CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO Bacharelado em Artes Visuais, Pintura, Gravura e Escultura
FERNANDA HEITZMAN AM3BAV
Resenha apresentada à disciplina de Arte Moderna ministrada pelo Professor Nelson para obtenção parcial da nota bimestral.
MAR 2012 São Paulo
FABRIS, Annateresa; ZIMMERMANN, Silvana Brunelli. Arte Moderna – Bibliografia Comentada. S. Paulo: Experimento, 2001. 192p. Com arte virtual. Annateresa Fabris. Disponível em http://www.comartevirtual.com.br/atfabris.htm Acesso 27 MAR 2012
Annateresa Fabris nasceu em São Paulo, é historiadora e crítica de arte, foi curadora de diversas exposições importantes e recebeu os prêmios de Jabuti de Ciências Humanas e Sérgio Milliet da Associação Brasileira de Críticos de Arte. Além de ser organizadora de Modernidade e Modernismo no Brasil, é autora de livros dedicados à arte moderna, ao ecletismo e à fotografia.
Arte Moderna: Algumas Consideração (1. A problemática da autonomia, 2. As razões de um escândalo, 3. Quando começa a arte moderna?, 4. Rumo ao século XX, 5. Quando termina a arte moderna?) é o capítulo I de Annateresa Fabris, do livro Arte Moderna – Bibliografia Comentada de Annateresa Fabris e Silvana Brunelli Zimmermann. Annateresa Fabris destaca o período em que a arte e a cor começam a ganhar autonomia, pois com a popularização da fotografia e as revoluções políticas, sociais e industriais dando uma nova consciência de tempo e espaço a civilização, não fazia mais sentido ser fiel à representação, rompendo com antigos padrões neoclássicos.
Segundo Annateresa, o artista deixa de ser artista quando quer se fundir na natureza, confundir-se com ela. A arte moderna buscava novas formas de linguagem e novos modos de percepção, dando autonomia à arte, pois significa que é a “percepção de que a criação moderna ocupa um espaço-tempo próprio, diferente daquele da realidade exterior, mesmo se, como ela, testemunha um mundo em constante mutação. Trata-se para a arte, uma mutação estrutural e perceptiva”. Isso se dá porque a com a revolução política, industrial e comercial, buscando novas formas de aperfeiçoamento, o espírito moderno adquire um momento autônomo, rompendo com o passado,
dedicando-se ao presente de maneira radical. Com isso, a arte também sofre suas transformações fazendo com que o espectador a decodifique. O primeiro passo é aproximar o espectador do quadro, dado por Courbet, criando o que Delacroix chama de “uma ilusão tal que eu imagino estar assistindo de fato ao espetáculo que você pretende me oferecer”, mantendo os acabamentos. Já Manet, além de ter esta visão, dá uma nova proposta à pintura: cores mais vibrantes, trabalho proclamado, jogo de luzes, brilho e um certo sentido de vida, abolindo toda distância, não levando em conta seus gostos culturais baseados na ostentação e valores impostos pela burguesia. E é neste momento em que artistas modernos são considerados perigo para a sociedade por não usarem “referências culturais derivadas do passado”, sendo justificado mais tarde por Manet, que era a maneira de fugir das banalidades pela própria afetação do lugar-comum. Depois disso, Manet e os impressionistas – e toda a arte moderna – foram julgados como ridículos e símbolos da degeneração. Com isso, em oposição, a pintura pompier ou Realismo burguês, entra em cena com um vasto repertório de temas tradicionais academistas, alegando que a técnica está a serviço do tema, desafiando o Impressionismo a proporcionar a automatização dos processos da percepção visual das cores, que por sua vez, nega a contemplação fácil e obriga o olho do espectador a trabalhar, dando ao público a vantagem de recriar a composição. A fotografia teve grande impacto para esta evolução na pintura, pois alegava-se que ela era mais verista e menos verdadeira, abrindo caminho para os impressionistas atuarem e marcando “o advento de um novo modo de ver, liberto da história, do embelezamento idealista, ou de velhos hábitos”. E o papel do mercado também estabelece um elo entre a sociedade, à economia e às manifestações artísticas, ativando a procura e tornando-a pública, sendo a intermediária entre produtores e consumidores. Com o Impressionismo mais estabilizado, surgem outras tendências – os Neoimpressionistas e Sintetistas, baseando-se no Fovismo, Cubismo e mais tarde no Expressionismo – que distanciam-se da natureza e da narração ilustrativa. Neste momento, a pintura ganha a poética da arte-ação, dando maior expressividade à composição pictórica, que são compostas por duas categorias: ordem (Racionalidade – Cubismo,
Construtivismo,
Suprematismo,
Neoplasticismo,
etc)
( Transgressão - Dadá do Surrealismo, Futurismo, etc), gerando
e
desordem
uma situação de
negação recíproca por seus traços tão peculiares e originais. É apontado por Argan que a atuação das vanguardas é consequência da sociedade funcional, regida pelo ritmo produção-consumo, tornando a obra de arte uma função, onde o “processo genético de suas operações centra-se no próprio funcionamento interno, de maneira a demonstrar um procedimento operacional que implica e renova a experiência da realidade”. A arte moderna enquadra-se no panorama atual pela dificuldade de distinguir arte moderna de contemporânea, pois são signos que caminham juntos. Caquelin distingue sem marcos temporais, que a arte contemporânea está regida pelas novas comunicações (rede, anelação e realidade segunda), mas afirma também que, atualmente encontra-se uma mistura de diversos elementos e valores da arte moderna na arte contemporânea. Já Richard Brettell afirma que seu marco final foi em 1929, inauguração do Museu de Arte Moderna, pois o paradoxo de um impressionista vivendo em um meio anti-Impressionista cedeu-se neste momento. E Calvesi, diz que está dividida em duas etapas: a primeira vanguarda, experimentação formal de possibilidades e limites, e segunda vanguarda, onde não é preciso se enveredar pela provocação, surpresa e escândalo. As três analises mostram que arte moderna não pode ser confundida com arte contemporânea, pois na década de 1920, foi aberto um “conflito parar afirmar a soberania do artista singular e termina com a conquista de um novo espaço institucional, voltado especificamente para a consagração do novo (como tradição)”.