Tive uma execelente professora de biologia, a professora Ermelinda, e ela motivou toda a minha geração. Ela levava a gente para fazer estágios e fiquei um mês no Instituto Oceanográfico, em São Sebastião (São Paulo), estudando restingas e manguezais, que depois vim a reencontrar na minha vinda para a Bahia. Tinha 12 anos de idade e esse tema ficou muito presente. Com o tempo me lancei cantor, e em 1980, sem querer, fiz a música ‘Planeta Água’, que encaro quase como uma mensagem do além, uma música psicografada que saiu em 15 minutos. É como se já tivesse pronta dentro de mim.

The miracle of nature in our hands. Singer Guilherme Arantes says that environment can not be only in the speech, and each one of us must do our part. It is only a matter of will. When he wrote the song ‘Planeta Água’, around 1980, the singer and composer Guilherme Arantes could never imagine that this song would become an environment movement anthem. His intention was to sing an ode to the water cycle and honor his mother Oxum, in an ending of a military dictatorship period, and he was stigmatized as an alienated person. He had no idea that those verses were anticipating a future of devastation and cruelty against the planet. A few people know, but the musician did not just stand in music and decided to put his hands in the ground, and created the NGO “Planeta Água”, which since 2000 has an extensive work to recover Bahia’s environment, where it is based. The NGO acts on Environmental Education and has already replanted more than 40 thousand trees. Guilherme Arantes, who has a biologist son, was one of the guests for ‘Natal para Todos’, promoted by Hangar Convention and Fair of the Amazon in december 2008, also engaged in the State of Pará Government’s program ‘One Billion Trees in the Amazon’, that has the objective to plant a billion of rare species until 2013 in devastated areas of the State. While he was planting, the singer emphasized: “Man is miraculous by nature, because he is able to recover other lives.” When did you awake to the environmental cause? Since I was a boy. I had an excellent biology professor, her name was Ermelinda, and she motivated all my generation. She took us to do an internship and I stayed one month in the Oceanographic Institute in São Sebastião (São Paulo), studying sandbanks and mangroves, which later on I came to find in Bahia. I was 12 years old and this subject was very present. Over time I became a singer, and in 1980, pretentiousless I wrote the song ‘Planeta Água’, which I understand almost as a message from beyond, a psychographic song that came out in 15 minutes. It seemed that it was already in my head.

LATITUDE 4

Quando escreveu a música ‘Planeta Água’, lá pelos idos de 1980, o cantor e compositor Guilherme Arantes nunca imaginou que ela viria a se tornar um hino em prol da preservação do meio ambiente. Ele, que queria apenas entoar uma ode ao ciclo da água e homenagear sua mãe Oxum, num período de fim da ditadura militar acabou tachado de alienado. Mal sabia que naqueles versos estavam antecipando um futuro de devastação e maus tratos contra o planeta. Pouca gente sabe, mas o músico não ficou só na cantoria e colocou as mãos na terra, criando a ONG Planeta Água, que desde 2000 desenvolve um amplo trabalho de recuperação do meio ambiente da Bahia, onde está sediada. A ONG tem ações de educação ambiental e já replantou mais de 40 mil árvores. Um dos convidados do ‘Natal para Todos’, promovido em dezembro de 2008 pelo Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, Guilherme Arantes, que tem um filho biólogo, também se engajou no Um Bilhão de Árvores para a Amazônia, programa do Governo do Pará que pretende plantar um bilhão de espécies raras até 2013 em áreas devastadas do Estado. Enquanto semeava a sua parte, o cantor destacava: “O homem é milagroso por natureza, porque é capaz de recuperar outras vidas.”

11


ENTREVISTA / intervew

O movimento ambientalista não pode ser só de discurso, simpósios, congressos, muito cerebralismo e pouca mão na terra. The environmental cause can not only be a speech, symposiums, congresses, a lot of intellectualism and few real work in the land.

nhos, lagartos, cobras, gerando novamente a biodiversidade. Isso é eficiente, porque você vai pelo caminho da natureza, do prazer, da alegria, da brincadeira. É preciso tirar do discurso ambientalista o caráter de cruz, de carregar este sacrifício, do ‘vamos galgar este calvário em que será a recuperação da biodiversidade’. Esse discurso é roubada. O movimento ambientalista não pode ser só de discurso, simpósios, congressos, muito cerebralismo e pouca mão na terra. As pessoas têm que despertar seu prazer em plantar e criar bicho por questão de hobby, como eu já tive por colecionar e fumar charuto.

LATITUDE 4

Em 1980 ecologia ainda não era um tema em voga, certo? Falava-se de política, resistência ao poder militar, e eu era muito criticado no começo de carreira como se fosse bobão, alienado, como se o tema água fosse bobagem. Engraçado reviver esse momento e ver como as pessoas tinham essa visão. Eu cantava como uma ode ao ciclo da água, não tinha preocupação da mensagem ecológica. Quando falo das esperanças e das desgraças que a água traz, era uma homenagem irracional a esse elemento. Espiritualmente eu sou regido por água doce, filho de mamãe Oxum, que tem uma ligação forte com água, e por isso esta música acabou dando sentido para a minha carreira. Quando vi, estava dentro do movimento ambientalista, e até compus o hino do Partido Verde, embora eu não seja do partido. Sou mais útil como cantor do que como político, porque acho que a gente tem que estar mais a serviço da causa do que colocar a causa a nosso serviço.

12

Você acha, então, que muito se fala e pouco se faz pela preservação do meio ambiente? As pessoas estão usando meio ambiente como valor agregado. Às vezes a gente é criticado: ‘ah, o planeta está num colapso e você fica aí, plantando plantinha?’. Não estou ali fazendo isso para salvar o planeta. Este discurso tem que ser abandonado. O que leva à preservação é plantar nas pessoas o prazer lúdico de enfiar a semente na terra e acompanhar aquilo subindo. Com a recuperação você vê ressurgir aves, macaqui-

Então você acha que falta engajamento de toda a população? Somos o povo da biodiversidade, podemos fazer diferença. Mas qual é o projeto do Brasil? Tem que ser mais que a defesa da natureza, a gente precisa comungar, dialogar. O problema da madeira não é cortar, é não plantar outra no lugar. Ninguém quer esperar 50, 60 anos para colher o plantio de madeira de lei. Prefere-se cortar as nativas e replantar eucaliptos e pinhos, espécies mais breves, exógenas, que não são daqui, e que têm lucratividade baixa. A lucratividade do mogno, das árvores seculares vais ser ainda mais alta quando esta madeira se tornar rara. Alguém já começou a plantar para cortar daqui a 50 anos? Quem fizer isso vai ganhar um dinheirão. Você acredita na sustentabilidade, então? A biodiversidade ainda vai gerar muitos lucros no futuro, mas a gente é imediatista. Infelizmente o dinheiro que poderia estar curando a pobreza e a devastação de repente aparece para socorrer as finanças, as bolsas de valores. Então esse dinheiro já existia, e não era investido por maldade. A minha idéia é que o Brasil precisa de iniciativas como esta do Um Bilhão de Árvores para a Amazônia, que será supervitoriosa e benéfica. O Pará é um lugar fantástico, hiperbrasileiro, e que infelizmente tem sofrido por causa da extensão imensa, portentosa, muito difícil de fiscalizar as atividades extrativistas, mas ainda há muito o que se fazer, e é hora perfeita pra se plantar esse projeto, porque a natureza responde sozinha, só precisa de uma atitude.


Do you think that much is said and little is done to preserve the environment? People are using the environment as added value. Sometimes we are criticized: ‘Oh, the planet is collapsing and you stay there, planting little plants?’. I’m not doing this to save the planet. This speech has to be abandoned. What leads to the preservation is to plant in people playful pleasure to put the seed in the ground and follow it up. With the recovery you see again birds, monkeys, lizards, snakes, generating biodiversity. This is efficient because you use nature’s way, the joy, the happiness, the game. We must take the environmental argument out of characteristic of being a cross, a sacrifice to carry, or “we must climb this Calvaire to biodiversity’s recovery.” This speech is useless. The environmental cause can not only be a speech, symposiums, congresses,

a lot of intellectualism and few real work in the land. People have to wake for the pleasure in planting and raising pets as hobby, as I’ve had for collecting things and smoking cigars. So do you think there is a lack the whole population’s engagement? We are the people of biodiversity, we can make a difference. But what is Brazil’s project? It has to be more than nature defense, we need to share, to talk. The problem with wood is not to cut it, but not planting others in another place. Nobody wants to wait 50, 60 years to harvesting redwood. They prefer to cut it and replant eucalyptus and pine that are species that grow faster, exogenous, which are not from here, and have low profitability. Mahogany and century trees’ profitability will be even higher when this wood becomes rare. Has someone already begun to plant, so they can be cut in 50 years from now? Who ever does that now will get a lot of money. So, do you believe in sustainability? Biodiversity will produce many profits in the future, but we are immediate. Unfortunately, the money that could be healing poverty and devastation suddenly begins to help finance and the stock market. So this money already existed, but it wasn’t invested. My idea is that Brazil needs initiatives such as ‘the One Billion Trees in the Amazon’, which will be super successful and beneficial. Pará is a fantastic place, hyper Brazilian, and unfortunately has suffered because of it’s huge extension, portents, very difficult to monitor the extractive activities, but there is still much to be done, and it is the perfect time for planting this project, because the nature responds alone, it only needs an attitude.

LATITUDE 4

In 1980 ecology was not a fashion issue, right? At that time, people would speak of politics, resistance to military forces and in the beginning of my career I was criticized as if I was silly, alienated, as if the water issue was silly. It’s funny to relive that moment and see how people use to think about this issue. I sang as an ode to the water cycle, I had no concern for ecology. When I speak of hope and disgrace that water brings, it was an irrational tribute to this element. Spiritually I am covered by fresh water, I’m Oxum’s son, and that’s the reason this song gave a meaning to my career. When I realized, I was envolved with the environmental cause, and even composed the anthem of “Partido Verde”, although I am not a member of it. I am more useful as a singer than I would be as a politician, because I believe that we have to serve the cause and not the opposite.

13


HISTÓRIA / history

A riqueza nos detalhes

LATITUDE 4

texto / text: Luciana Medeiros fotos / photos: Octavio Cardoso

14

Belém ainda conserva traços da sua Belle Époque, período do apogeu da Ciclo da Borracha que criou uma elite rica e deixou a cidade com ares franceses. Mas, para identificar esses resquícios arquitetônicos, é preciso abrir bem os olhos e ficar atento aos detalhes, pois há muitos que podem passar completamente despercebidos. É que em meio à paisagem urbana comum, surgem prédios de arquitetura híbrida, eclética, que vão do barroco ao neoclássico, do moderno ao estilo português entre outros, deixando Belém, que em janeiro deste ano completa 393 anos, uma cidade com várias faces. O Art Nouveau acaba de ser redescoberto na paisagem urbana da capital paraense pela pesquisadora Célia Bassalo. Movida por um sentimento de permanência e memória, ela lançou recentemente o livro ‘Art Nouveau em Belém’, por meio do Programa Monumenta, do Ministério da Cultura (MinC). Tendência arquitetônica inovadora surgida no final do século XIX, essa marca pode ser encontrada em vários prédios da cidade. Note por aí um estilo floreado, onde se destacam a linha curva e as formas orgânicas inspiradas em folhagens, flores, cisnes, labaredas e outros elementos, que estão não só em fachadas, mas em mobiliários e objetos que compõem o acervo de alguns monumentos históricos. É tudo Art Nouveau.


15

LATITUDE 4


LATITUDE 4

Na página anterior, detalhes da arquitetura do Theatro da Paz reafirmam a imponência deste que é um dos maiores símbolos do Ciclo da Borracha. In the previous page, details of the architecture of the Teatro da Paz reaffirm the magnificence of one of the greatest symbols of the cycle of Rubber.

16


The wealth details

Uma cidade invisível E há muito mais a ser descoberto. Basta ter coragem para adentrar ruas e praças, museus e até cemitérios. Ao passar pela Avenida Serzedelo Corrêa, não deixe de perceber o Cemitério da Soledade, considerado um verdadeiro ‘museu monumento’, com acervo escultórico exposto a céu aberto, protegido por um gradil pesado, trazido da Inglaterra. Da mesma forma, na Cidade Velha note azulejos, ladrilhos e platibandas (muro ou grade horizontal que emoldura a parte superior de um edifício com a função de esconder o telhado) em casas comuns. Ao entrar nos prédios históricos, detenha-se nas belezas internas que podem ser visualizadas. Além de fazer bem aos olhos, conhecê-los pode ser uma aula de arte e história. No Museu de Arte Sacra, por exemplo, entre na Igreja de Santo Alexandre e preste muita atenção à sacristia. Tão extensa quanto a capelamor, possui uma decoração riquíssima, com peças vindas da Europa ou produzidas pelos jesuítas e índios. Na Basílica de Nazaré, perceba os detalhes de suas cinco naves, colunas de granito maciço, vitrais, medalhões e mosaicos de várias origens e escolas artísticas. Ali você é levado à história dos padres barnabitas, que fundaram a igreja e estimularam a devoção a Nossa Senhora de Nazaré, padroeira dos paraenses. No Theatro da Paz, um dos frutos mais preciosos do Ciclo da Borracha e um dos mais importantes cartões-postais de Belém, a arquitetura é neoclássica. A edificação foi inspirada no Teatro Scalla de Milão (Itália) e dentro há uma variedade incrível de estilos. São estátuas, lustres e pinturas que reafirmam sua imponência externa. Ao oferecer essas descobertas em seus casarões seculares, edificações históricas e prédios erguidos com a riqueza gerada na Belle Époque, Belém, que tem opções de diversão variadas, se torna um roteiro curioso e importante para o turismo arquitetônico do país.

An invisible city And there is much to be discovered. It just needs the courage to enter streets and squares, museums and even cemeteries. When passing Serzedelo Corrêa avenue, be sure to observe the Cemetery of Soledad, considered a true ‘memorial museum’, with a sculpture collection displayed in the open, protected by a heavy grid, brought from England. Similarly, in Old Town notice tiles, floor tiles and ‘platibandas’ (walls or horizontal grid that frame the top of a building with the function to hide the roof ) in common houses. Whenever you enter the historic buildings, observe the internal beauty that can be viewed. In addition to be a beautiful thing to look at, knowing them can be a school of art and history. At the Sacred Art Museum, for example, visit the Church of St. Alexander and pay close attention to the sacristy. As extensive as the presbytery, it has a rich decor, with parts coming from Europe or produced by the Jesuits and Indians. At the Basilica of Nazareth church, note the details of its five ships, massive granite columns, stained glass, medallions and mosaics of many origens and art schools. There you’re taken to the history of ‘barnabitas’ priests, who founded the church and encouraged the devotion to Our ‘Nazareth Lady’ – Mother of Jesus Christ, patron saint of Para. In the ‘Teatro da Paz’, one of the most precious inheritances of the rubber cycle and one of the most important postcards of Belém, the architecture is neoclassical. The building was inspired in Scalla Milan theater (Italy) and inside there is an incredible variety of styles. There are statues, chandeliers and paintings that reaffirm its external magnificence. By offering these discoveries in their old houses, historic buildings and buildings raised with the wealth generated in the Belle Epoque, Belém, which has many options for entertainment, becomes a roadmap for the curious and important architectural tourism in the country.

LATITUDE 4

Em seu livro, Célia elabora uma espécie de guia turístico ilustrado com muitas fotografias, revelando locais onde se pode encontrar registros deste movimento. São fachadas azulejadas, frontões, paredes internas, vidraças, objetos de arte, lustres, móveis e jóias, vestígios do Art Nouveau que são marcantes, por exemplo, no prédio branco, hoje de uma instituição bancária, situado na Travessa Quintino Bocaiúva, esquina com Avenida Nazaré; na Farmácia República, que fica na Avenida Presidente Vargas; e nos portões do Instituto de Educação do Pará (IEP) e do Parque da Residência. Dê atenção ainda ao coreto maior da Praça da República e à decoração interna da loja Paris N’América, no centro comercial.

Belém still retains traces of Belle Epoque, the peak period of the cycle of rubber that has created a rich elite and left the city with French airs. But to identify these architectural remnants, we must open our eyes and be aware to details, because there are many details that can be completely unnoticed. In the urban common landscape arise hybrid architectural buildings, eclectic, ranging from Baroque to neoclassical, from modern to Portuguese style among others, making Belém, which in January this year complete 393 years, a city of multiple faces. The Art Nouveau has been rediscovered in the urban landscape of the capital by the researcher Célia Bassalo. Moved by a sense of permanence and memory, she has recently launched the book ‘Art Nouveau in Belém’, through the ‘Monumenta Program’ of the Ministry for Culture (MinC). Innovative architectural trend has emerged in the late XIX century, this mark can be found in several buildings in the city. Observe around a flowery style, which emphasizes the curve line and organic forms inspired by foliage, flowers, swans, flames and other elements that are not only in the houses’ facades, but in furniture and objects that composes the body of some historical monuments. It is all Art Nouveau. In her book, Célia produces a kind of tour guide illustrated with many photos, showing places where you can find records of this movement. There are facades with tiles, fronts, internal walls, windows, art objects, chandeliers, furniture and jewelry, traces of Art Nouveau that are remarkable, for example, the white building, now a bank, located at Quintino Bocaiúva street, on the corner of Nazaré avenue; the Republic Pharmacy, located at Presidente Vargas Avenue, and the gates of the Institute of Education of Pará (IEP) and the Residence Park. Give even more attention to the bandstand of the Republic Square and the interior decoration of the Paris N’América store in the downtown.

17


HISTÓRIA / history

Visite a Farmácia República, Museu da Universidade Federal do Pará, Solar Antique e Parque da Residência e aprecie exemplares autênticos da arquitetura Art Noveau.

LATITUDE 4

Visit Republica Pharmacy, Museum of Federal University of Pará, and Solar Antique Restaurant, Parque da Residência and enjoy the authentic copies of Art Nouveau architecture.

Prédio branco localizado na travessa Quintino Bocaiúva, esquina com Avenida Nazaré. White building located at Quintino Bocaiúva street, on the corner of Nazaré Avenue.

18


Farmácia República / República Pharmacy

Museu da UFPA / UFPA Museum

Parque da Residência

LATITUDE 4

Restaurante Solar Antique / Solar Antique Restaurant

19


CENAS / scenes

Cultura / Culture

Retratos do Ver-o-Peso

Um dos fotógrafos mais precisos sobre o cotidiano paraense, Luiz Braga registra em seu mais recente livro um retrato do Mercado do Ver-o-Peso. Lançado em Belém e em São Paulo, o livro ‘Crônica Fotográfica do Universo Mágico no Mercado Vero-Peso’ retrata o dia-a-dia das pessoas que circulam pelo local, que tem mais de 300 anos e faz parte das edificações mais importantes de Belém. A publicação retrata também as cores, sabores, cheiros, festas populares, rituais religiosos e o artesanato que compõem o cenário do mercado. O livro é fruto de um trabalho de mais de 20 anos do fotógrafo, e reúne, em 132 páginas, 98 fotos do cotidiano do Ver-o-Peso, com textos de Milton Hatoum e João de Jesus Paes Loureiro. O lançamento é da editora Modernsign.

Ver-o-peso portrats One of the biggest photographers from Pará, Luiz Braga records in his latest book a portrait of the Market Ver-o-Peso. Released in Belém and São Paulo, the book ‘Crônica Fotográfica do Universo Mágico no Mercado Ver-o-Peso’ (Photographic Chronicle of the Magic Universe in Market Vero-Peso) portrays the day-to-day life of people moving around the location, which has more than 300 years and it is one of the most important buildings of Belém. The publication also brings the colors, tastes, smells, folk festivals, religious rituals and crafts that make up the scenario of the market. The book is the result from a work of more than 20 years of the photographer, and brings together, in 132 pages, 98 photos of everyday life of the Ver-o-Peso, with texts from Milton Hatoum and João de Jesus Paes Loureiro. The book publisher is Modernsign.

20

Um lugar aconchegante com uma iluminação delicada que contagia qualquer visitante. Em apenas dois meses de funcionamento, o Baú Bistrô já é referência, pois reúne três espaços: Café, Livraria e Restô. As paredes são decoradas com vinis antigos de diversos artistas, como Maysa e Chico Buarque, além de quadros da Guarda Imperial, monumentos, e clássicos do cinema como ‘La Dolce Vita’ e ‘The Kid’, de Charles Chaplin. O local também possui um acervo de livros usados dos mais variados autores e temas, com preços acessíveis. O cardápio é outra atração, que inclui pratos requintados, aperitivos, sobremesas e as mais variadas bebidas. As receitas são assinadas pelo proprietário Dênis Cavalcanti. O Baú Bistrô fica na Travessa Dom Romualdo de Seixas, 579, próximo à Senador Lemos, e é aberto de terça a domingo, de meiodia às 2 horas.

Chest Bistrô A cozy place with a delicate lighting that contaminates any visitor. In just two months of operation, the Baú Bistrô is already a reference, because it gathers three spaces: Café, Bookstore and Restaurant. The walls are decorated with old vinyl of various artists, as Maysa and Chico Buarque, and tables of the Imperial Guard, monuments, and of cinema classics like ‘La Dolce Vita’ and ‘The Kid’, by Charles Chaplin. The site also has a collection of used books in a variety of authors and topics, with affordable prices. The menu is another attraction, which includes exquisite dishes, snacks, desserts and all kinds of drinks. Revenues are signed by the owner Dênis Cavalcanti. The Baú Bistro is in Travessa Dom Romualdo de Seixas, 579, next to Senator Lemos, and is open from Tuesday to Sunday, from noon to 2 AM.

foto / photo: Luciana David

LATITUDE 4

Baú Bistrô


21

LATITUDE 4


LATITUDE 4

ENSAIO / essay

22


URUBร

LATITUDE 4 foto / photo: Iuri Fernandes

texto / text: Esperanรงa Bessa

23


LATITUDE 4

fotos / photos: Iuri Fernandes

ENSAIO / essay

24

Imponente e marginal. Impossível não percebê-lo na paisagem do mercado do Ver-o-Peso, em Belém. Parte do cartão-postal mais famoso da cidade, o urubú é personagem imponente, com seus vôos quase que plainados, aparentemente sem muito esforço, como que em total desprezo por seus espectadores e outros pássaros que afugenta da paisagem. Temido por uns, criticado por outros, ele consome a carne apodrecida e dispensada pelos demais animais. Figura marginal. Mas o urubú de Belém foge do estereótipo dessa ave de rapina e se torna presença quase dócil entre o vaivém de pessoas, que às vezes o flagram se deliciando com um coco, açaí ou outra fruta dispensada da feira. Ele não se importa de comer os restos que a sociedade deixa pra trás. Por aqui ele é mais rei que gaviões ou falcões. E mais famoso também. Pesquisas do físico Luis Carlos Bassalo Crispino mostram que, muito antes de Santos Dumont, o paraense Júlio Cezar havia sido o primeiro brasileiro a tentar voar. Para isso, desenhou o que seria o primeiro balão com dirigibilidade e aerodinâmica inspirada em observações dos vôos dos urubús do Ver-o-Peso. Mais um ponto a favor dessa ave rechaçada pela história. Assim como a ciência, a arte também se inspirou no urubú, e seu nome foi parar até em capa de disco de Tom Jobim, um dos pais da Bossa Nova e que, neste trabalho, ousou no que para muitos especialistas é a sua obra menos comercial. O ano era 1976, e é do texto da contracapa, uma poesia em homenagem à instigante ave, que tiramos os trechos que emolduram as imagens desta seção.


fotos / photos: Iuri Fernandes

Imposing and marginal. Impossible not understand it in the market landscape of Ver-o-peso in Belém. Part of the city’s most famous postcard, the vulture is an impressive character, with its flights almost plain, apparently without much effort, as in total contempt for it’s viewers and other birds that it deters from the landscape. Feared by some, criticized by others, it consumes the rotting meat provided by other animals. Marginal figure. But the vulture of Belém escapes the stereotype of a bird of prey and becomes almost a docile presence during people’s transit, that find it sometimes delighting a coconut, an açaí or other fruit given to the fair. It does not care to eat the remains that society leaves behind. Here it is much more of a king than hawks or falcons. And much more famous too. Researches of physician Luis Carlos Bassalo Crispino show that, long before Santos Dummont, the paraense Júlio Cezar was the first Brazilian to attempt to fly. For this, he designed the first balloon with the driveability and aerodynamic inspired by observations of the flight of vultures from Vero-Peso. One more point in favor of a bird rejected by history. Just as science, art is also inspired the vulture, and it’s name was to cover up an album of Tom Jobim, one of the fathers of the Bossa Nova and that, in this work, dared on to what many experts consider to be his less commercial piece. The year was 1976, and it is from the text of the back cover, a poem in tribute to this instigating bird, that we take the terms that frame the pictures of this section.

LATITUDE 4

Vulture

25


LATITUDE 4

foto / photo: Bob Menezes

ENSAIO / essay

26

“Jereba é urubú importante como, aliás, todo urubú. Mas entre eles, urubús, observam-se prioridades. E esse um é o que chega primeiro no olho da rês. Sem privilégios. Provador de venenos, sua prioridade é o risco. O que ele não toca é intocável.”


LATITUDE 4

foto / photo: Bob Menezes

“Que sabes do alto o que se esconde no chão da mata virgem e dos muitos perfumes que sobem do mundo. Eterno vigia de um tempo imperecível. Guardião de dois absurdos.”

29


LATITUDE 4

foto / photo: Iuri Fernandes

ENSAIO / essay

30

“Teu canto imita o vento. Hisss... As asas agora curtas, sobraçando trilhos de ar, pacote negro compacto, bico cravado no vento, velocidade feita letal, muro de azul aço abstrato - e adeus viola que o mundo é meu”.


31

LATITUDE 4


foto photo: Anita Lima

CRÔNICA / cronicle

Bob Menezes Fotógrafo e Assessor de Marketing do Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia

Liberdade Nunca, em tempo algum, o mundo foi tão carente de liberdade. Somos todos prisioneiros de um monstro criado pela nossa indiferença e alimentado por nossa passividade. Nesses últimos anos, nos permitimos um encantamento com as maravilhas da tecnologia, e que realmente são muito impressionantes. O fato é que o mal globalizou, e o resultado é que rebatizaram a censura com o nome de politicamente correto. E aí, tudo o que você pensa ou diz tem que passar obrigatoriamente por esse crivo, e a gente se vê fazendo autocensura. O valor da pessoa, enquanto pessoa, está escondido sob a sombra de um imenso guarda-chuva, agora chamado de dedicação profissional. Ou seja, você trapaceia um ex-amigo, porque profissionalmente aquilo se justifica. Você beija a camisa, que até há pouco era sua adversária, vai pra mídia e, na maior cara-de-pau, declara que o dinheiro não tem nada a ver com aquilo. Porque você é um bom profissional. No meu tempo de adolescente, aprendi que quem se vende por dinheiro é prostituta. E no capítulo dos interesses econômicos é que a coisa inteira desandou. Por questões petrolíferas, o sujeito, que as pessoas conhecem em sendo o mandatário do mundo, mente para todos, invade o país alheio, mata o seu presidente e fica parecendo que é assim que tem que ser. Todo o mundo aceita e há até quem ache bom, não percebendo que, o que hoje foi na casa do vizinho, amanhã pode ser na sua. Eu quero dizer, como um eterno apaixonado pela vida que sou, que continuarei dizendo NÃO ao mal. E conservarei ad eternum o meu direito a indignação.

Freedom Never, in any time, the world was so in need of freedom. We are all prisoners of a monster created by our indifference and fed by our passivity. In recent years, we allow to be bewitched with the wonders of technology, that are really impressive. The fact is that the evil was globalized, and the result is that censorship was renamed under politically correct. So, all you have to think or say must pass by the sieve, and we see ourselves doing self-censorship. The value of a person, as a person, is hidden under the shadow of a huge umbrella, now called professional dedication. That means you mey cheat a former friend, because it is professionally justified. You kiss your soccer shirt, that moments before was your opponent’s, you go to media and, cynically, say that money has nothing to do with that. Because you’re a good professional. In my adolescency, I’ve learned that one who sells oneself for money is a prostitute. And in the chapter of economic interests is where the whole thing is undone. For oil issues, the subject, the one people know to be the mandatory of the world, lies to everyone, invades other countries, kills it’s president and makes bealieve it is meant to be that way. The whole world accepts it and some feel good about it, not realizing that what today was at the neighbor’s house, tomorrow may be in yours. I mean, as an eternal lover of life, I continue to say NO to evil. An will ad eternum keep my right to indignation.

LATITUDE 4

Bob Menezes Photographer and Marketing Assessor at the Hangar Fairs and Conventions Center of the Amazon

32


33

LATITUDE 4


arte / arts

A natureza em

aquarela

Inglesa Margaret Mee produziu obras que, mais do que ilustrações botânicas, são verdadeiras obras de arte texto / text: Esperança Bessa ilustrações / illustrations: Reproduções de obras de Margaret Mee

LATITUDE 4

Ao longo da história, grandes naturalistas sempre se utilizaram das artes para registrar espécimes animais e vegetais. Referências da ciência britânica do século XIX, alguns emprestaram suas penas para registrar no papel as descobertas que faziam em expedições pelo mundo, mas, no século XX, um nome feminino surgiu nesse cenário: Margaret Mee. Artista e ilustradora inglesa, ela viveu parte da sua vida em meio à floresta amazônica, às voltas com bromélias, orquídeas e outras delicadas flores típicas da região tropical as quais pintou em cores vivas e intensas, com jogos de luz e sombra carregados de poesia e lirismo. Seu legado, mais do que meras ilustrações botânicas, tornaram-se referências estéticas. Margaret Mee iniciou sua carreira profissional como desenhista na área de projetos de uma fábrica de aviões do início da década de 1940, mas a vida entre pincéis, bisnagas de tinta, palhetas, lápis e papel começou ainda na infância, inspirada por uma tia ilustradora de livros infantis, e o encanto pela botânica veio quando tinha apenas 13 anos, orientada pelo pai, conhecedor de plantas. A jovem seguiu para escolas de arte no Reino Unido, e chegou ao Brasil em 1952 para visitar uma irmã doente em São Paulo. Lá, ficou encantada pela Mata Atlântica, pintando imagens de plantas que encontrava em suas caminhadas. Quatro anos depois fez sua primeira viagem à Amazônia. De 1960 a 1965, foi contratada pelo Instituto de Botânica de São Paulo para ilustrar uma monografia sobre bromélias, e lá aperfeiçoou seus conhecimentos sobre a flora brasileira.

Throughout history, great naturalists of arts has always been used to record animal and plant specimens. References from British science of the nineteenth century, some lent their quills to register on the paper the discoveries in expeditions around the world, but, in the twentieth century, a female name appeared in this scenario: Margaret Mee. English artist and illustrator, she lived part of her life amidst the Amazon forest, around bromeliads, orchids and other typical delicate flowers of the tropical region which she painted in lively and intense colors, with shadow and lighting schemes loaded from poetry and lyricism. Her legacy, more than bothanical illustrations, became aesthetical references. Margaret Mee beagn her professional career as a designer in the project department of an aircraft factory in the beginning of the 1940s, but her life amongst brushes, paint tubes, palletes, pencils and paper started in her childhood, inspired by an aunt who illustrated children’s books, and the charms for botany came from when she was only 13 years old, driven by her father, knowledgeable of plants. The young woman went to art schools in the United Kingdom, and came to Brazil in 1952 to visit an ill sister in São Paulo. There, she was delighted with the Atlanic Forest, painting pictures of plants when she crossed them in her walks. Four years later she made her first trip to the Amazon. From 1960 to 1965, she was hired by the Institute of Botany of São Paulo to illustrate a monography on bromeliads, and there that she upgraded her knowledge of Brazilian flora. According to the book ‘Margaret Mee’, published in 2006 by the Foundation Botânica which takes her name, she worked from live plants that she used to take to her office, or made drawings and records of colors directly from the habitats of each specimen. In search of information and beauty, findign the brazilian forests she was able to do her gratest work, with

À direita, bromélias registrada em seu habitat natural às margens do Rio Maraú, no Amazonas, em 1977. To the right, Bromeliads registered in their natural habitat on the margins of the Maraú River, on the Amazonas, in 1977.

34


35

LATITUDE 4


Cores fortes e jogos de luz e sombra sĂŁo marca do trabalho da ilustradora.

LATITUDE 4

Strong colors and light schemes are trademarks of the illustrator’s work.

36


Acervos guardam também muito estudos e esboços de ilustrações deixados por Margareth Mee.

Segundo o livro ‘Margaret Mee’, publicado em 2006 pela Fundação Botânica que leva seu nome, ela trabalhava com plantas vivas que levava para sua sala, ou fazia desenhos e registros de cores diretamente nos habitats de cada espécime. Em busca de informações e beleza, ao encontrar as florestas brasileiras fez seu maior trabalho, com delicadeza e sensibilidade únicas. “Margaret Mee levou seu notável talento para o Brasil, onde ela dedicou sua vida ao registro da flora da floresta tropical. Esta experiência a inspirou a olhar além de seus interesses imediatos e abraçar a causa da conservação desta singular herança natural que consiste em um extenso reservatório de plantas silvestres”, destaca o príncipe inglês Philip, em carta reproduzida no livro coordenado pela pesquisadora Sylvia Brautigam, que compartilhou momentos de intimidade com Mee no final dos anos 70, no Rio de Janeiro, em bate-papos regados ao tradicional chá inglês relatando causos de suas “peripécias e aventuras em matas, igarapés, amplos rios e até escarpadas montanhas perdidas nesse imenso Norte de nosso Brasil”. “Eram horas agradáveis que passávamos a falar de viagens e descobertas ou dificuldades em encontrar uma espécie mais arredia nas várias regiões visitadas da Amazônia”, registra Sylvia, na obra com tiragem já esgotada.

unique delicacy and sensibility. ‘Margaret Mee led her remarkable talent for Brazil, where she dedicated her life to record the flora of the rainforest. This experience inspired to look beyond the immediate of her interests and embrace the cause of conservation of this unique natural heritage that is to a large reservoir of wild plants’, stresses the Prince Philip English, in a letter reproduced in the book coordinated by researcher Sylvia Brautigam, which shared moments of intimacy with Mee in the late 70, in Rio de Janeiro in hit-watered chats traditional English tea reporting causes of his “adventures, and adventures in forests, streams, large rivers and craggy mountains lost until this huge North of our Brazil”. “It was nicely spent hours talking about travels and discoveries or difficulties in finding a kind most visited in the different regions of the Amazon”, remembers Sylvia, on the work wich copies are already sold out. And there were’nt few the adventures of the English lady on this side of the country. According to sociologist and historian Aspácia Camargo, also in the book ‘Margaret Mee’, the illustrator’s first expedition was to the Gurupi River, located on the border between Maranhão and pará. There, together with her friend, she had encountered for the first time with the contrast between the exuberance of the forest and the survival difficulties of one who selects this inhospitable area to live in. “Made from improvise, without official funding and enjoying her vavcies period, the trip presented nothing of grand or romantic. They faced the distrust of the countryside towards the presence of a female intruder. But the will of identifying and collecting beautiful flowers

LATITUDE 4

Collection catalogs keep many studies and drafts of illustrations that Margareth Mee has left.

37


arte / arts

“Esperávamos há duas horas e os botões não se modificavam. A floresta alagada estava silenciosa, exceto pelo coro dos sapos ou algum outro chamado, um grunhido ou assobio de animais noturnos – todos os habitantes da mata sabem nadar ou subir em árvores. Enquanto eu me postava ali, com a orla escura da floresta ao meu redor, sentia-me enfeitiçada. Então a primeira pétala começou a se mexer, depois outra e mais outra, e a flor explodiu para a vida.”

LATITUDE 4

“We had been waiting for almost two hours and the buds had not changed. The flooded forest was quiet, except for the frogs and an occasional grunting or whistling call from a night prowling animal – all the inhabitants can swim or climb. As I stood there with the dim outline of the forest all around, I was spellbound. Then, the first petal began to move and then another as the flower burst to life”.

38

E não foram poucas as aventuras da inglesa do lado de cá do país. Segundo a socióloga e historiadora Aspácia Camargo, também no livro ‘Margaret Mee’, a primeira expedição da ilustradora foi ao Rio Gurupi, localizado na divisa entre Maranhão e Pará. Acompanhada por uma amiga, ela se deparou pela primeira vez com o contraste entre a exuberância da floresta e as dificuldades de sobrevivência de quem escolhe essa área inóspita para morada. “Improvisada, sem financiamento oficial e aproveitando seu período de férias a viagem nada apresentava de grandioso ou romântico. Enfrentaram a desconfiança do interior em relação a uma intrusa presença feminina. Mas o ânimo de identificar e colher lindas flores parecia mais forte que tudo e as levou a desprotegidas incursões ao interior da selva amazônica”, narra a pesquisadora. Ao todo, ela fez 15 expedições à Amazônia entre 1956 e 1988, quando faleceu aos 79 anos, com suas cinzas sendo espalhadas pelo Rio Negro, sua grande paixão durante as viagens. “Os relatos das expedições revelam situações extremas de contraste entre a natureza exuberante, às vezes ameaçadora, mas sempre

seemed stronger than anything and led the unprotected raids to the interior of the Amazon Jungle”, tells the researcher. In whole, she made 15 expeditions to the Amazon between 1956 and 1988, died at 79 years old when, with her ashes being spread over the Rio Negro, her great passion from the trips. “The reports of expeditions reveal extreme situations of contrast between the exuberant nature, sometimes threatening, but always generous, and the precarious conditions of life and human nature”, examines Aspácia Camargo. She faced the flow of rivers, mosquitoes, snakes, heat, rain, a hepatitis acquired in her walks and miners who wanted to prevent her from proceeding with her work. Among so many trees, bromeliads, heliconias, orchids and other species, her obsession was the Flower-of-the-moon, as the species only blooms once at night and then closes for a year. Mee saw and drew it once, when she celebrated her last birthday on Rio Negro. As Ghillean Prance said, former director of Royal Botanic Gardens and author of the preface of ‘In Search of the flowers of the Amazon Forest’, one of Mee’s travel journals, “... many have painted the plants of the Amazon, but the importance of Margaret Mee exceeds that of other travelers and artists, because she managed to imbue her subjects with the reality of the environment itself. She observed, smelt, touched, traveled, scratched herself, sweat, delayed, she was disappointed and stood; then, she painted”.


LATITUDE 4

Diários de viagem da pesquisadora mostram aventuras vividas pelo prazer de econtrar espécies raras. The researcher’s travel journals present adventures she lived by the pleasure of finding rare specimen.

39


Bromélias eram uma das obsessões da artista, assim como orquídeas e clúsias.

LATITUDE 4

Bromeliads were on of the artist’s obssessions, as were orchids and clusias.

40


generosa, e a precariedade das condições de vida e da natureza humana”, analisa Aspácia Camargo. Ela enfrentou correnteza de rios, mosquitos, cobras, calor, chuva, uma hepatite adquirida em suas andanças e até garimpeiros que queriam impedi-la de prosseguir com seu trabalho. Entre tantas árvores, bromélias, helicônias, orquídeas e outras espécies, sua obsessão era pela Flor-da-Lua, já que a espécie só floresce uma vez à noite e depois se fecha por um ano. Mee a viu e desenhou uma única vez, quando comemorou seu último aniversário de vida em pleno Rio Negro. Como disse Ghillean Prance, ex-diretor do Royal Botanic Gardens e autor do prefácio de ‘Em busca das flores da Floresta Amazônica’, um dos diários de viagem de Mee, “... muitos já pintaram as plantas da Amazônia, mas a importância de Margaret Mee excede a de outros viajantes e artistas, porque ela conseguiu impregnar seus temas com a realidade do próprio ambiente. Ela observou, cheirou, tocou, viajou, coçou-se, sofreu, suou, atrasou-se, desapontou-se e ficou; em seguida, pintou”.

“À medida que navegávamos, a floresta alta, com muitas árvores em flor, formava um pano de fundo magnífico para as árvores contorcidas dos igapós. Uma imponente castanha-do-pará elevava-se sobre uma leguminosa de flores roxas e ipês amarelos. À medida que seguíamos, densos grupos de palmeiras jauari salpicavam a floresta. Ao cair da tarde, milhares de pássaros procuravam refúgio no lusco-fusco da floresta. Foi então que a lua nasceu em um céu límpido, cheio de estrelas” Margaret Mee

As imagens que ilustram essa matéria foram gentilmente cedidas das coleções pertencentes ao Instituto de Botânica e Jardim Botânico de São Paulo e pelo Royal Botanic Gardens, RBG Kew. The images that illustrate this subject were kindly disposed of collections belonging to the Institute of Botany and Botanical Garden of São Paulo and the Royal Botanic Gardens, RBG Kew.

LATITUDE 4

“As we sailed on, high forest with many trees in flower formed a magnificent background to the nude twisted trees of the igapó. Castanha do Pará (Brazil Nut Tree), a lofty emergent, towered above a purple flowering legume and golden ipês. Dark jauari palms sprinkled the forest growing in dense groups as we moved on. With the fading light, multitudes of birds sought refuge in the dusky forests. Then the moon rose in a limpid, star-filled sky.” Margaret Mee

41


LATITUDE 4

AUDIOVISUAL / audiovisual

42


Ritmo que contagia texto / text: Elianna Homobono fotos / photos: Gustavo Godinho

Tecnobrega é tema de documentário que mostra como se faz música com uma idéia na cabeça e um computador à mão

Rhythm that contaminates Tecnobrega is the theme of a documentary film that shows how music is made with an idea in the head and a computer at hand The mix of Caribbean melodies with electronic sounds taken from videogames resulted in more than a dancing beat. Dragging crowds, generating jobs and awakening curiosity all over Brazil, tecnobrega overcame the boundaries of a musical movement coming from suburbs of Pará, as the brega industry and its variations proved to be able to move to a self and innovative market, awakening in international press true fascination for the positive and actual distribution model coming from the middle of Amazon. Observing how this idea from the people of Pará rebounds, two journalists from Belém have followed in the last four years the frenetic revolutions of this market, that always denied the model of big record companies. In a process that begins in artists’ backyards until it reaches the main radio stations in Belém and in concerts full with modern equipments, the documentary ‘Brega S/A’ presents the solutions found by singers and producers to divulgate their creations in a cheap and efficient way. Gustavo Godinho and Vladimir Cunha are responsible for the script, which tests constant controversies of the phonographic industry. Independent production, intellectual property and piracy reminds of a fight between large enterprises. And Belém can be the answer for the question mark over what is right or wrong in this world of downloaded and freely reproduced songs from internet. “We started this project in 2004 with a very distinct proposition. Scene has changed and, with it, the approach of

LATITUDE 4

A mistura de melodias caribenhas com sons eletrônicos retirados de jogos de videogame resultou numa batida mais do que dançante. Arrastando multidões, gerando empregos e despertando curiosidade em todo o Brasil, o tecnobrega extrapolou os limites de um movimento musical saído da periferia paraense, afinal a indústria do brega e suas variações se mostraram capazes de movimentar um mercado próprio e inovador, despertando na imprensa internacional verdadeiro fascínio pelo modelo de distribuição positivo e atual saído do meio da Amazônia. Observando como essa sacada dos paraenses repercute, dois jornalistas de Belém vêm acompanhando nos últimos quatro anos as revoluções frenéticas desse mercado, que sempre renegou o modelo das grandes gravadoras. Em um processo que se inicia no quintal dos artistas até chegar nas principais rádios de Belém e em shows dotados de uma parafernália moderna, o documentário ‘Brega S/A’ apresenta as soluções encontradas pelos cantores e produtores para divulgar suas criações de maneira barata e eficaz. Gustavo Godinho e Vladimir Cunha são os responsáveis pelo roteiro, que põe em cheque polêmicas constantes da indústria fonográfica. Produção independente, propriedade intelectual e pirataria remetem à briga de cachorro grande. E Belém pode ser a resposta para interrogação sobre o que é certo ou errado neste mundo de músicas baixadas e reproduzidas à vontade pela internet. “Começamos este projeto em 2004 com uma proposta bem diferente. A cena mudou e, junto com ela, a abordagem do nosso trabalho. Hoje vemos outros aspectos. O documentário fala de forma direta, com o nosso estilo, sobre a economia do brega”, conta Gustavo Godinho. Ainda em fase de produção e edição, o documentário se apóia sobre a justificativa de que o brega seria o retrato da capital paraense, na qual Belém se comporta como uma grande periferia em relação ao centro do Brasil e do mundo. “O trabalho pode ser uma maneira de entender melhor a nossa periferia”, continua Gustavo, ao afirmar que se pretende relatar com precisão a realidade dos bastidores da cena, de um ponto de vista privilegiado se comparado a outras análises audiovisuais já feitas sob a ótica externa, como um documentário da rede inglesa BBC.

43


AUDIOVISUAL / audiovisual

LATITUDE 4

A multidão delira com os jogos de luz, raio laser e muitas caixas de som que elevam a diversão à máxima potência The crowd goes crazy with the lighting, laser beams and many soundboxes increase the fun to maximum potency

44

E que ninguém espere de Gustavo e Vladimir uma análise artística sobre se o brega é bom ou ruim. “A grande discussão não é a qualidade. Artisticamente se relativiza. É o modelo de negócio, que de certa maneira é precário, mas também aponta novos modelos da indústria do entretenimento.” Juízos de gosto à parte, o trabalho desenvolvido por Godinho e Vladimir Cunha – precursor das primeiras matérias sobre o fenômeno brega para revistas nacionais como a ‘Showbizz’ – exigiu que os dois freqüentassem as festas de tecnobrega pela cidade, principalmente as chamadas ‘festas de aparelhagem’, como são conhecidos os eventos onde os DJs e suas parafernálias eletrônicas são a principal atração. Esse é um dos principais cenários explorados nas filmagens, mostrando onde o modelo comercial culmina. As festas já contaminam até mesmo ouvidos mais fiéis ao punk rock cru dos Ramones, trilha sonora utilizada no trailler,

disponível no Youtube. “Tem músicas que eu gosto. Na verdade, é algo que se aprende a gostar”, confessa Gustavo.

Do caseiro ao ultramoderno No palco: telão, mesa de som em formato de disco voador, luzes como raios laser percorrendo o espaço e muitas, muitas caixas de som. Embaixo, uma multidão. Com novo equipamento, mais potente e moderno, os empresários e DJs Elison e Juninho, no comando da aparelhagem PopSom, que ostenta a alcunha de Águia de Fogo, gravaram no início do mês de janeiro o novo DVD em um mega show, com a presença do carioca DJ Marlboro. Um pequeno exemplo da amplitude que este mercado já conseguiu alcançar. Enquanto o público espera, os DJs selecionam o repertório de músicas do show no notebook dentro do camarim. “O termômetro se uma música fica ou sai do show é o grito do público.


our work. Today we see other aspects. The documentary speaks directly, with our style, about brega’s economy”, tells Gustavo Godinho. Still in production and edition phase, the documentary supports itself over the justification that brega would be the symbol of the capital of Pará, in which Belém behaves as a big suburb in relation to the center of Brazil and the world. “The work can be a way of better understanding our suburb”, continues Gustavo, affirming that it is intended to report with precision the reality from the backstages of the scene, from a privileged point of view if compared to other audiovisual analysis already made under external optics, as a documentary from the English network BBC. And may no one expect an artistic analysis from Gustavo and Vladimir if brega is good or bad. ‘The greatest discussion is not about quality. Artistically it gets relative. It is the business model, which in a certain way is precarious, but also points to new models of the entertainment industry’. Discussions about quality aside, the work developed by Godinho and Vladimir Cunha – precursor of the first articles about the brega phenomenon for national magazines such as ‘Showbizz’ – demanded that both frequently went to tecnobrega parties throughout the city, especially the ones called ‘festas de aparelhagem’ (equipment parties), how it is called the events where the DJs and their electronic equipments are the main attraction. This is one of the main scenarios explored by filming, showing where this commercial model ends. The parties already infect even ears more faithful to the raw punk rock from Ramones, soundtrack used in the trailer from the documentary, already available in Youtube. “There are some songs that I like. In fact, it is something we learn to like”, confesses Gustavo.

From home-made to ultramodern On stage: big screen, sound table in a flying saucer form, lights as lasers cutting the space and lots, lots of speakers. Beneath, a crowd. Since one month with new equipment, more powerful and modern, the entrepreneurs and DJs Elison and Juninho, commanding the equipment group PopSom, which has the nickname Águia de Fogo (Fire Eagle), recorded in the beginning of January new DVD in a mega concert, with DJ Marlboro from Rio de Janeiro. A small example of the amplitude that this market already reached. While the audience waits, Elison and Júnior select the song repertory for the concert in the notebook on the backstage. “The thermometer if a song stays or goes out of the concert is the audience scream. When a song works, radio stations start to play it and the artists do concerts”, explains DJ Elison, telling the path of hits. “We are the shorter and cheaper path for the tecnobrega artists to have their songs in the audience’s heads. The musicians earn no money with CD selling. Earning comes from concerts”, complements, while gets ready to go on stage.

“The greatest discussion is not about quality. Artistically it gets relative. It is the business model, which in a certain way is precarious, but also points to new models of the entertainment industry”.

LATITUDE 4

“A grande discussão não é a qualidade. Artisticamente se relativiza. É o modelo de negócio, que de certa maneira é precário, mas também aponta novos modelos da indústria do entretenimento”.

45


AUDIOVISUAL / audiovisual

Aparelhagens influenciam comportamento dos fãs, da forma de dançar à maneira de vestir. The aparelhagens influence fan behaviour, from the dancing style to the way of dressing.

“Nós somos o caminho mais curto e barato para os artistas do tecnobrega terem suas músicas na boca do público”

LATITUDE 4

“We are the faster and shorter way for tecnobrega artists to have their songs on the public’s lips

46

Quando uma música funciona, as rádios começam a tocar e os artistas fazem shows”, informa o DJ Elison, explicando o percurso dos hits de sucesso. “Nós somos o caminho mais curto e barato para os artistas do tecnobrega terem suas músicas na boca do público. Os músicos não ganham dinheiro com venda de CD. O faturamento vem com os shows”, completa, enquanto se prepara para subir ao palco. Responsáveis pelos hits e também por referências estéticas que influenciam até a maneira do público se vestir, o Águia de Fogo, assim como o Tubinambá, Rubi e Ciclone, se transformou no canal direto entre os cantores e artistas até o público. Cada aparelhagem com seu time de DJs forma um clã, que divide o público. Ao mesmo tempo que criam competitividade entre si, geram investimento e modernização. Esse é o trajeto do mercado do tecnobrega nos últimos seis anos e sua auto-suficiência econômica pode assustar os modelos tradicionais. Segundo o livro ‘Tecnobrega – O Pará Reinventando o Negócio da Música’, dos pesquisadores Ronaldo Lemos e Oona Castro, 88% dos artistas do tecnobrega nunca tiveram relação com gravadoras, mas geraram emprego e renda, promovendo inclusão social e ensinando ao mundo que não há limites para quem tem uma idéia na cabeça e um computador à mão até o caminho do sucesso.

Responsible for the hits and also for aesthetic references that influence even the way of dressing from the audience, Águia de Fogo, just like Tupinambá, Rubi and Ciclone, became a direct channel between singers and artists and the audience. Each equipment group with its DJ team forms a clan, which divides the audience. At the same time that they compete among each other, they produce investments and modernization. This is the path traced by the tecnobrega market in the last six years and its economic self-sufficiency can scare the traditional models. According to the Book ‘Tecnobrega – O Pará Reinventando o Negócio da Música’ (Pará reinventing the music business), from the researchers Ronaldo Lemos and Oona Castro, 88% of the tecnobrega artists never had any relation to record companies, but generated job and income, promoting social inclusion and teaching the world that there is no limits for those who have an idea in the head and a computer at hand until the path to success.


47

LATITUDE 4


CENAS / scenes

Música / music Renewed MPB Arthur Nogueira is one of the most interesting recent revelations of Brazilian music. The singer and composer is distinguished by concern for their aesthetic and conceptual work. Frequent reader of poetry, he incorporates dense references and poetic images to his songs. With a four-year career and 20 of age, the artist has recorded a CD ( ‘Arthur Nogueira’, Independent, 2007) and has a broad curriculum of shows in Pará. As a composer, he has partnerships with big names from Pará, as Vital Lima, and Rio de Janeiro, as the poet and philosopher Cicero Antonio. This year, the singer / composer comes to studio to record his latest CD titled ‘mundano’, which won numerous prizes that encourage culture as: Law Semear, Secult Award for Music and Pixinguinha Project. Learn more at www.myspace.com /arthurnogueira and arthurnogueira@ gmail.com.

foto / photo: Ana Flor

MPB Renovada

Arthur Nogueira é uma das mais interessantes revelações da música brasileira recente. O cantor e compositor destacase pela preocupação estético-conceitual de seu trabalho. Leitor freqüente de poesia, incorpora às suas canções densas referências e imagens poéticas. Com quatro anos de carreira e 20 de idade, o artista possui um CD gravado (‘Arthur Nogueira’, Independente, 2007) e um vasto currículo de shows no Pará. Enquanto compositor, possui parcerias com grandes nomes do Pará, como Vital Lima, e do Rio de Janeiro, como o poeta e filósofo Antônio Cícero. Este ano, o cantor/compositor entrará em estúdio para gravar o seu mais novo CD intitulado ‘Mundano’, que ganhou inúmeros prêmios de incentivo à cultura como Lei Semear, Prêmio Secult de Música e o Projeto Pixinguinha. Saiba mais no www. myspace.com/arthurnogueira e arthurnogueira@gmail.com.

48

O Baiacool Jazz Festival é um encontro que acontece duas vezes ao ano, em dois municípios paraenses: Salinópolis, no mês de julho, e em Belém, entre os meses de outubro a abril. O festival reúne grandes nomes da música instrumental internacional, nacional e local, e em suas várias edições já trouxe para Belém atrações como o guitarrista americano Mark Lambert, o guitarrista brasileiro Tomati (foto) e o saxofonista Leo Gandelman. Por socializar o acesso à música instrumental, o festival já foi adicionado ao calendário de eventos anuais do Estado, sendo um imenso atrativo para o turismo local e o único no Brasil a ofertar entrada gratuita em todos os concertos e programações. Informações: http://www. baiacooljazzfestival.com.br/ e +55 (91) 3241 8080.

Instrumental Music for all The Baiacool Jazz Festival is a meeting that takes place twice a year in two cities: Salinópolis, in July, and in Belém, between the months of October through April. The festival brings together big names in the international instrumental music, national and local, and in its various editions already brought to Belém attractions like the American guitarist Mark Lambert, the Brazilian guitarist Tomati (picture) and saxophonist Leo Gandelman. By socializing access to instrumental music, the festival has been added to the annual calendar of events of the State, being a huge attraction for tourism and the only place in Brazil to offer free admission to all concerts and programming. Informations: http://www. baiacooljazzfestival.com.br/ and +55 (91) 3241 8080. foto / photo: divulgação

LATITUDE 4

Música instrumental para todos


49

LATITUDE 4


50

LATITUDE 4


51

LATITUDE 4


LATITUDE 4

moda / fashion

52


Blood forest

LATITUDE 4

Floresta de sangue

53


moda / fashion

Floresta de sangue - O aroma ainda detém-se entre os arbustos lavados. De um ramo a outro recompõe-se amarelo o segredo: ORAR jogar pedras palavras para o céu para proteger-me.

Colocaram uma estrela trágica no vinho do beijo, no fôlego com o beijo, na tua boca do cântico dos cânticos destes anos. O tempo cavou o milagre do tempo e do ritmo. A língua foi a origem do mundo. À Rainha-mãe da água e das ondas, do poema do aroma. E à dissolução do amor na debulha dos grãos.

E infundir silêncio nesta mão de madeira escrevendo o caminho. Caminho por ti. Caminho no tomo sombrio de uma bibliografia nervosa.

LATITUDE 4

Tua frente é o que sabe melhor o não dito (de onde segue este rio e a noite obediente)

54

Do zênite da boca ao papel suado da terra crescem os mamilos da rosa. Arfam as pétalas sangüíneas. Na messe do outono do galo o aroma desmaia. Dói-me feliz o que ainda ignoro - diante de ti. Max Martins, poeta paraense.


55

LATITUDE 4


LATITUDE 4

moda / fashion

56


57

LATITUDE 4


moda / fashion

LATITUDE 4

Criação e Direção / Creation and Direction Gil Yonezawa Fotografia / Photography Jaime Souzza Assistente de fotografia / Photography assistant Luciana David Tratamento de imagem / Treatment of image Gil Yonezawa Styling Fernando Hage Produção / Production Ana Carolina Palmeira Modelos / Models Ana Luiza Maroja e Camila D`Maceno Maquiagem e cabelos / Make up and hair Conny Clever Roupas / Clothing Costamazônia (Ana Cecília / Ana Miranda / Elys Cunha / Enilda Carriço Diolene Frade / Benedita Trukenbrodt Denise Botelho / Felícia Assmar / Graça Arruda Maria Assmar / Lana Silva / Wally Corrêa) Agradecimentos especiais / Special thanks André Lobato, Élida Braz e Felícia Maia

58


59

LATITUDE 4


LITERATURA / literature

MAX MARTINS LATITUDE 4

texto / text: Esperança Bessa

60

Este editorial de moda foi livremente inspirado no poema ‘Diante de ti’ e no diário do poeta paraense Max Martins, um dos grandes ícones da poesia concreta brasileira. O diário, editado em livro pela Secretaria de Estado de Cultura do Pará (Secult) em 2007, reproduz na íntegra anotações do poeta, francos ensaios e exercícios de inspiração estética que revelam Max como um grande artista plástico de vanguarda. As páginas, com colagens, desenhos, textos e outras interferências, são como poesia para ser vista, e não apenas lida. Aos 82 anos de idade, 56 dos quais dedicados à poesia, Max Martins já está com a saúde bastante fragilizada. Esta é, portanto, uma homenagem da Latitude a um dos principais nomes da produção artística contemporânea.

This fashion editorial was freely inspired by the poem ‘Diante de ti‘ (as there is no translation to the poem, the verses were kept in original portuguese) and the log of the paraense poet Max Martins, one of the great icons of Brazilian concrete poetry. The journal, published in book by the Culture Secretary of the State of Pará (Secult) in 2007, entirely reproduces notes from the poet, direct essays and exercises of aesthetic inspiration that reveals Max as a great artist of vanguard. The pages, with collages, drawings, texts and other interferences, are as poetry to be seen, not just read. At 82 years old, 56 of which are devoted to poetry, Max Martins is on rather weak health. This is therefore a tribute to one of Latitude’s main names in the contemporary artistic production.


61

LATITUDE 4


TURISMO / turism

SA fa ri

em Belém

LATITUDE 4

Bioparque Amazônia proporciona aventura, emoção e conhecimento sem sair da capital paraense

62

texto / text: Ismael Machado fotos / photos: Bob Menezes


63

LATITUDE 4


TURISMO / turism

LATITUDE 4

Em trilhas (foto ao lado), primatas e répteis podem ser vistos em seu habitat natural. In tracks (picture beside), primates and reptiles can be seen in their natural habitat.

64

Reúna no mesmo lugar a segunda maior coleção de conchas marinhas do mundo, ovos de dinossauro, fósseis de até 500 milhões de anos, junto a uma exuberante vegetação que reproduza, com exatidão, a riqueza e diversidade amazônicas. Esse lugar existe e fica localizado no bairro do Tenoné, distante cerca de 30 minutos de carro do centro de Belém. O Bioparque Amazônia – Crocodilo Safari é uma opção ecoturística diferente e ainda não tão conhecida como deveria nem por quem reside no Pará. E opções no local são o que não falta. O Bioparque Amazônia se localiza entre florestas, rios e igarapés e oferece quatro ecossistemas para passeios com guias especializados em trilhas no mangue, várzea alta, várzea baixa e floresta em terra firme. Fora isso, há uma grande variedade de animais, como tartarugas, araras, macacos, jacarés, papagaios, ariranhas, serpentes, antas, tamanduás, porcos-do-mato, preguiças, capivaras, quatis, cutias, gaviões, corujas, patos selvagens, entre outros, que se apresentam em seu habitat natural para apreciação dos visitantes. Logo na entrada, o visitante é recebido pelo guia Elizário Coelho, o Lahlo, um bioquímico apaixonado pela natureza e profundo conhecedor da fauna e flora amazônicas. A primeira visita é ao Museu de Ciência, onde o público se depara com preciosidades e raridades, como a segunda maior coleção de conchas marinhas do mundo, que só perde para uma que fica em Paris. No museu também há diversos tipos de fósseis. Um dos mais impressionantes tem cerca de 500 milhões de anos. É de uma trilobita, que, segundo especialistas, pode ter dado origem a todos os insetos

Safari in Belém Bioparque Amazônia offers adventure, excitement and knowledge without leaving Pará’s capital. Gather in the same place the second largest collection of sea shells in the world, dinosaur eggs, fossils of up to 500 million years, with a lush vegetation that reproduces, exactly, the richness and diversity of Amazon. This place exists and is located in the neighborhood of Tenoné, about 30 minutes driving distant from the center of Belém. Bioparque Amazônia – Crocodile Safari is a different ecotourism option and not as known as it should by those who live in Pará. And local options do not lack. The Bioparque Amazônia is located in between forests, rivers and ‘igarapés’ and offers four ecossystems for walks with expert guides on trails in the mangrove, lowland high, low and lowland forest in the mainland. Outside, there are a variety of animals such as turtles, parrots, monkeys, alligators, parrots, ariranhas, snakes, tapirs, anteaters, pig-to-kill, sloths, capybaras, coatis, agoutis, hawks, owls, wild ducks, among others, that are in their natural habitat for the assessment of the visitors. Once at the entrance, the visitor is received by guide Elizario Coelho, the Lahlo, a biochemist in love with nature and expert in Amazonian flora and fauna. The first visit is the Museum of Science, where the public is facing and precious rarities, such as the second largest collection of sea shells in the world, that only lose to one that is in Paris. In the museum there are also different types of fossils. One of the most impressive has about 500 million years. It is a trilobite which, according to experts, may have given rise to all the insects now available. There are also fossils of sponges and corals,


65

LATITUDE 4


TURISMO / turism

hoje existentes. Há ainda fósseis de esponjas e corais, que foram trazidos de pontos diversos como Oceano Índico e Pacífico, um fóssil de uma preguiça gigante e genuínos ovos de dinossauro. O médico Jorge Artur é um antigo e assíduo colecionador que desde criança aprendeu com o pai a amar e respeitar a natureza. A preocupação em preservar a natureza fez com que, aos poucos, ele fosse adquirindo chácaras e sítios no Tenoné até chegar aos 80 hectares que atualmente formam o bioparque, algo como 80 campos de futebol. “A idéia é trabalhar a consciência do cidadão que nos visita”, diz Elizário Coelho, que integra a equipe do parque com 16 funcionários, mais biólogos e veterinários. O parque recebe uma média de oito visitantes, além das escolas que costumam agendar passeios de até três horas.

LATITUDE 4

Centro de Pesquisa

66

O Bioparque Amazônia é o segundo nesse estilo no Estado. O primeiro fica em Paragominas e também pertencia a Jorge Artur. No início da década de 1990, o projeto chegou a Belém. “Atualmente somos um centro de pesquisa, recuperação e soltura de animais”, diz Lahlo. Não à toa, o Ibama é um dos maiores parceiros do projeto. Uma área do parque que estava completamente degradada foi reflorestada com diversos tipos de ipês, assim como andiroba, e virola, uma árvore quase extinta devido à sua proximidade com o mangue. Um pomar serve de fonte de alimentação para os animais silvestres e o bioparque abriga exemplares vivos de todos os quelônios da Amazônia.

which were brought from various points as the Indian Ocean and Pacific, a fossil of a giant sloth and genuine dinosaur eggs. The doctor Jorge Artur, is an old and assiduous collector that since childhood learned with his father to love and respect nature. The concern to preserve the nature made that, little by little, he acquired Chácaras and small lands in Tenoné until it was up to the 80 acres that now form the Bioparque, something like 80 football fields. “The idea is to work the conscience of the citizens who visit us,” says Elizário Coelho, who is included in the team of the park with 16 employees, plus biologists and veterinarians. The average of visitors is about eight tourists per day, in addition to schools that usually schedule trips up to three hours.

Research Center The Biorparque Amazônia is the second in style in the state. The first is in Paragominas and also belonged to Jorge Artur. In the early 1990s, the project came to Belém. “Today we are a center for research, rehabilitation and releasing of animals,” says Lahlo. Not to say, the Ibama is one of the largest partners of the project. One area of the park that was completely degraded was reforested with different kinds of ipês, as well as andiroba and virola, a tree almost extinct due to its proximity to the mangrove. An orchard is a source of food for wild animals and the Bioparque houses copies of all living turtles of the Amazon. On the trail, visitors can see up close an alligator-açu and ariranhas devouring lunch. In another lake, there is about 1.3 thousand alligators-tinga. The number seems exaggerated, but there are reasons for that: how the animals are not properly in a


Banhado pelo rio Maracacuera (foto ao lado), Bioparque Amazônia abriga de fósseis a lagartos e jacarés-açu. Bathed by the river Maracacuera (picture beside), Amazon Bioparque houses of the fossil-açu lizards and alligators.

Ibama is a partner of Bioparque, which became a center for research, rehabilitation and release of animals seized in operations

LATITUDE 4

Ibama é parceiro do Bioparque, que se tornou um centro de pesquisa, recuperação e soltura de animais apreendidos em operações

67


TURISMO / turism

Museu da Ciência abriga a segunda maior coleção de conchas marinhas do mundo. Safari também exibe diversas espécies de aves (página ao lado). Science Museum houses the second largest collection of sea shells in the world. Safari also displays different species of birds (opposite page).

Na trilha, o visitante pode ver de perto jacarés-açu e ariranhas devorando o almoço. Em outro lago, há cerca de 1,3 mil jacarés-tinga. O número parece exagerado, mas tem razão de ser: como os animais não estão propriamente em um cativeiro, reproduzem-se com facilidade. Prova disso é que jacarés, as ariranhas, os catetos (porcos-do-mato) e as antas procriaram, assim como o gavião-real e o tamanduá-bandeira, que precisam de condições muito especiais para se reproduzir. Só de macacos há cinco espécies diferentes. De papagaios são seis. E há ainda araras, tucanos e periquitos. Muitos vêm domesticados, resgatados pelo Ibama em operações, e alguns não têm mais condições de voltar à liberdade. Outros ficam em uma espécie de quarentena e, depois de recuperados e readaptados, são soltos na floresta. Mesmo os que vivem cercados têm um espaço amplo para viver. É o caso das oito antas, das quais seis nasceram lá. No serpentário, cobras como sucuriju e jararaca estão junto a jibóias e outras espécies. Algumas foram soltas, na margem oposta ao rio Maracacuera, que proporciona ao visitante a derradeira emoção do passeio: uma bela paisagem que pode ser apreciada de uma orla, onde o visitante se refresca com bebidas geladas. “Alguns chegam a dormir por aqui mesmo”, diz Lahlo, com a certeza de quem sabe que a escolha nunca será em vão.

captive, they reproduce themselves easily. The proof is that alligators, ariranhas, the catheters (pig-to-kill) and the tapir procriated as well as the sparrow-hawk and the giant anteater, which need very special conditions to reproduce. Only of monkeys, there are five different species. From parrots there are six. And there are macaws, toucans and Parakeets. Many of them are domesticated, rescued by Ibama in operations, and some are no longer able to return to freedom. Others are in a sort of quarantine, and after recovered and adjusted, are released in the forest. Even those that live captive have a wide space to live. This is the case of eight tapirs, of wich six were born there. In the serpents cage, snakes as anacondas and bothrops are among the boas and other species. Some were released, in the margin opposite the river Maracacuera, which offers the visitor the ultimate thrill of the tour: a beautiful landscape that can be appreciated from a fringe, where the visitor is refreshes with cold drinks. “Some come to sleep here,” says Lahlo, with the certainty of the one who knows that the choice will

LATITUDE 4

never be in vain.

68

SERVIÇO: Biorparque Amazônia – Crocodilo Safari: Localizado no fim da Passagem São João, bairro do Tenoné. Entrada pela rodovia Augusto Montenegro. Ingressos individuais a R$ 50. Informações: + 55 (91) 3278 4355, www.bioparqueamazonia.com.br e bioparqueamazonia@bioparqueamazonia.com.br

SERVICE: Biorparque Amazônia – Crocodile Safari: Located at the end of Passagem São João – district of Tenoné. Entrance through the Augusto Montenegro highway. Individual tickets to R$ 50. Information: + 55 (91) 3278 4355, and www.bioparqueamazonia.com.br / bioparqueamazonia@bioparqueamazonia.com.br


Safari also displays different species of birds.

LATITUDE 4

Safari também exibe diversas espécies de aves.

69


roteiro / roadmap

Depois da chuva Toda tarde a chuva lava Belém e deixa o fim do dia na cidade com um cheiro, cor e sabores únicos. Aproveite essas sensações. LATITUDE 4

texto / text: Ana Carolina Palmeira

70


LATITUDE 4

foto / photo: Bob Menezes

Bucólicas, as praças de Belém são boas pedidas no fim de tarde. Bucolic, Belém’s squares are good choices in the end of the afternoon.

71


roteiro / roadmap

Uma das expressões mais tradicionais da cultura paraense é: “antes ou depois da chuva?”. Aqui o relógio é definido por ela, a tradicional chuva da tarde, que já foi mais pontual, às 15 horas, mas que agora pode cair a qualquer horário. E depois que a chuva passa, parece que as cores e os cheiros de Belém são ressaltados. Com a temperatura mais amena, o fim da tarde é um horário que deixa a cidade ainda mais bonita para dar uma volta e fazer programas tipicamente paraenses. E já que estamos falando da Cidade das Mangueiras, porque não começar pela Avenida Nazaré? Andar pelo corredor de mangueiras, sentindo o vento, o cheiro das folhas e das ruas ainda molhadas pela chuva, parar e tomar um tacacá na barraca do Colégio Nazaré ouvindo os passarinhos que ficam na samaumeira da Praça Santuário faz parte da cultura do paraense. Seguindo em direção à Praça da República, chegamos ao Bar do Parque, um dos cartões-postais da cidade. Lá se pode tomar uma cerveja gelada, bater papo com os amigos num ambiente agradável e ainda provar o tradicional ‘Pirarucu ao Bar do Parque’ ou um sanduíche que sempre deixa os turistas com água na boca. Para uma programação mais familiar, o Horto Municipal oferece um ambiente tranqüilo para aproveitar o fim da tarde. Logo na entrada, os visitantes se deparam com um belo lago repleto de peixes. Há sala de jogos, parquinho com brinquedos de madeira e um espaço com areia para as crianças brincarem.

Enquanto os pequenos se divertem, os pais podem comer uma tapioquinha no quiosque que fica no centro da praça. Outra opção é passear no Parque da Residência, onde, na Praça do Trem, encontramos um antigo vagão da estrada de ferro desativada Belém-Bragança. O vagão, onde o ex-governador Magalhães Barata fez tantas viagens, foi totalmente restaurado e hoje abriga uma sorveteria que oferece sabores típicos da nossa região como açaí, cupuaçú, murucí, bacurí, graviola, tapioca e até uxí! O pôr-do-sol em Belém é outro diferencial. O encontro do sol com a baía do Guajará é um espetáculo para se apreciar, uma mistura de cores intensa que fica na memória. E não faltam opções para aproveitar esse momento. Caminhar pelo calçadão do Ver-o-Rio e até andar nos pedalinhos disponíveis no local, tomar um sorvete passeando pela orla da Estação das Docas ou sentar em uma das mesas e bancos da Casa das 11 Janelas, observando a movimentação do Ver-o-Peso e dos barcos ‘po-po-pôs’ que passam pela baía. Na volta do passeio, a sugestão é contemplar a arquitetura do rico patrimônio cultural de Belém no Centro Histórico, passando pelo complexo Feliz Lusitânia, onde ficam obras como as igrejas da Sé, de Santo Alexandre e do Carmo, o Forte do Castelo, além dos belos casarões da Cidade Velha, que por si só dão mais charme à cidade de Belém.

72

Happy hour no Bar do Parque, tacacá na Avenida Nazaré e tapioquinha no Horto: são muitas as opções para quem quer aproveitar a cidade depois da chuva. Happy hour at Bar do Parque, tacacá at Nazaré Avenue and tapioquinha at Horto: many are the options to one that wants to enjoy the city after the rain.

foto / photo: Thiago Nascimento

The meeting of the sun through the bay of Guajará is a spectacle to enjoy, a mix of intense color that is in memory.

foto / photo: Luciana David

LATITUDE 4

foto / photo: Cinthya Marques

O encontro do sol com a baía do Guajará é um espetáculo para se apreciar, uma mistura de cores intensa que fica na memória.


foto / photo: Bob Menezes

After the rain Every afternoon the rain washes Belém and leaves the end of afternoon in the city with a unique smell, colors and flavors. Enjoy the sensations. One of the more traditional expressions of paraense culture is, “before or after the rain?”. Here the clock is set for it, the traditional rainy afternoon, which was more punctual, at 3 PM, but now may fall at any time. And after the rain stops, it seems that the colors and smells of Belém are emphasized. With the temperature more pleasant, the end of the afternoon is a time that makes the city more beautiful for a walk and make typically Paraense programs. And since we are speaking of the City of mango trees, why not start at Nazaré avenue? To wlak through the corridor of the mango trees, feeling the wind, the smell of leaves and streets still wet from the rain, to stop and sip a ‘tacacá’ under a tent in front of Nazaré High School, listening to the birds that are at the kapok trees of Sanctuary square is part of the culture of Pará. Following toward Praça da República, we came to Bar do Parque, one of the city’s postcards. You can take a cold beer, chat with friends in a pleasant environment and taste the traditional ‘Pirarucu of Bar do Parque’ or a sandwich that always makes the tourists’ mouth water. For a more family program, the Horto Municipal offers a quiet environment to enjoy the end of the afternoon. Once at the entrance, visitors are

faced with a beautiful lake full of fish. There is a game room, playground with wooden toys and a space with sand for children to play. While the small have fun, parents can eat ‘tapioquinha’ in a kiosk that is in the center of the square. Another option is to walk in Parque da Residência, where, in Praça do Trem, we find an old wagon from the railroad of Belém-Bragança. The wagon, where the former governor Magalhães Barata made many trips, was completely restored and now houses an ice cream store that offers typical flavors of the region as açaí, cupuaçu, muruci, bacuri, graviola, and even tapioca and uxí! The sunset in Belém is another differencial. The meeting of the sun through the bay of Guajará is a spectacle to enjoy, a mix of intense color that stays in memory. And no options lack to enjoy this moment. Walking the sidewalk of Ver-o-Rio and even try the ‘pedalinhos’ locally available, take an ice cream walking along the Estação das Docas river bend or sitting at one of the tables and benches of Casa das 11 Janelas, observing the movement of Ver-o-Peso and the boats’ ‘po-po-pos’ that go through the bay. In the way back of the tour, the suggestion is to contemplate the architecture of the rich cultural heritage of Belém at the Historic Center, through the complex of Feliz Lusitânia, where are landmarks such as the churches of Sé, St. Alexander and do Carmo, the Forte do Castelo, in addition to beautiful mansions of the Cidade Velha district, which alone give more charm to the city of Belém.

LATITUDE 4

Ver-o-Peso reserva um dos melhores ângulos para se apreciar o pôr-do-sol. Ver-o-Peso Market reserves one of the best angles to enjoy the sunset.

73


Cenas / scenes

Turismo / tourism Praça Batista Campos Reconhecida como uma das mais belas praças do Brasil, a centenária Praça Batista Campos representa um pedaço da beleza bucólica de Belém. O estilo remonta à Belle Époque, marcada pelo Ciclo da Borracha do início do século XX. Coretos de ferro, plantas ornamentais, córregos, pontes, bancos, caramanchões e pavilhão acústico compõem um dos cenários mais visitados por moradores e turistas na capital paraense. Localizada em um tradicional bairro da cidade de mesmo nome, a praça e seus calçadões feitos de pedras portuguesas são ideais para acolher pessoas no fim de tarde. Visite na Avenida Serzedelo Corrêa, entre Padre Eutíquio e Tamoios.

Recognized as one of the most beautiful Brazilian squares, the centenary Batista Campos Square represents a piece of Belém’s bucolic beauty. The style dates back to the Belle Epoque, marked by the cycle of rubber in the beginning of the XX century. Iron bandstand, ornamental plants, streams, bridges, benches, arbors and acoustic flag compose one of the most visited places by tourists and residents in the capital of Pará. Located in a traditional neighborhood of the same name, the square and its sidewalks made of Portuguese stones are an ideal place to accommodate people in the evening. Visit it at Serzedêlo Corrêa, between Padre Eutíquio and Tamoios.

LATITUDE 4

Icoaraci é um distrito de Belém, distante aproximadamente 20 km da capital. Possui cerca de 300 mil habitantes e mantém travessias diárias de balsa para a Ilha de Marajó e de barco para a llha de Cotijuba. Sua orla é parada mais do que obrigatória. Lá, você encontra casarões seculares e, ao longo do calçadão, diversos restaurantes especializados em frutos do mar, além de barracas com comidas típicas, água de coco, feira de artesanato e a famosa praia do Cruzeiro. Informações: Paratur +55 (91) 3223 8193.

74

Icoaraci waterfront Icoaraci is a district of Belém, about 20 km away from the capital. It has about 300 thousand inhabitants and maintains daily ferry boat crossings to the Marajó Island and boats to Cotijuba Island. Its waterfronf is a must see. There, you can find old houses and, along the sidewalk, several restaurants specialized in seafood, in addition to many typical foods and coconut water tents, craft fair and the famous beach of Cruzeiro. Informations: Paratur +55 (91) 3223 8193.

Orla de Icoaraci

foto / photo: Elza Lima

foto / photo: Jaime Souzza

Batista Campos Square


75

LATITUDE 4


GASTRONOMIA / gastronomy

Sabor bem brasileiro

Chefe ítalo-brasileiro Francisco Ansiliero explica por que o Arquipélago do Marajó está entre as melhores rotas gastronômicas do País

LATITUDE 4

texto / text: Juliana Oliveira fotos / photos: Jaime Souzza

76

Sabores cítricos, aromas fortes, ingredientes inusitados extraídos da flora e fauna mais ricas do mundo. Não é de hoje que frutas, ervas e outras especiarias da Amazônia ganham notoriedade no cenário mundial, e o chefe de nacionalidade italiana e brasileira Francisco Ansiliero, responsável pela rede de restaurantes Dom Francisco, localizada no Distrito Federal, é um dos entusiastas dos ingredientes e exalta a riqueza do Arquipélago do Marajó como manancial de possibilidades gastronômicas. Da Ilha Mexiana, localizada a 190 quilômetros de Belém, ele importa um peixe de sabor forte e muito apreciado, o pirarucu – uma iguaria do cardápio do Dom Francisco – que é criado e comercializado com licença ambiental pelo hotel ecológico Marajó Resort Park, que também tem no cardápio de seu restaurante pratos feitos à moda de Ansiliero. Quase sempre apreciados pelos extremos de sensações que provocam, os peixes amazônicos têm conquistado cada vez mais adeptos. Os temperos e ervas também agradam pela variedade de combinações permitidas e pelas possibilidades de inovação em pratos tradicionais com a inserção desses novos ingredientes. Trabalhando há 20 anos com um restaurante que prima por experimentações com ingredientes das cozinhas regionais brasileiras, o chef Francisco conta que, além do pirarucu, o tambaqui também é um peixe diferente, e revela que a ousadia de buscar elementos novos é condição para satisfazer sua exigente clientela, já acostumada e atraída pelos sabores amazônicos oferecidos no coração do Brasil pelo Dom Francisco e algumas vezes apresentados em festivais internacionais gastronômicos. “Sempre fui curioso e por onde passei fiz cozinha regional, conhecendo os ingredientes. E a Amazônia tem coisas muito saborosas, sobretudo o Marajó.”

Levar esses sabores para Brasília não foi tarefa fácil para o chefe, que chegou ao Brasil ainda menino junto com a família para tentar a vida no sul do país, repetindo o percurso feito por muitas outras famílias italianas. “Morei em várias cidades, mas foi em Rondônia, nos anos 80, que comecei a usar os produtos locais na cozinha. Lá descobri que Rondônia era só um apêndice da grande cozinha amazônica”. Ele critica o desconhecimento de muitos chefes sobre as delícias do Norte do Brasil e revela que, para conseguir estabilidade no mercado gastronômico, precisou ser mais do que um amante dos sabores amazônicos: foi preciso ser empreendedor e verificar uma série de potenciais de mercado na capital do país. “Existiam restaurantes muito bons que serviam pescados e fecharam por questões de administração, então existia uma clientela órfã. Eu pensava que, chegando lá, abriria uma cantina italiana, mas a realidade tinha outras possibilidades”, relembra. Do alto dos mais de 70 anos, com olhos experientes e muita disposição, é com simplicidade que ele revela como preparar um pirarucu, uma de suas especialidades. “Com sal e limão, assado na brasa”, revela, curto e seco. Para quem prefere a variante do peixe cozido, é o leite da castanha que se encarrega de trazer um sabor ainda mais regional e inconfundível. Entre os muitos acompanhamentos, que podem, inclusive, ser degustados no Marajó, ele destaca o palmito de açaí fresco, assado na brasa, que revela um sabor novo e bem diferente do que a maioria das pessoas conhece, já que está livre de condimentos. O feijão manteiguinha de Santarém, outra especialidade da terra, também vai muito bem com o peixe.


Sugestão de peixe preparado por Ansilieiro em Mexiana: assado na brasa , com sal e limão. Suggestion of fish prepared by Ansilieiro in Mexiana Island: baked in the hot, with salt and lemon.

Citrus and strong flavors, unusual ingredients from the richest flora and fauna of the world. It is not new that fruits, herbs and other spices from the Amazon gain notoriety on the national scene and internationally, and the chef of Italian-Brazilian nacionality Francisco Ansiliero, responsible for the network of restaurants Dom Francisco, located in the Federal District, is one of the enthusiasts of the ingredients and enhances the richness of Marajó Islands as a spring of gastronomic possibilities. From Mexiana Island, located 190 kilometers from Belém, he imports a much appreciated and strong taste of fish, the pirarucu, a delicacy from the menu of Dom Francisco that is created and marketed under license by environmental ecological hotel Marajó Resort Park, which also has in its restaurant a menu of dishes created by Ansiliero. Almost always appreciated by the extremes of palate sensations they cause, the Amazonian fish have conquered more and more supporters. The spices and herbs are also appreciated for the variety of combinations allowed and for the possibilities of innovation in traditional dishes with the addition of these new ingredients. Working for more than 20 years in a restaurant that priorizes experiments with ingredients of Brazilian regional cuisine, chef Francisco noted that, besides pirarucu, tambaqui fish is also a much appreciated, and shows that the dare to seek new elements is a condition to meet his demanding clients, already used to and attracted by Amazon flavors offered in the heart of Brazil by Dom Francisco and sometimes presented in international gastronomic festivals. “I was always curious and wherever I went, I made regional cuisine, getting to know the ingredients. And Amazon has some very tasty things, especially Marajó”.

Bringing these flavors to Brasília was not easy for the chef, who arrived in Brazil with his family when he was just a boy to live in the southof the country, repeating the route taken by many other Italian families. “I lived in several cities, but was in Rondônia, in the 80s, that I started to use local products in cuisine. There I discovered that Rondônia was only an appendage of the large Amazon cuisine”. He criticises the unknown status of many chefs of the delights from the north of the country and reveals that, to achieve stability in the food market, he needed to be more than a lover of Amazon flavors: he had to be entrepreneurial and check a number of potentials of market in the capital of the country. “There were many good restaurants that served fish and closed for reasons of administration, so there were ophan customers. I used to think that getting there I would open an italian canteen, but the reality had other possibilities,” remembers. From the height of more than 70 years old, with experienced eyes and much disposition, it is with simplicity that he demonstrates on how to prepare a pirarucu, one of his specialties. “Salt and lemon, baked in the hot’” he shows, swiftly. For those who prefers differents ways of fish stew, it’s the Brazilian nut’s milk which is responsible to infuse a more regional and unmistakable flavor. Among the many accompaniments, which may even be tasted in Marajó, he highlights the fresh palm of açaí, roasted in the fire, which reveals a new and very different flavor than most people know, because it is free of condiments. The beans from Santarem, ‘manteiguinha’, another specialty of the land, also goes well with fish.

LATITUDE 4

Very Brazilian taste Italian-Brazilian chef Francisco Ansiliero explains why Marajó Island is among the best gastronomic routes of the country.

77


Cenas / scenes

Gastronomia / gastronomy Dicas Gastronômicas

foto / photo: Jaime Souzza

Point do Açaí

Point do Açai

Com camarão, peixe ou charque frito. As inúmeras combinações com açaí transformam essa bebida regional em deliciosa refeição. Por isso, o Point do Açaí já é uma referência para quem chega à cidade. Localizado em três diferentes endereços, o ponto, sempre refrigerado, serve açaí branco ou tradicional com acompanhamentos típicos do Pará. A chapa mista especial se torna irresistível para quem quer conhecer os diferentes sabores da Amazônia e ainda ficar com a boca roxa de açaí. Endereços: Rua de Óbidos, 206, próximo à Travessa de Breves (Cidade Velha); Travessa Monte Alegre, próximo ao Mangal das Garças; e Estação da Docas, Armazém 2 (2º piso). Telefones: +55 (91) 3212 2168 e 3225 4647.

With shrimp, fish or fried “charque” (dry meat). The innumerous combinations with açai transform this regional drink into a delicious meal. Therefore, Point do Açai is already a reference for those who arrive in town. Located on three different addresses, the point, always cooled, serves white or traditional açai with typical Para’s accompaniments. The special mixed plate becomes irresistible for those who want to know the different flavors of the Amazon and still gets a purple mouth from açai. Addresses: Óbidos street, 206, near the crossing of Breves (Old Town), Monte Alegre Street, close to Mangal das Garças and Estação das Docas, Warehouse 2 (2nd floor). Phones: +55 (91) 3212 2168 and 3225 4647.

Pizza de Caranguejo A união de um dos pratos mais tradicionais da Itália com o sabor tropical do caranguejo resultou em uma das receitas paraenses mais inusitadas e saborosas do menu da Pizzaria Vitória. A pizza de caranguejo, criada pela chef Simone Morelli, antes de ir para o cardápio foi reelaborada. O jambú, muito utilizado nas receitas da pizzaria, foi substituído pelo tradicional tempero paraense, o cheiro-verde. A remontagem do prato conseguiu conquistar o público e já está entre os favoritos dos clientes da pizzaria, que também apresenta as pizzas de açaí e camarão com jambú. Endereço: Rua 15 de Agosto, 438, Icoaraci. Telefone: +55 (91) 3227 1687.

78

foto / photo: Jaime Souzza

LATITUDE 4

Crab Pizza The union of one of Italy’s most traditional dishes with the tropical flavor of the crab has resulted in a most unusual and tasty menu of Pizzaria Victoria. The pizza of crab, created by chef Simone Morelli, before going to the menu was recreated. The jambú, widely used in the pizzeria’s recipes, was replaced by traditional paraense seasoning, cheiro-verde. The reassembly of the plate managed to win the public and is already among the favorites of customers of the pizzeria, which also shows the pizzas of açaí and shrimp with jambú. Address: 15 de Agosto street, 438, Icoaraci. Phone: +55 (91) 3227 1687.


79

LATITUDE 4


Cenas / scenes

foto / photo: Luciana David

Gastronomia / gastronomy Dicas Gastronômicas

LATITUDE 4

La Cuisine du Terroir

80

Unindo o melhor das cozinhas paraense e francesa, o Restô La Vie en Rose, da rede Pomme D’or, atrai paladares diversos. Do sofisticado ao tradicional, o sabor é sempre definido de uma forma: único. Lá, um dos pratos mais famosos do restaurante dos chefs Vânia e Marcelo Martins é apresentado pelo Chef Cláudio Siqueira, que está no comando da cozinha do Restô desde sua inauguração. O Confit de Canard avec Veloutê de Tucupí nada mais é que um confitado de pato com molho de tucupí preparado à moda francesa. O pato é um alimento comum às duas culinárias. Na França, é muito usado no Sudoeste do país, onde o fígado (foie gras) e a gordura desta ave são os principais elementos. Na culinária amazônica, ele tem destaque no famoso pato no tucupi, um dos pratos mais apreciados da culinária brasileira. No preparo do Confit de Canard avec Veloutê, o chef lavou com limão duas coxas de pato, depois as misturou a três dentes de alho, um talo de alho poró, dois copos de vinho branco, pimenta, sal e folhas de louro ou alecrim a gosto. É preciso que o pato seja marinado por 24 horas. Após marinar, a ave deve ser levada ao cozimento com gordura de paio a fogo baixo por, no máximo, seis horas, até que a carne esteja macia. Depois de cozido, o pato vai ao forno para dourar. Para o preparo do molho, foram usados 400 mililitros de tucupí, sendo fervido até reduzir o líquido, dando consistência. Este tucupí deve ser misturado e batido a três colheres de manteiga congelada e sal a gosto. O Confit de pato tem como acompanhamento vinagrete de jambú, mais um dos ingredientes típicos da culinária paraense. Serviço: O Restô La Vie en Rose fica na Rua Diogo Móia, 833, entre 14 de Março e Generalíssimo, bairro do Umarizal. Funciona de terça a sábado para o jantar, das 19h30 à meia-noite, e domingo para o almoço, das 12 às 16 horas.

La Cuisine du Terroir Joining the best of Pará and French cuisines, La vie en Rose Restaurant, of Pommed’or group, attracts several and different tastes. From the rich to traditional, flavor is always set in one way: unique. There, one of the most famous dishes from chefs Vânia and Marcello Martins is presented by Chef Cláudio Siqueira, which is in command of the restaurant’s kitchen since it’s innauguration. The flavor of Canard avec Veloutê of tucupi which properties is nothing more than duck confit with tucupi sauce prepared as French cousine. The duck is a common food to two categories. In France, is widely used in the Southeast, where the liver (foie gras) and the fat are the main elements. In the Amazon cuisine, it has the famous Pato no tucupí, one of the most appreciated dishes in brazilian culinary. In the staging flavor of Canard avec Veloutê, the chef washed with lemon two duck thighs, then three garlic teeth, a leek, two glasses of white wine, salt and pepper, laurel or alecrim at taste. The duck is marinated for 24 hours. After marination, the bird must be brought to cooking with ‘paio’ fat at lower fire for, at maximum, six hours, until the meat is soft. After pre-cooked, the duck is taken to the stoven to tan. For dressing preparations were used 400 milliliters of tucupí and boiled to reduce the liquid, giving it consistency. This tucupí must be mixed with three teaspoons of frozen butter and salt. The duck Confit has vinaigrette sauce made of jambú, the most typical of the ingredients of Pará’s cuisine. Service: The Restô La Vie en Rose is in Rua Diogo Móia, 833, between 14 de Março and Generalissimo, Umarizal district. Opens on Tuesday to Saturday for dinner, 7.30 at midnight, and Sunday for lunch from 12 PM to 4 PM.


81

LATITUDE 4


foto / photo: Jaime Souzza

CRÔNICA / cronicle

Zildinha Sequeira Psicoterapeuta

Possui esse caminho um coração? Provavelmente você já se encontrou diante de situações em que precisou tomar uma decisão rápida, ou teve um pressentimento inexplicável que exigiu que você agisse de pronto e não teve dúvidas sobre o que fazer. Mas, de onde vem essa certeza, essa sabedoria interior? – De nossa intuição! Ela é inerente a todas as pessoas. É o conhecimento que surge sem o uso da lógica e da razão, e funciona como uma espécie de bússola para a vida. É a nossa capacidade de adivinhar; é como se fosse uma mensagem interior, nos sugerindo determinadas ações. É o nosso sexto sentido. Aparece nos sonhos, nos insights, nas sensações corporais, nos pressentimentos... são como flashes, nos mostrando situações de perigo e nos indicando pistas de como solucionar situações. Julgamos e decidimos sem ter consciência de onde vem essa certeza e muito menos em que informações se baseia, pois ela não vem de dados concretos. Nosso cérebro retém uma grande quantidade de informações sensoriais e continua trabalhando sem que tenhamos consciência disso e, no momento necessário, resgata essas informações, produzindo novas associações que são baseadas no conhecimento e na experiência. A intuição e a criatividade nascem da emoção, funcionando como um atalho para a ação. É racional ver o mundo com as lentes da emoção. Preste mais atenção aos detalhes a sua volta e às sensações do seu corpo, permitindo que a intuição se manifeste, ampliando a sua percepção do amor e do seu desenvolvimento intelectual e espiritual. Apesar da intuição ser inerente a todas as pessoas, dizem que a intuição feminina é muito apurada e que as mulheres percebem as coisas no ar (embora eu ache que isso ocorra porque prestamos mais atenção a detalhes). Chico Buarque parece concordar com isso, pois na letra da música ‘Novo Amor’, diz que “...o olhar de uma mulher faz pouco até de Deus, mas não engana uma outra mulher...”. De qualquer forma, razão, sensibilidade e intuição fazem parte do universo humano, não sendo prerrogativas femininas. Quantas vezes você já se arrependeu de não ter seguido a sua intuição? Lembre-se: apesar da convicção íntima de que vai dar certo, você precisa assumir a possibilidade do erro. O emocional é mais rápido, mas também é menos preciso. A intuição pode falhar. Se você tiver dúvida, pergunte a si mesmo: “... Possui esse caminho um coração? Em caso afirmativo, o caminho é bom. Caso contrário, esse caminho não possui importância nenhuma”.

LATITUDE 4

Does this way has a heart?

82

You’ve probably met yourself before in situations wich you had to take a quick decision, or had an inexplicable feeling that required you to be ready to act having no doubts about what to do. But, where is this certainty, that inner wisdom? - From our intuition! It is inherent in all people. It is the knowledge that comes without the use of logic and reason, and acts as a kind of compass for life. It is our ability to guess, it’s like a message inside, in suggesting certain actions. It is our sixth sense. It appears in dreams, in insights, in bodily sensations, in feelings... It is like flashes in situations of danger showing us clues as to how to resolve situations. We judge and decide without being aware of where this certainty comes from and even less on what informations it is based, for they do not come from concrete data. Our brain retains a large amount of sensorial information and keeps working unconsciously and, when necessary, recovers the information, producing new associations that are based on knowledge and experience. The intuition and creativity are born of emotion, working as a shortcut for action. It is rational to view the world with the lens of emotion. Pay more attention to details around you and to sensations of your body, allowing intuition to emerge, broadening your perception of love and its intellectual and spiritual development. Despite intuition being inherent to all people, some say that women’s intuition is very accurate and that women perceive things in the air (although I think that it occurs because we pay more attention to details). Chico Buarque seems to agree with that because in the lyrics of the song ‘Novo Amor’, he says that “... the look of a woman disdains even God, but does not fool another woman ...”. Anyways, reason, sensitivity and intuition are part of the human universe, not being female prerogative. How many times have you regretted not following your intuition? Remember that, despite the intimate conviction that something’s going to work, you must assume the possibility of error. The emotional is faster, but it is also less accurate. The intuition may fail. If you have questions, ask yourself: “... Does this way has a heart? If so, the path is good. Otherwise, this course does not have any importance.” Zildinha Sequeira Psychotherapist


83

LATITUDE 4


CULTURA / culture

Égua, sumano!

LATITUDE 4

texto / text: Raymundo Mário Sobral ilustrações / illustrations: Rafael Campelo

84

O Pará tem uma forma de falar típica, que às vezes confunde até quem mora por aqui


Na múltipla diversidade do português brasileiro, há que se incluir as peculiaridades da fala paraense. Rico acervo, recheado de modismos, expressões, termos, ditos, dizeres e arcaísmos, que refletem a mais ampla abrangência vocabular. É um genuíno linguajar regional, de singular sonoridade, que emana das heranças indígenas, aflora do fundo dos grotões interioranos, mas vem, principalmente, da alma de nossa terra-mãe Portugal. Esse típico modo de falar do povo parauara, que até hoje ainda é bastante ignorado e desconhecido por grande parte do país, pode parecer, para muita gente, uma espécie de idioma privativo, um código exótico e estranho, exclusivo de nossa região, tantas são as suas inumeráveis palavras próprias, as suas locuções características e seu inconfundível sotaque. Convém enfatizar ainda como outra marcante característica do falar do mais genuíno caboco paraense

a sua maneira quase cênica de se expressar. É como se o relato, mais do que contado, estivesse também sendo representado, o que imprime assim um matiz mais especial por conta da entonação e inflexão que são conferidas a cada palavra. Sendo praxe afirmar-se que os idiomas não resultam de parâmetros previamente estabelecidos, mas, em muitos casos, de apropriações e importações de outras raízes e outras regiões, um dia, quem sabe, os irmãos de outras paragens de nossa imensidão territorial irão descobrir e conhecer, finalmente, o nosso linguajar? O qual, por enquanto, permanece assim: isolado, excluído, oculto, quase que circunscrito apenas ao nosso espaço geográfico e, por isso mesmo, independente da língua geral brasileira. Essa mesma língua que de há muito já se corrompeu, aviltou e globalizou, por obra e graça de Tio Sam & Cia. Mas ainda não despertou, por exemplo, para o nosso emblemático e gostoso ‘égua’ ou ‘siri’... Aos desejosos de conhecer um pouco de nossa identidade lingüística, fazemos um desafio. Segue um causo narrado por um legítimo caboco papachibé. Leia, e tente identificar quantos termos são conhecidos. Ao final, há uma colher de chá para ajudar quem pouco ou nada entendeu. Mais do que uma brincadeira, a intenção é aguçar sua curiosidade e o convidar a mergulhar nesse universo lingüístico tipicamente paraense.

LATITUDE 4

festa ! pai d’égua

85


CULTURA / culture

Rala-bucho com fulustrescas afolosou peru

LATITUDE 4

GLOSSÁRIO PAPACHIBÉ

Este-um, seu criado, é de Bujaru, sumano. Chegou dontonte e nessa beirada de vosmecês, só tenho a comadre, nhá Filoca, que me convidou pra bordejar nesse tar de Foru Sociar Mundiar, juviu? Desembarcado, catei o assentamento da comadre. Égua! Revirei tudinho que foi bolso e não desencavei a disconforme papelada. Deixa estar que, em troca da pousada, trazia um peru. Formoso dum peru que ia ofertar de mimo, à nhá Filoca. Panema por demais, embiquei por aí, roí uma pupunha mancuricando até lá pelo catrapiço do catrapiçal se achava a moradia da comadre. Boquinha da noite, baçudo de tanto bater perna, dei com um casarão checado, com umas fulustrecas todas emperiquitadas na porteira. As sirigaitas – paresque – se engraçaram do meu peru. Tanto que me atiçaram para entrar. Cuíra pra repousar, não me fiz de esquerdo e, todo ancho, sem cuscuvilhar nem nada, achei mais melhor aceitar. Eras-te! Que jacaré me morda! Lá dentro, recinto coalhado de bancas, cantigolências comendo de-comforça, um verdadeiro banzé-de-cuia. Um espíquer propalava: ia se amostrar artista pajureba de cutuba. Diz-que a tabacuda dançava carimbó com uma perna, brega com a outra e nas entrepernas, bailava o siriá. Malamar me abanco, evém uma das tais e – tibum! – se aboleta cheia de pavulagem à minha ilharga. Sem-quenem-pra-quê enfiou aquela conversinha mole pra minha banda. Lá numa hora convocou um coirão de gravatinha e ordenou que o bigu melado arriasse uma dose da meiota. Eu – eita pau! - entornei num tapa. Aí, a piranhuda, por sinal de belas prateleiras, um lorto muito do pai-dégua, fez menção de bulir no meu peru. Axi, besta! Acanhado, defendi o tarzinho, já que o meu peru – se alembra – tava comprometido com a comadre, nhá Filoca. Mas a corna era da rede rasgada, vôte! Veio outra vez com aquela mãozinha extratada dela no maior farnizin e o meu peru de crista baixa, todo abichornado. Tava nessa estia quando a catiroba chamou de novo o belegueta de gravatinha e mandou servir outra cipoada de proncha, cuja, virei num átimo. Tempão ficamos nessa marmota, a coirona querendo se embandeirar com o meu peru e eu refugando, escabriado. Entonces, lhe digo, pra encurtar esse caga-retalho: quando pus tenência já era dia claro. Ninguém no tal vistoso casarão. Só este-um, seu criado, arriadão em cima duma banca embucelado de baldeação, ximbrado e sem direito a um sucozinho de urubu, sequer. Agora, vossuncê arresponda, sumano: - Cuma já antão vou me apresentar à comadrezinha, nhá Filoca, se fiquei afolosado do peru?

86

Papachibé: a mistura de água com farinha de mandioca produz o chibé, alimento de resistência do paraense, daí o apelido de papachibé. Caboco: mesmo que caboclo. Rala-bucho: festa. Este-um: referência a si próprio. Sumano: amigo. Dontonte: outro dia. Fulustrecas: mulheres à toa. Vosmecês: vocês. Bordejo: passeio. Juviu: Ouviu, em ‘paraensês’. Égua: espécie de vírgula do papachibé. Disconforme: enorme. Panema: triste. Embiquei: fui em frente. Roí uma pupunha: expressão que designa enorme dificuldade. Mancuricando: observando. Baçudo: cansado. Catrapiço do catrapiçal: lá longe. Checado: bacana. Emperiquitadas: enfeitadas. Paresque: corruptela de parece. Cuíra: curioso. De esquerdo: sem fazer objeção. Ancho: contente. Cuscuvilhar: discutir. Mais melhor: típica expressão papachibé. Eras-te: uma variação de égua. Que jacaré me morda: empenhar a palavra. Banzé de cuia: alvoroço. Cantigolências: músicas. Coirona: mulher, no pejorativo. De-com-força: com muita vibração. Pajureba de cutuba: excelente. Tabacuda: mulher ordinária. Carimbó e siriá: ritmos da terra. Malamar: Assim que... Evém: corruptela de vem. Tibum: se jogar. Pavulagem: vaidade. Ilharga: perto. Sem-quenem-pra-quê: de repente. Coirão: sujeito, também de forma pejorativa. Bigu melado: referência pejorativa a alguém. Meiota: bebida. Eita pau!: Oba! Piranhuda: mesmo que tabacuda. Prateleiras: peitos. Lorto: bumbum. Pai-dégua: espetacular. Axi besta: corta essa. Tarzinho: o dito cujo. Corna: mulher vulgar. Rede rasgada: bandalheira. Vôte: credo. Extratada: perfumada. Farnizim: assanhamento. Abichornado: mofino. Estia: situação. Catiroba: mesmo que quenga. Belegueta: camarada. Cipoada de proncha: dose de bebida. Embandeirar: tirar intimidades. Escabriado: desconfiado. Entonces: então... Caga-retalho: conversa. Embucelado: sujo. Ximbrado: embriagado. Sucozinho de urubu: café. Vossuncê: outra variante de você. Cuma já antão: como então? Afolosado: depauperado.

? ? ?


Égua, sumano! Pará has a typical way of speaking, which sometimes is confused even by who lives around here. In multiple diversity of Brazilian Portuguese, it is necessary to include the peculiarities of paraense speech. Rich collection, full of fashionism, terms, sayings, archaisms, that reflect the broader scope vocabulary. It is a genuine regional language of natural sound, which emanates from indigenous heritage, flourishes from the bottom of the inland valleys, but comes mainly of the soul of our motherland, Portugal. The typical way of parauara’s speaking, which is excluded and unknown by many and ignored by most of the country, it´s a kind of private language, an exotic and strange code, unique to our region, there are many countless words, phrases, its characteristics and its unmistakable accent. It is also emphasized for another striking feature of the talk of the most genuine “caboco” paraense the almost scenic way they have to express themselves. It is as if the story rather than counted, was also being represented, which prints as a shade more special for the intonation and inflection that are given to each word. We must say that the language it isn’t previously established by the parameter results, but there are many cases of imports and appropriations from other roots and other regions, one day, perhaps, the brothers of other lands of our huge territorial grounds will find out about it and come to know, finally, our language? Which, for now, remains this way: isolated, deleted, hidden, almost solely confined to our geographical area and, therefore, independent of the general Brazilian language. That same language that has long been corrupted, vilified and globalized, because of Uncle Sam & Co. But it isn’t awakened yet, for example, for our flagship and delicious’ égua’ or ‘siri’... For those who want to know a little of our linguistic identity, we make a challenge. to the left is a story by a real caboco papachibé. Read, and try to identify how many terms are known. In the end, a teaspoon to help those who felt little or nothing. More than a game, the intention is to arouse your curiosity and invite the plunge in world language typically from Pará.

Papachibé: a mixture of cassava flour with water produces the Chiba, food paraense of resistance, hence the nickname of papachibé. Caboco: even caboclo. Rala-bucho: party. Este -um: reference to himself. Sumano: friend. Dontonte: another day. Fulustrecas: women for nothing. Vosmecês: you. Bordejo: walk. Juviu: Heard in Pará. Égua: papachibé kind of a point. Disconforme: huge. Panema: sad. Embiquei: I was in front. Roí uma pupunha: expression that means big trouble. Mancuricando: observing. Baçudo: tired. Catrapiço of catrapiçal: go away. Checado: good. Emperiquitadas: adorned. Paresque: corruptela of looks. Cuira: curious. De esquerdo: without objection. Ancho: happy. Cuscuvilhar: discuss. Mais melhor: papachibé typical expression. Eras -te: a change of horse. Que jacaré me morda: expression for surprise. Banzé de cuia: crowd. Cantigolências: music. Coirona: women in the pejorative. De-com força: with much vibration. Pajureba of cutuba: excellent. Tabacuda: ordinary women. Carimbó e siriá: rhythms of the earth. Malamar: So that ... Evém: corruptela to come. Tibum: to play. Pavulagem: vanity. Ilharga: close. Sem que nem pra quê: suddenly. Coirão: subject, also a pejorative. Bigu melado: pejorative reference to someone. Meiota: drink. Eita-pau! : great! Piranhuda: the same of tabacuda. Prateleiras: breasts. Lorto: ass. Pai-d´égua: spectacular. Axi besta: cut it. Tarzinho: which the said. Corna: ordinary woman. Rede rasgada: crowd. Vôte: Jesus Christ! Farnizim: happy. Abichornado: sad. Estia: situation. Catiroba: even quenga. Belegueta: comrade. Cipoada de proncha: drink. Embandeirar: get intimate. Escabriado: suspicious. Entonces: then ... Caga-retalho: conversation. Embucelado: dirty. Ximbrado: drunk. Sucozinho de urubu: coffee. Vossuncê: another variant of you. Cuma já então: how then? Afolosado: depleted. LATITUDE 4

PAPACHIBÉ GLOSSARY

desce mais uma meiota!

87


ECO / eco

Florestas Protegidas LATITUDE 4

texto / text: Ivonete Motta fotos / photos: Divulgação/Sema

88


A partir deste ano, áreas de florestas paraenses serão destinadas ao manejo sustentável. From this year on, areas of Pará’s forests will be destined for the sustainable management.

Florestas públicas As unidades de conservação da natureza são espaços territoriais, legalmente instituídos pelo Poder Público, com a finalidade de conservar e preservar sob a forma de centros relevantes de biodiversidade; espécies ameaçadas de extinção; belezas cênicas e outros objetivos. Essas áreas são protegidas visando

ao desenvolvimento de atividades específicas, como pesquisa científica, manejo sustentado, educação ambiental, recreação e turismo, de acordo com as vocações naturais, condições socioeconômicas e categorias de manejo. Segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei Federal n° 9.985, de 18 de julho de 2000), as unidades de conservação são classificadas em Proteção Integral e de Uso Sustentável. As unidades de Proteção Integral têm como objetivo preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. Constam dessas categorias: estação ecológica, reserva biológica, parque nacional, monumento natural e refúgio de vida silvestre. As unidades de Uso Sustentável têm como objetivo equilibrar a conservação da natureza e o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais, sendo compostas pelas seguintes categorias: área de proteção ambiental, área de relevante interesse ecológico, floresta nacional, reserva extrativista, reserva de fauna, reserva de desenvolvimento sustentável e reserva particular do patrimônio natural. Em parceria com o Serviço Florestal Brasileiro (SFB), o Ideflor está preparando várias áreas para concessão pública destinadas à exploração florestal sob a forma de manejo sustentável, que deverão começar a ser ofertadas, em licitação, a partir de 2009. A identificação das áreas, a delimitação e a preparação dos processos de concessão são etapas que exigem muito cuidado, tanto que os resultados mais expressivos, em escala e em volume, só devem ser vistos no final de 2010 ou início de 2011. LATITUDE 4

Embora esteja sob constante pressão, por se situar na borda da Amazônia, e seja o Estado que mais desmata em termos absolutos, o Pará é o maior remanescente florestal com cerca de 70% de seu território cobertos por vegetação nativa, dos quais 52% protegidos na forma de Unidades de Conservação e terras indígenas. Ou seja, mais da metade do território de 1,2 milhão de quilômetros quadrados é floresta protegida. Só em florestas estaduais são 12 milhões de hectares que, integrados às terras indígenas e unidades de conservação federais, formam um bloco contínuo de 25 milhões de hectares, que estão hoje recebendo investimentos de US$ 3,5 milhões para planos de manejo, estruturação de equipes e organização das comunidades do entorno. A Calha Norte é um território equivalente à metade da França, que está sob a gestão do Estado. Para cuidar dessas terras, o Governo do Estado do Pará criou o Instituto de Desenvolvimento Florestal (Ideflor), responsável pela gestão das florestas públicas estaduais. Sob a liderança da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), várias instituições públicas e privadas trabalham na elaboração de planos de manejo e na estratégia de proteção de unidades de conservação na região da Calha Norte, na margem esquerda do rio Amazonas.

89


ECO / eco

Cerca de 70% do Pará mantém a cobertura vegetal nativa About 70% of Pará still keeps the native vegetal area.

Protected Forest More than 50% of Pará’s territory are in conservation units and Indigenous lands Even though it is under constant pressure, because it is at the border of Amazon, and is the State that deforests more in absolute terms, Pará is the biggest forest reminder with around 70% of its territory covered with native vegetation, from which 52% are protected in form of conservation units and Indigenous lands. In other words, more than half of the 1,2 million squared kilometers territory is protected forests. Only in state forests are 12 million hectares that, integrated to Indigenous lands and federal conservation units, form a continuous block of forest with 25 million hectares, which are receiving today investments of US$ 3,5 million for management plans, team structuring and community organization from around areas. Calha Norte is a territory equivalent to half of France, which is under State administration. To take care of these lands, State Government of Pará created the Forest Development Institute (Ideflor from Portuguese), responsible for the administration of state public forests. Under the Environment State Secretary leading (Sema from Portuguese), several public and private institutions work on creating management plans and on the protection strategy of a block of conservation units in Calha Norte region, on the left side of Amazon river.

LATITUDE 4

Public forests

90

The nature conservation units are territorial spaces, legally instituted by Public Power, with the finality of conserving and preserving under the form of biodiversity relevant centers; extinction threaten species; scenic beauties and other objectives. These areas are protected aiming the development of specific activities, such like scientific research, sustainable management, environmental education, recreation and tourism, according to natural vocations, socioeconomic conditions and management categories. According to National Conservation Units System (Federal Law n. 9.985, from July 18th 2000), the conservation units are qualified in Integral Protection and Sustainable Use. Units of Integral Protection have the goal of preserving nature, being accepted only the indirect use of their natural resources. Belong to this category: ecologic station, biologic reserve, national park, natural monument and wild life refuge. Units of Sustainable Use have the goal of balancing nature conservation and sustainable use of part of their natural resources, being composed by the following categories: ambient protection area, area of relevant ecologic interest, national forest, extraction reserve, animal reserve, sustainable development reserve and particular reserve of natural patrimony. In partnership with Brazilian Forest Service (SFB from Portuguese), Ideflor is preparing several areas for public concession destined to forest exploration under the form of sustainable management, which shall be offered, through minor price bids, from 2009 on. The identification of areas, delimitation and preparation of concession processes are stages that demand a lot of care, as more expressive results, in scale and volume, shall only be seen in the end of 2010 or beginning of 2011.


91

LATITUDE 4


Cenas / scenes

EcoDesign Riquezas da Amazônia Riches of the Amazon

fotos / photos: Jaime Souzza

Under the motto “view the body, without undressing the nature”, the store Riquezas da Amazônia joined the concept of beauty and sophistication with the exclusivity of the Amazon products. Not leaning to grotesqueness, the fashin brought by the trademark uses current aesthetics with fashion tendencies and the natural fabrics differential. Attuned with the ecological awareness, the brand brought to Belém special fabrics and colorful organic cotton, which, in the hands of local designers and stylists, became mandatory cuts in the wardrobe of someone who goes and who stays in paraense capital. Address: Station of the docks (Avenida Boulevard Castilho France), Warehouse 1, Shop 7. Information: www.riquezas.com.br

fotos / photos : divulgação

Sob o lema “Vista o corpo, sem despir a natureza”, a loja Riquezas da Amazônia casou o conceito de sofisticação com a beleza e exclusividade dos produtos amazônicos. Sem cair no caricato, a moda criada pela marca usa a estética atual com as tendências de moda e o diferencial dos tecidos naturais. Afinada com a consciência ecológica, a marca trouxe para Belém tecidos especiais de algodão orgânico e colorido, que, nas mãos de designers e estilistas locais, viraram peças obrigatórias no guarda-roupa de quem passa e de quem fica na capital paraense. Endereço: Estação das Docas (Boulevard Castilho França), Armazém 1, loja 7. Informações: www.riquezas.com.br

LATITUDE 4

Pela natureza

92

Futurista, anatômica e ecologicamente correta. Essas são algumas qualidades das bolsas de Tetra Pak desenvolvidas por quatro estudantes do curso de design da Universidade do Estado do Pará. O acessório feminino recebeu uma leitura a partir do material reciclável muito utilizado nas embalagens de alimentos diversos. As estudantes Clarissa Chagas, Verena França, Naila Rodrigues e Mariana Oliveira encontraram uma finalidade moderna e prática para a lâmina de tonalidade prateada que iria para o lixão. As bolsas, premiadas com o terceiro lugar no IDEA/Brasil 2008, na categoria Estudante, são uma ótima opção para quem apóia boas idéias sem lançar mão da qualidade visual. Informações: +55 (91) 8139 9282

By nature Futuristic, anatomically and ecologically correct. These are some of the qualities of Tetra Pak bags developed by four students in the course of design at the University of the State of Pará – UEPa. The female acessory received a reading from the recyclable material, widely used in packaging of different foods. The students Clarissa Chagas, Verena France, Naila Rodrigues and Mariana Oliveira found a modern and practical purpose for the silver layer of tone that would go to the landfill. The bags, awarded to the third place in the IDEA / Brazil 2008, student category, are a great option for those who support good ideas without resort of visual quality. Information: +55 (91) 8139 9282


93

LATITUDE 4


ARTIGO / article

Maurilio Monteiro Professor do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará (Naea/UFPA) e Secretário de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia do Estado do Pará

Alicerces do desenvolvimento O Pará vive um momento único na história: poucas vezes recebeu, em tão pouco tempo, tantos recursos públicos e privados, e em áreas essenciais, como infra-estrutura, energia, habitação e saneamento (R$ 60 bilhões, entre 2007 e 2012). E, em nenhum outro momento, teve, como hoje, um projeto amplo e integrado de desenvolvimento, com ações e resultados a curto, médio e longo prazos. Os investimentos previstos vão viabilizar reivindicações históricas da sociedade paraense, como a construção das duas eclusas de Tucuruí e da hidrovia do Tocantins. E, em menos de dois anos, o governo de Ana Júlia Carepa (PT) criou algumas das principais condições sociais, institucionais, tecnológicas e infra-estruturais para induzir o novo modelo de desenvolvimento no Pará. E o fez segundo os ideais e compromissos de um partido de esquerda, que por décadas luta ao lado dos movimentos sociais em causas como habitação, meio ambiente, reforma agrária. O Pará, Estado rico, tem uma das populações mais pobres do Brasil. Assim, o principal objetivo do novo modelo de desenvolvimento é reduzir a pobreza, aumentando a produtividade média da população. O novo modelo, necessariamente, deve enfrentar o desafio de explorar os recursos naturais sem destruí-los: desenvolvimento sustentável. Promover arranjos institucionais para articular trabalhadores, empresários, governos, entidades de fomento. Construir projetos regionais de desenvolvimento. Discutir, às claras, frente a frente, sem burocracias, sem bravatas, soluções para eliminar gargalos à competitividade. Agregar ciência e tecnologia aos produtos e processos produtivos. Promover a inovação. Desses objetivos surgiram arranjos institucionais como o Fórum Paraense de Competitividade. A construção de três parques de ciência e tecnologia. A criação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Pará. O programa Navega Pará, uma rede pública e gratuita de comunicação em plena Amazônia, via fibra óptica, que é também o maior programa de inclusão digital do Brasil. Ações não apenas de um governo, mas de Estado, que promovem o social, de forma urgente, enquanto criam bases sólidas e duradouras para que o Pará gere empregos mais qualificados e produtos com maior valor agregado, com proteção ambiental e distribuição de renda.

LATITUDE 4

Foundations for Development

94

Pará lives a unique moment in history: it has rarely received, in such a short time, so many public and private resources, and in key areas such as infrastructure, energy, housing and sanitation (R$ 60 billion, between 2007 and 2012) . And at no other time, had, as today, a project of comprehensive and integrated development, with actions and results in the short, medium and long term. The proposed investments will enable the historical claims of paraense society, such as for construction of two locks of the waterway Tucuruí and Tocantins. And less than two years, the government of Ana Julia Carepa (PT) has created some of the major social conditions, institutional, technological and infrastructural to lead the new development model in Pará. And made it according to the ideals and commitments of a left party, which for decades fights alongside the social movements in causes such as housing, environment, land reform. Pará is a very rich state, and has one of the poorest in population of Brazil. Thus, the main objective of the new model of development is to reduce poverty, increasing the average productivity of the population. The new model, necessarily, must face the challenge of exploiting natural resources without destroying them: sustainable development. To promote institutional arrangements to articulate workers, businessmen, governments, and factoring entities. To build projects of regional development. To discuss, openly, without bureaucracy, without bravate, solutions to remove bottlenecks to competitiveness. To add science and technology to products and production processes. To promote innovation. These goals have emerged as the institutional arrangements for Fórum Paraense de Competitividade. The construction of three parks of science and technology. The creation of the Foundation for Support of Research of Navega Pará program, a public and free net of communications in full Amazon, via optical fiber, which is also the largest program of digital inclusion in Brazil. Actions not only of a government, but of the state, promoting the social, on an urgent fashion, while creating a solid and lasting basis for Pará to manage more highly qualified jobs and products with higher added value, with environmental protection and income distribution. Maurílio Monteiro Professor at Nucleus of High Amazonic Studies of Universidade Federal do Pará (Naea/UFPA) and Development, Science and Technology Secretary of the Estate of Pará


LATITUDE 4

Institucional

95


ACONTECEU NO HANGAR / happenigs at the Hangar

Fotos / photos: Jaime Souzza e Bob Menezes

Cultura para todos no HANGAR Programação de fim de ano começou no ritmo do samba e terminou com Folia de Reis

LATITUDE 4

Texto / text: Leandro Moreira

96

“Um Natal para Todos”. Com esse slogan, o Hangar fechou o ano de 2008 e entrou em 2009 com uma programação cultural ampla. De shows de Natal a Folia de Reis, a iniciativa viabilizada com recursos próprios do centro de convenções foi um sucesso: saldo de mais de 25 mil pessoas, que assistiram a cerca de 25 shows de artistas locais e nacionais e fizeram um total de 1,5 mil doações, destinadas a instituições de caridade que trabalham com idosos e crianças. Prova de que cultura e solidariedade podem caminhar juntas. O lançamento da programação de fim de ano ocorreu no dia 29 de novembro, com uma feijoada ao som da sambista Mart’nália. O primeiro show no palco externo ocorreu no dia 7, quando Papai Noel marcou presença para reforçar o caráter solidário da programação, já que, além de assistir aos shows, os espectadores também eram convidados a fazer doações voluntárias de brinquedos, fraldas geriátricas, lençóis, toalhas e objetos de higiene pessoal. A Orquestra Infanto-Juvenil de Violoncelistas da Amazônia se apresentou em seguida, e o cantor Guilherme Arantes interpretou canções recentes e sucessos consagrados. A cantora Joanna foi a principal atração do segundo final de semana. Após a apresentação do Coral Terra Alta, ela mostrou um apanhado de toda a sua carreira. No ritmo do calypso, uma apresentação especial de Kim Marques, Nelsinho Rodrigues e Diogo encerrou a noite. No

domingo, 14, o palco foi dos artistas locais, com o Coral do Ministério Público, Elói Iglesias e Markinho e Banda Violetha.

Maratona A terceira semana foi marcada por uma verdadeira maratona de shows para todos os gostos. O dia 19, teve o ritmo da Marujada de Bragança, as guitarradas de Caburé e Mestre Vieira, e o “country com tucupí” da dupla Beto e Leno. Já o dia 20 contou com o Coral Opus Musical, as guitarradas psicodélicas do La Pupuña e com a grande mistura promovida pela Orquestra Imperial, formada por grandes nomes da música nacional apresentando um repertório que vai das doces marchinhas de carnaval, passando por clássicos do rock e terminando com pérolas dos anos 80. Ivan Lins, grande atração do domingo, 21, quando soube da gratuidade da programação e da arrecadação de doações, se disse ainda mais motivado a participar. “A fusão entre cultura e projetos sociais dá em algo mais forte e importante. Fico honrado em fortalecer esse projeto”, comentou. Antes de Ivan Lins, ainda se apresentaram o Coral Vale Música e as cantoras Alba Maria, Maria Lídia, Simone Almeida e Andréa Pinheiro.


Folia de Reis Os festejos natalinos culminaram no dia seis de janeiro, com a Folia de Reis. O Hangar relembrou a história dos três Reis Magos, presenteando crianças e idosos atendidos pelo Centro Comunitário Paulo Roberto, Associação Cultural Garra Junina, Tapajós Sport Club, Criança Cidadã, Casa Andréa, Abrigo João Paulo II. Cem crianças que enviaram pelos Correios cartinhas com pedidos para o Papai Noel também tiveram seus pedidos atendidos pelo Hangar. Todos brincaram com o palhaço Repolho, o Papai Noel e assistiram à apresentação das Pastorinhas do bairro do Telégrafo. Houve show da cantora Cleide Morais, e a Folia de Reis terminou ao ritmo das toadas de boi do Arraial do Pavulagem. “Essa é a obrigação de toda instituição, seja ela pública ou privada. Fizemos eventos fechados o ano inteiro, e no final do ano presenteamos o público com shows gratuitos, que culminaram com uma grande arrecadação que está sendo entregue nessa grande festa. Se cada instituição fizer a sua parte, vamos ter um mundo melhor”, pontuou Joana Pessoa, presidente do Hangar. LATITUDE 4

Em plena segunda-feira, 22, o público foi brindado com o melhor da música erudita. Arthur Moreira Lima mostrou porque é o maior pianista do Brasil, e a platéia ainda conferiu o trabalho da Banda de Música do 2º Bis da 8ª Região Militar e dos percussionistas do Trio Manari. No dia 23, o contrabaixista, compositor e arranjador Minni Paulo tocou clássicos da Bossa Nova, obras do maestro Waldemar Henrique e composições próprias. Ao final da apresentação, o instrumentista paraense fez questão de agradecer. “Poucas vezes nós, artistas, podemos tocar para um público tão bom, num palco tão bom, num lugar tão bom. Vocês estão de parabéns”, disse. Logo em seguida, a atração foi Léo Maia, filho de Tim Maia. A primeira parte da programação natalina terminou com o ensaio da queima de fogos do réveillon do Hangar, que este ano teve shows de Roupa Nova e da bateria da escola de samba carioca Beija-Flor de Nilópolis. Todos os artistas convidados semearam e plantaram mudas, engajados ao programa Um Bilhão de Árvores para a Amazônia, do Governo do Estado do Pará, do qual o Hangar é o divulgador oficial.

97


LATITUDE 4

ACONTECEU NO HANGAR / happenigs at the Hangar

98


NATAL HANGAR

“A Christmas for All.” With this slogan, Hangar ended year 2008 and came into 2009 with a broad cultural program. from Christmas shows to Folia de reis, the initiative developed with convention center’s own resources was a success: the balance totaled an audience of more than 25 thousand people who attended about 25 shows of local and national artists and made a total of 1.5 thousand donations, to a charity working with elderly and children. Proof that culture and solidarity walk together. The launch of the year-ending schedule occurred on November 29, with a ‘feijoada’ with sambista Mart’nália, promoted with the objective of raising funds to help in the cost of outdoor concerts presented on the outside part of the Hangar, for all the weeks of December. The premiere took place on 7, when Santa Claus was present to talk to children about the importance of Christmas and to strengthen the solidarity character of the schedule, since, in addition to attend the show, viewers were also invited to make voluntary donations of toys , geriatric diapers, sheets, towels and objects of personal hygiene. The Orquestra Infanto-Juvenil de Violoncelistas da Amazônia presented next, and right after the singer Guilherme Arantes sang his most successful songs. The singer Joanna was the main attraction of the second weekend. After the presentation of Coral Terra Alta, she showed an overview of its entire career. In the rhythm of calypso, a special presentation of Kim Marques, Nelsinho Rodrigues and Diogo closed the night. On Sunday 14th, the stage was dominated by local artists, with Coral do Ministério Público, Eloy Iglesias and Markinho and Banda Violetha.

Marathon The third week was marked by a real marathon of shows for all tastes. On the 19th, was Marujada de Bragança, the guitars of Caburé and Mestre Vieira, and the country with ‘tucupí’ of Beto and Leno duo. On the 20th we had the Coral Opus Musical, the guitars of psychedelics La Pupuña and with the great mixture promoted by Orquestra Imperial, composed of big names in the national music featuring a repertoire that goes from sweet to marchinhas carnival, through the classic rock and ending with pearls of the 80s. Ivan Lins, major attraction of Sunday, 21st, when he knew about free concerts and the collection of donations, told he was even more motivated to participate.

“The fusion of culture and social projects it into something stronger and more important. I am honored to strengthen this project,” he said. Before Ivan Lins, Coral Vale Música and the singers Alba Maria, Maria Lídia, Simone Almeida e Andréa Pinheiro presented on stage. In plain Monday, 22nd , the public was offered with the best of classical music. Arthur Moreira Lima showed why he’s the greatest pianist of Brazil, and the audience also watched the presentations of Banda de Música do 2o Bis da 8ª Região Militar and from drummers of Trio Manari.. On day 23rd, the contrabass player, composer and arranger Minni Paulo played classics of Bossa Nova, pieces of master Waldemar Henrique and own compositions. At the end of the presentation, Minni Paulo, who was born in Pará, wished to thank. “Few times we, artists, can play to a very good audience, on a very good stage, in a place so good. You are all congratulated,” he said. Soon after, came to stage the son of one of the biggest icons of the Brazilian soul. Léo Maia, son of Tim Maia, shook the audience with songs from his latest CD and successes of other artists, such as Jorge Ben Jor. The first part of the Christmas schedule ended with fireworks of New Year’s Eve of Hangar, which this year held shows of Roupa Nova band and Bateria da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis.

Folia de Reis The Christmas festivities culminated on January 6th, with Folia de Reis. Hangar recalled the story of the three wise men, giving presents to 800 children from poor communities, 100 children that have sent letters with requests for present to Correios (post office) and attended resthomes as Casa Andréa, João de Deus shelter and João Paulo II shelter. All played with the clown Repolho, the Santa Claus and attended the presentation of the Pastorinhas of the district of Telégrafo. The delivery of presents occurred during the singer Cleide Morais’ show, and Folia de Reis ended the rhythm of ‘Toadas do boi - Arraial do Pavulagem’. But the program did not end there. In the month of February deliveries are already scheduled for donations to institutions that work with children with cancer and HIV virus, and could not attend the party in Hangar. “This is the obligation of every institution that works with events. We did closed events the year round, and at the end of the year we gave the public free concerts, culminating with a great gathering that is being given away in this great celebration. If each institution makes its share, we will have a better world”, said Joana Pessoa, president of the Hangar.

LATITUDE 4

Hangar promotes Culture for all. Year-ending schedule started in the rhythm of samba and ended with Folia de Reis.

99


UM BILHÃO DE ÁRVORES / one bilion trees

HANGAR convida personalidades a aderir ao programa Um Bilhão de Árvores para a Amazônia Centro de Convenções paraense é responsável pela divulgação deste que é o maior programa de reflorestamento do mundo

LATITUDE 4

Texto / text: Leandro Moreira

100

Viver na Amazônia dos dias de hoje sem se preocupar com as questões ambientais da região é impossível. O aquecimento global, um dos maiores vilões do século XXI, tem sido combatido com o surgimento cada vez mais freqüente de campanhas e programas que visam alertar as pessoas das conseqüências do fenômeno ao longo dos tempos. Ciente de que não bastam políticas públicas para reverter este processo, o Governo do Estado do Pará criou o ‘Um Bilhão de Árvores para a Amazônia’, programa de mobilização popular para a restauração de áreas degradadas, abandonadas ou subutilizadas, e que tem como meta o plantio de um bilhão de espécimes vegetais até o ano de 2013. Tal iniciativa tem como objetivo tornar-se um movimento da sociedade paraense, incentivando cada habitante da região amazônica a fazer a sua parte, mesmo que seja plantando uma única muda. Neste sentido, a administração do Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia aderiu à iniciativa desde abril de 2008, assumindo papel de promotor do programa, o que foi ratificado por um convênio com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, assinado em julho de 2008. Inicialmente, a idéia era convidar todas as personalidades que passassem pelo centro de convenções a semear mudas de espécies raras, que agora estão se desenvolvendo em estufas mantidas pela Sema. Indo mais além, alguns convidados decidiram colocar literalmente as mãos na terra e já plantaram suas mudas, que começam a se desenvolver nos jardins do Centro de Convenções. O projeto deu tão certo que, agora, todas os nomes de apelo popular que passam pela cidade recebem o convite do Hangar, independente do motivo de visita a Belém. “Nossa intenção é que toda personalidade que venha a Belém plante sua árvore e semeie outras mudas. Dessa forma, o Hangar também aproveita a visibilidade de artistas, políticos e outras personalidades para associar suas imagens à campanha e, com isso, servir de estímulo para o público em geral aderir ao projeto”, explica

Joana Pessoa, presidente do Hangar. E não foram poucos os que aderiram. O jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho, os cantores Rita Lee, Ivan Lins, Victor Ramil, Mart´nália e Alcione, os escritores Nélida Piñon e Ariano Suassuna, o apresentador de TV Serginho Groisman, o lutador de boxe Popó, a modelo Caroline Ribeiro e a banda alemã Scorpions são alguns dos 60 nomes que já se engajaram ao programa, cuja semente inicial foi plantada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva. Os ‘semeadores’ se emocionam em deixar sua contribuição, seja ela nas sementinhas que estão crescendo na terra, seja, simbolicamente, na cabeça e nos corações do público que os têm como referência. “Eu já plantei muitas árvores. Adoro a natureza e acho importante que cada um faça a sua parte”, destacou o cantor Nando Reis, enquanto plantava uma muda de ipê roxo e regava outras de cedro e paricá. “Parece que estamos fazendo uma coisa simples, mas não é. Isso está mexendo com minhas entranhas, me dando uma sensação muito boa. Espero que isso sirva para mexer com outras cabeças, porque muita gente precisa de conscientização. Parece que plantar uma árvore é algo pequeno, mas a simbologia disso é enorme, até espiritual, eu diria”, destacou Saulo Fernandes, vocalista da banda Eva. O coordenador do programa e engenheiro florestal da Sema, Marcus Biazatti, diz que a iniciativa do Hangar é muito relevante, ultrapassando as prerrogativas de um centro de convenções ao mostrar que todos podem ajudar. Basta querer. “A nossa intenção é que o programa não fique sujeito apenas a ações governamentais, tornando-se uma das responsabilidades da sociedade paraense em geral. Nesse sentido, essa idéia de promover o plantio e o semeio através de personalidades que passam pela cidade, sejam cantores ou políticos, faz com que as pessoas vejam o programa com outros olhos. Trata-se de um ato simbólico que é parte da proteção da Amazônia, e isso dá um bom respaldo ao programa”, destaca.


Arcelino Popó

Banda Calypso Ronaldinho Gaúcho

Fafá de Belém

Timbalada

Bruno e Marrone

Caroline Ribeiro

Living in the Amazon of today without worrying about environmental issues in the region is impossible. Global warming, one of the greatest villains of the XXI century, has been fought with the emergence of increasingly frequent campaigns and programs aimed at alerting people of the consequences of the phenomenon over time. Aware that public policies are not enough to reverse this process, the Government of the State of Pará created the ‘One Billion Trees to the Amazon’, a program of popular mobilization for the restoration of degraded areas, abandoned or underutilized, and that aims to the planting of one billion specimens of plants by the year 2013. This initiative aims to become a movement in paraense society, encouraging each inhabitant of the Amazon region to do their share, even if planting a single seedling. In this sense, the administration of the Hangar Fairs and Convention Center of the Amazon joined the initiative since April 2008, assuming role of promoter of the program, which was ratified by an agreement with the Secretary of State for the Environment, signed in July 2008 . Initially the idea was to invite all people who pass by the convention center to sow seedlings of rare species, which are now developing in greenhouses maintained by Sema. Going further, some guests decided to literally put their hands to the ground and has planted their seedlings, which begin to grow in the gardens of the convention center. The project was so sucessfull that now, all the names of popular appeal that pass through the city receive the invitation of the Hangar, regardless of the reason for visiting the city. “Our intention is that every person coming to Belém Spread The plant its tree and other seedlings. Thus, the Hangar would also take the visibility of artists, politicians and other personalities to join their images to the campaign and thereby serve as a stimulus for the general public to join the project, “says Joana Pessoa, president of the Hangar. And there were few people who joined. The football player Ronaldinho Gaúcho, the singers Rita Lee, Ivan Lins, Victor Ramil, Mart’nália and Alcione, writers Nélida Piñon and Ariano Suassuna, TV showman Serginho Groisman, the boxer Popó, top model Caroline Ribeiro and German band Scorpions are among the 60 names that already engage in the program, whose initial seed was planted by President Luís Inácio Lula da Silva. The ‘sowers’ are excited to leave your contribution, whether in seedlings that are growing in the ground or, symbolically, in the head and in the hearts of the public who have them as reference. “I have planted many trees. I love nature and I think it important that each do their share,” said the singer Nando Reis, while planting a purple ipê and watering cedar and paricá seeds. “It seems we are doing something simple, but it is not. This is picking on my bowels, giving me a very good feeling. I hope that this serves to move to other heads, because many people need awareness. Looks like planting a tree is something small, but the symbolism of this is huge, even spiritual, I would say, “said Saulo Fernandes, lead singer of the banda Eva. The coordinator of the program and forestry engineer of Sema, Marcus Biazatti, says the initiative of Hangar is very relevant, exceeding the powers of a convention center to show that everyone can help. Just want. “Our intention is that the program is not subject only to governmental actions, becoming one of the responsibilities of paraense society in general. In that sense, this idea of promoting the planting and sowing personalities that pass through the city, are singers or political, makes people to see the program with different eyes. This is a symbolic act that is part of the protection of the Amazon, and it gives good support to the program”, he highlights.

LATITUDE 4

Hangar invites people to join the program One Billion Trees to the Amazon. Pará Convention Center is responsible for disclosure of the largest program of reforestation of the world .

101


PORTA-RETRATO / snapshot

Lançamento da 4ª Latitude. A quarta edição da Revista Latitude chegou ao mercado totalmente reformulada e com mais matérias sobre cultura, literatura, informação, moda e lazer no Pará. Lançada no dia 17 de outubro com um show da cantora Luiza Possi, a revista trouxe novidades gráfica e de conteúdo.

Release of the 4th Latitude. The fourth edition of Latitude Magazine went out completely reformulated and with more articles about culture, literature, information, fashion and entertainment in Pará. Released on October 17th with a concert of the singer Luiza Possi, the magazine brought new design and content.

XXIII Congresso Brasileiro de Anatomia. Com o tema ‘Anatomia na Amazônia: Inovar para preservar a vida’, o XXIII Congresso Brasileiro de Anatomia foi realizado pela primeira vez na região Norte, no período de 19 a 23 de outubro. O evento, que é considerado o maior de anatomia humana e animal, contou com mais de dois mil inscritos.

XXIII Brazilian Anatomy Congress. With the subject ‘Anatomy in Amazon: Innovate to preserve life’, the XXIII Brazilian Anatomy Congress happened for the first time in the North Region, in the period between October 19th and 23rd. The event, which is considered the biggest in human and animal anatomy, counted on more than two thousand participants.

Semana Estadual de Ciência e Tecnologia.

LATITUDE 4

Integrar instituições de pesquisa e pesquisadores. Este foi um dos objetivos da Semana Estadual de Ciência e Tecnologia, realizada de 20 a 23 de outubro. O evento é parte da Semana Nacional de Ciência Tecnologia, que, em sua quarta edição, ocorreu simultaneamente em quatro cidades paraenses.

102

Science and Technology State Week . To integrate research institutes and researchers. This was one of the goals of the Science and Technology State Week, occurred between October 20th and 23rd. The event is part of the Science and Technology National Week, which in its fourth edition occurred simultaneously in four cities of Pará.


Melhores do Mundo. Pela segunda vez no Hangar, a Companhia de Teatro Os Melhores do Mundo cumpriu a premissa de levar a platéia a muitas gargalhadas, nos dias 25 e 26 de outubro. Com o espetáculo ‘Hermanoteu na Terra de Godah’, a companhia mostrou mais uma vez aos paraenses o seu jeito despachado e dinâmico de fazer humor.

Melhores do Mundo. For the second time in Hangar, Os Melhores do Mundo (The Bests of the World) Theater Company fulfilled the promise of taking the audience to lots of laughs, on October 25th and 26th. With the show ‘Hermanoteu na Terra de Godah’ (Hermanoteu at Godah’s Land), the company showed once again to our audience their unusual and dynamic way of doing humor.

Eleições 2008. No dia 26 de outubro, a contagem dos votos do segundo turno do pleito municipal de Belém marcou o fim das Eleições 2008, com a apuração concentrada no Hangar. Como no primeiro turno, foi montada uma grande infraestrutura que dispôs de tecnologia e segurança, garantindo uma apuração mais ágil e tranqüila.

2008 Elections. On October 26th, the vote counting for the second turn of elections in Belém marked the end of 2008 Elections, with the counting based in Hangar. As in the first turn, a big infrastructure was assembled which offered technology and security, assuring a faster and calmer counting.

Dia do Servidor. O Governo do Estado prestou uma homena-

LATITUDE 4

Servant’s Day. State Government gave homage to its servants on October 27th, celebrating the State Public Servant’s Day. The event offered a concert of the singer Alcione, that touched the over 16 thousand guests.

Foto / photo: Cláudio Santos - Ag. Pará

gem aos seus servidores no dia 27 de outubro, em comemoração ao Dia do Servidor Público Estadual. O evento contou com o show da cantora Alcione, que emocionou os mais de 16 mil convidados.

103


PORTA-RETRATO / snapshot

Amazon Pec. Com o tema ‘Meio Ambiente e Pecuária’, o Encontro Internacional da Pecuária da Amazônia - AmazonPec discutiu alternativas para a expansão da pecuária brasileira. O evento, realizado de 30 de outubro a 3 de novembro, contou com uma vasta programação técnica, leilões de animais e rodadas de negócios.

Amazon Pec. With the subject ‘Environment and Cattle Breeding’, the International Amazon Cattle Breeding Meeting - Amazon Pec discussed alternatives for expansion of Brazilian cattle breeding. The event, occurred between October 30th and November 3rd, counted on a vast technical program, animal auctions and business rounds.

Feira da Mineração – Exposibram 2008. Cerca de 130 expositores do Brasil e de outros países fizeram parte da Exposibram 2008, de 10 a 15 de novembro. O evento foi promovido pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa) e do Governo do Estado.

Mining Fair – Exposibram 2008. Around 130 expositors from Brazil and other countries took part in Exposibram 2008, between November 10th and 15th. The event was promoted by the Brazilian Mining Institute (Ibram from Portuguese), in partnership with the Industry Federation of State of Pará (Fiepa from Portuguese) and State Government.

Circuito Cultural Banco do Brasil. O Centro Cultural

LATITUDE 4

Banco do Brasil Itinerante, em comemoração aos 200 anos do Banco do Brasil, passou por Belém nos dias 14 e 15 de novembro trazendo a peça ‘Pelo Amor de Deus, Não Fale Assim Comigo’, estrelada por Cissa Guimarães, e um batepapo com o escritor Nelson Motta.

104

Banco do Brasil Cultural Circuit. Banco do Brasil Moving Cultural Center, celebrating the 200 years anniversary of Banco do Brasil, passed through Belém on November 14th and 15th bringing the play ‘Pelo amor de Deus, Não Fale Assim Comigo’ (For the love of God, do not speak like this to me), starred by Cissa Guimarães, and a chat with the writer Nelson Motta.


10 anos de Gráfica Delta. O aniversário de 10 anos da Gráfica Delta, realizado no dia 22 de novembro, reuniu clientes, amigos, fornecedores e parceiros que celebraram o sucesso da empresa. O evento contou ainda com um show do cantor Léo Maia.

10 years of Gráfica Delta. The 10 years anniversary of Gráfica Delta, occurred on November 22nd, joined clients, friends, suppliers and partners that celebrated the company’s success. The event offered a concert of the singer Léo Maia.

Seminário Nacional dos Bombeiros. Bombeiros e profissionais atuantes na área de segurança discutiram o tema ‘A prevenção e a preservação da Amazônia Sustentável’ durante o X Seminário Nacional de Bombeiros - Senabom. O encontro, realizado pela primeira vez no Norte do país, ocorreu de 24 a 27 de novembro e contou com a participação de 27 Estados.

National Firemen Seminar. Firemen and professionals that work in the security sector discussed the subject ‘Prevention and preservation of sustainable Amazon’ during the X National Firemen Seminar – Senabom from Portuguese. The meeting, occurred for the first time in the north of the country, happened between November 24th and 27th and counted with 27 States participating.

Fórum Pan-Amazônico de Pesca e Aquicultura. Realizado entre os dias 27 e 30 de novembro, o fórum reuniu pes-

Amazon Fishing and Aquiculture Forum. Occurred between November 27th and 30th, the forum joined fishermen, entrepreneurs and several authorities, including the titular of Aquiculture and Fishing Special Secretary, Altemir Gregolin, who, during the event, announced investments of R$ 65 million that will be done by the federal government in the sector.

LATITUDE 4

cadores, empresários e diversas autoridades, inclusive o titular da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, Altemir Gregolin, que, durante o evento, anunciou investimentos de R$ 65 milhões que serão feitos pelo governo federal no setor.

105


PORTA-RETRATO / snapshot

Show Edu Lobo. Depois de um longo jejum de mais de 20 anos longe dos fãs paraenses, Edu Lobo fez um grande passeio por seus maiores sucessos solo e em parcerias com grandes amigos, como Chico Buarque, Vinícius de Moraes, Aldir Blanc e João Bosco.

Edu Lobo’s Concert. After 20 years away from Pará’s fans, Edu Lobo did a long journey throughout his greatest solo hits and partnerships aside great friends, like Chico Buarque, Vinícius de Moraes, Aldir Blanc and João Bosco.

Lançamento da Revista Bacana. Amigos, parceiros e leitores prestigiaram no dia 12 de dezembro o lançamento da nova edição da Revista do Bacana, que homenageou o político Jader Barbalho. O ponto alto da noite foi o show de samba romântico e clássicos da MPB interpretados por Emílio Santiago.

Release of Bacana Magazine. Friends, partners and readers gave prestige on December 12th to the release of Bacana Magazine’s new edition, which honored the politician Jader Barbalho. The peak of the night was the concert of romantic samba and MPB classics interpreted by Emílio Santiago.

Show de Jorge Vercillo. O cantor carioca fez duas apresen-

LATITUDE 4

tações em Belém, no mês de dezembro. No dia 13, ele foi atração da confraternização de fim de ano da Unimed Belém, e, no 14, fez um show para os fãs paraenses, com direito a todos os hits que marcaram a sua carreira.

106

Jorge Vercillo’s Concert. The singer from Rio de Janeiro did two presentations in Belém, in December. On 13th, he was attraction of Unimed Belém’s end of year confraternization, and, on 14th, did a concert for fans of Pará, with all the hits that marked his career.


Diplomação das Eleições 2008. O prefeito reeleito Duciomar Costa e mais 35 vereadores eleitos para a Câmara Municipal de Belém foram diplomados pelo Tribunal Regional Eleitoral no dia 17 de dezembro. A cerimônia foi presidida pela Juíza da 96ª Zona Eleitoral, Eva do Amaral Coelho.

Diploma Granting of 2008 Elections. The reelected mayor Duciomar Costa and another 35 elected town councilors for Municipal Chamber of Belém received a diploma by Regional Electoral Tribunal on December 17th. The ceremony was presided by 96th Electoral Zone Judge, Eva do Amaral Coelho.

Seduc promove diversas ações. De outubro a dezembro, a Secretaria de Estado de Educação– Seduc promoveu diversas atividades no Hangar, tais como: Formação Continuada do Mova Pará Alfabetizado, Formação de Técnicos do Ensino Fundamental, Seminário ‘Gênero e educação: por uma cultura de paz nas escolas’, Recepção aos Novos Pedagogos da Rede Estadual, I Encontro de Bandas e Fanfarras, II Seminário Estadual do Ensino Médio Modular e o lançamento do livro ‘Políticas de Educação Básica’.

Seduc promotes different actions. From October to December, the State Secretariat for Education-Seduc promoted different activities in the Hangar, such as: Continuing Education of the move to Literate, the Technical Training School, Seminar ‘Gender and education: a culture of peace in schools’ , reception to the New Educators Network of State, I Encounter of Bands and Fanfarras, II Seminar of State High School Modular and release of the book ‘Policies for Basic Education’.

Encontro do Tribunal de Contas dos Municípios. O Encontro de Prefeitos e Vereadores, realizado pelo Tribunal

Meeting of the Court of Accounts of Municipalities . The Meeting of Mayors and Councilors, conducted by the Court of Municipalities (TCM-PA), happened on 13th and Jan. 14th, in Hangar Fairs and Convention Center of the Amazon. The event served to guide the new managers and consolidating relations between the legislative and executive for the future of the state.

LATITUDE 4

de Contas dos Municípios (TCM-PA), aconteceu nos dias 13 e 14 janeiro. O evento serviu para orientar novos gestores e consolidar as relações entre o legislativo e o executivo para o futuro do Estado.

107


PORTA-RETRATO / snapshot

MAIS EVENTOS QUE ACONTECERAM NO HANGAR

Data: 20.10.2008 XIII Encontro Nacional de Metodologia Data: 4.11.2008 Seminário Internacional de Plantas Medicinais e Fisioterápicas do Pará Data: 4.11.2008 7ª Oficina de Inclusão Digital Data: 5.11.2008 III Encontro de Vigilância Sanitária do Pará Data: 10.11.2008 Semana de Administração Orçamentária, Financeira e de Contratações Publicas para Estados e Município Data: 18.11.2008 XXXIII Convenção Estadual de Pastores da Igreja do Evangelho Quadrangular Data: 19.11.2008 Amazonia Fashion Week Data: 19.11.2008 Semana Global do Empreendedorismo Data: 20.11.2008 Entrega do prêmio Jovem Empresário do Ano Data: 20.11.2008 30 Anos da Ckon Engenharia Data: 28.11.2008 III Encontro da Mulher Contabilista do Pará Data: 28.11.2008 II Congresso Norte-Nordeste de Infectologia Data: 1.12.2008 Conferência Infanto-Juvenil de Meio Ambiente Data: 3.12.2008 Encontro de Gestores Municipais Data: 4.12.2008 Feira Internacional de Turismo – Fita Data: 8.12.2008 Encontro Regional do Programa Esporte e Lazer da Cidade Data: 10.12.2008 Festa de confraternização do Sindicato dos Jornalistas Data: 11.12.2008 Entrega das carteiras do exame da OAB Data: 13.12.2008 Festa de confraternização da Unimed/Belém Data: 15.12.2008 Recital do Instituto Felipe Smaldone Data: 16.12.2008 Confraternização Natalina do TJE Data: 17.12.2008 Reunião do Conselho Superior da Fapespa Data: 17.12.2008 Reunião de Planejamento da Sespa / 2009 Data: 17.12.2008 Encontro do Projeto de Articulação e Gestão Ambiental Data: 19.12.2008 Reunião Anual de Avaliação das Atividades da Sema Data: 19.12.2008 Confraternização da Amepa Data: 20.12.2008 Confraternização da Seduc Data: 10.1.2009 Confraternização do Armazém Paraíba MORE EVENTS

LATITUDE 4

Date: 10.20.2008 XIII National Meeting of Methodology Date: 11.4.2008 International Seminar on Medicinal Plants and Physiotherapy Pará Date: 11.4.2008 7th Workshop on Digital Inclusion Date: 11.5.2008 III Meeting of Health Surveillance of Pará Date: 11.10.2008 Week of Management Budget, Finance and Public Contracts for the city and whole State Date: 11.18.2008 XXXIII State Convention of Pastors of Gospel Church Date: 11.19.2008 Amazon Fashion Week Date: 11.19.2008 Global Entrepreneurship Week Date: 11.20.2008 Delivery of the Young Entrepreneur of the Year Award Date: 11.20.2008 30 Years of Ckon Engineering Date: 11.28. 2008 Third Meeting of Women Accountant of Pará Date: 11.28. 2008 North-Northeast Second Congress of Infectious Diseases Date: 12.1. 2008 Child and Youth Conference on Environment Date: 12.3. 2008 Meeting of Municipal Managers Date: 12.4. 2008 International Fair of Tourism - Fita Date: 12.8. 2008 Regional Meeting of the Sports and Recreation Program of the City Data: 12.10. 2008 Feast of fraternization of the Union of Journalists Date: 12.11. 2008 Delivery of Portfolios examining of OAB Date: 12.13. 2008 Party of fraternization of Unimed / Belem Date: 12.15. 2008 Recital of the Institute Felipe Smaldone Date: 12.16. 2008 Christmas fraternization of the ECJ Date: 12.17. 2008 Meeting of the Board of FAPESP Date: 12.17. 2008 Meeting of the Planning Sesp / 2009 Date: 12.17. 2008 Meeting of the Draft Environmental Management and Coordination Date: 12.19. 2008 Annual Meeting of Assessment of Activities of Sema Date: 12.19. 2008 Fraternization of Amepa Date: 12.20.2008 Fraternization of Seduc Date: 12.10. 2008 Fraternization of Paraíba Warehouse

108


QUALIDADE HANGAR / snapshot

Conforto e tecnologia Antigo depósito foi transformado no mais moderno auditório do Centro de Convenções

Texto / text: Ana Carolina Palmeira

Hangar has new auditorium. Former storage room has been transformed into the most modern auditorium of the Convention Center. The public has one more option to conduct events in Hangar Fairs and Convention Center of the Amazon, the Marajó auditorium. Built in just 10 days, duration considered to be a record by the architect Isolda Contente, the area had its inauguration on November 6 and is the first on Hangar to have complete equipment for lighting, sound and video projectors controlled electronically, an advantage for those who holds the events. As soon as possible, the main auditorium, with a capacity of 2.6 thousand people, wil also see that benefit. Marajó auditorium has a capacity for 400 comfortably accommodated people in an area of 236 square meters which can be used in various ways, divided into two auditoriums, multipurpose rooms or in rooms of support, all in accordance with the event’s needs. The space that was once used as a storage room, has thermal and acoustic insulation and also has an hall of 37.25 meters and a technical area to control audio and video. The State Secretariat of Education opened the meeting with a Seminar of “Educação Continuada”, with a doctorate in Child Education, Sônia Kramer, form Rio de Janeiro. By December 11 events were held in this space, including the II Seminar of Management Evaluation of the State Secretariat of Education, Training of Teachers for the criminal justice system promoted by Susipe / Seduc, among others.

LATITUDE 4

O público ganhou mais uma opção para realizar eventos no Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, o auditório Marajó. Construído em apenas 10 dias, tempo considerado recorde pela arquiteta Isolda Contente, o espaço teve sua inauguração no dia 6 de novembro e é o primeiro do Hangar a contar com equipamento completo de iluminação, som e projetores de vídeo controlados eletronicamente, uma vantagem para quem realiza os eventos. Em breve, o auditório principal, com capacidade para 2,6 mil pessoas, também contará com mais esse benefício. O auditório Marajó tem capacidade para 400 pessoas confortavelmente acomodadas, numa área de 236m² que pode ser usada de diversas maneiras, seja dividida em dois auditórios, em salas multiuso ou em salas de apoio, tudo de acordo com a necessidade do evento. O espaço, que antes era utilizado como depósito, possui isolamento acústico e térmico e conta também com uma antessala de 37,25m² e uma área técnica para controle de áudio e vídeo. A Secretaria de Estado de Educação inaugurou o espaço com o Encontro de Formação Continuada, que trouxe do Rio de Janeiro a doutora em Educação Infantil, Sônia Kramer. Até dezembro foram realizados 11 eventos neste espaço, entre os quais o II Seminário de Avaliação Gerencial da Secretaria de Estado de Educação e a Formação de Professores para o Sistema Penal promovido pela Susipe/Seduc, entre outros.

109


QUALIDADE HANGAR / snapshot

HANGAR gera trabalho e aquece economia Profissionalização marca o crescimento do setor de turismo e eventos

LATITUDE 4

Texto / text: Leandro Moreira

110

O turismo no Pará terá um incremento de 11,73%, entre 2008 e 2011. Segundo projeção do Governo do Estado, neste período a estimativa é que venham para terras paraenses mais de 642 mil turistas, e que o faturamento relacionado ao setor cresça 89,6%. Esses visitantes são atraídos pelas belezas naturais e exóticas da região, mas também virão participar de feiras, congressos e seminários nacionais e internacionais sediados no Hangar, centro de convenções que se tornou referência não só na realização de grandes eventos, mas também como pólo gerador de inúmeros empregos diretos e indiretos no Pará. “O Pará está se consolidando não só na área do turismo de lazer, mas também no de eventos e negócios, um dos maiores viés do desenvolvimento local e fomentador de emprego e renda”, elogiou o ministro do Turismo Luiz Barreto, durante participação na Feira Internacional de Turismo da Amazônia – Fita, realizada no Hangar. Em menos de dois anos, o centro de convenções paraense recebeu mais de 2 milhões de visitantes e ganhou dois Prêmio Caio, considerado o Oscar do setor de eventos. O grande número de eventos nacionais e internacionais também atesta a qualidade do serviço ofertado pelo Hangar. “Isso com certeza vai confirmar Belém como porta de entrada do turismo de eventos e negócios na Amazônia, já que meio ambiente é o tema de grande apelo internacional no século XXI. Vindo participar de um evento aqui, o turista pode conhecer destinos e belezas naturais como em nenhum outro lugar do mundo”, destacou o ministro. “A Zona Franca consolidou Manaus, e Belém tem tudo pra se consolidar com o Hangar. Dá pra ver que há uma integração entre grandes empresas que se estabeleceram na região com o governo do Estado, e esse centro de convenções tende a ser o ingrediente principal para que a capital paraense se torne uma opção de nível nacional para a

realização de quaisquer eventos”, disse. O turismo de eventos tem a capacidade de envolver os mesmos atores do turismo de lazer, como os setores de transporte, hotelaria e comércio, mas os benefícios também se ampliam para todo o segmento envolvido com a realização de congressos, feiras, cursos, etc. “Atualmente o setor movimenta cerca de R$ 32,7 bilhões, gerando mais de 700 mil empregos por ano no Brasil, direta e indiretamente”, calcula o ministro do Turismo. “Isso significa mais emprego para pessoas que trabalham com montagem de estandes, som, bufê, e chega até aos artistas, afinal a cultura local geralmente é apresentada na abertura ou no encerramento de eventos. O turismo de eventos tem, portanto, a mesma possibilidade de gerar rendas do turismo de lazer, só que de forma ampliada e com a capacidade de envolver outros setores”, destaca Marcelo Pedroso, diretor de Turismo de Negócios e Eventos da Empresa Brasileirade Turismo - Embratur. “Um turista que participa de um evento tem um gasto médio diário de 150 dólares, mas uma pesquisa que estamos fazendo com a Fundação Getúlio Vargas para estudar o impacto econômico desse segmento em 2007 e 2008 tem apontado que em algumas cidades esse turista gasta praticamente o dobro”, revela o diretor da Embratur, lembrando que esse dinheiro se reverte em divisas e aquece a economia local. E é de olho nesse turista que está Reginaldo Ferreira, presidente da Coopertur, cooperativa de táxis que oferece serviço especializado para atender a maior demanda advinda após a inauguração do centro de convenções. “Aqui todos os taxistas passaram por um curso de capacitação e estão aptos para transportar qualquer passageiro do mundo. Além de ser mais emprego gerado, há uma maior qualificação, e isso é ótimo”, comemora.


O presidente da Coopertur diz que, em dia de evento, o movimento é intenso. “Em dias de eventos maiores, o movimento dobra e tudo fica muito corrido. Posso dizer que o Hangar é vital pro funcionamento da Coopertur, porque foi algo que veio ajudar a concretizar o sonho de criar uma cooperativa de táxi diferenciada das outras, mostrando um novo conceito no serviço de táxi em Belém”, frisa. Especialização também é palavra de ordem na Eventum Planejamentos, montadora de algumas das principais feiras que já passaram pelo Hangar. “Não consigo mensurar percentuais de crescimento, mas a aceleração do aumento do número de eventos mexeu demais com toda a cadeia produtiva envolvida, e esse quantitativo traz junto evolução de estrutura de mão-de-obra e tecnologia”, explica Hamilton Oliveira. Trabalhando há 23 anos no mercado paraense, Hamilton percebe que o grande serviço ofertado pelo Hangar garante agenda cheia, o que obriga a profissionalização cada mais maior de quem trabalha com montagem e desmontagem de eventos. “Há alguns anos, para preparar uma feira de supermercado eu tinha dez dias de montagem, por exemplo. Com a agenda lotada do Hangar, hoje tenho cinco dias para fazer muito mais coisa, porque também se elevou o nível de apresentação dos estandes. O expositor que fazia uma apresentação mais simplória, só pelo fato de estar em um evento no Hangar exige algo melhor apresentado, com material diversificado. Profissionalismo é conseqüência natural e o equipamento exige isso”, diz o empresário, que comanda um extenso time de marceneiros, pessoal de elétrica, montadores, pintores, etc. “Diante desse novo cenário, nós também partimos para investimento e suporte técnico, já que o estande precisa chegar ao centro de convenções pronto ou semi-pronto, e é fundamental a celeridade na montagem”. Esse aumento na demanda significa mais pessoal contratado e qualificado para trabalhar. “Optamos por ter somente funcionários com carteira assinada, são raros os freelancer. Hoje contamos com uma estrutura duas vezes maior do que era antes do Hangar”, comemora.

Tourism in Pará will increase in 11,73% between 2008 and 2011. According to projection from State Government, in this period the estimation is that more than 642 thousand tourists come to Pará, and that the earnings related to the sector grow 89,6%. These visitors are attracted by the natural and exotic beauties of the region, but will also take part in national and international fairs, congresses and seminars hosted in Hangar, the convention center that became reference not only in great events, but also as generator of uncountable direct and indirect jobs in Pará. “Pará is consolidating not only in the entertainment tourism area, but also in events and businesses, one of the biggest bias of local development and promoter of job and income”, compliments the Minister for Tourism Luiz Barreto, during participation in the Amazon International Tourism Fair – Fita from Portuguese, hosted in Hangar. In less than two years, the convention center of Pará took in more than 2 million visitors and won two Caio Prizes, considered to be the Oscar of events sector. The great number of national and international events also testifies the quality of service offered by Hangar. “This certainly will confirm Belém as the front door for events and businesses tourism in Amazon, as environment is theme of greatest international appeal in the XXI century. Coming to take part in an event here, tourist can visit places and natural beauties as in no other place in the world”, highlighted the Minister. “The Tax Free Zone consolidated Manaus, and Belém has what is needed to be consolidated

LATITUDE 4

Hangar produces work and warms up economy. ProfessionalIzation marks the growth of sector.

111


PORTA-RETRATO / snapshot

LATITUDE 4

by Hangar. We observe an integration between large companies that settled in the region with State Government, and this convention center tends to be the main ingredient for that the capital of Pará to become an option in national level for any event”, he said. Event tourism has the ability to involve the same actors from entertainment tourism, as transport sectors, hotel industry and commerce, but the benefits also reach all segments involved with the realization of congresses, fairs, courses, etc. “Currently the sector moves around R$ 32,7 billion, producing more than 700 thousand jobs per year in Brazil, direct and indirectly”, calculates the Minister for Tourism. “This means more jobs for people that work with stands assembling, sound, buffet, and reaches the artists, as local culture is normally presented in the opening and closing of events. Event tourism has, therefore, the same possibility to produce incomes as entertainment tourism, but in a broader way and with the ability to involve other sectors”, highlights Marcelo Pedroso, director of Businesses and Events Tourism from Brazilian Tourism Enterprise – Embratur from Portuguese. “A tourist that takes part in an event has an average daily spend of 150 dollars, but a research we do with Getúlio Vargas Foundation to study the economic impact of this segment in 2007 and 2008 has pointed that in some cities this tourist spends practically the double”, reveals the director from Embratur, remembering that this money becomes exchange values and warms up the local economy. And looking for this tourist is Reginaldo Ferreira, president of Coopertur, a taxi cooperative that offers specialized service to serve the greater demand come after the inauguration of the convention center. “Here all the taxi drivers attended a capacitating course and are able to transport any passenger of the world. Beyond more jobs generated, there is a better qualification, and that is great”, celebrates. The president of Coopertur says that, on an event date, the movement is intense. “On dates with bigger events, the movement

112

doubles and everything is in a hurry. I can say that Hangar is vital for the functioning of Coopertur, because it is something that helped the dream of creating a different taxi cooperative to come true, showing a new concept of taxi service in Belém”, he emphasizes. Specialization is also key word at Eventum Planejamentos, assembler of some of the main fairs that already happened in Hangar. “I cannot measure growth percentages, but the acceleration of increasing number of events affected a lot all the production chain involved, and this quantitative brings together evolution of workers and technology structure”, explains Hamilton Oliveira. Working since 23 years in Pará, Hamilton notices that the great service offered by Hangar guarantees full booking, what forces even greater professionalization of those who work with event assembling and disassembling. “A few years ago, to arrange a supermarket fair I had ten days of assembling, for example. With the full booking from Hangar, today I have five days to do much more stuff, because the level of presentation from the stands also increased. The expositor that did a much simpler presentation now demands something better presented, with diversified material, only because he is in Hangar. Professionalism is natural consequence and equipment demands this”, says the contractor, that commands a large team of carpenters, electricians, assemblers, painters, etc. “Facing this new scenario, we also changed to investment and technical support, since the stand needs to get to the convention center ready or semi-ready, and it is fundamental the celerity of assembling”. This increase of demand means more people contracted and qualified to work. “We opt to have only regular employees, freelancers are rare. Today we count on a structure twice as big as it was before Hangar”, celebrates.


113

LATITUDE 4




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.