Dissensos: Sinestesia e acaso na fotografia FERNANDA HEITZMAN
2
Segundo Ronaldo Entler, a invenção da fotografia representava a era da reprodutibilidade tecnológica, caracterizada pela substituição da mão do homem por operações programadas gerando alguns constrangimentos, no sentido de questionar sua validade em confronto com as artes tradicionais, antes mesmo de poder se firmar como linguagem. Dissensos procura problematizar a interferência das informações sinestésicas na captação de uma fotografia e o modo como o olhar automatizado pode negligenciar a capacidade de compreender as coisas através dos outros sentidos. O uso da sinestesia é uma forma de buscar a fusão dos sentidos, de modo que seja vivida e projetada sugerindo imagens diante do tato, olfato e audição, possibilitanto novos aspectos da realidade. A ação é feita para desautomatizar o olhar, onde a percepção é deslocada para o futuro, desorientando funções práticas e abrindo uma disponibilidade.
A imagem gera uma saturação por sua previsibilidade. Pensar no não-ver rompe com a automatização do que é considerado comum e traz possibilidades de reeducar uma visão esgotada. Nesse sentido, recupera-se fragmentos de visualidade que não tem atenção e análise de observadores e os apresenta em outro contexto. O acaso aparece como um cruzamento que permite o reaproveitamento. Fernanda Heitzman
3
OPACO
S達o Paulo, 2014
5
6
7
8
9
10
11
12
TRANSPARENTE
S達o Paulo, 2014
14
17
18
Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê, não vendo. Otto Lara Resende
19