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NDICE
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DITORIAL
Sejam todos bem vindos, amantes da música pesada! É com enorme orgulho e prazer que apresentamos a primeira edição da Hell Divine Magazine. Uma idealização de profissionais do ramo e músicos do nosso underground, todos unidos pelo mesmo motivo: a paixão pelo Heavy Metal! Infelizmente, nós aqui do Brasil temos pouquíssimas publicações oficiais nas bancas e quase nada no meio digital. Foi com esse intuito que criamos essa revista totalmente gratuita e disponível para download bimestralmente. A idéia é tentar inovar um pouco e estremecer as bases da nossa cena, que mesmo tendo crescido bastante nos últimos anos, ainda é tímida e carece de mais atenção e apoio. Tentamos trazer grandes bandas internacionais, bandas de expressão do metal nacional e buscamos sempre trazer novidades também. Algumas seções criadas por nós visam entreter o leitor e promover uma interação maior entre os bangers. Estamos sempre à procura de novas parcerias e colaboradores, fazendo com que esta revista se torne, em um curto espaço de tempo, uma referência no ramo. Fizemos essa revista na raça para que você, leitor, possa curtir assim como curtimos fazê-la. Até a próxima! Go to Hell! Pedro Humangous.
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QUIPE
Editor Chefe: Pedro Humangous Redatores: Pedro Humangous e Augusto Hunter Designer Gráfico: Ricardo Thomaz Revisão: Fernanda Cunha Salim Colaboradores: Ricardo Thomaz, Maurício Bastos, Yuri Azaghal, Ítalo Guardieiro, Matheus Myu, Ramon Butcher, Marcelo Val. Envio de Material: Rua Alecrim, Lote 4, Ap. 1301 - Ed. Mirante das Águas Águas Claras - Brasília/DF - CEP: 71909-360 03
Cradle Of Filth - Darkly, Da rkly, Venus Aversa
The Ocean - Ant
hropocentric
own
D - Six Feet Metallica rt II Under Pa
Sodom
Dead Again idal Angels -
Suic
- In W ar And
Pieces
A equipe da Hell Divine seleciona os 5 melhores álbuns que estão ouvindo ultimamente.
Pedro Humangous
Italo Guardieiro
Augusto Hunter
• Decrepit Birth - Polarity • Angra - Aqua • Impending Doom - There Will Be Violence • Soilwork - The Panic Broadcast • The Ocean - Heliocentric
• Hour of Penance - Paradogma • Behemoth - Evangelion • Despised Icon - Day of Mourning • Heaven and Hell - The Devil You Know • Textures - Silhouettes
• System Divide - The Conscious Sedation • Aeternam - Disciple Of The Unseen • The Ocean - Heliocentric • Malevolent Creation - Invidious Dominion • Terror - Keepers Of The Faith
Ricardo Thomaz
Marcelo Val
• Demonica - Demonstrous • Exodus - Exhibit B: The Human Condition • Hatesphere - To The Nines • Korzus - Discipline of Hate • Frontside - Zniszczy Wszystko
• Kiss - Sonic Boom • Scorpions - Sting In The Tail • Heathen - The Evolution Of Chaos • Sahg - III • Overkill - Ironbound
Yuri Azaghal • Burzum - Belus • Alestorm - Black Sails At Midnight • Carnophage - Deformed Future/Genetic Nightmare • Dreamaker - Enclosed • Hades Almighty - Millenium Nocturne
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A banda americana Cephalic Carnage acaba de lançar, através da Relapse Records, o álbum Misled By Certainty. Uma variedade de estilos intriga o ouvinte e aumenta cada vez mais a base de fãs dessa incrível banda. Conversamos com Nick Schendzielos, baixista da banda, que bateu um papo descontraído com a Hell Divine! Confiram! 05
ainda assim conseguimos soar como Cephalic Carnage. HELL DIVINE: Misled By Certainty tem uma das mais belas capas que já vi. Quem foi o artista responsável pela arte final? Nick: Que fez a capa foi Orion Landau. Esse cara é incrível! Ele entende o conceito por trás das letras e realmente desenvolve um trabalho incrível!
HELL DIVINE: O nome da banda é bastante interessante. Como vocês chegaram até ele? Vocês acham que o som praticado completa esse nome? Nick: Isso veio do Len (Lenzig Leal, vocalista) em uma noite em que ele literalmente fritou o cérebro de tanto fumar (risos). Nessa noite ele teve um sonho: quando olhava para baixo, sua uretra disse “Cephalic Carnage” (algo como Carnificina Cefálica) se referindo à parte de seu córtex pré-frontal que provavelmente perdeu após fumar tanto (risos)! Creio que a sonoridade da banda completa, sim, o nome, com exceção do fato de que não somos tão arrogantes em dizer que iremos destruir seu cérebro (mais risos)! HELL DIVINE: O Cephalic Carnage vem desenvolvendo seu som através dos anos. Quais são as principais diferenças entre o novo álbum e os anteriores?
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Nick: Os álbuns anteriores tiveram que ser escritos primeiro. Inicialmente gostaríamos de lançar os novos álbuns primeiro e depois lançarmos os mais velhos, mas o tempo não nos deixou. Tem alguma coisa a ver com o tempo cronológico ou algo assim. No começo de uma banda, você ainda está descobrindo e definindo o som pelo qual as pessoas reconhecerão você ou sua banda. Através do tempo, experimentamos outros estilos, outras estruturas, riffs, equipamentos, efeitos, conceitos líricos, cuecas, shampoos, etc. Existe uma linha tênue entre manter o som que você praticava anteriormente e o que faz atualmente. Se mudar completamente seu estilo, não estará sendo verdadeiro consigo mesmo. Por outro lado, se não evoluir ou não tentar ser relevante, será apenas mais do mesmo, ou uma nova versão de si mesmo. Tentamos ficar no meio desses dois, sendo criativos sempre, porém, mantendo as raízes. De alguma forma,
HELL DIVINE: A banda faz parte do cast da Relapse Records que, além de vocês, trabalha com diversas outras bandas interessantes. Como tem sido o trabalho com eles? Vocês estão satisfeitos com essa parceria? Nick: Na Relapse tem bastante gente legal. Nos damos muito bem e é muito bom ter alguém cuidando da banda nas mais diversas situações. HELL DIVINE: A faixa “Abraxas Of Filth” torna-se um clássico na primeira vez em que você a ouve. Quais são suas faixas favoritas no novo álbum? Nick: Muito obrigado! Essa também é uma das minhas favoritas de tocar. Gosto bastante também da “Ohrwurm”, “Repangaea”, e a “Dimensional Modulation Transmography”. O álbum inteiro é bem legal, mas essas quatro faixas representam bem minhas favoritas do novo material. HELL DIVINE: A cena Death Metal e Deathcore nos Estados Unidos tem crescido bastante nos últimos anos. Como você explica esse crescimento de popularidade em tão pouco tempo?
Nick: Creio que as pessoas estão buscando por autenticidade em um universo com tão poucas coisas genuínas hoje em dia. Death Metal não é um estilo de fácil assimilação para a massa. É um gosto que se adquire aos poucos e por poucos. É uma resposta à porcaria que vemos na televisão ou que ouvimos nas rádios. HELL DIVINE: Gravar um álbum pode ser muitas vezes divertido quanto bem entediante. Pode nos contar como foi o clima durante as gravações de Misled By Certainty? Nick: Misled by Certainty foi gravado em um clima ideal. Tínhamos nosso próprio estúdio, então as coisas funcionavam com mais tranquilidade e do jeito que queríamos. Todos contribuíram de alguma forma com o álbum. Estávamos sempre sacaneando uns aos outros e nos divertindo enquanto gravávamos. HELL DIVINE: Sobre o que falam as letras nesse álbum e quando vocês as escrevem? Durante as turnês ou no conforto de casa? Nick: O cérebro de Len está sempre funcionando para o Cephalic. Acho, inclusive, que ele nunca desliga, está sempre fazendo algo, criando. Estamos sempre juntando nossas idéias e criando coisas novas o tempo todo, tanto nas turnês quanto em casa. Aos poucos as músicas vão tomando forma e naturalmente o álbum vai se criando. De alguma forma nossas idéias vão se encaixando como um quebracabeça.
HELL DIVINE: O Cephalic Carnage consegue unir diversas experimentações e estilos, mas por mais diferente que fique, você sempre sabe que está escutando uma música da banda. Nick: Obrigado cara! Acho que chegamos a um ponto onde solidificamos nosso processo criativo. Você ouviu a faixa bônus do álbum? Está disponível no Itunes e na versão Japonesa. A música se chama “The Grindcore Blastbeat Blues”. Confira! HELL DIVINE: Já se passaram 18 anos desde que a banda começou. Vocês se cansam da estrada, das turnês? Nick: Acho que a estrada que se cansa se nós (risos)! Na verdade estou na banda há apenas cinco anos, então ainda estou curtindo bastante. Creio que esse sentimento seja diferente pra cada um. Brian (Brian Hopp, guitarras) é o mais novo na banda e adora as turnês. Steve (Steve Goldberg, guitarras) não curte viajar durante o inverno, Len (Lenzig Leal, vocalista) gosta do ambiente das viagens e John (John Merryman, baterista) é mais caseiro. HELL DIVINE: Infelizmente não temos um lançamento em vídeo da banda ainda. Como estão os planos pra gravação de um DVD? Nick: Quando sair vai ser sensacional, mas no momento não está nos nossos planos. Fiquem ligados no Youtube, pois colocaremos bastante material novo em breve como shows, clipes e cenas do backstage.
HELL DIVINE: O que podemos esperar do Cephalic Carnage para os próximos anos? Qual o próximo passo, agora que acabaram de lançar um novo álbum? Nick: Esperamos fazer uma grande turnê em lugares exóticos como a América do Sul, México e, quem sabe, Indonésia, Austrália e Nova Zelândia. Tocar na China seria insano, assim como em Israel. Teremos que esperar e ver o que acontece! HELL DIVINE: A banda fez uma turnê pela Europa juntamente com as bandas Psycroptic, Ion Dissonance além de outras. Como foram esses shows? Nick: Foi uma turnê incrível! Os caras das outras bandas são bem legais, nos divertimos muito! Dividir um ônibus com cinco bandas foi insano! HELL DIVINE: Vocês têm uma grande base de fãs aqui no Brasil. Quando vocês vão tocar por aqui em nosso país? Nick: Promotores brasileiros: Estamos prontos! Entrem em contato conosco que iremos na hora! HELL DIVINE: Muito obrigado pelo seu tempo e pela ótima entrevista! Deixe um recado para os leitores da Hell Divine. Esperamos vê-los em nossa terra em breve! Nick: Agradeço a vocês pela entrevista. Obrigado a todos que leram essa entrevista, vocês que nos motivam a seguir em frente! Esperamos poder tocar aí no Brasil logo, pois sempre ouvimos dizer que o público é um dos melhores do mundo! Nos vemos em breve! Entrevista por Pedro Humangous
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A HELL DIVINE fez uma entrevista com Poney, da banda Violator, que nos contou os detalhes dos shows pelo mundo, questões sobre a banda e os seus projetos futuros. Os caras fizeram recentemente uma turnê pela Europa, além de terem tocado no Japão e pelas Américas. Essa fantástica banda está trazendo realmente as boas e mais profundas raízes do Thrash e honrando o metal nacional em terras além do Atlântico. Confiram!
nos possibilita fazer músicas cada vez mais rápidas! (mais risos) As influências são essas mesmo que você citou, Thrash Metal de tudo quanto é lugar do mundo.
HELL DIVINE: O Vio-
lator foi formado no começo de 2002, ou antes disso? Até onde sei, todos os membros são fanáticos pelo Thrash Old School. A idéia de se fazer uma banda no mesmo esqueleto metal “old” veio da própria banda ou por influências de outras bandas como Exodus, Hirax, Tankard, Violence e por aí vai? Poney: Tocamos juntos desde 1999, mas a gente só começou como Violator mesmo em 2002, você está certo. Desde o começo a proposta musical sempre foi a mesma, está lá no nosso primeiro release de mais de 8 anos: tocar Thrash Metal cru baseado na velha escola. Desde então a gente vem aprendendo a tocar nossos instrumentos (risos) o que 08
Hoje em dia temos muitas bandas modernas como Hatesphere, Lamb Of God, As I Lay Dying, Killswitch Engage, Machine Head, Nevermore e muitas outras. Você acha que o Violator pode manterse na velha escola sem ser influenciado pelas pesadíssimas bandas atuais? Você acha que com HELL DIVINE:
o passar do tempo essa linha do Violator possa acabar tomando outra linha musical devido a um processo natural do tempo e amadurecimento dos músicos? Poney: Sinceramente, acho que não. Temos muito bem definido o que pretendemos com o Violator, ainda mais depois de tantos anos. Queremos nos manter na velha escola do Thrash, mesmo. Isso não significa, entretanto, que Thrash Metal Old School seja a única coisa que escutamos e valorizamos. Muita gente acha isso e adora rotular o Violator como idiotas cabeçasduras. Isso não poderia passar mais longe da realidade. Todos escutam muitas coisas diferentes e a gente tem projetos paralelos pra dar vazão a essas coisas. Eu toco em bandas de Hardcore, já tivemos um projeto Grind e o Capaça também é guitarrista de uma banda de Death Metal. O lance é que quando se trata de Violator, a proposta é essa mesma: Thrash Metal como a gente acha que tem que ser: direto e sem concessões. HELL DIVINE: A banda conseguiu chamar a atenção de bastante gente na cena do metal nacio-
nal depois do lançamento do EP “Violent Mosh” pela Kill Again Records. Vocês esperavam que tanta gente gostasse desse tipo de som até hoje, como bom e velho Thrash Old School? Poney: Caramba, claro que não! (risos) Na verdade, a gente tinha certeza que nunca faríamos um show na vida. Lembro-me que entre a gravação da primeira demo e o primeiro show foram mais de 6 meses de ensaios todo final de semana, sem qualquer previsão de tocar ao vivo. Mas isso não era um problema, pois só o fato de nos encontrarmos e fazermos barulho já era diversão suficiente pra gente. Isso foi muito legal, porque recentemente passamos por momentos bacanas (algumas turnês internacionais, vários discos), mas todo mundo manteve o pé no chão. O que importa de verdade é a mesma coisa que importava lá no comecinho: tocar e estar junto. Voltando à pergunta, a gente não esperava mesmo que tivesse tanta gente que gostasse de Thrash Metal Velho. A gente sabia que o estilo tinha sido muito grande, mainstream até, mas quando começamos a curtir som e tocar não conhecíamos ninguém que estivesse falando em Thrash. Parecia que até essa palavra tinha sido esquecida. Lembro-me de andar com uma camisa do Kreator no comecinho da década passada e ficar sempre insistindo que eles não eram uma banda de Death Metal. (risos) HELL DIVINE: Hoje em dia com a
pirataria, os famosos downloads ilegais e a grande dificuldade das bandas iniciantes em realizar sua primeira gravação, como o Violator conseguiu essa união de sucesso com a Kill Again Records sem que esses fatores prejudicassem seus objetivos? Poney: Uma palavra: amizade. A parceria que a gente possui com o Rolldão e a Kill Again Records não é baseada em dinheiro ou profissão, mas sim em uma grande amizade,
respeito mútuo e compartilhamento de visões de cena e de paixão pelo underground. Não estamos nesse barco pra fazer grana (era melhor tentar alguma coisa menos barulhenta se fosse pra fazer dinheiro) então queremos trabalhar com selos que compartilhem essa paixão que temos pela produção underground. São trabalhos de parceria e ajuda mútua, por isso dá certo. Também gostaria de dizer que acho a cultura de downloads e distribuição livre de músicas uma parada muito legal. Sou um colecionador fanático de discos de vinil e sei que a experiência de escutar um LP sempre vai ser mais legal que baixar uma mp3, mas ainda assim sei que a internet pode ser usada como ferramenta para que produção underground chegue mais facilmente aos mais diversos lugares do mundo. Foi assim com a gente. Seria bacana se as pessoas tivessem consciência que comprar um disco de um selo como a Kill Again não se trata apenas da aquisição de um produto, mas de fazer parte e permitir a continuidade de toda uma comunidade de contracultura. Ainda assim, se for pra ver todas as megacorporações que vivem da exploração da música ruírem, eu sou totalmente a favor dos downloads. No fim das contas a gente dá um jeito (barateia o processo de gravação, pensa em novas maneiras de distribuição), o underground sempre dá um jeito. HELL DIVINE: Com a violenta gama
de shows que a banda tem feito pelo Brasil e pelo exterior, como tem sido a aceitação do público de modo geral? Os headbangers tem ido a caráter aos shows com seus moshes voadores, patches de diversas bandas em suas jaquetas jeans desbotadas? Poney: Por todo lugar que passamos geralmente a reação é essa: thrashers voando pra todos os lados! (risos) Acho isso demais, por
diversos motivos. Primeiro, porque é uma mostra que toda essa nossa paixão pelo Thrash, esse sentimento inexplicável que faz você querer se jogar por cima dos outros e bater a cabeça contra a parede, não possui fronteiras, não possui nacionalidades. Seja no Japão ou no Ceará, vai haver pessoas que se identificam e compartilham toda aquela raiva e agressividade. Em segundo lugar, é muito legal ter todas essas reações por onde passamos porque vemos o show como um espaço que não tem que ter barreiras entre público e banda. Um momento em que aquela descarga de adrenalina deve ser partilhada por todos que estão ali. Thrash é música pra se fazer ao vivo. HELL DIVINE: Sobre as turnês na
Europa, Japão e Sulamericana, como foram estabelecidos os contatos para os shows? Fizeram amizade com as bandas que tocaram com vocês? E o público compareceu em peso? Poney: Cada uma teve sua história. A primeira visita à Europa e ao Japão surgiu de convites de uns doidos que toparam pagar as passagens e bancar nossa ida a essas terras longínquas. A turnê pela América do Sul e essa última pela Europa foram feitas com a ajuda de agências, a Open the Road (do nosso brother Silvio, do Dominus Praelli) e Insano Booking, respectivamente. Sempre procuramos conhecer e fazer amizade com as bandas com que tocamos. Como vocês já devem ter percebido só de ler algumas respostas, estabelecer conexões duradouras no underground é uma das coisas que mais valorizamos na cena. Foi assim com os caras do Fueled By Fire, da Califórnia, que nos acompanharam por um mês na Europa e se tornaram grandes amigos nossos. HELL DIVINE: Sobre o futuro da
banda, o Violator chegou a receber propostas de outras gravado09
ras de maior peso ou vocês correram atrás disso? Já pensaram em lançar um trabalho em LP (vinil) e K7 como nos velhos tempos? Quando teremos um DVD oficial da banda? Poney: Já recebemos algumas propostas de selos grandes, mas não é exatamente o que estamos procurando. Acabamos optando por apenas licenciar um CD pela Earache, foi uma boa maneira de divulgar a banda mundialmente, mas preferimos trabalhar mesmo com quem está afundado nesse underground que nem a gente (risos). Já lançamos LPs, EPs 7” e K7, adoro todos esses formatos. Em breve vamos lançar um DVD com o show do Chile, em 2007, e temos que ver se juntamos uma grana pra fazer uma gravação mais profissional. HELL DIVINE: Como tem sido a
divulgação do novo trabalho, “Annihilation Process”? A aceitação do público tem se mantido desde o lançamento do EP? Poney: Tem sido muito boa. Além da temporada de um mês pelo continente Europeu, fomos ao Peru, à Colômbia e a diversos estados brasileiros. E tem muitos shows marcados pelos próximos meses, inclusive dois shows no Chile e uma provável turnê na América Central, o que eu acharia excelente se rolasse. A aceitação está bacana também, muita gente tem gostado e feito comentários positivos. Acho que nem todo mundo gostou do approach mais direto e sério que fizemos nesse EP, mas é o caminho que queremos seguir, mais rápido e mais anti-social. HELL DIVINE: Brasília tem pou-
cos grandes eventos de metal na cidade, podemos até contar nos dedos de uma mão, como por exemplo: Porão do Rock, Marreco’s Fest e Rock Cerrado. O que a banda acha do cenário do metal de Brasília? Você acha que a falta de apoio, produtores e organização influenciam?
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Poney: Acho legal existirem esses grandes eventos, eles possuem uma importância significativa para a cena da cidade, mas estamos mais focados para os shows pequenos e sem patrocínios. Gosto muito da cena de Brasília, mas tenho noção que existem várias cenas por aqui. Estou mais ligado ao pessoal do Hardcore-Punk, faço parte do coletivo Caga-Sangue Thrash e me identifico mais com esse tipo de produção por aqui. Acho que não falta apoio, porque a gente não precisa de apoio. Se tem uma coisa que ainda temos muito a aprender é a idéia do faça-vocêmesmo. Não está satisfeito com os shows da sua cidade? Vá lá e faça o seu. É assim que deveria funcionar. Acho que nosso grande problema é a falta de um espaço para shows de pequeno porte e bandas locais. Se tivéssemos um esquema legal, com boa estrutura e fácil acesso, poderíamos fazer vários shows pequenos e pouco a pouco estruturando melhor a cena. HELL DIVINE: Pra fechar nossa entrevista, agora que o Violator já tem alguma experiência com diversos shows nacionais e internacionais, qual a grande dica para aqueles bangers que estão começando agora e que sentem muita dificuldade em montar sua banda? Quais são as expectativas da banda para os próximos anos?
Poney: Nossa, nem me sinto em
posição de dar conselho pra ninguém (risos)! A única coisa que posso dizer é que no underground não é grana que movimenta as coisas, são as paixões de várias pessoas diferentes ao redor do mundo, então faça as coisas sendo sincero consigo, produza por paixão e porque acredita naquilo que faz. Expurgue aquele sentimento ‘rock star’ que tanto tentam nos empurrar e mantenha as coisas simples. Se você ficar pensando que tudo é apenas um degrau pra “dar certo” você está ferrado e não aproveitará nada. Minhas expectativas são as mais simples possíveis: continuar tocando, gravando e viajando por aí quando der. Se não der, e a gente se encontrar apenas pra ensaiar e dar risadas, está legal também.
Entrevista por Ricardo Thomaz
A banda paulista Aclla surgiu recentemente, no ano de 2007. Formada pelo vocalista Tato Deluca e por grandes nomes da música pesada brasileira, a banda vem colhendo ótimos frutos com a divulgação de seu álbum de estréia intitulado Landscape Revolution. Conversamos com esse pessoal para conhecermos melhor a proposta e os próximos passos dessa banda que promete estremecer o cenário brasileiro e mundial. HELL DIVINE: A banda conta com excelentes músicos do nosso underground e tem como baterista o bastante conhecido Eloy Casagrande (André Matos). Conte-nos um pouco de como surgiu a banda. Tato Deluca: O Aclla é um sonho realizado! Durante 10 anos toquei em uma banda de garagem chamada “Dragon King”. Em 2007 eu estava passando por um período de mudanças na minha vida, e decidi que era hora de pegar tudo que eu tinha e investir no meu sonho. Infelizmente os caras da antiga banda estavam em outra sintonia e acabaram debandando. Procurei então o produtor Ricardo Nagata (Eterna, Eyes of Shiva, Thram). Ele ouviu a “demo” com minhas músicas e acreditou no meu sonho, re-
solveu então me ajudar a formar uma nova banda! Ele chamou o guitarrista Denison Fernandes e o baixista Bruno Ladislau, que haviam gravado o CD solo do Denison, em 2005. Também nos indicou um baterista, mas este infelizmente já estava comprometido com outras bandas. Juntos, começamos a trabalhar os arranjos das músicas e a coisa toda foi tomando outro rumo. O próprio nome da banda mudou, por sugestão de Bruno, para se adequar ao tipo de som que estávamos fazendo, já que Dragon King era um nome que sugeria totalmente o Power Metal, e as músicas estavam tomando outra direção. Com as músicas prontas, Bruno decidiu convidar seu amigo Eloy Casagrande para assumir as baquetas. Eles já tinham vontade de montar uma banda juntos antes e o ACLLA foi uma grande oportunidade. O time ficou completo no fim de 2008, quando Chrystian Dozza assumiu a outra guitarra. Chrys é um respeitado violonista erudito e faz parte do quarteto de violões Quaternaglia. HELL DIVINE: Vocês conseguiram atingir um número impressionante
no Myspace da banda, logo após disponibilizar uma prévia do novo álbum. A que se deve essa procura pela banda e a tremenda exposição em tão pouco tempo? Tato Deluca: Estamos realmente muito felizes com a receptividade que temos tido! As pessoas nos procuram, nos adicionam nas redes sociais, enviam e-mails, mensagens, estamos realmente muito impressionados com tudo isso. Pessoas de rádios, revistas, blogs nos procuraram e sem dúvida muitas portas foram abertas depois desse lançamento. Eu acredito que o lançamento do Myspace só deu certo por que as pessoas estão gostando, o que é sensacional! Na realidade, naquele momento não estávamos lançando apenas um Myspace, estávamos lançando a banda! HELL DIVINE: O nome da banda soa muito bem tanto em português quando em inglês. De onde surgiu esse nome e qual o significado dele? Tato Deluca: Quem deu o nome para a banda foi o Bruno. Acho que ele funciona bem em várias línguas justamente por ser uma palavra estrangeira para quase todas elas. É uma palavra em Quechua, de origem inca. Aclla era o nome dado às sacerdotisas que eram sacrificadas para o Sol. A idéia de auto-sacrifício pelo bem da comunidade é bem bacana e veio totalmente ao encontro do que estávamos querendo passar. HELL DIVINE: A arte da capa ficou a cargo do renomado Gustavo Sazes. Qual o motivo da escolha desse artista e qual a conexão entre a arte e a temática do álbum? Tato Deluca: Quando começamos a trabalhar as músicas e tomar decisões sobre a banda, a principal era: Vamos ser extremamente profissionais 11
em tudo que for referente ao ACLLA. Desde a escolha do estúdio, do equipamento, tudo passou por um “controle de qualidade” muito rigoroso. Gustavo Sazes é hoje internacionalmente conhecido como um dos melhores designers da atualidade. Eu particularmente acho o melhor, mas havia uma coisa que nos preocupava: A complexidade e nível de detalhes de sua arte. Quando fui conversar com ele e apresentar nossa música, tinha em mente a simplicidade - queria uma capa “clean”. Baseado na temática de “Landscape Revolution” seria muito fácil colocarmos uma paisagem pós-apocalíptica na capa, mas não era isso que queríamos! Lancei o desafio para o Sazes: “- Você terá que resumir a idéia de que o ser humano está destruindo a Natureza e ela vai dar o troco em uma única imagem, nada de paisagens, queremos algo icônico.” Foi então que ele apareceu com o peixe mutante com um ser humano da bar-
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riga. Aquilo pode ser interpretado de várias formas, mas com certeza passa a idéia de “Natureza dando o troco”.
for assim, então que apareçam várias outras bandas de “Green Metal” pelo mundo! (Risos)
HELL DIVINE: Falando em temas, sabe-se que a banda se preocupa bastante com a natureza e a conservação da espécie. Muita gente tem chamado a banda de “Green Metal”. O que vocês acham disso? Tato Deluca: Bom, acho que na verdade nos preocupamos com a preservação de todas as espécies, todos somos parte de uma coisa só: essa é a mensagem! Se você acaba com uma espécie, isso reflete em todas as outras que dependem daquele ecossistema! Você já pensou em quantas espécies foram extintas nos últimos anos? Com certeza isso vai ter troco! Quanto ao rótulo, na realidade somos uma banda de Heavy Metal com letras e atitudes “Green”. Se quiserem chamar de “Green Metal” tudo bem, afinal de contas, isso poderia dar início a todo um movimento ecológico na cena metal, o que seria fabuloso! Se
HELL DIVINE: Ainda sobre o tema da preservação do ambiente, vocês inicialmente preferiram lançar o álbum apenas na internet, através de download. Existe a possibilidade de lançarem um álbum físico? Tato Deluca: Sim, infelizmente teremos que fazer o lançamento físico. Buscamos causar o menor impacto ambiental possível, mas ainda hoje, a mídia, os produtores de show, etc. só te reconhecem como banda se você lançou um CD. É o que “separa o joio do trigo”, segundo eles. Desse modo, busquei por mais de um ano uma solução menos impactante para o meio ambiente. Aqui no Brasil o lançamento será feito de forma independente e procuraremos apenas um selo de Distribuição. Por trabalharmos de forma independente, vamos prensar fora do Brasil em uma empresa que produz uma
tanto em estrutura quanto na proposta musical. Temos algumas músicas bem tradicionais, algumas mais pesadas, uma ou duas mais Power, 3 mais Hard Rock com flertes comerciais, uma vinheta psicodélica gravada com instrumentos exóticos e uma moda de viola!
embalagem 100% ecológica (biodegradável e reciclada). Além disso, o produto é lindo, com uma qualidade incrível de impressão, de tudo. Isso vai custar pra banda o triplo de uma prensagem normal, mas faremos de tudo para que isso não reflita no preço final do produto. Faremos uma edição limitada de 1.000 CDs digipack ecológico de luxo. HELL DIVINE: O Metal Tradicional, ou Power/Melodic, vem caindo bastante de popularidade nos últimos anos, talvez pela falta de inovação das bandas. O que motivou o Aclla a enveredar por esse caminho tão desgastado? Tato Deluca: Na realidade esse negócio de rotulagem faz muito mal para o cenário. O público começa a se dividir! Na Europa e nos Estados Unidos, bandas de diferentes estilos dentro do metal dividem palcos em vários festivais e a platéia curte todas da mesma forma! O que importa no final é a música ser legal independente de como as pessoas a rotulem. Apesar de músicas como The Totem e Hidden Dawn darem a impressão do ACLLA ser uma banda de Tradicional ou de Power, as pessoas não devem se enganar quanto a isso. O álbum Landscape Revolution possui 12 músicas completamente diferentes entre si,
HELL DIVINE: Pelo pouco que vimos no Myspace da banda, notamos uma extrema qualidade nas composições e na produção das músicas. Onde foi gravado e quem produziu “Landscape Revolution”? Tato Deluca: O álbum “Landscape Revolution” foi gravado entre os meses de abril de 2009 e janeiro de 2010 no “Creative Sound Studio” em São Paulo. A produção ficou a cargo de Ricardo Nagata, que sem dúvida nenhuma foi decisivo para atingirmos o resultado final. HELL DIVINE: Inicialmente o álbum é independente e não foi lançado oficialmente. Existem negociações para o lançamento através de uma gravadora? Quando poderemos ter em mãos esse álbum finalizado? Tato Deluca: Aqui no Brasil vamos negociar apenas a distribuição do álbum, para garantir que as pessoas possam encontrá-lo em lojas de todo o país. A quantidade, no entanto, será limitada devido a nossa atitude ecológica. Se tudo der certo, dia 15 de novembro todos poderão adquirir o álbum! HELL DIVINE: Músicos no Brasil encontram diversas dificuldades, tanto na hora de gravarem quanto na divulgação de seus trabalhos. O que vocês acham do cenário da música pesada no Brasil atualmente? A banda tem planos para o mercado estrangeiro? Tato Deluca: A grande dificuldade que os músicos enfrentam é a falta de espaço na mídia e de lugares para tocar. Ficamos na mão de produtores de
show, etc. Com o ACLLA estamos passando pela mesma dificuldade que todas as bandas passam. Gostaríamos de estar fazendo shows, etc. Mas como não temos o álbum físico, os produtores não se arriscam. Tem diversos fatores que estão prejudicando as bandas nacionais. A grande quantidade de shows internacionais, a falta de apoio do público, o metal não estar atraindo novos fãs, tudo isso. O que não podemos é desanimar e desistir. Uma semente leva anos para se transformar em uma árvore. Temos que fazer nosso trabalho, divulgar como podemos e seguir em frente. HELL DIVINE: O momento da banda é de divulgação do novo trabalho. Como anda a agenda de shows para esse fim de ano e quais as metas para 2011? Tato Deluca: Provavelmente a turnê do “Landscape Revolution” terá início em 2011, ainda não começamos a agendar os shows, mas nesse momento estamos procurando fechar com alguma casa aqui de São Paulo a festa de lançamento para novembro! HELL DIVINE: Desejamos sorte e sucesso para a banda! Deixem uma última mensagem aos seus fãs e aos leitores da Hell Divine Magazine. Tato Deluca: Primeiramente queria agradecer a você, Pedro, e à Hell Divine pela oportunidade e pelo apoio que têm dado a banda. Às pessoas que leram essa entrevista e chegaram até aqui, esperamos realmente ver todos vocês nos shows! Se quiserem estar em contato próximo com a gente, basta procurar ACLLA no Orkut, Facebook, Twitter, Youtube e claro, Myspace. Até breve galera! A gente se vê na estrada! Entrevista por Pedro Humangous
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Após a bela estréia no cenário nacional com o Just The Two Of Us... Me And Them, a banda paulista Mindflow vem crescendo cada vez mais por meio de ótimos lançamentos e músicas de qualidade, sempre atentos ao mercado da música pesada e seu público fiel. Conversamos com a banda para sabermos como foi o projeto 365 e os próximos passos da banda. Confiram. HELL DIVINE: A banda Mindflow sempre se preocupou com a qualidade do material que chega ao consumidor final, seja com a bela música (ótimos estúdios, excelentes produtores, etc), seja com as embalagens dos álbuns (digipack de luxo). Isso ainda é viável nos dias de hoje, com toda essa propagação da música via internet? Rodrigo Hidalgo: Acho que a divulgação pela internet e o material físico devem caminhar juntos. Não podemos abandonar o CD ainda. Nosso público espera que o material do MindFlow seja diferenciado, tanto a embalagem quanto a música. Não abrimos mão de uma sonoridade diferenciada, pois já faz parte das características da banda. HELL DIVINE: O marketing da banda sempre foi bem arrojado, com bastante interação com os fãs, distribuição gratuita de adesivos, etc. Inicialmente vocês criaram jogos no site da banda onde as pessoas precisam decifrar códigos espalhados por toda a parte. Atualmente vocês estão com o jogo Follow Your Instinct 2.0. Qual a repercussão desses jogos perante os fãs? Têm tido um bom resultado? Rodrigo Hidalgo: Tem sido ótimo!
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Isso nos manteve muito próximos ao nosso público. Para nós, o MindFlow não é apenas uma banda de rock, queremos criar uma experiência que vá além do som. HELL DIVINE: Após três álbuns lançados oficialmente, a banda inova mais uma vez, lançando o álbum digital chamado 365, com 1 música a cada mês do ano. De quem foi essa idéia? Vocês pretendem lançar isso fisicamente ao final do projeto? Rodrigo Hidalgo: A idéia surgiu em uma das nossas muitas reuniões. Sempre conversamos muito para criar algo diferente e que agregue ao MindFlow. Achamos que seria muito interessante criar uma música e lançála em seguida. Normalmente, quando fazemos um novo disco, assim que ele chega ao público já se passou algum tempo, e as músicas já não representam o que há de mais novo na banda. O 365 é isso, entregar aos fãs o que temos de mais recente. HELL DIVINE: O último ábum de estúdio “Destructive Device” foi produzido, gravado e mixado pelo renomado Ben Grosse que já trabalhou com bandas como Slipknot e Disturbed. Conte-nos um pouco como foi essa experiência e o que acharam do resultado final. Rodrigo Hidalgo: Foi uma experiência única. Foram 2 meses de muito aprendizado. O Ben é um profissional incrível em todos os sentidos. Criamos uma amizade muito forte, nos falamos freqüentemente e sempre nos encontramos quando estamos nos EUA. HELL DIVINE: A agenda de shows do Mindflow sempre foi bastante agi-
tada, contando inclusive com ótimas apresentações no Progpower USA, Monsters Of Rock, entre outros. Como está a agenda pra esse fim de ano e para o primeiro semestre de 2011? Danilo: Um dos aspectos mais difíceis de lidar durante a produção do nosso novo álbum, MindFlow 365, foi a dificuldade de conciliar as sessões de gravação com a agenda normal da banda. Isso exigiu uma grande flexibilidade dos músicos e da equipe, passamos por situações apertadíssimas para não perder os prazos já determinados. Felizmente tudo deu certo. E agora que a última faixa do 365 já foi disponibilizada, as atenções estão voltadas somente para as datas da turnê de divulgação do novo disco. Elas passarão pelas principais capitais do Brasil e seus arredores e, enquanto isso acontece, o terreno é preparado para as primeiras datas internacionais, que ocorrerão no começo do ano que vem. Com certeza será uma virada de ano bem agitada para o MindFlow. HELL DIVINE: Obviamente a banda pratica o Prog Metal como raiz de seu som, mas conta com diversas outras vertentes. Quais as influências dos músicos e qual a parcela das mesmas no som do Mindflow? Danilo: Todos nós no MindFlow viemos de caminhos musicais diferentes, e dessa mesma forma são nossas influências, o que é positivo, pois da à nossa música um teor mais diferenciado. Fora as bandas clássicas do rock e da música progressiva que são unanimidade em nossa banda e em todas as outras, nossa bagagem sonora possui algumas peculiaridades: gosto muito de bandas alternativas como Live e Faith no More; já o Ricardo (Winandy,
baixo) é responsável pelas influências mais extremas da banda como Death e Deicide. O Rodrigo (Hidalgo, guitarra) é um grande fã de Bon Jovi e Metallica, enquanto o Rafael (Pensado, bateria) curte muito bandas como Megadeth, Judas e Helloween. HELL DIVINE: A banda disponibilizou para download gratuito em seu site oficial a coletânea “Just A Destructive Mind” que engloba as melhores faixas dos três primeiros álbuns. Existe a possibilidade de esse material ser lançado oficialmente por uma gravadora? Danilo: Criamos a coletânea “Just a Destructive Mind” para oferecer aos novos fãs do MindFlow um panorama geral de nossos discos até então. A ideia foi muito bem sucedida devido ao massivo número de downloads feitos até agora. Nunca sentimos a necessidade de lançar esse disco fisicamente no mercado, no entanto não descartamos a possibilidade disso ser feito num futuro próximo. HELL DIVINE: O Mindflow é uma das poucas bandas nacionais que con-
tam com um Street Team, ou seja, pessoas dedicadas a ajudar na divulgação da banda. Explique um pouco melhor aos interessados como funciona isso e quais os resultados atingidos até agora? Rafael: O MindFlow Street Team é uma família de fãs que querem ajudar o MindFlow a crescer. Eles põem a mão na massa distribuindo flyers, cartões, participando de ações e missões e principalmente usando suas próprias idéias! Todos os membros do MindFlow Street Team são altamente reconhecidos e recompensados pelo seu progresso! Quem trabalha duro consegue direito a listas VIPs, passes para backstage, merchandise grátis e outros prêmios. Os resultados são diversos, em todos os shows conhecemos novos membros e sempre recebemos informações e novidades sobre suas ações. HELL DIVINE: Podemos notar que a temática da banda sempre foi voltada para a mente humana. O slogan “Let Your Mind Flow” está sempre
presente. Qual a mensagem que a banda tenta passar às pessoas que acompanham seu trabalho? Rafael: Sempre buscamos passar uma mensagem positiva no geral, sempre nos mantivemos no nível de alcance dos fãs e queremos manter dessa forma até onde for possível. É algo que nos dá muito prazer e certamente é importante para eles; somos fiéis ao nosso trabalho e os fãs se identificam com isso. HELL DIVINE: O álbum 365 começou em setembro de 2009 e terminou em agosto de 2010. Quais os planos da banda para um futuro próximo? O que podemos esperar do Mindflow? Rafael: O MindFlow 365 foi, sem dúvida, nosso projeto mais ousado e desafiador. Nesse momento estamos em contato diário com nosso empresário nos EUA negociando uma turnê por lá. Temos mais alguns shows no Brasil este ano, mas os fãs podem esperar sempre por novidades do MindFlow, nunca paramos desde o início em 2003 e ainda não precisamos de um intervalo! Para quem quiser ficar sempre atualizado com o que está acontecendo conosco acesse: mindflow. com.br Entrevista por Pedro Humangous
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A banda de Black Metal carioca UNEARTHLY vem galgando, durante os anos de estrada, um local de destaque no cenário underground nacional e internacional. Desde “Living Under The Sign Of Blasphemy” até o último lançamento, “Age Of Chaos”, percebemos uma evolução natural dentro da música feita por eles. Conversamos com o simpático M. Mictian sobre a história banda e os planos do Unearthly para o futuro. HELL DIVINE: M.Mictian, depois de tantos anos na estrada com o Unearthly, você pode falar pra gente quais as principais mudanças dentro do cenário nacional, tanto os pontos positivos quanto os negativos e no que isso beneficia ou prejudica o trabalho do Unearthly? M.Mictian: Bom, teve muitas mudanças de fato, algumas boas outras ruins, a cena diminuiu muito, hoje em dia quase ninguém vai a shows ou compra material das bandas. Antigamente não tínhamos tantos meios de divulgação e mesmo assim a cena era muito maior, mais forte e te diria que até mais verdadeira. Já hoje, temos muitos “Headbangers virtuais”, aqueles caras que ficam baixando músicas e em dis16
cussões de fórum falando de bandas e tentando denegrir a imagem dos outros pra mim; um bando de hipócritas, idiotas que se utilizam da internet para várias coisas que no final das contas apenas prejudicam a suposta “cena” que ele mesmo diz fazer parte e gostar. E isso não atrapalha só o Unearthly, e sim a todas as bandas. HELL DIVINE: O disco Age Of Chaos teve um destaque impressionante na mídia especializada, sempre tendo boas notas e resenhas muito favoráveis. Depois disso tudo, qual a principal diferença que a banda sentiu em relação ao público? M.Mictian: Com certeza a banda cresceu e muito, a divulgação foi muito grande e a resposta foi muito satisfatória. Hoje em dia banda está bem mais conhecida em todo o Brasil e também fora do nosso país. Além deste reconhecimento, o respeito maior por parte do publico e da mídia. Todos perceberam que o Unearthly está trabalhando sério e com muito profissionalismo, este é um fator forte que sempre trouxemos conosco. Gravamos um vídeo clipe muito bom, o que também ajudou e muito na divulgação
na Europa e nos Estados Unidos e de lá estamos recebendo muitas críticas boas e o nome da banda só cresce. HELL DIVINE: Desde “Infernum...”, o Unearthly se mantém bem fiel às raízes e cultura Black Metal, mas a sonoridade da banda evoluiu e muito, como foi esse processo? M.Mictian: É uma evolução que eu acho bem normal, sempre ouvi vários estilos dentro do metal e chegou uma hora que comecei a utilizar de tudo o que eu ouvia e fui misturando com Black Metal. Além disso, eu nunca quis ficar me repetindo, me copiando, me auto-plagiando. Desta forma houve essa evolução, novos elementos foram aparecendo e se misturando à nossa música que acabou ficando mais pesada, agressiva, ríspida. Confesso que me agradou muito toda essa miscelânea, essa alquimia de estilos de metal. HELL DIVINE:M. Mictian, vocês lançaram um disco ao vivo em 2008, o “Revelations Of The Holy Lies... Live!”, que registra a turnê de vocês pela América Latina. Como você pode nos descrever essa turnê? M.Mictian: Foi muito gratificante poder tocar em alguns países da Améri-
ca Latina, encontrar bangers de outros países e a recepção foi das melhores em cada cidade. Cada lugar que fomos nos apresentar foi uma nova experiência, sempre shows cheios, a galera sempre presente foi a melhor coisa, e fomos registrando tudo isso. Quando voltamos ao Brasil, selecionamos o que estava melhor, levamos ao estúdio onde foi remasterizado e lançamos este álbum; é um registro importante para os moldes underground. Não é uma super produção, mas é algo real, sem overdubs nem nada, apenas Metal Extremo, direto, agressivo. Puro metal mesmo... Energia fluindo. HELL DIVINE: Sempre tivemos curiosidade de saber como é o processo de composição e gravação de uma banda. Devem acontecer coisas realmente interessantes. Você poderia nos falar como foi a produção do “Age Of Chaos”, o clima dentro de estúdio e alguma curiosidade? M.Mictian: Compusemos o disco todo aqui no Rio de Janeiro, em muitos ensaios fomos escrevendo o álbum. Desta maneira, com muito trabalho duro e dedicação, nós demos o melhor que tínhamos no momento para este álbum. Quando percebemos que tínhamos um disco pronto partimos para São Paulo para o Da Tribo Estúdio onde já gravaram bandas como Krisiun, Torture Squad, Endrah, Claustrofobia...passamos 15 dias dentro do estúdio somente focados na gravação. Comemos, bebemos e dormimos no estúdio! Nada mais importava pra gente a não ser gravar o álbum da melhor maneira possível, estávamos muito concentrados. O mais engraçado era nós mesmos cozinhando e fazendo todo esse tipo de coisa (risos), ou seja, foram 15 dias comendo muito mal! O Eregion é o pior cozinheiro que conheço, ninguém consegue comer o que ele faz a não ser ele mesmo (risos). HELL DIVINE: O Unearthly é uma banda que teve várias formações.
Entradas e saídas de membros da banda são coisas que sempre complicam qualquer processo, mas eu percebi que vocês sempre se viraram e achavam o prumo pra continuar com qualidade. Qual foi o trabalho feito por vocês para assim continuar? M.Mictian: Perseverança! Acreditar fielmente no que faz e gostar disso. Eu não sou um banger virtual eu não brinco de ter uma banda, não sou um menino rebelde que fez uma banda para sair com as garotas, minha adoração ao metal vai muito além do que se possa imaginar. Quando formei o Unearthly sempre quis contribuir com uma obra grandiosa ao estilo de música e de vida que escolhi. Metal não é para fracos, quem está envolvido com este estilo de música tem que saber exatamente o que significa ser um Headbanger, por isso nunca desistiria de meus ideais. HELL DIVINE: Vocês no início da carreira tinham um apelo visual mais extremo, com o uso de Corpse Paint e aparatos para o palco, vestindo um personagem mesmo. Por que decidiram parar de usar e o que você pode nos falar sobre o que melhorou ou piorou no nome da banda? M.Mictian: Nada mudou com relação a usar ou não corpse paint, apenas decidimos não usá-los mais. Não nos sentimos mais obrigados a usar somente isso, maquiagem não pode definir se uma banda é “true” ou não, mesmo porque até bandas de White metal usam corpse paint desta forma. Não acho que tenhamos alguma obrigação em usar este aparato; a nossa filosofia e ideologia continuaram intactas, minha visão sobre religião, igreja e Deus não mudou em nada! HELL DIVINE: Sempre tive uma curiosidade com relação ao Unearthly: no início da banda, imagino que as dificuldades eram muitas. À época houve aquele caso envolvendo o cenário Black Metal no Rio de Janeiro que teve
uma repercussão muito grande. Em algum momento vocês pensaram em desistir? M.Mictian: Nunca, nunca pensei em parar! Tive diversos problemas: troca frequente de músicos, falta de apoio da mídia e do público, mas nunca desisti. Sabemos as dificuldades de se fazer metal extremo aqui no Brasil, mas faço o que quero e o que gosto, o metal está em minhas veias, em minha alma. Sou um banger, não me vejo fazendo outro estilo de música. Nunca me passou pela cabeça de cessar com a banda, eu ainda vou muito longe com o Unearthly, pois é o que gosto de fazer. HELL DIVINE:Agora vamos falar do futuro da banda: o Unearthly tem algum plano, já que o disco de vocês começou a ser lançado em outros países, como México, Chile e Venezuela? Falem seus projetos para o futuro. M.Mictian: No momento já estamos trabalhando em um álbum novo e estamos mais focados em divulgação fora do país. A idéia mesmo é sair do Brasil, infelizmente aqui não possível se viver de música. Tudo ainda é muito amador, as pessoas têm pensamentos pequenos e pouco profissionais. É inviável manter a banda em nosso território; o país tem dimensões continentais, mas a mente ainda é de colonos. Vamos alçar voos mais altos e distantes, nosso trabalho vai atravessar fronteiras! HELL DIVINE: M. Mictian, muito obrigado pela entrevista! Nós da HELL DIVINE agradecemos a oportunidade desse papo maravilhoso e desejamos que o Unearthly continue em seu caminho de sucesso!! Deixe para os fãs uma mensagem! M.Mictian:Unearthly agradece a oportunidade, estamos firmes, fortes e caminhando sempre pra frente. Não temos tempo de olhar para trás! Nossas bases não foram feitas em areia. Entrevista por Augusto Hunter
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O cenário brasileiro sempre nos presenteia com grandes bandas dos mais diversos estados. Dificilmente vemos bandas surgindo no Distrito Federal, mesmo tendo nomes de peso como Violator, Mortaes, Khallice, entre tantas outras. Porém, o ZILLA veio para acabar com isso! Com muita qualidade e força em seu álbum debut intitulado “Pragmatic Evolution”, eles mostram como o Distrito Federal ainda respira, e muito, o metal!! Conversamos com o pessoal da banda para saber como eles chegaram até o resultado do disco. Confiram!! HELL DIVINE: Pessoal, queria começar essa entrevista perguntando o porquê do nome “ZILLA? Mark: Na época que escolhemos o nome da banda queríamos algo prático e nos baseamos em nomes fáceis em nossa consideração como Pennywise e Biohazard, bandas das quais gostamos e nos inspiraram muito no início. Existem vários significados para o nome ZILLA dentre eles “Sombra” em aramaico. ZILLA é o nome dado a alguém muito querido, e também é o nome de um tipo de formação de teias de aranha. HELL DIVINE: A banda começou fazendo Hardcore e hoje em dia vocês fazem um Melodic Death Metal de qualidade. Essa mudança veio de que forma? E depois dessa mudança bem extrema, vocês tiveram alguma resposta do cenário brasiliense, ou tudo continuou do mesmo jeito? 18
Mark: As mudanças vieram de forma bem natural, pois gosto da maioria das vertentes do metal, assim como todos os outros integrantes. A princípio começamos tocando Hardcore por escolha de nosso ex-vocalista Paulo César e também pelo fato do estilo ter boa aceitação na cena de Brasília. Com o passar do tempo, as influências dos demais integrantes foram tomando força e, assim, mudamos gradativamente o estilo musical da banda, passando pelo Thrash, Death e, por fim, Melodic Death Metal com algumas pitadas de Progressive e Techincal. A resposta do cenário brasiliense foi muito positiva em todas as fases em que a banda se colocou. Tratando-se de fase a atual, a aceitação tem sido a mais positiva e gratificante de todas, pois tem aberto várias portas para grandes festivais de renome nacional e também na mídia internacional. HELL DIVINE: Em 2005, a banda teve sua primeira experiência em estúdio, gravando a demo “Dry Throat”. Como vocês se sentiam enquanto banda? Conte-nos como foi a experiência de estúdio? Mark: Foi uma experiência impressionante. Não tínhamos feito nada parecido antes e havia uma curiosidade muito grande para ouvirmos a nossa música. Dry Throat foi muito importante também para analisarmos as primeiras composições. Apesar da qualidade não ter sido boa, tivemos um resultado satisfatório para o que queríamos na época.
HELL DIVINE: Continuando em 2005, vocês fizeram um show em Tocantins divulgando a demo e a banda foi bem recepcionada no local. Como foi essa experiência? Mark: Tocamos precisamente em Miracema, no Estado de Tocantins, como Headliners do Festival Agosto de Rock com várias bandas locais. Foi o nosso primeiro show longe do Distrito Federal e tínhamos uma responsabilidade que, até então, não havíamos sentido. Nossas novas músicas foram muito bem aceitas e tivemos ótimos elogios do público presente. HELL DIVINE: A banda parece ter uma formação sólida desde 2006, o que facilita na hora de compor e a convivência é sempre melhor, já que todos têm tempo e conhecimento dos gostos dos companheiros. O ZILLA se preocupa com a relação entre a banda ou vocês acham que isso é algo mais natural? Mark: A formação sólida sem dúvida alguma ajuda bastante, mas o ZILLA não é uma banda que se reúne para compor em estúdio. Faço todas as composições em casa e as envio por e-mail. Quando vamos para o estúdio cada um já está devidamente ciente do que deve fazer. Tanto que algumas músicas soam quase perfeitas na primeira execução. Essa metodologia praticada pela banda tem funcionado muito bem desde o início. HELL DIVINE:Em 2009, vocês lançaram a “DEMOnstration Version” com 7 faixas. Nessa demo a banda já tinha o atual direcionamento, ou continuavam com a pegada Hardcore do início da carreira? Mark: Essa é uma demo de transição dos estilos na qual ocorre literalmente a mistura todas as fases incluindo músicas da fase atual. O que nos motivou a fazer a “DEMOnstration Version” era basicamente divulgar a nossa estréia no MySpace e o novo site da internet na época. “March to the Abyss” e “Inner Vision”, que estão no disco demo, foram
as únicas músicas que decidimos gravar no debut Pragmatic Evolution. HELL DIVINE: Vamos falar sobre a atualidade agora. O disco “Pragmatic Evolution” está pra sair a qualquer momento, mas vocês já deram entrevistas sobre ele pra DJ Valkyrie, nos Estados Unidos. Isso facilitou a vida de vocês ou ainda esperam colher os frutos dessa exposição? Mark: Ainda há muito a fazer na divulgação de Pragmatic Evolution. Como somos uma banda independente, resolvemos fazer uma tiragem de mil cópias do CD para distribuição e tão logo seja possível, queremos assinar com um selo para lançamento mundial. A primeira tiragem nos ajudou muito e tem aberto várias portas, principalmente no quesito shows. Tocamos no Marreco’s Fest, fomos a banda mais votada pelo público na seletiva do Porão do Rock com os Raimundos e, consequentemente, tocamos na edição principal do Porão ao lado de Musica Diablo, André Matos, Korzus, Mindflow e várias outras bandas de renome. Concedi entrevista a DJ Valkyrie que, além de ser uma profissional fantástica da Hard Rock Radio Live dos EUA, é também uma grande amiga. Sem dúvida alguma, essa entrevista atraiu novos fãs para a banda em outras partes do mundo já que o programa dela tem uma ótima audiência. HELL DIVINE: O disco conta com 11 faixas. Vocês poderiam fazer um faixaa-faixa, contando o signifcado de cada uma? Mark: Ótimo! Vamos lá então... Disconnection: É uma música instrumental na qual eu queria uma serenidade para a abertura do CD. Neverending Violence: Típica música de contexto Death Metal que fala de batalha interminável e morte. Acho muito legal uma intro calminha e uma música brutal em seguida e essa idéia foi bem aceita entre os demais integrantes e, consequentemente, pelos nossos fãs. Down the Edge: A partir dessa música adentramos no real contexto no qual o álbum se insere que são os vários meios
de se chegar à evolução. O contexto que citei é relativo às letras e também ao nosso gênero mais evidente, Melodic Death Metal. Essa música relata um momento reflexivo em que o indivíduo está sem amigos e precisa de um tempo só seu para tomar decisões acertadas em sua vida. Comfortable Pain: Criei o título e o Lucas, nosso vocalista, escreveu a letra. É literalmente um conjunto de perguntas e respostas cujo intuito é ver até onde alguma dor pode ser confortável. Pragmatic Evolution: Uma das minhas favoritas. Tento descrever aqui várias formas de se trilhar um caminho evolutivo sendo menos hipócrita, insensível e até fazendo aquela velha pergunta: De onde viemos, para onde vamos? Day to Crawl in Darkness: Todo mundo tem seu dia de trevas, então quis tentar fazer com que esses dias fossem um pouco mais aceitáveis, mas com condições. Muita gente me pergunta sobre o final dessa música, e explico que realmente quis fazer algo diferente para quebrar o “ritmo” do CD usando violões e teclado trazendo um clima mais brando e tranqüilo. Dias negros são difíceis de encarar, então criei a parte final dessa forma para contrastar. Inner Vision: O próprio título já diz tudo. Ela fala sobre reflexão interior usando meios comparativos. É como se fosse também um aprendizado olhando através dos defeitos alheios. March to the Abyss: Bom… essa letra é meio “toma lá, da cá”, ou seja, você sempre ou quase sempre aprende com aquilo faz de errado. Massacre: Bagaceira total. É a música mais longa do CD. Devido à sua complexidade essa faixa exige um pouco mais da banda ao vivo. A letra fala de uma guerra que houve entre o Japão e a China no início do século passado, onde milhares de pessoas foram dizimadas. Nothing but Chaos: Apesar do título ela não fala de guerra. É uma letra interessante, pois relata a trajetória de um indivíduo esforçado que tenta vencer suas dificuldades e sofrimentos. Outnumbered: Literalmente é a minha favorita. Muitas melodias e passagens
sombrias. Fizemos algo bem diferente de todo o CD tratando-se de vocais; resolvemos experimentar sussurros e voz limpa no refrão. A temática da letra é sobre um homem que depois de velho vê na vida bem sucedida dos outros aquilo que ele foi um dia, então ele promete para si mesmo que dará a famosa volta por cima e sair da miséria. Queria ressaltar que nenhuma das letras tem relação com cristandade ou qualquer tipo de coisa ligada a isso. Trata-se apenas do que o ser humano passa em sua vida. HELL DIVINE: Depois do lançamento do disco, o que a banda planeja para o futuro? Extensas turnês, mais composição e gravação? Falem um pouco dos seus planos. Mark: Queremos muito fazer uma grande turnê pelo Brasil e vamos batalhar por isso. No momento tenho feito composições para o próximo CD, a parte instrumental está quase toda pronta e em seguida escreverei as letras com o Lucas. Queremos isso ainda para este ano para que no ano vindouro trabalhemos com elas apenas nas pequenas correções durante os ensaios. Posso adiantar que o próximo álbum será instrumentalmente mais complexo que Pragmatic Evolution com letras temáticas e, novamente, a arte gráfica do CD será de minha autoria. HELL DIVINE: Muito obrigado pela entrevista, espero que o ZILLA continue no caminho certo e colham os frutos do árduo trabalho de vocês. Deixem uma mensagem pra Hell Divine Metal Crew. Mark: Valeu por todo apoio e pela entrevista! O ZILLA deseja muito metal para todos e deixo mais uma notícia para os fãs: já começamos a compor músicas para o próximo álbum que será mais melódico e mais brutal. Aguardem! Grande abraço. Entrevista por Augusto Hunter
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HELL DIVINE: Saudações, família Colt 45! Conte-nos um pouco sobre a trajetória da banda desde sua formação até hoje. Colt 45: Salve galera da Hell Divine, valeu demais pela oportunidade. Bom, a banda começou em meados de 2006, com um contato meu (Marcelo) com o baterista Thiago; estávamos com a intenção de montar um projeto agressivo e pesado. Eu tinha o contato do baixista, que era o Bruno na época, e o Thiago tinha o contato do Luis. Na época queríamos mesclar o Hard Core NY com o Metal tradicional, trazendo influências diretas de Hatebreed, Pantera e Lamb of God. Com o tempo, fomos aprimorando o som, e a tendência foi puxarmos mais para o Metal, pegando o Death Metal como maior inspiração. É o estilo que nós mais gostamos e nos identificamos atualmente.
uma ótima pessoa pra chapar todas. HELL DIVINE: Vocês já fizeram diversos shows e já dividiram palco com muitas bandas importantes do cenário nacional e mundial. Teve algum desses shows que mais marcou a banda? Por quê? Colt 45: Foram vários shows realmente muito legais e fodas que participamos. Mas enfatizamos o nosso show em 2008 com a banda americana Outbreak. Foi a primeira banda gringa que já tocamos junto e o show foi
Sem falar também no show com os brothers da Uganga, bem no início da nossa caminhada. Eles estão na correria há muitos anos, merecem muito respeito e admiração. Recentemente estivemos tocando junto com os caras do Whitchhamer. A galera mineira, principalmente aqueles que vêm da antiga escola do Metal sabem o que eles também representam. Creio que tenha sido nosso primeiro show junto com banda “true” antiga de MG. Foi ótimo! Estar ao lado e tocar
HELL DIVINE: Como segue o atual line-up da banda? Colt 45: Marcelo no vocal; Luis Augusto na guitarra, Muzzy no baixo e Thiago Carvalho na bateria. HELL DIVINE: O que mudou com a entrada do Muzzy? Colt 45: As mudanças já estavam ocorrendo, principalmente na parte sonora. A entrada do Muzzy nos ajudou a entrarmos de cabeça mesmo na reestruturação do som e manter o espírito da banda forte e empolgado. Era uma época um pouco conturbada para nós e o que mais precisávamos era fortalecer a nossa estrutura. Muitas mudanças repentinas. O Muzzy veio pra nos ajudar a focar no que realmente queríamos e pretendemos como banda: crescer. Ele estava empolgado, nós também. As intenções eram as mesmas, boas e claras. Tudo casou muito bem e estamos muito fortes e firmes. Sem falar na maior criatividade para as composições musicais e letras. E ainda por cima é 20
excelente! Casa cheia e galera pirando, no melhor estilo Hard Core. E outro que gostamos de frisar foi o convite que o Holocausto nos fez para abrirmos um dos shows deles. É uma banda que gostamos muito e que ainda tem muita repercussão no Metal nacional, pelo estilo de som deles e pelo que eles representam. Foi muito importante termos o reconhecimento de quem a gente admira demais.
com bandas com essa pegada séria, só nos inspira mais a continuar tocando. HELL DIVINE: Como vocês definem o som do Colt 45? Quais as principais influências da banda? Colt 45: Pesado, tenso e agressivo. Não saberia definir em outras palavras. Tentamos extrair o melhor do Metal atual e do antigo e tentamos deixar com a nossa cara.
As principais influências vêm desde o Cannibal Corpse ao Job For A Cowboy. Do Pantera ao The Acacia Strain. Qualidade do novo com a pegada do metal antigo. HELL DIVINE: De onde vem a inspiração para compor as músicas da banda? Colt 45: Creio que, primeiramente, das bandas que nós admiramos. De aprender com eles como tocar um som forte e crescermos musicalmente com isso. Depois contamos mais com o feeling mesmo. Renovar repertório, tentar coisas que não tivemos oportunidade ainda de tocar. E inovar. Sem falar que não estamos presos a um único estilo de som. Aparecendo algo legal, que encaixe bem e
certeza vamos tocar.
soe legal, com
HELL DIVINE: E quanto a projetos futuros, podemos esperar algum lançamento para breve? Colt 45: Sim, temos vários projetos. Um deles é criar um material legal de divulgação da banda com algumas músicas, camisas, adesivos e etc. Um material pronto e bem feito para quem estiver interessado em conhecer a banda, com bastante informação sobre nós e que todos possam sacar bem o que
fazemos. Não só lançar uma música ou outra. Acreditamos que a maioria das pessoas que goste de música não fique apenas ouvindo algo e pronto. Não! Elas buscam o máximo de informação possível, conhecer e correr atrás. Isso pra nós é muito importante. Sem falar que há muito tempo pretendemos fazer um vídeo de uma das nossas músicas. Nós curtimos muito isso também. HELL DIVINE: Vocês têm algum projeto paralelo à banda? Colt 45: Atualmente não. Mas há alguns meses, tanto o Luis quanto o Thiago e o Muzzy tinham seus projetos. Eu não, mas quem sabe possa surgir algo. HELL DIVINE: Conte-nos como é o movimento em seu Estado? Você acha que as bandas têm recebido apoio e reconhecimento por parte dos organizadores de shows e do público? Colt 45: O movimento é bom, é forte. Há muitas bandas boas e público legal, mas creio que poderia ser ainda mais intenso. Com maior participação das pessoas que gostam, como era num passado não muito longe. A questão do apoio e reconhecimento é um pouco relativo. Pesa para alguns lados, principalmente falando de movimento Underground. Apoio e reconhecimento moral de produtores e organizadores rola sim, e muito, ainda mais no interior. Lá as pessoas valorizam ainda mais o seu trabalho. Em termos de apoio financeiro, a história é mais complicada. Na maioria das vezes as bandas não são remuneradas para fazer o corre todo. De transporte, rango ou estada. O que dificulta um pouco, pois temos o interesse de levar o nosso trabalho para todo o canto, e nem sempre temos como bancar tudo isso e as pessoas que fazem esses shows, na maioria das vezes também não, devido ao corre deles para a estruturação do show ou evento. Isso acarreta no cancelamento ou a não aceitação de participarmos de algum show que estávamos loucos para tocar.
Mas atualmente tenho ouvido muito desse tal “Deathcore”. Dá pra pinçar algumas bandas boas. A minha preferida atualmente é a “The Acacia Strain” de Massachucets. Não são bem Deathcore, têm uma levada bem Hard Core, mas com muito, muito peso. Não é tão convencional. O Luis sempre com o tradicional Cannibal Corpse. Esse vício dele ninguém tira. O Muzzy sempre na pilha brutal do Grind e o Thiago mais no Thrash. HELL DIVINE: O que é fazer música para vocês e o que isso representa? Colt 45: Para nós, é sempre superação e aprimoramento naquilo que a gente mais gosta: música pesada. É crescermos como músicos e pessoas. Há sempre muita coisa pra lidar e muitas pessoas para se relacionar. Isso requer aprendizado em todas as formas. Se conseguirmos lidar com isso e ainda fazermos algo bom, que agrade a nós e também às pessoas, nosso papel está sendo muito bem feito. Estamos correndo atrás disso e de sermos reconhecidos por isso. HELL DIVINE: Agradeço pelas palavras e deixo o espaço para que vocês mandem um recado para todos que acompanham o som de vocês e para aqueles que tenham interesse em conhecer. Colt 45: Muito obrigado pela força e oportunidade de participarmos dessa entrevista. Esperamos participar de outras mais. Estamos à disposição. Um abraço aos amigos e bandas que já nos conhecem. Vocês sabem que podem contar com a gente pra qualquer trampo ou correria. Vocês sabem quem são vocês. As pessoas que não nos conhecem, procurem, questionem, entrem em contato e principalmente: vão aos shows. Procuramos ao máximo fazer o melhor e com muita intensidade. Se você valoriza isso, ótimo. Você é um dos nossos. E vida longa ao som pesado. Entrevista por Ramon Butcher
HELL DIVINE: Quais as bandas que vocês têm escutado atualmente? Colt 45: Eu tenho escutado coisas novas. Tudo que é novo me atrai. Gosto de som inovador. Apesar que o antigo ninguém me tira. Pantera no coração. 21
A cada ano o underground nacional vem crescendo e se aprimorando, ganhando novas bandas que lutam pelo seu espaço. Como uma boa prova, nós da Hell Divine, conversamos com a banda The Jokke, que estreou ano passado, com o seu trabalho While Flame Burns. Segue abaixo a entrevista na íntegra. HELL DIVINE: Vocês são uma banda nova e que começou a ganhar notoriedade há pouco mais de um ano após sua formação. Que opinião vocês assumem a respeito do underground nacional? Vocês acham que ele realmente anda expandindo? The Jokke: Há muitas bandas boas por aí e a internet veio pra divulgar essas bandas de maneira fácil e rápida para o público em geral, mas ainda acho que o underground nacional é pequeno. Poucas pessoas comparecem nos shows e os organizadores não tratam as bandas novas com devido respeito. HELL DIVINE: Quais foram suas influências na formação da banda? Quando ouvi o álbum, pude notar uma semelhança com Krisiun, tanto na temática das letras quanto no som de algumas faixas. O Krisiun realmente serviu como influência, já que vocês também são gaúchos, ou suas influências são completamente diferentes? The Jokke: Escutei Krisiun logo quando descobri o death metal. Mas a proposta da The Jokke não é soar como os caras. Acho uma grande banda, mas não é essa proposta. Na época, eu estava escutando música brasileira, erudita e jazz. HELL DIVINE: While Flame Burns possui um som brutal e de extrema qualidade. Suas letras são bem escritas e a arte da capa bem produzida.
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Como foi o processo de gravação do seu primeiro trabalho? Tiveram obstáculos ou simplesmente ocorreu de forma natural? The Jokke: Então, a idéia do álbum surgiu com o descontentamento que eu tinha com minha antiga banda. Me tranquei por dois dias em casa, compus o álbum, entrei em contato com Mauricio Weimar (responsável pela bateria do disco) e gravamos o disco, sem qualquer ensaio. Foi louco, mas era isso a proposta inicial, algo totalmente pirado mesmo (risos). HELL DIVINE: Novamente falando da arte da capa, o que ela representa para vocês da banda? Por que a escolheram?
The Jokke: A temática do álbum fala sobre a inquisição. Entrei em contato com Marcos Miller (responsável pela capa) e falei pra ele sobre o assunto mas não enviei nenhum som da banda para ele. A idéia era nos desprender de qualquer clichê visual do death metal em geral, então saiu assim. HELL DIVINE: Como vocês agem a respeito da divulgação do trabalho? Vocês estão apostando mais na realização de shows ou na divulgação do álbum? The Jokke: Estamos divulgando o álbum junto com nossa assessoria de imprensa e o resultado está sendo maravilhoso, 4000 downloads em 2 meses!!! Queremos tocar mais, mas nem sempre
é viável devido às más condições para realizar um show. HELL DIVINE: A respeito dos shows, a banda pretende iniciar uma turnê ainda esse ano? The Jokke: Estamos negociando algumas datas, mais detalhes em breve. HELL DIVINE: Vocês acham que o metal extremo está ganhando cada vez mais espaço no cenário nacional ou vocês acham que ele ainda está atrás de outros gêneros? Sendo uma banda de Death Metal Brutal, qual a opinião de vocês a respeito disso? The Jokke: Muita gente nova está indo
aos shows, e isso é realmente maravilhoso. O death metal está ganhando espaço sim e esperamos que fique cada vez maior! HELL DIVINE: É muito comum entre bandas ocorrerem muitas alterações em sua formação. Vocês acham que isso pode ocorrer com vocês? The Jokke: Já ocorreu (risos) muitas vezes!!! (risos). Logo depois de gravar o disco, Mauricio Weimar saiu da banda por interesses pessoais, então fomos atrás de baterista, achamos alguns totalmente inviáveis e agora estamos como dupla mesmo, fazendo shows assim.
HELL DIVINE: Por fim, quais são os planos da banda para o futuro? The Jokke:Estamos apostando na divulgação. Queremos um clipe e tours, estou negociando alguns shows, em breve sairá algo em nosso site. Não deixem de conferir o som da banda em www.myspace.com/officialthejokke. Lá, você encontrará o cd “While Flame Burns” disponível gratuitamente para download. Gostaria de agradecer também o pessoal que nos apóia e vocês, da Hell Divine, por nos conceder o espaço. Stay brutal, Igor Dornelles! Entrevista por Yuri Azaghal
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A cena no Canadá sempre foi algo que me deixou intrigado, temos grandes nomes oriundos do país, como o Exciter, Voivod e Annihilator. De tempos pra cá, poucas bandas teriam surgido, mas vemos um “aquecimento” no país, nomes como Protest The Hero, Divinity vem mostrando que o país ainda tem o que nos presentear. Esse é o caso do Aeternam, maravilhosa banda de Death Metal vinda de Quebec. Conversamos com Alex Loignon para saber o que está por trás do maravilhoso debut deles, intitulado DISCIPLE OF THE UNSEEN (Metal Blade Records – 2009). HELL DIVINE: Como Aeternam se tornou realidade? Você poderia nos contar a história em torno do nome? Alex Loignon: Formamos a banda um pouco mais de três anos atrás. Eu já era amigo de Antoine e Rémi. Os dois encontraran Ash na escola e o apresentaram para mim. Ash e Antoine começaram a escrever um material e iniciamos a to-
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car. Nós sempre tínhamos a idéia de termos aluns teclados e samples em nosso som, então assim que encontramos Sam o convocamos para preencher a vaga. Depois de tocar alguns shows em nossa região, tornou-se óbvio que faltava motivação para Rem continuar, então ele saiu e foi substituído por Jonathan. Já o conhecíamos de um show que fizemos com sua antiga banda. É com este line-up que gravamos “Disciples”. Se você acessou nosso Myspace e Facebook ultimamente, deve ter notado que o nosso line-up mudou mais uma vez. Jo e Sam saíram da banda por motivos pessoais. Chamamos o Jeff para dar conta do baixo. Ninguém tomou o lugar do Sam e nós ainda estamos incertos se vamos procurar um substituto. Quanto ao nome, queríamos algo para refletir o conceito lírico de deuses e mitologia. Optamos por Aeternam porque significa basicamente “eterno” e a idéia de deuses, apesar de estar perdendo o impacto que costumava ter, está aqui para ficar... isso forjou países e continua a afetar
a humanidade, seja ela boa, ruim ou qualquer coisa entre eles. HELL DIVINE: Esse é o primeiro lançamento da banda, nele poderemos ver muitas influências legais. Quem você poderia dizer que é a influência principal da banda e como isso afeta a música do Aeternam? Alex Loignon: Acho que a principal influência é do Nergal do Behemoth. Ele é tão inspirador. Ele não tem medo de forçar os limites e provocar as pessoas. Isso ajuda a mover a música para frente. Além disso, ele é um grande artista! HELL DIVINE: O conceito visual do seu álbum é algo para chamar a atenção, é muito bonito. Quem foi o gênio que trabalhou com vocês atrás esse conceito? Alex Loignon: Pascal Laquerre cuidou da arte de capa. Tínhamos visto o seu trabalho em Prevail do Kataklysm e gostamos muito. Antoine o contatou e enviou uma idéia básica para o desenho.
Pascal teve a liberdade de se divertir com o desenho e fazer o que quisesse, contanto que ainda contivesse a essência do álbum. O resultado foi surpreendente. HELL DIVINE: Para reunir uma banda na cidade de Quebec foi um trabalho difícil de fazer, ou foi simplesmente perfeito e fácil? Alex Loignon: Como disse antes, éramos um grupo de amigos e encontramos as partes faltantes do enigma através da escola e da Internet. Assim sendo, foi razoavelmente fácil. A parte dura está manter todos juntos e focados… Não podemos ter 4 caras se matando, batendo cabeça feito loucos, enquanto o 5º elemento está pensando em metereologia, você me entende? A banda precisa ser a maior parte da sua vida, ou então você não está ajudando ela a crescer. Eu não culpo os indivíduos que deixaram a banda. Na verdade, até os agradeço. Nós passamos um ótimo período juntos. Eles nos respeitaram o bastante para nos deixar saber que não sentiram mais como parte da banda e que nós deveríamos encontrar alguém que realmente queria estar lá. HELL DIVINE: Antes de assinar com a Metal Blade Records, como era sua vida de banda? Alex Loignon: Foi basicamente como todas as outras bandas locais. Ensaiávamos algumas vezes por semana e fazíamos alguns shows aqui e ali apenas por diversão. Na verdade não mudou muito após o lançamento de “Disciples”. Tivemos alguma exposição e começamos a tocar em lugares que antes não teríamos condição ou com bandas com as quais só poderíamos sonhar. No entanto, nossa situação ainda nos impede de realmente embarcar em uma turnê. Resolveremos nossa situação em breve e nos engajaremos no segundo disco da banda. HELL DIVINE: “Disciples Of the Unseen” é um álbum de Death Metal que mostra muitas influências como Nile,
Behemoth e outras grandes bandas. Como o seu gosto pessoal na música influenciou o nascimento desse material? Alex Loignon: Na verdade, meu gosto musical não afeta a música, pois não escrevo o material. Ash e Guert, por outro lado, escrevem muito e algumas influências do que eles ouvem ficam evidentes. Se eles estão ouvindo muito “Thrash” uma semana, seu material será, muito provavelmente, um pouco mais nesse sentido. Se eles estiverem ouvindo mais música experimental, provavelmente tenderá a ir para uma composição mais ambient. Isso nunca para de mudar e de se aperfeiçoar. HELL DIVINE: Analisando sua agenda de shows, o mês de setembro foi bem cheio. Após a assinatura com uma boa gravadora, você sentiu um crescimento nas marcações de shows ou são as mesmas de sempre? Alex Loignon: É claro que ter “Disciples” sendo lançado pela Metal Blade nos ajudou sermos muito vistos, mas o acordo é pelo álbum e não pela turnê, por isso não estávamos “ligados” a grandes turnês. O aumento do número de shows vem do trabalho de nossa agência de agendamento, Galy Records. Galy faz um trabalho incrível e trabalha com muitas grandes bandas e cuida sempre de seu pessoal. Ele nos leva para shows legais como os que tocamos duas semanas atrás com Beneath the Massacre ou tocar com Martyr e Quo Vadis. Todas essas são bandas que eu gostava quando era mais jovem e é ótimo poder abrir para eles. HELL DIVINE: Em “Disciples Of The Unseen”, podemos ouvir muitas passagens melódicas, sem esquecer a forma extrema. Pode nos dizer qual é a principal diferença de Aeternam para outras coisas que tem sido feitas na cena Death Metal, ou vocês não veem a si mesmos como uma banda de Death Metal? Alex Loignon: A classificação é uma porcaria. É por isso que escrevemos “met-
al” na nossa página de Myspace. Somos uma banda de Death Metal só porque temos gutural? Acho que somos uma mistura de muitas coisas que existem, mas fazemos isso em um nível diferente de intensidade. A principal coisa no nosso som é o sentimento oriental. Ok. Nós não somos os primeiros. Bandas como Melechesh, Nile, Orphaned Land, Scarab e Arkan já fizeram isso. A diferença é que não estamos aqui para sermos extremos e rápidos o tempo todo, nem suaves sempre, e sim para equilibrar as coisas. HELL DIVINE: E agora, depois de fazer alguns shows no Canadá, com os planos de Aeternam de conquistar o mundo você tem o Brasil em seus planos? O que você sabe sobre o nosso país? Alex Loignon: Assim que começarmos a viajar, tenha certeza que iremos, independentemente de nosso destino. Realmente acho que iremos para a América do Sul. Ouvi de um amigo que já tocou por aí que o público é excelente. Voltando à segunda parte da pergunta, devo dizer que eu não sei muito. Sei que minhas aulas de espanhol não vão me ajudar por aí mesmo! Ah, e que vocês tem uma grande festa no Rio (risos)! Fora isso, não são vocês lutam “capoeira” ou algo assim? Sou do tipo perdido quando se trata de seu país, mas realmente gostaria de descobri-lo ao máximo. Talvez pudesse ter uma ajuda de vocês (risos)! HELL DIVINE: Poderia listar 5 álbuns que, por algum motivo, marcaram sua vida e explicar por quê? Alex Loignon: Difícil, mas aí vai: 5: Pantera - Vulgar Display of Power. O jeito do Dime nesse disco é demais. Seus solos arrancam lágrimas das músicas. Amo o fato de a banda não ter precisado de muita coisa rolando o tempo inteiro. Quando é a hora do solo, na maior parte do tempo você ouvirá um pouco de bateria, baixo e toda a doçura do som do Dimebag Darrel. 4: Vehemence – God Was Created. É Death Metal levado à perfeição. Em min25
ha opinião, essa banda tem uma grande mistura de tudo. Os vocais parecem sair diretamente do diabo, e as guitarras pesadas, porém melódicas, baixo e bateria soam muito bem, e você ainda tem um bom e velho violão acústico em algumas faixas. É obrigatório, se você me perguntar. 3: Unexpect – In a Flesh Aquarium. Simplificando: é ótimo, é incrível, e é canadense! 2: Behemoth – The Apostasy. Deliciosamente maligno do começo ao fim. Tudo sobre este álbum deve ser o resultado de muito planejamento e ele funciona muito bem. É inteiramente intenso. Ainda é cativante enquanto violento, o que é uma coisa boa. Também adoro a colaboração do Warrel Dane do Nevermore, os vocais parecem se complementar. 1: Metallica – Ride the Lightning. Está no topo simplesmente porque é o primeiro álbum de metal que eu comprei. Me apaixonei pelas as guitarras pesadas e pelo som cru desse disco.
HELL DIVINE: Voltando a falar sobre o álbum “Disciples Of The Unseen”, como era o clima nos estúdios de gravações, foi fácil trabalhar com Jeff Fortin? Tudo correu bem e fácil, ou teve algum momento estressante? Alex Loignon: Não havia muito com o que se estressar. Na verdade, só foi estressante até contratarmos o JeF, até mesmo porque foi a nossa primeira vez em um estúdio. Ele foi muito legal com a gente e nos ensinou a trabalhar de uma forma real. Ele manteve uma agenda apertada, mas ainda nos permitiu ter diversão por lá. Ficamos alojados em seu próprio lar durante o período da gravação, para que não tivéssemos que viajar durante o inverno, o que foi muito legal. Ele também não é contra cerveja e nachos, então nos demos muito bem!
Alex Loignon: Na verdade, estamos trabalhando em algumas coisas novas. Tocamos algumas músicas algumas vezes e tudo o que posso dizer é que as pessoas enlouquecerão nos próximos shows... HELL DIVINE: O resultado de “Disciples Of The Unseen” é um álbum de lançamento muito bom, parabéns para vocês! Foi bom conversar com você e, por favor, deixe uma mensagem para seus fãs brasileiros e pro pessoal da HELL DIVINE METAL CREW. Alex Loignon: Valeu cara! Foi bom falar com você também. Brasil: mantenham seus chifres bem altos, para podermos vê-los daqui do Canadá! Entrevista por Augusto Hunter
HELL DIVINE: Após os shows que estão fazendo, o Aeternam tem algumas músicas novas para um novo material, ou o tempo de compor ainda está para vir?
ACCEPT “Blood Of The Nations” Nuclear Blast Caceta! Sim, foi exatamente essa palavra que me veio à mente quando finalmente escutei esse disco da desacreditada formação atual da banda. Quando o Accept anunciou que ia retomar as atividades sem o já lendário Udo, era quase um consenso na internet de que viria porcaria por aí. Quando a banda liberou versões de clássicos na voz do novo vocalista, Mark Tornillo, o povo então se encarregou de acender as fogueiras aos brados de “heresia!”. Eu, já conhecendo o passado do “novato” no ótimo TT Quick, sabia que de novato Tornillo nada tinha, sendo um veterano dos anos 80. E conhecendo a experiência anterior do Accept sem Udo, no injustamente esquecido e renegado Eat The Rich (cujo vocalista, o também ótimo David Reece, lançou disco solo recentemente), sabia que a banda conseguiria se virar muito bem sem o baixinho. Só que não dava para esperar algo tão bom quanto Blood Of Nations, que parece pegar a banda do ponto em que pararam com o clássico Objection Overruled com uma dose extra de peso. A banda está afiadíssima, com aquela pegada clássica, “aqueles” coros, os licks e solos de Mr Wolf Hoffman, um dos melhores guitarristas da leva do Heavy Metal 28
dos anos 80. As guitarras estão pesadíssimas numa produção perfeita de Andy Sneap, fugindo à sua assinatura padrão e respeitando o passado dessa banda. Andy trouxe a sonoridade clássica do Accept para a década de 2010. E Tornillo... Bom, o cara provou que merece o lugar. Está perfeito na função, nem dá pra sentir falta de Udo, por mais que isso possa parecer uma heresia. Tornillo tem a mesma qualidade rascante de Udo na voz, mas com uma característica mais melódica e encorpada, lembrando um pouco o também lendário Mark Storace (Krokus) ou o falecido David Wayne (Metal Church). Então, o que resta a dizer? No final ganharam todos, Udo com sua excelente carreira solo, o Accept, que pode retornar com a classe que merece, e os fãs, pois ganharam duas fontes de clássicos do Metal germânico! Que esse retorno seja prolífico! E repito: caceta! Que disco bom! Nota: 10 Marcelo Val
ANGELUS APATRIDA “Clockwork” Century Media Parece que realmente o bom e velho thrash metal está voltando e bandas como o Angelus Apatrida trazem isso à tona com seu disco “Clock-
work” lembrando muito Megadeth, Tankard e Death Angel. Com riffs bem trabalhados, técnica, backing vocals bem encaixados e solos bem elaborados, a banda conseguiu me fazer voltar aos bons tempos do thrash. A primeira música uma pequena introdução criando um certo clima e um relógio em contagem para a pancadaria, e logo começa a música “Blast Off” com riffs mega rápidos lembrando o auge do Megadeth. “Of Men and Tyrants” é a segunda, com pegada rápida e bem trabalhada e refrão à la Dave Mustaine. Os solos, nem se fala! Bem ao estilo que todos conhecemos do diabo loiro. A música “Clockwise” me faz lembrar “Rust in Peace”, outro grande clássico do Megadeth com riffs pesados e bem trabalhados. Mais à frente, pulando algumas faixas adorei a música “My Insanity” que foge um pouco do estilo Megadeth e vai cair no colo de Death Angel com bases mais climatizadas e bem elaboradas. O solo não fica pra trás e traz velocidade com a bateria muito bem tocada dando mais agito. Com certeza “One Side One War” me faz realmente bater cabeça como um headbanger faminto por thrash, pois ela quebra um pouco o que o CD vinha apresentando, e faz as palhetadas parecerem marteladas, em conjunto com o peso dos bumbos massacrando os tímpanos. Enfim, o Angelus é uma banda de muita qualidade musical e com grandes influências, certamente esperarei pelo próximo trabalho desses thrashbangers. Nota: 7.5 Ricardo Thomaz
APOKALYPTIC RAIDS “Vol. 4” Phonocopia
BLEED FROM WITHIN “Empire “ Artery/Rising Records
A primeira vez que escutei o álbum “Before The Throne Of Infection” foi um passo para começar a ouvir Grindcore, e já esperava ansiosamente por um novo álbum do AOAA. Por um lado veio um bom álbum, muito agressivo e a evolução das letras trazendo principalmente um conceito lírico afiado sobre a queda da humanidade; mas para maior decepção veio uma banda totalmente nova, com som muito limpo, diferente daquele anterior em que as variações de guturais e vocais rasgados levavam a pig squeals, mostrando o bom lado Grind da banda. A primeira faixa após a introdução ”In Snakes I Bathe” é muito boa em relação a Death Metal, o vocal segura a barra e é instrumentalmente agradável com solos não muito elevados. “Catastrophic Hybridization” não possui muitas variações de vocais como em todo álbum, mas apresenta nas guitarras ótimos arranjos melódicos. Quase no fim do álbum, em “Portrait of Souls”, observamos mais variação de vocal, por isso foi uma música que me chamou mais atenção. Se o selo Deathcore um dia foi dado a eles, parece que foi quebrado. E se era a pretensão da banda, esses caras conseguiram atingir ao Death Metal, mas nada muito revolucionário. Musicalmente a banda ainda está boa, mas pela grande mudança em pouco tempo leva alguns a partirem para bandas com som semelhante ao antigo AOAA.
Falar do Apokalyptic Raids é falar de uma das pioneiras da tendência dos anos 80, que de um tempo pra cá tem ficado cada vez mais famosa. Nada contra, acho até bem legal ter esse avivamento de como era feito o som e como pra sempre deverá ser feito. Vamos falar desse maravilhoso disco, que marca a estréia do baterista Márcio “Slaughterer” Cativeiro que, em minha opinião, fez um trabalho excelente na bateria dessa lendária banda: simples e direto como se deve ser, sem grandes “firulas”, mas com muita qualidade. Pra quem espera alguma coisa muito diferente nesse disco da banda está muito enganado, vai encontrar aquele mix perfeito já ditado há muito por clássicos como Hellhammer e Celtic Frost, mas e daí? O material em Vol. 4 está perfeito como sempre, em cada música uma empolgação, uma vontade louca de banguear e berrar, do jeito que o Metal deve ser feito! Ouçam com calma, pessoal, e vocês verão: o estilo nunca morrerá enquanto tivermos bandas de tanta qualidade como o Apokalyptic Raids no cenário. Um destaque para a gravação, que me remete com brutalidade ao início dos anos 80. É simplesmente lindo ouvir a gravação desse disco. Se tivesse que escolher uma música para ser o “carro-chefe”, com certeza seria “Victim O´Velocity”, que é maravilhosa em todos os sentidos!
Formado em 2005 o Bleed From Within possui uma “pequena grande” carreira até agora. Logo que foi lançado o primeiro EP a banda já conquistou seus primeiros fãs, o suficiente para turnês no Reino Unido e toda Europa. Em 2009, seu álbum de estréia levou a banda a um sucesso merecedor. O disco, contendo apenas músicas inéditas, mostrou todo talento que a banda podia dar no momento: muitos breakdowns com guitarras melódicas em um ritmo brilhante. Já nesse ano, talvez a angústia dos fãs por novas músicas tenha levado o Bleed From Within a lançar seu segundo álbum “Empire” no qual as letras continuam muito criativas e a parte técnica está instrumentalmente muito bem elevada. Diferentemente do primeiro álbum, as faixas não são tão chamativas, o peso das músicas parece ter caído lembrando Metalcore. A faixa “The Healing” escolhida para o primeiro vídeo não mostra algo que seja muito atrativo e inovador. Em “Emperor” o que pode destacar a música são a velocidade e o solo, mas isso ocorre também em outras faixas, o que torna as músicas muito parecidas e sem variações de afinação. A última faixa “Legion“ é uma boa música que pode até ficar na cabeça, o problema é ser muito diferente do que já se conhecia da banda.
Nota: 5 Matheus “myu” Oliveira
Nota: 9 Augusto Hunter
ANNOTATIONS OF AN AUTOPSY “Reign of Darkness” Nuclear Blast/ Seige of Amida Records
Nota: 5 Matheus “myu” Oliveira
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BLIND GUARDIAN “At The Edge Of Time” Nuclear Blast Records Admito que quando At The Edge Of Time foi lançado, não me chamou muita atenção. Talvez fosse porque o trabalho anterior da banda, A Twist in the Myth (lançado em 2006), não tenha me agradado como eu esperava. Claro que não era ruim, mas o Blind era capaz de coisa muito melhor. Então eu simplesmente achei que seu novo trabalho seria algo espelhado em seu antecessor. Felizmente, não poderia estar mais enganado. At The Edge Of Time foi tão bem produzido que chega a rivalizar com Nightfall in Middle-Earth, de 1998 (considerado o melhor trabalho da banda até hoje). A capa por si só já é bem convidativa, pois se trata de um trabalho de arte incontestavelmente incrível, e as faixas não poderiam ser diferentes. As músicas estão orquestradas com um forte peso dramático combinado com melodias muito bem trabalhadas, notandose a qualidade desde a primeira faixa, Sacred Worlds. Isso não significa que o pessoal que não é fã de sinfonias em excesso não vai gostar do novo albúm, pois a banda soube equilibrar a orquestra de um belo modo, sem interferir no peso das guitarras e na grande habilidade vocal que Hansi Kürsch demonstra em faixas como Tanelorn e Control The Divine. O sentimento épico marcante, característico da banda está mais forte do que nunca, e isso pode ser percebido desde a primeira até a última faixa. Todo fã de um bom e verdadeiro power metal (principalmente os adoradores da Terra-Média), não se arrependerão. Novamente os grandes mestres mostraram toda a força e glória do power metal alemão. Nota: 10 Yuri Azaghal 30
BRING ME THE HORIZON “There Is A Hell Believe Me I’ve Seen It. There Is A Heaven Lets Keep It A Secret” Visible Noise/ Epitaph Record/ Earache Bom, Bring Me The Horizon é uma daquelas bandas que você ama ou odeia. O primeiro álbum “Count Your Blessings” foi uma bamba total e confesso que comecei escutar muitas bandas depois de ouvir esse álbum. Logo foi revelado que o processo envolvia várias mixagens no vocal, mostrando que não havia nada de mais na capacidade do vocalista Oliver Sykes. O segundo álbum da banda é mais puro na voz, o que faz com que a banda seja mais real em apresentações ao vivo, mas dessa vez os efeitos foram na parte instrumental! Não muito aguardado, talvez só para os fãs, o terceiro álbum de inéditas da banda, que traz esse nome imenso, mostra que o lado Metalcore da banda realmente tocou mais forte, mais efeitos, coros, violino e piano. As canções soam muito melódicas e, apesar de ganhar esse novo rótulo, a banda não chega perto daquelas já presentes no ramo há mais tempo. Liricamente traz letras associadas ao amor, luxúria, verdade e desejo, que são equilibradas pela escuridão e pelo mal que provavelmente existe enterrado dentro de todos nós. Vale a pena conferir pra quem acompanhou o trabalho da banda até agora. Nota: 4 Matheus “myu” Oliveira
BURZUM “Belus” Byelobog Productions Após ser liberto recentemente da prisão, o peculiar Varg Vikernes volta à ativa com o seu projeto solo Burzum. Após onze longos anos sem qualquer material inédito, o novo álbum Belus deixa evidente o que Varg Vikernes quis dizer com “O Novo Burzum”. Em comparação com os trabalhos anteriores de mais de uma década atrás, nota-se que Vikernes usou equipamentos mais sofisticados para a produção das faixas. As músicas estão com um timbre mais limpo e bem mais trabalhado que seus antecessores. E não é apenas na qualidade do som que notamos a nova era pós-xilindró do Burzum. A fonte oficial do logotipo da banda foi alterada. Seja como uma forma de representar uma era de mudanças, seja porque Varg simplesmente está de saco cheio da mesmice, o fato é que não veremos (pelo menos por enquanto) a tradicional fonte “Diploma” no logo do Burzum. Além disso, a capa de Belus foi uma das mais belas até hoje. Como Belus é um álbum focando a mitologia nórdica, a imagem representa o espírito do antigo DeusSol (Belus), manifestando-se atrás de uma árvore. Em uma resposta curta e direta, posso dizer que Belus está entre os melhores trabalhos do Burzum. Varg Vikernes equilibrou atmosfera e peso de uma forma agradável. Embora esse novo projeto não tenha o peso contido em algumas faixas de Aske, por exemplo, as faixas se tornam atmosféricas ao mesmo tempo em que não se tornam lentas demais e, conseqüentemente, cansativas. Dessa
forma, Belus consegue cumprir seu papel da jornada do Deus-Sol e sua destruição, representando a morte da luz e da inocência. Com um tema inteligente e uma composição de letras e melodias bem trabalhadas, qualquer fã do grande projeto de Vikernes com certeza verá em Belus um novo Burzum, tão bem produzido e superior a qualquer um de seus antecessores. Destaque para as faixas Belus’ Død e Morgenrøde, sendo duas das mais bem produzidas. Nota: 9.5 Yuri Azaghal
CARNIFEX “Hell Chose Me” Victory Records O gênero denominado Deathcore tem crescido de alguns anos para cá de uma mistura com muito peso do Death Metal e velocidade do Metalcore. No ano de 2010 o espaço para bandas parece ter aumentado com a popularidade e um dos fortes precursores é, sem duvida, o Carnifex (que significa “carrasco” em latim). Com extrema qualidade técnica a banda vem mostrando a evolução de seu som brutal nos últimos anos. Em Julho de 2007, a banda lançou seu primeiro álbum Dead in My Arms. O sucesso deste álbum foi tão grande que atraiu a atenção da Victory Records com quem assinaram, em 2008, e no mesmo ano lançaram o álbum The Diseased and The Poisoned e, em 2010, Hell Chose Me. O novo álbum vendeu cerca de 3.100 cópias nos Estados Unidos em sua primeira semana de lançamento
e mostra mais que a evolução da banda. Mostra, ainda, qualidade de música pesada, letras agressivas, riffs pesados e marcantes e um vocal brilhante de Scott Lewis. O disco inicia com a faixa-título com temática obscura e até considerada blasfêmia, que não foge da fúria da música. Em “Sorrowspell” o lado Death Metal da banda se destaca de maneira aterrorizante com um instrumental perturbante do início ao fim. O álbum ainda contém uma versão bônus com um cover monstruoso de “Angel Of Death” do Slayer e a arte da capa pode expressar o conteúdo do CD. Até agora foram lançados oficialmente dois clipes que, diferentemente da capa, todo o horror brutal é capturado em seu desempenho, sem frescuras, sem sangue cenográfico e efeitos. É só caos, e é exatamente nisso que a banda consiste: “Toda noite, nós nos esforçamos para tocar extremamente apertado, às vezes pode ser difícil fazer uma demonstração tão intensa de forma interativa, mas temos certeza de que todos estão envolvidos.” explica Lewis. Hell Chose Me com certeza é uma aula de Deathcore para quem pensa em começar nesse cenário. Em turnê com As I Lay Dying, All That Remains e Unearthly, Carnifex segue ao lado de grandes nomes dessa geração mostrando sua capacidade no palco e aumentando o número de admiradores por onde passa causando caos. Nota: 9 Matheus “myu” Oliveira
DECREPIT BIRTH “Polarity” Nuclear Blast O Decrepit Birth é aquela banda que você às vezes vai ter uma noção do que esperar, mas eles vêm e te surpreendem. Aconteceu no disco anterior a esse, o “Diminishing Between Words” e mais uma vez os caras me pegaram pelos pés. O Polarity abre com uma música que parece uma simples introdução, mas não, (A Departure Of The Sun) Ignite The Tesla Coil só vem mostrando como o disco vai caminhar. É aí que rola um lance, ele é maravilhoso, com passagens de violão clássico e tudo mais, coisa que no Death Metal, dentro do estilo desses caras é algo bem legal. No entanto, o uso constante disso pode “encher” um pouco, coisa que acontece com a faixa “Polarity”. Uma música extremamente rica, com andamentos arrastados em alguns momentos e em outros a velocidade clássica que marca o Death Metal, mas se você exagerar nessa mistura fica cansativo e pode levar à estafa auditiva. Bem, acho que vale a pena pegá-lo e dar aquela orelhada! Tenho certeza que, como eu, vai ouvi-lo sem parar por um tempo. No entanto, o inevitável poderá acontecer: ele cair em esquecimento... Mas tem algo bom nisso, pois sempre que você ouvir uma música, vai querer ouvir o disco inteiro e essa é a mágica de uma boa banda! Nora: 9 Augusto Hunter
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DEMONICA “Demonstrous” Massacre Records
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Essa fantástica banda formada por integrantes conhecidos no metal internacional como FORBIDDEN e MERCYFUL FATE, fizeram uma boa mistura de suas influências e criaram realmente uma banda de alto nível com riffs arrematadores, velozes e técnicos. Seu CD debut já começa com muita pancada. A primeira música, “Demon Class”, tem seu começo fantástico, criando todo um clima que prepara a porradaria que estaria por vir no decorrer dos segundos e logo senti o soco nos ouvidos e os bumbos voadores de Mark Hernandez a todo vapor durante a música e os vocais bem raivosos de Klaus Hyr. “Ghost Hunt” é uma verdadeira avalanche nos ouvidos com riffs fantásticos, com um grande peso e arranjos frenéticos. O refrão me faz lembrar o Forbidden e a bateria está sensacional e avassaladora; realmente um som pesado para bater cabeça. Quem achou que o Demonica só tinha músicas rápidas, viu que não é bem assim, pois “My Tongue” provou ter peso ao extremo, é uma música muito envolvente, te seduz a cantar o rasgado refrão, realmente sensacional. “Luscious Damned” é bem rápida com pegada thrash firme e refrão marcante. As bases em “Below Zero” são muito bem arquitetadas e a música tem um clima diferenciado com certo efeito nos vocais. “Alien Six” possui um refrão forte com “six, six, six” além de bases, arranjos e bateria muito bem compostos. Todos sabem que o Forbidden é uma banda sensacional, pois nas músicas:
“Palace of Class” e “Fast and Furious”, Craig Locicero não perdoou e não deixou por menos, elas lembram muito a banda. “Summoned” faz uma viagem em sua mente, parece entrar na cabeça depositando peso em seu subconsciente. É uma música pesada que me fez refletir, bem diferente das outras do CD, assim como a instrumental “Astronomica”. Se “Summoned” já me fez viajar, “Astronomica” certamente é o destino final dessa viagem com grande técnica, peso em um instrumental fantástico de categoria. Demonica é uma banda nova que nasce grande, espero que ela dure muitos anos e nos traga esse peso com técnica, sempre. Esses caras são sensacionais. Keep Thrashing Demonica! Nota: 9 Ricardo Thomaz
EXODUS “Exhibit B: The Human Condition” Nuclear Blast Records Em seu décimo álbum de estúdio, o Exodus continua impressionando ao manter sempre a alma do bom e velho Thrash no topo. “Exhibit B: The Human Condition” caiu como uma luva em meus tímpanos sedentos por guitarras pesadas e bases de extrema qualidade de Gary Holt, um verdadeiro mago e uma das minhas fontes de inspiração. Rob Dukes arrebenta e acaba com qualquer dúvida sobre sua qualidade e permanência na banda. O petardo começa com “The Ballad Of Leonard And Charles”, uma linda introdução com peso e melodia, e logo vem uma avalanche metálica de palhetadas. A 3ª faixa, “Hammer And
Life”, me levou de volta ao passado, no auge de “Fabulous Disaster” com Rick Hunolt voando no palco com o clip de “Toxic Waltz”; realmente uma música fantástica. Em “Nanking” a música se arrasta, é bem pesada e marcante. Destaque também para a música “Democide”, uma excelência metalística Thrash maníaca. Se Gary Holt queria “retratar a violência do homem na sua beleza”, ele realmente conseguiu com esse álbum. Seu antecessor, “The Atrocity Exhibition... Exhibit A”, foi o começo e esse com certeza é uma continuação daquilo que o Exodus vem plantando, que é sempre manter as raízes do Thrash muito bem profundas na terra do metal. Será que teremos o Exhibit C? Nota: 9.5 Ricardo Thomaz
FLOTSAM AND JETSAM “The Cold” Driven Music Group A banda de Thrash Metal Flotsam And Jetsam é conhecida por um estigma nada interessante, pois foi dela que saiu o baixista que ocupou a posição de Cliff Burton no Metallica por anos. Sim, Jason Newsted é oriundo dessa banda americana, que anunciou o seu final em 2005, depois do lançamento do disco “Dreams Of Death”, mas 5 anos depois retornou com “The Cold”. Um disco muito bom dentro do estilo deles, mas se você quiser aquele “thrashão” anos 80, corra daqui. Como propõe o nome do disco, “The Cold” é um disco mais frio realmente, com boas músicas, porém mais introspectivas e pegada de Thrash metal.
“Hypocrite” abre bem o disco, com um refrão marcante, guitarras pesadas e tudo mais. Se repararmos bem, o disco vai seguir inteiro bem na linha da música de abertura, aquele lance mais arrastadinho – só que com qualidade – algo a se marcar nesse disco. Destaque para a maravilhosa música “Better Off Dead” que começa com belos violões e com o vocal poderoso de Eric “A. K” Knutson que, pra mim, é o que mais chama atenção em todo o disco, pois ele está cantando muito bem. Nota: 8.5 Augusto Hunter
Wall” é uma pequena introdução para “The Writing’s On The Wall” que é bem trabalhada com arranjos tomando conta de boa parte da música; seu final me fez lembrar o bom thrash do ANTHRAX. “In the Trenches” é rápida e disponibiliza muita energia em toda sua extensão. “Aurora” é a próxima e não deixa a peteca cair, tem um clima bem mais trabalhado com palhetadas bem feitas. Fica claro que em “Oceans of Blood” a velocidade e peso caminham juntas dando um certo ar a esta música sensacional, principalmente nos vocais que me fizeram lembrar de ARCH ENEMY. Bom, HATESPHERE é uma banda fantástica, uma das poucas do metal mais moderno que não ficam cantarolando e usam o que têm de mais gutural nos vocais reunindo peso e muita técnica. Parabéns pela obra. Nota: 8.5 Ricardo Thomaz
HATESPHERE “To the Nines” Napalm Records Esses dinamarqueses fizeram uma obra prima com o CD “To the Nines” que foi gravado em apenas nove dias. Abrir o CD com a música título foi uma ótima escolha; ela tem pegada e velocidade com vocais bem encorpados. “Backstabber” segue na mesma linha de peso, mas desta vez com bases mais soltas com direito a um intervalo dedilhado. “Cloaked In Shit” vem na sequência numa linha mais reta, permitindo uma empolgação adicional com bases mais marcantes, vocais impecáveis e os solos bem melódicos na medida certa. “Clarity” certamente agita muito com seu começo; a vontade é de ficar pulando ou batendo cabeça o tempo todo, sensacional. Em “Even if It Kills Me” a pancada volta ao topo, ela é bem curta, mas empolgante. “Commencing On The
ICON IN ME “Human Museum” Massacre Records Vamos iniciar pela “Dislocated” a 1ª do CD que começa com um efeito espacial e logo depois entra uma porrada ao estilo Fear Factory com palhetadas muito boas e uma distorção rasgada. Os vocais de Tony JJ estão excelentes. “That Day, That Sorrow” me fez lembrar os vocais de Max Cavalera no refrão e a pancadaria sobra com os bumbos voadores de Morten. Os vocais têm muito equilíbrio, na medida certa dentro da música. “End of File” dá um ar mais trabalhado
com backing vocals bem frisados e arranjos bem feitos. “Empty Hands” é a próxima e me agrada muito seu começo com peso e uma base bem empolgante. Arranjos viajantes dão todo um clima. Agora chegou realmente o momento, em “Moments” a pedreira volta bem ao estilo Machine Head com bases rápidas e refrões aos berros bem pausados. No meio da música, uma espécie de mosh faz sua cabeça bangear e a porrada volta pra acabar com tudo. Em “Blood Ritual” a pancada volta forte com seu refrão ainda mais marcante lembrando muito Sepultura com Machine Head. Em “To the End” o trabalho fica excelente, pois as bases ficam bem pesadas. Destaque para os solos nessa música, que são rápidos. “In Memorium”, uma pequena instrumental que abre as portas para “The Worthless King”, que vem bem rápida e pesada. A bateria nessa música realmente destrói e Morten bota pra quebrar colocando os bumbos duplos pra explodir. Em “Turn the Dead On” a bateria lembra muito death metal, mas logo voltam ao seu estilo com muito peso e arranjos característicos do som moderno. Quando o solo aparece é maravilhoso, muito bem tocado, clássico e melódico, realmente uma obra prima. “Avoiding the Pain” vem com mais peso, solos mega técnicos e bases bem picadas sem deixar por menos a melodia imposta. “Fierce By God” veio na hora certa deste CD me fazendo bater a cabeça com seu começo marcante. Um destaque novamente para o solo, e principalmente na base do solo que não deixa a peteca cair mantendo o agito nessa hora. Certamente um ícone nasce, Icon in Me tem peso, técnica e muita agressividade em seu som. Me agradaram muito esses caras da Rússia, que provaram saber fazer um metal de qualidade. Que venham com mais obras-primas como essa. Nota: 9 Ricardo Thomaz
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IMPENDING DOOM “There Will Be Violence” Facedown Records “Gorship” é o termo usado pela banda para designar seu estilo musical que mostra o peso da música Gore junto com a adoração pelo seu deus cristão. Foi com álbum “The Serpent Servant”, de 2009, que a banda chegou ao seu auge e, em curto período entre turnês, rendeu mais um álbum nesse ano. There Will Be Violence, em português “Haverá Violência”, é também o nome da faixa título e com certeza mostra violência, mas em sentido musical, sendo a mais pesada do álbum. A temática, pra quem já conhece, mostra o lado cristão da banda, porém sem fanatismo. Eles mostram a visão que têm sobre sua religião como pode ser visto na letra que diz “Para os incrédulos que repetidamente tentarem manter a sua fé na humanidade eu prometo que haverá violência.” Logo em “The Great Fear” o som continua brutal com um trecho que soa sombrio e volta a fechar com breakdowns de peso. Já em “Love Has Risen” a brutalidade começa a diminuir seguindo até o fim do albúm com faixas que deixam o lado Deathcore da banda. O peso intrumental decai para batidas mais em down-time que fazem com que toda a violência e ira do começo do album diminuam e acabem enjoando o ouvinte. Nota: 6 Matheus “myu” Oliveira
INCITE “Nothing To Fear” I-Scream Records Esse é o álbum debut dessa banda vinda do Arizona nos Estados Unidos. Incite com certeza entrou com pé direito na cena metalística e com grandes influências de Sepultura e Lamb Of God. Os vocais de Richie lembram muito Max Cavalera em “Roots”; é como som de uma batedeira com uma colher dentro. A qualidade de gravação é muito boa, claro que fica longe da qualidade das bandas citadas acima, mas está excelente para um CD debut. A pancada começa com uma pequena introdução e lá vem as músicas “ The Slaughter”, “Nothing To Fear” e “Army of Darkness” que são músicas extremamente pesadas com bases muito bem trabalhadas e vocais brutalmente guturais. “Time For a Change” me lembrou a banda Primal Fear misturado ao bom e velho Thrash. Em “Tyranny’s End” é metal puro na veia, me fez sentir um jovem adolescente enlouquecido, arregaçando a cabeça como nos velhos tempos. “Die With What You’re Done” e “Down And Out” parece um pouco com Kreator, suas bases e arranjos são senacionais somados ao peso das guitarras. Incite com certeza me faz lembrar da banda mais famosa do Brasil, o Sepultura, em seu auge com a atualidade do fantástico metal moderno e arranjos sinistros. “Nothing To Fear” é um grande passo na estréia desta banda e esperamos que o próximo seja um belo chute na bunda de muita gente. Nota: 7.5 Ricardo Thomaz
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IRON MAIDEN “The Final Frontier” Emi The Final Frontier é um disco que trouxe polêmicas desde a capa, com um Eddie diferente, num visual meio Predador, num ambiente de ficção científica, o que desagradou a alguns, mas o resultado me pareceu bom. No âmbito musical, temos nesse disco Nicko arrebentando como sempre, com sua bateria soando muito bem na gravação. As guitarras trazem bons solos, bases e riffs contagiantes, mas um pouco mais de peso seria bem vindo (El Dorado é uma que se benificiaria muito do peso adicional). Três guitarras acabam parecendo até desnecessárias por vezes - fazem muita falta aquelas dobras de Dave e Adrian, por exemplo. Bruce Dickinson está cantando muito, mas exagera nos tons altos e às vezes acaba soando estridente e enjoativo, mas em outros momentos soa fantástico. Seria o trabalho do produtor conter os excessos, ajustar as guitarras e fazer o som da banda crescer um pouco mais. Não foi feito, mas não é um disco ruim, pelo contrário: está no nível dos últimos discos da banda; aliás, até acima dos dois últimos. Traz uma variedade grande de estilos, desde Satellite 15, uma longa introdução quase “industrial” como Steve chegou a dizer; a música emenda no hard clássico da faixa título, ótima. O problema é que estão juntas, emendadas na mesma faixa. Se você quiser pular a introdução, terá que adiantar a faixa manualmente. Essa variedade segue por todo o álbum, com as mais rápidas El Dorado e The Alchemist (na linha de Man On
The Edge e Be Quick or Be Dead); as dinâmicas Mother Of Mercy e Isle Of Avalon trazendo aquelas tradicionais introduções e ganhando corpo no decorrer de sua duração; e o lado erroneamente considerado “prog” em The Man Who Would Be King e When The Wild Wind Blows, daquelas músicas longuíssimas do Iron, batendo os onze minutos, começando com uma típica melodia “sing-along” bem característica da banda, daquelas que grudam na cabeça. Em resumo, em termos de Iron Maiden sempre se espera mais, em função da era de ouro da banda, que estabeleceu boa parte dos paradigmas do metal. Mas é um ótimo disco e segue o padrão do anterior, A Matter of Life And Death, sem os excessos e as repetições enjoativas, o que é muito bem vindo. Nota: 8.5 Marcelo Val
variação de guitarras e de vocal. Como consta só um na banda parece um bom trabalho de mixagem bem elaborada, além de muita velocidade. As faixas “Pandemic” e “Deceiver’s Creed” possuem muitos momentos de satisfação e os guitarristas mostram um comando forte sobre a criação de arranjos melódicos. Outra faixa forte que pode chamar a atenção é “Slave Nation” com seu solo muito bem executado. O álbum fecha com “The Culling” que mostra muita criatividade rítmica na banda. Digamos então que, Knights of the Abyss, apesar de mostrar grande capacidade de criação, possui influências visíveis, mas de boa escolha. Talvez ainda não tenha sido encontrada uma identidade própria pelo pouco tempo de união da formação atual, mas a capacidade da banda só tem a elevar se continuar com esses caras. Nota: 7.5 Matheus “myu” Oliveira
detalhada (mais um bom trabalho do genial artista Pär Olofsson), e a pegada “Splatter Gore” das faixas com uma inegável qualidade. São quase quarenta minutos de pura brutalidade bem trabalhada, coisa que só uma banda pioneira do estilo como Malevolent Creation poderia fazer, garantindo mais um álbum bemsucedido. Quando ouvi esse albúm pela primeira vez, foi exatamente quando ouvi inicialmente o trabalho de estréia do Cavalera Conspiracy (Inflikted). Simplesmente dá vontade de ouvir e ouvir de novo, e de novo. Conservando os elementos brilhantes de seu antecessor e ainda os aprimorando, Invidious Dominion é um trabalho quase obrigatório para todo fã de Death Metal. Afinal, não é qualquer Zé Mané que assina com uma puta gravadora como a Nuclear Blast Records e está na ativa com mais de vinte anos de pura brutalidade e sucesso. Está aí a dica para quem deseja conhecer um novo e ótimo álbum (ou até mesmo uma nova é ótima banda, se for o caso). Destaque para as faixas “United Hate”, “Slaughterhouse”, “Antagonized” e “Invidious Dominion”. Nota: 9 Yuri Azaghal
KNIGHTS OF THE ABYSS “Culling Of The Wolves” Ferret Music Desde sua criação, em 2005, até 2009 o Knights of the Abyss já passou pela gravação de dois álbuns com algo em torno de 15 membros diferentes. Pois é, e depois de todo esse tempo de trocas a banda lançou esse ano seu terceiro disco ”Culling Of The Wolves”. Para uma banda quase inteiramente reformulada, com exceção do guitarrista Nick Florença, esse disco é capaz de agradar aos fãs mais antigos e até conquistar novos. A primeira faixa “The House Of Crimson Coin”, assim como o resto do CD, pode lembrar The Black Dahlia Murder pela grande
MALEVOLENT CREATION “Invidious Dominion” Nuclear Blast Records Uma ótima notícia vinda direto do Underground para os fanáticos por metal extremo: os fãs de Malevolent Creation podem começar a comemorar! Se o seu trabalho passado, Doomsday X (de 2007) já foi um puta álbum incontestável, Invidious Dominion (lançado oficialmente no dia 24 de agosto) mostra que a banda sabe aperfeiçoar o que antes já era tido como uma obra-prima. A capa do novo trabalho está muito bem
METHEDRAS “Katarsis” Punishment 18 Records Formada em 1996, essa banda italiana colocou realmente o Testament à la “Demonic” para fora, em seu 3º disco “Katarsis”, com bastante técnica, 35
vocais fortemente guturais de Claudio Facheris e bases extremamente pesadas. Uma excelente mistura de Thrash e Death na medida certa. A composição de todas as faixas estão fantásticas trazendo um Thrash “Old School” com modernidade. A música “TDKM” logo de cara me fez perceber a brutalidade desta banda, com certeza a melhor música do CD. Em “Flag of Life”, uma mistura de Testament com Sepultura, temos um milkshake de peso e velocidade. A música título “Katarsis” é bem marcante, principalmente na parte mediana com solos melódicos bem arranjados. “Mass Control” anuncia algo mais calmo, como plumas caindo ao vento, mas logo a brutalidade entra em ação e acaba com a frescura e o bom e velho Thrash assume a demolição total. Methedras é uma banda excepcional com forte influência de Thrash sem desprezar as influências do metal atual. Aguardaremos ansiosamente pela próxima pizza italiana do Methedras com muito orégano, ketchup e mussarela.
opinião, é o grande diferencial dessa banda lotada de peso, andamentos e criatividade. O disco começa com a maravilhosa “Embracing Extinction”, que é rápida como esperamos do Misery Index. Seguimos o disco com “Fed To the Wolves”, outro som que mostra o poderio dessa banda, uma música fantástica. “The Carrion Call” chega com um andamento mais cadenciado, com passagens de bumbos muito bem encaixados e a levada mais Death Metal na música, mantendo o nível do disco em que eles mostram toda a força bélica desse incrível time. Em todo o tempo de reprodução você vai encontrar o que de melhor temos em termos de Death Metal / Grindcore, com o melhor do extremo. Esse é, pra mim, um dos melhores lançamentos desse ano, dividindo com bandas como System Divide, Terror entre outros. Curtam bastante! Nota: 10 Augusto Hunter
Nota: 8 Ricardo Thomaz
NORMA JEAN “Meridional” Razor & Tie MISERY INDEX “Heirs To Thievery” Metal Blade Mais uma vez o Misery Index veio com tudo nesse disco! Eles conseguiram manter nesse lançamento a qualidade que achamos em “Traitors” e outros discos! O que me chama a atenção no Misery Index é o abuso de riffs e passagens hardcore, o que, em minha sincera 36
O Norma Jean já está na estrada desde 1997 e, apesar de trocas frequentes de membros, a maioria dos álbuns lançados pela banda foram bem sucedidos. Todo esse tempo de experiência rendeu nesse ano o que pode ser considerado um dos melhores, se não o melhor, álbuns da banda. “Meridional” é daqueles que fazem você ficar cada vez mais tenso até que possa aumentar mais o volume. A banda optou por fazer
um novo álbum que fosse totalmente novo com as raízes que os membros tinham no início de suas carreiras. O pontapé inicial do álbum é “Leaderless And Self Enlisted” com um contratempo extravagante, gritos, vocais e guitarras doentias, ritmo agitado já conhecido nas músicas do Norma Jean. “The Anthem Of The Angry Brides” começa intensivamente com um solo técnico que a torna a faixa mais pesada do álbum. A faixa Deathbed Atheist foi a primeira a ganhar um vídeo que, junto com a música, a criatividade é destaque e traz partes mais melódicas nos vocais saindo um pouco dos rosnados. “A Media Friendly Turn For The Worse” corta o céu e se eleva acima dele com coro Metalcore no qual novamente aparece melodia entre fúria. “Falling From The Sky: Day Seven” é a faixa mais diferenciada do album, é mais calma e em algumas partes soa como mal-humorada e deprimente, mas em pouco tempo recupera agressividade. “Everlasting Tapeworm”, como na faixa anterior, traz algo mais melancólico, porém sem peder o peso que mantém o álbum em pé. “The People That Surround You On A Regular Basis” não tem muita velocidade, mas compensa com bastante peso, além de ser muito criativa, combinando perfeitamente com os vocais. Com refrão mais pop “Innocent Bystanders United” encerra o álbum como uma das faixas mais fáceis de memorizar, fechando com gosto de quero mais. A banda prometeu que seu quinto álbum traria a banda de volta às suas raízes, e mantiveram sua palavra. Nota: 9 Matheus “myu” Oliveira
OVERKILL “Ironbound” Nuclear Blast / Laser Company Há tempos se fala de uma volta às raízes pelo Overkill. No entanto, o que parecia uma volta parcial e gradual deu lugar a essa verdadeira aula Thrash; um disco que parece ter saído depois do clássico Horroscope. A velha sonoridade da banda, o velho carisma de volta. Overkill é uma banda que possui algumas particularidades que talvez tenham impedido sua ascensão ao hall dos maiorais. As principais residem no baixo agudo e “roncado” de DD Verni e no vocal estridente de Bobby Blitz. E são justamente elas que me fazem gostar tanto dessa banda. “The Green and Black” inicia com uma intro ao baixo, bem no estilo de Verni, um dos melhores baixistas de Thrash. Em seguida a quebradeira tem início, mostrando o que é Old School de verdade. “Ironbound” começa abrupta, dando aquela vontade de moer os meus já desgastados discos da coluna vertebral. “Bring Me The Night” tem um riff que poderia constar no clássico “Kill ´Em All” do Metallica, já sendo só por isso um destaque, até mesmo porque é tocada com a personalidade do Overkill. Uma intro dedilhada faz o clima sombrio da mais dinâmica e atual “The Goal Is Your Soul” que soa implacável. A seguir “Give A Little” traz mais do velho som da banda, parecendo ter saído do Under The Influence, arrematando com um refrão meio punk. Ótimas linhas de baixo. A rápida “Endless War” segue a aula de como visitar o passado sem soar datado, sendo sucedida por mais uma intro macabra na pesada “The Head and Heart”, dando dinâmica ao disco.
“In Vain” inicia apoteótica, dando a impressão que vai cair numa porradaria sem tamanho, mas entra numa daquelas bases punk-estilo-Overkill, com ótimos riffs, e é no refrão que a banda desce o braço. Há, ainda, aquelas típicas partes “mosh” lá pelo meio, puxadas pelo baixo. “Killing For A Living” começa parecendo que vai cair no clima sombrio, mas novamente a banda engana e manda um riff na melhor tradição do estilo de Deny The Cross. Para fechar o trabalho, o grand final de The SRC, outro Thrashão velha guarda, com diversas mudanças de andamento. Finalizando a resenha, é bom esclarecer que se o estilo das músicas é “das antigas”, a gravação é moderna, muito boa, pesadíssima e com cada instrumento no seu lugar; um CD muito bem produzido, que não confunde peso com escracho e dá o devido destaque a tudo que foi tocado. Não consigo achar um defeito, esse é nota dez com louvor. Nota: 10 Marcelo Val
Time. Gus admite publicamente a influência de Zakk e brilha em alguns momentos, como logo no início do álbum, na melancólica e “moderna” Let It Die, com um solo mais ao seu estilo. Scream traz Ozzy trabalhando um pouco mais na região grave de seu registro vocal, às vezes com um “drive” rouco que traz uma característica bem legal à sonoridade geral. O disco, em muitos momentos, mostra um metal contemporâneo, com palhetadas e bumbos duplos, coisa incomum no trabalho do Madman, como na pesadíssima Diggin’ Me Down. Fuderosa. Outra faixa incomum é Life Won´t Wait, uma “quase balada”, com levada meio folk e um refrão poderoso, viciante. Esse disco novo talvez venha a ser injustamente renegado, a julgar por algumas reações. O que é uma tremenda besteira, pois é um puta disco, vigoroso, e que pode render alguns clássicos para a carreira de Ozzy e para o metal desta nova década. Se vai alcançar o status de clássico, só o tempo pode dizer, mas na minha avaliação provavelmente estará entre os grandes discos dele. Nota: 9.5 Marcelo Val
OZZY OSBOURNE “Scream” Sony O novo disco do Ozzy é aquela falação de bobagem, todo mundo condenando de antemão e apostando no fracasso do Madman em fazer algo relevante dentro de sua própria carreira. Mas isso por si só não é motivo para se falar bobagem por aí. Scream é um ótimo disco do Ozzy, talvez o melhor desde No More Tears, com uma sonoridade atual e relevante. Gus G. não conseguiu mostrar sua personalidade no disco, o que é uma pena; em certos momentos parece que Zakk ainda está lá, como no solo maravilhoso de
SAHG “Sahg III” Indie Recordings Conheci essa banda no ano passado, comprando seu primeiro CD às cegas através do site de um grande magazine, numa daquelas promoções irrecusáveis. Vinha em um combo com um CD do Monster Magnet, e eu comprei somente por causa dessa segunda. No entanto, quando recebi a encomenda, minha opinião mudou 37
absurdamente. O CD do Sahg era um tesão, ouvi repetidas vezes, enquanto o Monster Magnet me soou enfadonho depois de um certo tempo. Procurei conhecer mais dessa banda excelente, e só havia mais um lançamento deles. Até agora, os discos vêm na melhor tradição dos anos 70, sem título, apenas o número respectivo ao lançamento. O Sahg II não me seduziu tanto, pareceu menos inspirado. Então veio esse Sahg III. Maravilhoso. Ainda não escrevi aqui qual a proposta dessa banda, e todos devem estar curiosos. Pois bem, é um Stoner que remete diretamente ao velho Black Sabbath, de discos como Masters Of Reality e Volume 4. Nada novo, dirão alguns. Realmente, e é melhor que a maioria das novidades que ouço por aí. Compententíssimo, autêntico (eles remetem ao Sabbath, mas não copiam), a sonoridade do CD é sensacional, orgânica, soa como instrumentos sendo tocados ao vivo mesmo, sem quilos de efeitos e compressão. Guitarra gorda como convém ao estilo eternizado pelo grande Iommi, baixo gorduroso e bateria com som de bateria mesmo, parece que a banda grava ao vivo, tamanha a espontaneidade. Não confundam com gravação tosca, pelo contrário, é muito bem feita. O vocal de Olav Iversen é um capítulo à parte, lembra muito o Ozzy fase Sabbath, mas muito bem cantado. Não quero dizer que Ozzy é ruim, mas a voz de Olav é afinadíssima, chega naqueles tons altos sem esganiçar, acerta em cheio no alvo e realça o som da banda. O disco começa com uma intro belíssima ao violão que parece ter sido tocada num velho instrumento, pois alguns trastejados aparecem, e ao invés de soar imperfeito, realçam a beleza do trecho. A seguir entra Baptism Of Fire, e nos envolve completamente. Destacar alguma faixa desse disco é impossível para mim, pois é um daqueles discos que justificam o conceito de obra fechada. Todas as músicas fazem parte de um 38
conjunto essencial, que no entanto não cansa, pois é feito com absoluta competência. As músicas simplesmente fazem sentido juntas, na sequência colocada no CD. Uma grande banda, num estilo não muito popular, mas que merece ser muito mais (re) conhecida. Baixem, comprem, copiem, ouçam pela internet, mas ouçam. Não se arrependerão. Nota: 10 Marcelo Val
corpiões destilam em suas baladas. Lorelei é meio breguinha, sendo o ponto mais fraco do disco. Sly confirma a excelência dos alemães nesse território, com seus tons menores e solos que certamente foram feitos por Rudolf Schenker. O disco tem mais grandes momentos em No Limit, com riffs sensacionais, seguida pelo hardão porrada Rock Zone, na tradição de clássicos como Comin´ Home e Now. Terminando o disco, mais uma balada, dessa vez com um clima “pra cima” típico do Hard oitentista, mas com o já supracitado veneno dos escorpiões, que os torna únicos nessa área. The Best Is Yet To Come fecha o disco nos dizendo que o melhor ainda está por vir, será? Sem os Scorpions na ativa, eu duvido. Nota: 9.5 Marcelo Val
SCORPIONS “Sting In The Tail” Sony O ano de 2010 trouxe uma péssima notícia: o fim do Scorpions. A triste decisão é justificada pela banda alegando ser um ótimo momento para encerrar a carreira no topo. E resolveram fazer isso com um puta disco, agora com a sonoridade que os fez famosos - a dos anos 80, que nos vem à mente quando pensamos em Scorpions, sem desmerecer outras fases. E é isso que os alemães oferecem nesse Sting In The Tail. O peso do último álbum deu lugar ao timbre de guitarra oitentista que marcou as músicas descritas acima. Começando com Raised On Rock, que poderia facilmente entrar no Lovedrive ou Animal Magnetism. A pegada hard continua na faixa título, com efeitos na voz, mas sem sair da veia oitentista. As baladas estão presentes em abundância, é claro. The Good Die Young é uma balada que foge à breguice das últimas incursões da banda nesse campo, apresentando aquele típico “veneno” que só os es-
SLASHER “Broken Faith” Independente Formada no ano de 2008 em Itapira/ SP a banda Slasher vem fazendo barulho no underground nacional e aperfeiçoando cada vez mais seu Thrash Metal nervoso. O EP Broken Faith é formado por somente quatro faixas, mas mostra que tem muito potencial para um futuro lançamento completo. A primeira faixa, que leva o nome do EP, já começa sem cerimônias e desce a lenha. O riff inicial lembra bastante o Kreator em sua melhor fase. O que temos aqui é um Thrash Metal calcado nos anos 80,
mas com bastante influência do metal moderno, sem as frescuras do mesmo. A produção está ótima e valorizou bastante as composições. O baixo ficou bem audível e podemos conferir com clareza as linhas criadas por Wellington. Os vocais de Daniel casaram perfeitamente com a proposta da banda: agressivo, seco e infernal. As guitarras velozes criaram bases consistentes, riffs interessantes e solos simples, porém muito bem sacados. Destaco a faixa “Tormento Ou Paz” cantada em português, mostrando cada vez mais que não devemos em nada às bandas gringas. Atualmente a banda se encontra em estúdio gravando as novas músicas que farão parte de seu debut. Baseado no que vimos aqui, pode-se esperar algo de extrema qualidade pela frente. Nota: 8.5 Pedro Humangous
ravilhosa “Vagaries Of Perception”, música lotada de bumbos velozes e levadas pesadas, blast beats com a Miri detonando no vocal, entre outras passagens rápidas, então o disco abre mostrando pra que eles vieram e assim se segue. A segunda música “An Intoxicating Affair” segue mostrando a qualidade da banda, que, em minha humilde opinião, segue maravilhosa, com passagens de vocal limpo da Miri com o perfeito gutural do Sr. Sven de Caluwé, mostrando como deve ser feito um lance mais moderno, sem tirar a qualidade de outras bandas! Perfeito! Pra fechar a resenha só posso falar o seguinte pra vocês, queridos leitores: esse é o disco que vale a pena ter em casa, ele é maravilhoso em todos os sentidos. Se vocês quiserem uma música de destaque, me perdoem, mas pra essa obra- prima da música pesada, tudo nele é um destaque.
O disco começa com a rápida “Your Enemies Are Mine”, empolgante e direta como a gente espera, mas depois dela o disco segue mais cadenciado de um bom Hardcore, com algumas exceções como na faixa “The Struggle”. Ela começa bem rápida e depois volta pra cadência proposta para o disco. Não que isso seja um aspecto ruim, mas ouvir o disco em uma “porrada” só cansa um pouco, já que tudo parece muito igual. Vale a pena conferir o disco, pessoal! Ouçam e valorizem. Se você pegou a edição limitada do disco, vai ouvir um bônus e o maravilhoso cover de “Boxed In”, do SubZero. Classe A demais, mandem ver! Nota: 9.5 Augusto Hunter
Nota: 10 Augusto Hunter
TRAUMA “Archetype Of Chaos” Witching Hour Productions SYSTEM DIVIDE “The Conscious Sedation” Metal Blade Se o Metal Moderno Extremo precisava de um representante à altura, ele acabou de ganhar, pois o System Divide chegou com tudo no cenário! A banda é formada por ninguém menos que Sven de Caluwé, do Aborted entre outros projetos. O cara não joga em time derrotado, não mesmo! Ele montou o projeto em 2008, quando Sven se encontrou com a vocalista do Distorted Miri Milman, em 2008, e começaram a conversar. Mas deixemos a história da banda um pouco de lado e vamos começar a analisar o disco deles, que começa com a ma-
TERROR “Keepers Of The Faith” Century Media É um prazer resenhar esse disco, pois acredito que muitos fãs de Thrash Metal e Crossover também ouvem o bom e velho Hardcore, e não podemos deixar de falar dessa grande banda, que mantém a coisa do jeito que deve ser feita. O disco Keepers Of The Faith é um grande lançamento. O disco conta com 13 músicas, mas já está rolando uma edição especial, com 2 bônus pra galera ficar feliz.
Afinal, o que tem na água desses Poloneses? Já não bastavam os monstros do Vader e Behemoth, e agora me aparece essa banda chamada TRAUMA! Conhecidos na década de 80 pelo nome de Thanatos, a banda foi evoluindo seu som até que, em 1992, resolveram mudar o nome para o atual. De lá pra cá o Trauma vem angariando cada vez mais adeptos a esse som brutal, misturando o Death Metal clássico com várias inlfuências melódicas e toques de música oriental. Após uma descartável e chatinha introdução, vem a primeira faixa do álbum, “Cortex Deformation”. Um verdadeiro soco na boca do estômago! Entrada de bateria bem caden39
ciada seguida do baixo e da guitarra, criando um clima apocalíptico para o que está por vir! O instrumental me lembrou muito algo de Arch Enemy e os vocais lembram o Krisiun mais atual. A banda inteira tem talento de sobra, mas quem se destaca nesse CD é o baterista Arkadiusz “Maly” Sinica; o cara é bruto e não alivia um segundo sequer! O álbum segue mantendo o mesmo padrão de qualidade, técnica e bom gosto! Riffs marcantes em cada música, ótimos solos (poderia ter mais) e o ritmo mais cadenciado, característico deles. Como grande apreciador das artes das capas, vale mencionar que a capa de “Archetype Of Chaos” é maravilhosa! Destaque? Difícil, todas as músicas estão num nível muito próximo e agradam bastante, mas se tivesse que escolher, recomendo as faixas “The Slime” e “A Dying World”. Ao pesquisar mais sobre a banda na internet notei reações diversas, muitas pessoas adorando e outras falando mal. Eu gostei bastante, e você? Nota: 8 Pedro Humangous.
WHITECHAPEL “A New Era Of Corruption” Metal Blade Records Whitechapel é o nome do bairro em Londres onde Jack “o Estripador” alegadamente deixou muitas de suas vítimas e tem se tornado musicalmente conhecido pela banda de mesmo nome que vem agindo de forma
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tão cruel e imprevisível como aquele assassino. A New Era of Corruption foi um dos álbuns mais aguardados, em 2010, pelos fãs de Deathcore e é o terceiro e mais trabalhado disco da banda em quatro anos. Em alguns pontos o álbum traz, como em This is Exile, a característica de que cada música pode ser diferenciada por técnicas distintas de fortes batidas e breakdowns. O disco abre com o guitarrista Ben Savage se destacando na faixa “Devolver” na qual ocorre uma rápida fusão de Grind com Melodic Death Metal. A segunda faixa “Breeding Violence” lembra o álbum anterior com técnicas já caracterizadas pelo vocalista Phil Bozeman, de variações rápidas de guturais e vocal rasgado. O primeiro single é “The Darkest Day of Man” o qual conta com um vídeo que mostra o desempenho da banda e, em desenhos, mostra cenas fortes que podem expressar a agressividade da música. A quarta faixa “Reprogammed To Hate“ pode ser aquela que mais chama atenção no álbum, pois o instrumental é extremamente brutal e conta com a participação nos vocais de Chino Moreno da banda Deftones. A banda possui três guitarristas que são bem representadas por todo o disco junto com bateria com pedais duplos como uma máquina destruidora. Denominada por muitos como sendo uma banda de Deathcore, o Whitechapel mostra que apesar do rótulo pode atrair muitos admiradores de Death Metal. Isso pode demonstrar uma inovação no gênero em que rótulos podem ser quebrados simplesmente pela brutalidade e qualidade satisfatória que vêm sendo mostradas por bandas como esta. Nota: 8 Matheus “myu” Oliveira
AC/DC “Let There Be Rock” Editora Nacional Ao ler o livro Let There Be Rock, de Susan Masino, tive um mergulho na carreira da banda. Susan, que é jornalista, acompanha a carreira da banda desde 1977 e tem muita história para contar. Uma das características principais desse livro é a visão não de jornalista, mas de fã e amiga da banda, o que ora nos coloca dentro da história, ora peca pelo exagero (como chamar Cliff Williams de “mestre da colméia” e retratá-los como os melhores músicos do rock). Mas é uma leitura muito divertida, e pelo preço está valendo muito a pena. Muitas informações interessantes, histórias divertidas e obviamente os momentos tristes também estão lá. Existem alguns pequenos erros na tradução, mas nada que atrapalhe, talvez passem até despercebidos. Ótima aquisição, leitura fácil, apesar das “corujices” às vezes irritantes da autora. Mesmo assim, recomendo. Nota: 8 Marcelo Val
FREDDIE MERCURY “Freddie Mercury” Editora Planeta Essa é uma biografia de fã, feita pelo escritor parisiense Selim Rauner, e se afasta de um relato meramente histórico e de fundo jornalístico, é quase uma defesa apaixonada do ídolo. Apesar disso, e talvez por causa disso, o autor fez uma pesquisa detalhada mostrando como o jovem indiano pársi Farrok Bulsara foi construindo aos poucos o mito Freddie Mercury. Quase como uma narrativa, ele separa criador e criatura, mostrando a história controversa e dolorosa de um dos maiores artistas do século passado. Artista, ilustrador (fez capas de discos como A Night At The Opera), cantor magistral, compositor genial, Freddie é retratado como a força motriz que embalava o Queen, mostrando como ele idealizava cada aspecto de sua futura banda, enquanto seus parceiros ainda formavam o Smile, sem saber o talento que encerrava aquele jovem tímido que frequentava seus ensaios. O livro passa pelo abandono num colégio interno na infância, sua expulsão por ser flagrado em um encontro com o filho de um dos jardineiros. Relata a mudança dolorosa para a família, de uma vida confortável na Índia para as dificuldades encontradas na Inglaterra, que, no entanto, não significavam
nada para o entusiasmado Freddie. A dificuldade de se estabelecer financeiramente, de se revelar, de encontrar os parceiros adequados para o seu projeto, sua sexualidade ambígua, seu relacionamento conjugal com sua musa Mary Austin, ou o romance com a atriz alemã Barbara Valentin, os grandes êxitos da sua banda, o encontro e a parceria com a cantora lírica Montserrat Cabalé, as drogas, a promiscuidade, talvez até um pouco do modo de pensar desse artista estão retratados nesse livro, cuja leitura flui facilmente assim que iniciada. Nota: 9 Marcelo Val
KISS “Por Trás da Máscara” Editora Companhia Editora Nacional Esse livro é uma visão do Kiss pelo Kiss, contruída a partir de entrevistas com os integrantes que tocaram e tocam, e como tal, é multifacetada. Constrói um macrouniverso formado pelos distintos pontos de vista e dá uma visão definitiva de como quatro novaiorquinos pobretões se tornaram um dos maiores fenômenos musicais – melhor dizendo, audiovisuais – do século XX e do atual século XXI. A história da realização dessa biografia autorizada co-escrita por David Leaf e Ken Sharp é quase tão interessante quanto a história contida
nela. Originalmente o livro deveria ter sido editado em 1980, trazendo relatos da própria banda a respeito de sua história, suas raízes. David Leaf passou um dia com a banda em Des Moines, em Iowa, durante a tour de 1979, entrevistando cada integrante separadamente. Depois escreveu o texto que, ao invés de ser lançado, foi engavetado e ficou lá por vinte anos. A história mudou quando David conheceu Ken Sharp que, como fã, se interessou em ler o texto, se prontificando a ajudar na busca pelo manuscrito em caixas empoeiradas. Ken também tinha seu projeto, uma biografia oral da banda, com dados coletados em entrevistas e depoimentos de músicos e artistas próximos eles. O resultado é uma leitura empolgante, escrita em parte por um jornalista que não era um fã – o que dá isenção ao projeto – retratando a realidade da banda em 1979, funcionando como uma cápsula do tempo; e em outra parte o restante da história coletado em entrevistas pelo outro autor, este um fã declarado, o que garante a acurácia dos dados. Uma última e importantíssima parte traz comentários da discografia da banda, praticamente faixa a faixa, feitos pelos integrantes, produtores, compositores e músicos de estúdio contratados. Em suma, uma leitura fácil e uma aula de como fazer uma banda dar certo. Excelente para os fãs, e se você não é propriamente um fã, mesmo assim é altamente recomendável. Nota: 10 Marcelo Val
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PORÃO DO ROCK 11/09/2010 Texto: Italo Guardieiro Fotos: Marcelo Ceara e Rita Thomaz Como de praxe, o Porão do Rock 2010 começa com atraso de aproximadamente 2 horas. Mas a espera foi válida! Como fã de metal, não saí do palco 1 (vulgo Palco GTR) para ver as bandas mais pesadas da noite. Abrindo a bateria de shows tivemos a banda Mork (DF), que executa um Black metal sinfônico. Posso afirmar que a banda ganhou vantagem com o atraso do evento, pois tocou para um público razoavelmente cheio e animado que recebeu bem a banda estreante a qual tocou músicas do novo álbum intitulado Exemption na maioria de seu set-list. Vale constar que a banda foi convidada pelo próprio evento após ser anunciada banda revelação no Marreco’s Fest. Apesar de pouco dialogo entre a banda e o público, foi um show excepcional mostrando que o Porão do Rock está com um grande cast de bandas em 2010. Em seguida e sem muito atraso sobe a banda Zilla (DF) que orgulhosamente veste a camisa de sua cidade Planaltina, mostrando que lá também se faz som de qualidade. Executando músicas do seu álbum de estréia Pragmatic Evolution, não foi por menos que foi bem recebida pelo público e conquistou uma vaga no evento por meio da seletiva. O vocalista Lucas estava bastante carismático, sempre gritando o nome do evento, fazendo todos irem ao delírio ao som do Death Metal. A banda Estamira (DF) sempre me chamou atenção em todas as apresentações que vi. Formada apenas por mulheres, veio para mostrar que não é do sexo frágil. No Porão do Rock não poderia ser diferente, a vocalista Ludmila muito carismática, comunicativa e com um belo vocal gutural, junto
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com suas parceiras de banda fizeram um show brutal e direto. Espero ansioso por um álbum da banda que até então não tem nenhum registro gravado. Logo em seguida foi vez da banda Death Slam (DF), que foi homenageada pelo próprio evento. Na verdade, de homenagem eu não vi nada, apenas uma citação no flyer do evento por estar comemorando 25 anos de banda. Felipe CDC, com sua presença de palco sempre animadora, agitou o público que os esperava, e ainda puxou um maravilho coro contra um candidato ao governo do DF, que com certeza nos fez sermos pessoas melhores naquele momento. Já a banda Mindflow (SP) fez um show para um público maior, porém não tão participativo. A meu ver, foi um show em que nem a banda estava confortável.
Ao contrário da Mindflow, André Matos (SP) fez um excelente show tocando músicas da sua carreira solo e também da época em que estava no Angra e Shaman. Assim que começou tocar a música “Fairy Tale”, que foi tema de uma novela, levou o publico feminino ao delírio. Depois foi vez da banda Dynahead (DF) fazer um show vigoroso mostrando toda sua técnica. A banda faz uma grande mistura entre progressivo e o Thrash, com alguns vocais guturais divididos entre Caio Duarte e Pablo Vilela. A banda já
avisou no show que as últimas tiragens do seu CD “Antigen” de 2009 estavam sendo vendidos na barraca do evento.
Korzuz (SP) é uma banda impecável ao vivo. A banda vem divulgando seu mais novo CD “Discipline of Hate” e veio para a capital federal mostrar que tem muitos discípulos por aqui. Resumindo o show: Som e set list impecáveis, insanidade nas rodas punks e com direito ao famoso Wall of Death, o qual colocou o Porão 2010 para história. Depois do grandioso show da banda Korzus, foi a vez da banda xLost In Hatex (DF) que foi escolhida pela seletiva. Já tocando para um público pequeno, a banda, que tem como ideologia o veganismo e o straight edge (sem drogas e em prol da vida), veio para mostrar que mesmo tocando para pouca gente, dá para fazer um show espetacular.
CRASHDIET - Teatro Odisséia 05/10/2010 Texto: Marcelo Val Fotos: Heloísa Melo É engraçado como o Glam Rock acabou sendo empurrado ao underground, mantendo um público fiel, adepto aos excessos visuais do estilo. Aqui no Rio é um público até reduzido, mas que marca presença nas festas de hard/ heavy que aqui acontecem. O que hoje é chamado de sleaze é o que bandas como Mötley Crüe, Ratt e Hanoi Rocks faziam 25 anos atrás, exatamente da mesma forma e que ficou conhecido pejorativamente como Hair Metal, termo que se aplicaria principalmente ao vocalista, com um penteado meio moicano, meio glam, algo como um periquito depenado. A melhor definição do som do Crashdiet é uma mistura do som do Mötley e Ratt em seus primeiros discos, com backings à la Def Leppard. Conhecendo um pouco do som da banda, rumei ao Teatro Odisséia na Lapa, em um domingo chuvoso, para assistir ao
show. Uma estrutura pequena, porém com ótimo som, climatização adequada, bar acessível, mas surpreendentemente vendendo exclusivamente cerveja sem álcool, sei lá porque. Esse é um tipo de show em que a cerveja gelada na mão é uma parte integrante da diversão... O evento começou com cerca de uma hora de atraso, com uma intro prégravada que mostrava que teríamos um som de ótima qualidade na noite. Dito e feito: a banda entrou detonando suas músicas com uma qualidade de som e precisão impressionantes, parecendo até em alguns momentos que banda estava dublando, tamanha a perfeição da execução, especialmente nos coros característicos da banda. O público poderia ser um pouco maior, mas não decepcionou e participou com empolgação. A banda emendava uma música atrás da outra, com uma presença de palco muito boa e iluminação profissional, que parecia multiplicar as dimensões diminutas do palco. Apesar da pouca comunicação do vocal com o público, a banda interagia muito bem, esbanjando simpatia e arrancando gritinhos das fãs - o público feminino marcou pre-
sença e pela empolgação de algumas fãs, acredito que a banda tenha tido diversão garantida ao final do evento. Um show curto – com cerca de setenta e cinco minutos –, um público empolgadíssimo cantando as divertidas músicas do quarteto, som e iluminação perfeitos e um excelente desempenho em um lugar perfeito e de fácil acesso para o evento, com ingressos a preço moderado. Ótima forma de encerrar o final de semana! Parabéns aos produtores pela iniciativa de arriscar o pescoço e trazer a banda ao Rio.
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A arte das capas é sempre uma obra à parte. Nesta seção, escolhemos grandes artistas para comentarem sobre seus trabalhos. Com certeza absoluta você já viu a arte dele ilustrando a capa de uma banda que curte. Seu traço é bastante característico, expressando ao mesmo tempo o caos aliado à beleza da arte. Gustavo Sazes conversou conosco e nos conta um pouco como tudo isso começou, tornando-se uma das referências mundiais quando o assunto é arte para bandas de Metal. Confiram! HELL DIVINE: Sei que já deve estar cansado dessa pergunta, mas muita gente tem curiosidade em saber como seu trabalho começou. Contenos um pouco do início da sua carreira como ilustrador. Gustavo: Tudo começou verdadeiramente há exatos 10 anos quando comprei meu primeiro PC e fiz minha primeira capinha de demo-tape, algo bem caseiro e básico. Acho que tenho essa capinha im-
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pressa até hoje. Anos depois eu já fazia umas “travessuras” usando Corel e Photoshop e surgiu a oportunidade/ necessidade de fazer um material promocional pra banda em que eu tocava na época. Com o tempo passei a fazer trabalhos pra bandas de amigos, pra outras bandas minhas e assim foi rolando até os dias de hoje. HELL DIVINE: A vida de artista, todos sabem, não é nada fácil. Você algum dia imaginou que chegaria tão longe fazendo arte digital? Gustavo: Sinceramente, nunca criei muitas expectativas ou sequer planejei a vida que tenho hoje. Tudo sempre aconteceu por acaso na minha vida, um resultado de desventuras bem aventuradas, eu diria (risos). Já trabalhei com tantas coisas diferentes e já sonhei tantos sonhos impossíveis. Não sei como vai ser amanhã ou mesmo daqui a 10 anos. No geral, considero-me com sorte e abençoado por poder tra-
GUSTAVO SAZES
balhar e sobreviver com minha arte. HELL DIVINE: A arte das capas sempre teve muito destaque na música. Você acha que elas influenciam diretamente na venda dos CDs? Gustavo: Pessoalmente já cansei de comprar CD’s de bandas que eu nem gostava só pelas capas. Com o tempo até aprendi a gostar delas. Mesmo antes de sequer começar a trabalhar com isso já tinha esse ‘’habito’’. Bandas como Axel Rudi Pell, Iced Earth e Gardenian são exemplos de artistas que comprei a capa e depois comprei a música. HELL DIVINE:Hoje em dia seu catálogo é basicamente formado por bandas de Heavy Metal em seus mais diversos estilos. Como isso aconteceu? Gustavo: Bom, sou fã do estilo em quase todas as suas vertentes. Acho natural isso ter acontecido, até porque esse tipo de
know-how sempre ajuda. Mas é engraçado pensar que a maioria das bandas de metal estranhamente perguntam ‘’Mas você gosta de metal?? Conhece os estilos??’’ E já os meus clientes mais pop dizem ‘’Ah você é metalzão, malvado, por favor não coloque uma caveira no meu CD’’ (risos). Na verdade trabalho com música em geral, do pop ao metal, de Adriana Calcanhotto ao Legion of the Damned, sem preconceitos. HELL DIVINE: Um mágico nunca revela seus truques. Você poderia ao menos nos contar um pouco como funciona seu processo de trabalho? O quanto você usa de digital e quanto fica na parte manual? Gustavo: Infelizmente não tem truques ou receitas de bolo. Cada trabalho eu encaro de forma diferenciada. Posso levar semanas ou horas pra bolar um layout e nunca sigo o mesmo percurso na criação. No final o resultado é semelhante, até porque é o meu estilo, é obvio que as minhas artes tenham essa ‘’assinatura’’ com o passar dos anos, mas sempre tento me superar, o que não é fácil, afinal nem sempre tenho oportunidade de fazer um trabalho. Em alguns momentos você tem que respirar fundo, lembrar das contas que tem que pagar e simplesmente largar o dedo no mouse. Sobre o digital e o manual isso também varia muito. Já tive trabalhos onde 90% foram manuais e 10% digitais e também o oposto. Hoje, acima de tudo, tento criar artes com fotos exclusivamente minhas sempre que posso ou, ainda, usar fotos de amigos fotógrafos. Sempre aproveito minhas viagens pra carregar alguns gigabytes de fotos e usar em meus trabalhos. Comecei nisso com mais seriedade em 2008 e te digo que muitas capas
que fiz de lá pra cá só rolaram por conta dessas fotos. HELL DIVINE: Tudo ao nosso redor nos influencia de alguma forma. Quais artistas te influenciaram na criação de suas obras? Gustavo: Derek Riggs, Mckean, Travis Smith, Niklas Sundin, Salvador Dali, Joey Madureira e tantos outros. HELL DIVINE: Seja na música, na arte ou em qualquer coisa que se faça, sempre temos nossos favoritos. Quais os melhores trabalhos que você desenvolveu nesses últimos anos? Aqueles dos quais você mais se orgulhou? Gustavo: Escolha difícil essa. Pode ser que amanhã eu faça 10 capas e mude essa lista (risos). É extremamente cruel escolher qual é o seu filho predileto, não é justo. Além disso, tenho a tendência de escolher e pensar mais nos meus trabalhos mais recentes. Gosto dos meus trabalhos com o Angra, Arch Enemy, Musica Diablo, Oficina G3, Chainfist, Firewind, God Forbid, Nightrage, etc. HELL DIVINE: Seus traços são bastante característicos, quando batemos o olho sabemos que se trata de uma arte sua. Notamos que gosta de usar bastantes modelos humanos em situações de sofrimento e desespero, tudo com uma beleza ímpar. Como foi criada essa unidade visual? Gustavo: Não sei se a maioria dos meus trabalhos flerta com esse tema, mas também não sei te dizer como isso se propagou dessa forma. Talvez seja apenas um reflexo do que as bandas queiram, ou do que eu sinto quando leio alguma letra ou busco algum tipo de inspiração.
HELL DIVINE: Sabe-se que você tinha uma banda de Heavy Metal, certo? Você ainda atua como músico ou pretende ainda tocar futuramente? Gustavo: Faz anos que sequer toco na guitarra. Quem sabe um dia. HELL DIVINE: O que você anda ouvindo ultimamente? Gustavo: Sempre um pouco de coisas velhas e um pouco de coisas novas. Algo de TEXTURES “Silhouettes”, PARADISE LOST “One Second”, DIECAST “Internal Revolution”, Hypocrisy ”Hypocrisy” , UNHEILIG “Grosse Freiheit”. HELL DIVINE: Gosto de brincar dizendo que, hoje em dia, 11 em cada 10 capas são suas (risos). Como arruma tempo para fazer tantas artes? Gustavo: Vou te confessar: não sei! Só Deus sabe como isso acontece (risos). Só esse ano já fiz umas 60 capas. Meu ritmo é infernal, mas no fim é o que faço, tenho contas pra pagar, família, impostos, etc. HELL DIVINE: Muita gente se espelha no seu trabalho ao começar uma carreira. Quais dicas você dá para essas pessoas que querem seguir esse caminho? Gustavo: Tenha paciência. O que levei 10 anos pra desenvolver, não se aprende em 10 semanas. Experimentalismo é tudo e a fluência da criação só vem com a experiência. Não existe receita de bolo e não existe tutorial que vai fazer aquela arte com aquele visual milagroso que você tanto almeja. Busque sua voz e suas cores. Entrevista por Pedro Humangous
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Material físico ou digital? Muito já se falou sobre a pirataria e seus males pra quem pertence à indústria da música e dos benefícios para quem consome o produto final. Mas minha questão não entra nesse mérito, já bastante debatido e de certa forma desgastado. Se tratando de Heavy Metal, não creio que o maior inimigo das gravadoras e lojistas seja a pirataria, afinal, não encontramos nas ruas álbuns de Black Metal por exemplo. A questão aqui é o arquivo digital, compartilhado entre nós pela rede mundial de computadores, a internet. Antigamente, na época do vinil, um indivíduo comprava sua versão original e depois espalhava para os amigos que faziam suas cópias em fitas K7. O que acontece hoje em dia é basicamente a mesma coisa, logicamente em proporções muito maiores. A pessoa compra o lançamento de uma banda e resolve colocar em seu blog o link para que mais pessoas possam ter acesso àquela música. Isso não caracteriza pirataria, pois nenhum produto está sendo vendido de forma ilegal, e sim compartilhado como era feito há alguns anos atrás. Se temos à nossa disposição todo e qualquer tipo música na rede e de graça, por que alguém em sã consciência iria querer comprar um CD original? Essa é a pergunta que ainda me faço quando chego ao caixa com alguns CDs na mão pelo menos uma vez por mês. Sim, eu ainda compro (e muitos) álbuns originais. Muitos me chamam de louco ou mesmo de trouxa por gastar dinheiro em algo que se pode ter a custo zero. Mas é aí que entra minha verdadeira
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questão: Por que não comprar? Tudo bem, o preço não é convidativo. Mas e a emoção de abrir o plastiquinho da embalagem com toda aquela dificuldade, cheio de ansiedade? E o cheiro do encarte? Isso não tem preço! Como é bom poder ler as letras enquanto ouço as músicas com calma. Saber quem produziu, quem fez a capa, o cuidado com a parte estética, os agradecimentos, etc. Tem aquele velho ritual de chegar na sua prateleira de CDs e escolher a dedo qual deles ouvir, separar com cuidado e colocar pra tocar no som do quarto no volume máximo! Todo esse charme e encanto meio que se foram com a chegada do MP3. É legal ter acesso a tudo, a qualquer hora? Com certeza sim! Mas creio que isso seja interessante pra conhecer o som das bandas e posteriormente comprar o material original. A música, a meu ver, está ficando banalizada e perdendo seu verdadeiro valor. Ouve-se de tudo um pouco, mas no fundo não se conhece nada. Enchemos nosso HD com milhares de bandas que nunca ouvimos mais de uma vez. Saímos por aí ouvindo músicas no modo shuffle do Ipod. Talvez eu esteja completamente errado, talvez eu seja um jovem antiquado, mas essa é minha visão. Pesquisas indicam que fãs da música pesada são os mais fiéis, e ainda compram material físico de suas bandas prediletas. Segundo Ricardo Campos, “O Heavy Metal é um dos estilos onde marcam presença os fãs mais ardorosos, que encaram a música que ouvem como algo além de uma simples diversão, caracterizando-a como um verdadeiro modo
de vida, quase uma religião.” Talvez esteja aí a resposta para a primeira afirmação desse parágrafo. O Brasil infelizmente sofre de uma discrepância social cruel, se tornando muito difícil o consumo constante desse material original, fazendo com que as vendas caiam vertiginosamente, formando assim uma cena fraca e de certa forma pobre. Muita coisa boa não é lançada nesse país, e, portanto temos que recorrer aos importados, pagando uma verdadeira fortuna. E se o preço dos CDs fosse em torno de 15 reais? Será que assim as vendas poderiam subir? Se tivéssemos acesso a mais quantidade de títulos com a mesma qualidade com o que vemos lá fora? Talvez a coisa mudasse bastante. Um fato vergonhoso é termos apenas uma publicação dedicada exclusivamente para o Heavy Metal, que é a revista Roadie Crew. Muito se falou da morte do Metal, da morte do CD. Não creio nessa tendência, mas muita coisa deve mudar para que cheguemos num formato comum, que seja bom para todos os envolvidos. A verdade é que o Metal é um estilo marginalizado, mas que vem ganhando cada vez mais espaço mundo afora. Ainda estamos longe do ideal, mas é nos unindo que a coisa vai pra frente e com força total! Contem comigo! Pedro Humangous
What The Fuck!? É o que todos nos
camente, em usar animais no vocal.
ponibiliza faixas gratuitas que podem
perguntamos – seja qual for seu
Isso mesmo, você não leu errado.
ser conferidas no Myspace oficial
idioma – quando nos deparamos
Pelo jeito o pessoal não sabe mais
da banda. Faixas como “Beak Of
com fatos bizarros relacionados ao
o que inventar para tentar fazer su-
Putrefaction” e “Feral Parot” po-
Heavy Metal.
cesso. Inovação é algo realmente
dem ser ouvidas gratuitamente em
admirável quando feito com sa-
formato mp3. Eu aprovo? Não. Sou
Pet Metal – Um Gênero Nada Tradi-
bedoria e bom gosto, mas para tudo
muito tradicionalista e gosto das coi-
cional
tem limites. E o pior é que tem gente
sas como antigamente, sem contar
que anda gostando dessa nova
que isso é simplesmente bizarro!
ideia. Duas bandas
O metal possui muitos gêne-
Mas fazer o quê, há quem goste.
ros, e cada vez mais ganha
Espero que essa moda não pegue,
mais “variantes”. Apesar de
porque além de ser de muito
a maioria desses gêneros
mau gosto – na minha opi-
ser bem aceita pelo público
nião, claro – pode vir a causar
metalhead e ganhar muitos
a “demissão” de muitos vo-
fãs, outros já não são tão bem
calistas humanos.
aceitos. Seja por ideologia,
Para quem acha que estou exa-
características
musicais
gerando e quiser arriscar, aí vão
ou por pura e simples
os links do Myspace das bandas
bizarrice, o fato é que al-
citadas nessa matéria. Se você
guns gêneros são criados com o
gostar, meus pêsames. Se você cenário
que
detestar, bom, não diga que eu não
intuito de ganhar fama através da
desse
inovação e acabam passando por
estão se destacando é o Caninus,
avisei. As duas bandas são dos Es-
piada e absurdo pela maioria do
cujo vocal é feito por dois cães da
tados Unidos e o som de ambas é
público. Falando em bizarrices no
raça pitbull; e Hatebeak, cujo vo-
um grindcore um tanto animalesco.
meio do metal, abordarei aqui um
calista é Waldo, um papagaio!
gênero recente, que por incrível
A primeira possui um site oficial
Myspace da banda Hatebeak:
que pareça anda fazendo al-
em que há camisetas e CDs à ven-
www.myspace.com/beak666
gum sucesso na cena:
da, além de links diversos como
O Pet Metal.
o Myspace da banda. Nele, pode-
Myspace da banda Caninus:
Esse
gênero
mos ouvir faixas gratuitas como
www.myspace.com/caninus
consiste,
“United States of Emergency” e
basi-
“Sensationalize Demonize”. Hate-
Yuri Azaghal
beak, assim como Caninus, dis-
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Uma seleção de bandas que estão com sangue nos olhos, prontos para alcançarem o mainstream do underground. Se é que isso existe.
q u e a nova banda norueguesa de Bergen já estréia com força total. The Underworld Regime, lançado em fevereiro desse ano pela Indie Records, é um álbum bem trabalhado, obscuro e direto, exatamente como os fãs de Black Metal apreciam. A capa está ótima, as letras bem trabalhadas e as oito faixas e quase quarenta minutos de puro metal extremo não deixam nada a desejar. Mais informações e amostras de faixas: http://www.myspace.com/ovhell
LITHURIA Para os fãs do Death Metal Brutal, uma boa dica é a banda Lithuria, da Finlândia. A banda foi formada em 2005, porém só começou a ganhar fama após a realização da demo World Ending Pestilence em 2008, na qual conseguiram um contrato com a gravadora Redhouse FMP . Nesse ano, a banda estréia com o seu primeiro álbum oficial, chamado simplesmente de Lithuria. Depois de Nightwish e Children Of Bodom, vale a pena ouvir um bom metal extremo diretamente de Helsinki. Aprovo e recomendo. Mais informações e amostras de faixas: http://www.myspace.com/lithuria
Trata-se da nova banda de Shagrath (exDimmu Borgir) e King (ex-Gorgoroth). Com uma dupla dessas, é evidente dizer 48
Cernorog (foto acima), também vocalista e guitarrista da banda Ancestral Volkhves, lançou em julho desse ano a primeira demo de seu projeto solo chamado Warxath, na qual ele é responsável por todos os instrumentos. A demo chamada When the Stars Begin to Fall, conta com três faixas e quase quinze minutos de duração. Em seu novo trabalho, Cernorog mostra mais do seu talento para o Black Metal, que pode ser visto nos álbuns de Ancestral Volkhves. Cru e bem produzido, o som mostrado na demo do eslovaco tem tudo para fazer de Warxath mais um projeto bem-sucedido. Vale a pena verificar. Mais informações e amostras de faixas: http://www.myspace.com/warxath
CONE OF SILENCE Mais um bom e desgracento Death Metal alemão. A banda foi formada em 2008 e no mesmo ano lançaram a demo auto-produzida chamada simplesmente de Cone Of Silence, com as faixas “Cold”, “Forever Dead” e “Obsession”. No momento a banda anda sem uma gravadora e espero que encontrem logo, porque o trabalho desse pessoal ficou sensacional! Mais informações e amostras de faixas: http://www.myspace.com/ coneofsilencemetal
OV HELL
WARXATH
BACKLASH Para aqueles que adoram um Metal mais tradicional, apresento o Backlash, uma banda da Romênia. Formada em 2008, a banda mostrou seu trabalho ao mundo pela primeira vez no ano passado, com o EP Madman’s Lullaby. Contando com uma capa um tanto interessante e seis faixas totalizando quase quinze minutos, Madman’s Lullaby possui riffs bem trabalhados e pesados apresentando uma boa harmonia com o vocal e com os outros instrumentos. Para quem quiser conhecer uma banda nova que faz uma boa mistura de Groove e Thrash, Backlash é a escolha ideal. Mais informações e amostras de faixas: http://www.myspace.com/ backlashtgmures Yuri Azaghal
Sempre que existe um bom lançamento, ficamos aguardando o momento certo para comprá-lo. Pode demorar, seja por ordem de preferência ou simplesmente por falta de grana. Mas no fim das contas, sempre compramos.
aproximadamente R$ 40,00. Como é um lançamento, obviamente o preço ainda está um pouco salgado. Mas isso realmente importa? Julgando pelo fanatismo por Judas Priest de algumas pessoas que conheço, diria que não.
Iniciando a nossa primeira de muitas listas de desejos dos metalheads, hoje mostraremos alguns itens bem recentes, e um tanto interessantes para os fãs das bandas Judas Priest, Enslaved e Lamb Of God.
Lamb Of God – Hourglass – The Ultimate Anthology
Enslaved – Box Set
Judas Priest - British Steel - 30th Anniversary Deluxe Edition Lançado pela Sony Music Entertainment para comemorar o aniversário de 30 anos do clássico British Steel da banda, lançado em 1980, esse belo box de papelão conta com uma excelente arte, muitas notas e contém o álbum British Steel remasterizado, além de um álbum ao vivo e um DVD da turnê. Com certeza isso se torna um item indispensável para qualquer fã verdadeiro de uma das maiores bandas de Heavy Metal de todos os tempos. Essa beleza está saindo por
Os fãs de Enslaved têm ainda mais um motivo para comemorar, pois esse lindo box de madeira reúne os álbuns Frost, Eld(duplo), Blodhemn, Mardraum, Monumension e Below The Lights. Lançado em Setembro de 2009, essa pérola ainda pode ser encontrada em lojas virtuais e lojas especializadas. Sinceramente, achei uma das coletâneas mais completas e mais bem pensadas dos últimos tempos. Todos os álbuns são feitos em vinil. Foram produzidas 100 cópias em vinil branco, 200 cópias em vinil verde e 400 cópias em vinil negro. Houve também uma edição especial de Natal limitada em 25 cópias. Quase 3 quilos de puro metal extremo. Lançado pela Viva Hate, o preço passa facilmente dos R$ 200,00. No entanto, vale cada centavo e, para os fãs da banda, é um item que realmente vale a pena ter.
Seguindo o mesmo processo da banda Enslaved, porém sem muitas variantes e limitações, a banda Lamb Of God resolveu lançar esse box contendo a maioria de seus álbuns de maior sucesso. Burn The Priest, New American Gospel, As The Palaces Burn, Ashes Of The Wake, Sacrament e Wrath fazem parte desse box em vinil puro. Lançado pela RoadRunner Records, essa beleza que faz brilhar os olhos de cada fã da banda custa cerca de R$ 250,00. Mas novamente, fã que tem dinheiro sobrando não vai sentir remorso em torrá-lo nessa jóia. Yuri Azaghal
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M A R C E L MAURICIO BASTOS A P Í T E V T H D A F A E R LEONARDO PACHECO L U RICARDO THOMAZ R O S N H A G O U N U L M D A YURI AZAGHAL A R V N D E G C I I O U E AUGUSTO HUNTER N I A S H R A O
! L L E H O T GO O METAL ESTÁ AQUI.
www.myspace.com/helldivine