CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES CURSO DE ARTES VISUAIS
Discussão Estética da obra de Matthew Barney
Trabalho apresentado pelos alunos Carlos Eduardo Gonçalves, Fernanda Heitzman e Marina Cabral da turma AM2BAV para obtenção de nota da disciplina Arte, Filosofia e Estética ministrada pelo Prof. Fernando Amed, em 21/11/11.
São Paulo 2011
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Matthew Barney (San Francisco, E.U.A, 1967-) Matthew Barney nasceu em San Francisco em 1967 e foi criado em
Boise, Idaho. Freqüentou a Yale University, formando-se em 1989, então se mudou para New York, onde vive hoje. Desde os seus primeiros trabalhos, Barney tem explorado a transcendência das limitações físicas em uma prática de arte multimídia, que inclui longas-metragens, instalações de vídeo, escultura, fotografia e desenho. Em 1992, introduziu criaturas fantásticas em seu trabalho, um gesto que pressagiava o vocabulário de seus filmes narrativa subseqüente. Em 1994, Barney começou a trabalhar em seu ciclo épico Cremaster, um projeto de filme em cinco partes acompanhadas de esculturas, fotografias e desenhos relacionados à obra. Completa o ciclo em 2002. Cremaster é uma série de filmes, divididos em cinco ciclos visualmente extravagantes filmados fora de sequência, iniciada pelo ciclo 4. A produção geralmente mostra Barney e outras figuras em inúmeros personagens, incluindo sátiros, o ilusionista Harry Houdini, e o serial killer americano Gary Gilmore. O título dos filmes refere-se ao músculo que eleva e abaixa os testículos de acordo com a temperatura, a estimulação externa, ou medo. Os filmes em si são uma mistura de história, mitologia, atletismo e óperas barrocas em um intenso universo particular de símbolos e imagens interconectados. Há uma tríade de desejo, disciplina e produtividade na obra, que servem como base para a diferenciação do artista sobre a sexualidade. Barney utiliza-se de três linguagens artísiticas: escultura, vídeo e performance. Os cinco filmes da série são abstratos e visualmente impactantes, devido à grande gama cromática e à detalhes do figurino, cenário e maquiagem, despertando atenção para a qualidade técnica da obra. A maioria dos personagens faz parte do mundo onírico e híbrido apresentados, porém em lugares reais e conhecidos, como a pistas de corrida, campos de futebol americano e edifícios nova-yorkinos. O artista norte-americano utliza-se 1
Fonte: BARNEY, Matthew. Biografia. Disponível em: http://www.cremaster.net/bio.htm Acesso em 15 nov 2011
BARNEY, Matthew. Disponível em: http://www.guggenheim.org/new-york/collections/collectiononline/show-full/bio/?artist_name=Matthew%20Barney Acesso em 15 nov 2011
de sua vivência como atleta em inúmeras cenas em que notamos a questão da competição e da virilidade, além da preocupação estética com a caracterização dos personagens, que mesmo sendo deformados e ruidosos possuem beleza em sua composição.
Cena do Ciclo 5 de Cremaster (1997)
Para compor tais personagens há uma representação de figuras e caracteres conhecidos, como o ilusionista Harry Holdini, dessa forma ocorre a mímese, pois além da cópia de algo já conhecido há uma poética por trás dela e não apenas uma “manufatura”, uma cópia sem ideias. Ao mesmo tempo em que seu trabalho aproxima-se da mimese, afasta-se dela por não seguir uma
mesma produção através da regra, dotada de poética e ficção. Já pelo fato de utilizar-se de uma linguagem artística mista (escultura, vídeo, performance) o que para Aristóteles fugiria da regra de produção, da verdade, do bom e consequentemente do belo. Os filmes de Barney foram feitos fora de seqüência, e o artista trabalha com o antirracional, com finais que não se fecham. Existem dois juízos de gosto o determinante, quando já sabemos a regra do objeto, e o reflexionante onde temos que encontrar a regra. A série de filmes se aproximaria do juízo reflexionante, pois apesar da falta de entendimento, há um conceito por trás de sua obra que é preciso ser interpretado por meio da filosofia e também da semiótica. Não é uma obra em que ocorre reconhecimento de imediato, é preciso tempo de observação e pesquisa para que seus ciclos façam sentido em nossa mente. O expectador de Cremaster pode ser alvo de sensações diversas, porém sem qualquer tipo de aprovação moral referentes ao belo ou agradável, assemelhando o que Kant considera como uma satisfação desinteressada.
Referências Bibliográficas ARISTÓTELES. Poética. In:Os Pensadores. S. Paulo: Nova Cultural, 1999. CANTON, Kátia. Corpo e Erotismo. In: Corpo, Identidade e Erotismo. S.Paulo: Martins Fontes, 2009. p.43-49. CAUQUELIN, Anne. Teorias da Arte. S. Paulo: Martins Fontes, 2005.