Da pólis ao pós-modernismo

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Da Pólis ao Pós-Modernismo A transformação é dada a partir do momento em que três grandes regiões do cognitivo, do ético-político e do estético-libidinal se separam e dão novas noções para a sociedade distinguindo pensamentos de sentimentos, dando autonomia para estas áreas e para arte também, já que estava ligada aos padrões éticos normativos da Polis. Desvinculada do sistema político e econômico, a arte parecia não ter mais propósito, enquanto a ciência ganha o mérito em nome do bem-estar humano e independência intelectual e a ética sobre questões jurídicas e dignidades humanas. A arte libera-se então, de suas funções sociais tradicionais, tornando-se mercadoria, porém engolida pelo sistema capitalista de produção, passando a ser um meio isolado, marginalizado, que não faz parte do estado e da igreja, relacionando-se a uma atividade não-instrumental, desvinculada da racionalidade, perdendo a força para discutir a própria arte. Com isso, a estética reorganiza suas teorias, afirmando que o bom é aquele que anestesia a mente, o que faz bem, o que dá prazer, algo belo. A ideologia da estética atuou também no âmbito da política ramificandose em dois lados: O da direita, valorizando das obras como um homem sensível, sem usar a racionalidade, deixando a análise teórica de lado, dando prioridade a anestesia dos sentidos, a busca do prazer, o equilíbrio, a proporção como belo, o que faz bem a alma e ao corpo, a tradição. E o da esquerda, que buscava destruir a moral, a verdade e a tradição, romper com o que era considerado belo e justo, valorizando a liberdade criativa. É neste momento em que o modernismo é caracterizado e herda essa estetização radical, indo em direção ao capitalismo tardio que se mostra inteiramente reificado, racionalizado e administrado. Com isso, a arte busca vantagem para a condição de mercadoria e para a falta de função social, tornando-se um gesto mudo de resistência a ordem social e único instrumento inútil que sobrou, diferenciando-se de toda formalização, alegando ainda que, a estética era uma base frágil para fundamentar-se nela. A rejeição da estética seria talvez, a forma encontrada para uma saída: arte contra si mesma, o problema da arte é a própria arte, voltando aos antigos valores e unificando


apenas duas regiões sobre o estético, na tentativa de articular a arte como práxis social novamente. A mercadoria, como vimos na obra de Marx, é transgressiva, promíscua, polimorfa; na sua auto-expansão sublime, na sua paixão niveladora pela troca com outra de seu tipo, ela estimula paradoxalmente o rebaixamento daquela superestrutura finamente nuançada – chame-a de “cultura” – que serve, em parte, para protege-la e promovela. A mercadoria é a ruína de toda identidade distintiva, conservando cuidadosamente a diferença do valor de uso, mas só à custa de subjuga-la à mesmice-na-diferença que para Walter Benjamin é a moda. EAGLETON, Terry. A ideologia da estética, p- 270. A cultura integra diferentes classes e etnias tornando isso um gesto progressista, aproximando esteticamente da vida cotidiana e da experiência comum, respondendo as necessidades da comunidade local com o pósmodernismo, porém entrando em uma profunda contradição com sua “superestrutura”, por suas definições não se adequarem as características do capitalismo tardio. “A mercadoria é incapaz de gerar uma ideologia para si mesma, suficientemente legitimadora” (p-270). A solução para Nietzsche é esquecer a metafísica e celebrar a vontade de poder, pois suas características são ambíguas. O pós-modernismo questiona as concepções tradicionais,


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