O
Banco Modal, uma instituição múltipla com expressiva presença na terra carioca, junta-se ao
Iate Clube do Rio de Janeiro nesta bela homenagem ao seu quadro social em que um passado de devoção e realizações é invocado para explicar a grandeza de uma entidade que, no plano social, é a verdadeira sala de visitas da Cidade Maravilhosa e, em sua atuação esportiva, não encontra paralelo no País, projetando-se mundo afora, pelos atletas de sua escola, nos mais importantes jogos especializados sem esquecer sua capacidade de organizar e realizar aqui mesmo, em sua própria sede, inúmeras dessas disputas de amplitude internacional.
NA PRAIA
DA
SAUDADE
A HISTÓRIA DO IATE CLUBE DO RIO DE JANEIRO 1920 / 2005
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A HISTÓRIA
DO IATE
CLUBE
DO
RIO
DE JANEIRO
Helio Barroso
NA PRAIA
DA
SAUD ADE UDADE
A HISTÓRIA DO IATE CLUBE DO RIO DE JANEIRO 1920 / 2005
NA PRAIA
DA
SAUDADE
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COPYRIGHT © 2005 BY ICRJ Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei no 9.610, de 19.2.1998. É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização prévia, por escrito, da editora. Colaboradores: Harry Adler André Mirsky Ricardo Baggio Eduardo Souto de Oliveira Pesquisa: Helio Barroso Comandante Maria Rosângela da Cunha Márcia Prestes Taft Projeto gráfico: Ronaldo Kuwer e Ricardo Pio Diagramação e editoração: Gilvan Francisco Revisão: Tereza da Rocha Fotos: Petrônio de Almeida Magalhães Fundação Moreira Salles Ronaldo Câmara Celso O. Brando
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B277p
Barroso, Helio, 1927 Na Praia da Saudade: a história do Iate Clube do Rio de Janeiro 1920/2005 / Helio Barroso. — Rio de Janeiro: Ediouro, 2005. 352 p.; il., retrs., 25 cm. ISBN: ? 1. Iate Clube do Rio de Janeiro – História.
I. Título.
Quando se gosta da vida, gosta-se do passado, porque ele é o presente tal como sobreviveu na memória humana. Marguerite Yourcenar
Caros associados, credito que lembrar é a justiça que se defere à memória dos que fizeram e depois se foram. E dos que agora fazem e daqueles que vierem a fazer para partir após, no ciclo inexorável da vida. Assim, pensei que era preciso recontar como muitos moldaram a história do nosso clube, trazendo-o à sua magnífica atualidade. E como os dedicados fundadores do Fluminense Yacht Club, com o cavalheirismo e a grandeza de espírito que lhes enalteceram a personalidade, renunciaram a um projeto de unificação com o Fluminense Football Club, sonho afinal sacrificado pelo reconhecimento de que a criatura, ao emergir o Iate Clube do Rio de Janeiro, adquirira a sua própria identidade, passando a existir por si mesma, voltada para o mar e assim filosoficamente definida.
A
Reverenciando tais valores, entendi por bem, neste momento em que a Instituição comemora 85 anos de existência, levar a 3.000 amigos e às suas famílias a memorabilia do Iate Clube do Rio de Janeiro para que todos bem conheçam e ainda mais estimem a sua segunda casa. É este, pois, o propósito desta obra e de outras ações assemelhadas que ora se desenvolvem visando a fazer presente o passado do clube, tarefas que coloquei nas mãos dedicadas do conselheiro e ex-comodoro Helio Barroso.
Euclides Duncan Janot de Matos Comodoro
A roda do leme é o símbolo da Comodoria. É passada aos sucessores, tendo gravados os nomes de todos os comodoros.
SUMÁRIO Os comodoros .......................................................................................................................... 12 Os presidentes do Conselho Deliberativo ................................................................................. 14 PARTE I – Um grande clube em dois tempos Tempo I – O Fluminense Yacht Club O idealizador e patrono....................................................................................................... 20 Os fundadores ..................................................................................................................... 21 Origens ............................................................................................................................... 22 Ata da fundação do Fluminense Yacht Club .......................................................................... 24 A opção ............................................................................................................................... 29 A busca do domicílio ............................................................................................................ 34 O primeiro projeto da sede na Praia da Saudade ................................................................. 40 Desenvolvendo o clube ....................................................................................................... 43 Tempo II – O Iate Clube do Rio de Janeiro A moderna sede da Av. Pasteur ........................................................................................... 56 Equipamentos ...................................................................................................................... 65 Ressacas e saneamento ........................................................................................................ 66 PARTE II – Os esportes: evolução A aviação na Av. Pasteur ...................................................................................................... 72 Os instrutores de aviação do clube ...................................................................................... 78 Na década de 1930, o FYC vai ao mar ................................................................................ 82 O esqui aquático .................................................................................................................. 85 Pesca a partir da sede e histórico da caça submarina ............................................................ 88 A pesca oceânica ............................................................................................................ 88 Informativos da pesca ................................................................................................... 100 Torneios internacionais no ICRJ ......................................................................................... 104 O 1o Torneio Internacional de Pesca Oceânica ............................................................. 104 Torneios da ILTTA no Brasil (International Light Takle Tournament Association) ................ 106 A descoberta de Vitória e Guarapari ............................................................................. 110
Open 25´ ......................................................................................................................... 113 Pesca costeira .................................................................................................................... 117 Histórico da caça submarina .............................................................................................. 121 A Escola de Desportos Náuticos – EDN ............................................................................ 129 Pesca de cais ..................................................................................................................... 135 A Vela ................................................................................................................................ 139 As classes históricas ...................................................................................................... 146 As classes atuais ........................................................................................................... 155 Regatas tradicionais ...................................................................................................... 181 Veleiros famosos do ICRJ ............................................................................................. 195 Os velejadores do ICRJ nos Jogos Olímpicos e Pan-americanos ................................... 209 Mundiais de vela no ICRJ ............................................................................................. 213 Os detentores da Medalha do Mérito Esportivo do ICRJ ................................................... 222 Destaques ......................................................................................................................... 239 PARTE III – As subsedes Cabo Frio .......................................................................................................................... 244 Angra dos Reis .................................................................................................................. 268 Ilha de Palmas ................................................................................................................... 274 PARTE IV – O ICRJ no exterior Pesca e caça submarina ..................................................................................................... 278 PARTE V – Eventos sociais Visitantes ilustres ................................................................................................................ 288 O Baile do Havaí ............................................................................................................... 296 Confraternização tradicional com as Forças Armadas e a Justiça Estadual ............................ 298 Festas e shows ................................................................................................................... 304 PARTE VI – Fatos, pessoas e curiosidades Fatos .................................................................................................................................. 310 Pessoas .............................................................................................................................. 314 Curiosidades ..................................................................................................................... 317 Sócios proprietários, postulantes e freqüentadores .............................................................. 330 Títulos honoríficos .............................................................................................................. 331 PARTE VII – Aconteceu ..................................................................................................... 334 PARTE VIII – O clube dos comodoros ........................................................................... 348
OS
COMODOROS
FLUMINENSE YACHT CLUB Arnaldo Guinle Cumpriu 7 mandatos, de 31.3.1920 a 31.3.1943, totalizando 23 anos de administração ininterrupta.
IATE CLUBE
DO
Octavio da Rocha Miranda Eleito em 27.9.1943. Renunciou em 16.5.1944.
Jorge Bhering de Oliveira Mattos De 16.5.1944 a 4.3.1947.
Custodio Marques Vasques Eleito em 4.3.1947. Não concluiu o mandato. Substituído por Waldemar Alves Sampaio (presidente do Conselho Deliberativo).
1212
A HISTÓRIA DO IATE CLUBE DO RIO DE JANEIRO
RIO
DE JANEIRO
Manoel de Azevedo Leão De 23.10.1947 a 9.3.1950.
Raul Pinto de Carvalho De 9.3.1950 a 18.3.1953.
Carlos Pires de Mello Cumpriu 5 mandatos ou 12 anos intercalados: de 18.3.1953 a 4.4.1956; de 4.4.1956 a 1.4.1959; de 1.4.1959 a 12.4.1961; de 24.4.1964 a 26.4.1966; de 26.4.1966 a 25.4.1968.
Cecil Robert L. Davis De 12.4.1961 a 14.3.1963. Não concluiu o mandato. Substituído por Edgard Souto de Oliveira (presidente do Conselho Deliberativo).
Fernando José Pimentel Duarte De 3.4.1978 a 1.4.1980.
Edgard Souto de Oliveira De 3.4.1963 a 24.4.1964.
Helio Barroso De 1.4.1980 a 1.4.1982.
Carlos Alberto Fernandes Nembri de Brito Cumpriu 9 mandatos ou 18 anos alternados: de 25.4.1968 a 24.4.1970; de 4.4.1972 a 1.4.1974; de 1.4.1974 a 1.4.1976; de 1.4.1982 a 2.4.1984; de 1.4.1984 a 1.4.1986; de 2.4.1990 a 1.4.1992; de 1.4.1992 a 1.4.1994; de 1.4.1998 a 1.4.2000; de 1.4.2000 a 1.4.2002.
Luiz Carlos P. L. Ramos De 1.4.1986 a 4.4.1988.
Hamilcar Veiga da Silva De 4.4.1988 a 16.9.1989 (falecimento). A Comodoria foi assumida pelo vice-comodoro Gabriel Francisco de Andrade Villela.
Eugênio Gonzales Villarino De 24.4.1970 a 7.8.1971 (falecimento). A Comodoria foi assumida pelo presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Alberto Fernandez Nembri de Brito.
Gabriel Francisco de Andrade Villela De 16.9.1989 a 2.4.1990 (complemento do mandato 1988/1990). De 1.4.1994 a 5.4.1995 (falecimento).
João Lagoeiro Barbará De 26.8.1971 a 4.4.1972.
Paulo Fabiano Ferreira De 5.4.1995 a 1.4.1996 (complemento do mandato 1994/1996). De 1.4.1996 a 1.4.1998.
Chafik Elias Saad De 1.4.1976 a 3.4.1978.
Euclides Duncan Janot de Matos De 1.4.2002 a 1.4.2004. Reeleito em 1.4.2004.
NA PRAIA
DA
SAUDADE
13 13
OS PRESIDENTES DO CONSELHO DELIBERATIVO a fundação do Fluminense Yacht Club ficou estabelecido que o Conselho Deliberativo se instalaria no momento em que houvesse duzentos associados. Isso ocorreu em 9 de setembro de 1929, data da primeira reunião do órgão, com 50 conselheiros aclamados. Igualmente, os presidentes do Conselho eram também assim indicados pelo colegiado até 1943, quando o processo se converteu em sistema eleitoral, com o advento do Iate Clube do Rio de Janeiro.
N
Por aclamação: 1929/1930: Renato Pacheco Chaves de Castro Mario Pollo 1930/1931: Herbert Moses 1931/1932: Herbert Moses Carlos Leite Ribeiro 1932/1933: Oscar da Costa 1933/1934: Oscar da Costa Antonio Eugenio Richard Jr. 1934/1935: Marcos Carneiro de Mendonça 1935/1936: Oscar da Costa 1936/1937: Waldemar Alves Sampaio Paulo Azeredo 1937/1939: Waldemar Alves Sampaio 1939/1940: Antonio Eugenio Richard Junior 1940/1941: Herbert Moses
1414
A HISTÓRIA DO IATE CLUBE DO RIO DE JANEIRO
1941/1942: Herbert Moses Octavio da Rocha Miranda 1942/1943: Alfredo dos Santos Processo eleitoral: (Iate Clube do Rio de Janeiro) 1943/1944: Marcos Carneiro de Mendonça Octavio da Rocha Miranda Mario Pollo Antenor de Rezende Waldemar Alves Sampaio 1944/1945: Antenor de Rezende Custodio Marques Vasques 1945/1947: Custodio Marques Vasques 1947/1948: Waldemar Alves Sampaio 1948/1949: Attilio Vivacqua 1949/1950: Agesilau Dutra Attilio Vivacqua
1950/1951: Attilio Vivacqua Agesilau Dutra 1951/1958: Attilio Vivacqua 1958/1959: Jorge Bhering O. Mattos 1959/1961: Cecil Robert L. Davis 1961/1962: Pedro Theberge 1962/1963: Edgard Souto de Oliveira 1963/1965: Elmano M. da Costa Cruz 1965/1966: Luiz Nolasco P. Cunha 1966/1967: Mário Moitinho Neiva 1967/1968: Roberto Bueno 1968/1969: Carlos Celso Parente de Mello 1969/1970: Eugênio Gonzales Villarino 1970/1971: Pedro Theberge 1971/1972: Carlos Alberto F. Nembri de Brito Helio Souto de Oliveira 1972/1973: Pedro Theberge 1973/1974: Fernando José Pimentel Duarte 1974/1976: Ariosto Mesquita Amado 1976/1978: Fernando José Pimentel Duarte 1978/1979: Peter Dirk Siemsen 1979/1980: Carlos Alberto F. Nembri de Brito 1980/1981: Lino Pereira da Silva
1981/1982: Carlos Alberto F. Nembri de Brito 1982/1983: Darke Resende Bhering de Mattos 1983/1984: Stélio Bastos Belchior 1984/1986: Lino Pereira da Silva 1986/1987: Darke Resende Bhering de Mattos 1987/1988: Alberto Emilio Dumortout Nelson Alencastro Guimarães 1988/1989: Jorge Joaquim de Castro Barbosa 1989/1990: João Nicolau Spyrides 1990/1991: Helio Barroso 1991/1992: Carlos Cairo 1992/1993: Paulo Fabiano Ferreira 1993/1994: Peter Dirk Siemsen 1994/1995: Spyro Nicolau Spyrides 1995/1997: Helio Barroso 1997/1998: Carlos Alberto F. Nembri de Brito 1998/2000: Euclides D. Janot de Matos 2000/2001: Paulo Enrique da Silva Tupper 2001/ 2002: Euclides D. Janot de Matos 2002/2003: Helio Barroso 2003/2004: Carlos Alberto F. Nembri de Brito Sidney Helio Melecchi 2004/2005: Helio Souto de Oliveira
NA PRAIA
DA
SAUDADE
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16
A HISTÓRIA
DO IATE
CLUBE
DO
RIO
DE JANEIRO
PAR TE I ARTE UM GRANDE CL UBE CLUBE EM DOIS TEMPOS
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DA
SAUDADE
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O remo de Jorge de Mattos
18
A HISTÓRIA
DO IATE
CLUBE
DO
RIO
DE JANEIRO
TEMPO I
O FLUMINENSE YACHT CLUB
NA PRAIA
DA
SAUDADE
19
O
IDEALIZADOR E PATRONO
carioca Arnaldo Guinle (1884-1963) foi o quinto filho de uma prole de nove, de Eduardo Palassin Guinle e Guilhermina Coutinho Guinle, família de origem gaúcha que se estabeleceu no Rio de Janeiro no final do século XIX, para exercer, em sua época, extraordinária influência na vida social, empresarial e econômica da cidade e de outras áreas do País. Sua extensa atividade produziu realizações que até nestes dias guardam a expressão de uma disposição empreendedora que nos legou, além de importantes investimentos financeiros, imobiliários e industriais, instituições socioesportivas que passaram a constituir o must da antiga Capital Federal, como é, desde que criado com o nome de Fluminense Yacht Club, o atual Iate Clube do Rio de Janeiro.
O
Os varões da família Guinle: da esquerda para a direita, Carlos, Eduardo, Arnaldo, Octávio e Guilherme, em 1889
20
A HISTÓRIA
DO IATE
CLUBE
DO
RIO
DE JANEIRO
OS
FUNDADORES
Arnaldo Guinle Renato da Rocha Miranda Luiz da Rocha Miranda Octávio Monteiro Reis Eugênio Honold Guilherme Guinle Eduardo Guinle Raymundo de Castro Maya Carlos Guinle Octávio Guinle Linneu de Paula Machado Herberto Filgueiras Mariano Marcondes Ferraz Alberto Rabello Valente
Hermano Cupertino Durão Mário Pollo Luiz Leonel de Mauro Luiz Betin Paes Leme Affonso de Castro Armênio da Rocha Miranda Oswaldo da Rocha Miranda Octavio da Rocha Miranda Anverino Floresta de Miranda Custódio B. Gonçalves Jr. Maurício Gudin Henrique Arthou Afrânio da Costa Francisco Bueno Netto
A Comissão Diretora Provisória, por proposta do sr. Octávio Reis, foi constituída, na própria assembléia de fundação, com a incumbência de elaborar e submeter à Assembléia Geral os estatutos e reconhecer como fundadores do Fluminense Yacht Club os subscritores da respectiva ata de fundação, acima relacionados. Primeira Administração: Presidente – Arnaldo Guinle Secretários – Mário Pollo/Mariano Marcondez Ferraz
NA PRAIA DA SAUDADE
21 21
AS
ORIGENS
do lhes parecesse chegada a hora de reconhecer rnaldo Guinle foi admitido como sócio no conjunto o mais expressivo clube da época. do Fluminense Foot-ball Club em 1902. Comodoro do FlumiTornou-se, sucessivanense Yacht Club por 23 anos mente, remido em 1915, beneconsecutivos, entre 1920 e mérito em 1916 e, finalmente, 1943, Arnaldo Guinle intentou, patrono em 1920, como resula partir de 1934, efetivar a protante dos méritos do seu respeijetada fusão dos dois clubes, entável currículo político e admicontrando, porém, ao longo nistrativo exercido em 18 mandesse percurso, condições podatos na presidência, de 1916 a líticas e filosóficas adversas, já 1931 e de 1943 a 1946, além que o tempo e as opções esde integrar a respectiva Comisportivas haviam distanciado as são Fiscal de 1931 a 1942. Con- Arnaldo Guinle: idealizador e patrono duas instituições, cada qual sustribuiu para a profissionalização tentada por personalidades próprias inteirado futebol do FFC, encerrando a fase do ama-
A
dorismo marrom. Firmando o propósito de criar uma associação que concentrasse as atividades terrestres do Fluminense Foot-ball Club e as práticas náuticas prescritas para a nova entidade, unificando os esportes que mais evoluíam na década de 1920, Arnaldo, como consta da ata de fundação, reuniu em torno de si, além de seus quatro irmãos, uma plêiade de notáveis que constituíram o grupo fundador do Fluminense Yacht Club, com o declarado propósito de fundir os dois quan-
22 22
A HISTÓRIA DO IATE CLUBE DO RIO DE JANEIRO
Nos embates filosóficos e objetivos que, contrariando os propósitos da fusão, acabaram por gerar o Iate Clube do Rio de Janeiro, Jorge de Mattos, que, na foto, inaugura, muitos anos após, o retrato em óleo do fundador, exerceu forte liderança no grupo que acabou por frustrar o projeto de Arnaldo Guinle
mente incompatíveis. Assim ficou expresso na resolução do Conselho Deliberativo de 25 de junho de 1943 em que o FYC recebeu nova denominação, que até hoje conserva, tornando-se o Iate Clube do Rio de Janeiro. Magoado mas determinado, Arnaldo Guinle renunciou à Comodoria em reunião do Conselho Deliberativo de 27 de setembro de 1943, sendo substituído por Octavio da Rocha Miranda que, por sua vez, afastou-se em 16 de maio de 1944 para exercer a presidência da Legião Brasileira de Assistência. Na verdade, agiu no sentido de abrir espaço para o encerramento das divergências produzidas pela inviabilidade da fusão. Deixou, porém, marcada sua atuação como um homem de convergência, com sutil visão política e administrativa, geralmente reconhecida, ainda que sucedendo o líder fundador. De regresso às origens, Arnaldo Guinle retomou em dezembro de 1943 a presidência do Fluminense Foot-ball Club, não sem antes assimilar a exoneração da fusão dos dois clubes subscrevendo o documento que colocou termo ao velho e sonhado plano, idealizado 23 anos antes e a que dedicara quase um quarto de século de sua vida. Foi proclamado patrono do FYC em sessão do respectivo Conselho Deliberativo de 24 de setembro de 1929, honraria justificadamente preservada pelo ICRJ por deferência ao grande benemérito e idealizador do clube notável que criou e impulsionou como res-
ponsável pelo expressivo patrimônio material, esportivo e cultural de que hoje desfrutamos. Seu nome e a compreensão de seus ideais de eminente desportista têm sido e sempre serão honrados pelas muitas gerações que usufruem, na Av. Pasteur, 333, os benefícios de sua atuação na criação e no desenvolvimento de um clube que se eleva como um ícone dos esportes náuticos brasilei- A atuação do vice-comodoro Mario Pollo, fiel e eficiente ros, gerando cida- escudeiro de Arnaldo Guinle, a quem substituía nas freqüentes dania e produ- ausências européias, deve também ser lembrada zindo vencedores pela dedicação e proficiência com que serviu o clube que a todos nos como um dos fundadores e competente participante constante da administração orgulham.
Documento de identidade emitido pela FYC para Mariano Marcondes Ferraz, fundador e grande colaborador da administração Guinle
NA PRAIA
DA
SAUDADE
2323
A ATA DA FUNDAÇÃO DO FLUMINENSE YACHT CLUB (Transcrição ipsis litteris)
os vinte e cinco dias do mês de março
afim de sugerir-lhes a idéia da fundação do Flu-
de mil novecentos e vinte, na sede do
minense Yacht Club, sociedade cujos fins prin-
Fluminense Foot-ball Club, à rua Álva-
cipais são: a) proporcionar aos seus sócios a
ro Chaves, nº 41, às 20 horas, presentes os
prática do exercício do remo; b) incrementar a
Snrs: Dr. Luiz da Rocha Miranda, Eugênio
prática e o gosto pela navegação a vela e em
Honold, Dr. Arnaldo Guinle, Dr. Octavio Ro-
barcos de motores de explosão, e, con-
cha Miranda, Octavio Reis, Oswaldo Rocha
sequentemente, c) pugnar pelo desenvolvimen-
Miranda, Dr. Eduardo Guinle, Dr. Guilherme
to da indústria nacional de construção de em-
Guinle, Dr. Carlos Guinle, Dr. Octavio Guinle,
barcações dessas naturezas; d) promover
Dr. Linneu de Paula Machado, Renato da Ro-
festas náuticas, anuais, estabelecendo prêmios
cha Miranda, Armênio Rocha Miranda, Dr. Luiz
que serão disputados em corridas organizadas
Betim Paes Leme, Dr. Raymundo Castro Maia,
pelo Club; e) fazer instalações completas para
Dr. Mario Pollo, Dr. A. Floresta de Miranda,
banhos de mar para uso dos sócios e suas fa-
Dr. Maurício Gudin, Henrique Arthou, Custodio
mílias. Possuindo o Fluminense Foot-ball Club
B. Gonçalves, Dr. Marcondes Ferraz, A.
concessão do Ministério da Guerra, para o es-
Rebello Valente, Luiz Leonel de Moura, Affonso
tabelecimento de uma seção náutica no Forte
de Castro, Dr. Herberto Filgueiras, Dr. Her-
e terrenos do Morro da Viúva, os abaixo assi-
mano Durão, Dr. Afranio Costa e Francisco
nados obtiveram do Club o necessário consen-
Bueno Netto, abaixo assinados, o Snr. Dr.
timento para, em seu nome, utilizarem-se da
Arnaldo Guinle assume a presidência da reu-
mencionada concessão, fazendo, ali, construir
nião, convidando para Secretários os Snrs. Dr.
a séde e demais instalações do Fluminense Yacht
Mario Pollo e Dr. Marcondes Ferraz. Em segui-
Club sob as seguintes condições preliminares:
da o Snr. Dr. Arnaldo Guinle declara que con-
1º – Os sócios do Fluminense Foot-ball Club
vidou os seus amigos para a presente reunião,
gozarão de isenção de jóias de entrada; 2º – o
A
24 24
A HISTÓRIA DO IATE CLUBE DO RIO DE JANEIRO
Fluminense Yacht Club adoptará as mesmas
da idéia, para que ele triunfe, como é de espe-
côres do fluminense Foot-ball Clube; 3º – O
rar. – O Snr. Octávio Reis faz idêntica declara-
Fluminense Yacht Club fará fusão com o
ção e acredita que todos os presentes estão de
Fluminense Foot-ball Club, quando este julgar
perfeito acôrdo com o pensamento do Snr. Dr.
conveniente essa fusão e mediante condições
Rocha Miranda. Depois de fazer outras consi-
a estabelecer. A admissão de sócios será feita
derações o Snr. Octávio Reis propôs: a) que
mediante o pagamento da jóia de Rs50$000 e
seja declarado fundado o Fluminense Yacht
mensalidade de Rs1$000. Aquele que subscre-
Club; b) que fique a Mesa constituída em co-
ver até o dia da reunião de instalação do
missão diretora provisória, sob a presidência
Fluminense Yacht Club, a quantia de Réis
do Snr. Dr. Arnaldo Guinle, com a incumbên-
4.000$000 receberá o título de Sócio Benfei-
cia de elaborar os respectivos Estatutos; c) que
tor ficando ipsofacto, remido de suas contri-
a mesma convoque, oportunamente, a Assem-
buições mensaes. As obras a executar para as
bléia Geral para apresentação do projeto dos
diferentes instalações taes como: salão para reu-
Estatutos, sua discussão a votação, para a insta-
niões dançantes, garagem para embarcações,
lação legal do Fluminense Yacht Club e eleição
balneário, quebra-mar para ancoradouro, etc.,
de sua primeira diretoria; d) que sejam consi-
estão orçadas em cerca de 200$000$ (duzen-
derados fundadores do Fluminense Yacht Club
tos contos de réis) – Salienta o Snr. Dr. Arnaldo
todos aqueles que assinarem a ata da presente
Guinle a importância que dentro em pouco,
reunião. – Sala das Sessões do Fluminense Foot-
terá uma agremiação dessa natureza em nosso
ball Club, aos 25 de março de 1920 (assinado)
meio esportivo, representando a sua fundação
– Octavio Reis. Lida e posta em discussão a
mais uma etapa vencida para o mais completo
proposta do Snr. Octávio Reis, é a mesma apro-
desenvolvimento dos desportos nacionais. Sub-
vada unanimemente, sem debate. Em seguida,
mete a idéia e os seus propósitos à apreciação
o Snr. Dr. Arnaldo Guinle agradece a com-
dos seus amigos e pede que se pronunciem a
parência dos seus amigos presentes, bem as-
respeito. O Snr. Octavio Rocha Miranda decla-
sim, o generoso apoio que dispensaram à sua
ra-se de pleno acôrdo com o que acabou de
idéia, e valioso concurso que vão prestar à nova
expor o Snr. Dr. Arnaldo Guinle, cujo espírito
agremiação desportiva, e convocando-os para
de iniciativas úteis e grande amor aos despor-
uma reunião em 31 do mês corrente, na qual
tos ainda uma vez se afirma. Declara, com pra-
será apresentado o projeto dos Estatutos, de-
zer, que não regateará o seu concurso em prol
clara encerrada a sessão às 22 horas.
NA PRAIA DA SAUDADE
2525
O documento original contendo as assinaturas dos 28 subscritores da ata da fundação do FYC
26 26
IOIODEDE JANEIRO A HISTÓRIA ISTÓRIA DO DO IATE IATECCLUBE LUBEDO DORR JANEIRO
O próximo passo foi a constituição preliminar do capital social pelos fundadores, sendo subscritas 13 acções de 10 contos, pagas 11 e bonificadas 15 por conta de adiantamentos dos subscritores. Uma singela anotação nos informa que “por o/do doutor Arnaldo foi doado ao clube 13 acções de 10 contos”
N NAA PPRAIA RAIA DA SAUDADE
27 27
Cortesia da sra. Regina Cabral
ando ênfase à campanha fusionista iniciada em 1934 e surgida com a própria fundação do FYC, o dr. Arnaldo Guinle, convencendo-se, em face de entendimento do Conselho Deliberativo, de que caberia à Assembléia Geral a última palavra sobre a matéria, encetou campanha entre os associados, começando por enviar-lhes, com data de 2.4.1943, a circular acima, em que explicava a
D 28 28
A HISTÓRIA DO IATE CLUBE DO RIO DE JANEIRO
mecânica e as conseqüências da fusão, e invocando o apoio “à união dos clubes mediante a sua assinatura no original do presente documento”. A Assembléia, porém, jamais se realizou, precipitando os fatos a renúncia do comodoro, requerida em 25 de junho de 1943, como consta a seguir das transcrições das atas, tudo diante do posicionamento dos conselheiros na reunião de 31.3.1943.
A
OPÇÃO
s fundadores guardavam firme convicção em relação à unificação projetada, de tal sorte que, confiantes, deixaram o tempo correr e ainda fizeram convergir para o próprio FYC, juridicamente independente, o aforamento das áreas concedidas pelo governo central, às quais incorporaram benfeitorias produzidas com os recursos captados aos associados do novo clube, destarte fortalecendo-o patrimonialmente, sem vislumbrar que uma nova personalidade conceitualmente divergente estava sendo firmada, progressivamente distanciada da alma mater. Embora em boa-fé, esse foi o procedimento estrategicamente falho dos fundadores, em face de seus planos originais. A criação do Conselho Deliberativo do FYC, em 1929, imposta por condições constantes da própria ata de fundação, gerou um grupamento politizado de associados nunca vinculados ao FFC e fortalecidos pela realidade de que constituíam maioria que se não dispunha a aceitar a incorporação, vista como incompatível entre duas associações, nessa altura fundamentalmente já distanciadas em seus propósitos, práticas e ideais. Assim, foi-se convencendo o crescente quadro social do FYC, de onde emergiram as
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lideranças que, no tempo vivido entre março e julho de 1943, tornaram a fusão uma expectativa frustrada, optando pelo seu próprio e particular destino e, a um só tempo, abrindo as portas do extraordinário futuro, que é a realidade dos dias presentes. Naquele momento crucial afirmou-se em toda dimensão um cavalheiro, o comodoro Arnaldo Guinle, embora desiludido pela dissolução do seu projeto maior. Liberou, moralmente, sua criatura de todos os compromissos da fusão, envolvendo patrimônio, nome, cores, e pedindo apenas que, se um dia o FYC desejasse associar-se, houvesse por bem dar preferência ao velho parceiro, conforto que lhe foi assegurado e que jamais se tornaria realidade. Nos excertos das atas do Conselho Deliberativo de 31 de março, 25 de junho e 23 de julho de 1943, transcritos a seguir, lê-se o decorrer dos fatos que, no final, consagraram um novo clube, sob princípios e nome próprios, denominando-se IATE CLUBE DO RIO DE JANEIRO, em cuja memória estão para sempre inscritos os nomes dos que foram, primariamente, seus generosos criadores.
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Da ata da reunião do Conselho Deliberativo realizada em 31.3.1943, presidida, por aclamação, pelo dr. Marcos Carneiro de Mendonça
(...) Pede a palavra o Dr. Arnaldo Guinle e explica em linhas gerais o motivo da presente reunião, estendendo-se em considerações acerca da projetada incorporação dos patrimônios do Fluminense Yacht Club e Fluminense Foot-ball Club, cuja fusão está prevista na ata de fundação do primeiro, e terminou dizendo que a Diretoria havia convocado o Conselho para que ele dissesse se lhe compete resolver o assunto ou se deve o mesmo ser levado à Assembléia Geral, ficando assim feita a consulta. ...................................................................... (após alongado pronunciamento do conselheiro Jorge Bhering de Mattos) O Sr. Presidente observou que continuava de pé a consulta da Diretoria sobre se o Conselho tem ou não competência para tratar da fusão, cuja matéria vai submeter ao julgamento do mesmo e pedindo que o Conselho se manifestasse sobre o assunto, este resolveu por unanimidade fosse o caso levado à Assembléia Geral, após o que o Sr. Presidente declarou ter ficado sem cabimento a proposição do Sr. Jorge de Mattos.
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A HISTÓRIA DO IATE CLUBE DO RIO DE JANEIRO
Da ata da reunião do Conselho Deliberativo realizada em 25 de junho de 1943, presidida, por aclamação, pelo dr. Mario Pollo
Passando à ordem do dia, o snr. Presidente explica os motivos da presente sessão e, a seguir, procede à leitura de um ofício do snr. Comodoro Dr. Arnaldo Guinle, encaminhando a este Conselho o ofício do Fluminense Fott-ball Club sobre o caso da projetada fusão, tendo também naquele ofício o snr. Comodoro apresentado a sua renúncia a este cargo que vem exercendo há 23 anos consecutivos. O snr. Presidente alonga-se em considerações acerca da personalidade do Dr. Arnaldo Guinle, salientando a obra grandiosa que o mesmo realizou em prol do iatismo no Brasil e dos esportes nacionais, finalizando por ler o ofício do Fluminense Foot-ball Club, após o que pediu ao Conselho que se manifestasse sobre a resposta a ser dada a este club e, bem assim, sobre a renúncia do snr. comodoro. Pede a palavra o Dr. Otavio Rocha Miranda e diz que está aqui terminando a sua tarefa de conciliação. Estende-se, a seguir, sem prolongados comentários sobre a questão, dizendo que foi surpreendido com a renúncia do Dr. Arnaldo Guinle, que, segundo as suas próprias palavras, tem ella o caráter de irrevogável, e assim sendo só lhe resta pedir aos snrs. conselheiros que façam uma manifestação de reconhecimento e de respeito ao Dr. Arnaldo pela dignidade que sempre imprimiu a todos os seus atos, culminando agora pela impe-
cável distinção com que conduziu o caso da liberação do Fluminense Yacht Club pelo Fluminense Foot-ball Club em relação a projetada fusão das duas sociedades. Leu ainda o ofício deste club sobre o assunto, cujo teor pede seja aprovado pelo Conselho com uma salva de palmas. O Dr. Carlos Pires de Mello fez uso da palavra para propor ao Conselho seja discutida item por item a proposta
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do Fluminense Foot-ball Club e que é a seguinte: “Depois de uma série de consideranda, que orientaram os debates, resolveu o Conselho dar autorização a Diretoria do Fluminense Football Club para, em nome deste, liberar o Fluminense Yacht Club do compromisso de fusão constante da clausula terceira da ata de sua fundação, dando o Fluminense Yacht Club ao Fluminense Foot-ball Club, como consequente e justa compensação a essa liberação, a garantia de que, si, porventura, os sócios do Fluminense Yacht Club vierem a modificar a sua atual orientação de principio, não realizarão fusão alguma com outra sociedade de finalidade esportiva especialisada diferente da do Fluminense Yacht Club, a não ser com o Fluminense Foot-ball Club. Como resultante da deliberação acima, o Conselho, apreciando a gênese de organisação do Fluminense Yacht Club, com as medidas conjugadas para os destinos futuros que lhe eram traçados, julgou oportuno antecipar ao Fluminense Yacht Club a declaração de que, caso este club, em consequencia da presente liberação, julgue de sua conveniência a mudança de seu nome e de suas cores, o Fluminense Foot-ball Club não considerará ato de descortezia ou de deselegância para com ele, qualquer medida nesse sentido.” ...................................................................... O snr. presidente submeteu então a proposta do Fluminense Foot-ball Club à aprovação do Conselho, pedindo que a mesma fosse aprovada por aclamação e de pé, o que se verificou por unanimidade.
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A HISTÓRIA DO IATE CLUBE DO RIO DE JANEIRO
Da ata da reunião do Conselho Deliberativo realizada em 23 de julho de 1943, presidida pelo dr. Antenor de Rezende, com o fim de examinar e promulgar os novos estatutos
E, finalmente, todos os demais capítulos foram também discutidos e aprovados com ligeiras emendas dos Snrs. Pedro Franco Camargo, J. Pimentel Duarte e Otavio Rocha Miranda, recebendo assim aprovação unânime do Conselho os novos estatutos do Iate Clube do Rio de Janeiro,
denominação que substitui a de Fluminense Yacht Club.
Nascendo a Urca: nome oriundo da síntese da razão social da empreiteira Urbanizadora Carioca
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A
BUSCA DO DOMICÍLIO
idéia da criação do Fluminense Yacht Club foi gerada na antiga e hoje modernizada sede do Fluminense Foot-ball Club, um projeto do arquiteto J. Gire. Nesse prédio realizaram-se não apenas as reuniões dos 28 fundadores do FYC como, depois, a partir
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AH HISTÓRIA ISTÓRIA DO DO IIATE ATE C CLUBE LUBE DO DO R RIO IO DE DE JJANEIRO ANEIRO A
de 1929, os encontros formais do Conselho Deliberativo do novo clube. Se, naturalmente, os primeiros movimentos do Fluminense Yacht Club ocorreram nos suntuosos salões do refinado Fluminense Foot-ball Club, o local mais efetivo de reuniões
de trabalho dos componenetes do seu grupo diretor, durante 19 anos, foi o 2o andar do Edifício Guinle, na Av. Central, 135, 137 e 139, hoje Av. Rio Branco, no Centro da cidade, uma bela edificação há muito demolida, que os especialis-
tas classificam como arquitetura eclética classicizante, cuja foto foi obtida no Arquivo da Cidade, uma instituição governamental que é um precioso repositório da história urbanística do Rio de Janeiro.
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A HISTÓRIA
DO IATE
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itular, desde 1916, da concessão, pelo Exército Brasileiro, da área da Bateria do Morro da Viúva, de efêmera existência (1863/1885), para instalação de sua seção de remo, quis o Fluminense Foot-ball Club nela colocar o Fluminense Yacht Club, consolidando o seu braço náutico. Por interferência dos planos urbanísticos da cidade, o espaço foi absorvido pela construção de uma via interlingando os bairros de Botafogo e Flamengo (Av. Ligação, hoje Rui Barbosa), cujas obras são visíveis nesta foto. A compensação tardou mas chegou em 1927, com a concessão pelo Governo Federal da magnífica geografia da Praia da Saudade, hoje Av. Pasteur, 333.
T No Morro da Viúva, da Mariano Marcondes Ferraz, Arnaldo Guinle e José a futura sede de remo do FFC,
esquerda para a direita, Francisco Bueno Netto, Gomes Coimbra, visitam por volta de 1919/1920
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A HISTÓRIA
DO IATE
CLUBE
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visão extraordinária do fotógrafo Augusto Malta (1864-1957), que ainda no século XIX vislumbrou e transmitiu a todas as gerações do seu futuro a beleza da Cidade do Rio de Janeiro, não escapou aquela linda porção da enseada de Botafogo, a antiga Praia da Saudade, inserida no visual deslumbrante que uma figura solitária e privilegiada usufruiu lá do alto do Corcovado.
Foto Augusto Malta - Acervo da Fundação Moreira Salles
À
NA PRAIA
DA
SAUDADE
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O
PRIMEIRO PROJETO DA SEDE NA PRAIA DA SAUDADE
ispondo da primeira porção de espaço na Av. Pasteur, e depois de superar uma disputa judicial com integrantes da colônia de pesca local, a Z13, em que foi vencedor, não obstante, até, ameaças à sua integridade física, o comodoro Arnaldo Guinle, no período 1929/1933, convidou o arquiteto francês Joseph Gire para projetar a nova sede da Praia da Saudade, nos mesmos padrões arquitetônicos do prédio do Fluminense Foot-ball Club. O projeto apresentado era ambicioso, prevendo pavilhões para o tênis, garagem para barcos pesados e aviões e o espaço da sede social. Com tanto volume, extrapolou os limites do terreno, conflitando com os alinhamentos dos prédios vizinhos, e, ademais, esgotando o espaço da primeira área concedida ao clube sob a forma de aforamento. Segundo a visão oficial, afrontou o estilo dos prédios do Instituto Benjamin Constant e do Hospício do Rio de Janeiro, marcos arquitetônicos preservados pelo Plano Agache. Foi oficialmente recusado. Perceberam os fundadores que o clube que imaginavam demandava mais espaço. Trataram de recorrer novamente ao poder central, valendo-se do prestígio e boas disposições do
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A HISTÓRIA DO IATE CLUBE DO RIO DE JANEIRO
Reprodução de uma das cartas de aforamento das áreas que conformaram a propriedade da Av. Pasteur, 333
paulista dr. Antônio Prado Jr., então prefeito do Distrito Federal, obtendo outras concessões aforadas que completaram, somadas aos acrescidos de marinha, o excepcional espaço conquistado, por isso reconhecendo-se ao benemérito alcaide a dupla condição de presidente de hon-
e dela recebeu 1.400 m2, acerto que envolveu também os vizinhos clubes Guanabara e Botafogo de Regatas. Pelo Decreto Presidencial 77.440, de 14 de abril de 1976, mercê de iniciativa do comodoro Carlos de Brito, o clube foi autorizado, mediante aforamento de acrescidos de marinha, a expandir seu território numa área de mais 4.500 m2 tomados ao mar mediante aterro, onde foi implantado o chamado Patamar do Hangar 1 e, no seu entorno, a Marina do Jarrão, esta construída e financiada por um grupo de 19 associados, liderados pelo então presidente do Conselho Helio Barroso, contando com todas as instalações típicas de um confortável ancoradouro. As fotos exibidas em seqüência são eloqüentes em mostrar que originalmente foi ne-
ra do clube e de presidente honorário do Conselho Deliberativo, quando este órgão veio a ser criado, em 1929, cuja sala atual recebeu o seu nome ilustre. Sempre confiantes no projeto da fusão, os fundadores fizeram com que as cartas de aforamento das áreas da Praia da Saudade fossem extraídas no próprio nome do Fluminense Yacht Club, que logo iniciou os aterros autorizados, completan- SERVIÇO DE SALVAMENTO do com os acrescidos de marinha o espaço de que hoje dispomos, totalizando 81.723 m2, entre a Av. Portugal e as instalaENSEADA DE BOTAFOGO ções do Serviço de Salvamento da Prefeitura, na Rua Jornalista A 1 – Acrescido de marinha (Patamar hangar 1) – 5.889 m 6 – Acrescido de marinha – C 7 – Acrescido de marinha – 2 – Acrescido (inclui Piscina de Barcos) – 26.556 m Nestor Moreira. Esta rua, que faz 3 – Acrescido de marinha – 14.625 m D 8 – Área cedida pela Prefeitura – B 4 – Acrescido de marinha – 3.876 m a ligação entre a Av. Pasteur e a 9 – Área desapropriada – E 5 – Acrescido de marinha – 9.096 m Av. Nações Unidas (Praia de Botafogo), teve sua implantação A unificação das diversas áreas aforadas com os acrescidos de marinha, identificadas na legenda acima, resultou na formação viabilizada por acordo penoso na de um terreno privilegiado, com 970,87 m lineares de frente para o mar e 865,30 m lineares de frente para a Av. Pasteur, delimitação de espaços, em que o uma localização premiada para uma instituição que se constituiu na sala de visitas da Cidade do Rio de Janeiro ICRJ cedeu à Prefeitura 4.180 m2 e é hoje um dos maiores clubes náuticos do mundo 2 2
QUADRADO DA URCA
7.290 m2 12.991 m2
2 2
1.400 m2 (4.180 m2)
2
NA PRAIA DA SAUDADE
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O patamar do hangar 1, com a Marina do Jarrão em seu entorno
cessário contratar a construção do cais ao longo
zoável pista de aviação aos praticantes da ativi-
da orla, por trás do qual seria realizado o aterro
dade, fundadores e novos associados amantes
complementar, começando-se com um contra-
do esporte – que era um grande atrativo na épo-
to com a firma Christian Nielsen para uma ex-
ca – que até já possuíam aeronaves. Levanta-
tensão de 300 m lineares, completados pela
ram vôo e assim, de certa forma incidental, foi
mesma e tradicional empreiteira da época ao longo de vários anos, sob a contingência da limitada capacidade financeira do clube.
adotada a prática no clube, até com sua introdução nos estatutos. O próximo passo foi a criação da Escola de Aviação do FYC.
Na medida em que os aterros se completavam, formouse um alongado terreno de cerca de 468 m lineares que sugeria uma ra-
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A HISTÓRIA DO IATE CLUBE DO RIO DE JANEIRO
Antônio Prado Jr., prefeito do Distrito Federal, presidente de honra do FYC e do seu Conselho Deliberativo, a quem caberia, na verdade, o título de benemérito pelo apoio essencial na obtenção dos terrenos que o clube ocupa
DESENVOLVENDO
O CLUBE
Evolução do aterro e das obras fundamentais – 1927 a 1939
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ISTÓRIA DO DO IATE ATE CLUBE LUBE DO DO RIO IO DE DE JANEIRO ANEIRO A HISTÓRIA
partir de 1932 o clube iniciou o projeto da sede formulado em 3 edifícios de estilo normando, construíndo o primeiro ao lado do atual hangar 2 e concluindo os outros dois somente até 1939.
A
Nos anos 1972/1975, o comodoro Carlos de Brito decidiu interligar os três edifícios, constituindo o perfil da sede nova, que persiste até hoje e incumbindo o associado e engenheiro Samuel Rubens Israel da administração das
NA PRAIA DA SAUDADE
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obras respectivas que, na foto da página anterior, são visitadas por um grupo em que aparecem, com Carlos de Brito e Samuel Israel, Alberto Ravazzano, Paulo Duprat Serrano, Alberto Neves e outros. As duas outras fotos da mesma página, mostram os ditos editícios e a sede nova
resultante. O prédio novo deu abrigo a todos os serviços de atendimento aos sócios e aos esportistas, dispondo de áreas dedicadas à vela, à pesca, aos jogos diversos, aos restaurantes e bares, ao salão nobre e outras instalações, chegando aos atuais padrões de excelência.
Do barracão primário ao grande Hangar da Aviação, hoje hangar 3, um entre os 8 que compõem, atualmente, os abrigos de embarcações dos associados
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A HISTÓRIA ISTÓRIA DO DO IATE ATE CLUBE LUBE DO DO RIO IO DE DE JANEIRO ANEIRO
Na cobertura do hangar 3, como de outros construídos em seqüência, utilizou-se fina tecnologia de treliçados de sustentação que perdura até hoje em seu aspecto leve mas extremamente eficiente na função estrutural para que foram projetados e executados
A foto ao lado é muito expressiva porque mostra a um só tempo o aterro concluído, insinuando a pista de pouso e decolagem, o início da construção do hangar 1 e 2 e o primeiro dos 3 prédios normandos em que, na oportunidade, foi instalada a sede da Av. Pasteur que aparece cercada pelos veículos de associados de então, tendo ao fundo o Morro da Urca e a primeira estação dos bondes do Pão de Açúcar
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DA
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Hangar 1 em construção, diante da ainda inconclusa Piscina de Barcos, e o barracão posteriormente substituído pelo hangar 2 ao lado do qual estão as bombas de combustíveis
Em duas fases, o hangar 1 com sua rampa a partir da Piscina de Barcos
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A HISTÓRIA DO IATE CLUBE DO RIO DE JANEIRO
A evolução do hangar 2
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A HISTÓRIA
DO IATE
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TEMPO II
O IATE CLUBE DO RIO DE JANEIR O ANEIRO
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A sede dos dias de hoje, com a modernidade das últimas obras, cujas portas do mar são abertas pelos faróis franceses adquiridos em 1927 pelo comodoro Arnaldo Guinle. O Cais da Bandeira, com sua estrutura recentemente recuperada, é, por sua vez, a porta de entrada do próprio clube para aqueles provindos do mar.
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A HISTÓRIA ISTÓRIA DO DO IATE ATE CLUBE LUBE DO DO RIO IO DE DE JANEIRO ANEIRO
Vistas internas das docas
Externamente, a visão do cais fronteiriço ao hangar 3
O cais na lateral do hangar 3
Onde dominava o óleo e a gasolina, hoje há o simpático cais dos namorados, um inspirador mirante que vislumbra toda a Enseada de Botafogo
Parte da flotilha de apoio às atividades náuticas
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A HISTÓRIA
DO IATE
CLUBE
DO
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A MODERNA SEDE DA AV. PASTEUR
1 1a 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
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Hangar 8/Concessionários Portão 4 Restaurante de funcionários Hangar 7 Novas vagas para barcos Acesso do Travel Lift 2 Hangar 6 Subestação 3 Box hangar 6 Lavanderia Hangar 5 Radiocomunicação
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
A HISTÓRIA DO IATE CLUBE DO RIO DE JANEIRO
Centro Vélico J24, Soling, Ranger 22, botes e guindaste Pista de skate Oficinas do clube Diretoria de Manutenção Segurança Divulgação e Acervo Cultural Academia de ginástica Subestação 2 Quadra de esportes Bar da piscina Pérgula da piscina
23 24 25 25a 26 27 28 29 30 31 32 33 34
Piscina Bar Pingüim Termas Portão 3 Centro Cultural / Jogos Píer Cecil Davis Píer Eugênio Villarino Rampa do hangar 3 Hangar 4 Hangar 3 Posto médico Playground Lanchonete
35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47
Escritório sede Posto de combustíveis Subestação 1 Comodoria/Administração Estacionamento Piscina de Barcos Cais da Bandeira Salão Nobre Telefones Lavabos Bar Temático Sala de Leitura Sala da Vela
48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59
Living Salão 470 Sala de Jogos Sala da Pesca Corredor da Rainha Salão Marlim-azul Portão 2 (Acesso de veículos) Capela Barbearia Social e Serviços Banheiros Lojas Sala do Conselho Deliberativo
60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71
Diran Hangar 2 Portão 1 (Serviço) Peixaria Vestiário de empregados Setor de Compras EDN Hangar 1 Lojas Patamar Ecológico Marina do Jarrão Acesso do Travel Lift 1
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O novo acesso à piscina social veio de encontro à sua própria beleza enriquecida com os modernos toldos que acrescentam conforto e proteção aos usuários
Enquanto o então comodoro Carlos Pires de Melo, cioso das verbas, viajava, seu vice-comodoro Sérgio Carneiro e outros companheiros fizeram cavar o buraco da piscina para tornar inexorável a sua complementação. Todos ganhamos!
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Reinaugurado com ruidosa alegria pelos seus usuários, o parquinho adquiriu com a reforma por que passou recentemente um aspecto agradavelmente multicolorido, em que predominam o verde do arvoredo e a higiene que deve ser oferecida à criançada que o freqüenta
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Depois do muito antigamente, assim ficou a varanda dos nossos dias, onde os boatos correm livres, ganham-se e se perdem eleições, sobem e caem dirigentes, mas, de fato, nada muda e todos se divertem...
E, enquanto isso, a renovada área de estar sob o salão nobre Carlos de Brito permite belo visual do que ocorre nas águas fronteiras ao clube... com direito a um drinque no bar temático
Cozinha ampla atende o simpático restaurante Star
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A HISTÓRIA DO IATE CLUBE DO RIO DE JANEIRO
O salão nobre, hoje denominado Benemérito Carlos de Brito, foi inteiramente reformado, com novo sistema acústico e ar-condicionado eficiente, escada e monta-carga diretamente da cozinha, com a varanda externa bem integrada e com cobertura de toda a sua área
Renovado e com acústica perfeita, o Salão Marlim-azul é hoje aconchegante para os freqüentadores dos eventos que acolhe
O Centro Cultural Comodoro Gabriel Vilela, também utilizado para as reuniões plenárias do Conselho Deliberativo
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Depois da recuperação do patamar do hangar 8, foram refeitos e modernizados os ancoradouros da área com a instalação de 22 fingers com todos os recursos de apoio às embarcações, como água e eletricidade, cada qual recebendo uma escada de acesso, com a primeira que se vê na foto iluminada da direita. A foto da esquerda dá visão ampla do quanto ficou atraente esse setor do clube, tendo como pano de fundo o Corcovado
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Realocados, os concessionários de serviços ocupavam precioso espaço no patamar do hangar 1, formando, pela precariedade das suas instalações, tendência de favelização. Vieram para o hangar 8, distribuídos em 30 oficinas com todos os recursos necessários ao desempenho das tarefas de seus locatários, sob eficiente controle administrativo
Aqui, onde estavam os concessionários de serviços, agora estão as 9 lojas refeitas do patamar do hangar 1, recuadas e servidas por 2 banheiros, proporcionando acréscimos de 411 m 2 de área de hangaragem de embarcações e um visual que não pode ser mais agradável
Usufruindo um belo visual, os eficientes operadores da sala de rádio do clube atendem não apenas os associados como também se integram com outras estações semelhantes na prática de oferecer segurança à navegação em geral, a curta e longa distância
Excetuado o de nº 6, todos os outros 7 hangares são fechados, protegendo as embarcações dos associados
A HISTÓRIA DO IATE CLUBE DO RIO DE JANEIRO
Vista do Centro Vélico e do patamar dos Stars e J24
Academia de ginástica renovada
Primeira quadra poliesportiva
O gamão e o salão de sinuca, no prédio do Centro Cultural Comodoro Gabriel Vilela
NA PRAIA
DA
SAUDADE
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Piscina de Barcos e acesso ao travel lift 1, vistos da rampa do hangar 1
Cercada pela vegetação do jardim interno, a Capela nos convida à oração
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A HISTÓRIA DO IATE CLUBE DO RIO DE JANEIRO
Alguns dos nadadores master
OS
EQUIPAMENTOS
Do King K ong ao travel lift Kong
O saca-poitas Cel. Stephan: útil a seu tempo
O veterano guindaste Derrick, chamado King-Kong, ainda ativo e com decênios de serviços prestados na área do hangar 5, e um dos modernos travel lift dos dois hoje utilizados pelo clube em seu constante processo de modernização
À frente, o velho guindaste do Star e, mais ao fundo, a torre de alcance de mastros
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RESSA CAS ESSACAS
E SANEAMENT O SANEAMENTO
A água ultrapassa o cais externo, na altura do antigo posto de gasolina, e invade a Piscina de Barcos
pesar de internada numa enseada como a de Botafogo, a orla do Iate não poucas vezes sofreu, e pode sofrer ainda, os efeitos de ressacas espetaculares que causaram danos às instalações em terra e às embarcações em pátio ou poitadas, agressões particularmente sentidas nas laterais do hangar 3, atingindo os barcos das classes Star, J24 e do Centro Vélico.
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Aqui, são dramaticamente mostradas nas fotos, algumas de autoria do nosso associado, sr. Antônio José Ferrer. O fenômeno ocorria com tal grandeza que até os clubes da enseada de São Francisco, em Niterói, sofriam assaltos idênticos da natureza, chegando a água, no caso do Iate Clube Brasileiro, até a Estrada Fróes, cerca de 30 m acima do nível do mar.
As fotos cobrem as áreas do hangar 4 e do Centro Vélico, as mais atingidas
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A HISTÓRIA DO IATE CLUBE DO RIO DE JANEIRO
A água atinge violentamente a torre metálica de apoio às operações de retirada e colocação de mastros de nossos veleiros e todo o seu entorno, na altura do hangar 3 e piscina social
O problema das resssacas vem desde sempre, como a que ocorreu no ano de 1910, atingindo o antigo paredão da Praia de Botafogo e que só ao cachorrinho não assustou
Por iniciativa do ex-contra-comodoro Paulo Monteiro Lima, engenheiro competente, foi estudada e construída uma verdadeira barreira de concreto no patamar do hangar 4, onde descansam os veleiros das classes Star e J24, agora mais protegidos da força das águas quando acontecem esses fenômenos, felizmente raros. O clube intentou, durante longo tempo, implementar projeto de marina que não prosperou por diversas razões, entre elas o volume
e a proximidade do enrocamento planejado e essas mesmas ressacas que outro estudo do INPH procurou resolver, com a projeção de proteções na altura da Fortaleza de São João. Representam elas obras de menor porte e, portanto, de menor custo, tecnicamente estudadas para proteger toda a enseada de Botafogo e que poderão ser renegociadas pelo clube e pela comunidade em futura oportunidade.
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DA
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LEGENDA: – Rede interna coletora – Elevatória de recalque • Extensão: 1.200m • Profundidade: de 1m a 5m
Ao longo do tempo, algumas medidas de proteção foram adotadas pelo Iate, como, nos anos 80, a dragagem da orla e a instalação da
rede interna e externa de esgotos sanitários, cujos despejos in natura contribuíam para o agravamento do assoreamento da orla, ocasionando
Os projetos técnicos foram executados, na parte externa, pelo Estado do Rio de Janeiro, através da Cedae, que absorveu os custos e a responsabilidade das obras, cuja tubulação passou a receber o material das duas elevatórias internas do clube na Av. Pasteur, conduzindo-o pela Av. Venceslau Brás, até a Praça Ozanã (foto acima) e daí para as canalizações do sistema do emissário de Copacabana
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A HISTÓRIA DO IATE CLUBE DO RIO DE JANEIRO
ainda outros inconvenientes, como o encalhe eventual das nossas embarcações que demandavam o cais do clube, além de constituir am-
biência nada agradável na Piscina dos Barcos, fronteiriça à área social, e mesmo ao longo de toda a margem.
Na foto, o ex-comodoro Helio Barroso, o vice-comodoro Arthur Redig, o conselheiro Arnaldo Guedes e os dirigentes da Collet & Sons, Yan Solberg e Idálio Magalhães, acompanham o secretário de obras dr. Emílio Ibrahim, em sua visita às obras internas do sistema de captação de esgoto, realizadas pelo próprio clube sob projeto da Cedae. Fique registrado que o Iate deve reverência ao secretário Ibrahim por sua decisão de levar avante os trabalhos externos de envergadura e essencialidade para o clube e para a própria enseada de Botafogo, agradecimentos que se estendem ao ex-prefeito Júlio Coutinho, nosso associado e amigo, responsável pela aproximação entre o Estado e o clube
Em 1981 foi também traçado e executado, com o apoio da Marinha, o canal de acesso ao clube com uma bóia luminosa e 5 cegas, opção muito oportuna, tendo em vista o grande volume de embarcações ancoradas na orla e que, nessa altura, tornariam difícil a aproximação à sede
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A HISTÓRIA
DO IATE
CLUBE
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