Artigo de opinião jornalístico

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SEQUÊNCIA DIDÁTICA ARTIGO DE OPINIÃO JORNALÍSTICO*

Trompe l'oeuil Collage - Französische Schule 18.

Eliana Gagliardi Heloisa Amaral *Adaptado do original produzido para a Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro

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SEQUÊNCIA DIDÁTICA SOBRE O GÊNERO ARTIGO DE OPINIÃO JORNALÍSTICO

Introdução Nesta sequência didática, a proposta é trabalhar, de forma articulada, com práticas de leitura, escrita e oralidade sobre o gênero discursivo artigo de opinião. De modo geral, as sequências didáticas – SD - apresentam a situação de comunicação em que um dado gênero se constitui, propõe a leitura e análise de exemplares desse gênero e culmina com a produção, pelos alunos, de um texto que se aproxime ao máximo do gênero estudado. Nesta forma de trabalho, considera-se, como princípio, que as práticas de linguagem só têm relevância quando estão articuladas com a experiência de vida dos alunos. Se forem trabalhadas de forma significativa, contribuem não só para uma aprendizagem consistente de um gênero, como para a ampliação contínua do letramento dos alunos. Argumentar é uma habilidade que se aprende. Com a sua ajuda, professor, seu aluno aprenderá a ler e a escrever artigos de opinião, discutindo uma questão polêmica, tomando posição e fundamentando-a, a fim de defender seu ponto de vista e praticar a cidadania. Os artigos de opinião jornalísticos, entre outros gêneros de texto argumentativos, orais e escritos, são importantes instrumentos para a formação do cidadão. Aprender a ler e a escrever esse gênero discursivo na escola contribui para que os alunos desenvolvam a capacidade de participar, com argumentos convincentes, das discussões sobre as questões relevantes para sua comunidade e, mais do que isso, de formar opinião sobre elas e contribuir para resolvê-las. A situação de comunicação do artigo de opinião jornalístico As empresas jornalísticas, ao se constituírem, comprometem-se a noticiar fatos de forma neutra. Dizendo de outra maneira, é compromisso ético dos jornais e revistas não tomar partido a respeito dos fatos que noticiam. Por esse motivo, as notícias de jornais falados ou escritos não devem trazer opinião. Por outro lado, jornais e revistas costumam publicar gêneros argumentativos como cartas de leitores, artigos de opinião e editoriais. Editoriais são textos em que o jornal, por meio de seus editores, assume posições diante de determinados fatos e sustentam essas opiniões com argumentos. A seção de cartas de leitores constitui um veículo para a expressão da opinião dos cidadãos sobre questões que os afetem de alguma maneira. Os artigos de opinião são textos escritos por articulistas, convidados pelo jornal, que tomam posição sobre uma questão polêmica e assumem a responsabilidade pelo que escrevem, assinando-os. Na situação social de comunicação em que o artigo de opinião é produzido, estão envolvidos pelo menos um jornal ou uma revista, seu editor, um articulista por este convidado e leitores interessados em conhecer a opinião do referido articulista sobre determinadas questões polêmicas que circulam na imprensa.

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Os articulistas convidados são reconhecidos por sua competência social ou profissional e, por isso mesmo, como formadores de opinião. Geralmente, eles são representantes de uma esfera de atividade humana: empresarial, jurídica, política, etc. Esse reconhecimento é confirmado pelo jornal, que vê os articulistas como formadores de opinião e abre um espaço para que mostrem sua posição sobre um assunto, e pelo leitor, que os identifica como autoridades no tema tratado. As questões polêmicas geram diferentes opiniões e argumentos e, para ampliar a análise do assunto que as provocou, os jornais convidam especialistas no tema para analisar a polêmica e emitir sua opinião sobre ela. Ao chamar articulistas que não pertencem a seu quadro de funcionários, os jornais mantém a neutralidade que se espera dos órgãos da impressa. Assim, ao produzir seus artigos, os autores convidados escrevem a partir de seu próprio ponto de vista sobre o fato que provocou discussões. Ao escrever, incorporam ao seu discurso a fala das outras pessoas que já se pronunciaram anteriormente em público a respeito do tema. Estabelecem um diálogo com essas falas anteriores, valorizando-as ou desqualificando-as. Assim, o artigo de opinião torna-se uma resposta a diferentes pontos de vista que circularam sobre a polêmica. Ao retomar as falas, as opiniões dadas anteriormente, é como se eles se movimentassem em seus textos, ora se aproximando do que alguém já disse sobre o assunto, ora se afastando da opinião dos outros e contestando-a. No artigo, portanto, estão presentes diferentes vozes. Todo esse movimento é feito tendo em vista o leitor, porque é para convencê-lo ou persuadi-lo que os articulistas escrevem. O tom geral do artigo é de convencimento. Para tanto, procuram engajar o leitor na posição de aliado, antecipar suas possíveis objeções e levá-las em conta, incluindo-as em seu texto. Buscam também, na posição de articulistas que representam setores sociais, colocar seu ponto de vista como sendo “a verdade”. O artigo de opinião é marcado por essa situação de produção, revelada, entre outras coisas, por marcas lingüísticas que anunciam a posição dos articulistas (por exemplo, “penso que”, “do nosso ponto de vista”), introduzem os argumentos (“porque”, “pois”), trazem para o texto diferentes vozes (“alguns dizem que”, “as pesquisas apontam”, “os economistas argumentam que”), introduzem a conclusão (“portanto”, “logo”). Os articulistas – ou autores dos artigos - são em geral pessoas que não fazem parte do quadro de funcionários do jornal, mas especialistas no assunto que está sendo discutido, ou homens públicos que são convidados para escrever a sua opinião, não necessariamente a mesma do jornal. Eles representam áreas de atuação, como, por exemplo, a médica, a jurídica, a política, a sindical e outras, das quais são porta-vozes.

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Sequência de atividades com os alunos I. Apresentar a situação de comunicação do gênero Para iniciar o trabalho com o gênero, traga para a sala pelo menos um jornal que tenha coluna de opinião. Leia com os alunos um dos artigos que estão no jornal que você trouxe. É preferível trazer jornais para a sala para que o aluno possa identificar o gênero em seu portador usual mas, caso isso não seja possível, leia com os alunos um dos artigos que estão ao final deste caderno. Essa leitura auxiliará os alunos que não têm familiaridade com jornais e nem com os artigos de opinião a ter alguma idéia de como é o gênero de texto que vão estudar. Para aqueles que conhecem o gênero, servirá como uma retomada. Depois da leitura, formule algumas questões sobre a situação de comunicação dos artigos de opinião. As respostas a essas questões poderão servir como elementos para um diagnóstico sobre o que os alunos conhecem do gênero. À medida que eles forem respondendo, provavelmente levantando hipóteses, você deve orientá-los para buscar, no texto lido, as respostas adequadas. Quem escreve? Os autores de textos desse gênero, os articulistas, em geral, são especialistas em algum assunto que está sendo discutido na mídia impressa, Internet ou televisão. O articulista, no caso particular do artigo de opinião, é convidado por uma empresa jornalística para escrever porque é reconhecido tanto por ela como pelos futuros leitores, como autoridade no tema tratado. É fácil identificar quem escreve o artigo porque são assinados e também porque, geralmente, há informações sobre o autor em notas de rodapé. Para quem escreve? Para leitores daquele jornal específico (cada jornal tem um público leitor mais ou menos identificado), interessados em saber a opinião do articulista sobre o assunto em questão. O que escreve? Escreve um artigo onde discute uma questão polêmica de relevância social, a partir de um ponto de vista que assumiu. Com que finalidade? Para convencer o leitor de que seu ponto de vista sobre ela é o mais correto. Para isso, usam argumentos de diferentes tipos. Esta pergunta, certamente, exigirá que você dê algumas pistas para que seus alunos possam reconhecer argumentos e o tom de convencimento do artigo. Onde o texto será publicado? Caso seus alunos não saibam onde são publicados os artigos de opinião, informe-os que eles podem ser publicados em jornais, em revistas ou na Internet. Se você tiver levado jornais para a sala, fica fácil verificar. Todas as vezes que seus alunos forem escrever artigos de opinião sobre qualquer situação polêmica que os interesse, devem considerar os elementos acima e colocar-se no lugar do articulista para escrever. Nesse papel, seu aluno vai assumir uma posição sobre a polêmica e fundamentá-la com argumentos que buscam convencer o leitor de que sua posição é a mais acertada.

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II. Escrever a partir de uma questão polêmica Objetivos    

Compreender que a questão polêmica é a base do artigo de opinião Identificar questões polêmicas locais que tenham relevância para os alunos e escolher, entre elas, a que será o tema do artigo que será produzido pela classe. Realizar um debate oral como espaço para o levantamento de possíveis opiniões que os alunos tenham em relação à questão escolhida. Realizar uma escrita inicial individual, para diagnosticar o que cada aluno conhece do gênero e de aspectos gerais da escrita, como os gramaticais e ortográficos.

Atividade 1 – Compreender que a questão polêmica dá origem ao artigo Encontre uma notícia que esteja ligada a um artigo de opinião para levar para a classe, ou faça isso em sites de jornais. Diga aos alunos qual é a notícia e qual é o artigo. Depois, pergunte a eles quais as diferenças mais marcantes entre um e outro. Ajude-os a observar que a notícia divulga um acontecimento e diz, logo de início, o que aconteceu, onde, quando aconteceu, quem participou e como. Ajude-os também a encontrar no artigo quem discute, o que discute, relacionando esta atividade com o que foi visto na Oficina 1. Leve-os a perceber que há uma intertextualidade entre a notícia e o artigo, ou seja, ambos falam sobre o mesmo assunto, mas cada qual em seu gênero. A notícia divulga o fato, o artigo aborda a polêmica gerada por essa notícia. Atividade 2 - Identificar questões polêmicas locais Seus alunos devem escrever um artigo de opinião. Para isso, é preciso que partam de uma questão polêmica sobre um fato que foi notícia. É importante que eles encontrem questões que sintam como suas e que mereçam ser discutidas. Assim, aquilo que escreverem terá força, não soará como um conjunto de palavras vazias. Para isso, inicie uma conversa, faça perguntas aos alunos, incentive-os a falar sobre assuntos polêmicos que circulam na imprensa. Verifique com eles se essas questões são de relevância social. Em seguida, relembre com os alunos questões locais que, recentemente, tenham provocado discussões. Depois, ajude-os a perceber possíveis relações entre as questões locais e questões de abrangência nacional. Veja algumas questões polêmicas possíveis:  O consumo de álcool por adolescentes deve ou não ser controlado legalmente?  O conhecimento de métodos anticoncepcionais por adolescentes é ou não suficiente para evitar a gravidez?  A legalização do aborto favoreceria ou não as mulheres? • A migração interna é ou não importante para o desenvolvimento da cidade?  O desarmamento da população diminuiria ou não a violência?  A antecipação da maioridade penal evitaria que os jovens cometessem infrações legais? Sim ou não?

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Atividade 3 – Escolher uma questão polêmica para debater oralmente Depois dessa conversa, você e seus alunos devem definir uma questão que interesse aos alunos. Em seguida, proponha um debate oral aos alunos, a partir dela. Observe que, nesta oficina, nossa proposta não é aprofundar o gênero debate oral. Este gênero entra como auxiliar no processo de compreensão do que é argumentar para convencer. Escolhida a questão, por exemplo, a da legalização ou não do aborto, é separe a turma em dois grupos. De um lado ficarão os que são a favor da legalização, de outro os que são contrários. Para que a atividade dê bons resultados, é importante colocar algumas regras para o debate, entre outras, a de levantar a mão antes de falar; evitar interromper quem está falando; determinar o tempo da intervenção de cada debatedor; estabelecer o tempo total do debate. Nessa atividade, seu papel será o de mediador. Para exercer convenientemente essa função, você não deverá tomar partido. Deve sim ajudar seus alunos a tomarem posições, por exemplo, “sou a favor...”, “sou contra ...” e tentar justificálas com algum argumento “sou a favor porque...”, “sou contra porque...”. Não é o caso de você, professor, oferecer argumentos em nome dos alunos, mas de observar os possíveis argumentos trazidos por eles. Com essa observação você poderá identificar o que eles têm a dizer sobre a questão e o que ainda precisarão conhecer para justificar solidamente a posição assumida. Feito esse levantamento, você terá melhores condições de orientá-los para a pesquisa proposta na Oficina 5. Fazendo um debate de forma organizada, os alunos podem perceber que, em vez de resolver desavenças com discussões acaloradas, ofensas e até agressão física, é possível fazê-lo forma reflexiva e polida. Atividade 4 – Produção inicial de um artigo de opinião Escolhida e debatida oralmente a questão polêmica, proponha que seus alunos se coloquem no lugar do articulista e que escrevam um artigo de opinião a partir dela. É importante lembrá-los que o articulista (quem) é autoridade no tema tratado e escreve para convencer (finalidade) seus leitores (para quem) de que seu ponto de vista, diante de uma questão polêmica, é o correto. Avise a eles que esta é uma escrita inicial, ou seja, que eles não receberão maiores orientações. Diga também que esse texto inicial servirá para que você faça um diagnóstico da escrita de cada um deles e que, analisando-as, você poderá saber em quais aspectos da escrita deverá intervir, ao longo das oficinas, com mais insistência. Outra finalidade dessa primeira escrita é que os alunos possam compará-la, ao término da sequência didática, com sua produção final e, assim, perceber seu progresso na escrita. Ao ler as escritas iniciais, observe se trazem ou não uma questão polêmica; localizam ou não o leitor em relação à questão; deixam clara ou não a posição assumida; apresentam ou não o pensamento de opositores sobre o assunto; trazem ou não argumentos convincentes; há erros de ortografia ou gramática e outras dificuldades.

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III- Ler e analisar artigos de opinião Objetivo 

Ler artigos de opinião para identificar neles elementos da situação de comunicação própria do gênero.

Ao longo das oficinas, você deverá ler diversos artigos. Escolha alguns de jornais de sua cidade. Ao selecionar os artigos, verifique se o grau de complexidade é adequado para seus alunos. Nesse momento inicial, é importante que o conjunto dos alunos possa compreender o que será lido. Essa leitura sempre deve ser antecedida pela exploração do título: qual assunto vocês acham que vai ser tratado nesse texto? O que vocês acham que o autor vai dizer sobre o assunto? Você também pode prever possíveis dificuldades dos alunos quanto ao tema e ao vocabulário dos artigos lidos e informá-los dessas eventuais questões antecipadamente, para facilitar a escuta e a compreensão do que você vai ler. Essa é uma boa estratégia, entre outras, que pode ser usada em todas as leituras que você fizer. Se considerar oportuno, faça a leitura de um artigo sobre maioridade penal, escrito por Renato Roseno. Se preferir, escolha outro que possa mobilizá-los, mas siga estratégias semelhantes às indicadas para o artigo de Roseno. A leitura servirá para que os alunos “mergulhem” no gênero e “peguem o tom” que distingue os artigos de opinião de outros textos argumentativos (como carta de leitor, editorial, as tradicionais dissertações escolares), reconhecendo que eles não existem sem a questão polêmica. Em seguida, você fará com os alunos a análise do artigo. Para isso, você precisará de algumas cópias do artigo que escolher. Você pode, também, escolher um artigo de opinião publicado na internet e organizar seus alunos em duplas para lêlos, acompanhando a leitura do professor.

Ernst Ludwig Kirchner - Davoser Cafe - 1928.jpg

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Atividade 1 – Lendo um artigo de opinião

Sou contra a redução da maioridade penal Renato Roseno* A brutalidade cometida contra dois jovens em São Paulo reacendeu uma fogueira: a redução da idade penal. Algumas pessoas defendem a idéia de que a partir dos dezesseis anos os jovens que cometem crimes devem cumprir pena em prisão. Acreditam que a violência pode estar aumentando porque as penas que estão previstas em lei, ou a aplicação delas, são muito suaves para os menores de idade. Mas é necessário pensar nos porquês da violência, já que não há um único gênero de crime. Vivemos em um sistema socioeconômico historicamente desigual e violento, que só pode gerar mais violência. Então, medidas mais repressivas nos dão a falsa sensação de que algo está sendo feito, mas o problema só piora. Por isso, temos que fazer as opções mais eficientes e mais condizentes com os valores que defendemos. Defendo uma sociedade que cometa menos crimes e não que puna mais. Em nenhum lugar do mundo houve experiência positiva de adolescentes e adultos juntos no mesmo sistema penal. Fazer isso não diminuirá a violência. Nosso sistema penal como está não melhora as pessoas. O problema não está só na lei, mas na capacidade para aplicála. Sou contra porque a possibilidade de sobrevivência e transformação destes adolescentes está na correta aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Lá estão previstas seis medidas diferentes para a responsabilização de adolescentes que violaram a lei. Para fazer bom uso do ECA é necessário dinheiro, competência e vontade. Sou contra toda e qualquer forma de impunidade. Quem fere a lei deve ser responsabilizado. Mas reduzir a idade penal é ineficiente para atacar o problema. Problemas complexos não serão superados de modo simplório e imediatista. Precisamos de inteligência, orçamento e, sobretudo, de um projeto ético e político de sociedade que valorize a vida em todas as suas formas. Nossos jovens não precisam ir para a cadeia. Precisam sair do caminho que os leva até lá. A decisão agora é nossa: se queremos construir um país com mais prisões ou com mais parques e escolas. *Renato Roseno é advogado, coordenador do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca – Ceará) e da Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente (Anced). Fonte: www.cedecaceara.org.br/maioridadena.htm

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Atividade 2 – Analisando a situação de comunicação Peça que seus alunos leiam novamente o artigo e respondam as questões abaixo. Elas deverão estar escritas na lousa. É muito importante que os alunos conheçam as questões a que terão que responder, pois elas direcionarão sua segunda leitura. Se necessário, quando eles forem responder às perguntas, dê pistas, retome o texto, ajudando-os a procurar as informações. Apresentamos as respostas para auxiliá-lo a coordenar a conversa depois que os alunos tiverem respondido às questões. 1. Quem é o autor do texto? Se todos os autores de artigos de opinião são especialistas no assunto sobre o qual escrevem, em que este autor é especialista? Renato Roseno, advogado, coordenador do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), Ceará, e da Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente (Anced). 2. Onde o texto foi publicado? www.cedecaceara.org.br/maioridadena.htm 3. Quem forma seu público leitor? Leitores preocupados com a questão da antecipação da maioridade penal querem conhecer a opinião do articulista. 4. Qual a questão polêmica? A redução da idade penal é ou não uma solução para o fim da criminalidade juvenil? 5. Qual a posição do autor a respeito do assunto? Ele é contra a redução da maioridade penal. 6. Que argumentos ele usa para justificar sua posição? Ele afirma que medidas repressivas dão a falsa sensação de que algo está sendo feito, que, em nenhum lugar do mundo, houve experiência positiva de adolescentes e adultos confinados no mesmo sistema penal, que nosso sistema penal, como está, não melhora as pessoas. Para ele, a possibilidade de sobrevivência e transformação desses adolescentes está na correta aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). 7. Qual o objetivo do autor? Convencer seus leitores de que a redução da maioridade penal não é a solução. Ainda que ele seja contra qualquer forma de impunidade, afirma que reduzir a maioridade penal é ineficiente para atacar o problema. Mostre aos alunos que, para escrever um texto de opinião como um articulista de jornal, é preciso considerar alguns pontos, sem tomá-los numa ordem estrita: • ter, como ponto de partida, uma questão polêmica que circula na imprensa e em relação à qual o articulista se coloca. • tomar uma posição em relação ao que já foi dito sobre o assunto controverso; • apresentar argumentos ou razões que sustentam a posição assumida, a favor ou contra, trazendo vozes de autoridades, exemplos; • antecipar e contestar os argumentos dos oponentes; • articular o texto e concluí-lo.

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IV. Buscar informações Objetivos  

Buscar informações gerais e locais a respeito do assunto relacionado à polêmica. Relacionar as informações gerais com as informações locais.

Atividade 1 O articulista, ao tomar posição diante de uma polêmica, tem que conhecer muito bem o assunto e as diferentes visões que circulam sobre ele. Com esse conhecimento, pode construir argumentos consistentes para convencer seus leitores que sua posição sobre a questão é a mais correta. Para que seus alunos possam tomar o lugar de articulistas e tenham o que dizer, proponha que realizem pesquisas sobre o assunto relacionado com a questão polêmica escolhida anteriormente pela classe. a) Oriente os alunos a buscar informações sobre o assunto ao qual a polêmica está relacionada em diferentes fontes, como: jornais, livros, Internet e vídeos informativos; instituições públicas e privadas como universidades, prefeituras, secretarias, delegacias, ONGs, etc; entrevistas com pessoas que sejam autoridades no assunto a ser investigado. b) Para dominar os diferentes aspectos de um assunto e construir argumentos, eles teriam que se informar a respeito de: dados histórico-culturais relacionados a ele; leis e dados jurídicos que tratam da matéria; estatísticas a respeito do assunto; exemplos de acontecimentos relacionados ao assunto; diferentes perspectivas de diferentes autoridades sobre a questão; causas e/ou consequências relacionadas ao problema em questão. Para facilitar a obtenção desses resultados, divida a classe em grupos de pesquisa, cada qual com um aspecto da questão, consultando diferentes fontes. Cada grupo deve registrar as informações obtidas numa síntese. Na Oficina 8, antes do momento da escrita individual do artigo, os alunos terão oportunidade de socializar os conhecimentos obtidos e já sintetizados. Marque uma data para a entrega da síntese, anterior à realização da socialização. Veja, na oficina a seguir, como os resultados das pesquisas são essenciais para a escrita do artigo. A construção de diferentes tipos de argumentos exige busca de informações sobre diferentes aspectos de uma questão: dados que possibilitam comprovação de algo que se afirma, exemplos que ilustram aquilo que se quer dizer, busca de diferentes vozes de autoridades referenciando a posição tomada, busca de razões ou motivos para explicar algo. Pensamos que trabalhar simultaneamente a pesquisa aqui iniciada e as oficinas restantes contribui para agilizar a sequência didática. E, mais que isso, a pesquisa pode ganhar significação se for sentida como indispensável para a constituição dos argumentos que serão usados na discussão da questão polêmica.

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V.Questão polêmica, tomada de posição e argumentos Objetivos  Identificar questões polêmicas, posição de autores e argumentos  Antecipar argumentos contrários  Conhecer diferentes tipos de argumentos  Construir diferentes tipos de argumentos para fundamentar sua posição. Atividade 1 – Identificando questões polêmicas, tomada de posição e argumentos Os textos a seguir são trechos de artigos de opinião que mostram claramente o que vem a ser uma questão polêmica, a posição do autor (se a favor ou contra) e os argumentos utilizados por ele. Você pode escrevê-los na lousa para que os alunos possam lê-los e responder às questões que você fará. Texto 1 “Estou muito firme em minha posição. Sou contra o terrorismo e a guerra. Não se pode falar de uma guerra melhor que outra. Sabe-se que a violência gera violência e as pessoas mais afetadas são as mulheres e as crianças.” Texto 2 “A iminência de uma catástrofe ecológica ronda o planeta. A humanidade está ameaçada de extinção. Se acabar a água na Terra, ninguém sobreviverá.” Em seguida, pergunte aos alunos, em relação a cada um dos textos:  Qual a questão polêmica?  Qual a posição que o autor tomou?  Qual o argumento utilizado por ele? Ajude-os a encontrar as respostas: Texto 1  Questão polêmica: No caso de conflito entre povos, o terrorismo ou a guerra são soluções aceitáveis?  Posição do autor: Ele é contra a guerra e o terrorismo.  Argumento: A violência gera violência. Texto 2  Questão polêmica: Estamos ou não correndo risco de vida?  Posição do autor: Sim, a humanidade está ameaçada.  Argumento: A causa desta ameaça é a iminência da extinção das reservas de água no planeta.

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Atividade 2 – Antecipando argumentos contrários Ao escrever um artigo de opinião, o articulista não só precisa ter argumentos como precisa antecipar os argumentos dos prováveis opositores. Conhecer a posição do outro e prever seus argumentos possibilita ao articulista combater de modo mais eficaz os pontos de vista contrários aos seus. Um exemplo de antecipação está no seguinte trecho de artigo de opinião: “Apesar de não passar por um bom momento, o futebol do Rio de Janeiro pleiteia alguns de seus jogadores na Copa, baseado na quantidade de gols de seus artilheiros e na opinião pública.” O articulista, neste caso, supõe que seus opositores possam usar o argumento de que o futebol carioca não vem tendo um bom desempenho. Ele admite que isso acontece: “Apesar de não passar por um bom momento...”, mas argumenta que não é possível desprezar todos os jogadores cariocas, uma vez que alguns deles demonstram ser bons atletas e são valorizados pela opinião pública. Para exercitar a antecipação, propomos que seus alunos assumam o papel de pais e imaginem quais argumentos um jovem daria para justificar que não precisa dar satisfações quanto às suas saídas de casa. No papel de pais, e em função desta antecipação, devem construir por escrito seus argumentos para tentar convencer o filho da importância de avisar a família a respeito do local onde se encontra e horário que pretende voltar. Você pode criar outras situações, como por exemplo, pedir que eles se coloquem no lugar de um empregado que pede aumento de salário e que, antecipando os argumentos do patrão, constrói os seus. Além disso, você pode propor antecipações relacionadas com a polêmica escolhida pela classe. Atividade 3 – Identificando diferentes tipos de argumento a) Passe para a lousa o quadro abaixo. Peça que eles se organizem em grupos e leiam o quadro e tentem, a partir do nome de cada gênero de argumento, encontrar o trecho correspondente. Depois de algum tempo, peça que eles socializem as respostas. Conduza a socialização fazendo perguntas como as que seguem.  Qual é o trecho que traz um argumento de autoridade? Como vocês chegaram a essa conclusão? Há alguma indicação no texto que os levou à resposta?

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Trechos de textos 1. A saúde do município anda mal cuidada. Muitos cidadãos relatam que foram aos postos de saúde e não havia médicos para atendê-los. 2. “Para a antropóloga Yvonne Maggie, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), instituir o conceito de raça só traz sofrimento.” (Folha de São Paulo, 07/07/2006) 3. “Em Blumenau, 114.000 residências têm acesso à água tratada, mas apenas 1.014 possuem tratamento de esgoto.” (Saneamento básico, Ivan Naatz, Flops, 04 de setembro, Edição 7816) 4. “Atualmente, são 4,5 milhões de brasileiros com idade entre 15 e 29 anos que estão fora da escola e do mercado de trabalho. Totalmente vulneráveis a ingressar na vida fácil do crime. Esses jovens tiveram vários motivos para estarem nessa situação, entre eles, o desleixo do poder público.” (Jornal clicabrasília -06/09/2007) 5. O próximo trecho traz um argumento de princípio: “Como já afirmei, sou contra o aborto. Além de tudo que disse anteriormente, a vida é um dom de Deus e nenhum homem tem o direito de tirá-la.”

Tipos de argumento Argumento de princípio (número 5)

Argumento de causa e consequência (número 4)

Argumento de exemplificação (número 1)

Argumento de provas (número 3)

Argumento de autoridade (número 2)

b) Para finalizar a atividade 3, leia para seus alunos a explicação do que é cada gênero de argumento. 1. Argumento de Autoridade: É quando o articulista cita, para sustentar sua posição, o nome de um especialista no assunto, de uma instituição confiável, ou mesmo quando cita uma frase pronunciada por um líder ou político famoso, por exemplo. Enfim, é quando o articulista lança mão da voz de uma pessoa, ou de uma instituição de pesquisa considerada autoridade no assunto para sustentar sua posição. 2. Argumento de Exemplificação: É quando o articulista relata, em se artigo, um fato ocorrido com ele ou alguém para sustentar sua posição. 3. Argumento de Provas: É quando o articulista pode comprovar seus argumentos com fatos ou informações incontestáveis. Dados estatísticos, fatos históricos, fatos notórios. 4. Argumento de Princípio: É quando o articulista, para fundamentar sua posição, refere-se a valores éticos, morais ou lógicos, supostamente irrefutáveis. 5. Argumento de causa e consequência: É quando o articulista argumenta afirmando que um fenômeno ou fato acontece em decorrência de outro fenômeno ou fato e vice-versa. estão no apêndice e procure ver os tipos de argumento que o autor usa.

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Atividade 4 – Usando diferentes tipos de argumento Você dividirá a classe em grupos. Escreva na lousa ou em tiras de papel as situações abaixo. Determine a situação com a qual cada grupo trabalhará. Para cada situação, deverá haver um grupo que tomará uma posição favorável e outro uma posição contrária. Cada grupo deverá construir pelo menos três argumentos para defender sua posição. Cada um dos argumentos deve ser de um tipo. Ao final, os grupos irão à frente da sala para ler a situação que lhe foi determinada, a posição assumida, contra ou a favor, e os argumentos construídos para defendê-la. Situação 1 Um adolescente, para aumentar sua mesada, resolveu fazer cópias de CDs para vender. Seus pais ficaram indignados com a atitude do filho. Ele, no entanto, conseguiu vender todos os CDs piratas. Questão polêmica: O jovem tem ou não direito de reproduzir CDs para vender, ignorando a lei de direitos autorais? Situação 2 Em uma cidade brasileira, há algum tempo, o prefeito proibiu os namorados de se beijarem em público. Isso causou uma grande polêmica na cidade. Questão polêmica: O prefeito tem ou não direito de interferir no romance dos casais? Situação 3: A população de uma cidade mineira participou de audiência pública para decidir o futuro de um macaco-prego que tem atacado a população e roubado objetos. O macaco vive em uma mata próxima da cidade. Questão polêmica: O macaco deve ser preso ou continuar livre na mata?

Lembre seus alunos que, ao escrever artigos, deverão usar diferentes tipos de argumentos. Ao longo desta sequência, leia com eles vários artigos de opinião e oriente-os na identificação dos tipos de argumentos utilizados pelos articulistas.

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VI - Reconhecer elementos articuladores do artigo de opinião Objetivo 

Conhecer e usar expressões que articulam o artigo de opinião.

Até agora levantamos alguns aspectos do texto de opinião: a identificação de uma questão controversa, a tomada de posição favorável ou contrária e os argumentos. Eles estão vinculados entre si, ao longo do artigo, por elementos articuladores. As próximas atividades têm como objetivo orientar os alunos a identificar esses elementos e a usá-los apropriadamente. Atividade 1 O quadro abaixo pode ser transcrito na lousa ou você pode tirar cópias para os alunos. Nele, os alunos deverão completar os espaços em branco. O importante é que ao completar a frase, considerem o elemento articulador adequado para que a frase faça sentido. (Os trechos grafados em laranja são meras sugestões de respostas, não devem, pois, constar do quadro oferecido aos alunos.) Elemento articulador Devemos ajudar nossos pais A cobrança de pedágio nas rodovias nem sempre atende as finalidades propostas, O fumo faz mal à saúde, A água doce, por causa dos abusos cometidos, poderá acabar em nosso planeta. A dedetização de terrenos e casas é necessária para impedir a propagação do mosquito da dengue. Se o desmatamento não diminuir É indispensável que se intensifiquem campanhas junto às escolas e famílias para que a responsabilidade cidadã cresça junto com a criança.

pois, dúvida,

sem

um valor convivência

Mas

é preciso admitir que algumas melhoraram muito.

Portanto

as pessoas não deveriam fumar.

Assim,

é preciso que desperdiçá-la.

Além disso,

é provável que Por um lado,

Por outro lado,

Primeiramente, A pena de morte não é a solução para a criminalidade.

a cooperação é fundamental para a familiar.

Em lugar

segundo

Finalmente

todos

evitem

é importante que se faça uma campanha de conscientização, para que as pessoas não deixem que a água se acumule em vasos e outros recipientes. a Amazônia se transforme em um imenso deserto. isso é positivo porque é de pequenino que se torce o pepino. isso pode ser negativo sobrecarregá-la responsabilidades excessivas.

porque com

está comprovado que nos países que a adotaram os crimes hediondos não deixaram de acontecer. Porque muitos dos que foram executados tiveram, posteriormente, sua inocência comprovada. por que não matar os semelhantes é um princípio ético fundamental.

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Atividade 2 Seus alunos vão escrever, em pequenos grupos, um breve texto a partir de uma polêmica. A questão polêmica que propomos é a que se criou quando foi promulgada, em algumas cidades, a lei que proíbe as pessoas de fumarem em restaurantes: “Deve ou não existir uma lei que proíba as pessoas de fumarem em lugares públicos?” Algumas pessoas se posicionaram a favor da lei e outras contra. Todos os alunos vão discutir a questão, decidir a tomada de posição e terão que articular o texto usando expressões como as que são sugeridas a seguir. Um deles será o redator. Copie o quadro abaixo e acompanhe o trabalho dos grupos para auxiliar os alunos a usar as expressões articuladoras adequadamente.

Uso Tomada de posição Indicação de certeza Indicação de probabilidade Relação entre causa e consequência Acréscimo de argumentos Introdução de restrição Introdução de conclusão

Indicação organização texto

geral

da do

Expressões Do meu ponto de vista, na minha opinião, pensamos que, pessoalmente acho, etc. Sem dúvida, está claro que, com certeza, é indiscutível, etc. Provavelmente, me parece que, ao que tudo indica, etc. Porque, pois, então, logo, portanto, etc. Além disso, também, Mas, porém, todavia, etc. Assim, finalmente, concluindo, etc. Por um lado, por outro lado, etc. Primeiramente, em segundo lugar, para finalizar, etc.

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VII. Identificando vozes no artigo de opinião Objetivo 

Identificar, num artigo de opinião, as vozes com as quais o autor dialoga.

Nesta oficina vamos trabalhar com o artigo Futura gestão dos recursos hídricos, publicado no Jornal “O Povo”, do Recife. O artigo foi elaborado com base numa discussão acalorada sobre uma questão polêmica presente nos jornais, sobre as vantagens e desvantagens da construção de uma rede que integrará o rio São Francisco às bacias hidrográficas do semi-árido nordestino. O autor,ao desenvolver seu texto, faz uma interlocução com seu leitor e com os setores da sociedade que discutem o assunto. Assume uma posição favorável à integração e traz as vozes que participam da discussão, buscando desvalorizar os argumentos daqueles que se pronunciaram sobre o assunto de modo desfavorável. Para isso, ele cita, por exemplo, a entrevista “Para opositores, projeto é chover no molhado”, publicada na Folha de S. Paulo, e outros comentários semelhantes. Também procura trazer a voz favorável do ministro Ciro Gomes, que, para ele, além de ser autoridade governamental, tem larga experiência com os problemas das secas no Nordeste. Fazendo as atividades desta oficina, os alunos poderão compreender como o articulista teceu seu artigo de opinião, incorporando a ele diferentes vozes que circularam sobre a questão polêmica que serviu de base para seu artigo. Atividade 1 – Leitura do artigo Leia o artigo para os alunos. Antes da leitura, explore o título: qual assunto vocês acham que vai ser tratado nesse texto? O que vocês acham que o autor vai dizer sobre o assunto? Prevendo possíveis dificuldades dos alunos quanto ao tema e ao vocabulário do artigo, informe-os antecipadamente, para facilitar a escuta e a compreensão do que você vai ler. Ao longo da leitura, vá orientando seus alunos. É importante que eles percebam que, como ocorre com todo artigo de opinião, o texto é uma resposta valorativa uma das questões polêmicas que circulam em nossa sociedade: A transposição das águas do São Francisco é ou não benéfica para a população do nordeste? No caso deste artigo, também é importante que você os leve a observar que o autor mantém uma relação com o que já se disse na polêmica, fazendo movimentos de identificação ou de afastamento em relação às opiniões já pronunciadas, mantendo, ao mesmo tempo, uma relação com seus leitores, aos quais procura convencer.1

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Departamento Nacional de Obras Contra as Secas

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A futura gestão dos recursos hídricos Jornal O Povo, de Recife, Pernambuco. Cássio Borges*

[h1] Comentário: É preciso reorganizar a formatação.

No semi-árido nordestino, a irregularidade .das chuvas tem ocasionado “ciclos secos” de até oito anos seguidos, como o que foi constatado entre os anos de 1950 e 1958. Mais recentemente, tivemos “um ciclo seco desfavorável” de cinco anos entre os anos de 1979 e 1983, tendo a sua abrangência atingido até mesmo o Estado do Maranhão. A constatação desses “períodos críticos”, já há tempos feita pelo Dnocs, acarreta a redução do aporte de água fluvial para os reservatórios, o que, por deficiência de recarga e por medida de precaução, impossibilita a utilização plena do volume de água armazenado nos açudes, do qual, em consequência, boa parte se perde pela elevada evaporação (2.500 milímetros). Ao integrar os grandes açudes da região a uma fonte perene externa como o Rio São Francisco, os recursos hídricos locais se potencializarão, possibilitando a gestão de um volume bem maior da água armazenada, estimulando o desenvolvimento social e econômico, tanto na agricultura irrigada, na pecuária, como na indústria, gerando emprego, renda e produzindo alimentos, o que é de interesse nacional. Com a garantia dessa fonte externa, intensificandose a utilização das águas acumuladas nos reservatórios, diminuirá a superfície exposta à evaporação e esta se reduzirá, aumentando de forma substancial a disponibilidade hídrica realmente utilizável. Em outras palavras, o desenvolvimento social e econômico se dará de forma mais abrangente não pela água do Rio São Francisco que estará chegando, mas pela intensiva utilização das águas locais que seriam perdidas para a atmosfera pelo efeito incontrolável da evaporação. Desta forma, as águas advindas da transposição serão reservadas, exclusivamente, ao abastecimento humano e animal sempre que os açudes estiverem secos, ou na iminência de secar. Como exemplo, o açude Castanhão, que perde por evaporação, em média, cerca de 25 m3/s, enquanto o aproveitamento regular de sua água é de apenas 19 m3/s. Essa perda poderia ser reduzida para até menos da metade, gerando virtualmente um novo reservatório e aumentando significativamente o aproveitamento de suas águas. Pois esse açude acumula 4,2 bilhões

[H2] Comentário: O autor inicia o artigo esclarecendo o leitor sobre a situação dos recursos hídricos no semi-árido nordestino, chamando atenção para o fenômeno da evaporação, responsável pela perda de grandes volumes de água.

[H3] Comentário: Logo de início, o autor chama a voz do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas para sustentar sua posição.

[H4] Comentário: O autor, como estudioso do assunto, fala pela ciência, assume “a voz da ciência” que ele estudou e domina, a questão da perda de volume de água em razão da evaporação.

[H5] Comentário: O autor continua respaldando-se na voz da ciência ao trazer dados de pesquisa para seu texto.

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de m3 na sua cota de regularização. Desse volume, 30% são, em média, evaporados anualmente, restando, portanto, 3 bilhões. Destes, apenas é utilizável um volume da ordem de 600 milhões de m3 (19 m3/s), pois os restantes 2,4 bilhões de m3 deixam de ser utilizados justamente para “guardar a água’’ para vencer uma possível futura seca prolongada, ou um “trem de anos secos’’, no vocabulário do Dnocs. Não mais será necessária essa precaução de “guardar água’’ após a concretização da transposição, ou como, quer o ministro Ciro Gomes, do Projeto de Interligação de Bacias. Como acima foi explicado, desaparecerá completamente o mais recente argumento dos opositores: ‘’a água vinda do Rio São Francisco é muito cara’’ ou, ainda, ‘’é chover no molhado’’ (ver Folha de S. Paulo, do dia 17.10.05, na entrevista dada pelo pesquisador João Suassuna na matéria sob o título: “Para opositores, projeto é chover no molhado’’). Mas esse gênero de declaração só se pode atribuir à completa ignorância do que seja o semi-árido e aí incluo muitos dos que dizem ser cientistas (em que área da ciência?) e, por isso, se acham com o direito de falar sobre esse tema nordestino, delicado e complexo, que desconhecem. Não pode deixar de ser salientado que, pelo acima exposto, o custo da água trazida pela transposição será diluído no uso mais intenso e eficaz da água acumulada nos açudes. Ou seja, na realidade, cada m3 transposto irá representar um volume maior utilizável. Pelo que, inegavelmente, não é o custo do m3 da água bombeada do Rio São Francisco que deve ser considerado na análise do custo benéfico da transposição, mas sim sua eficiência hídrica. *Cássio Borges é engenheiro civil. Foi Diretor da Diretoria de Estudos e Projetos do DNOCS. Atividade 2 – Estudo do texto Divida a classe em grupos. Faça uma cópia do texto para cada grupo de alunos. Dê a cada um dos grupos uma das questões a seguir. Peça aos participantes que releiam o texto, discutam entre si, e encontrem as respostas, sempre com seu auxílio. a) A questão polêmica que dá origem ao artigo é se a transposição das águas do Rio São Francisco para o Ceará é ou não benéfica para população. Qual a posição do autor sobre a questão? Qual o trecho do artigo que evidencia essa posição?

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[H6] Comentário: O articulista traz a voz de uma autoridade política, o então ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, para reforçar sua posição. [H7] Comentário: Neste trecho, o autor dialoga com os opositores à interligação com o São Francisco, desvalorizando-os, dizendo que suas declarações demonstram completa ignorância do assunto e que os opositores “se dizem” cientistas, mas de fato não o são.

[H8] Comentário: Neste trecho final, o articulista toma o lugar do cientista, isto é, “fala pela ciência” para sustentar sua conclusão.

[DM9] Comentário: O jornal ressalta a especialidade que confere autoridade ao articulista para discutir o assunto


b) Para constituir seus argumentos, o autor assume a “voz da ciência” que, para ele, não pode ser contestada. Encontre dois trechos no artigo em que comprovem essa afirmação. c) Para desvalorizar os argumentos dos opositores, o articulista afirma que eles não são representantes da ciência, não podem falar pela ciência. Em que trecho do artigo ele faz esse movimento de desvalorizar os opositores? d) A voz de uma autoridade política também é trazida pelo autor, para reforçar sua posição. Qual é o trecho em que isso acontece? e) Em outro trecho, o articulista usa estatísticas para fundamentar sua posição. Que voz essas estatísticas representam? f) Por que você acha que o jornal chamou o autor para falar sobre o assunto? Para finalizar o estudo do texto, um representante de cada grupo lerá as respostas na frente da sala para partilhar os conhecimentos com a classe. Concluindo a atividade, ressalte para os alunos que a expressão vozes não se refere apenas a palavras de indivíduos. São vozes as declarações de órgãos oficiais, nacionais e internacionais, de administradores públicos, de políticos que representam seu partido, de especialistas que falam em nome de diferentes áreas de atuação. Conceitos, estatísticas, dados quantitativos ou qualitativos provenientes das diferentes ciências também são consideradas vozes .

VIII. Socializando a pesquisa Objetivos  Abrir espaço para que as pesquisas feitas sejam partilhadas entre todos os alunos.  Organizar uma síntese das informações trazidas pelos alunos, segundo os tipos de argumento que serão utilizados e que trazem diferentes vozes.  Articular questões locais com informações mais amplas. No início desta sequência didática, você dividiu a classe em grupos de pesquisa, cada um responsável pela obtenção de informações sobre os diferentes aspectos da questão polêmica escolhida pela classe. Agora é hora de reuni-los novamente para socializá-las com a classe. Atividade Cada grupo deverá ter em mãos a síntese das pesquisas realizadas por seu grupo e fornecer informações para a elaboração de uma síntese geral. Na socialização, todos devem participar ativamente: os alunos, apresentando os resultados obtidos; você, professor, na organização da síntese geral, anotando-a na lousa ou em uma folha. Na elaboração da síntese, considere apenas os resultados relevantes das pesquisas, aqueles que poderão ser transformados em argumentos de diferentes tipos. Serão esses argumentos que fundamentarão a posição de cada aluno em relação à polêmica escolhida pela classe, no início desta sequência didática.

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Os dados relevantes podem ser organizados em um quadro, onde os resultados das pesquisas possam ser organizados segundo tipos de argumentos: 1. argumentos de autoridade: vozes de autoridades, especialistas, instituição de pesquisa; 2. argumento de causa e consequência: informações que demonstrem que um fato ou fenômeno decorre de outro. 3. argumentos de exemplificação: exemplos de fatos ocorridos com o aluno ou com outra pessoa; 4. argumentos de provas: dados estatísticos, fatos históricos, fatos notórios; 5. argumentos de princípios: valores éticos, morais ou lógicos. Oficina 9 - Produção coletiva Um dos passos importantes no desenvolvimento de uma sequência didática para o ensino de gêneros textuais, é a elaboração coletiva de um texto com seus alunos (ou, para nós, a elaboração coletiva de uma reescrita). É nesse momento que os alunos organizam e sintetizam o que foi aprendido em oficinas anteriores. A troca de informações entre colegas de uma mesma turma permite que o aluno que está em uma etapa mais avançada do conhecimento auxilie o processo de aprendizagem dos demais e o seu próprio, pois aquele que ensina também aprende. É também uma boa oportunidade para que você faça intervenções que contribuam para novas aprendizagens. Nessa elaboração, os alunos produzem oralmente um artigo de opinião e o professor vai anotando o que os alunos dizem na lousa ou numa grande folha de papel. A produção coletiva deve privilegiar a negociação entre professores e alunos e entre os próprios colegas. Nessa negociação acerca do que deve ser escrito, de que maneira e em que ordem, instaura-se a possibilidade de autoria na produção textual. Aparecem diferentes pontos de vista e os alunos podem compreender que há vários modos de “acertar o tom” do artigo de opinião. Vale destacar que o professor não é o autor do texto, nem um mero “escriba”, que se limita a transcrever a fala dos alunos, com receio de apagar a autoria do grupo. Ele faz a mediação; e, no papel de co-autor, pode e deve contribuir, questionando e dando orientações. Vale destacar também, que é preciso que você escolha uma outra questão polêmica (diferente daquela escolhida pela classe) como tema dessa escrita coletiva, para evitar que os textos finais dos alunos fiquem padronizados. Para alcançar o resultado esperado, é preciso que o trabalho ocorra de forma organizada, de modo a evitar a dispersão, comum em atividades mais longas. Se as aulas durarem menos do que uma hora, esse trabalho pode ser dividido em dois dias. Antes de iniciar a escrita coletiva, explique aos alunos a importância dessa atividade. Recupere com eles a situação de comunicação (quem fala; de que lugar; com que objetivo; para quem ler). Utilize como guia o roteiro abaixo, com os aspectos próprios do gênero.

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A classe deve:

1. partir de uma questão polêmica escolhida para a atividade e localizar o leitor em relação a ela; 2. tomar posição em relação à questão polêmica e afirmar sua posição como sendo a melhor. 3. convencer o leitor usando convenientemente argumentos, ora de autoridade, ora por exemplificação, ora baseados em princípios ou, se a questão escolhida for próxima da que será tema do texto final, dados de pesquisa. 4. trazer para o texto as opiniões dos adversários, contestando-as ou desvalorizando-as; 5. usar os elementos articuladores próprios do gênero. 6. concluir o texto reforçando a posição tomada. Durante a escrita, incentive a participação da turma por meio de perguntas. Releia com o grupo cada parágrafo produzido, dê sugestões. No final, releia tudo que foi escrito para verificar o encadeamento do texto coesão e coerência. Proponha alterações, quando necessárias. Verifique o uso correto da pontuação, da ortografia e da concordância verbal e nominal. Finalmente escolha, com a turma, um título sugestivo para o texto.

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IX. Reelaborar coletivamente um texto Objetivo  Analisar e reescrever um artigo de opinião produzido por um aluno. Nesta oficina seus alunos são convidados a realizar um exercício que provavelmente irá ajudá-los a aprender a escrever melhor os próprios artigos. Para tanto, utilizamos um texto que contém inadequações. Ele estará dividido em partes. Para cada parte, você encontrará exemplos de como os trechos poderiam ser aprimorados. Vale ressaltar que se trata apenas de exemplos, pois há muitas outras possibilidades de melhorar a escrita e deixar o texto mais adequado ao gênero que serviu de referência para a sua produção. Em seguida, há comentários sobre alguns aspectos que precisam ser modificados. Atividade Divida a classe em grupos. Cada grupo deverá ter uma cópia do texto que será analisado. Uma alternativa é disponibilizar o texto em computadores. Escolha a alternativa mais favorável para o trabalho. Cada grupo receberá também apenas um dos parágrafos reformulados. Comunique aos alunos que o trecho alterado acrescenta qualidade ao primeiro. Peça que comparem os dois trechos, descubram o que foi alterado e quais critérios foram considerados para realizar a intervenção. Ao final, chame cada um dos grupos para falar sobre o que descobriram. Acrescente suas observações sobre as diferenças entre um modo e outro de escrever sobre um mesmo assunto e feche a atividade escolhendo um título mais adequado para o novo texto. Texto para reelaboração ou reescrita Título: O lugar onde eu vivo Parágrafo 1 - Minha cidade tem muitas belezas naturais, um clima agradável, e não posso deixar de dizer que o povo também é muito bom. O que está acontecendo ultimamente é que apareceram muitas fábricas. Elas trouxeram emprego, mas trouxeram também problemas. Parágrafo 2 - A cidade cresceu muito, abriu muito campo de trabalho para as pessoas. As fábricas empregam jovens sem experiência e que não têm estudo para conseguir trabalho em outros setores que requerem nível de escolaridade, pessoas com deficiência física, outros que não suportavam o trabalho rural pelo peso da idade. Outra coisa que posso dizer é que trabalhando num emprego com carteira assinada é possível conseguir assistência do INSS e aposentadoria. Parágrafo 3 - Mas a criação de empregos trouxe o aumento da migração. Muitas pessoas desconhecidas vieram de outros estados e outras regiões e passaram a viver em nossa cidade, trazendo muitos problemas. Com isso, Samambaia do Leste não é mais uma família samambaiense. Parágrafo 4 - Também por causa da migração, estamos enfrentando um custo de vida mais alto, com farmácia, com mercado, aluguel e falta de segurança, pois a cidade não está preparada para receber tanta gente e, às vezes, se aproveitam da situação. Parágrafo 5 - Enfim, vamos pedir a Jesus que olhe por esta cidade que acolheu tantos outros seus filhos, para que eles consigam conviver com os moradores antigos desta terra que amamos muito.

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Exemplos de alterações possíveis Sobre o parágrafo 1 Este parágrafo inicial poderia ser melhorado se o aluno usasse uma linguagem mais próxima da jornalística. Em sua descrição, ele poderia relacionar sua cidade com outras que enfrentam problemas semelhantes, explicitar os motivos que levaram as fábricas a se estabelecerem no local, formular mais claramente a questão polêmica e relacionar a industrialização com a urbanização acelerada. Você poderia auxiliar os alunos a pensarem sobre as possíveis mudanças no trecho, fazer perguntas como: O que autor faz neste primeiro parágrafo? Ele indica a questão polêmica claramente? Usa linguagem própria do artigo de opinião? Relaciona os problemas locais com situações nacionais e até mesmo internacionais? Sobre o parágrafo 2 Neste trecho, o aluno faz, adequadamente, uma enumeração das vantagens que o estabelecimento das fábricas trouxe, mas não fundamenta com dados aquilo que escreve, nem indica a voz que, por trás da sua, valoriza a vinda das fábricas como fonte de benefícios incontestáveis. Perguntas possíveis: Que assunto é tratado no segundo parágrafo? Quem poderia comprovar que a vinda das fábricas é uma vantagem? Como as vantagens poderiam ser comprovadas? Sobre os parágrafos 3 e 4 Neste trecho, o aluno comenta que atualmente a cidade tem problemas. As possibilidades de emprego atraíram migrantes, o que, para os antigos moradores, inclusive ele, quebrou a harmonia da família samambaiense, aumentou o custo de vida e a violência. Se, por um lado, o autor assume uma posição, por outro não a comprova com argumentos que a sustentem. Que argumentos podem sustentar que a causa de todos os problemas apontados é a migração? Provavelmente, se o aluno tivesse pesquisado mais, tivesse lido alguns artigos de especialistas sobre o assunto, ele poderia ampliar sua visão sobre a relação entre industrialização, migração e urbanização acelerada, abandonar sua posição simplista de analisar o problema. Da forma como está, parece que há uma luta do bem (a família samambaiense) contra o mal (os migrantes). Perguntas para os alunos: Será que a cidade inteira pensa da mesma forma? Haverá pessoas que não acham ser a migração a causa dos problemas? Quais outras possíveis causas dos problemas apontados? Pensando no trecho alterado anteriormente, como ele poderia continuar um diálogo com a prefeitura? Sobre o parágrafo 5 Este último trecho é iniciado com a expressão “enfim”, indicadora de conclusão. Não basta, porém, usar uma expressão articuladora correta. O modo como o aluno fecha o texto indica que ele não vê um possível encaminhamento para os problemas. Como faltou uma análise melhor da situação atual da cidade, também faltam sugestões práticas para resolver os problemas existentes. Sobre o título O título não é apropriado, pois o aluno intitulou seu texto com o tema do concurso. Exemplos de alterações possíveis sobre o título “Os problemas de Samambaia do Leste têm solução? “Migração: a causa dos problemas de Samambaia do Leste?” “Samambaia do Leste não é mais uma família?”

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X. Produção individual Objetivo 

Produzir o texto individual que, depois da autocorreção, constituirá a produção final.

Antes da produção final, retome com seus alunos o percurso feito até agora. Nas oficinas anteriores, eles escolheram uma importante questão polêmica local que mobiliza a comunidade na qual vivem. Fizeram entrevistas, pesquisas em jornais e revistas, colheram dados relativos à questão polêmica para melhor fundamentarem o assunto. Todos percorreram as oficinas, para melhor dominar a escrita do gênero artigo de opinião. Atividade Cada um de seus alunos vai produzir agora um texto individual com base na questão polêmica escolhida pela classe na Oficina 2. Recolha estes textos, pois serão revistos pelos alunos na Oficina 12.

Lembre seus alunos de que, como articulistas, devem: 1. partir de uma questão polêmica local e localizar o leitor em relação à ela; 2. tomar posição em relação à questão polêmica e afirmar sua posição como sendo a melhor. Para isso, trazer, para o leitor, argumentos, ora de autoridade, ora por exemplificação, ora baseados em princípios, dados de pesquisa ou em relações de causa e consequência; 3. trazer para o texto as opiniões dos adversários, contestando-as ou desvalorizando-as; 4. concluir o texto reforçando a posição tomada. A seguir, coloque as próximas orientações na lousa ou numa folha grande de papel ou ainda, disponibilize-a em computadores. Lembre seus alunos que devem usar expressões articuladores características de um artigo de opinião, como as que : • anunciam a posição do autor: “do nosso ponto de vista”, “penso que”, “pessoalmente”, “acho que”; • indicam certeza: “sem dúvida”, “está claro que”, “com certeza”, “é indiscutível”; • introduzem argumentos: “porque”, “pois”, “mas”; • introduzem a conclusão: “então”, “conseqüentemente”, “por conseguinte”, “assim”; • marcam diferentes vozes presentes no artigo: “como dizem os economistas”, “segundo alguns empresários…”, “muitas pessoas dizem que...”, “há pessoas que negam...”, “algumas pessoas afirmam...”, “para muitos é importante... para outros...” etc.

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XI - Produção final Objetivo 

Rever o texto individual, finalizando a escrita do artigo de opinião que irá para o concurso.

Para conduzir a autocorreção, prepare um cartaz com o roteiro descrito abaixo. É importante salientar que ele constitui um conjunto de orientações, por meio das quais o aluno poderá rever a produção dele e analisá-la antes de passá-la a limpo. Atividade Distribua aos alunos as próprias produções para que eles possam realizar a revisão do texto. Auxilie-os a fazer uma autocorreção, com base no roteiro abaixo. É importante você destacar que esse roteiro não é um conjunto de regras a serem cumpridas, mas orientações, que, como tal, não precisam ser seguidas à risca. Por meio delas, o aluno poderá analisar a produção antes de passá-la a limpo. Roteiro 1. Seu artigo parte de uma questão polêmica? 2. Colocou o leitor a par da questão polêmica? 3. Tomou uma posição? 4. Introduziu-a com expressões como: “penso que”, “na minha opinião”? 5. Levou em consideração os pontos de vista dos adversários para construir seus argumentos, como, por exemplo: Para fulano de tal, a questão é insolúvel. Ele exagera, pois... 6. Usou expressões que introduzem os argumentos, como “pois”, “porque”? 7. Utilizou argumentos de autoridade, argumentos por exemplificação, argumentos por provas, princípios ou causa e consequência? 8. Usou expressões para introduzir a conclusão, como: “então”, “assim”, “portanto”? 9. Concluiu o texto reforçando sua posição? 10. Verificou se a pontuação está correta? 11. Corrigiu os erros de ortografia? 12. Substituiu palavras repetidas desnecessárias? 13. Escreveu com letra legível para que todos possam entender? 14. Encontrou um bom título para o artigo?

Certamente, os alunos ficarão em dúvida quanto à grafia de algumas palavras. É o que costuma ocorrer, por exemplo, com algumas palavras em que o som pronunciado pode corresponder a diferentes formas de escrita (caso de ss/ç, z/s) ou outras, como "porque", “por isso”, "embora" (é junto ou separado?). À medida que as dúvidas surgirem, escreva-as corretamente no quadro para que os alunos possam conferir a ortografia. Além disso, ajude-os a perceber que devem substituir os conectivos usados na linguagem oral informal por pontuação e podem trocar por sinônimos ou pronomes as palavras repetidas desnecessariamente.

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Referências bibliográficas BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal– 1953/79. São Paulo: Martins Fontes, 1992. MACHADO, I. Os gêneros e a ciência dialógica do texto. In: FARACO, C. A. et al. (orgs.). Diálogos com Bakhtin. Curitiba: Editora da Universidade Federal do Paraná, 1999. pp. 225-272. RODRIGUES, R. H. A Constituição e o funcionamento do gênero jornalístico artigo: cronotopo e dialogismo. São Paulo, 2001. Tese de doutorado. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. ROJO, R. (org.). A prática da linguagem em sala de aula: praticando os PCNs.São Paulo: Educ; Campinas: Mercado de Letras, 2000. (As faces da lingüística aplicada) DOLZ, J. & PASQUIER, A. Un decálogo para enseñar a escribir. In: Cultura y Educación, 2, 1996. pp. 31-41. SCHNEUWLY, B. Gêneros e tipos de texto: considerações psicológicas e ontogenéticas. FPSE/Université de Genève, 1994 (Mimeogr.).

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