Caminhos para a construção de alternativas

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CAMINHOS PARA A CONSTRUÇÃO DE ALTERNATIVAS SOCIAIS QUESTIONAR, REFLECTIR E MEDIAR

Helena Neves Almeida helena.almeida@fpce.uc.pt


O DIÁLOGO ENTRE CIENCIA E SOCIEDADE

• COMO TEM SIDO ABORDADO O TEMA DAS CRISES?

• O AVANÇO DO CONHECIMENTO CIENTIFICO E A COMPLEMENTARIDADE DE CONHECIMENTOS • EMERGÊNCIA DE NOVOS PARADIGMAS


CONCEITO DE PARADIGMA • O CONTRIBUTO DE KUHN

• PRINCÍPIOS SUPRALÓGICOS DO PENSAMENTO

• O PENSAMENTO SISTÉMICO

• UMA ESTRUTURA MENTAL, CONSCIENTE OU NÃO, QUE SERVE PARA CLASSIFICAR O MUNDO A FIM DE PODER ABORDÁ-LO

• O PENSAMENTO COMPLEXO DE MORIN

• NÃO SE REDUZ NEM À CIÊNCIA NEM À FILOSOFIA, MAS PERMITE A COMUNICAÇÃO ENTRE ELAS, SERVINDO-LHES DE PONTE


O CONHECIMENTO PROGRIDE ATRAVÉS DA CAPACIDADE EM CONTEXTUALIZAR E EM GLOBALIZAR (MORIN, 1999,27)

A SIMPLICIDADE É SEMPRE APARENTE E A RUDEZA DOS NOSSOS SENTIDOS É SUFICIENTE PARA NOS IMPEDIR DE VER A COMPLEXIDADE (FORTIN, 2005,18)

A COMPLEXIDADE É O RECONHECIMENTO DE QUE TUDO AQUILO QUE NOS RODEIA, DAS ESTRELAS AO HOMEM, É SEMPRE MULTIDIMENSIONAL, ENREDADO, DIVERSIFICADO


PORQUE É IMPORTANTE O TEMA DA CONSTRUÇÃO DE ALTERNATIVAS SOCIAIS? • REPOSICIONA O NOSSO PENSAMENTO NA DESCOBERTA DE NOVAS VIAS, UM NOVO OLHAR, UMA NOVA FORMA DE AGIR

• FATORES OBJETIVOS ASSOCIADOS A VARIÁVEIS PESSOAIS, SOCIAIS E POLITICAS

• FATORES SUBJETIVOS


ABORDAR O TEMA DA COMPLEXIDADE PELO PRISMA DO PENSAMENTO COMPLEXO • RECONHECER A MULTIDIMENSIONALIDADE DE FATORES, SUA ARTICULAÇÃO E ELOS ESTABELECIDOS ENTRE SI

• PROCURAR A COMPREENSÃO DE SENTIDO (ANCORADA NA REALIDADE) AO SERVIÇO CRÍTICO E REFLEXÃO

• NECESSIDADE DE ARTICULAR CONHECIMENTOS MULTIDISCIPLINARES, SUPERANDO O CONHECIMENTO HIPERESPECIALIZADO, UNIDIMESNIONAL, INCOMPLETO E DESARTICULADO • UMA PRÁTICA UNIDIMENSIONAL E MUTILADORA

O CONHECIMENTO COMPLEXO TEM EM CONSIDERAÇÃO AO MESMO TEMPO O HOMEM, A SOCIEDADE E O MUNDO QUE NOS RODEIA


TRABALHO SOCIAL, COMPLEXIDADE, INCERTEZA E RISCO SOCIAL • MULTIDIMENSIONALIDADE • INSUFICIENCIA DE RESPOSTAS CLARAS À COMPLEXIDADE • PRESENÇA DE ELEMENTOS DE RISCO EM CONTEXTOS APARENTEMENTE SEGUROS E PROMOTORES DE BEM ESTAR

• TRABALHO SOCIAL É SEMPRE CONTEXTUALIZADO • NÃO EXISTEM RECEITAS • AS PRÁTICAS RARAMENTE SÃO IGUAIS APESAR DA EXISTÊNCIA DE ROTINAS


O CONTEXTO INTERFERE EM TODAS AS PRÁTICAS PROFISSIONAIS E CIENTÍFICAS

EMBORA RECONHECENDO QUE O CONTEXTO E AS DIMENSÕES QUE POSSAM SER SINALIZADAS CONSTITUEM ELEMENTOS CONSTANTES NA ANÁLISE DE OUTRAS PRÁTICAS PROFISSIONAIS, O RESPEITO PELA DIGNIDADE HUMANA, O SEU OLHAR COMPROMETIDO COM A JUSTIÇA, A EQUIDADE E O BEM-ESTAR SOCIAL, COM A QUALIDADE DOS SERVIÇOS PRESTADOS, IMPULSIONAM O DESEMPENHO DAQUELES PROFISSIONAIS PARA UMA ANÁLISE SINGULAR E SIMULTANEAMENTE COLETIVA QUE EXPRIME E AMPLIA A COMPLEXIDADE DA INTERVENÇÃO.


POSTULADOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA MATRIZ ANALÍTICA E REFLEXIVA DA INTERVENÇÃO SOCIAL • A INTERVENÇÃO PROCESSA-SE A PARTIR DE UMA PROCURA SOCIAL CUJA SINGULARIDADE CONSTITUI UM REFERENCIAL DE PARTIDA • O PROCESSO DE INTERVENÇÃO TEM SEMPRE SUBJACENTE UMA ETAPA DE ESTUDO E DIAGNÓSTICO, MAS NÃO DISPENSA A SUA DIMENSÃO ESTRATÉGICA ASSOCIADA AO PLANEAMENTO E AVALIAÇÃO E QUE SUPERA A DIMENSÃO DO AQUI E AGORA

• A CONSTRUÇÃO DE ALTERNATIVAS IMPLICA A REJEIÇÃO DO MODELO DE DEFICIT, EM BENEFÍCIO DE UMA POLÍTICA E UMA PRÁTICA COMPROMETIDA COM EXPERIÊNCIAS TRANSFORMADORAS QUE FAVOREÇAM O DESENVOLVIMENTO HUMANO E PROMOVAM A CIDADANIA

• O TRABALHADOR SOCIAL NÃO É APENAS UM TRADUTOR DA PROCURA SOCIAL, É TAMBÉM UM AGENTE DE PROCURA


POTENCIAL TRANSFORMADOR DO TRABALHO SOCIAL • A) explorar e compreender as complexidades do contexto de intervenção da profissão, apresentando respostas e soluções, apesar de estas serem provisórias e inacabadas; • B) contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas em sociedade, aumentando a cooperação entre os seres humanos e incrementando a solidariedade na sociedade;

• C) promover e potenciar relacionamentos sociais, redes sociais e bem-estar social; • D) promover mudanças nos níveis nível individual e social, potenciando as competências daqueles com quem trabalha; • E) defender os direitos humanos e a justiça social como postulados éticos e deontológicos. Adams, Dominelli e Payne (2009)


É PRECISO COMBATER O FATALISMO FUNCIONAL EVITAR A REPRODUÇÃO DO RITUAL PRAGMÁTICO ASSOCIADO AO COTIDIANO PROFISSIONAL, MEDIANTE O QUESTIONAMENTO E A CRÍTICA CONSTRUTIVA DAQUILO QUE SE OBSERVA OU PRODUZ, VALORIZANDO A INTERVENÇÃO REFLEXIVA QUE IMPLICA A ACEITAÇÃO DO CARÁTER REDUTOR DAS AÇÕES PONTUAIS E IMEDIATAS E RECONHECENDO AUTORIDADE À INTERVENÇÃO DECORRENTE DA RELAÇÃO E DA PROXIMIDADE COM O TERRENO.


A MUDANÇA DE PARADIGMA É LENTA E DIFÍCIL

IMPLICA A ACEITAÇÃO DE UM POSSÍVEL COLAPSO DE TODA A ESTRUTURA DE IDEIAS E A SUA SUBSTITUIÇÃO POR NOVAS INFORMAÇÕES E ESTRUTURAS DE PENSAMENTO.


A COMPREENSÃO GLOBAL DAS PRÁTICAS NÃO É SUSCETÍVEL DE SER APREENDIDA APENAS A PARTIR DA OBSERVAÇÃO • A INTERVENÇÃO SOCIAL NÃO PODE SER ENTENDIDA COMO UM MERO RITUAL PRAGMÁTICO • É PRECISO CRIAR CONDIÇÕES PARA A EMERGÊNCIA DO NOVO, POR MEIO DO DOMÍNIO DAS ATITUDES COMUNICACIONAIS, DA CONSTRUÇÃO DE PROPOSTAS INOVADORAS QUE FORMATEM NOVAS OFERTAS SOCIAIS, DA INTEGRAÇÃO NO COTIDIANO DE ESPAÇOS PROPICIADORES DE REFLEXÃO SOBRE AQUILO QUE SE FAZ, COMO SE FAZ E POR QUE SE FAZ.

• É PRECISO ENVEREDAR PELA CRIAÇÃO DE NOVAS REPRESENTAÇÕES A PARTIR DE NOVAS PRÁTICAS. • É URGENTE MUDAR DE PARADIGMA. • UM PARADIGMA ESTABELECE UMA ROTURA COM OS PROJETOS DE VIDA COTIDIANA E PERMITE ELIMINAR UMA SÉRIE DE QUESTÕES QUE JÁ NÃO SERÃO CONSIDERADOS PERTINENTES


CONCLUINDO… • O NOVO PARADIGMA EMERGENTE DA CIÊNCIA RECUSA GRANDES EXPLANAÇÕES COMO A FORMA DOMINANTE DE EXPLICAR O MUNDO • RECONHECE, POR ISSO, MÚLTIPLAS VERDADES SOBRE OS FENÔMENOS E INÚMERAS E VARIÁVEIS RESPOSTAS PARA AS SITUAÇÕES HUMANAS. • ASSUME COMO PREMISSA QUE O CONHECIMENTO É SOCIALMENTE CONSTRUÍDO E QUE A VERDADE É UM CONCEITO RELATIVO E DINÂMICO. • TEM UM COMPROMISSO COM A SUBJETIVIDADE, INEVITÁVEL, INCONTORNÁVEL E NECESSÁRIA COMPONENTE DA COMPREENSÃO DOS FENÔMENOS. • BASEIA-SE, ENTRE OUTROS ASPECTOS, NA COMPLEXIDADE, NA INTERCONEXÃO DE CONHECIMENTOS E FATORES DE COMPREENSÃO DA REALIDADE SOCIAL, NA TRANSDISCIPLINARIDADE, NA REFLEXIVIDADE, NA CONTEXTUALIZAÇÃO, NA INTERSUBJETIVIDADE, NA CAUSALIDADE CIRCULAR, NOS SISTEMAS COMPLEXOS, NAS NARRATIVAS.


IMPACTE NO TRABALHO SOCIAL • CONFRONTADOS DIARIAMENTE COM A URGÊNCIA DA RESPOSTA, OS TRABALHADORES SOCIAIS DESENVOLVEM AÇÕES DETENTORAS DE UM RESIDUAL ASSISTENCIALISTA QUE IMPORTA INCORPORAR APENAS COMO UM PATAMAR DE INTERVENÇÃO, NÃO LIMITATIVO DA SUA IMAGEM OU DA SUA PRÁTICA. • PONDERAR AS OPORTUNIDADES, OS RECURSOS, OS MEIOS, OS LIMITES PESSOAIS, PROFISSIONAIS, INSTITUCIONAIS E SOCIAIS EXIGE, POR UM LADO, UMA RUPTURA COM PROCEDIMENTOS STANDARD E, POR OUTRO LADO, A PREVISÃO DE MOMENTOS DE PARAGEM PARA A ESCRITA, A ANÁLISE E A REFLEXÃO.


QUE PERSPETIVAS? • • • •

GOVERNANÇA INTEGRADA TRABALHO EM EQUIPE TRABALHO EM REDE ATUALIZAÇÃO DE CONHECIMENTOS • USO DE METODOLOGIAS PARTICIPATIVAS • PARTICIPAÇÃO EM FÓRUNS DE DISCUSSÃO ALARGAM HORIZONTES E FAVORECEM A INOVAÇÃO DAS PRÁTICAS COTIDIANAS.

• É IMPORTANTE CONCEBER A INTERVENÇÃO DOS ASSISTENTES SOCIAIS COMO UMA MEDIAÇÃO SOCIAL, COMO EXPRESSAM BONDU (1998) E ALMEIDA (2001), QUE ULTRAPASSA A RESOLUÇÃO DE CONFLITOS E DE PROBLEMAS SOCIAIS E SE CONFIGURA NUM PROCESSO DE (RE)ESTABELECIMENTO DE LAÇOS SOCIAIS, CAPAZ DE ARTICULAR DIFERENTES NÍVEIS E PERFIS DE INTERVENÇÃO (ALMEIDA, 2001, P. 177-209).


NESSA CONCEPÇÃO ASSOCIAM-SE A INVESTIGAÇÃO (PRODUÇÃO DE CONHECIMENTOS) E A AÇÃO (INTERVENÇÃO), COMO GARANTE A ADEQUABILIDADE DESTA AO CONHECIMENTO DA REALIDADE SOCIAL, DA PROMOÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DOS SUJEITOS E DA FORMAÇÃO DE COMPETÊNCIAS (PESSOAIS, PROFISSIONAIS E SOCIAIS) QUE UM PROCESSO DE MUDANÇA EXIGE.


FONTES DE LEGITIMAÇÃO DO TRABALHO SOCIAL COMO MEDIAÇÃO • A NIVEL CONCEPTUAL: decorre da perspectiva humanista e relacional que lhe está associada desde a institucionalização dos serviços sociais e do trabalho social;

• A NIVEL TÉCNICO: deriva do lugar intermediário do serviço social nas organizações, designadamente no âmbito da regulação da(s) procura(s) e da(s) oferta(s) social(is); • A NÍVEL METODOLÓGICO: prende-se aos saberes e competências associados à identidade profissional.


A REFLEXIVIDADE ESTÁ INSTITUCIONALIZADA COMO COMPONENTE CENTRAL DA ATIVIDADE EM TODOS OS DOMÍNIOS • NO SERVIÇO SOCIAL, A PRÁTICA REFLEXIVA ALICERÇA-SE NUM REPERTÓRIO DE VALORES, CONHECIMENTOS, TEORIAS E PRÁTICAS DOS TRABALHADORES SOCIAIS, QUE INFLUENCIAM O JULGAMENTO E AS AVALIAÇÕES EFETUADAS SOBRE UMA SITUAÇÃO PARTICULAR. • ELA SINALIZA QUE O PROFISSIONAL DESENVOLVEU COMPETÊNCIAS DE ANÁLISE MULTIPERSPECTIVA, CRUZANDO CONTRIBUTOS TEÓRICOS DIVERSOS, E DE USO DA EVIDÊNCIA SUBJETIVAMENTE DOTADA DE SENTIDO COMO SUPORTE DE DECISÃO E AVALIAÇÃO.


PRÁTICA REFLEXIVA? • A PRÁTICA É, DESSE MODO, ENTENDIDA COMO UM PRODUTO, UMA AVALIAÇÃO DA COMPLEXIDADE, INTERNALIZANDO UMA PERSPECTIVA HOLÍSTICA QUE PROPICIA A PROCURA DE ALTERNATIVAS SOCIAIS.

• MAS QUEM SÃO OS PRÁTICOS REFLEXIVOS? • TODOS OS QUE SÃO CAPAZES DE SE POSICIONAREM NO CONTEXTO DA SITUAÇÃO E DO OUTRO E INTEGRAR ESSA COMPREENSÃO NA FORMA COMO INTERVÊM.


• O processo “on going” de reflexão permite desenvolver teorias informais a partir da sua própria experiência e situar as práticas em contextos e momentos temporais e espaciais específicos.

• As práticas reflexivas são por si um motor de transformação dos indivíduos, das situações, dos contextos, das organizações e da sociedade.


PARA SE SER REFLEXIVO, NÃO BASTA ACUMULAR SABER • É NECESSÁRIO INCORPORAR VALORES, EXPERIÊNCIAS, SABERES FORMAIS E INFORMAIS, PARTILHAR CONHECIMENTO, EXPLORAR O DESCONHECIDO, INTEGRAR A COMPLEXIDADE ANALÍTICA NA PERCEPÇÃO DOS PROBLEMAS E DAS OPORTUNIDADES, CONTEXTUALIZAR INFORMAÇÕES E ADMITIR

O CAMPO DA PRÁTICA COMO RENOVADOR E PRODUTOR DE CONHECIMENTO.


•OBRIGADA PELA VOSSA ATENÇÃO helena.almeida@fpce.uc.pt


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