Sexualidade & Doenças Sexualmente Transmissíveis - coleção Temas de Biologia

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coleção TEMAS DE BIOLOGIA

Sexualidade e Doenças Sexualmente Transmissíveis Armênio Uzunian Mestre em Ciências, na área de Histologia, pela Universidade Federal de São Paulo. Médico pela Universidade Federal de São Paulo. Professor e Supervisor de Biologia em cursos pré-vestibulares da cidade de SãoPaulo.

Ernesto Birner Licenciado em Ciências Biológicas pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, Professor de Biologia na cidade de São Paulo.


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ISBN (coleção) 85-294-0142-3 ISBN 85-294-0145-4

Impresso no Brasil

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Conteúdo Apresentação ................................................................................................. 4 O COMEÇO DE TUDO .............................................................5 SEXO E AMOR ..................................................................................................... 6 A SEXUALIDADE ................................................................................................... 7 ASPECTOS FÍSICOS ................................................................11 O INÍCIO ......................................................................................................... 14 A PLACENTA ..................................................................................................... 16 O CORPO DO EMBRIÃO ...................................................................................... 16 O PARTO ..............................................................................20 MÉTODOS CONTRACEPTIVOS ...............................................23 MÉTODOS NATURAIS ........................................................................................... 23 MÉTODOS ARTIFICIAIS .......................................................................................... 24 DST: ELAS PODEM SER EVITADAS .........................................27 CONDILOMA ACUMINADO ...................................................28 LINFOGRANULOMA VENÉREO .............................................29 CANCRO MOLE .....................................................................29 GONORREIA .........................................................................33 SÍFILIS ...................................................................................34 HERPES GENITAL ..................................................................38 TRICOMONÍASE ....................................................................39 AIDS ......................................................................................39 BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................... 47 TABELAS .......................................................................................................... 48 3


Apresentação

Se é verdade que podemos dizer que algumas doenças que acometem o homem são, ainda hoje, inevitáveis – como é o caso dos diversos tipos de câncer – acreditamos que o mesmo não se aplica para as Doenças Sexualmente Transmissíveis. Embora algumas delas sejam reconhecidas desde os primórdios da civilização humana, os métodos diagnósticos hoje disponíveis, aliados a inúmeros métodos preventivos, nos autorizam a concluir que as DST são perfeitamente evitáveis. Excluindo-se aquelas situações que envolvem queda na imunidade de uma pessoa e que, consequentemente, a predispõem a contrair um agente infeccioso, o conhecimento preciso dos mecanismos de transmissão associado a uma eficiente política de Saúde Pública são ingredientes indispensáveis para se evitar a contaminação da população brasileira pelos agentes causadores das DST. Nesse caso, sobressaem-se principalmente os aspectos preventivos. E nada melhor que uma boa campanha de esclarecimento público e bons manuais de divulgação, como este, para que as pessoas evitem os transtornos de doenças que, se não evitadas, provocam uma reação em cadeia, afetando inclusive pessoas não diretamente envolvidas, como é o caso de crianças que adquirem agentes infecciosos por via materna, a exemplo do que ocorre com a sífilis. Sem dúvida, das doenças que abordamos neste livro, a AIDS é a que mais preocupa pelo caráter epidêmico e pela ausência, até os dias atuais, de um tratamento que conduza à cura. Queremos insistir em dizer que as DST são perfeitamente evitáveis, bastando para isso a manutenção de uma vida sexual saudável, a adequada escolha de parceiros, a utilização de preservativos e, principalmente, recorrendo a um competente profissional da área médica para o estabelecimento do diagnóstico e do tratamento adequado para cada caso.

Os autores 4


O começo de tudo

A população humana mundial chegou, afinal, aos 7 bilhões. Nossa espécie ocupa praticamente todos os espaços da Terra. Somos seres extremamente bem adaptados ao planeta. Nossa capacidade de reprodução atingiu patamares inigualáveis nas últimas décadas. As modernas técnicas de diagnóstico, tratamentos sofisticados de enfermidades e a correta prevenção de doenças aumentaram nossa expectativa de vida. A mortalidade materna pós-parto reduziu-se consideravelmente graças às novas técnicas cirúrgicas, à eficiência dos anestésicos e à antibioticoterapia. Os riscos para o bebê, ao nascimento, são hoje reduzidíssimos, mesmo em centros desprovidos de toda a tecnologia necessária para um bom atendimento à gestante. Alguns países enfrentam o dilema de limitar a natalidade, em vista do aumento populacional. É o caso da China, por exemplo. Em outros países, a preocupação é inversa, é com a baixa natalidade, na medida em que é necessária a existência de mão de obra que substitua o contingente de trabalhadores que deixam de exercer sua atividade, em virtude de sua idade avançada ou de sua aposentadoria. Em todos esses fatos, evidencia-se o milagre da vida. E a sua formação? O ser humano é curioso por natureza. O que é sexual? Como é a nossa sexualidade? Como ela muda com o nosso desenvolvimento? Onde somos formados? Como nascemos? Como é a concepção? Como o ser humano se desenvolve? Como efetuar o planejamento familiar? Perguntas desse tipo nos remetem à necessidade de compreender como é organizado o aparelho reprodutor humano e como ocorre o desenvolvimento embrionário do novo ser. O evento culminante do nascimento – o trabalho de parto – também merece uma abordagem esclarecedora. E, como falamos em planejamento familiar, devemos também compreender os chamados mecanismos de contracepção, quer naturais, quer artificiais. 5


Neste livro, vamos abordar esses tópicos de maneira didática, fornecendo as informações para a compreensão de assuntos que cada vez mais deixam de pertencer ao campo do mistério para incorporar-se ao nosso dia a dia – informações necessárias para enfrentar os desafios de um mundo cada vez mais globalizado e moderno.

SEXO E AMOR Em nossa cultura, nos dias de hoje, sexo e amor estão intimamente relacionados. Muitos acreditam que os sentimentos sexuais são um prolongamento natural dos sentimentos de afeto e que o romantismo, por facilitar uma comunicação mais aberta, realça a sexualidade. Mas essa opinião não é compartilhada por membros de algumas outras culturas – para elas, como o romantismo é passageiro, qualquer relação baseada nele está alicerçada em terreno frágil. Houve tempo em que na Coreia o casamento baseado no amor era tido como um imenso desrespeito à vontade dos pais a quem cabia escolher os parceiros para uma união matrimonial. Para alguns nativos de ilhas do Pacífico, o amor romântico – dedicação, desejo por uma união com a pessoa amada – é visto com certo ceticismo: para eles o prazer sexual é o resultado do desempenho técnico adequado por parte de um casal que convive por um período de tempo. É principalmente na adolescência que amor e sexo andam juntos, gerando muitas expectativas.

O QUE É SEXUAL? Em algumas culturas, o ato de uma pessoa se alimentar é considerado sexual; assim, o fato de um casal de irmãos sentar-se juntos para fazer uma refeição em comum equivaleria a quebrar um sério tabu e a incorrer em pena terrível. Usar determinada flor ou pena (ou perfume) pode ser um ato de convite sexual, e a pessoa que se veste dessa maneira pode estar indicando interesse e disponibilidade. Numa cultura, a beleza do homem pode ser avaliada pelos cabelos do peito, e a da mulher pela forma das nádegas; em outra cultura, o 6


foco da beleza poderá estar concentrado na força do homem e nos cabelos da mulher. Aquilo que constitua um ato sexual e aquilo que as pessoas consideram erótico variam espantosamente entre as sociedades. Não há sequer um consenso universal sobre o fato de o coito representar um ato sexual, pois em algumas sociedades a pessoa pode travar relações sexuais em um ambiente religioso, com motivos espirituais, o que não seria considerado atividade sexual. Na cultura ocidental, poder-se-ia argumentar que o homem que se masturba em um cubículo privado e depois fornece o sêmen a um funcionário, em troca de uma quantia em dinheiro, está empenhado em um ato econômico e não sexual. É a força do aprendizado, desde a tenra idade, que explica muitos dos valores sexuais e de suas expressões culturais de comportamento – é o mesmo tipo de aprendizado que acontece a outros padrões culturais dos diferentes povos, como os padrões de alimentação, educação e os rituais que envolvem o sepultamento ou não de um indivíduo. Baseado em: TIEFER, L. A Sexualidade Humana: Sentimentos e Funções. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1981.

A SEXUALIDADE

Na adolescência O grande número de adolescentes grávidas dos últimos anos tem sido um fator importante para que se observe com mais cuidado as atividades sexuais entre adolescentes. É indiscutível o fato de que em nossa cultura as primeiras relações sexuais estão ocorrendo cada vez mais cedo na vida do adolescente. O desejo de ser considerado adulto, de ser sentido pelo grupo como importante e atraente, de ser abraçado e de abraçar, de “desafiar” a própria família e de provar a sua própria capacidade sexual, são fatores importantes para a experimentação sexual cada vez mais cedo. É difícil separar os fatores que são próprios de uma sexualidade em desenvolvimento daqueles que são meramente reações à sociedade e seus padrões culturais. 7


Apesar das diferenças na forma como os adolescentes são tratados nas diversas sociedades, há um aspecto da adolescência que é universal: as mudanças físicas e fisiológicas da puberdade, que marcam seu início, e a necessidade que o jovem tem de encontrar alguma maneira de se ajustar a essas mudanças e dominá-las. Nenhum outro aspecto do desenvolvimento é mais impressionante nem mais perturbador. Realmente, nos poucos anos do início da adolescência, a pessoa deve lutar com uma virtual revolução biológica dentro de si própria: crescimento rápido em altura e peso, mudança nas dimensões do corpo, mudanças hormonais que levam à intensificação do impulso sexual, desenvolvimento das características sexuais primárias e secundárias e maior desenvolvimento das capacidades mentais. Os pais, os professores e os amigos – bem como a sociedade em geral – podem ajudar ou dificultar o ajustamento a essas mudanças e podem também influir de forma a torná-las um motivo de orgulho ou uma fonte de confusão e de ansiedade. Mas eles não podem alterar o fato de que essas mudanças sempre ocorrerão e que, de uma forma ou de outra, o adolescente terá que aprender a se haver com elas. Fonte: CONGER, J. Adolescência: Geração sob Pressão. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1981.

A coisa que mais o irritava era que a ansiedade de seus sentidos podia destruir seu desejo pela liberdade e pela morte, com tanta facilidade. Nesta época, os dois gatos da família, um macho e uma fêmea, entraram em seu período de amor. Isto já havia acontecido antes, mas Luca, apenas observando-os para distrair-se, tinha prestado pouca atenção a isso. Agora, após o que havia acontecido, entre ele e a governanta, parecia reconhecer em si próprio o macho e nela, a fêmea... Havia uma diferença, contudo, pois os dois gatos não podiam se rebelar contra a natureza, uma vez que eles eram nada mais que a própria natureza; enquanto ele se ressentia diante desta obediência, como se ela fosse um ato de passividade humilhante, e da força que ela lhe impunha como uma tirania. Alberto Moravia, “Luca”

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Na idade adulta Na idade adulta, há um conjunto de relacionamentos e responsabilidades que devem ser gerenciados. Algumas das etapas críticas, como escolha da profissão, por exemplo, em geral já foram superadas. No entanto, o adulto sabe que seu futuro depende de seu passado: das escolhas feitas, das escolhas não feitas, das oportunidades perdidas ou aproveitadas, das responsabilidades aceitas. Nessa fase, há desafios quanto à sexualidade a serem vencidos – a necessidade de intimidade, de ajustar suas necessidades sexuais às da outra pessoa, de empenhar-se constantemente para que a monotonia e o cansaço não se instalem nos relacionamentos afetivos, a necessidade de formação de família e de filhos. Todos esses desafios trazem para o adulto, cujo modo de sentir é diferente do modo de sentir do adolescente, a possibilidade constante de desenvolvimento e de mudança.

Filhos... Filhos? Melhor não tê-los! Mas se não os temos Como sabê-lo? Se não os temos Que de consulta Quanto silêncio Como os queremos! Banho de mar Diz que é um porrete... Cônjuge voa Transpõe o espaço Engole água Fica salgada Se iodifica Depois, que boa Que morenaço Que a esposa fica!

Resultado: filho. E então começa A aporrinhação: Cocô está branco Cocô está preto Bebe amoníaco Comeu botão. Filhos? Filhos Melhor não tê-los Noite de insônia Cãs prematuras Prantos convulsos Meu Deus, salvai-o! Filhos são o demo Melhor não tê-los... Mas se não os temos Como sabê-lo?

Como saber Que macieza Nos seus cabelos Que cheiro morno Na sua carne Que gosto doce Na sua boca! Chupam gilete Bebem xampu Ateiam fogo No quarteirão Porém, que coisa Que coisa louca Que coisa linda Que os filhos são!

Vinícius de Moraes, “Poema enjoadinho” 9


Pense nisto: A adolescência é considerada por muitos como um período de grandes inquietações, em que as mudanças ocorrem tanto no aspecto físico, quanto no intelectual e no social. Para muitos estudiosos, as inquietações dessa fase estão diretamente ligadas às dificuldades de lidar com a sexualidade e com as outras necessidades interpessoais, com os padrões de comportamento determinados pelo gênero do indivíduo, mais do que por seu próprio temperamento. Os papéis do homem e da mulher podem ser os mesmos no que diz respeito ao comportamento, sexualidade e responsabilidades? O que realmente orienta as nossas decisões: a adequação social (ser aceito pelo grupo, não ferir os sentimentos alheios) ou os princípios (leis, justiça, consideração humana)? Até que ponto a opinião dos membros de meu grupo altera ou modela a minha própria opinião?

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Aspectos físicos

O cérebro está definitivamente envolvido tanto no aspecto estimulativo da sexualidade (sensações, impressões) como no reativo (excitação física, reação emocional, comportamento sexual). A pessoa experimenta sensações no corpo graças a mensagens nervosas oriundas de diferentes partes do corpo (boca, braços, mãos) e dirigidas ao cérebro, onde são integradas com a informação oriunda de lembranças, podendo ser definidas como “sexuais”, “prazerosas” ou “amorosas” e provocar a ocorrência de reações sexuais apropriadas. Essas reações abrangem alterações em todo o corpo e nos órgãos genitais, no fluxo sanguíneo, no ritmo cardíaco e na tensão muscular. O cérebro não envia essas mensagens estimulantes quando o indivíduo está ansioso ou distraído, mesmo havendo vigorosa estimulação física. No entanto, indivíduos que sofreram acidentes terríveis e em consequência dos quais ficaram quase totalmente paralisados, não podendo mover nem sentir coisa alguma abaixo do pescoço, dão conta de ainda ter fantasias e desejos sexuais e de ainda desfrutar de encontros sexuais, muito embora seus aspectos físicos se tenham alterado drasticamente com relação ao que eram antes do acidente. Baseado em: TIEFER, L. Op. cit.

AS PÁGINAS 12 A 48 FORAM SUPRIMIDAS NESTA VISUALIZAÇÃO.11 Para maiores informações entre em contato conosco: promocao@harbra.com.br


Drogas, reprodução humana, doenças sexualmente transmissíveis, a fascinante organização dos tecidos vegetais, entre tantos outros temas, fazem parte da coleção TEMAS DE BIOLOGIA. Escritos em linguagem simples e objetiva, com programação visual dinâmica, os livros desta coleção foram organizados para que o leitor obtenha as informações necessárias sobre o tema. Desenvolver o conhecimento, a análise e o pensamento crítico são os objetivos fundamentais desta coleção.


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