Crítica de performance "Em Estado Laico" 2013, de Igor Brasa

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CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO Bacharelado em Artes Visuais, Pintura, Gravura e Escultura AM6BAV

Fernanda Heitzman

Crítica apresentada à disciplina de Linguagem ministrada

da pela

Performance Professora

II,

Juliana

Moraes para obtenção parcial da nota bimestral.

Dezembro 2013 São Paulo


Em Estado Laico Crítica da Performance de Igor Brasa A performance “Em Estado Laico” de Igor Brasa, teve início às 9h00 do dia 26 de novembro de 2013. Em frente ao espaço Di Grado, unidade 2 do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, posicionou uma espécie de jaula de madeira, e na frente da mesma, a poucos metros de distância, havia um molho de chaves. Permaneceu dentro dessa jaula por volta de 20 minutos, cerrado por cadeados, trajado com roupas pretas, entoando orações incessantemente, e em suas mãos segurava a imagem de Nossa Senhora Aparecida. A ação causou estranhamento nos arredores da Universidade e levaram muitos a se questionarem sobre o que estava acontecendo. O conjunto da obra parecia ter um aviso para manter distância: as pessoas não se aproximavam e não observavam por muito tempo. A passagem das catracas até o elevador da instituição era o suficiente para que isso fosse entendido. Comentários do tipo “Que porra é essa?” ou “Deve ser do povo de artes” eram os mais ouvidos no momento da ação. Dos poucos que presenciaram. Aos exatos 21 minutos, três estudantes da Instituição, que não eram do curso de Artes Visuais, pegou o molho de chaves e o destrancou, restando então, apenas a parte física-material do trabalho, que se tornou uma instalação a ser indagada, que a meu ver, podia ser entendida como armadilha para outras pessoas. A presença da imagem de Nossa Senhora Aparecida, uma pessoa orando repetitivamente dentro de uma jaula, faz com que a leitura seja óbvia. Trata-se de uma crítica a Religião. A influência que ela tem na sociedade e no Estado nos dias de hoje, já que mitos servem como alicerce para justificar comportamentos e as religiões usam desse mecanismo para se manter. A ideia de que a religião pode ser a salvação é muito presente na sociedade brasileira, fazendo com que se submetam e que gire um grande capital em torno disso. Segundo o próprio artista, Igreja é aquele lugar aonde você vai uma vez por semana, e te cobram 10% do seu salário como mensalidade para que você possa fazer parte do clube dos "detentores da verdade absoluta".


“Se a religião oferece num além a salvação dos males deste mundo, significa que reconhece a existência real destes males, isto é, a existência de uma limitação ao pleno desenvolvimento do homem e, neste sentido, é “a expressão da miséria real”. Por outro lado, prometendo este de desenvolvimento na vida, significa que, também nesta forma, a religião não se resigna com males deste mundo e lhes dá uma solução, ainda que num mundo ultra terreno, colocado além do mundo real”.(VÁZQUEZ,PG 89)

Além da conceituação de seu trabalho, tem como referência visual o trabalho de Nelson Leirner, “Porco Empalhado” de 1967, onde visualmente falando, substitui apenas o animal por si mesmo, dando a ideia que não é um ser racional. Igor Brasa vem trabalhando sob um viés político em suas criações mais recentes, como a “Bailarina”, 2013, onde bailarinas de gelo derretem tratando da discussão do tempo e o vídeo-performance “As barrigas que sentem fome”, 2013: “As barrigas que sentem fome não têm partido, odeiam da mesma forma, esquerda e direita.”


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