editorial O Rock In Rio mexeu com a programação da televisão e principalmente com as redes sociais nessas duas semanas do mês de setembro. É verdade, de Rock mesmo pouca coisa foi representada nos dois palcos do evento, mas não podemos de forma alguma reclamar, afinal tivemos ótimos representantes do estilo. Esse alvoroço em torno do evento me fez lembrar de como estamos carentes de grandes festivais nesse país. Nós, que curtimos o Metal, ficamos simplesmente órfãos nesse quesito. Ainda sonho com algum tipo de Wacken Open Air acontecendo em nossas terras, ou mesmo o retorno do bem sucedido Brasil Metal Union (BMU). Bom, enquanto isso não acontece, vamos tentando acompanhar os shows de bandas gringas e principalmente as nacionais que acontecem constantemente nos pubs e casas de shows. Já estamos nos aproximando do fim do ano e rumo aos três anos de Hell Divine, com muita coisa para comemorarmos juntos! Estamos preparando uma edição especial e muito material para sortear entre nossos leitores (fiquem de olho na nossa fan page)! Fizemos inclusive uma nova camiseta da revista, mas se esgotaram em apenas uma semana! A lista dos melhores do ano também está dando dor de cabeça para nossa equipe, afinal, muita coisa incrível foi e está sendo lançada esse ano! Nessa edição, conversamos com os simpáticos amigos do Orphaned Land, que merecidamente estampam nossa capa. Além deles, trouxemos o arsenal carioca com Agona e Forceps, a máquina destruidora chamada Desecrated Sphere, e os excelentes Against Tolerance, Cursed Slaughter e Ocultan! Espero que curtam essa nova edição e como sempre espalhem bastante por aí! Nos vemos em breve, GO TO HELL!!
Pedro Humangous.
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indice Editorial
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EQUIPE
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ENTREVISTas
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RESENHAS
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divine deathmatch
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COVERING SICKNESS
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LIVE SHIT
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UPCOMING STORM
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MOMENTO WTF
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RASCUNHO DO INFERNO
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Nota do Editor Chefe.
Conheça quem faz a Hell Divine.
Orphaned Land, Agona, Forceps, Desecrated Sphere, Ocultan, Against Tolerance e Cursed Slaufgter.
Diversas avaliações da revista pra você acompanhar.
Veja a análise da revista sobre os útimos laçamentos para PC, PS3 e XBOX360.
Entrevista com Raphael Gabrio, um mostro das artes.
Resenhas dos últimos shows no Brasil.
Conheça as bandas que estão surgindo.
Bizarrices do mundo do rock.
Espaço reservado aos leitores para divulgarem sua arte.
equipe Editor Chefe: Pedro Humangous Redatores: Augusto Hunter e Yuri Azaghal Designer: Ricardo Thomaz Publicidade: Maicon Leite Revisão: Fernanda Cunha Web Designer: William Vilela Colaboradores: Christiano K.O.D.A, Marcos Garcia, Júnior Frascá, Vitor Franceschini e João Messias Jr. Envio de Material: Rua Alecrim, Lote 4, Ap. 1301 - Ed. Mirante das Águas - Águas Claras Brasília/DF CEP: 71.909-360
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entrevista 4
Eis uma banda que esbanja talento e humildade, que com pouco tempo de carreira já conquistou o mundo quebrando as difíceis barreiras do Oriente Médio. Com seu Metal cheio de influências étnicas, o grupo avança firme em sua trajetória lançando trabalhos cada vez mais maduros e igualmente impressionantes. “All Is One” é seu mais recente álbum, prestes a ser lançado em nossas terras. Batemos um papo com o simpático guitarrista Chen Balbus e falamos um pouco do passado da banda, sobre os shows no Brasil e um pouco mais. Vale a pena conferir! Hell Divine: Sejam bem vindos às páginas da Hell Divine! Como tenho parte do meu sangue no Oriente Médio, tenho orgulho em entrevistá-los! Recentemente, a banda fez uma turnê pela America Latina e tocou em algumas datas no Brasil. Conte-nos um pouco como foi essa experiência por nossas terras.
Chen Balbus: Para nós, tudo nessa turnê foi um destaque, pois foi nossa primeira turnê pela América do Sul, vendo todos aqueles lugares lindos dos quais só ouvimos falar na mídia, fãs calorosos em todos os shows. A energia era incrível e, ao voltarmos para casa, ficamos com vontade de fazer outro show. Infelizmente, isso vai ter que esperar até 2014. Muitas portas se abriram para nós e algumas dançarinas de dança do ventre nos disseram que é um sonho para elas dançar com a banda.
conquistando novos territórios
Hell Divine: Mesmo com todos os problemas que ocorreram no ano passado no Festival MOA, vocês subiram ao palco e fizeram sua parte. Aconteceu algo no evento que os fez pensar duas vezes antes de subirem ao palco naquele dia? Chen Balbus: Apesar de algumas dificuldades técnicas, nós tendemos a ignorá-las e fazer nosso melhor. Existem fãs que esperaram para nos ver pela primeira vez e, para o Orphaned Land, isso é o mais importante. Sem eles nós não somos nada. Então, com todas as dificuldades enfrentadas no MOA ou em qualquer outro evento, nós sempre tentamos superar todos os obstáculos e fazer nosso melhor show para satisfazer nossos fãs e proporcionar a eles diversão e boa música. Hell Divine: Quando decidiram se unir para formarem uma banda de Metal,
vocês enfrentaram algum preconceito ou algo assim? Chen Balbus: A banda foi formada, em 1991, sob o nome de “Resurrection” por Kobi e Uri que, mais tarde, foram seguidos por Yossi e Matti. No ramo musical, principalmente quando se faz Metal que não é mainstream e, especialmente, quando Metal era novo em Israel, nós sempre enfrentamos algum tipo de preconceito em algum lugar. Um dos mais comuns é acharem que somos adoradores de Satã e coisas do tipo. Mas isso nunca foi algo para nos segurar. Nossa música traz uma mensagem verdadeira e bonita para compartilhar com o mundo – a mensagem de “Al lis One”. Hell Divine: Aqui no Brasil, mesmo com bandas começando suas atividades nos anos 80, ainda sofremos até hoje com a
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precariedade e dificuldade de se fazer Heavy Metal. Como é a cena em seu país? Existem grandes shows, bandas profissionais, bons estúdios e instrumentos? Chen Balbus: A cena do Metal em Israel ainda não é tão grande quanto gostaríamos, mas tem crescido mais e em mais formas que jamais pensamos em nossa época. Bandas são formadas a cada dia, compartilhando suas músicas e até fazendo turnês mundiais (uma delas recentemente fez turnê com o Sepultura). Bandas famosas também vêm para cá com mais frequência e quase sempre esgotam bilheteria. Em termos de estúdio, a cena ainda não está tão boa quanto gostaríamos, razão pela qual gravamos a maior parte do álbum na Suécia. A gravação de Metal em alta qualidade ainda é novidade aqui. Hell Divine: Os discos de vocês normalmente são temáticos, obras conceituais que abordam diversos temas sobre a cultura e religião. Qual a verdadeira mensagem que querem passar através da sua música? Chen Balbus: Acreditamos que nossa música
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é o maior poder de todos, prova disso foram os vários eventos dos quais participamos ao longo dos anos com o Orphaned Land. Uma banda israelense com muitos fãs árabes. Deveríamos ser “inimigos” de acordo com a mídia e os políticos, mas mesmo assim as pessoas encontram força de vontade para lutar por paz por meio de nossa música. Acredito que é o melhor jeito de fazer uma pequena mudança na mente das pessoas. Por meio da música você pode ouvir sua mensagem onde o mundo inteiro consegue ouvila e nela encontrar uma razão. Nossa mensagem em “All is One” é simples: paz e união para todos nós, esperando por um futuro melhor sem guerras e sem ódio. Hell Divine: “All Is One” foi gravado em três países distintos: Israel, Turquia e Suécia. Teve algum motivo especifico pra essa escolha? Chen Balbus: “All is One” foi gravado em três países com três maiorias religiosas diferentes. A maior parte dos instrumentos acústicos e convidados foi gravada em Israel devido ao fato de não conseguirmos levar todos para gravar conosco na Suécia. Os instrumentos de corda da
Orquestra da Turquia foram gravados na Turquia especificamente para produzir o tipo de música da orquestra em nossas músicas, e as guitarras, baixo, bateria e vocais no estúdio Fascination Street na Suécia. O estúdio do mestre Jens Bogren (Kreator, Opeth) que nos ajudou a fazer esse álbum soar, de longe, o melhor. Já tínhamos o álbum pré-produzido antes de entrarmos em estúdio. Não foi intencional viajarmos para todos esses países para gravarmos o disco, mas foi uma coincidência incrível que “All is One” é feito de motivos puramente “All is One”. Hell Divine: Não me recordo de ouvir uma banda de Metal com influências de música Árabe antes de conhecer o Orphaned Land. Talvez outras bandas mais antigas já fizessem esse tipo de som, mas acredito que vocês tenham sido os primeiros a ganhar notoriedade mundial. Vocês acham que abriram as portas para bandas como Myrath, Arkan, Melechesh, Al-Namrood, entre outros? Chen Balbus: Orphaned Land deixará uma marca nesse mundo, por menor que seja. A banda conseguiu reunir seguidores que deveria ser nossos inimigos e, mesmo assim, eles apoiam mensagem de paz e união. Metal Oriental é o gênero que mostra a realidade do Oriente Médio como ela é, de uma perspectiva diferente daquela apresentada pela mídia. Penso que Ophaned Land deu uma oportunidade para as bandas darem um passo adiante e acreditarem em sua música e na paz apesar de não ser permitido em alguns países. Hell Divine: Vocês passeiam com facilidade pelo Progressivo, usam um pouco do Death Metal e experimentam bastante nos instrumentos típicos da sua região. Quais as influências e inspirações na hora de criar o som do Orphaned Land? Chen Balbus: Nossas raízes têm grande influencia em nossa música. Kobi, por exemplo, tem raízes búlgaras, eu tenho polonesas e espanholas, Uri e Yossi iraquianas e egípcias e o Matan, raízes curdas. Cada uma dessas raízes tem tradições em músicas e tradições que achamos fascinantes e, em nossa música, tentamos combiná-las a outras raízes que achamos interessantes. Por exemplo, se você
ouvir “All is One” encontrará elementos gregos, iemenitas, egípcios, hebreus, assim como instrumentos tradicionais como o bouzouki grego, baglama turco e muitos outros. Hell Divine: Na capa de “All Is One” reconhecemos símbolos das principais religiões do mundo misturadas. Qual a mensagem da arte da capa? Chen Balbus: A incrível arte da capa para o album foi criada pelo artista francês Metastazis (Paradise Lost, As I lay Dying, Sonne Adam) que incorpora perfeitamente os três símbolos das maiores religiões em um só. Simples assim: “All is One” na melhor maneira visual de se apresentar, unindo esses símbolos em um só. Alguns, provavelmente, pensarão que isso é ingênuo, mas isso é o que esperamos e desejamos – mesmo que isso vá fazer uma pequena mudança. Esse é um começo, melhor que nossos politicos estão fazendo. Hell Divine: Tirando as tradicionais Angra, Sepultura, Krisiun, conhecem alguma banda de Metal brasileira? Falando em bandas, o que vocês têm ouvido ultimamente? Chen Balbus: Pessoalmente, não conheço muitas bandas brasileiras, mas desde nossa visita, recebemos muitos CDs de fãs que nos visitaram nos bastidores depois dos shows. Espero que quando nossa agenda ficar mais tranquila, eu possa ouvir os discos e conferir um pouco do Metal brasileiro. Ultimamente, tenho ouvido ao novo album do Megadeth e Black Sabbath, tentando descobrir se gusto ou não. Hell Divine: O novo disco está incrível e prestes a chegar ao mercado brasileiro. Agradecemos essa entrevista e esperamos vêlos por aqui de novo em breve! Chen Balbus: Obrigado pelos ótimos comentários e pela entrevista! Esperamos ve-los o mais brevemente possível! All Is One! Por Pedro Humangous.
entrevista A banda carioca Ágona surgiu com uma sonoridade moderna, pesada e diferente do que era feito. Depois de lançarem o bem recebido EP “Essencial Putrefação”, a banda vem trilhando caminhos incríveis e, agora, com o lançamento de “Homo Grotescus”, a banda está chegando a uma maturidade incrível. Vamos ver como eles reagem a tudo isso nessa amistosa conversa com Alan Muniz (vocal) e Leonardo Milli (guitarra).
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HELL DIVINE: Pessoal, qual a principal diferença que vocês sentem, desde o lançamento de “Essencial Putrefação” até hoje? Leonardo: Estamos cada vez mais entrosados, então tudo flui muito espontaneamente em cima do palco e na hora de criar. O trabalho fica leve e divertido. HELL DIVINE: A música de vocês geralmente lida com qual tema? Alan: Nós criamos uma linguagem própria com a questão do “Karma”, “Essencial Putrefação” e agora com o “Homo Grotescus”, tudo isso é construído em cima da decadência do ser humano, já que ele é o responsável racionalmente pela preservação do planeta, e o está destruindo. Nós passamos uma mensagem de destruição que é causada pela nossa espécie, e de agonia que é o sentimento anterior à morte, ou seja, tudo que chegará a um fim. É como criar uma profecia, mas também pode ser como criar um épico, porque apesar da negatividade das ações e costumes do ser humano, tentamos e queremos preparar a todos para uma mudança, uma mudança positiva. Então cantamos sobre a destruição e nosso fim, mas passamos pela individualidade de cada integrante tentando passar uma mensagem positiva, influenciados pelo ateísmo, ocultismo e ciência. HELL DIVINE: O nome de vocês é interessante, queria saber o que vocês desejam passar com esse nome e qual a maior influência da construção das músicas de vocês? Alan: No geral, é a agonia diante do fim da existência a mensagem que queremos passar, e pensar nesse sentimento místico e sua conclusão é o que influencia nosso trabalho. Claro que há as influências individuais, mas sempre nos juntamos nesse objetivo. Leonardo: Nossas influências são muito variadas, mas sempre destacamos três bandas: Pantera, Mastodon e Lamb Of God. Além de serem bandas que gostamos em comum, juntas elas representam: agressividade, inovação e liberdade de criação e são essas nossas maiores influências na construção de nossas músicas. HELL DIVINE: O Ágona faz um som mais pesado e moderno e, mesmo assim, usam o português como língua cantada. Foi muito complicado pra banda chegar nessa conclusão, já que geralmente as músicas mais modernas são em inglês? Leonardo: Na verdade, desde o início, já tínhamos esse pensamento de cantar em português, mesmo sabendo das dificuldades dessa escolha. Hoje, esse ponto é visto como um diferencial no nosso trabalho e como a maior proposta da banda é buscar o diferencial, isso é muito gratificante.
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HELL DIVINE: Como ocorre o processo de composição na banda? Foi difícil chegar ao incrível resultado em “Homo Grotescus”? Leonardo: Acontece da seguinte forma: eu apresento o esboço da música e cada um molda seu instrumento de acordo com sua personalidade, todos são livres para opinar, respeitando sempre a decisão final do dono daquele instrumento. As letras, geralmente, são escritas separadamente, então verificamos a ambiência da música com a mensagem da letra e vamos ajustando a letra com o arranjo. No “Homo Grotescus”, algumas coisas surgiram na hora, o que tornou mais interessante o trabalho e nós arriscamos mais nas vozes e na métrica das letras também. HELL DIVINE: Não podemos fugir dos recentes acontecimentos na cidade do Rio de Janeiro, o que a banda tem a dizer sobre todo o movimento que aconteceu por aqui e como vocês homenageariam o pessoal que saiu de casa para lutar por um país melhor? Alan: Nós estamos apoiando, a luta não acabou. É o que envolve o outro lado da nossa mensagem, a mudança. E, sinceramente, esperamos que esse seja o início de uma nova forma de pensar, e a mais importante - sempre questionando. Fizemos alguns shows durante as principais manifestações, e sempre levantamos a bandeira e dedicamos algumas músicas para isso. Nossa energia é compartilhada com todos que estão dentro dessa batalha por um Brasil verdadeiro e justo. Leonardo: Além de entendermos que o Rock/ Metal tem como sua via principal o protesto e o questionamento, nós fomos às ruas também. Fazendo parte direta e indiretamente dessa luta! HELL DIVINE: A banda já pensa em algum tipo de turnê, quais são os principais planos para 2013? Leonardo: Após o lançamento do clipe e do disco, pretendemos continuar na estrada cumprindo nossa agenda e o plano é só um: subir ao palco e destruir! HELL DIVINE: Pessoal, valeu pelo tempo, deixe aqui um recado para o pessoal que lê a Hell Divine. Obrigado. Alan: Primeiro, nós gostaríamos de agradecer a Hell Divine pelo apoio a cena independente e ao Metal nacional, está sendo um orgulho acompanhar o trajeto de vocês, e voltar a participar de mais uma edição! E aos leitores e todos que estão com a banda, muito obrigado! Compartilhem a informação e continuem apoiando a cena brasileira! Forte abraço! Leonardo: Muito obrigado Hell Divine, muito obrigado a todos que estão com a banda e todos os leitores! Continuem apoiando a cena brasileira! Abraço! Por Augusto Hunter.
entrevista
Em oito anos de estrada, os cariocas do Forceps lutam por um espaço no underground e eles vêm conseguindo. Depois de diversas mudanças de formação, problemas e bons momentos, a banda se estabilizou com Doug Murdoch (vocais), Fernando Alonso (guitarras), Raphael Gabrio (baixo) e Emanuel Iván (bateria) e lançaram o fenomenal “Humanicide”, que está sendo vendido fora do país pela Ossuary Industries. Conversamos com o Doug Murdoch sobre a atual situação do Forceps e os planos para o futuro da banda. HELL DIVINE: Depois de várias mudanças de formação, o Forceps acertou a mão e lançou o ótimo “Humanicide”. Comente sobre como foi lidar com as diversas trocas de formação e como é ver o trabalho de vocês saindo por uma gravadora estrangeira. Doug: Acredito que foi um processo natural. Estávamos buscando a sonoridade ideal e experimentamos formações diferentes. Antes eram duas guitarras, mas sentíamos muito a falta do baixo, achamos a formação atual perfeita para o som que queremos propor. O “Humanicide” tem mais vendas lá fora que aqui! Acredita? Pois é, ficamos muito felizes por ter essa galera lá fora que curte muito o nosso som. Respeitamos muito os fãs que se identificaram com o a nossa música e a gravadora nos apoia bastante. HELL DIVINE: Assisti vocês, em 2007, abrindo o evento para o Brujeria. De lá para cá, muitas coisas aconteceram. Quais as principais lições que vocês tiram disso tudo? Doug: Aquele show foi demais. Foi quando a galera do underground passou a conhecer a banda mesmo. Com certeza, de lá para cá trabalhamos muito, e aprendemos muito também. Considero que a aprendizagem musical tenha sido o que mais evoluiu nesse período, hoje somos mais maduros musicalmente e aprendemos que com trabalho duro e persistência podemos alcançar os nossos objetivos. HELL DIVINE: Nesse ano, vocês tiveram uma honra que, por conta dos últimos
acontecimentos no Rio de Janeiro, quase tornou o evento um caos. Conte-nos como foi estar em palco, abrindo pro Cannibal Corpse e ao mesmo tempo respirando gás lacrimogênio? Doug: Até que estamos acostumados a tocar respirando fumaça, então não foi muita novidade (risos). Mas, certamente, ser a banda de abertura pro Cannibal Corpse foi algo memorável e realmente um sonho realizado. Todas as circunstâncias ajudaram a tornar esse momento único, o fato de ser o primeiro show deles na nossa cidade, ser num local emblemático como o Circo Voador e ainda mais na situação política e histórica que o país estava vivendo, justamente no dia que ficou marcado como o maior protesto de todos, é impensável. Ninguém esperava por aquilo. Estamos tomando o cuidado de retratar e registrar isso como achamos correto, sem se aproveitar de nada, deixando um registro áudio visual sincero de uma noite que ficou marcada na cena carioca para todos saberem que o metal estava ali,
l a t r o m s i a m a Aind 12
presente neste momento, sofrendo de perto as bombas e a opressão que a cidade inteira viveu. Posso dizer que tudo isso marcou a vida de muitas pessoas e para sempre a nossa, e estará para sempre registrado no mini documentário que estamos preparando para lançar junto com o clipe. HELL DIVINE: Uma coisa muito interessante no “Humanicide” é a parte gráfica. Quem é o artista por trás dela e qual a principal mensagem do disco? Doug: A grande mente artística do Forceps é o nosso baixista Raphael Gabrio. Com exceção a uma das camisas que foi feita em colaboração com o Jon Zig (famoso designer de bandas no mundo todo), todas as artes, das camisas aos CDs, demos, etc... Tudo sai da mente criativa e perturbada desse ser (risos). Acredito que isso trás um diferencial. Por ele ser um membro da banda posso expressar muito bem a mensagem que quero: o tema, as letras, a temática e a história. Mas não faço isso sozinho, monto o tema de acordo com as conversas que temos e com o que a banda inteira acredita. HELL DIVINE: Quais os principais planos para o futuro do Forceps? Doug: Lançar o próximo material: full length com nove faixas inéditas. Mas antes vamos encerrar a divulgação do “Humanicide” com a turnê nos Estados Unidos, em outubro deste ano. Foi uma oportunidade que apareceu e vai ser muito incrível poder realizar mais esse sonho. HELL DIVINE: Mesmo com um single e um EP lançados a banda tem uma visualização absurda. Como vocês podem explicar tal visualização e quando teremos o lançamento de um disco completo da banda? Doug: O nosso principal objetivo hoje é lançar o full length, da forma como queremos e com a qualidade que buscamos. Acredito que isso também seja o motivo de termos a visibilidade que temos. A busca por qualidade. Posso dizer que demoramos um pouco mais para lançar algo novo justamente porque prezamos por isso. Estamos, no momento, focados em terminar as prés do CD novo e gravar o quanto antes, o material já esta bem avançado, mas vamos sair em turnê agora e ainda vamos gastar um tempo nos detalhes. A previsão é lançar o CD no início do ano que vem. HELL DIVINE: Existe alguma chance de um dia o Forceps mudar drasticamente o direcionamento musical da banda? Doug: Drasticamente, não. As bases da banda vão se manter sempre, mas talvez novos elementos, ou a pegada do CD, possam mudar.. Conversamos muito sobre fazer um CD mais agressivo, mais rápido, assim como talvez possamos fazer um com uma pegada mais cadenciada, isso pode acontecer no futuro, tudo depende da temática também. HELL DIVINE: Pessoal, muito obrigado pelo tempo investido a nos responder, deixe aqui um recado para o pessoal da HELL DIVINE. Valeu! Doug: Galera, muito obrigado pelo convite! O apoio que vocês dão, não só para o Forceps, mas para toda a cena metal do nosso país, é sensacional! Só temos a agradecer! Não posso encerrar sem agradecer aos nossos fãs que apoiam pra caralho! Valeu!! Por Augusto Hunter. 13
entrevista
o a ç a p i c n a Em u l o v e gerou Em dois anos, o agora quarteto Desecrated Sphere, de Mogi Guaçu/SP revirou o underground nacional: lançou o poderoso début “The Unmasking Reality”, em 2011 e, atualmente, soltou “Emancipate”, dois discos bastante comentados e elogiados no cenário da música extrema. A Hell Divine entrevistou o vocalista Renato Sgarbi e o baixista José “Motor” Mantovani para falar mais sobre o novo petardo que, musicalmente, é um pouco diferente do primeiro. Mas a brutalidade permaneceu intacta. É notável como o grupo se emancipou de limites na elaboração do álbum, como você confere a seguir. 14
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HELL DIVINE: O novo disco, “Emancipate”, é mais direto do que o début, “The Unmasking Reality”. Como se deu esse novo direcionamento? Como comparam os dois trabalhos? Quais foram as influências para essa mudança? RENATO SGARBI: Não acho “Emancipate” mais direto do que “The Unmasking Reality”. Acho que “Emancipate” é mais dinâmico e os arranjos, mais elaborados do que seu antecessor, e também muito mais difícil de executar, com mais contratempos e variações, riffs e solos mais intrincados e audaciosos, consequentemente tornando-o mais progressivo e técnico do que “The Unmasking Reality”. Porém, tem elementos do primeiro álbum também. Já “The Unmasking Reality”, acho um álbum mais direto e brutal, com letras mais brutais, e com as características que nos marcaram, como as mudanças de andamentos e a técnica. Quanto às influências, elas são muitas, mas o que determinou as “mudanças” foi continuar com a mente aberta na hora de compor, estudando e evoluindo. Assim, conseguimos colocar mais coisas na nossa música do que no primeiro álbum. JOSÉ MANTOVANI: Eu não ia nem comentar, pois o Renato já disse tudo, mas gostaria só de resumir o que penso sobre o resultado final das composições: “Emancipate” é mais “clean” nos arranjos, com menos dissonâncias neles, menos mudanças de andamento - brincamos mais com os compassos e figuras rítmicas - e menos interlúdios instrumentais. Ou seja: soa mais direto, pois é mais “fácil” de escutar, mesmo que tenha nova profundidade graças à adição da voz da segunda guitarra. Foi uma escolha mesmo de fazer arranjos mais fluidos e menos carregados de dissonâncias, porém mais técnicos e complexos, como dito pelo Renato. HELL DIVINE: As letras são profundas, para fazerem refletir bastante. O que podem dizer sobre elas? Como surgiram/surgem essas inspirações? RENATO SGARBI: As letras de “Emancipate” foram o (elemento) que mais mudou em relação ao primeiro álbum, em minha opinião. As inspirações vieram por meio de livros, documentários e filmes, mas principalmente de observar a nossa 16
raça... O mundo em que vivemos foi a verdadeira inspiração. Em “Emancipate”, falamos sobre o jogo que a humanidade joga cegamente por meio de manipulações invisíveis e sutis, endeusando o materialismo, o status, a hipnose propagada pelas grandes mídias e a propaganda, a fabricação de deuses e heróis para as multidões, o desligamento de si mesmo, da natureza, separando seres humanos por bandeiras, territórios, poder, dinheiro e dogmas. “Emancipate” é se libertar desses valores milenares que separaram o homem de se encontrar, de se religar consigo mesmo e com o universo, de não ser mais seu próprio adversário, transcender o que somos, livrar-se do pensamento maniqueísta de dividir tudo entre bem e mal, bom e ruim. Falamos sobre o universo, o “Big Bang”, a teoria das dimensões, a procura do homem pelas respostas, como o universo se originou - houve um começo -, quem o criou, ele foi criado, enfim, falamos do caos primordial que está presente em cada espaço do universo e que acontece no acaso, sem um plano maior de ordem ou desordem, como por exemplo, nossa existência ter sido fundamental para um caos no nosso planeta, com um meteoro de dez quilômetros que caiu na Terra, extinguindo os dinossauros e quase tudo que tinha vida, um elemento determinante para a nossa existência e de outras espécies que surgiram do caos. HELL DIVINE: E a capa também parece ter um profundo significado. Como foi sua concepção? Como explicam sua ligação com o nome do disco? RENATO SGARBI: A ideia começou quando eu já tinha algumas letras escritas e, rumo ao um show nosso, dentro da van, comentei com Saulo (N.R.: Benedetti, baterista), que sentava à minha frente, que tinha tido uma ideia em casa sobre a capa do álbum: um esqueleto, que representa nossa espécie, e que ele poderia estar no espaço jogando xadrez. A partir daí, eu, o Motor (N.R.: José Mantovani, baixista) e o Saulo fomos desenvolvendo as ideias da capa e, conforme eu escrevia outras letras, tudo ia se conectando até ter exatamente a imagem completa que está na capa do álbum. O esqueleto jogando xadrez sozinho no espaço, sem um adversário, representa os líderes do mundo implantando uma “falsa realidade”; o jogo para a raça humana. As peças do tabuleiro são os presidentes, as mídias, as religiões, a humanidade mordendo a isca, jogando cegamente contra si mesmos. A mensagem é que na verdadeira realidade não há jogo. Emancipar é se desprender das teias que cegam o seu percurso, se libertar do jogo imaginário, por isso não há alguém jogando contra ele; é sair do estado de hipnose em que se encontra a raça humana. A ilusão criada se tornou tão real, que a realidade atualmente aos olhos dos que estão dentro do jogo parece a ilusão. A imagem representa a raça humana não emancipada, perdida dentro de um jogo, uma “falsa realidade” no universo, criada pelos ancestrais de nossa espécie. Cada imagem de
dentro do encarte tem um significado ligado à capa, ilustrando as letras e as músicas do álbum. JOSÉ MANTOVANI: Assim como as letras, a capa traz algo que pode ser visto de formas diferentes, mesmo que o significado seja claro. A existência de um conteúdo pré-concebido não exclui a subjetividade de forma, da arte. Para mim, o esqueleto é o homem “não emancipado”, à deriva no espaço, sem rumo: foi absorvido pelo jogo sem sentido, um jogo criado por ele mesmo (seus precursores, o poder). E o “Emancipar” é como o Renato disse: o livrar-se das amarras e da futilidade da existência moderna, entregando-se à plenitude da existência e não servindo a interesses alheios e/ou escusos. HELL DIVINE: Particularmente, curti todo o disco, e a instrumental “Eçá” me chamou mais a atenção. O que podem dizer sobre essa composição? Como surgiu seu nome? JOSÉ MANTOVANI: Desde o começo das composições havia uma conversa sobre se fazer uma faixa instrumental, e por fim, já perto de completar o álbum, tínhamos os trechos instrumentais sobre os quais queríamos trabalhar. O Saulo trouxe umas ideias de bateria nas quais encaixamos alguns riffs que o Rubens (N.R.: Fraleone, guitarrista) e o Gustavo (N.R.: Losano, guitarrista) já haviam composto. Eu tive algumas ideias na linha de Atheist e Cynic, em forma de tributo mesmo ao Jazz/Death Metal dos anos 90, mas no final usei essas ideias nas minhas linhas somente. A estrutura acabou se desenvolvendo como em uma estória, e demos mais atenção à harmonia do que à técnica, para a criação dos climas. Os três solos perto do fim são como o ápice, onde a narrativa desemboca. Em setembro de 2012, quando estávamos compondo essa música e finalizando do álbum, havia um grande fluxo de notícias sobre o povo Guarani-Kaiowá, sobre a ordem de despejo dos guaranis em Naviraí/MS. Além dessas ações de despejo praticamente corriqueiras, impressionam as estatísticas de homicídios e suicídios a níveis estratosféricos. E a miséria imposta e o genocídio histórico associado aos povos indígenas das três Américas realmente tem a ver com as situações que denunciamos e contestamos no curso das letras. O Saulo estava lendo bastante a respeito e deu a ideia de batizar a música em tupi-guarani. Fiz uma pesquisa e propus “Eçá”, que é tupi para olhos ou o olhar. Queremos que o ouvinte olhe para as situações em que as massas e minorias foram colocadas, tanto que reproduzimos trechos de uma tradução (de autoria não atribuída) da declaração de “morte coletiva” dos Guarani-Kaiowá em Naviraí, e dedicamos a composição aos seres que se encontram em situação semelhante. HELL DIVINE: Na pergunta anterior, pedi como fã. Agora, gostaria de saber de vocês: que música(s) destacaria(m) no novo álbum? Por quê? RENATO SGARBI: Eu diria que o álbum todo, por tudo
estar conectado, as músicas e as letras ao encarte todo, mas já que é para citar, “Linking Opposites”, “Humanufactory”, “Source of Disassociation”, “Leaders of Babylon” e “Eça”, mas é bem provável que na próxima vez que me perguntarem isso, eu responda algumas das outras faixas: “Transcending Materialism”, “Departure from Flesh”, “Urzustand” e “Immesurable Universes”. Realmente, estou muito satisfeito com o que fizemos, então não tenho, na verdade, uma faixa preferida, e sim o álbum como um todo. JOSÉ MANTOVANI: Difícil mesmo destacar uma música em particular, mas para facilitar: “Immeasurable Universes”, pelas passagens técnicas, “Leaders of Babylon”, por ser a faixa mais rápida que já gravamos, “Eçá” pela construção e harmonias, e “Departure from Flesh”, pelo aspecto progressivo. HELL DIVINE: Por que Saulo e Rubens deixaram o grupo? Afinal, vocês tinham acabado de gravar “Emancipate”. É a segunda vez que Fraleone sai, correto? JOSÉ MANTOVANI: Vou começar pela segunda pergunta: não, essa foi a primeira vez que o Rubens saiu do grupo. A participação dele no “The Unmasking Reality” foi como session guitarist. Nós já tínhamos as composições e estávamos gravando o disco com o auxílio do Rubens, e fundamos o Desecrated Sphere já com o Gustavo, quando finalizávamos o álbum. Mais para frente, quando fomos selecionados para o primeiro Araraquara Rock em que tocamos (em 2011), chamamos o Rubens para participar do nosso show, e enchemos tanto a paciência dele nos ensaios (risos) que ele resolveu se juntar à banda. Quanto às razões, nas gravações de “Emancipate” já estávamos cientes que o Rubens não poderia continuar no grupo após a turnê. Ele nos informou previamente que outras prioridades o impediriam de se dedicar à música como necessário. Já o Saulo nos disse, quando do retorno da turnê, que seguiria projetos pessoais que estavam parados. Compreendemos perfeitamente ambos os casos e mantemos contato frequente com ambos. Temos orgulho de ter tido eles como integrantes do Desecrated Sphere. Exímios instrumentistas e pessoas excelentes! HELL DIVINE: A partir de então, como se deu a volta à formação original da banda? JOSÉ MANTOVANI: Logo que voltamos de turnê e ficamos sabendo da decisão do Saulo, nós contatamos o Rodolfo que, felizmente, pode retornar após quase dois anos. Nós sempre mantivemos contato, então a aproximação foi natural. O Saulo se disponibilizou a tocar os shows conosco durante esse período de readaptação, mas não foi necessário, já que em pouco tempo o Rodolfo já estava com o set inteiro, inclusive com músicas do “Emancipate”, pronto. RENATO SGARBI: É muito bom ter o Rodolfo conosco novamente, ele nunca quis realmente deixar a banda 17
e nem nós que ele a deixasse, porém, como a vida não segue sempre o curso que queremos, aconteceu dessa forma, mas felizmente ele está conosco novamente e é inexplicável para todos nós da banda o momento que estamos vivenciando. HELL DIVINE: Agora que voltaram a ser um quarteto, pensam em arrumar mais um guitarrista? JOSÉ MANTOVANI: Não, pelo menos por enquanto. Já arranjamos as músicas existentes para uma guitarra somente e estamos com ideias de composição explorando mais o contraponto entre o baixo e a guitarra, preenchendo mais a textura sem a necessidade de outra guitarra. HELL DIVINE: A Desecrated Sphere tem cerca de dois anos e dois full length lançados. Vocês se considerariam precoces? Apesar do curto período, que balanço já fazem da carreira? JOSÉ MANTOVANI: Pelo ponto de vista de quem está conhecendo a banda: são dois anos desde a fundação, dois full length, uma turnê na Europa, três videoclipes oficiais, três festivais grandes, duas datas em suporte ao Aborted, inúmeros e excelentes resenhas nacionais e gringos etc... Pode parecer precoce, mas quando se pensa que, combinadas as experiências no underground, somam-se quase quarenta anos - mais de cinquenta, se contabilizados as de Rubens e Saulo -, as coisas não parecem mais tão precoces assim. Os frutos de hoje resultam de um suor exalado há tempos, seja tocando em outras bandas, trabalhando em lojas especializadas, promovendo eventos... É uma dificuldade tremenda fazer um trabalho de qualidade e se manter ativo na cena. Tem que engolir muito sapo e se sujeitar a situações desagradáveis, o que não deveria acontecer de forma alguma, mesmo nós, que somos extremamente seletivos em relação aos eventos dos quais participamos. Mas não podemos reclamar nem um pouco e o balanço que fazemos é extremamente positivo: conquistamos em um curto espaço de tempo o que gostaríamos de ter conquistado em nossos projetos anteriores, fazemos a música que gostamos e que queremos fazer, e o apoio e carinho dos fãs e amigos cresce a cada dia. Somos muito gratos por esse suporte. HELL DIVINE: Vocês partiram para uma turnê na Europa no início do ano, correto? Como foi lá no velho continente? JOSÉ MANTOVANI: A turnê foi ótima, apesar do frio! Mas falando sério, fazer 24 shows, com um cachê legal que realmente ajuda a te manter na estrada, com média de público bacana, sendo headliner em quase todas as datas, não é só difícil, como também atípico para uma primeira turnê. Felizmente deu tudo certo e foram shows muito bons, pudemos contar com apoio total do Daniel Duracell e do Vladimir, da Roadmaster, que fez o booking da turnê para nós. E 18
ficamos satisfeitos com os fãs e amigos que fizemos, e com toda a insanidade que rolou nos palcos! HELL DIVINE: Após a turnê, como está a agenda da banda? Quais os próximos passos da Desecrated Sphere? JOSÉ MANTOVANI: Recentemente tocamos no “Peso Brasil 4”, em São Paulo, com Nervochaos e Genocídio, e lançamos o CD novo em Itapira/SP, no “1º Bang Your Fucking Head”. Ambos os eventos foram muito positivos para nós! Estamos agendando datas para a divulgação do “Emancipate” por todo o Brasil. Esperamos em breve divulgarmos nossa agenda atualizada. HELL DIVINE: Agradeço demais essa nova entrevista, pessoal! Hora dos recados finais, por favor. RENATO SGARBI: Nós é que agradecemos o espaço para podermos falar sobre o nosso trabalho. É muito importante esse espaço para que possamos passar melhor a todos os leitores da revista, a música feita com a alma, e podermos falar melhor sobre todo o trabalho desenvolvido em “Emancipate”. Esperamos encontrar todos vocês na tour do “Emancipate” muito em breve. Estamos agendando datas em todo o território brasileiro em suporte ao nosso novo álbum. Atenção, todos os produtores de eventos, mídia e fãs: se vocês querem o Desecrated Sphere em sua cidade, por favor entre em contato conosco pelo e-mail desecratedsphere@hotmail.com. Se não encontrar nosso material em sua cidade, entre em contato também pelo e-mail desecratedsphere@ hotmail.com. Obrigado novamente pela entrevista, foi um prazer falarmos com vocês e obrigado a todos os fãs que nos deram todo o suporte até hoje, a caminhada continua. Por Christiano K.O.D.A.
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A Andralls, que recentemente gravou um show em Belém do Pará para ser lançado em DVD, completa quinze anos de atividade. O baterista Alexandre Brito deu detalhes do registro e falou dos anos de estrada. Com vocês, um fasthrasher O underground não é um terreno pequeno, tampouco simples. As apaixonado por fazer nacional música agressiva. oportunidades para entrevistas são várias e isso certamente nos deixa em um grande dilema. Mas desta vez não houve dúvidas. Decidimos trazer aqui uma das gigantes do Black Metal paulista e nacional, que está prestes a completar seus vinte anos de luta com repertório exemplar e digno de ser notado. Confira abaixo a entrevista com o Ocultan, que recentemente lançou seu trabalho “Shadows From Beyond”. HELL DIVINE: O Ocultan está prestes a completar seus vinte anos de existência profana na cena nacional. Voltando no tempo, mais especificamente, em 1994, o que vocês sentem agora? Vocês estão surpresos pelo rumo como as coisas tomaram, ou era algo esperado, que uma hora ou outra iria acontecer? C. Imperium: Infelizmente, não temos como voltar no tempo. Nessa época magistral, as coisas eram bem diferentes dos dias atuais. Não tínhamos os recursos de hoje, as coisas eram bem mais difíceis. Não existia esse negocio de mp3, o público valorizava as bandas nacionais, indo aos shows e comprando seus materiais. Quem era fã de uma determinada banda fazia questão de ter todos seus materiais originais. Hoje em dia, a pessoa passa a ser um fã de metal extremo (Black Metal) do dia para noite, basta baixar as discografias completas das bandas e pronto! Para piorar as coisas, o sujeito ainda se acha no direito de questionar bandas e pessoas que já estão há mais de duas décadas dentro do cenário (risos). Quanto às coisas terem tomado esse rumo, deve-se à tecnologia dos dias atuais que, de certa forma, acabou facilitando para alguns e prejudicando outros.
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HELL DIVINE: Peço que vocês dissertem a respeito de “Shadows From Beyond”. As palavras da banda certamente terão muito mais credibilidade que os meus elogios, e será muito mais confiável para aqueles que estão conhecendo agora o Ocultan. Portanto, o que podem nos falar sobre seu novo lançamento, em termos de composição, técnica, produção e algumas comparações com os trabalhos antecessores? C. Imperium: “Shadows From Beyond” é apenas uma continuação de seu antecessor, “Atombe Unkuluntu”. Tanto as letras quando a parte instrumental do álbum seguem as tradições da banda. Ocorreram algumas alterações na parte de produção. Ao contrário dos álbuns anteriores, esse teve parte de suas gravações, mixagem e masterização feita em nosso próprio estúdio. A meu ver, esse fator foi crucial para o resultado final do álbum que acabou sendo mais que satisfatório. Quanto a fazer comparações com os álbuns anteriores, prefiro deixar essa parte para o público e mídia. Para nós, o que mais importa é manter as tradições da banda presente em todos os álbuns que lançamos. HELL DIVINE: O talento e a dedicação de vocês causam duas reações: admiração por aqueles que se inspiram em vocês; e inveja naquelas pessoas que não fazem falta no mundo. Portanto, gostaria que, se fosse possível, falassem aqui um pouco de como é fazer parte de uma banda como o Ocultan, assim como toda a responsabilidade exigida para manter uma banda e lançar trabalhos dessa qualidade. Gostaria, também, que falassem um pouco da vida de vocês fora do Ocultan. Não me entendam mal, não faço isso para encher linguiça aqui. Acontece que sempre tem aquela molecada que observa vocês e acha que é moleza fazer e manter uma banda. C. Imperium: Realmente, não é fácil tocar em uma banda e ter que conciliar suas atividades com a vida pessoal. Assim como nós, existem várias bandas aqui do Brasil que não sobrevivem de sua musica. Infelizmente, aqui as coisas são bem mais difíceis do que nos outros países, onde as bandas têm um maior suporte por parte das gravadoras, público e produtores de shows. Eles conseguem se manter somente com as atividades da banda , recebem um bom cachê, transporte e alimentação quando tocam ao vivo. Ao contrario daqui, onde a maioria das bandas acaba tocando de graça e com um equipamento péssimo. São poucos os produtores que se preocupam em fornecer o necessário para as bandas poderem se apresentar. Mesmo com esses problemas e o pouco tempo que temos para ensaiar e compor, estamos sempre procurando manter um bom nível musical. Quando entramos em estúdio, procuramos dar nosso máximo para que o material tenha um excelente resultado final.
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HELL DIVINE: Vinte anos de carreira, certamente, dão muitas estórias para se contar para os netos. Levando isso em conta, sempre acho interessante saber alguns dos momentos mais marcantes de uma banda, seja em momentos ruins ou memoráveis. A menos que eu esteja sendo muito intrusivo e chato – o que não é difícil – seria interessante aqui ressaltar algum “eco do passado”. Se for possível, fiquem à vontade para relatar. C. Imperium: Ao longo dos anos, tivemos vários momentos marcantes. Em minha opinião, o momento que mais marca a trajetória de uma banda é o lançamento de seu CD début. É algo inacreditável! Com certeza, o pior momento é quando chega a hora de ter que tomar a decisão de desligar um integrante da banda. Essa é a parte mais complicada, sempre alguém acaba saindo chateado. HELL DIVINE: Já houve algo que foi composto por vocês que acabou por desencadear uma decepção no futuro? Talvez algum álbum lançado ou mesmo todo um trabalho que foi excluído de última hora devido ao fato de algum integrante não ter gostado? C. Imperium: Acho que cada álbum que lançamos teve seus pontos positivos e negativos. Aqui, nunca houve essa coisa de lançar um disco e se decepcionar no futuro, nunca chegamos a descartar nenhum material composto. Já houve casos de não sairmos totalmente satisfeitos com o resultado final de um determinado material, mas nada que tenho sido decepcionante para nós.
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HELL DIVINE: Pegando a ideia das responsabilidades de uma banda, transferimos para a questão do selo, Pazuzu Records. O que vocês podem dizer – levando em consideração a experiência de vocês – a respeito da criação, do investimento e da manutenção de um selo? Muitas pessoas gostariam de se envolver nos negócios de selos para o metal extremo, mas não entendem nada ou quase nada sobre o assunto. Seria bacana se vocês dessem umas dicas sobre essas questões. C. Imperium: Manter um selo nos dias atuais não é uma coisa tão fácil. Principalmente para selos que só trabalham lançando bandas aqui do Brasil. Infelizmente, a maioria do público brasileiro acaba dando prioridade para comprar CDs de bandas internacionais, as bandas nacionais acabam ficando em segundo plano. Para piorar ainda mais a situação, algumas gravadoras estão dificultando as coisas, estão se negando a trocar seus materiais com outros selos. A meu ver, essa atitude vem a prejudicar tanto os selos quanto as bandas de seu cast, que terá a distribuição de seus materiais reduzida. HELL DIVINE: O intuito é divulgar, portanto, sintam-se à vontade para mencionarem qualquer fato relevante para a banda: lançamentos, composições, apresentações ou qualquer outra coisa que vocês acharem pertinente. C. Imperium: Logo após o lançamento de “Shadows From Beyond” a banda já está trabalhando em novas composições que farão parte de um próximo lançamento. HELL DIVINE: Muito obrigado por nos conceder parte do seu tempo para esta entrevista. Desejamos ao Ocultan e ao Khaotic toda a força, progresso e reconhecimento merecidos. Mantenham sempre esse talento, paixão pela música e talento exemplar. O underground sempre estará com vocês, apoiando-os. C. Imperium: Gostaríamos de agradecer a toda equipe da Hell Divine pelo apoio a nosso trabalho e a todos aqueles guerreiros que vêm nos acompanhando ao longo desses 19 anos de batalhas! Por Yuri Azaghal.
entrevista
A proliferação de bandas de destaque no Brasil mostra-se cada dia mais uma realidade palpável, em uma autêntica “Blitzkrieg” brasileira em todo mundo, e na nova geração, um dos nomes mais proeminentes e aposta certa de muitos é o do trio Against Tolerance. A fusão de um discurso politizado azedo com uma música furiosa e de bom gosto anda atraindo cada vez mais a atenção de público e crítica, então, aproveitando que o EP “Redefined” foi disponibilizado para download, batemos um papo com a banda.
a d o t e o d o u m t s i a m r r t o n f Co a de con form 24
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HELL DIVINE: Para início de conversa, agradecemos demais pela entrevista, e começamos com uma pergunta clássica: qual o conceito por trás do nome da banda, e onde ele se encaixa no trabalho musical de vocês? Vitor Curi: Tolerância, para nós, é uma maneira equivocada de enxergar as relações sociais. Muito se diz que precisamos ser mais tolerantes, quando na verdade o que precisamos é derrubar essa barreira psicológica. Tolerar não é aceitar, e esse é o maior problema. Por que diabos alguém deveria tolerar um judeu? Existe algo nessa pessoa que exige esse tratamento diferenciado? Essa é a questão! HELL DIVINE: Falando um pouco de “Redefined”, como vocês o comparariam em relação ao début “Undefined”? E esta ideia de os nomes estarem relacionados contém alguma mensagem implícita que poderia nos explicar? Vitor Curi: Eu diria que “Redefined” é a evolução do Against Tolerance. E por evolução não quero dizer melhor, ou pior. Quero dizer sequência, continuidade... O nome “Redefined” surgiu como uma alusão ao primeiro trabalho, que (propositalmente) não tinha definição. Agora, temos uma nova estrutura de banda, de palco... de música: nos redefinimos. HELL DIVINE: Ainda falando de “Redefined”, contem-nos os detalhes da produção do EP, já que no kit não encontramos estes detalhes. E por que do download gratuito? Não existirão cópias físicas? Vitor Curi: Nosso plano é, sim, disponibilizar cópias gratuitas, mas estamos finalizando alguns detalhes. Disponibilizamos para download gratuito, pois vimos que era a melhor forma de fazer as pessoas tomarem a ação que queríamos: nos conhecer. Mas em breve, teremos uns kits muito bem feitos para disponibilizar para a galera! HELL DIVINE: Outro ponto interessante é o da estória em quadrinhos que acompanha o EP digital. Como surgiu a ideia de fazer os quadrinhos, e como foi a interação com Adair Daufembach durante sua criação? Vitor Curi: Os quadrinhos surgiram praticamente com as músicas. Quando estávamos preparando o trabalho, nos questionamos bastante sobre quais ações poderíamos tomar para gerar maior atenção para nosso som – e surgiu a ideia dos quadrinhos. O Adair, sendo o produtor de excelente qualidade que é, surgiu em um momento de validação e ajustes dessa estória, durante o processo de gravação.
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HELL DIVINE: Ainda falando dos quadrinhos, o conceito por trás dele é perfeito e flui bem, e vemos que vocês têm muito a dizer em termos de ideologia, logo, que tal nos contar qual a ideologia que está por trás da banda? E qual a visão de vocês sobre o atual momento político de nosso país, com várias manifestações de nosso povo? Vitor Curi: A ideologia por trás da Against Tolerance, acredito, é divulgar a importância de TER uma ideologia atualmente. Estamos em um momento social onde todo mundo é mídia, é influenciador, se comunica facilmente, interage com milhares de pessoas “online e offline”... Se não tivermos essa percepção de que somos parte de um todo (ora consequência dele, e ora parte atuante), estamos fadados ao fracasso. Para nós, é até um pouco surreal assistirmos às manifestações, pois “Redefined” foi escrito antes delas, quando isso ainda era utópico. E agora, estamos vendo nossa música traduzida na história. Vejam bem, não estamos nos apropriando de algo construído pelo povo, mas estamos enaltecendo a ligação entre as duas mensagens, que defendem a mesma coisa: priorizar o bem do coletivo sobre o interesse individual. HELL DIVINE: E por falar em ideologias, temos no atual momento no Metal brasileiro uma dicotomia estranha, já que parece existir uma divisão entre as bandas que trilham por tendências mais modernas do Metal, e outras mais voltadas ao movimento Old School. Como vocês enxergam esta situação? Não acreditam que uma visão mais eclética por parte dos fãs não seria o ideal? E ainda: não acreditam que quando alguém diz “só ouço tal vertente”, ela justamente acaba se alienando, ou seja, sendo aquilo que vocês criticam em suas letras? Vitor Curi: Acredito que o que estamos vivendo é uma atualização. Os meios de mídias digitais fizeram com que muitas bandas e projetos tenham exposição muito maior do que teriam antigamente, fazendo com que tenhamos uma avalanche de novidades. A visão eclética é muito importante, até para que tenhamos uma evolução musical mesmo! Mas acredito na aceitação gradual, nada acontece do dia pra noite, algumas coisas levam tempo. HELL DIVINE: Voltando a falar de vocês: após o lançamento de “Redefined”, como tem sido a recepção por parte de público e crítica? E alguma resposta de fora do Brasil? Vitor Curi:Tem sido ótima! Muito superior ao que esperávamos – tanto dentro quanto fora do Brasil!
Especialmente dos Estados Unidos e Europa. O projeto envolvidas. Acredito que em poucos meses teremos de ir pra lá existe, mas sabemos que ainda é muito novidades sobre shows fora de SP. Já para fora, cedo. recebemos alguns contatos, mas nada que possa ser concretizado de imediato. HELL DIVINE: Quando ouvimos “Undefined” e “Redefined”, sem querer fazer comparações, HELL DIVINE: Agradecemos demais por sua vemos que a banda deu uma amadurecida atenção, e o espaço é de vocês para sua musicalmente falando, mostrando algo mais mensagem aos nossos leitores. pesado e coeso. Assim, já existe algo de concreto Vitor Curi: Nós SEMPRE agradeceremos de como devem soar em um futuro trabalho? imensamente o apoio de parceiros como vocês, que Vitor Curi: Muito obrigado! Já estamos trabalhando desde o início deixaram as portas abertas para nós! nos materiais novos, e a principal diretriz é transmitir Desejamos todo o sucesso pra revista e esperamos neles essa percepção de evolução. voltar aqui mais vezes. Aos fãs, só temos a agradecer de coração, todo o apoio que recebemos até hoje! HELL DIVINE: Disco na net, então, imaginamos que Tamojunto! devam estar preparando-se para uma seqüência de shows, logo, há algo previsto para fora de SP, Por Marcos Garcia. ou seja, shows em MG, RJ e mesmo fora desse eixo, e até mesmo vôos mais altos, ou seja, países da América do Sul? Vitor Curi: Temos muitas datas em negociação pelo Brasil inteiro, mas todos sabemos as variáveis
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entrevista
o r o n o s e r c a s s a Ma g i t a An
d o M à
O chamado Metal Old School (ou seja, aquele que resgata as sonoridades mais antigas, especialmente dos anos 80) possui um mérito: o de não deixar aquilo que é legal em termos sonoros se perder. E um dos nomes mais jovens, mas com um trabalho muito bom, é o do quarteto paulista Cursed Slaughter. Mesmo optando por uma sonoridade Thrash/Crossover baseada nos anos 80, a banda lança mão de uma produção sonora mais atual, e o som que flui do CD “Metal Moshing Thrash Machine” (que acaba de ser lançado) é empolgante e cheio de vida. E foi justamente no rastro do lançamento do primeiro CD que fomos bater um papo com esse insano quarteto. 28
HELL DIVINE: Primeiro de tudo: obrigado por nos concederem esta entrevista, então, vamos lá: contem-nos um pouco da história de vocês, e de como surgiu a proposta musical de vocês. E quais foram as influências sonoras da banda? Obrigado vocês por cederem esse espaço para a gente. CS: Vamos lá (risos)! O Cursed nasceu de uma banda cover de Slayer que já existia há alguns anos chamada Hellsoul, eu entrei quase no final da banda que chegou a coexistir por um tempo com o Cursed, o Rodrigo e o Ricardo estavam meio que cansados de tocar covers, e eu sempre gostei de escrever sons autorais, foi ai que resolvemos montar uma banda para atirar para fora todas as nossas influências através de composições próprias, o posto de baixista acabou ficando meio incerto, e hoje que vem o ocupando é o William, que fazia a dupla de guitarras com o Ricardo no Hellsoul. As
influências são bem variadas, cada um traz um pouco do que gosta, eu sou um cara que escuto de tudo, então no vocal você vai encontrar influências de Testament, Judas Priest, Destruction, Sepultura, RDP, DRI. Já o Ricardo é um cara mais do Thrash técnico, curte muito Megadeth, Exodus e até vez ou outra coloca uma pitada de Groove Metal nas guitarras. O Rodrigo e o William são o núcleo podreira da parada (risos), os caras são daqueles thrashers de raiz mesmo, e são os principais responsáveis por soarmos tão oitentistas (risos). Dá para citar algumas coisas deles, tipo o
Slayer, Exciter, Attomica, Toxic Holocaust, etc. E tem aquelas que nós todos curtimos, que acabam sendo as mais Crossover mesmo, Suicidal Tendencie, DRI, RDP, SOD, MOD, FKÜ, Bandanos, Sepultura, Violator e por ai vai! HELL DIVINE: Vocês soltaram, no final de 2012 o primeiro disco, “Metal Moshing Thrash Machine”, após a demo de 2010, “Hate Evolution”. Como vocês encaram ambos os trabalhos? Podem dizer que houve alguma mudança entre os dois? CS: Cara, a essência da banda continuou a mesma, mas sempre rola uma evolução musical mesmo, fora a experiência adquirida com o Ciero, um produtor que está ai na cena há 30 anos, não tem como não aprender coisas novas. Acho que as diferenças mais gritantes estão nas releituras das músicas da própria demo que acabaram entrando para o disco. Dá para perceber ali claramente a evolução, talvez nem tanto técnica, mas sim uma evolução de dosagens e uma melhora nos exageros (risos). Um trabalho é meio que a cara do outro, mas nós ainda não tiramos o pé do acelerador, e posso adiantar que não tiraremos tão cedo, tocamos dessa maneira, pois é algo que gostamos de ouvir, gostamos de tocar, não fazemos desse jeito para agradar ninguém (risos). HELL DIVINE: Como foi o processo de composição e seleção das faixas que entraram no CD? Há algo de estranho ou bizarro que possam nos contar? CS: Cara, ao contrário de muitas bandas, quando vamos para o estúdio já temos bem definido o que será gravado e o que vai ser limado, até por uma questão financeira (ser uma banda independente não é fácil para ninguém (risos)). A composição é aquela feita na base da orelhada mesmo (risos), o Ricardo costuma trazer ideias dos riffs, em cima disso o Rodrigo e eu criamos as nossas respectivas linhas e vamos mudando o que é preciso na estrutura da música ali no estúdio mesmo. O baixo costuma ser escrito pelo Ricardo mesmo, de forma que ao vivo o som não fique tão magro, pois somos uma banda de uma guitarra só. Cara, da gravação do disco não temos tantas histórias, foi uma puta experiência para a gente, que não esperava nunca gravar um disco com músicas próprias, então tudo foi encarado como um lance de aprendizado. Mas para não dizer que não aconteceu nada, vou contar um “causo” (risos): durante a gravação, nós chegamos a dormir um ou dois dias no estúdio em colchonetes no chão, pois morávamos muito longe do estúdio e queríamos aproveitar o máximo de tempo das horas que tínhamos. Em uma dessas manhãs, nós recebemos a ligação do Ciero nos dizendo que por conta de um problema de saúde não ia poder ir 29
até o estúdio, o problema é que eu, cabeçudo, me esqueci de pegar a chave com ele no dia anterior, resumindo, passamos o dia todo trancados dentro do DaTribo (risos) e acredite, mesmo com seus melhores amigos, passar 48 horas um olhando para a cara do outro, sem TV, sem internet, sem nada, não é nada divertido (risos). HELL DIVINE: Falando de “Metal Moshing Thrash Machine”, como foi gravar o disco? Conte-nos um pouco os detalhes das gravações e produção, e de como foi trabalhar com o Ciero. E se pudessem voltar no tempo, existe algo que gostariam de poder melhorar nele, já que o disco foi lançado de forma independente? E não vale querer bater no produtor (risos)! CS: De forma alguma cara (risos), trabalhar com o Ciero, o mestre dos magos (risos), é uma experiência única! Cara, como disse, somos um punhado de moleques que crescemos ouvindo Metal 24/7, então gravar um disco, só com músicas nossas, foi a realização de um sonho mesmo, ainda fico meio besta de ouvir o disco e pensar que nós escrevemos aquilo, e que somos nós ali tocando no disquinho (risos). Quem nos guiou por todo esse processo foi o Ciero mesmo, apesar dos diversos problemas que acabaram acontecendo durante a gravação (a sala de mixagem chegou a ser inundada duas vezes por conta das fortes chuvas da época), o resultado final nos deixou muito felizes e tem rendido bons frutos. O lance de mudar algo é bem relativo, talvez na masterização, pois às vezes, o som parece meio estourado, mas isso partiu da nossa cabeça dura mesmo, pois pedimos para o Ciero deixar o volume muito alto (risos). E quanto a distribuição, cara, foi algo necessário claro que gostaríamos de ter lançado direto em CD prensado com encarte e tudo, mas não tínhamos recursos para isso, para nossa sorte, hoje contamos com a força essencial aí da Pecúlio e do Boka, que tem nos dado todo esse suporte no relançamento do disco, mas nada disso seria possível se não tivéssemos feito aquelas primeiras prensagens amadoras, então acho que não mudaríamos nada.
à realidade podre do nosso país e do mundo, mas a maioria das letras é baseada em filmes de terror mesmo, Sexta Feira 13, Uma Noite Alucinante, esses clássicos que fazem parte da nossa mente podre (risos). Outro ponto que tentamos ressaltar muito em algumas letras, é o do individuo viver por ele mesmo, não deixar ser influenciado pelo ambiente de trabalho, seitas religiosas, partidos políticos as pessoas devem ter suas próprias ideias e viver seguindo o que acha melhor p/ si mesmo. Talvez o lirismo mude com o tempo, mas por hora, manteremos essa linha que é algo que nos fascina, e nos diverte, e no fim do dia estamos nessa pela diversão! HELL DIVINE: Um detalhe que salta aos ouvidos é que, fugindo à tendência de muitas bandas da Old School, vocês preferiram que a sonoridade da banda soasse mais moderna, sem buscarem parecer com o que foi feito nos anos 80. Foi algo intencional de vocês, o Ciero apitou nesse ponto, ou realmente existia na mente de vocês o lance de buscar uma sonoridade mais atual? CS: Então mano, eu amo os discos dos anos 80, isso fica até muito explicito em nosso som, mas convenhamos que na época eles não dispunham da melhor tecnologia de gravação (risos). Hoje nós temos acesso a muitas facilidades, e o som naturalmente quando bem produzido e mixado acaba saindo com essa sonoridade mais atual, não tem como fugir muito disso, queríamos levar para o público um material que fosse confortável para a audição, claro que, de modo que o som mais limpo não interferisse em nossos riffs ou levadas, ou seja, é um som que ainda é rápido, pesado, sem frescuras, mas bem acabado e bem produzido, e essa responsabilidade é 100% do Ciero.
HELL DIVINE: Outro lance bem legal foi a arte da capa, focada em um mascote de vocês, que já havia aparecido no primeiro Demo. Mas mesmo assim, um palhaço é algo que chama a atenção, logo, em que ele se encaixa na música de vocês? É algo voltado ao palhaço Pennywise da obra “It”, de Stephen King? CS: O Sam (risos), meu eu tive essa ideia porque HELL DIVINE: Ainda sobre o disco, existe sempre sempre curti mascotes e desenhava um pouco aquela dúvida por parte de muitos: sobre o que na época, então um dia tava sem nada p/ fazer no versam suas letras, e qual a mensagem que trampo e já estávamos com a Demo meio gravada, desejam transmitir com elas? CS: Sangue, tripas, zumbis, corpos mutilados, inferno, peguei um lápis e um pedaço pequeno de papel e satanás e mais sangue (risos) (N.R. Agora sabemos o rabisquei o que virou a capa da demo! motivo do Sr. Humangous Salim ser viciado na banda). No disco ele acabou tomando uma forma mais legal pelas mãos do Humberto da Tatoogarden! Brincadeiras a parte, nós somos uma banda meio clichê nesse ponto, e não vemos nada de errado com E ele deve permanecer aí com a gente por um bom tempo, já ganhou versões nas mãos de alguns isso (risos), como disse ali em cima, fazemos isso porque gostamos de ouvir isso, claro existem algumas artistas aí do underground, como na camiseta Cyco letras que mostram o nosso ponto de vista em relação Army, desenhada pelo nosso amigo e baterista do 30
em apenas um movimento? Não acham que a unificação de todos tornariam viáveis melhores condições para todos, e mesmo que as bandas obtivessem mais recursos? CS: Mano, isso é uma parada muito relativa, é aquela velha história, não da para forçar ninguém a gostar de nada, ou você gosta ou não, eu, por exemplo, gosto de muitas coisas, do Grind ao Melódico, mas, por exemplo, não gosto de New Metal, tenho amigos que tocam esse estilo, outros que adoram isso, mas eu não, neste caso dificilmente vou sair de casa para ver HELL DIVINE: Como tem sido o feedback de “Metal Moshing Thrash Machine” perante público um show desse estilo, e mesmo que fosse, acabaria ficando no bar trocando uma ideia com a galera, ou e crítica? Já há uma resposta boa? E há algo seja iria interagir pouco com a banda. de concreto do exterior, como distribuição e Então eu sou partidário da seguinte opinião, escute lançamento? coisas novas, procure novas bandas, tente conhecer CS: Tem sido melhor do que esperávamos. Todas antes de “não gostar”, mas caso você realmente não as críticas que recebemos até agora têm sido muito goste, eu respeito isso, não tem como forçar goela positivas, já tivemos um bom número de vendas abaixo. nas prensagens independentes, e agora a coisa Claro, muita gente ainda tem aquele preconceito, parece estar indo pelo mesmo caminho com a nova “Ah, nunca ouvi falar na banda, nem vou ouvir”. Isso prensagem. sim é um erro, o Brasil é um celeiro fantástico de Cara, por enquanto quem tem cuidado da nossa bandas, e hoje temos uma cena tão ou até mais rica distribuição mundial tem sido a Pecúlio mesmo, por hora eles tem feito um excelente trabalho nessa parte, do que, por exemplo, a Bay Area nos anos 80. Temos muitas bandas mesmo de uma qualidade absurda, e e para nós, que somos uma banda pequena, ainda se você fica só em casa, lendo revista e curtindo post não há a necessidade de um selo no exterior. no Facebook, está perdendo a chance de viver uma Mas sabemos que tem havido uma grande demanda experiência e um cenário que não acontece há muito do disco pelo público japonês, o que para nós é uma tempo. Então é aquilo, vai ter um evento underground surpresa, já que nunca fizemos qualquer tipo de na sua cidade? Viu o flyer? Ouça as bandas, todas divulgação para aqueles lados (risos). hoje em dia têm algum material a um clique de distância, se você gostar do que ouviu, sai do seu HELL DIVINE: Bem, vocês devem estar na estrada divulgando o disco, certo? Já há algo de concreto quarto e vai lá ver a banda ao vivo, você vai perder no máximo R$ 10,00 e ainda vai conhecer uma galera para fora de SP? Há uma visão de irem ao que gosta do que você gosta. Nordeste e Norte, e mesmo para fora do Brasil? CS: Então, no momento estamos marcando poucos HELL DIVINE: Nós agradecemos muito pela shows, pois já estamos na estrada há mais de um entrevista, e deixamos o espaço aberto para ano com o disco na bagagem, e agora estamos nos vocês. focando em nosso (pouquíssimo) tempo livre na composição do próximo lançamento, tivemos algumas CS: Nós que agradecemos pelo espaço, muito obrigado a você que leu essa entrevista e apoiou não propostas para irmos para Europa no segundo só ao Cursed, mas também a Hell Divine que é uma semestre, mas assim como toda viagem/show para bandas que estão começando, essa turnê demandaria publicação 100% gratuita e feita somente pelo gosto dos caras pelo Metal. um investimento que no momento ainda não somos Esperamos ver você no Mosh o quanto antes!!! capazes de fazer, e todo o capital que temos no momento está sendo investido no próximo disco. Quanto ao Norte/Nordeste, temos uma vontade Por Marcos Garcia. imensa de ir até lá, temos um público muito bacana por essas bandas, que estão sempre nos perguntando quando apareceremos por lá, mas, infelizmente, até o momento não tivemos um convite concreto por qualquer produtora da região, mas estamos abertos a eles! OxDxPx, Lobo e na visão de um outro grande amigo nosso Cleyton Amorim, que desenhou nossa próxima camiseta. Cara, não sei se tem a ver com o Pennywise, talvez seja algo subliminar (risos), sou um grande fã do Stephen King e li absolutamente tudo que ele escreveu, mas o lance do palhaço foi mais porque achei que isso traria uma identidade para a banda, um palhaço zumbi não se vê todos os dias (risos).
HELL DIVINE: Vocês fazem um som calcado no Thrash/Crossover dos anos 80, verdade seja dita, mas qual a visão de vocês sobre muitos bangers se focando apenas em uma vertente do Metal, 31
resenhas Ayin “Ordo Ab Chao” Brutal Records Por Pedro Humangous Sabe aquelas crianças superdotadas, que logo cedo se destacam entre as demais da escola? Pois é, o Ayin pode ser considerado uma dessas criaturas que surgem como um experimento de laboratório. A banda é nova – começou suas atividades, em 2010, no estado de Mato Grosso – e já apresenta um trabalho de gente grande. “Ordo Ab Chao” é absurdamente grotesco, agressivo, extremamente bem composto e bem gravado. O Death Metal aqui é brutal, ultra técnico e cheio de desafios para o ouvinte. Tempos quebrados, riffs à velocidade da luz e um vocal literalmente cavernoso – eu não entendo de técnica vocal, mas notei que Abner Ramires (vocalista) canta diferente, soando como se estivesse puxando o ar ao invés de colocá-lo para fora. O timbre da guitarra está sinistro, sujo na medida certa e afiado como uma faca de açougueiro. O baixo de Rafael Fernandes, super encorpado e presente na mixagem, deu ainda mais peso às músicas – é possível ouvir o estalar dos dedos nas cordas em alguns momentos. O baterista Leonardo Treuherz é um verdadeiro monstro que espanca seu kit sem dó, abusando do pedal duplo e de viradas de tirarem o fôlego (N.R.: atualmente, quem assume o posto é Gil Oliveira). O legal do som do Ayin é que mistura duas grandes escolas do Death Metal: a americana e mais recente (lembrando nomes como Cannibal Corpse e Obscura), com a sueca e mais antiga (como Entombed e Dismember). Minhas favoritas do disco são “Tent Ov Contradictions” e “Bigotry”, ambas viciantes! E o que dizer da arte que ilustra a capa? Mais uma vez, Raphael Gabrio se superou e fez um trabalho incrível. O fim do ano se aproxima e vejo que terei problemas em montar a lista dos melhores. Definitivamente, o Ayin já assegurou sua posição entre os primeiros. Discaço! Ouça e compre sem medo! Nota: 9.5 Buffalo Theory MTL “Heavy Ride” Galy Records Por Pedro Humangous Direto das terras congeladas do Canadá surge mais um ótimo representante da música pesada. Entre seus integrantes está um brasileiro, Anton Parr, vocalista e principal líder do Buffalo Theory MTL. Já devo ter comentado antes, morei na mesma cidade de onde eles vêm, Montreal, e fico feliz em ver como a cena local está crescendo cada vez mais, revelando grandes nomes para o Metal mundial. O som aqui é descompromissado, direto e sem frescuras, 32
puxando para o Sludge/Stoner, com uma pegada Southern Metal bastante evidente. As seis primeiras músicas são, na verdade, a base desse lançamento, mostrando a verdadeira face do Buffalo. São composições divertidas, com aquela cara de bar americano (dá até para sentir o cheiro da cerveja) e serve também como trilha sonora para uma boa briga no velho oeste. Anton abusa dos vocais rasgados (mas sem exageros), dando muita personalidade ao som – me fez lembrar uma mistura de James Hetfield (Metallica), John Dyer Baizley (Baroness) e uma leve pitada de Dexter Holland (Offspring). As guitarras e o baixo possuem um timbre bem sujo e apostam em riffs mais cadenciados, repletos de groove. A bateria acompanha o ritmo entorpecente, sem se esquecer dos constantes pratos de ataque, dando aquele clima de urgência ao som. “Greed Indeed” e seu riff maldito grudou na minha mente por dias, então merece meu destaque dentre as demais, assim como “Monstro” e seu refrão viciante. As faixas sete a onze foram gravadas ao vivo em estúdio e lançadas originalmente em um EP no ano de 2010. O Buffalo Theory MTL tem um enorme potencial e um diamante em mãos. Basta lapidá-lo um pouco mais para brilhar! Ficaremos de olho nesses cowboys do gelo! Nota: 8.0 Corrosion Of Conformity “Animosity” Shinigami Records Por Augusto Hunter Conhecido hoje por tocar Stoner Metal, um dia foi uma belíssima banda de Hardcore com direito a tudo que os fãs já conhecem: vocal mais despojado, a guitarra um pouco mais aguda, o “groove” na bateria e a certeza de escutar um disco que vai te divertir demais. Esse incrível disco do “Corrosion of Conformity” foi lançado em 1985 e esse ano a Shinigami Records o relança no país. Na audição dele, você já ouve como o que um dia se chamou de “Crossover” evoluiria, possivelmente, originando o mundialmente famoso Metalcore, bandas como D.R.I., Suicidal Tendencies e o Corrosion Of Conformity já diziam isso 18 anos atrás e posso falar tranquilamente que é um estilo que não tem como enjoar. Ouça e tire a sua conclusão, pois a minha é bem simples: esse é um disco classe A que vale a pena estar na coleção de qualquer um. Nota: 7.0 Deeds of Flesh “Portals to Canaan” Unique Leader Records Por Christiano K.O.D.A. Falando logo de cara: “Portals to Canaan” está (e não aceito discordâncias) entre os melhores lançamentos de 2013! Que petardo, que perfeição! O quarteto norte americano, formado por Erik Lindmark (vocal/guitarra), Mike Hamilton (bateria), Craig Peters (guitarra) e Ivan Munguia (baixo), investe naquele Death Metal brutal e técnico que o consagrou no underground mundial. Mas aqui, parece que o grupo se superou no quesito qualidade: as composições continuam violentíssimas e muito bem trabalhadas, mas parece que os caras optaram por algo levemente mais direto, na cara mesmo. Toda aquela complexidade característica dos discos anteriores foi deixada um pouco (bem pouco) de lado para dar margem a músicas mais assimiláveis e fluidas. E que espetacular ficou o resultado! Além disso, outro aspecto em que os caras acertaram em cheio: há um equilíbrio bem maior no que se refere aos momentos melódicos do disco, se comparado aos últimos trabalhos, quando esse elemento chegou a se sobressair em vários trechos. Agora não: além de não serem exageradas, as melodias estão inseridas em partes que, simplesmente, se encaixaram de maneira soberba nas canções. E todas elas são maravilhosamente bem arranjadas e poderosas, mas apenas para não passar batido, duas que precisam ser citadas: “Orphans of Sickness”, cover da Gorguts que ficou tão impiedosa quanto a original, e “Caelum Hirundines Terra/The Sky Swallows the Earth”, instrumental que lembra aquelas passagens viajantes de Nile e Morbid Angel, 33
composta pelo nosso já lendário músico/produtor Fabiano Penna. Orgulho nacional (e mundial)! Enfim, o álbum é só elogios e merece nota máxima com louvor. O melhor que o Death Metal poderia produzir! Nota: 10 Deforme “Mundo Inferno” Against Records Por Pedro Humangous Eu gosto é assim, já forma a banda e logo de cara lança um disco! O Deforme surgiu das ruas de São Paulo através de uma mutação contendo ex-integrantes de bandas como Presto?, Hutt, Desalmado e Atroz. Não me venha com frescuras, o som dos caras é Deathcore puro, com aquele toque nervoso de Hardcore. Então já sabe o que esperar de “Mundo Inferno”, certo? Guitarras com baixíssima afinação, breakdowns de tirar o fôlego, pouquíssima melodia e muita raiva cuspida na sua cara por um vocal brutal e cavernoso. Por mais que uma parcela dos bangers ainda torça o nariz para o estilo, é inegável a força que ele vem exercendo ultimamente nas bandas e já era hora de aportar em nossas terras. O Deathcore cresce a cada dia e vem ganhando mais espaço e adeptos na cena brasileira. Deixando o preconceito besta de lado, o Deforme apresenta um som incrível, uma barreira de tijolos em forma de som que te deixa atordoado. As influências são nítidas, jogue no liquidificador um pouco de Suicide Silence, Hatebreed e Despised Icon e terá uma bela vitamina Deforme! O disco é porrada do começo ao fim e não deixa de empolgar um minuto sequer – fico imaginando essas músicas tocadas ao vivo, deve ser destruidor! As letras, cantadas em português, abordam temas do nosso sofrido cotidiano, falando da infeliz realidade que vivemos, principalmente nesse país. Se com apenas alguns meses de vida os caras já apresentam uma pedrada dessas, imagina o que serão capazes de fazer com alguns anos de carreira? Um trampo muito bem gravado e extremamente honesto na sua proposta. Fique de olho, pois estamos diante de um fortíssimo oponente nesse underground, e estão lutando de soqueira. A próxima cara a ser atingida pode ser a sua. Nota: 8.5 Degola “Corrosão” Independente Por Vitor Franceschini Formada atualmente por Flávio Arrais (vocal), Wa (guitarra), Diego Uriel (baixo) e Inaldo Ramos (batera), o Degola surgiu em 2012 e “Corrosão” é o seu primeiro petardo. A banda investe em um Thrashcore de respeito que mescla diversas influências, mas que possui personalidade própria. O primeiro destaque fica para o excelente trabalho de guitarras de Wa. O cara destila riffs na escola do tradicionalíssimo Thrash Metal da Bay Area, além de encaixar bem os solos. Tudo isso suportado por uma cozinha agressiva, com uma veia Hardcore e com uma pitada de groove. Os vocais de Flávio alternam o semi-gutural com um mais rouco que lembra bastante o timbre de João Gordo no início do Ratos de Porão. Falando em R.D.P. a banda segue bem a cartilha na questão das temáticas das letras. Cantando em português, a banda vomita palavras de protesto, críticas sociais e acidez. “Cão de Guerra” abre o trabalho com uma introdução apocalíptica seguida por uma fábrica de riffs, brutalidade na medida certa e um refrão que já gruda na cabeça de primeira. “Corrosão” também chama atenção pela agressividade, enquanto Canibal segue a escola de Gary Holt (Exodus) nos riffs. Vale mencionar “Desordem e Progresso” que talvez seja a que mais tenha pegada Hardcore. É importante ressaltar que as dez faixas do álbum pouco se sobrepõem, fazendo de “Corrosão” um álbum bem equilibrado. Bela estreia! Nota: 8.0
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Doctor Pheabes “Seventy Dogs” Independente Por João Messias Jr São nos pequenos frascos que estão os grandes perfumes. Com certeza, em algum momento da sua vida você já ouviu falar essa frase, talvez nunca em uma resenha, mas é que é tão perfeita para a ocasião que resolvi iniciar o texto com ela. Formada pelos talentosos Fernando Parrilo (guitarra), Eduardo Parrilo (voz e guitarra), Fábio Ressio (baixo) e Paulo Rogério Ressio (bateria), o Doctor Pheabes, cujo nome foi inspirado na obra de Vincent Price, executa um Hard/ Classic Rock muito gostoso de escutar, devido às melodias bem sacadas e a simplicidade dos arranjos. Além das características citadas, outro fator que torna o trabalho legal é a interpretação do vocalista Eduardo Parrilo (também Mad Old Lady) em que, ao contrário de sua outra banda, seu timbre de voz é perfeito para o estilo praticado pelo quarteto. Alguns exemplos podem ser ouvidos no “Hard 70’s de Suzy” e a “baladaça” “Lost Girl”, nessa, um som acústico que lembra o rupo Crash Test Dummies (sim, aquele do Mmmm, mmmm, mmmm), além de um solo que, no mínimo, é comovente. Outros destaques são a grudenta “Hey Mamma”, “Down” e “Godzilla”. Embora seja clichê dizer isso, mas ouça “Seventy Dogs” de ponta a ponta, infinitas vezes, principalmente se estiver na busca pela introspecção. No meio de tantos lançamentos enfadonhos, se essa for a sua praia, procure conhecer o som do Doctor Pheabes. Uma chance será o dia 20/10, em que a banda tocará no Monsters of Rock, em São Paulo. Nota: 8.5 FORKILL “Breathing Hate” Independente Por Augusto Hunter O Forkill, antes de lançar esse incrível disco, já vinha chamando a atenção de muitos no cenário nacional com o seu Thrash Metal forte e muito bem composto. Esse ano, saiu o tão esperado “Breathing Hate” e o disco está sensacional. Ele demonstra exatamente o que a banda tem de melhor, composições empolgantes e técnica fenomenal que resultam em músicas ótimas para qualquer fã do estilo, que vem crescendo muito no Rio de Janeiro. Joe, Ronnie, Gus e Marc entraram em estúdio com o clássico Robertinho do Recife, no RR Studio e conseguiram de forma magistral condensar todo o seu poderio de fogo em nove incríveis canções, sendo a última, “Metal Mania”, uma “versãozinha” para a clássica música de seu produtor. “Breathing Hate” é um real trem de “rifferama”, velocidade e técnica, credenciando o Forkill como uma das principais bandas do chamado “Guanabara Bay Area”, que irá levá-los a voos muito mais altos. Ouçam o disco e moshem muito, pois é impossível ficar parado com esse caminhão de qualidade. Nota: 8.5 GAMA BOMB “The Terror Tapes” Shinigami Records Por Pedro Humangous Thrash Attack! É impossível colocar um Thrash para rolar e não sentir a energia fluindo com velocidade alucinante pelas veias. O Gama Bomb ainda vai além um pouco trazendo consigo uma carga de Crossover e Speed, tudo embalado naquele sentimento oitentista que fez tanto sucesso e, hoje em dia, é febre tentar revivê-lo. A receita clássica está aqui e o bolo com fermento tóxico cresce que é uma beleza! Seus olhos saltam quando os ouvidos percebem a influência dos clássicos encaixados aqui e ali – os meus 35
reconheceram logo de cara o legado que o Anthrax deixou nesses jovens. O legal aqui é a forma com que Philly Byrne canta, fugindo do rasgado e buscando um som mais limpo, audível e quase falado. Os riffs de Domo Dixon e John Roche (guitarristas) estão afiadíssimos, velozes e empolgantes. Os solos acompanham o mesmo raciocínio e impressionam pela técnica e bom gosto ao serem executados, quase uma sentença de morte! Paul Caffrey (bateria) não deixa por menos e espanca seu kit sem piedade, em um ritmo veloz incessante, sempre acompanhado pelas linhas do baixo de Joe McGuigan. A capa é uma obra de arte, trazendo as antigas fitas cassete engolindo o ouvinte em um banho de suco gástrico nuclear – para falar a verdade, é quase essa a sensação que temos ao ouvir “The Terror Tapes”. Destaque total para a sexta faixa, “We Started The Fire”, simplesmente devastadora do início ao fim e conta com um dos solos mais incríveis dos últimos tempos quando o assunto é Thrash Metal! A artilharia é pesada e o bombardeio certeiro! Um ótimo lançamento que deve ser conferido de perto e certamente confiscado para sua coleção pessoal! Nota: 8.5 GOD DETHRONED “Under the Sign of the Iron Cross” Shinigami Records Por Cupim Lombardi Para começar, vale anunciar que este é o último álbum desses holandeses após mais de 20 anos de reconhecida carreira e que anunciaram o fim das atividades, em 2012. Lançado oficialmente, em 2010, acaba de ser lançado no Brasil pela Shinigami Records, o que foi uma ótima escolha da gravadora. Rápido, recheado de riffs violentos e bateria com ótimo timbre, principalmente dos bumbos que são muito bem usados em todo o álbum. A produção e mixagem chegaram num Death Metal “não muito limpo, nem muito sujo” que deu uma ótima cara para o álbum. Também estão bastante presentes alguns elementos e melodias próximas ao Black (por isso eles também podem ser encaixados no Blackened Death Metal – que prefiro não utilizar!) e Heavy Metal tradicional com maestria. “Storm of Steel” abre o álbum com muita pegada e junto com “The Killing is Faceless” e “On Fields of Death & Desolation” são os grandes destaques, sendo esta última a que fecha o álbum com sete minutos que nem te fazem perceber. A faixa título foi construída em cima de uma base melódica e pesada do início ao fim, muito destruidora! Realmente, é uma pena a obra ter apenas pouco mais que 36 minutos de duração. Podem dizer que não é um clássico, mas é uma ótima produção do Death Metal, não só por ser o último dos caras, mas compensa muito colcoar para ouvir. As letras tratando de guerras e militarismo que não são muito comuns no estilo e músicas bem levadas como “Chaos Reigns at Down” não deixam a cabeça parada. Mais uma vez, cabe o destaque para a bateria, com encaixes perfeitos de pedal duplo e o trabalho vocal também ficou muito bem destacado. Mostra porque fecham a competente carreira com grande destaque no estilo. Brutal! Nota: 9.0 Hate Embrace “Domination Occult Art” Independente Por Junior Frascá Banda pernambucana da mais alta qualidade, o HATE EMBRACE chega com tudo nesse seu primeiro registro completo! Com uma gravação excelente e esbanjando qualidade nas composições, os caras conseguiram criar um estilo todo próprio, que se baseia no Death Metal Old School, mas que traz diversas outras influências. E o grande diferencial do som dos caras é a utilização de teclados. Mas não se engane, pois nada aqui soa acessível ou sinfônico, muito pelo contrário: o instrumento, na maioria das vezes, é utilizado na criação de climas soturnos e fúnebres, que agregam ainda mais morbidez e brutalidade ao som. E mesmo nos momentos mais climáticos e introspectivos, os caras conseguiram dosar muito bem o teclado, como se percebe na excelente “ArchaiCreation”. Trata-se de uma banda 36
que, embora com os dois pés bem fincados no Death Metal, procura fugir do lugar comum, de forma criativa e competente. Nota: 8.0 HIBRIA “Silent Revenge” AFM Records Por Augusto Hunter A veterana de Porto Alegre vem com mais um incrível lançamento e, mesmo eu sendo uma pessoa com um pouco de “receio” em ouvir Power Metal e afins, a banda, mais uma vez, me surpreende com um lançamento de qualidade intocada. “Silent Revenge” aparece depois de um ano de muito sucesso para a banda, de DVD gravado no Japão e reconhecimento internacional. O disco vem para manter essa chama acesa, já que o peso, a agressividade e técnica apurada do Hibria estão mais presentes ainda. O disco abre com a faixa título “Silent Revenge”, uma faixa poderosa e que mereceu o excelente clipe que está disponível no Youtube. Essa dá mais ou menos a tônica de como o disco seguirá: composições pesadíssimas e um bom gosto incrível. “Lonely Fight”, “Deadly Vengeance”, “The Way It Is” e todas as músicas do disco são incríveis, mas a única coisa que eu não curti muito foi o jeito do vocalista. Não que ele seja ruim, pois está mais que provado que não, mas com uma gravação tão pesada, ele poderia ter evitado um pouco os agudos, mas nada que tire o brilho de “Silent Revenge” e isso é certo. Depois de ouvir essa maravilha, estou ainda mais curioso para vê-los no Rock In Rio desse ano e ver como essas músicas saem ao vivo. Nota: 9.0 Immolated “Eradication’s Inception” Independente Por Júnior Frascá Ao dar play neste EP, de apenas quatro músicas dos paulistanos do IMMOLATED, quase somos enganados, uma vez que trata-se de uma abertura bem climática, típica de filmes de ficção científica, e mais comuns quando se trata de Power/Symphonic Metal. Contudo, já na próxima faixa, somos surpreendidos por uma sonoridade totalmente brutal e insana, com vocais totalmente doentios (estilo pig squeal), e uma pegada destruidora. Tudo é muito rápido, direto e sem frescura, e as três demais músicas pouco passam de um minuto de duração. Além disso, a gravação não é das melhores, e acaba ofuscando um pouco a qualidade das gravações. Contudo, é possível perceber que os caras tem futuro, e com uma gravação melhor, e mais minutos de gravação (aproximadamente cinco minutos e quatro faixas foram insuficientes para se analisar com mais precisão o som dos caras) irão agradar os fãs do estilo. Nota: 5.0
Imperium of Iblis “DCLXVI – Veni Omnipotens Aeterne Diabolus” Independente Por Augusto Hunter A banda curitibana de Black Metal revela seu primeiro disco de ataque frontal ao cristianismo com maestria. Rick Belial Eicke e seu time mostraram nesse disco todo o sentido de ser Black Metal. Letras de ataque ao cristianismo estão presentes, já que o Imperium Of Iblis fala sem pormenores dos crimes cometidos por aqueles que saqueavam, queimavam e faziam o que bem entendiam em cidades europeias na Era Medieval, trajando ouro e cometendo atrocidades em nome de Deus. O som é o bom, velho e clássico Black Metal Extremo, direto e bem composto. Uma coisa que chama a atenção é o uso de várias línguas em suas letras, como alemão, latim e, na maior parte das vezes, o inglês. As guitarras ríspidas são como armas para disseminar todo o ódio por essa religião. A bateria é como se fosse um bastião de meticulosidade e de poderio bélico impressionante. Para quem, como eu, é fã do estilo mais negro do Metal, realmente não pode perder esse grande lançamento do nosso cenário. Nota: 9.0
KHAOTIC “Tenebrae” Independente Por Yuri Azaghal “Tenebrae” é o début do projeto solo de D. Profaner (conhecida no Ocultan como Lady of Blood). É desnecessário dizer que a estreia oficial do projeto foi magnífica. Alguns disseram que o Khaotic nada mais é do que uma cópia do Ocultan com vocal feminino. Se Khaotic tem alguma similaridade com o Ocultan, certamente, é na dedicação, no profissionalismo, na qualidade inquestionável de composição e produção e na capacidade de nos forçar a dizer “P*ta que pariu! Que trabalho mais incrível!”. Qualquer um que ouça “Tenebrae” com atenção verá que ele não é, de forma alguma, um clone de nenhum trabalho do Ocultan. O álbum tem a sua exclusividade, suas melodias soam mais mórbidas, mais melancólicas do que o Ocultan, que tem como ponto característico a agressividade. Os temas ocultos – sem trocadilhos – e a constante atmosfera negativa também podem ser notados com facilidade. Mais uma vez, chegamos ao “x” da questão e digo sem hesitar que esse é um álbum que, certamente, vale a pena ser ouvido. Claro, mas como gosto é gosto recomendo sempre que você acesse a página do Facebook do projeto e ouça uma faixa de amostra em vez de aceitar cegamente as palavras que escrevo aqui, que nada mais são do que minha opinião a respeito do trabalho. Novamente, meus parabéns à Diana que, sem dúvida, fez – novamente – um trabalho genial, típico de uma artista experiente e talentosa como ela. Por falta de espaço, infelizmente, fico por aqui. Nota: 10
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Immolation “Kingdom of Conspiracy” Nuclear Blast Por Christiano K.O.D.A. Veteranos e sempre cheios de gás... e de ódio! Em seu novo trabalho, os americanos da Immolation continuam surpreendendo os fãs do bom e (nunca) velho Death Metal. “Kingdom of Conspiracy” manteve o altíssimo nível de seu lançamento anterior, o fantástico EP “Providence” (disponível para download gratuito, é sempre bom lembrar). O carismático vocalista/baixista Ross Dolan continua despejando sua fúria por meio de seus vocais únicos, de forma bem encaixada nas músicas. E seu companheiro de longa data, Robert Vigna – aquele que agita nos shows de maneira um tanto peculiar – continua mandando ver nos riffs complexos e incomuns, uma característica da Immolation. Completando o time, o outro responsável pelas seis cordas, Bill Taylor, dá mais peso e extremismo ao material, enquanto o baterista Steve Shalaty mostrase em sua melhor e mais violenta fase. Com uma formação que está junta há uma década, não haveria como sair um resultado duvidoso. Os caras sabem o que querem e estão bastante entrosados. A verdade é que o quarteto parece ter ficado mais extremo nos últimos trabalhos. Coloque uma proteção no corpo e escute, por exemplo, “God Complex”, para constatar o fato! E o caos explosivo de “Indoctrinate” também é anormal. Somada às duas, “Serving Divinity” também é demolidora, rica e empolgante. Isso é que é devoção ao verdadeiro Death Metal. 25 anos de dedicação! Merece menção, também, a doentia e bela capa do disco. Pode ser que muitos seguidores da banda discordem, mas “Kingdom of Conspiracy” talvez seja seu melhor álbum. Bem, se não for, ao menos, possui as composições mais maduras de sua carreira. Nota: 9.0 LeftHand “Scientifical Plague” Independente Por Augusto Hunter O Thrash Metal está sempre muito vivo no estado do Rio de Janeiro e o LeftHand é prova disso. Oriunda da Região dos Lagos (famoso por ter belas praias e locais paradisíacos), os thrashers do LeftHand vêm demonstrando muito força e competência em seu primeiro registro. “Scientifical Plague” conta com cinco músicas do melhor Thrash Metal, bem calcado no caminho clássico do Exodus e Kreator, mas com influências da nova escola, pois pelo vocal altamente agressivo de Lenhador, a banda ganha toda a energia do Dew-Scented. Todo gravado no Mr. Som Studio, em São Paulo, e produzido por Marcelo Pompeu e Heros Trench, o disco tem uma gravação impecável, coisa que já é clássica oriunda do estúdio. O próprio Marcelo Pompeu (Korzus) participa da música “Submission”, última faixa do disco, que é muito bem trabalhada. Um bom registro dos iniciantes no cenário Thrash, com certeza vale muito a pena ouvir o disco e observar a banda, pois seu futuro é promissor. Nota: 7.0
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LORDI “To Beast Or Not To Beast” Gallery Productions / Rising Records / Rapture Records / Impaled Records Por Pedro Humangous Preciso confessar, nunca fui muito com a cara da banda Lordi. Achava sem graça esse lance de usarem fantasias; para mim, eram mais um Gwar da vida. Então, por puro preconceito besta, nunca parei para ouvir uma música sequer deles. Até que então, por “obrigação” desse meu trabalho, tive que escutar o mais recente trabalho “To Beast Or Not To Beast”. E não é que gostei bastante? O som é super simples, mas muito divertido! Composições que grudam no cérebro com extrema facilidade, uma ótima qualidade de gravação que deixou tudo bem cristalino, com a sujeira na medida certa. As músicas soam atuais, mas a referência aos anos oitenta é nítida, aquele Hard Rock puxando para o Glam, algo na linha do Twisted Sister, Kiss e até Motorhead. Não posso comparar esse disco com seus antecessores, pois, infelizmente, não conheço sua discografia (coisa que farei a partir de hoje), mas através da pesquisa que fiz, esse é, definitivamente, um dos álbuns mais pesados que já fizeram. Como mencionado anteriormente, as músicas têm um clima festivo, bem para cima mesmo e divertem bastante – uma boa cerveja gelada é ótima companhia nessa audição. As de que mais gostei foram “We’re Not Bad For The Kids (We’re Worse)” e “Horrifiction”, com um clima soturno que me fez lembrar o King Diamond. “SCG6: Otus’ Butcher Clinic” fecha o disco com uma faixa para lá de bizarra, praticamente um solo de bateria ao vivo. Os monstros estão à solta novamente e, dessa vez, prometem ficar! Não cometam o mesmo erro que o meu, se não conhecem ainda o Lordi, podem correr atrás sem medo. Bom, talvez pelas máscaras, só um pouquinho. Nota: 8.0 OCULTAN “Shadows From Beyond” Mutilation Records Por Yuri Azagha Para comemorar seus quase vinte anos de estrada no cenário extremo nacional, era óbvio que o Ocultan – atualmente, uma das bandas mais conhecidas do meio – não decepcionaria seu público lançando um trabalho superficial e meia-boca, afinal, nunca fez isso. “Shadows From Beyond” é uma overdose de satisfação desde a arte da capa até o último segundo de execução. As letras estão ótimas como sempre, sem nunca deixar de expor a ideologia e os propósitos dos músicos. Diferente do que algumas pessoas dizem, de que “Black Metal é só barulho”, os arranjos apresentados nesse álbum seguem o padrão da banda, ou seja, trata-se de uma composição sofisticada e altamente profissional. Porém, tem uma grande diferença entre ouvir música (prestar atenção nos detalhes) e “curtir um som” (deixar o CD rodando enquanto vai fazer alguma outra coisa qualquer). Para esse tipo de gente, é certo que “Black Metal é só barulho”, visto que esse pessoal vive com a cabeça no mundo da lua – na verdade, com as duas cabeças no redtube... Mais uma vez, meus sinceros parabéns aos músicos envolvidos no projeto, que são um exemplo inquestionável de dedicação e paixão pela música e pelo Black Metal. E se você ainda se pergunta se esse álbum vale a pena, posso afirmar, sem receio algum, que sim. Porém, como para tudo na vida existe sempre aquele fulano do contra, recomendo que você acesse a página do Facebook da banda e ouça alguma faixa de amostra do trabalho antes de comprar. Sem mais. Nota: 10l
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PANDORA “Four Seasons” MS Metal Records Por João Messias Jr Essa banda baiana conseguiu me surpreender! Logo nos primeiros acordes de Liar, pensei: lá vem Thrash. Apesar de o estilo estar presente em boa parte do trabalho, o quarteto formado por Bruno Leal (voz e guitarra), Rômulo Lebre (guitarra), Marcos Cazé (baixo) e Louis (bateria), aposta na diversidade. Na audição do álbum “Four Seasons”, é possível perceber contornos do metal tradicional, Death, Speed e algumas passagens modernas. Vamos começar falando da faixa que dá nome ao grupo. Ela começa lenta e com riffs mais cadenciados e depois ganha uma parte “desgracenta”, então parte para solos inspirados no metal tradicional, com direito a final apoteótico, misturando todos os elementos citados neste parágrafo. Já “Four Seasons” vai numa linha épica, lembrando bandas como o Savatage, só que mais pesado. O mesmo vale para “Nuclear Winter”. Outro ponto alto do disco é a “desconstrução” para “Destroyer (Twisted Sister)”, que foi transportada ao som da banda, bem pesada e rápida. Garanto que Dee Snider e sua trupe ficariam orgulhosos ao ouvir a versão. Vale muito a pena conhecer o som da banda que, apesar do nome um tanto comum, merece uma oportunidade em seus toca discos e aparelhos portáteis. Nota: 8.0
Reckoning Hour “Rise of The Fallen” Independente Por Augusto Hunter Com um ano de vida, o Reckoning Hour está vindo com tudo em seu primeiro lançamento. A banda mostra uma qualidade sonora incrível e mesmo sendo uma formação recente, trilham no caminho mais correto. Com guitarras incrivelmente pesadas, capitaneadas por Philip Leander e Thiago Tavares, ótimos riffs e frases melodiosas são ouvidas a todo momento no decorrer do disco. O trabalho do vocalista J.P. está sensacional, com vozes melodiosas e agressivas, formando um ótimo contraste. A cozinha, formada por Haquim na bateria e Yan Marks no baixo dão um show à parte, segurando toda a onda da banda. Gravado completamente de forma independente, no Pyroz Studios (no Rio de Janeiro), em nada o disco deve a grandes nomes do underground nacional; a banda tem uma forte influência de bandas como Killswitch Engage, Caliban entre outros incríveis nomes, mas nada que seja copioso, já que as composições deles têm muita personalidade. Para mim, tirar uma música como destaque seria desmerecer todas as composições do disco, então o que posso destacar é a imensa qualidade aqui apresentada. Entre em contato com os caras e compre a sua cópia, pois se você curte esse estilo, tenha certeza que o Reckoning Hour não irá te decepcionar. Nota: 10
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Siege Of Hate “Animalism” Independente Por Pedro Humangous O cerco ao ódio foi armado! Formada em Fortaleza/CE por Bruno Gabai (vocais e guitarras), Fábio Morcego (guitarras), George Frizzo (baixo) e Saulo Oliveira (bateria), o Siege Of Hate (ou simplesmente S.O.H para os íntimos) apresenta uma proposta indecente, afinal, pode-se dizer que “Animalism” é um estupro aos ouvidos! Um disco rápido, intenso e violento ao extremo. É possível sacar nas músicas um pouco de tudo, Grindcore, Death e um resquício de Hardcore. As caixas de som transbordam ódio, puro e primitivo, causando inquietude no ouvinte, uma estranha sensação de urgência – me deu vontade de sair correndo e quebrando coisas pelo caminho. “Grinding Ages” abre o álbum e já consigo imaginar os hematomas causados pela roda insana criada quando tocada ao vivo. Na sequência, “Turmoil” causa sérios danos à massa cinzenta, sendo seguida por “Catharsis”, um ataque impiedoso com um leve toque de Black Metal nos vocais. Destaco ainda “Hypochrist” e “Individual Community”, essa última me lembrou dos bons tempos do Dying Fetus. O trabalho é todo coeso, bem trabalhado na parte instrumental e nas letras, conta com uma arte muito legal para capa e, o melhor de tudo, te diverte do início ao fim! Um dos melhores lançamentos do estilo nesse ano, não deixe de conferir! Nota: 8.0 Subversilvas “Subversilvas” Independente Por Vitor Franceschini Confesso que tenho muito senso de humor, mas quando fui designado a resenhar esse trabalho e vi o nome da banda, torci o nariz e esperei algo metido a “engraçadinho sem graça”. Afinal, com um nome desses, banda alguma deixa de gerar tal sentimento. Felizmente, a graça fica somente por conta do nome, já que esse power trio paulista formado por Jesus (baixo e vocal), Harold (guitarra) e Fellipe (bateria) faz um som sério e de qualidade. O estilo adotado pela banda transcende entre Thrash Metal, Crossover e Hardcore, soa agressivo e com letras cheias de revolta. Os riffs são muito bem desenvolvidos, mesmo soando simples, enquanto a cozinha demonstra destreza e coesão. Cantando em português, Jesus destila palavras de protesto, com letras inteligentes e cheias de fúria. Com um vocal agressivo (ora gutural, ora rasgado), sua voz se encaixa perfeitamente às linhas instrumentais. São cinco ótimas faixas onde destaco “Lutar” e “Brasil”, sendo essa última com um pouco mais de groove e variação rítmica em sua execução. Gravado no estúdio Fábrica de Sonhos, em São Paulo, e produzido por Bernardo Pacheco, o EP possui uma ótima qualidade sonora, com todos os instrumentos nítidos e nada muito digitalizado. A masterização e mixagem ficaram por conta de William Blackmon, enquanto a arte gráfica foi feita por João Henrique Palma e Fellipe Fonseca Morello. Um bom trabalho para amantes de uma música furiosa e cheia de rancor. Nota: 7.5
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Visceral Slaughter “Caedem” Lazy Bones Records/Goretomb Records/Terceiro Mundo Chaos Discos/Cianeto Discos/Mucosa Records/Deranged for Leftovers/ Blasphemic Art Distro/Underground Brasil Distro Por Pedro Humangous Há males que vêm para o bem. A banda anteriormente se chamava Anonymous Hate (eu, inclusive, tenho dois discos deles) e com o lamentável falecimento de seu guitarrista, Heliton Costa Coêlho, o grupo resolveu juntar as forças e criar um novo projeto, agora intitulado Visceral Slaughter. Demorei a entender e até achei que meu CD estava com defeito, mas depois fez todo sentido: a primeira música dedica um minuto de silêncio ao amigo que se foi. Belíssima e inteligente homenagem. O próprio nome já entrega o tipo de som que praticam: um Death Metal visceral! “Caedem” é ultra violento, agressivo e portador da raiva. Os vocais de Victor Figueiredo estão absurdos de extremos e guturais, combinando perfeitamente com o instrumental. Há tempos venho procurando por bandas brasileiras que pratiquem esse Death Metal tradicional, brutal e com aquela pegada do underground, que mostrem sua verdadeira essência através de um som honesto, cheio de garra. Todo o álbum está muito bem feito, desde sua maravilhosa capa (que lembra história em quadrinhos), passando pelas composições inteligentes, culminando na sua produção. A gravação está boa, mas poderia dar uma leve melhorada, o que deixaria o som ainda melhor. Na mixagem, achei a bateria um pouco mais alta que os demais instrumentos, destoando um pouco na caixa e nos pratos. A participação especial de Jonathan Cruz (Lacerated And Carbonized) nos vocais ficou insana na faixa, “Search For Power”. Outras pedradas certeiras que merecem destaque são “Endless Bloodshed” e “Open Your Grave”, simplesmente matadoras! Um excelente lançamento dessa experiente debutante banda. É colocar o disco para rodar e “bangear” até a cabeça cair do pescoço! Nota: 8.5 Wael Daou “Ancients Conquerors” Independente Por Pedro Humangous Que grata surpresa esse Wael Daou! Trata-se de um disco instrumental, voltado principalmente para as guitarras, na linha de Vai e Satriani. Wael mostra toda sua habilidade nas seis cordas (nesse caso, creio que ele esteja usando uma de oito, apesar de não usar aquele timbre ultra grave), apresentando um trabalho bastante coeso, composto de forma inteligente. Além das guitarras, ele programou a bateria, produziu e compôs todo o material – a única ajuda que teve foi nas linhas de baixo, gravadas por Marcos Saraiva. Estranho não ter menção de quem gravou os teclados nesse disco. Falando nos teclados, eles desempenham um papel importantíssimo nas músicas, criando um clima interessante, sempre voltado para a cultura do oriente médio. Porém, em alguns momentos, eles soam exagerados ou fora de lugar, como em “Salah El Dine” e “Xerxes I”, que acabaram ficando um pouco confusos do meio para o fim. A gravação está ótima, mas a mixagem falhou em alguns pontos, deixando a guitarra base muito alta, brigando quando ela está solando ou executando um riff importante na canção. O mesmo acontece em algumas passagens de teclado. Deixando esses detalhes de lado, “Ancient Conquerors” é um trabalho magnífico, repleto de momentos memoráveis e cheios de influências árabes em sua música, passeando por riffs malucos e velozes, que andam de mãos dadas com outros de pura viagem e calmaria. Wael experimenta de tudo um pouco, agregando o Prog à música clássica, Metal Melódico aos blast beats, e uma bateria que insiste em mostrar seu lado jazzístico. Algumas músicas se sobressaem e chegam a emocionar, como é o caso de “Genghis Khan”, faixa que abre o disco. A brilhante arte que ilustra a capa, cheia de simbolismos e referências, foi desenvolvida pelo mestre Gustavo Sazes e deixou o trabalho ainda mais profissional. Ficou curioso? Vale a pena dar uma passada no Youtube e conferir os vídeos que ele disponibilizou, são de cair o queixo! Veja, ouça, baixe ou compre, só não deixe de conferir esse belo trabalho! Nota: 8.5
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Warcüpid “Warcüpid” Terrötten Records/Imminent Destruction Records Por Christiano K.O.D.A. Vou dizer uma coisa: o underground é mais gostoso quando o material sai em vinil. É o caso aqui da Warcüpid, que soltou essa porradaria do Crust mesclada com o Punk, em formato de 7’’. E, tão interessante quanto o fato, é o disquinho ser rodado em 45 rpm (em geral, discos rodam em 33). Trata-se de um bom projeto que conta com integrantes das bandas Homicide, Living in Hell, Gritos de Alerta e Disarm, ou seja, é composto por apaixonados pela música extrema. Mas voltando ao som, é aquele som podre (no bom sentido), cru e diretão, feito para abrir rodas e ficar com hematomas. Seis músicas que se alternam na velocidade (predominando a rapidez), mas sempre agressivas e sujas, como manda o estilo. “Ouça alto, quebre uma garrafa na sua cabeça, coma o vidro!”, traduzindo livremente a frase encontrada no encarte. É bem esse o clima do play! A crueza da gravação caiu bem com a sonoridade da banda, formada por Renan (vocal), Sommer (baixo), Jukka (guitarra), Julio Soares (guitarra) e Leandro Kaku (bateria). Nunca foi tão bom ser flechado por um cupido que promove a guerra.
divine deathmatch
Nota: 8.0
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matÉria
O Grande Vilão (Que Nunca Existiu...) Por Yuri Azaghal “Os games deixam as pessoas violentas”. Novamente, esse argumento pífio veio à tona graças ao atual caso Pesseghini. Não é o meu intuito levantar hipóteses sobre o que pode ter acontecido. Aqui não interessa se o menino assassinou ou não a família antes de cometer suicídio. O que interessa aqui é salientar que, independente da conclusão da justiça, os games não são culpados de nenhuma tragédia que possa acontecer com as pessoas; a culpa é das próprias pessoas. Honestamente, eu não perderia o meu tempo escrevendo algo tão óbvio, já que a maioria de vocês possui inteligência, discernimento e maturidade o suficiente para saber que é impossível um game criar um psicopata, mas estou de saco cheio dessa gente tapada que não usa o cérebro, aceita tudo o que a mídia diz como verdade absoluta e age como um verdadeiro rebanho de ovelhas lobotomizadas. Eu também não vou ser ingênuo de crer que essas palavras mudarão a forma de pensar desses idiotas, já que esses mesmos idiotas certamente não costumam ler revistas como essa, mas de alguma forma eu tenho que desabafar.
Esse ataque moralista e estúpido aos games já vem de longa data. Duke Nukem, Carmageddon e agora Assassin’s Creed. Mas a verdade é que esse ataque não é exclusivo aos games; eles são mais afetados com isso porque hoje em dia a indústria dos games é uma das maiores – senão a maior – indústria lucrativa do mundo, superando até mesmo a indústria cinematográfica. Esse moralismo sujo incorporado em demagogia barata vem sendo canalizado ao público através da mídia desde a invenção do cinema. Filmes, álbuns de música (mais especificamente rock e metal), HQs, Mangás, desenhos, animes, rpgs, cardgames... Tudo isso já foi perseguido e censurado por conter violência, pornografia e outras coisas. Os maiores defensores e causadores dessa perseguição são a mídia e – obviamente – a igreja. Ambos alegam que a violência influencia as crianças.
Antes de tudo, vou explicar uma coisa: Psicopatas existem não porque filmes ou games os criam, mas porque eles simplesmente nascem assim. É óbvio que uma cena em particular contida em um filme, game ou vídeo snuff pode aguçar a criatividade de alguém que já tem uma pré-disposição para ser violento, mas de forma alguma dá origem a esse sentimento. Em outras palavras, se um imbecil pega um carro e atropela centenas de pessoas em uma rua porque ele fez a mesma coisa em GTA, isso aconteceu porque ele é uma p*rra de um doente por natureza, mas não porque o jogo o deixou louco. E, claro, não sejamos ingênuos de achar que a mídia ou a igreja estão demonstrando alguma preocupação genuína com alguém. Ambas sobrevivem de gente bitolada e idiota, então é claro que essa demonização ridícula nada mais é do que uma tática para manter alienados aqueles que já são mente fraca por natureza. Execram em nome da moral e em nome de deus os “games obscenos e satânicos”, mas qualquer um com um mínimo de inteligência vai se lembrar que em nossa história, os maiores assassinos da humanidade existiram em uma época chamada Inquisição, e esses mesmos assassinos acreditavam em deus, e mataram milhões em nome desse deus “amoroso e perfeito”. Polêmica gera dinheiro, ou seja, gera audiência e fieis. E para esses porcos antiéticos, casos como o Pesseghini são um prato cheio. Sem falar que os games ensinam inglês, história e filosofia melhor que qualquer escola brasileira e ajudam a desenvolver o raciocínio e a percepção, tornando a pessoa mais culta e esperta – ou seja, menos bitolada, o que é um grande problema para as igrejas e para o nosso governo corrupto, manipulador e nojento. As pessoas de modo inocente – para não dizer estúpido – acreditam que a censura é a cura para a violência do mundo, quando na verdade é o contrário. Podemos ver nos recentes acontecimentos do mundo que a censura na verdade gera a violência, pois a censura é um atentado contra o maior bem do ser humano, ou seja, a sua liberdade. Certo, eu admito que sou um cara suspeito para falar, mas quando eu chegava em casa e cometia uma bela carnificina virtual no Carmageddon, aquilo me fazia muito bem, me tirava todo o stress e tensão do dia-a-dia. Eu até me esquecia do coleguinha de escola filho da p*ta que me enchia o saco e me deixava com vontade de esconder uma faca na mochila e cortar a garganta dele no dia seguinte durante a aula. Eu lembro quando o filme “A Bruxa de Blair 2” estava em cartaz. Eu tinha onze anos e queria muito ver o filme, mas a censura era doze e não me deixaram entrar, mesmo com a minha mãe junto. Fiquei com raiva, quis espancar o otário que inventou essa merda de faixa etária nos filmes. E o que aconteceu no dia seguinte? Meu pai conseguiu a versão pirata do filme e eu assisti do mesmo jeito, e não matei ninguém por causa dele. Isso só mostra como essa ideia de censura é ridícula, principalmente hoje em dia com a pirataria tão difundida. Se alguém realmente quer fazer algo, essa pessoa fará e pronto. Não adianta você dizer a ela que não. Por fim, deixo um recado aos pais “super-protetores” que tem como lazer assistir noticiários estilo Datena e que vão às igrejas de domingo: não sejam hipócritas. Os noticiários que vocês assistem utilizam da violência como forma de ganha-pão, e nenhuma literatura possui mais violência que a sua amada bíblia. Querem o bem dos seus filhos? Ótimo. Conversem, orientem, acompanhem suas atividades. Deixem a comunicação entre a família fluir de forma natural, procurem saber se o filho de vocês está com algum problema, seja na família ou na escola. Como eu disse, orientem, mas jamais censurem. Censura não leva a nada. E caso o pior aconteça, tenha a decência de admitir que você possa ter fracassado como pai/mãe justamente por não ter prestado atenção ao que seu filho fazia e por não ter conversado o bastante com ele. Não procure algo para culpar depois que a tragédia ocorreu, pois a culpa é unicamente sua. Não é dos games, dos filmes nem das letras que falam sobre Demônios, mas sim sua. É muito fácil encontrar um bode expiatório, mas olhar para dentro e enxergar as próprias falhas – e admiti-las – é algo para poucos. Ah sim! E antes que eu me esqueça, reflitam sobre isso: jornalistas não são os senhores da verdade.
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The Last Of Us Estúdio: Naughty Dog Ano: 2013 PS3 The Last Of Us, desde o seu anúncio, está sendo o jogo mais aguardado para o Playstation 3 e ele fez jus a toda a espera. Toda a movimentação em torno desse título que muitos estão considerando ser o jogo do Milênio e, em minha sincera opinião, vai ser difícil algum estúdio conseguir tanta perfeição em um estilo de jogo tão simplório, com uma história até mesmo “batida”, mas não do jeito maestral que a Naughty Dog tratou, não simplesmente do jeito que nasceu The Last Of Us. Mas, vamos lá, Joel era um pai de família que viu sua filha morrer em seus braços, no início de todo o problema com a infecção de todo o mundo pelo Cordyceps, um fundo existente em nosso mundo que ataca mais a insetos, os transformando em “zumbis”, coisa que faz o apocalipse zumbi humano na história de The Last Of Us. Depois de 20 anos, ele acaba tendo de levar uma simpática menininha de seus 12 anos, a Ellie, que somente conhece o mundo depois da Infestação. Sabendo da história, vamos falar desse jogo que é incrível, ele te coloca em situações de extrema dificuldade, enfrentando os infectados e até mesmo humanos que são sobreviventes e que lutam como animais para a manutenção de seu grupo em uma localidade e como você é um desconhecido, eles são seus inimigos e fonte de mais provisões. Uma das coisas que mais chama a atenção no jogo é que ele segue de acordo com as estações do ano, fazendo cada vez mais uma imersão incrível e o que mais é incrível é como Joel, Ellie e outros personagens que entram no jogo são cativantes. Por diversas vezes, você passa por momentos de emoção bem forte, que faz a experiência desse jogo incrível, tornando-o, com certeza, o melhor jogo dessa geração Gráficos: 10 Enredo: 10 Jogabilidade: 10 História: 10 Por Augusto Hunter
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Deadpool Estúdio: High Moon Studios / Marvel / Activision Ano: 2013 PS3 / XBOX360 / PC O tão aguardado jogo desta geração do anti-herói mais cômico da Marvel acaba de ser lançado e ele tem bastante coisa, exceto qualidade, infelizmente. O jogo do Deadpool começa com o personagem querendo sequestrar os produtores da High Moon para fazer o melhor jogo já lançado, bem a cara de um super-heroi que quebra a “Quarta Parede” a toda hora. Para explicar, a “Quarta Parede” é o personagem do quadrinho e, no caso desse jogo, ter momentos de “conversa” com o leitor e nesse caso, jogador. Sabendo disso e tudo mais, até o final dessa pequena história, que serve como introdução para o jogo e treino de habilidades, uma coisa é muito garantida, as suas risadas. É impossível não jogá-lo e se escangalhar de rir com as piadas que o personagem principal faz a toda a hora e com a discussão entre as suas personalidades, já que ele tem duas e elas vivem em choque. Tirando isso, a história se passa com ele correndo atrás de Sinistro para tentar parar com seu malévolo plano e personagens da Marvel aparecem em vários momentos do jogo, como Wolverine, Cable, Psylocke e outros. Se vale a pena jogá-lo, se você é um grande fã do personagem, como eu sou, sim, vale demais, mas caso não, nem ligue muito para o cara, não é nada revolucionário ou que vá mudar a sua vida. Só as piadas, essas sim são incríveis.
Gráficos: 8.0 Enredo: 9.0 Jogabilidade: 6.0 História: 5.0 Por Augusto Hunter
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g n i r e cov
Nessa edição, vamos tentar entrar um pouco m onde ele tem as inspirações para suas incrívei mais de sua técnica e desenvolvimento artístic por trás de bandas como Kreator, Nile, Forceps, Por Augus
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s s e n sick
mais fundo na mente do Psicopata, entender de is e insanas artes e tentar entender um pouco co. Com vocĂŞs, Raphael Gabrio, artista grĂĄfico Lacerated And Carbonized entre muitas outros. sto Hunter.
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HELL DIVINE: Raphael, como se viu envolvido pela primeira vez com a arte e como isso foi se desenvolvendo dentro de você? Raphael Gabrio: Sou fascinado por arte mesmo antes de me aventurar neste segmento. Visitava frequentemente exposições durante a minha infância e a arte cada vez mais foi se tornando parte de mim. A primeira vez que senti realmente envolvido com arte da forma que vivo hoje em dia foi, com certeza, depois de desenvolver um trabalho para o Dying Fetus que foi logo no início da minha carreira. A partir desse momento percebi que esse era o meu caminho. HELL DIVINE: Em seu trabalho, você procura expressar exatamente o quê? Raphael Gabrio: Procuro sempre expressar a realidade doentia do ser humano nos meus trabalhos. O que muitos podem achar aterrorizante ou insano, para mim é simplesmente excitante e maravilhoso. Gosto de causar tais reações nas pessoas, isso demonstra que atingi o meu objetivo. HELL DIVINE: Como você definiria a sua arte e por que tal definição? Raphael Gabrio: “A realidade repugnante”. Defino dessa forma, pois vejo a humanidade deteriorando-se ao longo dos tempos, e é a minha principal referência quando se trata de criar um conceito e etc... HELL DIVINE: Com qual tipo de ferramentas você trabalha para fazer seus trabalhos? Raphael Gabrio: Meu trabalho é, basicamente, no Photoshop, uso Wacom Tablet e também crio muitos rascunhos e desenhos em papel para desenvolver qualquer ideia inicial do trabalho. HELL DIVINE: Você curte trabalhar com manipulação de fotos e imagens. Sempre trabalha usando o PC ou alguma ideia partiu de algum tipo de trabalho com tinta e papel?
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Raphael Gabrio: Sim, trabalho com manipulação de imagens em alguns casos, porém hoje eu reedito tanto as imagens que acabo recriando outra totalmente diferente do que de início era. Costumo sempre trabalhar no PC, porém, diversas artes eu desenho no papel antes mesmo de começar o trabalho no Photoshop. HELL DIVINE: Vemos que você trabalhou com bandas de renome como Nile, Kreator, Suicide Silence entre outros. Como foi para você, fã e artista, trabalhar com esses caras? Raphael Gabrio: Sem dúvida, para qualquer artista e fã de metal extremo ter a oportunidade de trabalhar ao lado do seu ídolo é realmente gratificante. No início, foi um choque para mim, mas logo me acostumei com a ideia e hoje me sinto realmente privilegiado em poder exibir meus trabalhos estampados nas camisas e capas de bandas que eu admiro. HELL DIVINE: Dentro de seu grande catálogo de artes, qual delas você acha que ficou melhor e como foi o processo de criação dela? Raphael Gabrio: Sinceramente, não tenho preferência por nenhum trabalho em específico. Mas em termos de criação, eu diria que a capa do Forceps que, por coincidência, é a minha banda (risos), levei um bom tempo para criar o conceito e desenvolver a arte, ousei a usar técnicas novas mesclando ilustração e manipulação de arte que até então eu não havia usado na época e gostei bastante do resultado final. HELL DIVINE: Raphael, obrigado por conversar conosco e espero que você cresça cada vez mais. Deixe aqui os seus contatos e uma mensagem para os leitores da Hell Divine. Raphael Gabrio: Eu que agradeço a HELL DIVINE pelo espaço e pela oportunidade, espero que muitos gostem dos trabalhos, quem quiser entrar em contato é só enviar um email para (raphaelgabrio@gmail.com) e quem tiver interesse em visualizar mais o meu trabalho é só conferir nas páginas www.facebook.com/ insanevisions, www.raphaelgabrio.com ou www.raphaelgabrio.tumblr.com.
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PORÃO DO ROCK 2013 Dia: 30 e 31 de agosto Local: Mané Guarrincha / Brasília - DF Fotos: Pedro Humangous Por Pedro Humangous
live shit
especial
Depois de dois anos tentado, finalmente fomos reconhecidos e agraciados com o passaporte da alegria (pulseira de imprensa para cobrir o evento). E, afinal, como foi esse Porão de 2013? Bom, confesso que em termos de lineup, achei um dos mais fracos dos últimos anos – já frequento anualmente há uns cinco anos – e, nem por isso, o público deixou de comparecer. Nos dois dias de evento, 45 mil pessoas estiveram presentes. Tudo bem que alguns seres parecem emergir de algum buraco obscuro, onde passam o ano todo entocados e resolvem dar as caras somente no Porão do Rock. Tinha gente de todo o tipo, desde as “patricinhas” (que foram ver o Capital Inicial, por exemplo) até as mais cavernosas e estranhas pessoas. Nos anos anteriores, o evento ocorria nos arredores do Ginásio Nilson Nelson, com o palco do Metal dentro do ginásio (apesar de a acústica ser ruim, a estrutura era ótima). Dessa vez, escolheram a área externa do estacionamento do reformado estádio Mané Garrincha. A área é enorme, mas a organização das tendas estava confusa. Logo na entrada, era difícil saber onde cada um deveria entrar (existiam as entradas “lounge”, “imprensa” e “público em geral”), nem as pessoas trabalhando no evento sabiam informar nada. Ao fundo, havia dois palcos gigantes, lado a lado, que se revezavam nos shows mais Pop e alternativos. O palco Budweiser, destinado ao Rock e Metal, ficava mais afastado. Porém, o som vazava de um show para outro atrapalhando e muito as apresentações. Não vi comida decente dentro do evento, somente alguns pipoqueiros cobrando caro. Os banheiros também não consegui localizar com facilidade. Por sorte, eu tinha acesso ao camarote do BRB e por lá me aliviava. A loja PDR também estava bem capenga, com pouco material das bandas – não encontrei absolutamente nada do Soulfly, Krisiun, nem Suicidal Tendencies. Felizmente, comprei uma das poucas unidades do disco do Test. Como saio tarde do trabalho, na sexta consegui conferir apenas as duas últimas bandas. A banda Test, de São Paulo, começou acanhada, fazendo pouco contato com o público. Do meio para o final foi pancadaria total, com uma apresentação insana da dupla. Impressionante como o evento conseguiu seguir à risca os horários estabelecidos, ponto para a organização. É hora de Max Cavalera e companhia abrirem um furacão no palco! Era realmente de arrepiar vendo uma lenda dessas em terras brasilienses. Os
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caras tocaram de tudo um pouco, músicas antigas e novas do Soulfly, além de clássicos do Sepultura. Marc Rizzo é um monstro na guitarra, abusando das sete cordas. Tony Campos segurou tudo com seu baixo super ultra encorpado (um dos sons mais incríveis de baixo que já ouvi ao vivo, perfeito). Já Max se concentrou apenas nos vocais, já que sua guitarra estava praticamente desligada (ligada, porém com um som muito baixo, sem falar na maneira descompromissada com que ele tocava). No final, para fechar com chave de ouro, tocaram a introdução de “The Trooper” do Iron Maiden! No dia seguinte, cheguei um pouco mais cedo para ver mais bandas. Por volta de umas nove da noite o público ainda era bem fraco. Fui em direção ao palco do Metal conferir de perto o Krisiun, que faria uma apresentação memorável nesse dia. O trio se mostrou afiadíssimo, muito bem ensaiados e transbordando carisma. Incrível como Max Kolesne está cada dia mais parecido (fisicamente falando) com Dimebag Darrell na sua maneira de tocar. A galera foi ao delírio com o cover de “No Class” do Motorhead. Mais uma apresentação impecável dessa banda que é uma das maiores brasileiras da atualidade. Na sequência, subiram ao palco os loucos e bem humorados do Galinha Preta, trazendo consigo dois “bonecões do posto” em formato de caveira, que deixaram a apresentação bem legal, dando um ótimo visual. As rodas não pararam de abrir e todos cantaram junto as letras de músicas como “Vai Trabalhar Vagabundo”, “UA” e “Roubaram Meu Rim”. Uma apresentação rápida, mas muito legal! Deixaram definitivamente seu recado. Nesse momento o Porão estava abarrotado de gente, a galera do Hardcore já começava a aparecer com seus skates e bandanas, aguardando ansiosas pelo headliner, o Suicidal Tendencies. O grupo fez um show memorável e, certamente, inesquecível para todos os presentes fechando então mais um ano de Porão do Rock. O saldo foi bastante positivo, apesar das pequenas falhas já mencionadas. Que esse evento continue cada vez mais forte, trazendo bandas de peso para o cenário candango, tão carente de bons eventos.
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Evento: Marduk e Vader Data: 05/08/2013 Local – Teatro Odisséia – RJ Horário: 19h. Fotos: Daniel Croce Por Augusto Hunter O mês de agosto mal começou e o Rio de Janeiro recebeu um extremo presente, a vinda de dois grandes nomes do cenário extremo mundial. O Vader retornou depois de mais ou menos dez anos de uma tentativa frustrada de tocar por aqui e o Marduk também retornou, depois de três anos ter lotado a mesma casa em que se apresentou. Uma noite que ainda contou com um dos grandes nomes da cena carioca de Black Metal Enterro, fazendo o papel do “Carro Abre-Alas”, ou melhor, o “Primeiro Vagão do Trem da Destruição”. Chame como quiser, mas eles foram os escolhidos para ter a importante missão de começar a noite. O Teatro Odisseia abriu as portas bem cedo. Por se tratar de uma segunda-feira, o evento começou por volta das 18h30, com Tadeu Nihil, Doonedah, Kaffer, Perazzo e Ozorium em palco já detonando seus sucessos antigos e de seu incrível disco lançado, chamado “The Bell Of Leprous”. Como sempre, um show empolgante e profissionalíssimo, o Enterro começou a noite de segunda feira preparando o público para uma enxurrada de boas músicas que viriam a seguir. Logo depois do belo show do Enterro veio o quarteto polonês Vader, que não estava brincando e subiu ao palco destilando todo o poder de seu Death Metal sobre o público. Em turnê do maravilhoso “Welcome To The Morbid Reich”, Peter e companhia começaram o show que foi lotado de clássicos como “Reborn In Flames”, “Wings” entre outras. Eles escolheram um set bem variado, com clássicos antigos e músicas mais recentes, como “Return To The Morbid Reich” e a já clássica “Helleluyah (God Is Dead)”, que o público não
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somente cantou como se digladiou feito louco. Uma coisa interessante é que aquela era a segunda passagem do Vader pelas terras do Cristo Redentor, sendo que, em sua primeira incursão, nos idos longínquos de 2002, muitos problemas técnicos impediram a banda de tocar seu set completo, fazendo alguns que estavam lá na época (eu, inclusive) liberar demônios presos há 11 anos e poder curtir o Vader com todo o seu poderio. Para fechar o show, nada mais do que uma incrível versão de “Hell Awaits” do Slayer, sensacional. Peter e turma fechou sua apresentação, mais que memorável e perfeita, os caras deram aula. Pausa para cerveja, aquela passeada pela casa e, ao voltarmos, foi a hora da invasão da elite do Black Metal mundial, iríamos ver o Marduk. Pela sua segunda passagem por aqui, Morgan, Mortuus, Devo e Lars pegaram o público quente depois da apresentação dos poloneses e, infelizmente, em minha opinião, deram um tremendo banho de água fria. Falo isso, porque a banda resolveu focar mais o show na carreira com o Mortuus e fazendo um Black Metal que não é esperado de um “Panzer” como o Marduk é mundialmente conhecido. Acho que a escolha foi infeliz, apesar de a banda ter feito uma apresentação magistral, Mortuus altamente competente em seus vocais e ainda usando um efeito que deixa a sua voz ainda mais fantasmagórica, o show deles tinha tudo para ser avassalador, mas, particularmente, foi frio e bem sem sal. Tirando algumas clássicas como “Slay The Nazarene”, “With Satan and his Victorious Weapons”, “Christrapping Black Metal”, o show foi todo mais cadenciado, fazendo o pessoal, em parte, um pouco decepcionado. Apesar de terem fechado o show com “Baptism By Fire”, particularmente, não consigo ver o Marduk e não torcer para tocarem um “Panzer Division”, “Burn My Coffin” e outras músicas, mas infelizmente não rolou. Mais uma vez, a Blog N´Roll fez um puta evento e a estrutura estava sensacional, sendo que, mais uma vez, o público deu mole, tendo uma presença realmente bem baixa para o tipo de show que foi oferecido. Tenho certeza que muitos vão me criticar de vários jeitos, mas, o Rio de Janeiro por eras ficou carente de eventos de médio porte. Agora que está tendo, acontece isso, triste. Mas, vamos lá, o público metal que comparece não deixa a peteca cair e o som vai sempre continuar.
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upcoming storm
Tellus Terror Por Augusto Hunter O Tellus Terror é uma banda autointitulada de Mixed Metal Style(MMS), já que, limite a criatividade para esses cinco cariocas não existe. Preparando o seu début em estúdio, a banda já vem chamando a atenção de todos aqueles que presenciam a qualidade de sua música, ora calcada no mais puro Brutal Death Metal, ora mais puxada para o Metal Moderno, com composições que fariam qualquer fã de Doom Metal ir aos prantos ao Thrash Metal ainda mais furisoso. Não se sabe ainda quando sairá o disco dessa banda, mas o que se comenta pelo underground é que ela está vindo para atormentar muita gente por aí, pois é sucesso garantido. Contato: manager@tellusterror.com ODUM Por Augusto Hunter A banda Odum iniciou sua carreira de nos Estados Unidos, país em que o líder da banda Gus Conde residia no ano de 2005, tendo na época certa repercussão pelo cenário norte americano e tendo até mesmo alguns registros. Mas a banda, depois de alguns pequenos problemas de formação, ficou trabalhando em cima de algumas composições até 2010 e nada mais. Mas com o líder retornando a sua terra natal, o Odum já recrutou novos membros e estão trabalhando arduamente para o lançamento de um material de qualidade, com músicas inéditas. No site é possível conferir a qualidade desse nome e espero termos um bom lançamento, dessa vez com a banda 100% nacional. Contato: http://www.gusconde.com/odummusic/ Visceral Leishmaniasis Por Augusto Hunter A banda de Slamming Brutal Death Metal Visceral Leishmaniasis vem demonstrando uma força inacreditável, já que a banda é extremamente técnica e com músicas que deixam qualquer fã do Death Metal cativado, ainda mais ao ver que os vocais insanos vêm da Luanna Nascimento. Ela canta demais, um vocal poderosíssimo, combinado com a insana guitarra da Mafe, faz da banda um expoente no Death Metal. Vale a pena ouvir cada segundo da música dessa incrível banda. Corram atrás e conheçam, pois eles ainda vão aprontar muita coisa boa para a gente.
Contato: https://www.facebook.com/VL.brutalsick Agoraphobia Por Yuri Azaghal Agoraphobia é uma excelente banda de Depressive Black Metal da Itália, lembrando em aspectos temáticos bandas como Coldworld. Ainda sem um selo, o trabalho de Azghal (vocal e todos os instrumentos) pode ser conferido no split “Grey Visions”, trabalho que divide com seus conterrâneos do Suicide Emotions – outra banda incrível que vale a pena ser ouvida. Para quem tiver a oportunidade de conseguir o trabalho em mídia física, certamente não irá se decepcionar. É altamente desolador. Contato: http://www.facebook.com/Agoraphobiadbm Reveres Darkness Por Yuri Azaghal Banda carioca formada nesse ano. Com sonoridade e temas bem tradicionais do gênero, o trabalho da dupla Roger Drummer e Yan Hunger pode ser conferido na demo de quatro faixas “Warriors of Lucifer”, lançada pela Misanthropic Forest Distro. Trabalho brutal, agressivo e bem obscuro, direto. Certamente, uma ótima estreia que não deve passar batido. Para os interessados em obter o material físico, não deixem de acompanhar as atualizações de lançamento na página do Facebook da horda (link abaixo). Contato: http://www.facebook.com/ReveresDarkness
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Por Yuri Azaghal
momento wtf
TENHO ALGO A DECLARAR: BONS TEMPOS AQUELES EM QUE A MÍDIA DO METAL NÃO ERA PARECIDA EM NADA COM A MÍDIA DA SOCIEDADE COMUM... Dias Atuais: O Matrimônio da Mídia e da M*rda.
Mentiras, polêmicas, tabloides, trunfo para políticos corruptos, ferramenta de emburrecimento coletivo... Esses são alguns dos adjetivos e descrições que se encaixam perfeitamente na mídia atual. A mídia comum da sociedade, certo? Infelizmente, não apenas ela. Algumas dessas características agora são realidade até mesmo em nossa – antes – nobre e rebelde mídia do metal. Houve um tempo muito remoto em que a podridão disfarçada de cultura e entretenimento era reservada apenas ao “povão”, gado das igrejas e dos políticos. Porém, hoje em dia, essa lamentável realidade contemporânea se alastrou para a mídia do metal, mostrando que, aparentemente, a profissão de jornalista é uma profissão reservada aos trolls, amargurados e babacas, independente do tipo de mídia. A quantidade de baboseira que vemos hoje nos portais de notícias da Internet chega a ser tão podre, decadente e deprimente que, simplesmente, não há diferença alguma – em termos de qualidade – entre uma notícia em um portal de metal e uma notícia da revista Veja. Os “jornalistas” deixaram de se preocupar com música, lançamentos e shows para se preocuparem com picuinhas e notícias superficiais, dando ênfase à vida pessoal dos artistas em vez de dar ênfase a seus trabalhos. Isso começou já faz algum tempo, quando notícias como “Oh! Veja! Lemmy coleciona uniformes nazistas!” começaram a se tornar popular. Que diabos isso muda na sua vida? Que diferença faz na sua existência saber o que o Varg e sua esposa estão fazendo agora? Qual a utilidade de saber se o que o Marilyn Manson disse a respeito de suas costelas é verdade ou não? O motivo de notícias tão estúpidas serem publicas é porque existe um público igualmente estúpido para “impulsionar” esse lixo jornalístico. O esquema é muito simples: Eles publicam uma tolice dessas qualquer, e simplesmente esperam e colhem os frutos da polêmica, só porque um bando de adolescentes tapados vai ler a notícia, sentir a extrema necessidade de expor a opinião deles – que ninguém pediu – e, no final, outras bandas vão entrar no assunto, e vão começar a aparecer os mesmos comentários de sempre. Ou seja, comentários do tipo “Ah tal banda é uma m*rda! Só bichinha ouve isso! Banda de verdade é tal! Se você não ouve essa banda você não é do metal!”, e do outro lado “Vai tomar no c* seu filho da p*ta! Essa banda é f*da!”, e graças à imaturidade bestial do público, esse inferno verborrágico e grotesco com esse “maravilhoso” vocabulário de quinto mundo aumenta enquanto os autores e responsáveis por ressuscitar o eterno “mimimi” da cena estão se acabando de alegria em um orgasmo. Até quando vocês vão ser ferramentas para a satisfação de parasitas? Quando que vocês vão voltar a se preocupar com metal em vez de imbecilidades que nada acrescentam de útil em suas vidas? Por fim, vou deixar aqui dois trechos de outro texto que fiz para que reflitam: “...quando alguém te apresentar uma banda ou qualquer outra coisa que você não gosta, basta dizer ‘Obrigado, mas não curto isso’. Você não precisa dizer algo como “Nossa isso é uma m*rda. Só gente idiota e viadinho gosta disso”. Preze pela boa convivência e harmonia com as pessoas. Arrumar briga de graça por banalidade é coisa de babaca.” “Não participe de sites, blogs e de nenhum outro lugar onde haja pessoas estúpidas que dedicam seu tempo a falar mal não só de bandas, mas do que seja. Essas pessoas são fracassadas, e a única satisfação delas é perceber que estão incomodando, portanto, não dê esse prazer a elas. Não vale a pena; o melhor é se afastar e pronto”.
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rascunho do inferno
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