Hell Divine Nº09 Maio 2012

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equipe

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editorial

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covering sickness

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Upcoming Storm

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OLD SKULL

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wish list

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rascunho do inferno

Conheça quem faz a Hell Divine.

Nota do Editor Chefe.

Equipe

Índice 2

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entrevistas

Suicidal Angels, Asphyx, Obscura, Device, Viper, Dorsal Atlântica, Exumer, Spawn Of Possession e Last Sigh.

resenhas

Diversas avaliações da revista pra você acompanhar.

divine death match

Veja a análise da revista sobre os útimos laçamentos para PS3 e XBOX360.

Entrevista com Marcos Hasmann, um mostro das artes.

live shit

Resenhas dos últimos shows no Brasil.

Conheça as bandas que estão surgindo.

MOMENTO WTF

Bizarrices do mundo do rock.

Relembre ou fique por dentro de como foi o metal no passado.

Fique por dentro dos lançamentos de luxo da sua banda preferida.

Sessão dedicada aos quadrinhos, pinturas e ilustrações de nossos leitores.

Editor Chefe: Pedro Humangous Redatores: Augusto Hunter e Yuri Azaghal Designer: Ricardo Thomaz Publicidade: Maicon Leite Revisão: Fernanda Cunha Salim Colaboradores: Igor Scherer, Marcelo Val, Luiz Ribeiro, Cupim Lombardi, Christiano K.O.D.A, Marcos Garcia e Rachel Möss. Envio de Material: Rua Alecrim, Lote 4, Ap. 1301 - Ed. Mirante das Águas Águas Claras - Brasília/DF - CEP: 71.909-360


Editorial

Que a caminhada seria difícil nós já sabíamos. Porém, aceitamos o desafio e continuamos firmes com nosso trabalho, desenvolvendo uma revista digital de Heavy Metal no Brasil. Creio que o respeito e admiração das pessoas a gente já tenha conquistado, mas manter o leitor sempre atento e consumindo um material mais denso e completo já não é uma tarefa fácil. Muitas vezes, sentimos que pessoas do meio (que, supostamente, deveriam jogar pelo mesmo time) tentam nos atrapalhar de alguma forma, ou simplesmente viram as costas quando a intenção é agregar valores e melhorar a cena de uma forma geral. Para estes, passamos por cima e seguimos em frente com força total. Sabemos que ler uma revista na tela de um computador não é lá a melhor coisa, mas muitos afirmam que esse é o novo caminho a ser seguido perante a evolução das tecnologias. Impossível prever. Pensamos, inclusive, em terminar com a revista, pensando e repensando em qual a verdadeira utilidade dessa publicação para os headbangers. No fim das contas, resolvemos pensar em nós mesmos e continuar o trabalho, mesmo que seja por prazer próprio. Aos que desejam seguir conosco nessa jornada, separamos o que há de melhor e mais inusitado no metal. Cansados das mesmices, trouxemos nessa edição a banda de capa Suicidal Angels, bem como entrevistas exclusivas com a banda alemã Obscura, os holandeses do Asphyx, o retorno do Viper e Dorsal Atlântica, entre outras. Portanto, se você curte a Hell Divine e quer que ela continue atormentando sua vida, faça sua parte: leia, comente conosco, dê sugestões e compartilhe com os amigos. Só assim podemos crescer unidos e fortes! GO TO HELL!!

Pedro Humangous.

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entrevista Desde o álbum “Sanctify the Darkness” a banda grega Suicidal Angels vem ganhando uma quantidade grande de fãs ao redor do planeta, pois fazem um Thrash Metal direto e sem frescuras. Para saber um pouco mais do nascimento do novo álbum da banda, batemos um papo com Orfeas Tzortzopoulos, baterista da banda, que nos mostrou estar bastante ansioso em vir ao Brasil. Confiram. HELL DIVINE: A arte da capa de “Bloodbath” ficou a cargo de Ed Repka, grande ilustrador responsável por criar muitas capas de álbuns que viraram clássicos, como um dos meus álbuns favoritos o “Rust In Peace” do Megadeth. Por que vocês resolveram trabalhar com ele novamente? Além disso, o novo álbum já pode ser considerado o melhor da carreira da banda? ORFEAS TZORTZOPOULOS: O “Rust In Peace” é um álbum simplesmente fantástico, não só graficamente, mas também musicalmente. Ficamos

muito satisfeitos com o trabalho de Ed em “Dead Again”, e por isso tínhamos a certeza que o mais correto seria trabalhar com ele novamente. No nosso novo álbum ele se superou e conseguiu criar justamente o que queríamos. Agora, sobre o “Bloodbath” ser o melhor álbum de nossa carreira, só o tempo e os fãs poderão dizer. HELL DIVINE: Hoje o Suicidal Angels vem se destacando bastante junto a esse grande grupo de bandas novas que fazem um Thrash Metal mais voltado para o som da Bay

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Area como o Warbringer, Skeletonwitch, Gama Bomb, Violator, e outras. Como você vê esse nascimento de novas bandas do estilo? ORFEAS TZORTZOPOULOS: Não se engane; o Thrash Metal nunca morreu, mas é claro que há a chamada “New Wave of Thrash Metal” e, na verdade, o gênero tornou-se popular novamente, mas os verdadeiros fãs nunca se esqueceram dele. É ótimo que nós estamos tendo tantas bandas incríveis tocando esse estilo novamente e somos parte da onda também. E tudo isso só tende a ficar melhor a partir daqui.

muito populares, como SepticFlesh e Firewind, mas com certeza o Rotting Christ é a maior banda que já surgiu na Grécia e temos que agradecer e muito a todos eles por fazerem todos olhar para o nosso país e ver que temos grandes bandas para mostrar ao mundo. Existem, sim, bandas novas, mas elas estão traçando seu próprio caminho fazendo pequenas turnês e correndo atrás de seus próprios fãs e só o tempo irá dizer quem irá fazer sucesso ou não.

HELL DIVINE: Quando teremos o prazer de assistir a um show do Suicidal Angels em terras brasileiras? ORFEAS TZORTZOPOULOS: Estávamos nos perguntando sobre isso na semana passada, que coincidência... Queremos tocar em todo o mundo, especialmente no Brasil! Nós ouvimos algumas histórias malucas sobre seu país, e é melhor que seja verdade, porque nós iremos desembarcar por aí mais cedo ou mais tarde e vamos colocá-lo à prova a todos para ver se vocês são mesmo o melhor publico de metal que existe no mundo como todos dizem.

HELL DIVINE: Falando no “Sanctify The Darkness”, esse foi o primeiro e único álbum lançado pela Nuclear Blast. O que aconteceu para a banda mudar de gravadora e seguir para a NoiseArt? ORFEAS TZORTZOPOULOS: Nós lançamos nosso álbum por meio da Nuclear Blast, como parte do prêmio RockTheNation em 2009. Depois disso, nosso promotor sugeriu que seria mais interessante para a banda mudar para uma pequena gravadora, e como a NoiseArt já era nossa agencia de reserva achamos uma boa ideia e ate agora tudo tem corrido bem. Temos uma grande distribuição, tocamos nos melhores festivais e também fazemos turnês por vários lugares do mundo!

HELL DIVINE: Na minha visão, “Bloodbath” é um álbum muito mais trabalhado musicalmente do que o anterior “Dead Again”, que é um álbum mais direto. Qual a visão da banda em relação a esse novo lançamento? ORFEAS TZORTZOPOULOS: Bem, tivemos muito mais tempo para trabalhar em nosso novo álbum e colocamos todo esforço e tempo para que a produção e as gravações fossem feitas da melhor forma, tentando soar o mais Thrash possível. Assim, o resultado final só poderia ser o desejado por todos da banda. Nós não temos uma visão nova para a banda. Nós só queremos tocar o tipo de música que amamos da melhor maneira possível.

HELL DIVINE: No começo de 2012, vocês fizeram uma turnê ao lado do Cannibal Corpse, Behemoth, Misery Index e Legion of the Damned. Como foram esses shows para divulgar o “Bloodbath”? ORFEAS TZORTZOPOULOS: Demais! Todos os shows estavam lotados e muitos dos ingressos já tinham acabados com grande antecedência. Alem disso, ganhamos muita experiência diante de grandes nomes do metal como Cannibal Corpse e Behemoth e também fizemos grandes amizades com o pessoal do Misery Index. Com certeza, passamos grandes momentos nessa turnê. Mal posso esperar para pegar a estrada novamente.

HELL DIVINE: A banda mais conhecida da Grécia, país do Suicidal Angels, é o Rotting Christ com uma grande quantidade de fãs no mundo inteiro. Vocês também vêm ganhando bastante popularidade nos últimos anos a partir do lançamento do “Sanctify The Darkness”. Quais outras bandas do seu país vocês poderiam dizer que têm um futuro promissor? ORFEAS TZORTZOPOULOS: Existem algumas bandas que são grandes e

HELL DIVINE: Muito obrigado pela entrevista e parabéns pelo lançamento do novo álbum. Para terminar, vocês já pensam no lançamento de um DVD? ORFEAS TZORTZOPOULOS: Nós estamos planejando isso sim, mas queremos divulgar bastante o “Bloodbath” e quem sabe não gravamos o DVD no Brasil? Obrigado por entrar em contato com a gente e fazer esta entrevista, “hailz” a todos os nossos amigos no Brasil e para seus leitores. Thrash Till Death Fuckers! Por Luiz Ribeiro.

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entrevista

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Em comemoração ao lançamento de seu mais novo trabalho, “Deathhammer”, a Hell Divine decidiu trazer para esta edição uma entrevista exclusiva com esses gigantes do Death/Doom, Asphyx, que estão na estrada há mais de 20 anos. Confiram o que o baterista Bob Bagchus e o baixista Alwin Zuur revelaram de suas longas experiências como músicos. HELL DIVINE: Vocês estão na estrada desde 1987. De fato, é muito tempo. Como você pode descrever um resumo sobre a sua carreira? Em seu ponto de vista, qual foi o seu maior feito no Asphyx? BOB: Saudações! Bom, eu comecei com o Asphyx, em 1987, junto de Tonny Brookhuis (guitarrista). No início, tocávamos covers de Celtic Frost (“Nocturnal Fear”), Mayhem (“Necrolust”) e Death (“Infernal Death”), mas logo começamos a compor nossas próprias canções. Nós gravamos a demo “Enterthe Domain”, em 1988/89, e depois a famosa “Crushthe Cenotaph” em 1989. Após isso nós gravamos o “Mutilating Process 7 Inch” pela Gore Records, também em 1989. Então gravamos o debut não-oficial “Embrace the Death”, em 1990, porém ele não foi lançado à época. Nosso debut oficial “The Rack” acabou sendo lançado em 1991. Maior conquista? “Deathhammer”. HELL DIVINE: Desde a criação da banda o Asphyx enfrentou muitas mudanças de formação. Você acredita que agora a formação da banda está finalmente estável? BOB: Infelizmente sim, mas acho que tudo acontece por uma razão. Espero que esta seja a formação definitiva, do contrário, acho que podemos desistir. Mas eu penso que esta é A formação para o Asphyx. HELL DIVINE: “Embrace The Death” levou muito tempo para ser lançado devido a problemas com selos. Você pode esclarecer o que de fato aconteceu? BOB: Em um primeiro momento, o Euronymous (RIP) queria lançar “Embrace the Death” por meio de sua gravadora Deathlike Silence, mas devido a problemas financeiros ele acabou atrasando e então nós decidimos lançar pela CMFT, que também lançou o álbum “Sumerian Cry” do Tiamat. Porém, o responsável pela CMFT sumiu com o dinheiro enquanto ainda estávamos no estúdio. Então resolvemos pegar a fita ainda não mixada e decidimos não voltar mais para o estúdio... HELL DIVINE: “Deathhammer” foi lançado há apenas algumas semanas, mas esse novo trabalho já teve uma grande quantidade de resenhas positivas. O que você pode nos falar desse novo álbum? Por que ele é especial, em sua opinião? ALWIN: Enquanto você trabalha em um novo disco, você nunca sabe como o público e os fãs o receberão. Com “Deathhammer” foi muito além do esperado. Ele foi considerado o álbum do mês em diversas grandes publicações, como Rock Hard e Legacy. A Metal Hammer alemã nos brindou com um belo segundo lugar. Nós temos lido muito a respeito de “possível candidato a álbum do ano” em resenhas. Nós até mesmo conseguimos a posição de número 67 no chart alemão de 100 álbuns na primeira e segunda semana de lançamento. É a primeira vez na história do Asphyx. Enquanto gravávamos

a coisa toda, sabíamos que seria um bom álbum, mas as reações após o lançamento ultrapassaram muito as nossas expectativas. Antes do lançamento nós já estávamos muito satisfeitos com as canções. É o típico Asphyxanno 2012. É isso que queremos e é disso que gostamos. O tipo de Doom/ Death Metal que queremos tocar. Simples, brutal e cru. Nada de tomar direcionamentos tendenciosos ou de ter uma visão comercial, apenas Metal vindo do coração. O Asphyx sempre teve essa mistura de Death e Doom Metal nos lançamentos antigos, mas em “Deathhammer” eu penso que encontramos o equilíbrio perfeito entre as partes Death e Doom. Além disso, a produção de Dan Swano tem muito a ver com o resultado final. Ele fez o álbum soar cru e com uma pegada Old School. Essa produção te leva de volta no tempo enquanto a ouve. Nós não queríamos uma produção perfeita e moderna para este disco. Isso não fecha com nossa música. Em suma, estamos muito satisfeitos com “Deathhammer”. Sentimos que é o melhor disco que já fizemos. ALWIN: A ideia de “Deathhammer” já existia em algum ponto de 2010. Nós queríamos fazer um brutal e cru disco de Doom/Death Metal. Mais brutal que “Death... The Brutal Way” e mais cru que “Last One On Earth”. Com este pensamento, nós começamos a compor as dez canções que estão no disco. O processo de composição ocorreu de forma muito natural. Foi muito fácil decidir o que tocar, e no final nós tínhamos um grande equilíbrio entre as partes Doom e Death. A palavra “Deathhammer” vem da ideia do velho Maleus Maleficarum, um livro de séculos atrás. Ele consistia de instruções para se reconhecer quem era uma bruxa naqueles tempos. As pessoas usavam esse livro para aprisionar as chamadas “bruxas”, trazê-las a julgamento e sentenciá-las à morte. Este livro também foi conhecido como “Witchhammer”. HELL DIVINE: O que você pode nos falar sobre suas inspirações? Não apenas para compor música, mas também para escrever, pensar em artes de capa etc. ALWIN: Em nossa opinião, “Deathhammer” deveria ser um álbum a respeito de como nós pensamos que o Death Metal deve ser tocado e de como ele deveria ser descrito em um manual, se houvesse um. Nós queríamos todo esse conceito na capa, então Alex Hermann trabalhou com estas informações e apareceu com Jesus Cristo segurando este “manual” de Doom/Death Metal, o “Deathhammer”. Ele criou uma obra de arte. HELL DIVINE: Existe algum álbum, letra ou música no repertório do Asphyx que não te deixa orgulhoso? Se sim, por quê? ALWIN: O Asphyx lançou vários discos nos últimos 25 anos. Além dos diversos discos de estúdio, nós fizemos as demos no final dos anos 80 e ainda os vinis de 7”. Apesar das diferentes mudanças na formação durante estes 25 anos, cada 7


álbum que lançamos sempre foi típico Asphyx. Nunca houve compromissos e a nossa música sempre foi o simples e brutal Doom/Death Metal. Nada de guitarras técnicas, blast beats ou constantes mudanças de andamento. Apenas Death Metal direto. Podem existir algumas diferenças entre alguns álbuns, por exemplo, se você comparar “God Cries” com “Deathhammer” ou “The Rack”, mas temos orgulho de todos os lançamentos do Asphyx. Cada álbum possui sua própria história. Uma parte da história da banda. HELL DIVINE: Como está a cena de metal na Holanda? O que vocês podem nos contar? ALWIN: Nas últimas décadas a Holanda teve algumas grandes bandas, como God Dethroned, Sinister, Altar, Gorefest. Estas são as bandas maiores e mais conhecidas, mas o underground é bastante ativo aqui, ainda produzindo algumas bandas de Metal muito boas. Nesse instante posso recomendar Nailgun Massacre, Entrapment e Funeral Whore. Outra banda de nossa região chamada Devious acabou de gravar um MCD com minha participação como baixista de estúdio. Além das bandas, há alguns festivais bem legais aqui na Holanda. O grande Fortarock, o Eindhoven Metal Meeting e o Neurotic Deathfest são exemplos. Então nós não podemos reclamar de uma cena ruim por aqui. Muitas coisas para fazer. HELL DIVINE: O Asphyx está planejando uma turnê pela América do Sul? Sinta-se livre para usar esse espaço para manter seus fãs brasileiros informados.

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ALWIN: No que diz respeito a turnês, nós não podemos excursionar. Alguns de nós não temos condiçõesde ficar longe de casa por tanto tempo. Nós temos nossos trabalhos, nossas famílias, nossas responsabilidades. Por esse motivo nós apenas tocamos alguns shows exclusivos em finais de semana durante o ano. Isso faz com que seja muito difícil para nós tocarmos fora da Europa. O tempo de viagem é muito longo. É muito difícil, caro e estressante viajar para o outro lado do mundo para fazermos apenas um show. No momento, nós temos alguns shows e festivais na Europa confirmados. Tocaremos no Summer Breeze e no Extreme Fest, e também estaremos no Fortarock e no Loud Festival na Bulgária e outros festivais em Portugal e na Bélgica. Além disso, temos algumas apresentações em clubes da Grécia, Alemanha e Romênia. Para a agenda completa acesse www.asphyx.nl. Infelizmente, nós não podemos prometer que vamos tocar no Brasil. Quem sabe um dia? HELL DIVINE: Obrigado pelo seu tempo e por nos conceder essa entrevista. Tudo de bom para vocês! Saudações! ALWIN: Obrigado por esta oportunidade para falarmos um pouco sobre nós e o novo álbum. Nós queremos agradecer a cada um que tornou possível a existência do Asphyx nos dias de hoje para espalhar o “Deathhammer”. Mantenham-se brutais e um salve a todos! Por Yuri Azaghal Tradução por Daniel Seimetz



entrevista A ilustríssima banda alemã Obscura, que faz um Technical Death Metal com certo primor, preenche nossas páginas com senhoria de quem sabe o que faz. Munido de criatividade, complexidade e beleza musicais, assim como simpatia, Steffen – o fundador – deixa bem claras suas visões sobre o processo criativo das músicas e todo seu contexto temático. Também fala da relação da inserção de um novo membro na banda com o lançamento “Illegimitation”. Confira. Hell Divine: Compilando regravações de algumas faixas, incluindo a demo, de 2003, e três covers (“Death”, “Atheist” e “Cynic”), “Illegimitation” (2012) teve uma ótima repercussão na Internet e, de alguma forma, reforçou a ligação da banda com fãs mais antigos. Como foi a adaptação de Linus Klausenitzer, o novo baixista, em relação à Obscura por meio das gravações desse álbum e quais as impressões dele sobre a banda? Steffen Kummerer: Tivemos mais de uma razão para regravar nossos primeiros trabalhos. Primeiro, nós notamos que as pessoas estavam pagando mais de 70 euros pela demo original, sendo que, em 2002, quando a lançamos fizemos somente 25 cópias que compartilhamos com amigos próximos. A partir disso, pudemos perceber que tinha gente interessada nessas músicas. Além disso, 2012 é ano do nosso aniversário de dez anos e, por isso, pensamos que mostrar aos nossos fãs de onde começamos seria um gesto simpático. Por fim, quisemos dar ao Linus uma vista mais aproximada das nossas atividades de estúdio, da forma como trabalhamos e também qual é o fluxo que rola numa produção da Obscura antes de gravarmos um full-length. E ele fez um trabalho fantástico; criamos um aquecimento conjunto baseado nos sons originais do baixo das músicas e as ideias dele de adicionar algo nelas eram simplesmente incríveis. Estou contente de tê-lo na Obscura e de gravar nosso próximo álbum com um músico tão talentoso. Hell Divine: Assim como toda banda cujo objetivo principal é fazer boas músicas e trabalhar pesado, a Obscura certamente teve seus momentos complicados. Quais foram os impactos que as mudanças de 10

turbilhao


elenco deixaram e em que sentido elas exerceram um papel no amadurecimento da banda? Steffen Kummerer: Não se pode viver apenas do Death Metal. A vida muda muito rápido entre a adolescência e a maturidade e o seu ponto de vista sobre as coisas muda em múltiplas formas, assim como elas. Obscura foi a primeira banda em que toquei, ela foi construída dos rascunhos. Nossos membros fundadores decidiram continuar com seus estudos, conseguiram empregos em outras cidades e alguns deles fundaram suas famílias e tiveram uma vida normal. De alguma maneira é triste mudar o lineup, mas às vezes é preciso mudanças para manter a coisa viva.

da morte

Hell Divine: É comum que o tema de um álbum ou das letras seja influenciado pelo gênero musical. Com as devidas exceções, no Thrash Metal vemos guerra e crítica social; no Black Metal, o satanismo, o paganismo e a crítica ao cristianismo. Porém, existem aqueles estilos em que há uma diversidade maior nesse aspecto, com bandas que inovam de alguma forma. No Technical Death Metal, bandas como Nile, com sua temática voltada para o Antigo Egito, e The Faceless e Brain Drill, com os temas de espaço sideral e ocultismo interestelar, mostram, assim como vocês, que o conteúdo lírico e o embasamento temático são muito importantes nas composições e nas características da banda. Conte-nos qual o motivo de seus principais temas e de que modo eles influenciam a Obscura. Steffen Kummerer: Eu escrevo todas as letras, então não posso falar pelos outros integrantes se são influenciados ou não por elas. Enquanto nós estamos escrevendo música complexa, com a abordagem de criar algo novo, eu não vejo nem um pouco a necessidade de temas sobre zumbis, por exemplo. Eu apenas escrevo o que passa pela minha mente dentro de um determinado campo de assunto. A quadrilogia que começou com “Cosmogenesis” e “Omnivium” é parte de todo um conceito que veio na minha mente anos atrás. Basicamente, a ascensão e o fim da existência, o turbilhão eterno da morte e do renascimento escritos em uma conexão consistente entre letra, música e arte é o nosso objetivo. É possível interpretar nosso álbum em um contexto geral, mas a análise mais aprofundada de cada faixa é o caminho para entrar em nosso universo de pensamento. Hell Divine: No MySpace, por meio da descrição da biografia, vocês se consideram músicos talen11


tosos que produzem faixas com “transpirante classe” e com a convicção de ser uma banda no auge de suas habilidades. O que há de melhor na Obscura? Como os integrantes contribuem no processo de criação musical e, consequentemente, no resultado final? Steffen Kummerer: Nos últimos dois álbuns tivemos Hannes Grossmann, Christian Muenzer e eu como compositores. Mas desde “Omnivium” todos nós escrevemos as músicas juntos, cada membro é livre para envolver suas próprias ideias e mostrar ao restante da banda o que vem a sua mente. Reunidos, nós organizamos e passamos por cada ideia para finalmente ter um fragmento de música planejado e finalizado. Isso pode levar dois dias ou até mesmo três meses, dependendo do fragmento. Depende muito do fluxo interior de cada membro. Enfim, todos trazem para a banda o que podem fazer de melhor e juntos criamos o que a Obscura transparece aos seus ouvintes. Hell Divine: Quais são as expectativas para o Tour Omnivium 2012? Steffen Kummerer: Realizaremos em quase todos os lugares desse planeta e espalharemos o trabalho da banda, conhecendo novas pessoas e amigos, e convidando outras bandas grandes ou boas para fazer turnê com a gente. Assim como em nossa turnê atual pela Europa, onde temos Exivious (Holanda), Gorod (França) e Spawn Of Possession (Suécia). Resumindo: queremos aproveitar os momentos bons com as outras bandas, com o público e desfrutar todos os dias tocando nossa música.

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Hell Divine: Steffen, poderia nos dizer algo sobre o seu projeto paralelo de Black Metal denominado Thulcandra? Steffen Kummerer: Thulcandra é uma banda no conceito das bandas de Black/Death Metal iniciais da Suécia, tais como Unanimated, Dissection, Sacramentum e Emperor. O grupo foi formado, em 2003, um ano depois da Obscura, e lançou uma demo e dois álbuns até agora. É realmente um prazer produzir música nesse estilo com amigos próximos e que são fãs de música também. Nós não fizemos show em qualquer lugar, mas continuamos a negociar com alguns festivais para o próximo ano. Se você é chegado em alguma das bandas de influência mencionadas acima, dê pelo menos uma ouvida em Thulcandra, você não vai se arrepender. Hell Divine: Foi um prazer entrevistá-lo, Steffen. Muito obrigado pelo seu valiosíssimo tempo e, seguindo a tradição da revista com a clássica pergunta: algum plano de vinda para o Brasil? Steffen Kummerer: Nós adoraríamos tocar uma turnê inteira na América Latina, sem dúvida. Se tivermos uma chance de chegar por aí, nós a pegaremos. Nunca tocamos no Brasil, Argentina, México ou quaisquer dos seus países vizinhos até agora. A hora vai chegar, você tem minha palavra! Agradeço à Hell Divine pelo interesse e apoio pela Obscura, desejo-lhes tudo de ótimo. Por Igor Scherer.



entrevista Diretamente do Distrito Federal para as páginas da Hell Divine, o Device tem se destacado no cenário nacional com seu competente Death Metal. O vocalista Italo Guardieiro e o baixista Daniel Gonçalves, em entrevista concedida à revista, contam detalhes desse trabalho que a banda vem desenvolvendo. Além da dupla, os outros músicos da banda são os guitarristas Marco Di Vicenti, Marco Mendes e o baterista Victor Lucano. HELL DIVINE: Muitos talvez ainda não estejam familiarizados com o Device. Poderiam, por favor, contar sobre a história da banda? Italo Guardieiro: Montamos a banda com o intuito de ser contra os estilos e modas que assolam o meio musical (risos). Resumidamente, a história da banda é essa: em 2004, começamos a compor; em 2005, fechamos nossa primeira formação; em 2006, gravamos o EP “Behold Darkness”; em 2007, gravamos nosso primeiro videoclipe para a música “Soul Of Maggots”; em 2008, tivemos nossa primeira grande bateria de shows (chegando a ter um mês em que tocávamos todo final de semana); em 2009, fechamos com um selo inglês para distribuição do nosso material lá fora; em 2010, gravamos e lançamos o álbum “Antagonistic”; em 2011, fizemos uma mini-turnê no Nordeste e, em 2012, lançamos videoclipe para a música “Under the Cross”. HELL DIVINE: Algumas músicas do EP “Behold Darkness” foram usadas na trilha sonora do filme “A Capital dos Mortos”. Como surgiu essa oportunidade? Italo Guardieiro: Um grande amigo nosso, vulgo Fubá, me mandou um link na Internet falando sobre as filmagens para o filme e que precisaria de voluntários para ser zumbis, e eu fui. Gravamos as cenas na casa de Tiago Belotti (diretor do filme)

e depois sentamos para conversar. Nisso, comentei com ele que o Device estava se preparando para gravar o primeiro material, falei do estilo da banda e ele se interessou na hora, alegando que Death Metal e filmes de zumbi casam perfeitamente (risos). E não deu outra, foi uma parceria perfeita que deu uma alavancada na banda e no filme. O nosso primeiro videoclipe foi gravado pelo próprio Tiago Belotti. Hoje somos grandes amigos. HELL DIVINE: Quais os próximos planos do Device? Daniel Gonçalves: Recentemente, como mencionado, lançamos o clipe da música “Under The Cross”, produzido pelo nosso velho amigo de trabalho Caio Cortonesi (Dynahead) e estamos começando a trabalhar em um novo material para o próximo disco – ainda meio prematuro – mas queremos fazer algo experimental e que seja tão ex-

Fortalecendo 14


tremamente brutal quanto “Antagonistic”. Italo Guardieiro: Já estamos compondo e pensando em gravar material novo. Da minha parte, pode esperar coisa brutal. Estou com umas ideias insanas para as novas músicas. HELL DIVINE: Vocês executam um Death Metal técnico e brutal, algo que tem crescido aqui no Brasil nos últimos tempos. Como veem essa questão? Isso é positivo ou negativo para vocês? Daniel Gonçalves: Nosso trabalho é reflexo de tudo que gostamos de ouvir, seja Brutal Death Metal, Thrash Metal, Hardcore, Metal Progressivo ou até mesmo o bom e velho Rock and Roll (risos). Procuramos tirar sempre o melhor de nossas influências e catalisá-las em nossas composições. Hoje existem muitas bandas extremamente brutais que vêm buscando espaço no cenário brasileiro, sendo algumas mais antigas e fiéis ao estilo, e também bandas da nova escola do Death Metal. Isso é muito bom, pois fortalece a cena underground e, desse modo, acaba trazendo mais visibilidade para as bandas, não só no Brasil, como lá fora também. HELL DIVINE: Chama a atenção o fato de vocês usarem a mídia SMD (Semi Metalic Disc), em vez do CD. O que podem dizer a esse respeito? Daniel Gonçalves: Esse é um tipo de mídia pouco difundida, que tem baixo custo de produção e mantém a qualidade sonora do trabalho, tornandose uma boa alternativa.

Italo Guardieiro: O problema é que o preço de R$ 5,00 na arte da capa é obrigatório. Tirando isso, está tudo bem. HELL DIVINE: Como é a cena underground do Distrito Federal? Quais as maiores dificuldades em se fazer Metal extremo por aí? Que outras bandas destacariam, sem contar o Violator (risos)? Daniel Gonçalves: É underground demais (risos)! Como em qualquer lugar do Brasil, a maior dificuldade é a falta de apoio e também não temos muitas casas de show onde possam ser realizados shows de médio porte. Existem vários pubs legais onde rolam shows menores, mas a ausência do público e o número exagerado de bandas covers atrapalham a cena no DF. A maioria prefere pagar para ver essas bandas covers em vez de ir aos shows de bandas autorais. Italo Guardieiro: A cena daqui é uma coisa complicada de se dizer! Vivem reclamando que não tem show na cidade e, quando tem, ficam na porta enchendo a cara e falando mal das bandas, picuinhas, criando treta onde não existe... É uma coisa estranha. E volto a dizer: a ausência de eventos underground é diretamente proporcional ao seu desinteresse. Bandas que a gente destacaria daqui, não só de Metal extremo: Coral de Espíritos, Optical Faze, Mork, Zilla, Red Old Snake, Slow Bleeding, Lost in Hate, Moretools, Dynahead, Macakongs, DFC, Scania, Don9, Omfalos, Miasthenia, Amonicide, ApeX e mais uma porrada de banda irada. Estamos bem servidos de ótimas bandas. HELL DIVINE: Agradeço a entrevista, pessoal! Por favor, deixem sua mensagem final! Italo Guardieiro: Muito obrigado pelo espaço cedido e pelo interesse em saber mais sobre a banda. Aguardem que, antes do fim do mundo, a gente solta material novo. Stay brutal! Por Christiano K.O.D.A.

o underground 15


entrevista

Quando se fala em Metal Melódico no Brasil, certamente o Viper será o nome mais lembrado, pois foram eles que “trouxeram” o gênero ao Brasil lá nos anos 80, que até então engatinhava em todos os gêneros do Metal. Com seus dois primeiros discos, “Soldiers of Sunrise” (1987) e “Theatre of Fate” (1989), o Viper acabou se tornando grande não apenas no Brasil, chamando a atenção dos nipônicos, que sempre idolatraram a banda. Agora, depois de cerca de duas décadas, o Viper resolver voltar para fazer alguns shows em comemoração aos 25 anos de “Soldiers...”. Conversamos com o guitarrista Felipe Machado sobre a volta da banda com sua formação clássica. Coloque “Living For the Night” pra rodar e boa leitura! 16


A D A R E P S E IN A T L O V UMA HELL DIVINE: “Theatre of Fate” representa algo muito grande em suas vidas, e hoje, vocês estão revivendo uma época de ouro para o Metal nacional. Seria possível dizer que a volta do Viper, mesmo que seja apenas para alguns shows, dará uma movimentada nesta combalida cena brasileira? Felipe Machado: Espero que sim. Se a nossa volta ajudar a chamar a atenção para outras bandas de Heavy Metal do Brasil, melhor ainda. Mas essa volta não tem esse ob-

jetivo, ela é realmente uma celebração de uma data muito importante para todos nós, os 25 anos do “Soldiers of Sunrise”. Serão apenas alguns shows no mês de julho, então acho que é importante dizer que não sabemos o que vai acontecer depois disso. Claro que seria ótimo ter material novo e outros shows, mas isso seria colocar o carro na frente dos bois. Acho que cena do Metal brasileiro é forte, nunca entendi algumas polêmicas recentes na internet. Se alguém precisa falar em nome de uma ‘cena’, é porque não 17


existe uma. A cena existe como entidade abstrata, um conjunto de bandas que tocam o mesmo estilo e compartilham uma mesma visão artística. O Viper se sente parte da cena porque é uma banda brasileira de Heavy Metal. Mas cada banda tem que fazer o seu papel, que é gravar bons discos e fazer bons shows. O resto é papo para alimentar redes sociais. HELL DIVINE: Em termos de representatividade, o disco surge como um divisor de águas, colocando o Brasil no mapa do Metal melódico. Quando vocês o criaram, qual era a ideia, até onde pretendiam chegar? Felipe Machado: Realmente, o “Soldiers...” foi muito importante, mas o “Theatre...” foi um divisor de águas. Digo isso na boa, sem achar que somos ou fomos melhores que qualquer outra banda. Na verdade, o “Theatre...” foi importante porque elevou o nível das produções nacionais, e isso teve um custo alto pra gente também: trouxemos um produtor gringo, o disco foi mixado no exterior. Então foi um investimento importante porque mostrou que uma banda brasileira tinha potencial de fazer um disco de nível mundial. Não vamos esquecer que o Sepultura fez tudo isso também pelo Thrash brasileiro, levando o nome do país para o exterior. Então acho que bandas como Sepultura, Viper, além de outras como Korzus, Dr. Sin, e outras mais antigas ainda, como Karisma e Stress, todas tiveram sua importância nesse processo. HELL DIVINE: “Theatre of Fate” é empolgante e possui vários elementos diferentes, cabendo a “Living For the Night” ser o carro chefe. Em termos gerais, o que vocês podem falar sobre o álbum? Se fossem grava-lo hoje em dia, o que mudariam? Felipe Machado: O conceito todo de “Theatre of Fate” é realmente bem interessante e original, vamos lembrar que em 1988 (quanto o disco foi composto, principalmente pelo Pit Passarell) usar instrumentos de orquestra em um som pesado era algo muito raro. O Deep Purple fez de maneira meio hermética no “Concert for Group and Orchestra”, mas, fora isso, era coisa para uma música ou outra. O Theatre foi interessante nesse aspecto, mostrando que havia espaço para a música clássica no rock bem pesado. Os arranjos do Andre Matos, que depois se formou como maestro, também foram importantes nessa direção. É tudo de muito bom gosto, eu sou bem fã desse disco. Difícil dizer o que eu mudaria, mas a tendência é dizer que eu não mudaria nada. Querer mudar o passado nunca dá muito certo (risos). Qualquer obra artística tem um contexto em que foi criada, e mudar alguma coisa no disco alteraria esse contexto e seria simplesmente errado.

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HELL DIVINE: Durante a turnê, “Soldiers of Sunrise” e “Theatre of Fate” serão tocados na integra. No programa ALTAS HORAS foi tocada “Rebel Maniac”, da época que Andre Matos não estava mais na banda. Teremos mais surpresas? O Ricardo Batalha citou Demon, mas e o Venom? (risos) Felipe Machado: Na turnê vamos tocar os dois discos na íntegra, algo que não sei se alguém já fez no mundo. De qualquer maneira, sabemos que os fãs querem ouvir aquelas músicas, portanto vamos dar a eles (e a gente) o que todo mundo quer. Quanto às surpresas, se eu contar agora elas deixam de ser surpresas, né? O Andre cantando “Rebel Maniac” foi apenas uma delas, a produção do Altas Horas pediu e não pudemos recusar. Foi muito importante mostrar esse Viper 2012 na Globo, o Serginho Groisman foi um cara que sempre nos deu força, desde a época do Matéria Prima, na TV Cultura. HELL DIVINE: “Theatre of Fate” está entre o meu TOP 10 do Metal brasileiro e não deve nada para os gringos, em termos de musicalidade, qualidade, etc. O Viper sempre foi forte no Japão, mas na Europa não há grande visibilidade, pelo menos é o que vemos por aqui. Se houvesse alguma oportunidade de tocar no Japão, vocês iriam? Felipe Machado: Claro que sim, inclusive já há algumas conversas para decidir algo nesse sentido. Não há nada certo, mas acho que seria incrível levar essa turnê para o Japão, estou torcendo muito para que tudo dê certo. E também para a Europa, já que o nome do Andre também é muito forte por lá. HELL DIVINE: Obrigado pelo tempo cedido... Algo mais a comentar sobre este clássico? Algum fato interessante e que julgam importante ser publicado? Felipe Machado: Só para dizer obrigado aos fãs, porque eles foram os grandes catalisadores dessa turnê. Todo mundo sempre chega para mim e pergunta: ‘ e aí, quando o Viper vai voltar?’ Cansei de dizer que não sabia, agora pelo menos tenho algo a responder... (risos). É claro que estamos fazendo para a gente se divertir, também, além de poder resgatar um momento importante para o Metal nacional. Mas ver a galera cantando “Living for the Night” e todas as outras, não vai ter preço! Por Maicon Leite Foto: Divulgação


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entrevista Essencial para o nascimento do Metal brasileiro como conhecemos, o Dorsal Atlântica foi, e é, um dos principais nomes do gênero no Brasil, influenciando diretamente bandas como Sepultura, e mostrando que o Rio de Janeiro estava criando sua própria “cena”. Carlos Lopes, guitarrista e vocalista desta verdadeira lenda, nos concedeu esta bela entrevista, onde explica tudo sobre o disco que está por vir, através da ajuda dos próprios fãs, que financiarão o projeto. Portanto, leia este bate papo e tire suas próprias conclusões sobre esta grande empreitada! Com a palavra... Hell Divine: Desde o anúncio da volta do Dorsal, você já deve ter respondido a muitas entrevistas e as perguntas não deixam de ser diferentes, afinal, é a volta de uma das maiores bandas do Brasil e há muitos questionamentos a serem feitos. Do seu ponto de vista, o que esta volta do Dorsal influencia/influenciará a cena brasileira? Carlos Lopes: Posso ser interpretado de uma forma,

mais positiva por uns e mal interpretada por outros, porque simplesmente nos veem como querem nos ver. São estereótipos, que nada ajudam; só realimentam percepções pessoais. Há sim muita atenção sobre a volta da banda. E não poderia ser diferente. É uma das bandas formadoras e criadoras do metal latino americano e um retorno à ativa, após mais de uma década é uma notícia em tanto, ainda mais em uma fase da música na qual não

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há novidades de fato, há conservadorismo e manutenção do status-quo. Como uma das bandas fundadoras, que abriram o caminho para todos, nós podemos, e temos o direito de redirecionar o caminho para nós mesmos e para quem sabe, inspirar novos direcionamentos à própria cena. Se a DORSAL fosse uma banda qualquer e se eu fosse uma pessoa qualquer, nada disso estaria acontecendo, mas estamos falando da DORSAL e isso não é pouca coisa. Poderia fingir, pegar leve, para ser mais “brando”, mas nada disso me faria ser mais feliz ou encontrar a paz de espírito que só encontro quando sou sincero e artístico, quando não me submeto à indústria e aos que querem me ver sempre com 18 anos. A cena, depois dessa promoção do novo CD da Dorsal já mudou, criamos novos paradigmas, inclusive o de expor as deficiências dessa mesma cena. As questões “atuais” já estavam descritas em duas letras em 1988: “Metal Desunido” e “Vitória”, canções escritas há 25 anos. Seria a história da humanidade uma farsa? Uma eterna repetição? Hell Divine: Falta menos de um mês para a data final do apoio à banda, dia 10/06. Até agora quase 200 pessoas já colaboraram. Não há algo errado aí, já que desde que a banda “acabou” muita gente tem pedido a volta do grupo à ativa? Onde estão os fãs da banda? Carlos Lopes: A pressão popular nos levou a tomar essa decisão, em segundo lugar como citei em outras entrevistas por termos sido convidados para sermos os headliners do Metal Open Air com abertura do Exodus e Anthrax. O financiamento coletivo é uma experiência muito nova no Brasil e nós, quando entramos nessa, não esperávamos ser recebidos de braços abertos sem questionamentos. Isso se chama democracia. Quando os críticos partem para a ofensa, perdem a razão, e não digo agora, mas para a história. “Retuitaram” a campanha mais de sete mil vezes, pode-se ver que essa é uma notícia amplamente divulgada. Encabeçar algo tão revolucionário como trazer o socialismo à música é fabuloso e contar com 200, 300, mil pessoas para realizar esse sonho é fazer história em grupo. A vitória e a “derrota” não serão só da DORSAL, mas de todos. Muitos

não querem ver de fato, o mundo da música da música mudar através de nossas mãos, dos desbravadores, querem que o mundo permaneça como é e que mude através de outras mãos. É importante frisar que essa batalha não é nossa, da Dorsal, a banda apenas a encabeça pela sua própria história. A luta pela arte livre, pelo direito de produzir arte sem intermediários é uma luta coletiva. Os brasileiros estão acostumados a serem enganados e roubados. O que o financiamento propõe é uma ideia socialista de realizar sonhos juntos, de construir uma obra juntos, sem meio termo entre fãs e banda. Isso é democrático, não há assessoria de imprensa, jabá ou abertura de show paga por bandas ditas “underground” impedindo que isso aconteça. Transparência é algo raro. A Dorsal dá a cara à tapa, pois sempre foi assim, a Dorsal escreveu a história deste país e esse mérito é de poucos. Os fãs são os que cobravam a volta. Os que investem de fato financeiramente nessa volta são os bravos, mas como disse, há muito receio, em termos de “o que acontecerá se eu investir?”. Ora, todos terão um CD maravilhoso e isso não é uma promessa, basta ver nossa história, ver o caminho que abrimos para todos estarem aqui e agora. Há maior mérito do que esse? Há como fazer história com medo? A resposta é Não. Hell Divine: Aliás, muito se falou sobre o valor estipulado sobre as gravações, e certamente todo mundo ficou surpreso com o anúncio referente a isso. Foi o único jeito encontrado para viabilizar o projeto, que ainda terá o livro “Guerrilha” reeditado e disponibilizado para alguns planos deste “apoio” à banda? Carlos Lopes: O valor de 40 mil não é alto. Esse é um orçamento baixo. Quem acha que a Dorsal gravaria e prensaria um disco com 5 mil reais não quer a qualidade que a banda e os fãs merecem. Quem acha 40 mil caro, não tem ideia dos custos da feitura de um álbum. 40 mil é o custo de uma gravação, apenas de uma gravação em um estúdio do porte de um Toca do Bandido. Se você listar as despesas: 4 mil de estúdio, 4 mil de prensagem, 1.200 reais de ensaios, válvulas, cordas, transporte, alimentação, pagamento

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dos técnicos, e isso apenas em termos do disco, notará que após descontarmos 27,5% de imposto de renda e 12% do site Catarse e de taxas bancárias, pouco sobrará para o livro Guerrilha!, cuja unidade sairá por quase 100 reais. Isso sem contar a diagramação, o correio e os outros produtos. Hell Divine: A volta da banda com a formação clássica relembrará os grandes dias de “Antes do Fim” e “Dividir e Conquistar”. Em termos de sonoridade, você já declarou que os fãs podem esperar aquela mesma dos anos 80, 100% “Dorsal Metal”. O que você poderia nos adiantar sobre as 12 músicas que farão parte do álbum, sendo duas delas em formato digital? Carlos Lopes: O disco será, se assim o público quiser, gravado em um estúdio carioca chamado Superfuzz, que em termos de conversão analógico-digital, tem o melhor equipamento, o Lynx Aurora. Ele bate os conversores do Pro Tools HD, tanto que, de uns anos pra cá, os sistemas Pro Tools HD passaram a aceitar trabalhar com conversores externos, devida a crescente popularidade dos conversores Apogee Rosetta e Lynx Aurora (os líderes do mercado). Em termos de resultado final, isso influencia muito em chegar aquele som “profissional”. Usaremos os dois sistemas: analógico e digital, para explorar o melhor dos dois universos. Hell Divine: Ao mesmo tempo em que manterão a sonoridade clássica intacta, as letras seguem o mesmo padrão. Requisitos óbvios para o Dorsal, não é mesmo? Destas novas músicas, qual que você destacaria mais? Carlos Lopes: Você está me pedindo para escolher qual dos meus 12 filhos é o mais amado? Não posso... Faremos um disco de inéditas, feroz e melódico, mais cantado e menos gutural, com mais canções e menos barulho, mas fiel à história da DORSAL, um disco calcado no passado e mirando o futuro da música pesada no Brasil. As faixas são: Comissão da Verdade (a quem interessa?), Contenda (sobre brigas sem fim), Stalingrado (a invasão nazista à Rússia comunista), Operação Brother Sam (caso João Goulart resistisse em 1964, o Brasil seria bombardeado pelos Estados Unidos até por porta-aviões), Jango Goulart (o presidente deposto), Eu 22

Minto, Tu Mentes, Todos Mentem (reflexão sobre a alma humana), O Retrato De Dorian Gray (sobre a mídia, a estética, sobre assessorias de imprensa, sobre fatos e fotos...), Corrupto Corruptor (óbvio: sobre o Brasil), Colonizado / Entreguista (sobre os péssimos brasileiros que só reclamam), A Invasão Do Brasil (incrível depoimento do médium Chico Xavier sobre a invasão de um certo país), 168 Bpm, Imortais (a última faixa do disco é um hino escrito em homenagem aos fãs da DORSAL). Hell Divine: Fazendo uma análise de quando a banda iniciou as atividades, para hoje em dia, veremos que pouca coisa mudou no Brasil em relação ao som pesado e acredito que nunca mudará. Mas, é inevitável dizer que a comunicação via internet tem facilitado muito as coisas, com o contato direto entre banda x fãs. Até que ponto isso pode interferir na carreira de uma banda? Carlos Lopes: A comunicação direta é um achado, tanto para o bem como para o mal. Você já leu a sessão de cartas de um jornal como O Globo? É de um tremendo baixo nível. Antes não se via isso porque havia alguém na redação para escolher as cartas que seriam publicadas. Hoje, muita coisa é postada diretamente sem censura e isso mostra os maus modos, o preconceito e o racismo de alguns, vide o caso da estudante paulista de direito que ofendeu os nordestinos há dois anos. Em compensação, a comunidade de fãs da Dorsal no Facebook é muito ativa e tem nos ajudado a escolher o nome do disco, entre outras coisas, fora o estímulo diário. Ninguém vive só de críticas ou elogios, vivese de vida e os fãs nos dão vida. Hell Divine: Ao lado do Dorsal, temos a volta, mesmo que momentânea, do Viper. O Metalmorphose, do RJ, também mostrou as caras novamente, assim como muitas outras pelo Brasil. E ao mesmo tempo, surgem novas bandas, influenciados diretamente por toda esta galera... Que recado você daria pra esse pessoal que tá começando agora? Carlos Lopes: Cada um vive o seu próprio tempo e a história é refeita todos os dias. Se você me perguntasse se eu acho que uma das novas bandas pode mudar a história


da música, isso sim seria bem mais difícil, uma tarefa para poucos. Mas não é porque a música não muda, o metal não muda, o samba não muda, e nem disse que esses estilos devem acabar. São fluxos de retorno e recorrência, entre jatos de criatividade. Cada geração, cada momento histórico é único, mesmo que seja uma cópia branda do que já foi feito. Hell Divine: Você sempre foi muito critico e inteligente em suas palavras, não guardando nada pra si e de vez em quando criando alguma polemica em suas declarações. Este é o Carlos Lopes que conhecemos. Esta transparência pode ter afetado a carreira do Dorsal? Carlos Lopes: Transparência nunca afeta, só afasta quem não te pertence. As pessoas têm percepções diferentes da vida. Ninguém é dono da verdade, uma questão muito pessoal, intransferível, e os interlocutores, os artistas, devem expressar essa diferença. Quando artistas não se comportam como indivíduos que pensam de forma diferente, que podem contribuir para abrir a cabeça das pessoas, esses artistas são instrumentos de uma falsa harmonia. Não sou político. Não posso ser artista se tiver que agradar a todos, aí eu estaria fazendo a coisa errada. Muito do que ocorre nos bastidores do mundo da música não é tornado público, porque se assim fosse todos se desiludiriam. “Ambições são armas poderosas”. Hell Divine: Voltando ao disco, mesmo com as músicas já prontas, qual seria o tempo necessário para a gravação das mesmas e o seu lançamento? Carlos Lopes: Antigamente, e durante um bom tempo, precisava de um a dois anos para compor um disco completo. As decisões em relação ao novo CD (se ele existir é claro) foram tomadas rapidamente, logo após o convite da produção do festival Metal Open Air. A partir daí, fiz como sempre faço, me dedico integralmente ao projeto, como se fosse a coisa mais importante da minha vida. Comecei a compor fervorosamente, simplesmente lembrando minhas composições antigas, de bandas que eu admirava, para me sentir no clima. Uma parte importante do processo de composição é uma espécie de

“incorporação”. Você engravida pela ideia e assim tudo fica mais fácil, as músicas, as letras surgem uma após a outra. Antes eu compunha muitas faixas e depois decidia quais entrariam no CD. Hoje sou mais objetivo e só escolho o que gosto de cara, não fico burilando, tentando consertar. Houve fases em que eu trabalhava uma música por um ano, hoje, com mais experiência, vou direto ao assunto. A rapidez em compor não interfere na qualidade, mostra que seu foco é maior. Teríamos junho para ensaiar e julho para gravar, mixar e masterizar, tempo mais do que suficiente quando o material é de primeira. Hell Divine: Carlos, foi uma honra tê-lo em nossas páginas, estamos torcendo para que o projeto dê certo e que tenhamos em mãos este material inédito do Dorsal Atlântica. Considerações finais e algum recado aos fãs? Carlos Lopes: Impreterivelmente a campanha segue até o dia 10 de JUNHO. Vá ao site CATARSE.ME - Você pode “logar” no site através da sua conta do Facebook. Clique no link e vá pra página do projeto http://catarse. me/pt/projects/659-projeto-novo-cd-da-banda-de-metal-dorsal-atlantica. Escolha uma forma de contribuição a partir das recompensas ou faça uma doação livre. O pagamento é em cartão ou boleto bancário, pago em qualquer banco ou lotérica. Muitos me perguntam, todos os dias, se poderíamos fazer o CD apenas para os que apoiaram o projeto desde o início, mesmo que fossem 300 cópias, mas isso não é possível. Cinco mil reais não cobrem ensaios, gravação, prensagem, correio etc... Os fãs da DORSAL merecem o melhor e porque respeitamos cada um de nossos fãs, os que nos apoiam de verdade, nós faremos o melhor. Gostaria de poder dar esse disco de graça a todos, mas não poderemos sem o apoio econômico e emocional dos que amam a banda. E parece que alguns se esquecem do valor emocional, do preço emocional que é reestruturar uma banda desfeita há 22 anos... Não há apenas o custo financeiro, há o emocional que também é peso pesado. Bem, o destino está nas mãos do público. Alea Jacta Est. Por Maicon Leite. Foto: Sérgio Filho

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entrevista O que falar da cena Thrash Metal alemã surgida nos anos 80? Nada que já não tenha sido dissecado pelos quatro cantos do mundo... Mas, houve uma quantidade grande de bandas que lançaram discos maravilhosos e não obtiveram o mesmo sucesso que nomes como Sodom, Kreator e Destruction, ou logo encerraram as atividades, como é o caso do Exumer. Tendo lançado dois clássicos do gênero, “Possessed by Fire” e “Rising From the Sea”, e inclusive tocado no Brasil, a banda simplesmente encerrou as atividades, voltando em 2001 para uma participação especial no Wacken Open Air e somente mais de uma década depois retornariam com força total, fazendo queixos caírem com a potência de “Fire & Damnation”, lançado pela Metal Blade. Conversamos brevemente com o vocalista original, Mem Von Stein, que deu uma geral na carreira do grupo, que virá ao Brasil em junho, pela segunda fez. Completam o grupo Ray Mensh e H.K. nas guitarras, T. Schiavo no baixo e Matthias Kassner na bateria. Hell Divine: Já se passaram 26 anos desde o lançamento do debut do Exumer, o clássico “Possessed by Fire”. Vamos voltar no tempo então e falar daqueles dias iniciais... É verdade que o Exumer surgiu depois de você e Ray Mensh assistirem um show do Slayer? Vocês tiveram alguma experiência musical anterior? Mem Von Stein: Sim, o Ray e eu nos encontramos em um show do Slayer em 1985 na primeira turnê Europeia deles. Nós já havíamos nos encontrado dois anos antes daquilo em um trem que dividimos rumo ao Monsters Of Rock de 1983. Eu perguntei ao Ray se ele queria montar uma banda que soasse como Slayer e Exodus e ele aceitou. O resto é história... Hell Divine: A cena Metal daquela época, principalmente a alemã, possuía um grande número de bandas voltadas ao Thrash e Speed Metal e o Exumer estava dentro deste contexto, surgindo quase na mesma época que o Iron Angel, Sodom, Kreator, Destruction... Como era a relação de vocês com estas bandas? Chegaram a tocar juntos?

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Mem Von Stein: Nós tínhamos um bom relacionamento com muitas das bandas Thrash e também tocamos com bandas como Deathrow e Angel Dust. Naquela época a Alemanha era menor, pois o país estava dividido em Alemanha Oriental e Ocidental e a maioria das bandas que estavam ativas naquela época eram da Alemanha Ocidental e prontamente acessíveis. Hell Divine: “Possessed by Fire” possui músicas realmente excelentes, como “Fallen Saint” e “Xiron Darkstar”. Na hora de compor, no que vocês se baseavam? Houve influências de suas bandas conterrâneas ou a paixão por Slayer falou mais alto? Creio que haja uma sonoridade própria ali, principalmente em relação ao seu vocal.

Mem Von Stein: Nós éramos influenciados principalmente por Slayer e Exodus naquela época e eu penso que você pode notar essas influências claramente. Mas também gostávamos de bandas como Metallica dos primórdios e Nasty Savage. Hell Divine: Além disso, a qualidade de gravação está acima da média. Naquela época, se pegarmos registros do Destruction e Sodom, nem dá pra se comparar, “Possessed by Fire” é muito superior. Do que você se recorda das gravações? Mem Von Stein: Sim, nos passamos duas semanas com Harris Johns em Berlin e ele mal falava conosco durante a gravação do disco. Mas assim que terminamos de gravar ele se abriu e incluiu a gente no processo de mixagem. Foi estra-

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nho pra nós no início, mas depois nos demos conta que ele queria ter certeza de que executaríamos nossas partes dentro do tempo agendado por nós. Nós éramos bastante jovens naquela época e não tínhamos experiência. Hell Divine: E como foram os shows de divulgação do álbum? Ficaram restritos apenas à Europa? Em relação a material dessa época, há registros em áudio e vídeo? Mem Von Stein: Exato, nós promovemos o álbum essencialmente na Europa através de shows, mas nunca chegamos a gravar um vídeo clipe oficial para “Possessed By Fire” ou qualquer outra canção do disco. Hell Divine: Infelizmente você acabou saindo da banda, dando lugar a Paul Arakari, que gravou “Rising From the Sea”. Quais foram os motivos que levaram a você deixar o Exumer, e o que você acha deste álbum e da atuação de Paul? Mem Von Stein: Eu gosto muito da performance do Paul porque ela estava de acordo com a linha sonora que a banda estava buscando naquele momento. Eu havia saído da banda porque éramos todos “esquentados” e jovens e entrávamos em discussões bem estúpidas. Entretanto, nós continuamos amigos e os problemas foram deixados de lado tão logo que eu saí da banda. Hell Divine: Neste meio tempo, até a participação no Wacken Open Air de 2001, o Exumer permaneceu inativo. Este show deve ter sido histórico... Como rolou esta participação? Porque não continuaram? Mem Von Stein: Não era o momento certo e estávamos todos envolvidos em outros projetos, então decidimos não fazer do Exumer uma banda “meia-boca”, afinal é uma coisa importante em nossas vidas. Ou fazemos as coisas 100% ou não. Hell Divine: Fora do Exumer, sua participação na cena musical se mostrou bastante ativa. Já na década de 2000 foi criado o Sun Descends, excelente banda de Thrash, que já lançou dois álbuns. Como você analisa sua carreira musical? A volta ao Exumer é definitiva? Mem Von Stein: Bom, eu estive em muitas bandas após o Exumer. Phobic Instinct, Of Rytes, Humungous Fungus e o Sun Descends em Nova York. Eu experimentei com muitos estilos e agora estou de volta para onde comecei. O Exumer será a banda definitiva de minha carreira. Hell Divine: “Fire & Damnation” traz de volta o mesmo espírito do Exumer da década de 80, porém atualizado, uma verdadeira aula de Thrash Metal! Porém, daquela formação clássica do “Possessed...” só ficaram você e o guitarrista Ray Mensh. Os outros membros desistiram da música? Mem Von Stein: Não, o Bernie está em uma banda de Rock chamada September e o Paul não está no mundo da música nesse momento. Não sabemos o que o Syke está fazendo. Hell Divine: Já os novos membros, T.Schiavo (baixo), H.K. (guitarra) e Matthias Kassner (bateria), não conta do recado com louvor, formando um time afiado. Como rolou o processo de composição do álbum? Já havia composições prontas ou o material é todo inédito, executandose a regravação de “Fallen Saint”? 26

Mem Von Stein: T. Schiavo é o meu melhor amigo em Nova York. Nós encontramos o Matthias através da Death Squad Management, onde o conheciam e o recomendaram. Ele se adaptou imediatamente e suas frases na bateria são fora de controle. H.K. é um fã de longa data do Exumer e professor de guitarra que vive na mesma área que Ray. Ele se aproximou do Ray após ouvir que estávamos procurando por um novo guitarrista. Ele foi até a casa do Ray, tocaram alguma coisa juntos e uma semana após o Ray ligou para ele, perguntando se ele queria se juntar a nós. O processo de composição desse álbum ocorreu por etapas; começamos juntando ideias em 2008, e continuamos compondo em 2009 e 2010 enquanto excursionávamos até que paramos de nos apresentar ao vivo em 2011 para finalizar a composição do disco, os ensaios e também as gravações no mesmo ano. Nós agendamos uma sessão de ensaios de três semanas na primavera deste ano antes de entrarmos em estúdio de forma a tocarmos as músicas e finalizarmos o processo de composição. Desta forma nós soávamos como uma unidade coesa quando procedemos com a gravação no estúdio e o material tinha uma vibe totalmente de “sala de ensaio”. Nós então gravamos o álbum na Alemanha, na região de Dortmund. As gravações foram relativamente rápidas, porém a mixagem foi em fases e levou três meses com várias partes “A e B” no material. O resultado final é o que conta e estávamos todos de acordo que mixaríamos o trabalho até que todas as partes envolvidas estivessem satisfeitas com o resultado. Apenas levou um tempo para incorporarmos todos os elementos e os desejos de cada um. Hell Divine: Logicamente que há vários destaques no álbum, mas, dentre eles, o fantástico trabalho de guitarras, com riffs e solos endiabrados. Em sua opinião, ou da banda em geral, qual seria o carro-chefe deste disco? Há alguma música em especial? Mem Von Stein: Eu acho que as primeiras quatro canções de “Fire and Damnation” são algumas de minhas músicas favoritas do Exumer de todos os tempos. Portanto eu recomendo fortemente que as pessoas procurem ouvi-las. Hell Divine: Logicamente o set list terá músicas novas, mas, em relação aos dois primeiros álbuns, o que podemos esperar? Como fã, espero muito ouvir “Xiron Darkstar”... Será possível? Mem Von Stein: Sim, a maior parte dos sets ao vivo é formada por músicas do “Possessed By Fire”. O restante vem do “Rising From The Sea” e este novo. Hell Divine: Mem, muito obrigado por mais esta entrevista, já que anos atrás falei contigo sobre o Sun Descends. Desejo que a turnê brasileira seja excelente e te espero em Porto Alegre para algumas cervejas! Deseja deixar um recado aos thrashers brasileiros? Mem Von Stein: Estamos indo aí para ver os Thrashers mais intensos do mundo, então todos vocês se preparem para DESPERTAR O FOGO conosco! Por Maicon Leite Tradução: Daniel Seimetz Foto: Divulgação


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entrevista Depois de seis longos anos de inatividade, a banda Spawn Of Possession volta a chamar a atenção dos fãs com o seu novo trabalho, ”Incurso”. Dennis Röndum, vocalista da banda, nos forneceu uma ótima e exclusiva entrevista para manter os fãs brasileiros atualizados sobre sua nova “criança”. HELL DIVINE: Saudações! Obrigado por essa oportunidade exclusiva. Bem, depois de exatamente 15 anos na estrada, o que você pode nos dizer sobre a evolução do Spawn Of Possession em termos de composição desde o lançamento da demo ”The Forbidden ”(2000)?

DENNIS: Creio que a essência da banda é a mesma desde 15 anos atrás. Nós começamos com uma banda que queria tocar algo bem brutal, que fosse original e novo, e senti que tínhamos criatividade para tal. Obviamente, nós abrimos muitas portas assustadoras na música ao longo dos anos até nos tornarmos o

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que somos hoje, mas é o que você precisa fazer caso queira garantir alguma identidade própria na cena. Sempre fomos aonde sentimos que ninguém mais encontraria novas formas de composição que foram testadas. Creio que agora estamos melhores que nunca para encontrar áreas não exploradas na música, mas isso é uma procura constante. Creio que é o que nos motiva. HELL DIVINE: Fale-nos um pouco do passado da banda. Cite aqui alguns de seus melhores e piores momentos, incluindo composição, turnês, relação com os membros, lazer, etc. DENNIS: Em termos de turnê, acho que o último show que fizemos com o Obscura, Gorod e Exivious foi o melhor. Grandes multidões, ótimas bandas e todos nós conseguimos uma boa grana, o que é, de certa forma, raro quando se toca esse tipo de música. Outro ótimo momento foi quando lançamos nosso primeiro álbum, ”Cabinet”, porque trabalhamos tão intensamente para cumprir nossa meta que foi ótimo vê-lo quando finalmente saiu; isso mudou a banda para sempre. Foi incrível encontrar lá fora pessoas que gostavam de nossa música além de nós. Foi incrível descobrir que havia mais gente ao nosso lado que realmente gostava da nossa música. Quero dizer, nós nunca esperamos encontrar um fã toda vez que alguém nos elogia isso nos faz sentir realmente bem. Também nos sentimos muito bem toda vez que terminamos de compor uma música. Quando todos se sentem bem, sabe? Claro que tivemos nossos maus momentos de falhas no estúdio e na estrada, mas para ser honesto eu não olho para trás. Eu sigo em frente e tento manter sempre uma atitude positiva. HELL DIVINE: Obviamente, a Suécia é considerada o útero mundial do Death Metal. Cite outras bandas suecas que você considera sua inspiração (e também bandas estrangeiras, se preferir). DENNIS: Isso pode te surpreender, mas muito poucas bandas suecas tem nos inspirado. Eu digo que andamos, sim, ouvindo muitas bandas suecas, mas só que mais por momentos recreativos do que por influência. Antigamente ouvíamos muito Dismember, Grave, Entombed, Merciless e Dissection, acho que mais por curtição que qualquer outra coisa. A única banda sueca que me vem à mente em termos de inspiração é uma banda chamada Eucharist que lançou um álbum chamado ”A Velvet Creation”. Eu lembro que esse álbum nos pegou de surpresa com sua composição e brutalidade e a produção do mesmo é terrível, eu acho que musicalmente se mantem firme até hoje. HELL DIVINE: O que você pode nos dizer de seu novo trabalho ”Incurso”? Cite elementos como composição, produção, conceito, arte de capa, etc. Ele é seu favorito? DENNIS: Creio que ”Incurso” representa muito da banda e do que somos hoje. Ficou muito diferente dos outros álbuns em termos de composição já que eu costumo trabalhar com Jonas na composição desde álbuns antigos, e ele escreveu esse álbum todo com alguma ajuda do Erlend. A ideia era criar o álbum mais brutal e épico que pudéssemos e eu sinto que fomos longe demais, mas conseguimos cumprir nossa meta totalmente. Cada álbum é como o seu filho, então não posso sair dizendo qual é meu favorito, mas digo que este foi um grande passo na direção certa. Eu sei que é duro ultrapassá-lo em cada nível, mas sempre que fazemos isso eu procuro por novos desafios.

HELL DIVINE: Que diferenças podem ser ressaltadas entre ”Incurso” e seu antecessor, ”Noctambulant” (2006)? DENNIS: Acredito que ”Incurso” seja mais rápido, brutal e menos polido que ”Noctambulant”. Ele simplesmente tem uma vibração diferente que leva o ouvinte a um estado mais épico. ”Noctambulant” é mais obscuro, sinistro e segue um caminho no qual ”Incurso” é mais uma cadeia de energia implacável que nunca dissipa. Tocamos em um novo nível e eu forcei minhas cordas vocais em uma direção mais extrema, então se trata de uma experiência auditiva diferente. Não costumo comparar muito os álbuns desde que percebi que existem duas entidades completamente diferentes juntas em nosso primeiro álbum, ”Cabinet”. HELL DIVINE: Quem é o artista por trás da arte da capa do ”Incurso”? Fale-nos um pouco sobre ele. DENNIS: A arte da capa foi criada por Pär Olofsson que fez a nossa capa do ”Noctambulant”.Ele é um mestre no que faz, portanto, é muito fácil trabalhar com ele. Então, foi claro para nós voltar ao seu estúdio pedir que ele também criasse a capa do novo álbum. Demos alguns toques a ele, que rapidamente captou e começou a trabalhar em sua criação. Como ele sempre apresenta um trabalho de qualidade e nuance, não ficarei surpreso se trabalharmos com ele de novo. HELL DIVINE: Mudando um pouco de assunto, o que você gosta de fazer quando não está focado em música? DENNIS: Pessoalmente, apenas gosto de ser eu mesmo e curtir. Gosto de beber muita cerveja e assistir velhos filmes e documentários. Também gosto de jogar vídeo games e ouvir música clássica. Eu faço de tudo para ficar longe do que as pessoas chamam de “realidade normal”. Nunca assisto à TV ou leio jornal, porque não há muita alegria fora da minha janela, então fico comigo mesmo e desapareço nos meus próprios mundos. HELL DIVINE: Use esse espaço para nos dar algumas atualizações a respeito de turnês que estão para acontecer. Vocês estão planejando um show no Brasil? DENNIS: No momento, não temos nenhuma turnê marcada, mas espero botarmos o pé na estrada novamente em breve. Seria ótimo visitar o Brasil, porque eu sempre sonhei em aparecer por aí desde que eu vi o Sepultura por volta de 1990. Eu também sou um fanático e, cara, vocês têm alguns dos melhores “guerreiros” do mundo com a graça do clã. E claro, meu favorito, Anderson Silva. Mas além de todos os meus amigos e bandas que tocaram no Brasil digo que é um dos melhores países para se fazer um show e eu adoraria tocar ai se tivermos a oportunidade. HELL DIVINE: Eu gostaria de agradecer mais uma vez por essa entrevista. Esperamos vê-los por aqui. Até a próxima vez! DENNIS: Obrigado por sua ótima entrevista e eu espero que o Spawn Of Possession venha algum dia para o seu belo país deixar os fãs brasileiros loucos. Saudações! Por Yuri Azaghal.

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entrevista A cena do Metal no Brasil está crescendo assustadoramente nos últimos anos. São bandas cada vez mais competentes, fazendo um som empolgante e inovador. Se o nosso underground fosse um time de futebol, o Last Sigh certamente seria titular. A banda acaba de lançar um belo disco e promete fazer barulho por onde passar! Inclusive, o álbum “Beneath The Flesh, Rotten” já corre entre os melhores do ano! Conversamos um pouco com o guitarrista Renato Rossi a respeito desse lançamento entre outras coisas. Vale a pena conferir! HELL DIVINE: Pesquisando na Internet, pouca coisa se encontra sobre a banda, principalmente, no Youtube. Existe alguma estratégia online que a banda utiliza ou pretende utilizar para divulgação do trabalho? Onde os fãs podem encontrar suas músicas? Renato Rossi: Até então o motivo de não termos uma estratégia de divulgação online muito abrangente era que não tínhamos muito material para divulgar. Antes do CD, nossa demo possuía apenas três músicas, não gerávamos tanto conteúdo como acredito que estamos gerando agora. Entramos num ritmo mais agitado, com clipes e shows, com tanta coisa rolando simultaneamente, e estamos buscando conciliar a divulgação com a produção desses projetos. Quem quiser acompanhar a banda, pode nos seguir no Twitter (@lastsighmetal) ou curtir nossa fan page no Facebook (facebook.com/lastsigh), lá o nosso álbum “Beneath the Flesh, Rotten” está disponibilizado na íntegra para streaming. No canal do Youtube (youtube.com/user/lastsighmetal) há o making of da gravação do CD, dividido em cinco partes. HELL DIVINE: “Beneath The Flesh, Rotten” já chama a atenção logo de cara por meio da simples, porém bela e enigmática, arte da capa. De onde surgiu a ideia para o design e quem foi o responsável? Renato Rossi: Quando definimos o nome, comecei a ter ideias para a capa, mas como não tínhamos ninguém que fizesse as artes, eu mesmo a fiz. Na época, as músicas já estavam todas gravadas, mas faltava o encarte para continuar a produção. Com a ajuda de um amigo ilustrador, Vicente Filizola, as páginas internas ficaram prontas mais rapidamente. Ele trouxe ideias que ajudaram a traduzir a atmosfera de cada musica e com desenhos que valorizaram a versão física, coisa que hoje é extremamente importante para aumentar o interesse sobre o CD. HELL DIVINE: O estilo praticado pela banda é essencialmente o Metalcore, com pitadas de Hardcore e algo de Melodic Death Metal. Influências latentes de As I Lay Dying, Heaven Shall Burn, August Burn Red, Lamb Of God, entre outras. Vocês concordam com tal afirmação? Renato Rossi: Com certeza. Quando estávamos compondo para o disco, escutávamos bastante essas bandas. Atualmente, cada um de nós ouve coisas diferentes, e isso é legal porque trazemos novos elementos para as composições. É uma maneira de trabalhar a originalidade da nossa música. Acredito que, para tentarmos fazer coisas novas e excitantes, precisamos também de referências externas. Se nos restringirmos sempre às mesmas bandas e aos mesmos estilos, estaremos com apenas um ponto de referencia: aquilo que já foi feito. 30

HELL DIVINE: Ainda falando sobre Metalcore, o estilo teve uma grande força e crescimento nos últimos anos. Porém, como é normal em todos os estilos, vem caindo de popularidade. Vocês encaram isso como positivo ou negativo para a cena em que vivem? Renato Rossi: Nem sei se no Brasil o Metalcore já chegou a pegar. O segredo é produzir musica boa, independentemente de estilo, musica boa não pode ser datada. Nossa intenção é fazer musica que gostamos e que nos deixe motivados. Muita gente escuta nossas músicas e nos considera uma banda de Metalcore, mas para nós é um pouco diferente. Somos apenas uma banda de metal. Pode ser que nosso próximo disco seja completamente diferente, não sei. Seria burrice deixar de lançar musicas boas por que não são o que as pessoas têm escutado ultimamente ou o que esperam da gente. Esse é o erro de muitas bandas: tentar seguir as tendências. É por isso que gêneros novos, como o “djent”, já estão saturados. Há duas ou três bandas brilhantes e 300 outras genéricas. A música que fazemos pode ser considerada genérica por alguém agora, mas nossa meta é definir de agora em diante cada vez mais o que nós somos, o nosso som. HELL DIVINE: Vocês lançaram recentemente um disco de forma independente. Com um belo trabalho em mãos, creio que seja possível alcançar voos mais altos, inclusive fora do Brasil. Existe alguma negociação para lançar esse trabalho por uma gravadora, com uma maior distribuição? Renato Rossi: Nacionalmente, não. Quando estávamos préproduzindo o disco, alguns selos fizeram propostas de distribuição no Brasil, mas lançarmos de forma totalmente independente nos pareceu mais vantajoso, tanto financeiramente como criativamente. Desse jeito, podemos adotar nossas próprias táticas publicitárias, sem que haja dependência de aprovações de terceiros. Temos alguns planos para realizar projetos fora do Brasil, mas por enquanto não tenho como dar mais detalhes sobre isso. HELL DIVINE: A gravação e produção do álbum ficaram incríveis, coisas de primeiro mundo mesmo! Onde ele foi gravado e quem foram os responsáveis? Renato Rossi: Como estávamos tendo o disco produzido pelo guitarrista da banda alemã Heaven Shall Burn, Alexander Dietz, tínhamos que mandar demos atualizadas das canções. A maioria delas foi gravada no meu home-studio, onde mais tarde acabamos regravando alguns detalhes para a versão final. Toda a captação para a master foi realizada no estúdio Solo, aqui de Curitiba. A mixagem e masterização foram feitas pelo Dietz mesmo, no Chemical Burn Audio Solutions, na Alemanha.


coeso e empolgante HELL DIVINE: “Beneath The Flesh, Rotten” é uma rifferama só! Conte-nos um pouco como é o processo de composição das músicas. Quem faz o que na hora de construir as canções? Renato Rossi: (Risos!) Vou considerar como um elogio! Gostamos de criar músicas dinâmicas, se a música tiver que ter 15 riffs diferentes para ser uma paulada do começo ao fim, então faremos 15 riffs... Não somos o tipo de banda que tenta economizar, seguindo formulas e etc., se soar coeso e empolgante, nos consideramos no caminho certo... O processo de composição é bastante flexível. Às vezes, alguém traz apenas um riff e eu junto com algo que eu já tinha; às vezes, tenho músicas inteiramente prontas, depende. As ideias dos arranjos costumam ser minhas e do meu irmão, o baterista Douglas Rossi, mas muitos dos melhores riffs do CD foram de autoria do baixista, Marcus Zerma. HELL DIVINE: Apesar de termos diversas bandas fazendo Metal Extremo no Brasil, raramente encontramos banda com a qualidade técnica e seguindo o estilo que seguem. Por qual motivo vocês acham que o Metalcore não “pegou” por aqui? Renato Rossi: Para mim, são duas coisas diferentes. A qualidade técnica é uma exigência pequena por aqui, e vejo isso de forma negativa. Atualmente, há bandas que só com visual e atitude se destacam de outras que tem maior comprometimento com a música que fazem. A estrutura do underground no Brasil faz com que as bandas amadureçam de maneira errônea e lenta, numa comparação com as cenas de outros países. Não vemos bandas daqui desenvolvendo seu potencial total porque focam no glamour de ser uma banda. Deveriam ter mais atenção às obriga-

ções e ao trabalho em suas musicas. Como disse anteriormente, não sei dizer se o Metalcore não “pegou”, nunca vi tantas bandas novas surgindo como ultimamente, isso é um bom sinal, não? (risos). Acho que isso se deve a essa leva nova de bandas que tem aparecido; lembro-me de quando eu era bem menor, algumas das bandas de metal já eram consideradas algo “ultrapassado” pelos meus colegas de escola; curtir metal era coisa de velho. Hoje em dia, vejo uma molecada de uns 11 anos colando nos shows, vindo conversar com agente com profundidade sobre sons mais antigos e etc... Essa revigorada, a meu ver, ocorreu por bandas como Lamb of God e Killswitch Engage, odiadas pela galera mais Old School. Se for para apontar um motivo pelo qual o Metalcore não “pegou” no Brasil, é o preconceito que esse pessoal mais tradicionalista tem com bandas novas. HELL DIVINE: Ouvir essas músicas ao vivo deve ser destruidor! Como estão os planejamentos para shows nesse ano? Renato Rossi: Querendo ou não, a inexperiência em gravar fez com que o nosso primeiro CD passasse apenas uma porcentagem da energia que nossas músicas têm. Queremos que o máximo de pessoas possíveis vejam nossos shows, pois é outro aspecto da banda, nossas músicas têm outra atmosfera quando tocadas ao vivo. Por isso estamos tentando tocar em todos os lugares que nos chamam e viajamos para cidades que nunca fomos antes, a ideia é divulgar massivamente o CD! Entrevista por Pedro Humangous. 31


resenhas

3 Inches Of Blood “Long Live Heavy Metal” Century Media E o quinteto insano do Canadá volta com mais um ótimo CD, o quinto de sua discografia. Partindo de uma sonoridade calcada na NWOBHM e no Power Metal americano da primeira metade dos anos 80, mais uma vitamina “priestana” muito forte (especialmente pelos vocais de Cam Pipes), eles conseguem soar fortes, agressivos, com fortes doses de melodia e sem ser um som datado, como muitas se forçam a ser. Pelo contrário, o som é muito vigoroso, embora não seja original, o que não é algo obrigatório. Produção sonora muito limpa, visual bem encaixado, “Long Live Heavy Metal” é um disco arrasador da ótima e pesada “Metal Woman”, que abre o disco e tem nuances de Rock’n’Roll aqui e ali, passando pelas arrasadoras “My Sword Will Not Sleep” (que tem belo destaque da cozinha de Ash Pearson na bateria e Byron Stroud no baixo), “Leather Lord” (mais cadenciada e com excelentes guitarras por parte de Shane Clark e Justin Hagberg), a peso-pesado e cativante “Look Out” (Cam rouba a cena nessa música), até o fechamento com chave de ouro de “One for the Ditch”; é um disco perfeito, digno de menção honrosa e do investimento de cada ouvinte. E parabéns à Century Media Records por nos brindar com um CD tão bom. Ei, vai arrumar o seu, porque o meu está garantido aqui! Nota: 10 Marcos Garcia ABOMINABLE PUTRIDITY “The Anomalies of Artificial Origin” Brutal Bands

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Não é de hoje que a Rússia é referência quando falamos de Brutal Death Metal, em especial o da categoria Slamming. Da capital e com quase dez anos de estrada, a Abominable Putridity sabe bem o que é quase desfalecer por problemas de line up, uma constante em bandas sérias. Porém, atualmente a banda conta com a invejável participação de Matti Way, um influente vocalista do gênero que já trabalhou com a Disgorge, a Liturgy e a Pathology. Ele acrescenta na Abominable Putridity e, consequentemente, em “The Anomalies Of Artificial Origin”, um gutural mais baixo, mais intenso e mais diversificado do que o vocal visto no álbum anterior, feito pelo ex-vocalista Vladmir. Agora é possível perceber uma alternância de emissões vocálicas, fruto da criatividade de Matti. Em geral, a produção do álbum é clara e bem feita, sem exageros de efeitos e muito, mas muito melhor que a gravação de “In The End Of Human Existence” (2008), que era chiada, cuja bateria parecia ter sido feita num software barato, a guitarra não tinha qualquer peso e não dava para ouvir o baixo. Por isso, acho até que poderiam relançar algumas faixas desse álbum num conceito de remasterização. Um motivo para esse avanço todo da banda foi a assinatura com a gravadora Brutal Bands, mesma de Gortuary, Wormed, Guttural Secrete e que também já gravou alguns trabalhos da clássica Devourment – talvez a mais antiga de Slamming que eu tenho conhecimento. Em “The Anomalies of Artificial Origin”, a guitarra possui riffs cortados para acompanhar, por vezes, o vocal, mas alterna também com a bateria, dando aquele ar dançante, tradicional do Slam. A bateria é preenchida com uma relativa técnica nos pratos e nos rolos, com blast beats em momentos mais rápidos. Nos breakdowns, ela tem um papel muito importante em relação ao peso e ao tempo decorrido, demarcando claramente o início e o fim deles. E, por fim, quanto ao baixo, acrescenta um peso às marcações de ritmos e é bem audível. Uma coisa interessante que pude perceber nesse álbum é a capa: aparentemente relata um monstro descontrolado saindo de sua incubadora e atacando os cientistas que o


criaram. Esse fato não seria nada se não fosse um diferencial na Abominable Putridity. É legal que tematizem um assunto diferente do usual – prostitutas torturadas, violência gratuita, caveiras gritando, ou um arsenal de zumbis famintos num campo vazio. Finalizando, as faixas são bem produzidas, diferentes entre si e possuem um “quê” de técnica, proporcionando uma fácil apreciação para qualquer ouvinte que gosta de música extrema. Nota: 8.5 Igor Scherer AGGRESION “Forja Infernal” Independente Os headbangers de Mato Grosso estão muito bem representados pelos cuiabanos do Aggresion e seu Black Metal que não regula na agressividade e nas “blasfêmias”. Um som direto que te pega do começo ao fim deste EP chamado “Forja Infernal”. Uma pena ter apenas cinco músicas. Há muito não ouvia uma letra que encaixasse tão bem como “Propiciação Guerreira”, que traz uma letra em português com palavras indígenas e conta algo de vingança que, apesar de não compreender inteiramente seus significados, é uma música muito agressiva e possante que é destaque disparado para mim. Impossível ouvir uma vez só. Enfim, com alguns ajustes de produção, com certeza, a banda tem um ótimo material para um full lenght, tudo para aparecer mais e se destacar na cena nacional. Nota: 8.5 Cupim Lombardi Anonymous Hate “Red Khmer” Lab 6 Music / Rapture Records / Malignant Art Poucas bandas vivem do Metal em nosso país. Quem toca por aqui realmente faz porque gosta e quer apenas ser ouvido. Recentemente, tive o prazer de conhecer o som dessa banda do Macapá-AP, o Anonymous Hate. Se gravar um disco e lançá-lo aqui no centro do país já é difícil, imagina na região Norte. Deixando as adversidades de lado, a banda acaba de lançar um EP contendo quatro músicas próprias e três covers insanos! Já é possível notar a evolução no som desses caras se comparado com o trabalho anterior. Tanto nas composições quanto na qualidade de gravação, muito superiores. Após uma introdução à velocidade da luz, “Created To Kill” já entra com o pé na porta, destruindo tudo com seu Grind/ Death Metal. Bateria feito metralhadora, riffs velozes e um baixo absurdo de grosseiro – no bom sentido. Os vocais sujos e guturais de Victor Figueiredo se encaixam perfeitamente ao som. Os covers escolhidos foram “Dead Shall Rise V.666” do Terrorizer, “Paranóia Nuclear/Poluição Atômica” do Ratos de Porão e “Gates To Hell” do Obituary. Todas as faixas muito bem escolhidas e executadas. A capa é bem legal, mas se comparada com a qualidade que temos visto hoje em dia, fica devendo um pouco. O Anonymous Hate é a cara do underground brasileiro: som de qualidade, bem composto e que se tivesse uma qualidade de produção e gravação oferecidas no exterior, certamente, seriam reconhecidos mundialmente. Enquanto isso não acontece, vamos curtir com orgulho o que temos em mãos e no volume máximo! Nota: 8.0 Pedro Humangous Armageddon “Necromantic Celebration” Emanes Metal Records Os projetos musicais desenvolvidos por apenas uma pessoa – os chamados One Man Band – sempre me chamaram a atenção de alguma forma. É interessante ver o que o músico desenvolveu sozinho, compondo e gravando todos os instrumentos. Certamente, no final, deve dar muito orgulho. A banda francesa Armageddon é formada por Silvere Catteau, que destila todo seu veneno em um Thrash Metal nervoso, bem Old School e com alguns toques de Black Metal – bem leves, nada que caracterize muito. Logo na primeira ouvida, me lembrei do Toxic Holocaust e Skeletonwitch como se essas bandas tivessem gravado seus discos nos anos oitenta. Os riffs de guitarra muitas vezes remetem ao Heavy Tradicional, trazendo uma sonoridade bem interessante para o disco. Os vocais rasgados e quase que descompromissados são a característica marcante da banda. A capa, que parece uma pintura, dá mais brilho para o álbum que, com certeza, surpreendeu positivamente. Bem que uma gravadora nacional podia lançar o “Necromantic Celebration” por aqui. Enquanto isso não acontece, não deixe de conferir o trabalho dessa banda e, se possível, adquirir uma cópia, pois se trata de um belíssimo lançamento! Ouça! Nota: 8.5 Pedro Humangous 33


BEGGING FOR INCEST “Orgasmic Selfmutilation” Inherited Suffering Records Amigo leitor, dê uma olhada prolongada no nome dessa banda. Olhou? Agora repare na capa do álbum. Já dá para ter noção que o som é brutal, não é mesmo? Então, estamos falando de Slamming Brutal Death Metal. Begging For Incest é daquelas que ou você curte muito, ou não gosta. É quase evidente isso quando se remete ao assunto de que já foram rotulados nas redes sociais como uma banda de Deathcore, por causa dos seus breakdowns muito lentos e pausados e também pelos eventuais pig squeals. Bem, quem conhece um pouco mais de som extremo percebe claramente a diferença – e essas características existem, sim, em muitas bandas de Deathcore – mas na Begging For Incest elas são muito bem utilizadas. A banda produz puramente um som rico de slams e de peso. Esses caras fazem você querer pisar forte, gritar e até quebrar aquele abajur velho da sua mãe. Um fato interessante da banda é que ela é composta apenas por três integrantes e, até onde sei, só fez uma mudança de line-up, que foi recente, em 2011, quando entrou Meik como vocalista – possui um vocal um pouco menos rasgado no sentido de não parecer tanto com vocais de Goregrind, como o antigo vocalista que fazia esse tipo de vocal em muitos trechos do álbum de 2008, intitulado de “Awating The Fist”. Os novos vocais da banda soam mais enérgicos, digamos que são mais “cantados”, os pig squeals são bem agudos, mesmo parecendo ser inhales. Concluindo essa parte, os guturais em Begging For Incest são como um instrumento, os sons produzidos por eles cumprem um papel essencialmente sonoro, como notas numa tablatura. Quanto à bateria: na maioria do tempo tem um ritmo cadenciado – mais lento que bandas como Devourment e Cephalotripsy – dançando com a guitarra ela faz belos e muitos breakdowns, dando a esse aspecto a característica mais visível da banda. Por fim, a guitarra, junto dos vocais, é a parte lírica das músicas, é ela quem vai tecer as notas e as diferenças de cada slam e de cada breakdown. Nunca tinha visto uma banda da Alemanha desse gênero, visto que ele não é muito popular por lá, mas valeu a surpresa, “Orgasmic Selfmutilation” é um ótimo álbum. Aproveite a ouvida, mas não dê motivos para sua mãezinha surtar. Nota: 8.5 Igor Scherer

Behavior “The Awakening Of Madness” Eternal Hatred Records O cenário está montado e os personagens com suas funções muito bem decoradas. O que poderia ser um roteiro de filme de terror trata-se de um belo disco de Death Metal brasileiro, estrelando a banda Behavior. O álbum de estreia dessa banda baiana possui uma incrível arte (desenvolvida pelo próprio baixista, Marcelo Almeida), tanto na capa quanto no restante do digipack. A linha traçada pelos músicos é o bom e velho Death Metal Old School, sem firulas, completamente fiel às raízes do estilo. A gravação deixou o som um pouco seco e cru demais, faltando um pouco mais de punch e grave, o que daria mais agressividade às músicas. Falando nelas, as composições são muito boas, apesar de simples tecnicamente; sempre empolgam bastante por meio de seus riffs inspirados, bateria veloz e um vocal bastante variado, indo do gutural ao rasgado com extrema facilidade. Uma presença mais marcante do baixo realmente fez falta na mixagem final. Ouvir o disco de ponta a ponta é tarefa prazerosa, principalmente acompanhado dos amigos e uma boa cerveja! Ficamos imaginando como deve ser devastador acompanhar essas músicas ao vivo em um show da banda. O Behavior prova que possui talento e capacidade de sobra para despontar no cenário nacional; bastam algumas correções na hora da produção e gravação – nada que comprometa o excelente trabalho apresentado aqui. Vale mencionar que o grupo está com um projeto paralelo de Black Metal chamado Imperial Flame e que deve ser lançado no segundo semestre desse ano. Isso mostra que os caras estão com força total e não ficam parados! Som extremo transbordando, e com vontade! Nota: 8.0 Pedro Humangous 34 30


Borknagar “Urd” Shinigami Records Pairava uma dúvida cruel na mente de muitos fãs do Borknagar desde que foi anunciada a volta de I.C.S. Vortex à banda, pois havia divergências sobre se ele deveria cantar também ou se os vocais deveriam ser deixados a cargo de Vintersorg, e como se em resposta, veio “Urd”, um dos melhores CDs de 2012. Louvores à Century Media Records por um disco tão bom. Mantendo a fidelidade ao seu estilo, ou seja, àquele Folk Black Metal com muitas nuances de Rock Progressivo e elementos “vintage” ad infinitum e usando as vocalizações tanto de Vortex quanto Vintersorg. O CD supera todas as expectativas e mostra o quão genial é o sexteto, abrilhantado ainda mais com a presença do baterista David Kinkade (que gravou “Enslaved”, o mais recente CD do Soulfly), que dá peso e variedade jazzística ao trabalho da banda, que ainda conta com o ótimo trabalho de guitarras (sejam nas bases pesadas e trabalhadas, sejam nos solos harmoniosos e firmes) de Øystein G. Brun e Jens F. Ryland; o baixo presente e variado de I.C.S. Vortex (bem como suas vocalizações); os teclados setentistas de Lars A. Nedland, mais os vocais ora rasgados, ora melódicos de Vintersorg e temos um CD forte em todas as músicas. Adornado pelo ótimo trabalho gráfico de Marcelo HVC e por uma produção que soube dar brilho e peso à banda, não dá para não se emocionar com cada uma das faixas, especialmente, “Epochalypse”, “Roots”, “The Plains of Memories”, “The Winter Eclipse” e “In a Deeper World”. Imperdível, ainda por cima na versão Digipack importada que tem de bônus a inédita “Age of Creation” e o cover “My Friend of Misery”, do Metallica. Nota: 10 Marcos Garcia BURZUM “Umskiptar” Byelobog Productions O que escrever sobre o Burzum? Como explicar em palavras o que seus instintos já confirmam antes mesmo antes de você ouvir a introdução? Algumas pessoas dizem que os anos na prisão abalaram a aparência de Vikernes. Se isso for verdade, sua mente se aguçou ainda mais por outro lado. Cada álbum é uma progressão de genialidade, uma evidência de que a habilidade de composição musical de Varg Vikernes se refina a cada momento. “Umskiptar” é uma sofisticada narrativa das antigas lendas nórdicas, sem perder, no entanto, a essência do Black Metal que acompanha o Burzum desde a sua criação. O vocal está ótimo, a composição instrumental está de cair o queixo. O ritmo mais lento e melancólico que prevalece na maioria das novas faixas desde “Belus” (2010) criam um ambiente perfeito, alterando entre tempos mais brutos e agressivos. Algumas pessoas chamam o Burzum, a partir de 2010, de “O Novo Burzum”. Se de alguma forma elas disseram isso de forma pejorativa, acabaram sendo incrivelmente incoerentes. Varg Vikernes conseguiu melhorar o Burzum sem perder os princípios e metas que levaram a banda a existir. A parte mais ambiental do álbum soa como uma verdadeira introdução a uma batalha antiga épica, fazendo você sentir arrepios enquanto ouve o álbum de olhos fechados, absorvendo cada detalhe, cada nota da melodia, imaginando cada cena sendo reproduzida em sua mente (a faixa “Heiðr” é um ótimo exemplo do que estou falando). Quando esse álbum saiu, recentemente, algo já me dizia que ele seria mais um trabalho perfeito dentro do repertório do Burzum, e pelo jeito não me enganei. Claro que muitos vão odiar, falar mal, esculachar, dizer que o Burzum não é a mesma coisa de antes, ou melhor, vão continuar dizendo que ele nunca foi bom. O fato é que o Burzum sempre foi uma banda genial e sofisticada, que vem se refinando e evoluindo cada vez mais. E para um tipo de música refinada dessa, é preciso também ser refinado para compreendê-la e apreciá-la. Ou seja, Burzum, assim como o Black Metal em geral, não é para qualquer ouvido por aí. Como sempre, haters não faltarão, mas eu estou me importando com isso? Claro que não! O que importa é que Varg conseguiu de novo. Nota: 10 Yuri Azaghal Channel Zero “Feed ‘Em with a Brick” Roadrunner Records A banda belga que teve sua origem nos anos 90 decide voltar à cena do Heavy Metal mundial após um hiato de 13 anos. Considerada o “Metallica” da Europa, a banda decidiu encerrar as atividades em 1997. Ao longo do início de sua carreira, a Channel Zero lançou quatro álbuns e eu destaco o “Black Fuel” de 1996. O hiato da banda se deu devido a desavenças pessoais, incompatibilidade de agendas e tantos outros motivos que, infelizmente, resultaram no encerramento das atividades da banda. Atualmente, a banda conta com toda a formação original, exceto pelo guitarrista que foi substituído pelo Mike Doling (ex Soulfly) que se encaixou perfeitamente na proposta da banda. Muitos consideram a Channel Zero uma banda de Thrash Metal, mas após esse registro eu não consigo encaixá-la neste rótulo, pois limitaria o som que este álbum traz. O álbum “Feed ‘Em with a Brick” lançado, em 2011, mostra uma roupagem totalmente moderna, 35 31


vocais matadores aliados a riffs poderosos e melodias que casam perfeitamente com as linhas vocais. As excelentes masterização, gravação e mixagem ficaram a cargo do famoso Vinny Paul (ex Pantera), que conseguiu realçar com qualidade o virtuosismo de cada músico a fim de obter a melodia perfeita. Posso dizer que os caras estão bem perto disso nesse álbum. Algumas das faixas destaque são a “Hammerhead” e “Hot Summer” que, inclusive, pode ser conferido no canal oficial da banda no Youtube em forma de videoclipe super bem produzido. As composições estão bem ricas e variadas. Posso citar um pouco de groove, uma levada mais pesada, os timbres muito bons que dão um aspecto de clean e peso. A extensão vocal de Franky De Smet Van Damme é bem interessante, o cara vai desde músicas mais “porradeiras” como a “Eletric Showdown” até a pseudobalada com vocais limpos “Ocean”, que fecha o álbum. A meu ver, é um álbum excelente para os amantes da banda, pois eles não mudaram a natureza do som que sempre fizeram. Além deles, os amantes do próprio Thrash e Heavy tradicional, mas principalmente as pessoas que se permitem ouvir algo mais ousado, mais moderno e melodioso. Esse álbum, para mim, reflete a criatividade dos músicos aliada a uma boa produção e inovação no próprio estilo. Mesmo afastados do cenário há 13 anos, os caras do Channel Zero deixam bem claro para todos que não estão fora de forma e que voltaram para ficar. Nota: 8.0 Rachel Möss Coldworker “The Doomsayer’s Call” Shinigami Records Infelizmente, não é possível determinar o sucesso de certas bandas e o total descaso com tantas outras talentosas. Os suecos do Coldworker ainda não receberam o reconhecimento merecido – pelo menos, não aqui. A gravadora Shinigami Records está de parabéns por trazer excelentes bandas como essa para o público brasileiro. Não se deixe enganar pela (belíssima) capa, desenvolvida pelo mestre Par Olofsson. Apesar da arte quase infantil, o som dos caras é nervoso e extremo. A atitude é Grind e o som é Death Metal. Tudo nesse disco surpreende. Logo nos primeiros acordes, me fizeram lembrar o Bloodbath (principalmente pelo estilo de cantar de Joel Fornbrant) e o Dismember (pelas guitarras encorpadas e sujas). “The Doomsayer’s Call” é o terceiro álbum da discografia da banda e, definitivamente, o melhor até agora. O disco vai te prendendo a cada faixa que passa e, quando chega ao fim, é quase que hipnótica a vontade de apertar o play novamente. Ao todo são 13 faixas que perfazem 45 minutos de boa música; agressiva, densa e extremamente viciante! Os riffs grudam na cabeça com incrível facilidade. Não irei cometer o erro de apontar destaques, pois todas as músicas são excelentes. Se ainda não conferiu o trabalho do Coldworker, eis a sua chance! Obrigatório! Nota: 9.0 Pedro Humangous Derelict “Perpetuation” Ricburn Media Quando resenhei um EP da banda Derelict – mais precisamente na edição cinco – fiquei impressionado com a qualidade dessa banda canadense. Na época eu havia dito que o EP servia como uma prévia do próximo álbum e deixava o ouvinte sedento por mais. Pois a sede finalmente acabou! Acabam de lançar, agora em 2012, seu segundo álbum completo chamado “Perpetuation”. As três faixas contidas no lançamento anterior estão presentes nesse novo disco, além da arte da capa que se manteve a mesma. Falando sobre a sonoridade da banda, o que nos impacta primeiro é o Death Metal moderno e agressivo. Ouvindo com mais calma, podemos notar a técnica apurada de todos os músicos, além de um senso melódico incrível! A qualidade da gravação está sensacional. Mesmo com toda a brutalidade do som extremo, é possível ouvir com clareza cada nota. Convenhamos que a cena do Death Metal e todas suas variações, já está bastante saturada. Portanto, está cada dia mais difícil encontrar bandas inovadoras a ponto de chamar a atenção do ouvinte – que infelizmente, na sua maioria, insiste em ouvir sempre as mesmas coisas. Se você busca por referências, pense em algo como The Black Dahlia Murder ou Job For A Cowboy, mas não se esqueça de adicionar um pouco mais de groove, passagens progressivas e a já mencionada técnica absurda. Os vocais de Eric Burnet são simplesmente insanos! Uma mistura perfeita entre o gutural e o rasgado. Se você é um apreciador do estilo, não deixe o ano passar sem ouvi-los! Se possível, entre em contato com os caras e garanta sua cópia, pois já te adianto: vale cada centavo! Nota: 9.0 Pedro Humangous

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EDGUY “Age of the Joker” Laser Company Sempre fica a dúvida do que esperar do Edguy que, em minha opinião, deu uma decaída em sua produtividade e originalidade nos últimos álbuns. Creio que esse foi mais um lançamento que se enquadra nessa linha, mesmo mantendo as ótimas linhas vocais e boas pegadas Hard/Heavy. A abertura do álbum “Robin Hood” ficou um pouco “chocha” no início, melhora um pouco, mas fica muito longa e claro que bem fantasiosa como gosta o vocalista e principal compositor da banda, Tobias Sammet. Confesso que a sequência também não agrada muito com músicas um pouco alongadas e não muito chamativas, como a chata e meio infantil “Rock of Cashel”. Mesmo assim, cabe destacar “Breathe” e “The Arcane Guild”, que conta com bons solos. A lenta “Fire on the Downline” também ficou bem encaixada e, encerrando o álbum, a balada romântica “Every Night Without You” que ficou meio destoada do restante das composições, mas deve agradar alguns fãs apaixonados. Há disponível uma edição limitada que conta com outro disco com versão de “Robin Hood” e “Two Out of Seven” em versão single, além de um cover de “Cum on Feel the Noise” do Slade e outras músicas que não devem ter entrado oficialmente no álbum. Só precisam tomar cuidado para não virarem piada, definitivamente. Nota: 6.5 Cupim Lombardi

HAMMERFALL “Infected” Laser Company Esses caras não precisam de apresentações, muito menos sobre seu estilo e sonoridade. Gosto de bandas que continuam seu estilo sem se importar com o que falarão, fazendo o que gostam e sabem. Para mim, o Hammerfall sempre foi este tipo de banda, e este trabalho vem novamente revelar isso. O oitavo álbum de estúdio “Infected” começa com a “Patient Zero”, música estranha para ser de abertura, pois não representa o restante do álbum. A segunda já mostra mais o estilo da banda e se torna chamativa para agitar; seu nome “Bang your Head” lembra bem o velho estilo da banda. Seguindo a mesma linha, temos “One More Time” que conta com um videoclipe de divulgação e “Dia de los Muertos” (não, ela não é cantada em espanhol!), destaque do álbum, lembrando os sons mais antigos deles. Cabe destacar as cadenciadas “The Outlaw” e “666The Enemy Within”. Mais uma vez o vocalista Joacim Cans continua mandando muito bem e sem exageros, como pode ser verificado em “Immortalized” e, obviamente, Oscar Dronjak mantendo suas linhas de guitarra clássicas. Claro que não podia faltar a balada, intitulada “Send Me a Sign” veio sem novidade. Há a versão limitada com dois bônus: “Let’s Get it On” gravada ao vivo e “Redemption”. Para quem curte o estilo melódico, o álbum irá agradar, com certeza. Nota: 8.5 Cupim Lombardi Holocausto “Campo De Extermínio” Cogumelo Records Saudosistas de plantão, seu prato cheio chegou! Para quem viveu o surgimento do Metal no Brasil, com certeza, se lembra da banda Holocausto. “Campo de Extermínio” – lançado em 1987 – foi um clássico na época e sua importância prevalece até os dias de hoje. Fato que comprova isso é o seu relançamento, 25 anos depois da primeira prensagem! A Cogumelo Records está fazendo uma série fantástica de relançamentos remasterizados e em versões 37 33


de luxo – como é o caso desse, em digipack e acompanhado de um DVD. Sobre o álbum, não há muito que falar. Um belo registro dos primórdios do Death Metal brasileiro (conhecido também como War Metal), feito na raça e totalmente honesto. A gravação, obviamente, não é das melhores, mas esbanja feeling! As letras cantadas em português já eram um diferencial da banda naquela época e ainda funcionam muito bem hoje em dia. As composições são todas brutais, velozes e bastante “sujas”, principalmente pelo estilo de cantar do vocalista Rodrigo Furher. O DVD bônus conta com uma apresentação na cidade de Santos, também em 1987. As imagens e som são bastante precários, mas valem como um registro histórico, com certeza. Para quem não teve a oportunidade de conhecer a banda ou não havia adquirido o disco antes, esta é a oportunidade perfeita para ambas as situações! Nota: 8.0 Pedro Humangous Iluminato “Reflections of Humanity” MS Metal Press Records A arte de fazer Gothic Metal/Sinfônico está em alta. Mais um exemplo é o Iluminato, que há cerca de três anos está na cena. Porém, já vale dizer que o grupo pisa em ovos com suas músicas. Acontece que, apesar de a banda indubitavelmente ter talento e competência, o som que fazem é bastante comum para o estilo, coisa que bandas como Tristania ou Theatre Of Tragedy fazem ou fizeram há um bom tempo. Portanto, a sonoridade cadenciada, pesada (com domínio absoluto dos teclados) e com alternância entre vocais limpos de uma mulher com gutural masculino – e nada mais além disso – caracterizam a música desses cariocas. Dando nomes aos personagens: a voz quase soprano fica a cargo de Liz Demier e o contraponto urrado é de Pablo Ferreira. É o maior destaque do CD, juntamente com as faixas “Hypocrisy”, “Imperial Heart”, “Hell” e “The Last Road” – as mais agressivas do play. Com arte gráfica do renomado Gustavo Sazes, garantia de qualidade visual. Mas no geral, talvez um pouco mais de audácia para encontrar seu próprio caminho seja uma boa para esse pessoal. O potencial, na hora de fazer um trabalho mais original, eles já têm, a julgar pelo nível técnico dos músicos (muito bons mesmo!). Agora, é bom deixar registrado o seguinte: “Reflections of Humanity” é um bom disco! Garantia de forte apreciação para quem realmente curte a essência do Gothic. Esses, sim, irão se deliciar com o material. Nota 7.0 Christiano K.O.D.A. LACUNA COIL “Dark Adrenaline” Shinigami Records O sexto disco dos italianos do Lacuna Coil aporta por aqui como sempre como uma grande promessa, mas particularmente achei o disco bem caído. Tudo bem que eles perderam praticamente de vez aquele lance mais doom que fazia do som da banda uma coisa mais interessante, sim; eles estão mais para o Metal, até mesmo com muito mais groove do que antes, isso é um fato, mas sinceramente acho que não combinou com a proposta do Lacuna Coil. O disco não é de todo ruim, temos a primeira faixa que ainda tem um pouco da banda em “Comalies”, álbum muito bom; temos a “My Spirit”, música ímpar do disco. Mas temos também todas as outras que complementam o disco da banda e a sofrível versão de “Losing My Religion”, do REM, um clássico da música que mereceria nem ser mexida, mas eles tentaram e, sinceramente, não caiu bem. Nota: 7.0 Augusto Hunter Iron Maiden “Fotografias” Autor - Ross Halfin Editora Masdras A quem um livro de fotografias do Iron Maiden poderia interessar? A resposta é óbvia: aos fãs da banda, é claro. Mas também é uma aquisição interessante aos fotógrafos roqueiros. Com tantos DVD´s registrando shows e bastidores, videoclipes e documentários, por que um livro de fotografias geraria algum interesse nos admiradores não fanáticos da banda? Vejamos então: O livro mostra algo que é difícil uma equipe de filmagem mostrar, mesmo com todos os recursos e abertura que a banda oferecesse. Ross Halfin é um amigo da banda, não apenas um profissional registrando as atividades da Donzela. Assim, nos mostra momentos de inegável e legítima descontração nos bastidores, assim como lindas fotos de shows, algumas que acabaram se tornando icônicas: a máscara de Bruce em Powerslave na World Slavery Tour, Steve pulando à frente do gigantesco Eddie soltando faíscas pelos olhos na mesma turnê, e outras. Mas os momentos de descontração nos brindam com um Dave Murray sorridente e brincalhão, ao contrário da timidez mostrada em vídeos 38 34


e shows. E é interessante ver fotos da banda fazendo turismo no Brasil, gravando no estúdio Compass Point, nas Bahamas, onde registraram alguns de seus melhores momentos. E para as fãs, há até alguns momentos em que a intimidade chega a ser um pouco demais para o meu gosto... Além do grande registro fotográfico, o livro nos brinda com textos de apresentação de Ross Halfin, Geoff Barton (da Classic Rock Magazine), Rod Smallwood e Steve Harris narrando o começo dessa longa parceria. E algumas legendas, feitas por Halfin, que dão um “molho” a mais à apreciação do livro. Nota: 10 Marcelo Val

Jeff Loomis “Plains of Oblivion” Century Media Discos em que, essencialmente, mais de 70% de seu material é instrumental, em geral, são taxados como “disco para músicos”, já que nem todo fã tem a paciência para ouvi-los e, muitas vezes, o festival de autoindulgência que temos é ridiculamente chato, o que não ocorre com “Plains of Oblivion”, CD solo de Jeff Loomis, ex-guitarrista do Nevermore. O disco realmente é algo de fabuloso, já que possui uma extensa lista de convidados de peso, incluindo Ihsahn e Christine Rhoades nos vocais, Marty Friedman, Tony MacAlpine, Chris Poland e Attila Vörös (ex-companheiro de Nevermore) nas guitarras, e o batera Dirk Verbeuren (do Soilwork e Scarve), bem como o ilustre desconhecido Shane Lentz, que foi descoberto por Jeff através de uma série de vídeos que Lentz pôs no YouTube. Antes de tudo, “Plains of Oblivion” é um disco que combina virtuosismo, elegância e bom gosto, no qual podemos destacar as instrumentais “Escape Velocity”, “Ultimatum” e a pesada “Sibylline Origin”, além das cantadas “Tragedy and Harmony”. Nesta última, a voz forte e bela de Christine se destaca, além do grande trabalho do próprio Jeff, assim como na ótima “Surrender”, uma música bem intensa e climática, na qual o vocal rasgado de Ihsahn mostra sua versatilidade mais uma vez em meio à uma canção que alterna velocidade, melodia e agressividade, e a belíssima “Chosen Time”. Mais um belo lançamento da Century Media Records, e que na versão europeia tem dois bônus: “Collide” e “Reverie for Eternity”, ambas com Christine Rhoades nos vocais. Nota: 9.0 Marcio Garcia Karnak Seti “In Harmonic Entropy” Independente interessante de se trabalhar com música é poder conhecer muita coisa com as quais, provavelmente, eu não teria contato. Mais legal ainda é poder indicar essas bandas menos conhecidas para um público maior. Essa situação supracitada funciona bem quando se trata da banda Karnak Seti, vinda de Portugal. Confesso que não conhecia a carreira dos músicos e fiquei assustado com a qualidade gráfica e musical apresentada em um vídeo – que, por acaso, vi enquanto passeava pelo Youtube. O som da banda pode ser resumido em um Melodic Death Metal, bastante similar ao In Flames e Soilwork. O trabalho é todo muito bem amarrado, composições e letras bem construídas e que caminham em perfeita harmonia. Os riffs são bastante fortes e extremamente melódicos, muitas vezes contrastando com o vocal potente de Luis Erre. A qualidade de produção e gravação está acima da média e dá mais brilho ao álbum. Impossível não mencionar a maravilhosa arte que ilustra a capa, desenvolvida por Ana Gomes – totalmente influenciada por Par Olofsson e Orion Landau. A maioria das faixas é longa – com mais de quatro minutos – mas mesmo assim são excelentes. Destaque para “Only Red Mist Descends” e “Golden Age Of Downfalls”, ambas pela energia que emanam. Os portugueses estão surgindo com bandas cada vez melhores e sempre serão bem vindos aqui em nossas terras. Altamente recomendado! Nota: 8.5 Pedro Humangous

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Kliav “This Is A New Kliav” Independente Pense em algo nunca visto no Brasil por uma banda estreante. Acrescente um som extremamente competente e profissional. Coloque boas doses de peso. Essa pode não ser a receita de um bolo que você mais gosta, mas com certeza é a fórmula ideal que a banda Kliav achou para um caminho certeiro na cena metalística nacional e internacional. Fiquei embasbacado com tamanha qualidade, competência musical e visual sombrio. As músicas desse EP são profundamente modernas e agressivas. “Bullet Time” possui extrema qualidade de deixar muita banda gringa boquiaberta. Não deixem de conferir o clipe dessa música no Youtube ou no site da banda (http://kliav.com/bullettime/). “Can You Hide” é pesada e se arrasta com alta agressividade. “Fame’s Virus” não deixa você quieto um segundo sequer, tem que bater cabeça até o fim. Para finalizar, vem “This Is A New Kliav”, pesada, extrema, técnica e fantástica. Não tenho outra nota a dar para essa banda a não ser a máxima. Nota: 10 Ricardo Thomaz Last Sigh “Beneath The Flesh, Rotten” Independente Há tempos eu esperava por uma banda dessas no Brasil! Last Sigh trouxe aquela pegada do Metalcore americano com influências mais modernas de bandas europeias, tornando-se uma banda brasileira única, começando pela belíssima arte que envolve todo o álbum – tanto na capa quanto em seu interior. O disco “Beneath The Flesh, Rotten” acaba de ser lançado e foi produzido, mixado e masterizado por Alexander Dietz – guitarrista da banda alemã Heaven Shall Burn. A qualidade da gravação e das composições é indiscutivelmente incrível! A banda pratica um metal nervoso, com uma levada Hardcore, sem esquecer as melodias marcantes. Se tivesse que traçar uma semelhança, citaria August Burns Red, The Devil Wears Prada, As I Lay Dying – sem os vocais limpos. O quinteto formado por Deko (vocal), Renato Rossi (guitarra), Andre Luis (guitarra), Marcus Zerma (baixo) e Douglas Rossi (bateria) é extremamente competente! Impossível, porém, não destacar os vocais de Deko! Absurdo o que esse cara “cospe” nos microfones! Uma banda que dá orgulho do que está sendo produzido em nosso país, o que podemos chamar de “New Wave Of Brazilian Metal”. Não fica devendo em absolutamente nada para as bandas gringas! Obrigação conferir! Nota: 9.5 Pedro Humangous Meshuggah “Koloss” Nuclear Blast Tanto a banda quanto o disco aqui em questão são itens a serem avaliados com cuidado e com muita perícia, já que estamos falando simplesmente de uma das bandas mais diferentes que qualquer fã de Metal, seja ele extremo ou não, possa ouvir. O Meshuggah, desde seu surgimento, vem apostando em composições completamente “tortas”, baseada no intermezzo; eles compõem exatamente na quebra de um tempo. Nada, mas praticamente nada é reto ao se falar no nome Meshuggah, mas vamos falar desse disco. Tendo em mente o fato de eles comporem músicas com tempos “estranhos”, como esse disco pode receber nota dez? Ele 40 36


recebe, por que esses caras simplesmente são especialistas em criar boas músicas com essa personalidade e “Koloss” não foge a esse padrão. O disco é perfeito, com timbragens incríveis, bateria exatamente no lugar – bem encaixada, como sempre – a voz de Jens Kidman sempre mega agressiva e atormentadora. O álbum é uma obra de arte, assim como todos de sua discografia e carreira. Dentre todas as outras músicas, destaque para faixas como “I Am Colossus”, que abre o disco com uma pressão inacreditável, “The Hurt That Finds You First”, com uma pegada um pouco mais reta, mas ao ouvir o tempo das guitarras com calma vai ser algo fugindo um pouquinho aqui e ali. No geral, ouçam o disco inteiro, não tem como separar música por música de tamanha genialidade ali gravada! Nota: 10 Augusto hunter Mouai “O Sono Sem Sonhos” Independente Para quem achava que o New Metal havia morrido, engana-se. A banda Mouai, de Caxias do Sul-RS, mostra que o estilo continua vivo e dando suas caras. O material apresentado em “O Sono Sem Sonhos” é bastante moderno, acessível e cantado em português. A proposta do grupo é bastante honesta, com bastante garra e acreditando naquilo que fazem. Isso certamente conta muitos pontos. O instrumental – em sua essência – é até pesado, mas ficou muito leve e sem punch na mixagem final. As guitarras ficaram um pouco secas, o baixo merecia mais destaque e a caixa da bateria, mais agressividade. As composições são boas e empolgam nas partes instrumentais – exigindo uma batida de cabeça obrigatória. Talvez o ponto que mereça mais atenção e uma melhora sejam os vocais. Nada contra cantar em português, mas a forma de encaixar as letras com o restante da música poderia ter ficado melhor e mais agressivo. Às vezes, soam como Raimundos (com Digão nos vocais), ou até mesmo o Rumbora. Poderiam apostar um pouco mais nas partes mais violentas e rasgadas. O álbum vem em uma bela embalagem em digipack, contando com uma interessante ilustração. Com 13 faixas, o disco possui exatamente 40 minutos de audição. A sensação no final é de que a banda é boa, mas precisa lapidar um pouco mais seu som para alcançar voos mais altos – caso essa seja realmente sua meta. Curioso como o álbum fica melhor para o final, da nona música em diante. Talvez com a ajuda de um bom produtor possam ir mais longe em um próximo registro. A banda está no caminho certo, falta apenas ajustar alguns pontos. Nota: 6.5 Pedro Humangous Naglfar “Téras” Century Media Os suecos entraram em um longo hiato, desde 2007, com o lançamento do disco “Harvest” a banda não vinha lançando nada e nada se comentava, até o final de 2011, quando eles anunciaram o início do trabalho para um próximo disco, que vos apresento. “Téras” não muda em muita coisa o modelo musical proposto por eles desde “Pariah” e “Harvest”; temos um disco bem melódico e agressivo, com levadas que vão nos remeter a bandas já consagradas, como o Dimmu Borgir. A gravação do disco ficou um pouco caída com relação ao seu antecessor, aquele era mais claro, tinha uma produção mais polida do que “Téras”. Isso, infelizmente, fez com que caísse um pouco meu gosto pelo disco. O vocal um pouco abaixo das guitarras dá até um tom interessante ao disco, já que você consegue, mesmo com o “mix” de voz e instrumentos, compreender as letras e as linhas de guitarras estão muito interessantes. Eu destaco a faixa “Bring Out Your Dead” e “Pale Horse”. A banda tem muito mais a mostrar, tenho certeza. Depois desse tempo todo parados, algo a mais vai vir; espero que logo, pois mesmo sendo um disco interessante de se ouvir, “Téras” não cumpriu com a missão de tirar a “secura” do Naglfar. Nota: 8.0 Augusto Hunter Noctem “Oblivion” Art Gates Records Cacetada! Que paulada na orelha ao colocar para tocar esse disco da banda espanhola Noctem! Essa banda, infelizmente, ainda é pouco conhecida por nossas terras, mas já possui um forte nome no velho continente. Um entrelaço perfeito entre o Black e o Death Metal de deixar o queixo de qualquer um caído. Uma fúria incrível e uma precisão cirúrgica na execução de cada parte intricada do instrumental fazem com que a audição de “Oblivion” seja extremamente prazerosa em uma estranha e maldita maneira. As guitarras parecem afiadas como navalha, cheias de riffs técnicos e, em alguns momentos, mais melódicos. Nota-se, obviamente, certa semelhança com Behemoth e um pouco de Belphegor. Existem várias 41 37


bases e vocais bem Black Metal, com o peso e agressividade do Death Metal. Espantosa é a performance do baterista, que não poupa nos blast beats. A gravação beira a perfeição, tudo muito bem encaixado em seu lugar, instrumentos com belos timbres e o vocal na medida certa, sempre variando entre o gutural mais fechado e o mais aberto. A arte da capa ficou por conta do brasileiro Marcelo Vasco, que fez um brilhante trabalho. O álbum todo transborda velocidade e violência, tendo cada faixa seu brilho próprio – vale dizer que esse disco é viciante. Se, como eu, não conhecia a banda antes, trate já de correr atrás, pois está perdendo tempo. Precioso tempo. Nota: 9.5 Pedro Humnagous OPERA IX “Maledictae in Aeternum” Agonia Records A primeira impressão que se capta com o instrumental do novo trabalho do Opera IX se encaixa perfeitamente no adjetivo macabro. Cada elemento gera melodias obscuras, mostrando uma dedicação de dar inveja na composição de cada ínfimo detalhe das faixas. A introdução do álbum é digna de trilha sonora de um filme sobre as bruxas da Europa. Faixas como “Vox In Rama (Part I)” criam aquele frio na espinha que percorre até sua nuca, provocando as mais tenebrosas emoções conforme as melodias invadem sua mente – e, em minha opinião, qualquer banda que for capaz de fazer isso merece respeito. Cada segundo de música se mostra livre de falhas, com letras baseadas em termos ocultos e pagãos, variado com técnicas típicas de Black Metal empregadas com tal maestria que ouso dizer que a originalidade foi gerada sem perder a essência do estilo – coisa que, com certeza, arruinaria todo o álbum se acontecesse. O álbum tem um total de doze faixas e pouco mais de uma hora de música, onde cada segundo vale ouro. Recomendo ouvir e ouvir novamente, e de novo e de novo, sem adiantar nenhum milésimo de música. Com um álbum incrível desses, seria um crime mortal pular alguma faixa. Com certeza, para mim, até agora esse foi o melhor álbum do ano, que dificilmente será superado. “Maledictae in Aeternum” é a encarnação perfeita de uma macabre opus. Nota: 10 Yuri Azaghal

Overkill “The Eletric Age” Nuclear Blast Nesse ano, o Overkill nos presenteia com mais um belo disco de sua carreira e ele vem exatamente como todo fã dessa banda espera: nervoso, bem produzido, bem gravado e tudo quem vem marcando os últimos lançamentos da banda. Em “The Eletric Age” o Overkill ainda vem naquela linha ditada pelo Bloodletting e seu lançamento anterior, o “Ironbound”, um belo mix de músicas nervosas, rápidas, com passagens cadenciadas, algumas bem sabáticas – como já de costume – e sempre muito bem colocadas nos momentos das músicas. Um dos pontos de destaque, com certeza, é a intocada voz de Bobby “Blitz” Ellisworth, que parece estar cantando cada vez mais e ainda mais agressivo, coisa que podemos ver claramente na ótima “Eletric Rattlesnake” e em todas as faixas desse disco. O chato é que com o tempo você acaba se acostumando com essa fórmula, apesar de estar dando certo há tanto tempo. Acredito que alguns, como eu, em vários momentos ficam entediados de ouvir o disco sem parar, sendo, às vezes, um trabalho mais penoso, mas nada disso tira o brilho de “The Eletric Age”. Nota: 8.0 Augusto Hunter

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Paradise Lost “Tragic Idol” Century Media Logo que comecei a curtir Heavy Metal, o Vulture foi uma das primeiras bandas nacionais do metal extremo que ouvi. Na época, eles haviam lançado o ótimo “Test Of Fire”. O bem sucedido “Through The Eyes Of Vulture” serviu para confirmar a competência dos músicos e fortalecer seu nome no cenário. Agora, em 2012, acabam de lançar o “Destructive Creation”. O som desses caras, apesar de extremamente pesado, é bastante agradável de ouvir, pois conta com bastante melodia. Para você ter uma noção do estilo que executam, poderíamos situá-los entre o Amon Amarth e o Hypocrisy, por exemplo. A gravação ficou excelente, melhorando a cada álbum lançado. A ressalva fica somente em relação à bateria, que ficou um pouco seca. As composições estão mais maduras, cheias de passagens diversificadas dentro de uma mesma música, variando bastante e deixando a audição fluir com facilidade. Cada faixa possui seu brilho próprio e merecem destaque, porém, não podemos deixar de mencionar a única cantada em português “Carrasco De Si Mesmo” – como já é de costume em todos os discos do Vulture, eles gravam pelo menos uma música em nossa língua. E o resultado ficou incrível! Se você ainda não conhece a banda ou ainda não ouviu suas músicas, não perca tempo! Material de qualidade, feito na raça e por quem entende da coisa! Nota: 8.5 Pedro Humangous Revengin’ “Cymatics” MS Metal Press Records/Voice Music Suave e feroz. O álbum é mais ou menos isso. Calcando-se em um Metal Sinfônico executado com muita competência, diga-se de passagem, os cariocas mostram que o estilo também tem força no Brasil. Aliás, as bandas nessa pegada que estão aparecendo aqui têm dado muito orgulho à nação pela qualidade dos materiais. Mas voltemos especificamente a “Cymatics”: uma bela harmonia, misturada a bastante peso, manifesta sentimentos de tristeza e melancolia. A voz doce da cantora Bruna Rocha, que aposta em vocais “normais” – não cai para o lado soprano – é bem explorada, de modo que soa natural e combina com as composições. Para não ficar só no “lado bonzinho”, Hugo Bhering (também baterista) e Thiago Contrera (dono da guitarra) soltam seus gritos, mas que, avaliando todo o disco, é Bruna quem domina CD, já que a maior parte dos cantos fica por sua conta. O teclado de Diego Silva, essencial para criar a atmosfera necessária na proposta do grupo, aparece bastante, mas não tenta se sobressair aos outros instrumentos; um problema que, vira e mexe, acontece com bandas que investem nesse tipo de música. Portanto, o equilíbrio com guitarra, baixo e bateria está garantido. Falando nisso, é bom dizer que a gravação está bastante profissional, assim como o bonito encarte, que conta com ilustrações caprichadas. As músicas têm uma boa variação de ritmos. Outro ponto interessante do quinteto: de um momento mais cadenciado e tranquilo em determinada canção (que solo lindo em “Nine Chains of Sorrow”!), o ouvinte se surpreende com repentinas passagens mais agressivas, contando inclusive com trechos de blast beats, um artifício até ousado para o Metal Sinfônico do pessoal. Esse é o caso da empolgante “Beyond the Existence”. E a brutalidade de “Capricorn”, a penúltima faixa, também é de tirar o chapéu! Eis aí uma banda que chegou para dar show em nossa cena. Nota: 8.0 Christiano K.O.D.A. SARCÓFAGO “Decade of Decay Deluxe Edition” Cogumelo Records Mesmo depois de mais uma década do fim, o Sarcófago ainda mostra sua influência na cena nacional de metal extremo. Uma recente parceria feita entre a gravadora Cogumelo Records e a gravadora americana Greyhaze Records (supervisionada pelo próprio Wagner Antichrist) possibilitou o relançamento em edição de luxo da famosa coletânea da banda Sarcófago “Decade Of Decay”, lançada oficialmente em 1995. Com 20 faixas que abrangem desde o início da carreira do Sarcófago até o álbum “Hate”, lançado em 1994, a edição de luxo será importada diretamente do Brasil com material adicional incluso, como fotos inéditas da banda em diversas fases de sua carreira, um pôster colorido e disponibilidade da coletânea em versão digipack e LP. Novamente, as faixas mais incríveis e marcantes da banda voltam dos mortos para deixar os fãs alucinados, organizadas nessa clássica compilação mais uma vez, mostrando a mesma força e genialidade de composição de 1995 com exemplos como “Satanic Lust”, “Satanas”, “Hate”, “Rotting” e “Crush, Kill, Destroy”. A parceria não encerra com o Sarcófago, pois a Greyhaze Records, que se localiza no Estado da Flórida (EUA), será a responsável pela importação de boa parte da Cogumelo Records. Algumas bandas que terão seus trabalhos transportados para solo norte

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americano são Mutilator, Holocausto, Sextrash, Impurity, Chakal, Psychic Possessor, Ratos de Porão, Vulcano, Headhunter DC, Drowned, Defacer e Calvary Death. Nota: 9.5 Yuri Azaghal Seita “Asymmetric Warfare” SAOL A banda Seita é a mais gringa das brasileras! Formada por Michel Gambini (vocais e guitarra), Edson Munhoz (guitarra), Diego Gomez (baixo) e Dom Mura (bateria), o quarteto vive há muitos anos em Amsterdã, na Holanda. E vou dizer uma coisa: esses caras representam muito bem nosso país lá fora! Para quem não lembra, eles lançaram o excelente EP “Imprint Forever”, em 2008. Quatro anos depois, liberam seu primeiro full-lengh chamado “Asymmetric Warfare”, seguindo na mesma linha do anterior, porém, muito mais trabalhado tecnicamente e ainda mais agressivo! Sem espaços para brincadeiras, o disco já começa a todo vapor com “The Awakening”, pesadíssima! O estilo praticado aqui é basicamente o Thrash Metal, mas com inserções – muito bem vindas – de Death Metal também. Logo nos primeiros minutos de audição, o som do Seita me lembrou algo entre o Obituary e o Musica Diablo. Contudo, ao terminar de ouvir o disco, torna-se impossível não se lembrar do bom e velho Sepultura. As construções dos riffs são bastante similares. A bateria de Dom Mura continua afiada e a mudança de tempos constantemente deixa as músicas mais dinâmicas e mais atrativas. Um ponto forte da banda são as letras e seus refrãos grudentos – no bom sentido. Destaque absoluto para a faixa “Know Your Enemies” – não é à toa que foi escolhida como faixa de divulgação do álbum antes mesmo do lançamento. Procure conhecer e ouvir, pois essa banda merece sua atenção! É pedreira do início ao fim! Nota: 8.5 Pedro Humangous Slippery “First Blow” Independente O nome e a capa do primeiro CD dessa banda de Campinas-SP pode nos levar a achar que se trata de um Hard Rock de arena ao estilo do Bon Jovi, mas logo de cara essa impressão é lavada. O que temos aqui é um som que se situa entre o Hard e Heavy metal, exibindo momentos de peso, momentos de melodia e elementos clássicos do Hard. Eu situaria o som da banda em algo próximo ao Fifth Angel (“Time Will Tell”) e Pretty Maids (“Future World”), com o vocal soando na mesma linha dessa última. O disco nos brinda com uma gravação cristalina, sem perder o peso, e temos grandes canções com ótima execução e vocais afinados e, em vários momentos, com um drive bem agressivo, o que soou extremamente bem vindo aos meus ouvidos. E para mostrar que a banda realmente busca influências tanto no Heavy Metal oitentista quanto no Hard da época (ainda que não soe datado de forma alguma), temos o cover da maravilhosa “Night Of The Demon”, da banda Demon, uma escolha nada óbvia. Produzido com maestria por Àtila Ardanuy, o disco é recomendado a quem procura um Hard de bom gosto, atemporal e com certa carga de peso. Nota: 9.0 Marcelo Val Sonata Arctica “Live In Finland” Laser Company Ainda me pergunto frequentemente: o que aconteceu com as bandas de Melodic/Power Metal? A maioria parece perdida e tentando se encontrar por meio de discos fracos, sem aquela força que ostentavam no início dos anos 90. Com o Sonata Arctica não foi diferente. Lançaram grandes discos no começo da carreira e foram enfraquecendo ao longo dos anos – mais precisamente no lançamento do disco “Unia”. Após algumas mudanças na formação, a banda continuou lançando discos e agora solta no mercado mais um DVD. Gravado em seu país de origem, a Finlândia, o registro em vídeo apresenta um Sonata Arctica mais polido e, de certa forma, mais contido em palco. A qualidade de imagem e som é impressionante! Principalmente na produção do cenário e iluminação escolhidos. A plateia infelizmente estava fria e sem muita interação com a banda. O DVD é duplo (além de dois CDs contendo o áudio das apresentações), sendo o primeiro disco dedicado ao show principal e o segundo com algumas músicas em outros locais, além de um documentário da turnê pela América do Sul. O set list foi baseado nos lançamentos mais recentes, sem esquecer alguns clássicos da car44 40


reira dos finlandeses. Porém, senti falta de músicas como “Kingdom For A Heart” e “Black Sheep”, por exemplo. Se você é fã de longa data do grupo, poderá estranhar essa nova fase. Se curte essa pegada mais moderna que resolveram seguir, esse é um belo registro e certamente vale a aquisição. Vamos aguardar o novo álbum – que está prestes a ser lançado – e torcer para que apresentem um bom trabalho, como é de costume. Nota: 8.0 Pedro Humangous Steven Tyler “O Barulho Na Minha Cabeça Te Incomoda?” Editora Benvirá Esse livro, assim como o próprio autor, é algo confuso: em momentos, brilhante; em outros pretencioso; às vezes, uma leitura cansativa e em outros momentos, alucinada. Steven Tyler nos brinda em seu livro com seus conceitos musicais, seus pensamentos em relação às drogas, ao show business, parceiros de banda, ídolos, relacionamentos e, finalmente, seus filhos. Um longo caminho, percorrido ao longo de 460 páginas. Tyler nos oferece um relato não linear, voltando e avançando no tempo, divagando e, às vezes, perdendo até o fio da meada narrativa, o que é cansativo por vários trechos do livro. Em vários momentos o cantor se defende das acusações a respeito de ser um rockstar ególatra e viciado, embora assumindo em parte essas acusações feitas pelos colegas do Aerosmith, ex-esposas e afins. O cantor pareceu particularmente ofendido, ou melindrado pelo menos, em relação à biografia de seu ídolo Keith Richards, se defendendo das acusações que o guitarrista fez ao parceiro de banda Mick Jagger, que se mostra inegavelmente a principal influência de Tyler. O líder do Aerosmith distribui acusações a colegas de banda, empresários, agentes, jornalistas e diversos desafetos, mas também narra o “barulho dentro de sua cabeça” do título do livro. O cantor se delicia com as palavras no livro, mostrando como escreve suas letras, seus conceitos musicais e mostra ter uma bagagem artística enorme. Resumindo, ao mesmo tempo em que o livro cansa em meio às divagações, também narra a carreira de um dos ídolos mais icônicos do rock e sua banda; ensina conceitos artísticos e nos brinda com grandes fotografias, algumas hilárias. Uma grande oportunidade de aprender direto da fonte; mais que um livro, esse é em alguns momentos um workshop de Mr Tyler. Nota: 8.0 Marcelo Val TamuyaTrashTribe “United” Independente Ao contrário do que eu esperaria de qualquer banda que se intitula Thrash Metal no Brasil, os cariocas do Tamuya Thrash Tribe me surpreenderam no sentido positivo da palavra. A banda fundada, em 2010, conta com a formação atual de Luciano Vassan (vocais), Guilherme Pollig, Leonardo Emanoel (guitarras) e João Paulo Mugrabi (baixo), e faz um som pesado e distorcido, com letras em inglês, riffs elaborados e batidas arrasadoras. O grupo leva o Thrash a outro nível e para os amantes de Amon Amarth é um prato cheio. O EP “United” lançado, em 2011, trata de um tema raramente abordado por bandas brasileiras, que é a escravidão, abolicionismo, religião, luta pela liberdade e revoltas encabeçadas por personagens que valem a pena ser mencionados na história. A qualidade na gravação e na masterização é um capítulo a parte e confirma o profissionalismo que as bandas brasileiras têm tido. A faixa “Immortal King” é a primeira do EP e já deixa clara a proposta do Tamuya que, a meu ver, é unir o peso de bons riffs, boas melodias e bons vocais guturais. Na sequência, a track “Agonising and Insufferable” traz um belo riff, um solo incrível e uma levada que me lembrou de leve o Maiden. Chegamos à metade do EP e a faixa “1814” alia o peso da guitarra e bateria formando uma dobradinha bem legal! A “Uti Possidetis” se mostra bem mais pesada, vocais mais densos e uma atmosfera bem mais dark que as anteriores. Destaque para a música “Tamuya” que fecha o EP da banda e traz um refrão contagiante de “United, United!”. Bem tribal, bem comercial e reflete com muita clareza o que a banda realmente é! Muito satisfatório ver uma banda bem estruturada que consegue dosar bem cada instrumento sem que soe embolado e confuso. Apesar de achar uma louvável inovação o tema e as letras sobre o nosso país, não achei muito inovadora a parte instrumental, pois as músicas têm uma levada um pouco repetitiva e, na maioria das vezes, reto demais. Fica nítido que os músicos são extremamente competentes, mas o som ficou um pouco cru e direto ao ponto até demais. Acho que faltou um pouquinho mais de ousadia. Sem tirar brilho algum do quarteto, o Tamuya Thrash Tribe provou seu valor e merece ser destaque na nova safra de metal nacional. Ficamos no aguardo de um próximo material da banda! Nota: 9.0 Rachel Möss

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Trayce “Bittersweet” MS Metal Records Para fazer uma resenha bem feita de um disco é recomendável que se ouça o trabalho da banda diversas vezes (e por completo), para ter a noção do que estão propondo com as músicas apresentadas. Quanto mais eu ouvia o álbum “Bittersweet” da banda Trayce, mais eu gostava, notava cada detalhe da composição e quando percebi, já estava cantando as músicas. Antes conhecida como Ace4Trays, a banda paulista mudou seu nome e é atualmente formada por Diego Prado (vocal), Fabrício Modesto (guitarra), Alex Gizzi (guitarra), Rafa Palm Ciano (baixo) e Marcelo Campos (bateria). Sem se preocupar em ficar preso a estilos pré-definidos, o grupo pratica um som moderno, altamente melódico e viciante. Graças a uma produção de primeira – créditos para Adair Daufembach – e uma ótima qualidade de gravação, as faixas ficaram na medida certa, cristalinas e com punch. Coloque em duas extremidades as bandas Killswitch Engage e Slipknot, o que se encontra no meio das duas é o Trayce. O álbum mescla momentos de pura pancadaria e outros de passagens mais limpas e belas. A capa, apesar de bem simples, é muito bonita e impactante. Os caras simplesmente detonaram nesse lançamento! O metal no Brasil, em minha opinião, nunca esteve em baixa. Agora, então, parece que está mais forte do que nunca! O Trayce é mais um tijolo nessa enorme parede que é o metal nacional! O futuro da música pesada por aqui está em boas mãos! Nota: 9.0 Pedro Humangous Warcursed “Escape From Nightmare” Independente Nosso prolífico underground sempre nos surpreende! Eis o Warcursed que se encaixa perfeitamente como exemplo do fato. É a Paraíba no mapa do Thrash Metal (com um pé no Death), e dos bons! Nas sete faixas de “Escape From Nightmare”, percebe-se a riqueza de possibilidades que o estilo pode ter, não se atendo ao tradicional, veloz e impiedoso, mas ao contemporâneo – com menos rapidez e mais versatilidade. Tecnicamente competente, o quarteto deslancha como uma grande promessa da cena tupiniquim e manda muito bem em seu conciso trabalho. De cara, já chamam a atenção os bumbos duplos do baterista Marcell Senko, que são um show, assim como os riffs muito bem elaborados de Richard Senko e Eduardo Sontag. Aliás, eles não se limitaram a usar as notas graves de seus instrumentos e acabaram criando linhas melódicas em vários momentos, o que surpreendentemente deu muito certo e acrescentou ainda mais qualidade ao álbum. E os solos merecem espaço aqui na resenha para comentários: a dupla tem absoluto domínio dos instrumentos e promove verdadeiros momentos de insanidade, tudo sem querer soar virtuoso. Maravilhosos! Mas sendo muito justo, no geral, a competência do time todo é que permitiu mandar ver em composições criativas e extremamente empolgantes. Exemplos: “Deadline”, “Eye of Judgement” (que solos!) e a melhor, “Spectral Whisper”. A gravação apurada garante muito peso e audição prazerosa do material. Em suma: ainda não foi atrás do disco por que, prezado headbanger? Tá perdendo tempo, rapá! Nota: 8.5 Christiano K.O.D.A.

NAPALM DEATH “Utilitarian” Shinigami Records

Os reis do Grindcore estão de volta com este brutal registro, resgatando um pouco daquela aura encontrada em “Scum” e “From Slavement to Obliteration”. Por mais estranho que isso possa parecer, é realmente esta a sensação ao ouvir o disco, que tem em sua capa uma representação atualizada de “Scum”, fugindo um pouco do padrão de cores que estavam seguindo recentemente. Entretanto, há algumas experimentações, já decorrentes de seu trabalho, que dão um toque diferente ao material, não soando forçado ou algo do tipo. Mark “Barney” Greenway continua despejando fúria com seus vocais doentios, abordando temas políticos de forma séria e inteligente. As dezesseis faixas apresentam o que de melhor existe no Napalm, baseando-se na velocidade e riffs atonais. Aliás, no quesito velocidade, a banda está tinindo, não sobrando pedra sobre pedra. “Protection Rated”, por exemplo, é uma dessas faixas indispensáveis num show, perfeita para o pogo, com Mark variando entre vocais mais rasgados e urrados. “Quarantined” segue a mesma linha, empolgante do inicio ao fim. Em “Everyday Pox” há algumas sonoridades mais “estranhas”, mas que de alguma forma acabam se conectando com o estilo da banda, vale conferir! Se você é fã dos britânicos, trate de escutar esta obra prima, que já está na minha lista de melhores do ano e quiçá, um dos destaques de sua discografia. Nota: 9.0 Maicon Leite 46



DIVINE DEATH MATCH SYNDICATE EA PS3 / XBOX360 Syndicate é protagonizado pelo agente Miles Kilo, que possui um chip implantado na cabeça. Com isso, se torna um superagente com habilidades diversas como: fazer seus inimigos se matarem, hackear computadores, entre outras coisas mais. O cenário é bem futurista, às vezes, lembra Matrix com Crysis ou algo parecido, mas com excelentes gráficos. A jogabilidade é boa, claro que não chega perto de um Call Of Duty ou Crysis, mas é boa e o jogo é bem divertido. A inteligência artificial dos inimigos é impressionante, assim como seu modo cooperado. A EA fez um bom jogo, não chega a ser desastroso, mas poderia deixar o lado tecnológico um pouco e colocar mais munição na arma que, em minha opinião, é o que conta MUITO em um jogo first person. Gráfico: 8,0 Jogabilidade: 9,0 Som: 9,0 Enredo: 7,0 Diversão: 7,0 Por Ricardo Thomaz. STARHAWK Sony PS3 Em terras distantes do cosmos, humanos lutam por um raro e perigoso recurso natural conhecido como Rift Energy. Colônias de humanos – os Rifters – procuram explorar planetas próximos a fim de que encontrem mais dessa energia valiosa, porém se defrontam com outro tipo de espécie humanoide – a Outcast, mutantes em criaturas grotescas por causa da exposição ao mineral. Excluído da sociedade justamente pelo contato direto ao Rift Energy, o valente pistoleiro Emmett Graves, que é parcialmente mutado, é chamado de volta para seu assentamento para liquidar um inimigo dos humanos e seu exército horrendo. Starhawk é um jogo de tiro em terceira pessoa bem agitado e é baseado numa fronteira distante do espaço, onde o jogador pode instantaneamente alterar o campo de batalha instalando estruturas de ataque ou defesa em tempo real. Tem o modo carreira e um estimulante multiplayer. Gráfico: 9,0 Jogabilidade: 9,0 Som: 10 Enredo: 9,0 Diversão: 8,5 Por Igor Scherer. 48 42


DIABLO III Blizzard PC Finalmente, um dos jogos mais aclamados e aguardados ao longo dos anos – desde a sua primeira menção, em 2008. Diablo 3 mostra significativas mudanças no gráfico de cair o queixo, combinado com um enredo atraente e a mesma jogabilidade convidativa de sempre. Houve uma alteração nas classes dos personagens – como a nova Demon Hunter – e novas magias simplesmente fantásticas, sendo que a exploração do cenário continua sendo um dos maiores fatores do game. A versão completa do jogo – no momento apenas disponível para PC – foi lançada no dia 15 de maio. Gráfico: 9,0 Jogabilidade: 10 Som: 9,0 Enredo: 9,0 Diversão: 9,5 Por Yuri Azaghal.

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covering sickness O velho ditado já dizia: “nunca julgue um livro pela capa”. Podemos, então, julgar a capa pelo seu artista? Se depender do italiano Marco Hasmann, sim. Tudo o que esse cara se propõe a fazer se torna uma verdadeira obra de arte. Provavelmente você não saiba quem fez a capa da sua banda preferida, mas depois dessa entrevista, tenho certeza que sua percepção irá mudar. Confira e conheça o trabalho desse mestre do horror em forma de ilustração. HELL DIVINE: Saudações! É uma honra tê-lo em nossas páginas! Conte-nos um pouco como você começou no ramo do design gráfico. Marco: Desenho desde criança e sempre foquei meus estudos para me tornar um profissional dessa área. Depois da Escola de Quadrinhos em Milão, comecei trabalhando como um artista de quadrinhos, tanto desenhando quanto colorindo. Após alguns anos, comecei a fazer as ilustrações para a minha banda (Blasphemer) e depois para bandas de amigos (Collapse Within, Vomit The Soul, Nefas e outras). Depois disso foi só crescendo! HELL DIVINE: A maioria das suas artes é baseada no tema gore para bandas de metal extremo. Isso foi pensado ou aconteceu por acaso? Marco: É verdade, mantenho meu foco no tema gore, horror, apocalíptico e coisas que fogem da realidade. São meus estilos favoritos, então me encaixei nesse meio com facilidade. HELL DIVINE: Como funciona seu trabalho? Você desenha muito no papel ou usa mais o computador? Marco: Grande parte do rascunho é feita em lápis e papel, exceto talvez pelas paisagens, que normalmente são feitas digitalmente. Ainda adoro a sensação de desenhar e pintar no papel, além de sair da frente da tela do computador, na qual já fico durante cerca 90% do meu tempo. HELL DIVINE: Várias bandas de Metal Extremo estão surgindo da Itália ultimamente. Como é a cena em seu país? Pode nos dizer algumas bandas que você mais curte? Marco: Por participar de uma banda, tenho a honra de participar dessa nova fase evolutiva do metal extremo italiano. Tivemos o prazer de tocar com diversas bandas italianas de que gosto muito como Nefas, Bastard Saints, Awful, Hour of Penance, Exhumer, Vomit the Soul, Septycal Gorge, Fleshgod Apocalypse, Putridity e várias outras. Mesmo sem o apoio, as bandas estão trabalhando sério e ganhando notoriedade.

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HELL DIVINE: Você já trabalhou com bandas como Fleshgod Apocalipse, Vomit The Soul e Vile. Todas reconhecidas mundialmente. Qual é o seu trabalho favorito até agora? Marco: Um dos trabalhos mais legais que fiz ultimamente foi a capa do Infected Flesh. Gosto bastante também das artes que fiz para o Vile e para o Deadly Remains. HELL DIVINE: Com o advento da Internet, as pessoas pararam de comprar CDs. Você acha que isso pode afetar o seu trabalho de alguma forma? Marco: Sem a Internet meu trabalho não seria possível. Mesmo com a pirataria, creio que a Internet está fazendo bem para o Metal e a cena underground. Respondendo a sua pergunta, acho que afeta parcialmente meu trabalho. Ter uma bela capa para o seu disco ainda é necessário, mesmo que não esteja nos planos tê-la impressa em uma cópia física. Uma boa arte serve para promover o álbum. Se você vê e curte, já chama a sua atenção para a banda. Mesmo que não esteja vendendo nada, as pessoas se lembram daquela arte e associam à sua banda. Mas é claro, se vendem menos discos, menos dinheiro a banda vai ter para investir no próximo álbum ou em uma capa. HELL DIVINE: Podemos notar que você gosta de usar cores pesadas e escuras como vermelho e verde, por exemplo. Existe sempre um ponto de fuga também – trazendo luz para a cena – algumas vezes representada pelo sol ou pelo céu. Essa é sua marca registrada? Marco: Cores pesadas e escuras são, com certeza, algo que gosto de usar, sempre tentando criar algo denso, um clima para as cenas. Adoro brincar com as cores e, às vezes, gosto de usar coisas mais leves e claras; portanto, podemos dizer, sim, que essa é uma marca registrada minha. HELL DIVINE: O que te inspira a fazer essa incrível e perturbadora arte? Marco: Minha grande inspiração vem dos filmes de ficção científica e horror. Uma influência menor vem da


literatura. Sempre gostei muito das histórias perturbadoras de Edgar Allan Poe, e Philip K. Dick. Procuro referências nos trabalhos de Paul Bonner, Beksinski, Brom, Frazetta, Bisley, só pra citar alguns. HELL DIVINE: Você toca guitarra numa banda chamada Blasphemer. Pode nos dizer um pouco sobre esse projeto? Marco: Não é bem um projeto. Essa é a única banda que toco e toma bastante do meu tempo como músico. Venho tocando com o Simone e o Paolo por mais de dez anos. Gostamos de praticar um Death Metal extremo, doentio, técnico, obscuro e veloz. Se essa é sua praia, você definitivamente precisa conferir esse trabalho! Por Pedro Humangous.

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live shit Aliança Negra 2012 Janeiro / RJ Bangú Atlético Clube – Bangú – Rio de Data: 13/04/2012 Por Augusto Hunter Fotos: Marcos Garcia

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depois de uma semana A sexta-feira 13 foi um dia bem quente escolhido pela Rio Metal com temperaturas bem amenas, e o dia não poderia ser diferente; Works para o Aliança Negra de 2012 o para esse maravilhoso quente como o inferno, clima perfeit evento. ticamente pronta para a Chegando a Bangu, vimos a casa pra dois palcos muito bem destruição sonora que estava por vir: sos tímpanos. Mas antes montados e prontos para detonar nos pessoal do Hate atendeu tivemos um momento bem legal: o inando o material levado a todos os fãs em sua chegada, ass também os cartões postou comprado na hora, autografando Erebos, algo bem interesais com a divulgação do novo disco páticos são ATF Sinner sante e divertido, provando o quão sim e banda. u por conta do Exhumed A primeira apresentação da noite fico , que mostrou seu exChrist, banda oriunda de São Gonçalo lo, eles vieram detoe com pitadas da velha escola do esti to dire ivo, ess Agr tal. Me th Dea nte que serão cele utrine Ov Satan” e “Azazel”, ambas “Do o com pria pró ição pos com de nando músicas sico Leon “Necromabanda. Destaco a participação do clás da alho trab ro futu um em s ada e Laws Of lanç a uma super versão do clássico “Th par ds, Rai ptic kaly Apo do ta alis voc niac” Manssur, Scourge” do Sarcófago. para o palco principal, onde Terminada a apresentação, corremos do Dark Tower. Galf e seu começaria a majestosa apresentação time estavam inspiradíssimos e fizeram um show maravilhoso e intenso. Foi uma pena que tiveram um pequeno problema na bateria de Argos: o volume de uma das peças estava muito baixo, sendo impossível ouvi-la na plateia; mas isso não tirou em nenhum momento o brilho do concerto. Vale destacar o amor traram ao tocar suas músique os integrantes da banda demons round carioca “Rise of the cas, destacando um clássico do underg ém-lançado trabalho “RetaliDarkTower” e as músicas de seu rec da, esperando pelo disco ation”. Grande show dessa incrível ban segundo palco onde entrava completo deles. Voltamos, então, ao dcore a irreverência Grindcore do D.A.D. da largou vários momentos de puro Grin ban a ão, calh brin e ado poj des lo esti Sempre com seu o vocalista Stressor, o com o público, destacando sempre plet com tato con e tas cur s sica mú com


que mandou ver em um corpse paint, já que a noite tinha coisa mais obscur a por vir. Ao fim de mais um show, volt amos ao palco principal e nos prepar amos para o ataque Black Metal do Imp acto Profano. Enquanto aguardávamos, tive a incr ível chance de encontrar Fabiano Pen na, membro importante do undergrou nd nacional e responsável por duas grandes bandas, infelizmente findada s, que são o Rebaellium e o The Ordher . Ele é uma ótima pessoa e a conversa foi maravilhosa. O quinteto do Impacto Profano vem me lhorando a cada apresentação! Cada vez mais ríspido e brutal essa banda está provando que seu Black Metal está mais do que pronto para conqui star o país e o mundo inteiro. Não tem como não destacar o vocalista Mardu k – frontman mais que perfeito, tendo o público em suas mãos – e o guitarr ista Lord Nuctemeron com sua técnica de guitarra absurda e postura em palc o maravilhosa. Mais uma movimentação e pudemos ver o show do avassalador Vociferatus. O quinteto levantou o público com seu Black/Death coeso, redondo e bem técnico. A banda tocou música s do EP “Blessed by the Hands of Flam es” e composições novas do futuro trabalho, intitulado “Mortem kult”, que empolgaram o público. A banda se apresentou de maneira per feita, mostrando que eles vieram para ficar; os garoto s têm pela frente um futuro brilhante. Destaque para as músicas do EP, cantadas em uníssono pelo público, que mostrou conhecer cada andamento e passagem das músicas. Ponto para o Vociferatus que assim fez um dos melhores shows da noite. Mais uma troca de palco e Unearthly em palco. Nem tenho o que falar, a não ser que eles estã o em sua melhor fase. Apresentando músicas do nov o disco “Flagellum Dei” e músicas do anterior – o também muito aclamado “Age of Chaos”, o Unearthly fez uma apresentação mais que sólida; destacando a precisã o nas baquetas de Rafael “Leghor Supray” Lobato e a inte ração do grupo ao vivo. Isso prova, mais uma vez, porque estão conseguindo chegar a grandes posiçõe s. “7.62”, “Baptized in Blood”, “My Fault” e “Osmotic Hae resis”, todas do mais recente álbum provaram funcionar mu ao vivo, unidas a clássicas como “Mu ito bem rder the Messiah” provam que o Une arthly está indo pela trilha certa. Depois dessa grande apresentação, ass istimos ao Peristaltic Movements. Ban da calcada no Death Metal Tradicional, lembrando bastante o movimento am ericano da década de 90, o grupo veio para dar aquela carga de ene rgia e o show teve movimentos e pogos inacreditáveis. Vale res saltar a maravilhosa presença de palco do vocalista Victor “Infectu s” Cândido, que não parou de agitar em nenhum momento, simples mente matador em palco. Fechando o segundo palco, todas as atenções foram voltadas ao Hate, banda headliner do evento. Em um repertório baseado no mais recente trabalho, “Erebos”, a ban da detonou músicas como “Erebos”, “Hex”, “Threnody”, “Wrist s”, “Trinity Moons”, e outras composições de discos anteriores. Fec hando a apresentação intensa da banda, eles homenagearam o Brasil levando um clássico do Sepultura e a música escolhida por eles foi “ARISE”, levando o público ao êxtase. Belo fechamento de noite que, com certeza, será lembrado por muitos ainda ao lon go dos anos. Parabéns a Rio Metal Works Productions pelo evento organizado e muito bem sucedido. Que venham mais Alia nças Negras! 53 53


live shit SODOM Thrash Metal Maniacs - Curitiba / PR 06/04/2012 Por Emily H. Totenkult Fotos: Andre Smirnoff de espera, os headApós aproximadamente quatro anos de receber, no dia bangers curitibanos tiveram a honra primeiro dia do fes6 de abril, para a apresentação do maiores lendas do tival Thrash Metal Maniacs uma das muitas delongas, Thrash Metal alemão, o Sodom. Sem da subiu ao palco apenas com uma Intro bem curta, a ban posto por músiexatamente às 23h com um setlist com Pieces” – que leva cas mais recentes como “In War and banda – ”Sodomy o mesmo nome do recente álbum da , além de clássicos and Lust” e “The Art of Killing Poetry” mber the Fallen”, como “Blasphemer”, “M-16” e “Reme covers, sendo eles entre outras. Também houve alguns Ramones durante a uma intro de “Surfing Board” do ntação impecável n Fist” do Motörhead. Foi uma aprese “Iro de er cov o e ” Law the is Saw e música “Th de quando se trata do Sodom. e destruidora, algo que não é novida fazer teza, eu nunca senti tanto orgulho por cer a a tod com e , nou sio res imp e O público cantou, pulou sic Hall até tentaram, em o naquele dia. Os seguranças do Mu com a itib Cur de rs nge dba hea dos parte l o quanto a banda tantos stage diving’s e era perceptíve e ant per l soa pes do s mo âni os r vão, acalma sh permaner. Durante todo o tempo, a roda de mo edi imp am tav ten s nça ura seg os reprovava quando as as de uma música para outra onde tod los rva inte nos e ent som o and par cia no centro da pista, lmente “olê, olê, am em um coro cantando incansave vozes se unipiar, e neste olê, olê, Sodom, Sodom”. Foi de arre o, pegou uma momento Angelripper, impressionad lico. Uma cena câmera e começou a filmar o púb show se não realmente linda e seria o melhor do naquela noite. fosse o ato nobre que presenciamos lico e conduUm cadeirante foi levantado pelo púb ajudou a subir zido até a banda onde Bernemann o abraços por no palco. O fã sortudo foi recebido por , muito emoparte de Bernemann e Angelripper que cer ao fã que, cionados, não deixaram de agrade de comparecer apesar das dificuldades, não deixou

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ao show. O fã teve o prazer de curtir o show em um canto do palco até praticamente o fim. Em relação às bandas e à abertura, vale a pena ser citada a apresentação da banda catarinense Juggernaut, que conduziu uma roda bem grande no centro da pista durante toda sua apresentação. Eles se mostraram empenhados e agradaram muito. A segunda banda a se apresentar, também de Santa Catarina, foi o Rhestus e como se derramar cerveja sobre a cabeça e continuar tocando incansavelmente fosse algo extremamente simples de fazer, a banda passou essa impressão quando, literalmente, destruiu no palco. Foi impressionante a paixão e vontade com que o baterista Marcão tocava quando, em algum momento durante a apresentação, os pratos da bateria caíram no chão e ele continuou batendo com toda a força nos pratos, uma cena admirável e empolgante. Rhestus definitivamente é uma das melhores bandas de Thrash Metal no Brasil atualmente. Por fim, a terceira e ultima banda de abertura a se apresentar foi a banda curitibana Terror scream, que estava retornando à ativa depois de praticamente um ano sem dar as caras. De um modo geral, o primeiro dia do festival Thrash Metal Maniacs pode ser resumido em atitudes nobres, profissionalismo, amor por aquilo que faz, união e Thrash Metal. Sodom foi impecável em sua apresentação, agradando de um modo geral desde a escolha de um setlist bem variado ao carinho pelos fãs que cantaram com alma e coração por aqueles que tanto admiram.

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live shit HELL DIVINE FEST Churrascaria Floresta – Brasília / DF 10/03/2012 Por Cupim Lombardi Fotos: Pedro Humangous ção de anCoincidência ou não, logo após a edi MAGAZINE, iversário da HELL DIVINE METAL erground, em uma parceria com a Aliança Und Brasília, no realizou-se a I HELL DIVINE FEST em te e interagdia 10 de março, com galera presen com cerveindo, gigantes no palco e, claro, festa aboradores ja gelada! Após rever os amigos, col começou da Revista e alguns brindes... O som ero de bana rolar perto das 18h devido ao núm executado das que ainda viriam, e foi muito bem fazendo um pelos caras do DF do Slow Bleeding presença Death Core muito bem ensaiado. Com s consistente, e fizeram uma apresentação rápida, ma ero gên do tica erís act car a tad agi de palco bem am rá a pena conferir logo. Apenas deixar vale que ão vaç gra de so ces pro em anunciaram que estavam as duas bandas ita coisa boa e foi o que provaram mu da ain os am terí que de ia ant gar o público na o da ico com muita pegada e entrosament lód me tal Me th Dea um a cut exe a seguintes! A banda Zill pois mostra muita Essa banda merece muito destaque, le”. sru “Mi EP e ent rec do o açã ulg banda na div nt es do Death. Na sequência, o Red Fro raíz as der per sem no der mo bem maturidade e faz um som ragindo muito com agitarem no mosh pit. Sempre inte tes sen pre os r faze a par lo Pau saiu de São do e covers de Slayer e Sepultura. Além e” Hat of rcle “Ci um álb seu de s todos, executaram música dos shows deles precisaremos mais citar em resenha nem co pou a ui daq , eira prim de Thrash pesado nt!” que “Restart é o Ca**lho, aqui é Red Fro ha pan cam da , eles o und seg foi, o boneco que dessa vez s pelo chão. Fechando a galera não deixou muitos pedaço conferido na internet, com um Wall of Death que pode ser ótima presença de fizeram um show de qualidade com vêm crescendo palco, mostrando porque os caras progredindo e na cena. O Coral de Espíritos já vem th Metal, agcolocando bem seu nome na cena Dea of Dead Light”. ora divulgando seu álbum “Whisper e fecharam com Com riffs pesados foram muito bem

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mostrando a a música “Symbolic”, cover do Death, merece ser clara influência da banda que também altamente destacada, pois seus integrantes são e bons. Com técnicos e compõe temas igualment com maemuita destreza, o Queiron apareceu com mais stria e peso mostrar seu trabalho Black Metal. de década de estrada e dedicação ao nacional como “Templars BeholdTrabalhos importantes para a cena as realmente se o “The Shepherd of Tophet”. Os car ing Failures” e agora o último registr rosada que só mereceu esentação pesada, muito coesa e ent apr a um ram fize e co pal em ram impuse rão de do som que mantiveram um ótimo pad as car os m fora s gio elo em rec me elogios. Outros que congrega um número final, o esperado Torture Squad que ção trui des a Par po. tem o o tod de qualida ulgação do do Brasil. O grupo continua na div tes par as as tod em to pei res e considerável de fãs porém não tirou a a turnê “AEquilibrium Tour 2011/12”, ens ext na ” ium libr qui “AE o alh trab último Torture”, como “Living for the Kill”, “Horror and s sico clás s seu o and toc co pal no energia da banda Uma pena este ter sido o Abu Ghraib” e “Chaos Corporation”. in ay llid “Ho as dor trui des das além uns dias da banda, que anunciou sua saída alg ais voc dos te fren à es rigu Rod r último show de Vito querer fechar com uição ao metal extremo nacional. Sem trib con ta tan de ois dep to; cer con o após para a ouro”. Essa festa que já é um marco de ve cha com har “fec a par foi nte jargões, mas realme ntecerem, mesmo sacoisas na humildade e amizade aco as ndo faze , que stra mo e INE DIV HELL construiremos muitas coibendo de todas as dificuldades, ainda os ao público presente, os sas pelo metal nacional. Agradecem continuar forte, a parceria leitores que fazem a revista existir e lização do evento e agora com a Aliança Underground para a rea s como estes! é esperar que aconteçam mais evento

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upcoming storm Sadsy – Dark Plague

em temas pagãos, demonstrando um trabalho inicial excelente em nove faixas e mais de uma hora de puro Black Metal, com uma ajudinha da Mortis Humanae Productions. Aprovo e recomendo. ENT

mente a demo “MMXI”, também de ensaio, lançada nesse ano. Formada pelo quarteto Gravedigger (baixo), Onslaughter (bateria), Sodomancer (guitarra) e Demonluster (vocal, guitarra), Evil Spectrum apresenta um Thrash muito bom, que foge do convencional. Eu sou um cara enjoado e chato para Thrash, mas esse eu recomendo e muito! The Crevices Below

Ao receber essa excelente demo da banda SADSY (oriunda da Curitiba-PR) observa-se que ela vem sempre buscando um som de qualidade incrível e inspirações em sua composição, a qual é cheia de elementos vindos do Death e Thrash Metal, fazendo com que seja uma incrível recomendação do underground paranaense. Não destacarei nenhuma música ouvida aqui, já que todas elas são de qualidade intocável e feitas com maestria; a única dica que posso dar é para você entrar em contato com eles e garantir a sua cópia, pois eles vêm com tudo para tomar de assalto o underground nacional. Por Augusto Hunter. Loup Noir

Banda porto-riquenha comandada pelo trio Martillo (baixo), Madness (bateria) e Ton Decessus Insaner (vocal e guitarra). Ent – chamada no passado de Cursed Ent – nasceu em 2007, iniciando seu repertório com a demo Purgatorio, de 2010. Agora com um contrato com a Satanic Productions, seu trabalho mais recente o debut oficial “The Loudland Embrace” nos apresenta composições refinadas e obscuras, mostrando que o fator nacionalidade não influencia em nada qualidade da música – como algumas pessoas, infelizmente, pensam. Evil Spectrum

Nesse espaço eu apresento mais uma excelente banda de Black Metal de um homem só. Dis Pater é o vocalista e o responsável por todo o instrumental da banda Australiana The Grevices Below, formada em 2011. No mesmo ano lançou seu primeiro – e até agora único – trabalho, seu álbum de estreia intitulado “Below The Crevices”, por meio da gravadora Nordvis Produktion. Apesar de a capa fugir inteiramente do padrão raw, as músicas são incríveis. Se os futuros trabalhos da banda se mantiverem nessa linha, haverá muita capacidade de progresso. Por Yuri Azaghal.

Banda francesa criada em 2011, estreando no mesmo ano com o álbum debut “L’âme de la Steppe”. A banda, cujo nome significa Lobo Negro em português, fica a cargo unicamente de Alrinack que se encarrega dos vocais e de todo o instrumental. Loup Noir se foca unicamente

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Banda peruana de Thrash muito interessante, formada no ano de 2010. Ainda se encontra sem uma gravadora, mas lançou duas ótimas demos que valem a pena serem conferidas: uma de ensaio crua, lançada em 2011, e mais recente-


momento wtf Com o intuito de sempre inovar e gar antir o entretenimento do leitor, a Hell Divine crio u uma subcoluna temporária dentro do Momento WTF. A partir desta edição teremos uma coletânea limitada, dividida em capítulos da série Acid Metal Facts, dedicado a reunir os fatos mais irritan tes do metal – e muitas verdades que alguns odeiam admitir. A.M.F – Capítulo 1: Modinhas Que Todos Vemos É muito comum entre os fãs de metal iniciar sua “carreira” ouvindo o que mais se encontra na moda ultimamente, ou o que é simplesmente mais conhecido. Alguns escapam dessa tendência e adquirem gostos mais refinados, mas outros parecem condenados a ouvir a mesma banda para o resto da vida. Eu não fui exceção. Passei pela trilha do main stream mais modinha que se pode imaginar, inclu sive eu já ouvi coisas que hoje me provocariam náuseas. Mas isso é comum, afinal, temos que procurar nas pedras se nós quiserm os encontrar (no caso, conhecer) o ouro. Mas o mais bizarro é que parece que as mesmas modinhas são idênticas para as futuras gerações de headbangers. Que tal recapitular? Provavelmente, a modinha mais marcant e foi a explosão de “larvas” que ocorreu quando a banda Slipknot lançou o “maledeto” “Vol. 3: The Subliminal Verses”. Da noite para o dia surgiram milhares de adolescentes com camisetas da banda, bancas de jornal apareceram lotadas de pôsteres e, mesmo não conh ecendo mais disco nenhum da banda, a molecada se julgava fanática a ponto de descer porrada no pessoal da galeria que estivesse usan do a camiseta da banda e não soubesse qual era a cor da cuec a que o vocalista usou no show do Malásia. O mais engraçado é que da mesma forma que a explosão veio, ela se foi. Hoje nem um quarto de maggots daquela época ainda são maggots, e um fato engr açado dessa banda é que ela já ameaçou acabar pelo menos uma s duas mil vezes – e tem gente que ainda acredita que isso vai acon tecer. Outra honorável época a ser lembrada é aquela do Evanescence. A MTV passava clipes da banda a cada cinc o minutos e a “deprê” estava na moda. Ninguém sabia classific ar a banda e isso virou uma bagunça maldita. Uns falavam que era rock cristão, outros rock gótico, e lambança continuava. Reza a lenda que a época do “Fallen” foi a que mais teve pé na bunda entre os adolescentes apaixonados. Isso porque a Amy Lee não sabia falar em outra coisa em suas letras a não ser ressaltar como estar apai xonado é uma droga e como você irá sofrer por isso. Falando em Amy Lee, ela realmente é uma

idolatrada, pois mesmo esculachando os fãs e mostrando a falta de criatividade copiando outros artistas em vários aspectos, ela continua sendo “A Musa”. Por fim, não podemos de deixar de falar do Nightwish e da famosa Tarja. Quando “Once” foi lançado, todo mundo era fã de Nightwish. Até aqueles meus colegas de sala rem elentos que não sabiam nada de música, a não ser Calypso, ficavam me perguntando de que nacionalidade era ela. Foi algo mais ou men os como o Slipknot, mas a diferença é que descobrimos que fãs de Nightwish são, na verdade, um mito! Sim, porque depois que a “Deu sa, perfeita, maravilhosa, linda e insuperável” saiu da banda, o Nigh twish para os fãs se tornou Hitler para os judeus. Nightwish acab ou e todos migraram para a carreira solo de Tarja, para continuarem idolatrando-a (particularmente, senti vontade de dormir com a carreira solo dela, mas cada louco com suas loucuras). E quando digo idolatrar não é exagero, porque tenho relatos de garotas hete rossexuais que chegavam a fantasiar em serem escravas sexuais da Tarja Turunen. Porca miséria! Eu sou o único que não acha ela tão fisicamente perfeita assim?! Ela não é feia, mas tenha dó, não é para tudo isso. E a lista não para por aqui, é claro. Hou ve também a febre Linkin Park e New Metal, em geral, como mui tos devem se lembrar, mas isso vai ter que ficar para uma próxima vez. Analisem por conta própria a vida das pessoas condenadas a essas modinhas e as novas – como Holiness – e tirem suas próp rias conclusões. Para essa molecada eu só tenho um conselho a dar: Música, Rock e Metal não se limitam a aquilo que estoura na MTV de tempos em tempos, mas, infelizmente, muitos ainda vão demorar a entender isso. Por Yuri Azaghal

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OLD SKULL

! atemporais ssicos á Cl brasileiro Metal

s ao mesmo tempo absorque reverenciamos os clássicos, ma em ca épo a um em os em Viv sil, especificamente al, o show tem que continuar. No Bra afin os, nov r cria a par cias uên infl s vemos sua passavam, a garra dificuldades pelas quais os músicos das sar ape 90, dos eço com e 80 de na década i, na nossa terra. Para discos de Metal foram forjados aqu res lho me dos uns alg e alto is ma falava a “especial sobre fazer algo diferente, fugindo do esquem s mo olve res ção edi ta nes , bem ar exemplific endemos a respeitar. falar daquilo que tanto amamos e apr sim e , th” Dea re sob ial pec “es ”, Thrash os, e nos atemos a alé uma tarefa impossivel falar de tod s ma os, disc itos mu m ara falt que Lógico guns, mais representativos. Vulcano “Live!” 1985 Quando se fala em Metal Extremo no “Os portais do inferno se abrem...” cano é nome obrigatório, muitíssimo Brasil, e na América do Sul, o Vul ncia perante sua autenticidade e imcultuado na Europa e digno de reverê rdavam Metal satânico, tendo como portância. Suas nove músicas transbo tal Sabbath”, “Guerreiros de Satã” e “To carros-chefes as clássicas “Witche’s e Soto Jr. (guitarras), Zhema Rodero Destruição”. Angel (vocal), Zé Flávio s vam escrevendo história, e hoje, apó (baixo) e Laudir Piloni (bateria) esta tas, a e mantendo firme suas propos tanto tempo, a banda continua na ativ é nosso er um pouco mais do que foi e o que end ent a Par ”. nica satâ ião “leg sua sendo seguidos por ória. Metal, a audição dessa obra é obrigat Dorsal Atlântica “Antes do Fim” 1986 arando dessa forma, veremos que os Antes do Dorsal, Depois do Dorsal. Enc Metal no Brasil, carregando pra si um cariocas mudaram a forma de fazer ho no país. As letras carregadas de cun misto de agressividade jamais vista a seguir, tendo o então Carlos “Vânda politico, já demonstravam o que viria amente tudo aquilo que estava errado, lo” como responsável por criticar dur co som do Dorsal com um estilo especifi abaixo de muita pancadaria. Definir o dos Thrash, Punk e Hardcore estavam uni torna-se uma tarefa ingrata, já que o e çador da Noite”, “Álcool”, “Guerrilha” sobre uma mesma sonoridade. “Ca de uma geração, tornando “Antes do “Morte aos Falsos” se tornaram hinos Fim” uma referência nacional.

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Sepultura “Schizophrenia” 1987 mados, já estavam amadurecendo Os “garotos da selva”, como eram cha ando de lado aquela crueza (linda quando Schizophrenia foi lançado, deix partindo para um som mais trabalcrueza, por sinal) do Bestial/Morbid e moleques e criando uma sonoridade hado, unindo as influências dos quatro r do quanto este disco foi importante única. Talvez seja até redundante fala rar... Os riffs mais encorpados, a para eles, mas nunca é demais relemb ratificam toda a mudança que Max cozinha mais “cheia” e técnica apenas lo Jr. estavam passando, deixando e Igor Cavalera, Andreas Kisser e Pau Past a buscar algo mais próprio. “From the par ca épo da das ban das os típic hês de lado alguns clic colocaram d” e a regravação de “Troops of Doom” Voi the to e cap “Es ll”, Wa the “To ”, Comes the Storms segurou... nacional e a partir daí ninguém mais os o Sepultura de vez no mapa do Metal Viper “Theatre of Fate” 1989 o l, “Theatre of Fate” não apenas trouxe Divisor de águas para o Metal naciona es hor deu ao mundo um de seus mel Metal melódico ao Brasil, como também loween e congêneres. Enquanto o Sep álbuns, não devendo em nada para Hel a”, Andre Matos & Cia. eram chamados ultura era chamado de “garotos da selv idade e aparência mais bem “cuidada” de “Menudos do Metal”, graças a sua nde salto de evolução em relação ao em relação aos mineiros. Dando um gra imos aqui são composições muitíssimo debut, “Soldiers of Sunrise”, o que ouv em sua melhor forma. O instrumental bem estruturadas, tendo a voz de Andre s encantos do disco, o e melodia, se tornou um dos grande afiado, mesclando velocidade com pes é em estão inseridas em vários trechos, mas sica clás sica mú de ias ênc influ As . marcante do inicio ao fim icamente não obra “Moonlight Sonata” de Mozart. Log na a ead bas do sen a, form l tota ha gan “Moonlight” que multidões cantarem ing For the Night”, que com certeza fará “Liv e nim unâ a r cita de os er-n uec esq podemos comemorativa que se inicia em julho. em uníssimo com a banda nessa turnê Sarcofago “The Laws of Scourge” 1991 da brasileira, para outros tantos, o Sar Para muitos, o Sepultura é a maior ban parece não ter fim, mas uma coisa é cofago. E eterna “luta” entre as bandas . O terceiro disco dos mineiros aposta certa: quem saiu ganhando foi o público ante da podreira clássica que reinou numa sonoridade mais trabalhada, dist a música aqui possui suas próprias carem “INRI” e “Rotting”. Entretanto, cad e velocidade e partes mais lentas ou acterísticas, apostando num misto entr es é “Midnight Queen”, já mostrando cadenciadas. Um dos grandes destaqu de uma criança do interior que saiu de inovações inclusive nas letras, falando mais nde e acaba virando prostituta. Para os gra de cida na lhor me r vive er pod a par casa cedo mantendo então ostentava maquiagens, foi banido, até que al, visu O . da.. fun pro da vira a radicais, foi um a capa até músigerais, o disco inteiro é perfeito, desde os term Em s. reço ade ais dem e ro cou apenas o ”, a certeira “Crush, Kill, Destroy” e a dow Win a of s cret “Se ”, cide Sui a to e cas como “Piercings”, “Prelud as de som. conferir sem medo de estourar as caix regravação de “The Black Vomit”. Pra Por Maicon Leite. 61


wish list

Metallica A Biografia - Mick Wall A biografia oficial do Metallica foi lançada recentemente, sendo que a responsabilidade da trajetória completa e impressa de uma das maiores bandas de Thrash Metal do mundo ficou a cargo de Mick Wall. Por ser a biografia de uma banda muito famosa o preço até que está bem acessível, adicionando mais uma obra nessa onda atual de biografia dos figurões da cena. É hora dos fãs comemorarem.

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Nehëmah Tomb Of Thoughs 1992-2004 (BoxSet)

Moonspell Alpha Noir / Omega White (Deluxe Edition)

Depois de um bom tempo sem lançar alguma novidade, os franceses da banda de Black Metal Nehëmah lançaram por meio da Those Opposed Records o box “Tomb of Thoughs 1992-2004”, contendo sua discografia completa do período já mencionado no título. Além dos LPs “Light of a Dead Star”, “Shadows from the Past”, “RequiemTenebrae DLP” + “Demo 2001”, “Black Mass” LP e “Rehearsal”/”Feigd”, há também jaquetas, livretos, posteres e muito mais. Material para ninguém botar defeito. Recomendo.

Os portugueses da banda Moonspell lançarão, no dia 27 desse mês, uma edição de luxo em vinil de seu último trabalho, “Alpha Noir / Omega White”, lançado em março desse ano. Além do vinil duplo com ilustração muito bem trabalhada, o kit comporta também um livreto, um encarte de várias páginas e um pingente muito bem trabalhado. Raios! Esse eu quero! Por Yuri Azaghal


rascunho do inferno

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P E D R RICARDO THOMAZ

M A R CUPIM LOMBARDI E L RACHEL MOSS V A LUIZ RIBEIRO

H U M M YURI AZAGHAL A C N H I I G R C G O I O S N AUGUSTO HUNTER R S T I L S FERNANDA CUNHA C N I H O T E E R K O WILLIAM VILELA R D A

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