CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO Bacharelado em Artes Visuais, Pintura, Gravura e Escultura
FERNANDA HEITZMAN AM3BAV
Relatório apresentado à disciplina de Orientação Profissional II- museu e memória ministrada pela Professora Debora Gigli para obtenção parcial da nota bimestral.
MAIO 2012 São Paulo
O Antimuseu Com a tentativa de romper com os padrões limitados do museu do século XX, consolidou-se ideias genéricas do antimuseu como crise definitiva da caixa branca. Surgem então, propostas modernas, tendo como raiz e precursora as atuações de Duchamp, com seu museu portátil, seus objetos encontrados sendo nomeados como obra de arte por estarem no espaço habitual e suas intervenções contra o espaço expositivo no Surrealismo. Em seguida, Walter Benjamin escreve sobre o museu imaginário e o colecionador de objetos abandonados, “insensíveis por trás da dissolução da sensibilidade que os gerou”. André Malraux apresenta o Museu sem Paredes, uma espécie de coleção documental a partir de reproduções fotográficas, sem sucesso por tirar o valor da obra pictórica, mas que posteriormente abriu espaço para outras categorias dentro da galeria, tais como design, desenhos, vídeos e dando à fotografia o legado de obra e não apenas documento. Em seguida, o museu virtual tratando da desmaterialização do museu como contentor e como instituição. Entre 1952 e 1953, o escultor alemão Mathias Goeritz, criou na Cidade do México o Museu do Eco, inspirado no cabaré Voltaire dos Dadaístas, descontruindo a ideologia do cubo branco com uma arquitetura emocional, um espaço sensual, além de possibilitar todo tipo de atividade artística. A partir daí, museus foram instalados em antigas estruturas industriais, estações, depósitos, armazéns, hospitais e prisões, em oposição ao museu de luxo e turístico. Um dos maiores exemplos é o Public School, criado por Brian O’Dohert, que já teorizava o desejo de romper com a modernidade convencional (Inside the White cube. The ideology of the Gallery Space), promovendo exposições de artistas e grupos mais críticos e renovadores, contraculturais e comprometidos politicamente, distribuindo apenas folhetos de modo que as intervenções ficassem acumuladas em vários lugares da escola. Em 1996, o MOMA filiou-se ao PS1, reformando e dando maior estrutura a fundação sem perder o caráter crítico e independente, possibilitando também exposições ao ar livre. Recentemente o termo “instalação artística” foi seguido ao pé da letra, realizando exposições em praças, estações, prisões como a de Caracas onde foi montado centenas de fragmentos que faziam alusão ao cárcere e ao dilúvio do horror e da vergonha presenciado, convertendo-se em lugar público. Já em São Paulo, intervenções espalhadas pela cidade, utilizando lugares abandonados na tentativa de decifrar a complexidade urbana. Espaços como o Centro de Arte Hélio Oitica e Museu Andy Wahrol, tiveram origem por atuarem em espaços públicos com atividades artísticas com contato direto com as pessoas e a realidade. Trata-se de utilizar espaços urbanos que não pertencem à rede de museus, enriquecendo e enfatizando o legado, geralmente localizado em periferias e lugares perdidos das paisagens, com escassa publicidade e difícil acessibilidade.