Avaliação Pós Ocupação
ANÁLISE DE
PROJETO
Residêncial Palmeira Imperial Ateliê de Projeto integrado V
Guilherme Bechelli HeloĂsa Bocchi Matheus Oliveira RaĂssa Carvalho
1. INTRODUÇÃO Este trabalho consiste em uma Análise de Estudo de Caso e uma Avaliação Pós-Ocupação (APO) do conjunto habitacional Condomínio Palmeira Real, participante do Programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal, que promove habitações para a população de baixa renda, sendo o condomínio considerado Faixa 2. Assim, por avaliações técnicas e comportamentais, buscamos reconhecer os pontos positivos e negativos do ambiente construído. O conjunto habitacional Condomínio Palmeira Real, ambiente escolhido para o nosso estudo, está localizado no bairro Mansour, em Uberlândia (MG), possui 256 apartamentos, sendo 16 blocos com 16 apartamentos em cada (4 apartamentos por andar), está inserido em um local denominado de Cidade Verde, localizado entre à Avenida José Fonseca e Silva, e as Ruas Varsóvia, Lúcia Fonseca Attiê e Jamile Calil Attiê, sendo cortado pela Avenida Rio Mississipi. O Cidade Verde é uma área onde há um aglomerado de conjuntos de habitacionais de interesse social.
2. ESTUDO DE CASO 2.1 SERVIÇOS No entorno direto temos uma espécie de praça com equipamentos de academia ao ar livre, porém sem vegetação ao redor, e no horário em que visitamos o local, o sol intenso não permitia o uso. Há pontos de ônibus localizados próximos ao residencial, e o próprio terminal planalto não fica muito distante. Há um pequeno comércio no entorno, com farmácia, bares e demais estabelecimentos que segundo os moradores supre as necessidades locais, bem como há na frente do condomínio também um estabelecimento religioso.
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2.2 RESTRIÇÕES NORMATIVAS O Cidade Verde está localizado numa área de ZEIS II (Áreas de Parcelamento Irregular), sendo assim pode possuir taxa de ocupação máxima de 80%, coeficiente de aproveitamento de 2,5, afastamento frontal mínimo de 3,0 metros, afastamento lateral e fundo mínimo 1,5 metros e testada mínima de 8 metros.
2.3 ACESSOS/ CIRCULAÇÃO O acesso ao condomínio se dá por uma portaria com vigia, em terreno plano, possibilitando assim o acesso de pessoas com deficiências. A circulação na parte comum do condomínio também tem poucos desníveis e é de certa forma acessível, contudo, a circulação entre os apartamentos dos blocos, a circulação vertical, é somente feita por escadas, o que impossibilita por exemplo de um cadeirante ou uma pessoa com dificuldades de locomoção possa acessar apartamentos fora do térreo com facilidade ou sem ajuda de terceiros.
2.4 INSERÇÃO NA QUADRA O residencial foi implantado de tal maneira que ocupe a quadra inteira, cercado por grades, com sua entrada principal bem delimitada.
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PROJETO RUA ISMAEL CARVALHO ESPÍNDOLA
E
F
ANÁLISE DE
acesso
Bloco 11 Bloco 12
Bloco 15 Bloco 16
Bloco 10
Bloco 13 Bloco 14
Bloco 08
Bloco 06
C
Bloco 09
Bloco 07
Bloco 04
Bloco 02
Bloco 05
Bloco 03
Bloco 01
B
D
A
2.5 ESTRUTURA A estrutura dos edifícios do condomínio Palmeira Imperial, são de alvenaria autoportante, feita em blocos de concreto, o que não contribuí muito para o conforto térmico dos apartamentos. As escadas são também de concreto armado e revestidas com ardósia. A cobertura é feita por telhas de barro, com estrutura de madeira. A circulação externa entre os blocos não possui cobertura e as vagas no estacionamento também não, porém os moradores podem optar por cobri-las, seguindo um rígido padrão imposto pelo condomínio, com telhas do tipo “sanduíche”, que amenizam os ruídos e melhoram o conforto acústico dos apartamentos térreos.
2.6 INVÓLUCRO EXTERIOR Aparentemente de telhas de barro, com acabamento feito nas paredes externas e pintura ainda bons, os apartamentos contam com janelas nos quartos, banheiro, cozinha e também sala, de alumínio com vidro, possibilitando em determinadas horas de dia uma boa iluminação e ventilação. É importante ressaltar que as aberturas dos apartamentos térreos, as janelas, todas possuem grades de alumínio, para maior segurança dos moradores.
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2.7 TIPOLOGIA E FLEXIBILIDADE Nos apartamentos do bloco visitado só há uma tipologia, quase sem variações e sem flexibilidade devido a fragmentação feita e ao pouco espaço dos apartamentos, que foram pensados para famílias com um ou no máximo dois filhos, embora moradores com 2 filhos achem os apartamentos pequenos. Nesse quesito é importante salientar uma falta de flexibilização do uso do espaço, como a falta de possibilidade de se retirar paredes no interior dos apartamentos e de reorganiza-los de acordo com a necessidade de cada morador.
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2.8 CONFORTO AMBIENTAL Nos apartamentos visitados, o sol que batia era o da manhã, o que agrada muito os moradores, pois faz com que o apartamento não fique extremamente quente durante o dia, contudo, podemos perceber que há outros apartamentos que pegam somente o sol da tarde, fazendo com que eles sejam mais quentes e menos agradáveis. A ventilação se dá por meio das várias aberturas do apartamento, e é considerada por seus moradores boa, contudo a acústica dos apartamentos foi duramente criticada por quem ali reside, uma vez que, dentro do próprio apartamento da para ouvir o que os demais membros da família fazem em outros cômodos, e com relação aos apartamentos vizinhos, também há vazamento de som, fazendo com que os vizinhos se ouçam sem querer pelas paredes. Talvez fosse o caso de ter sido usado um outro material entre as paredes para isolar melhor o som, e até mesmo a temperatura nos apartamentos com insolação mais constante, ou que peguem o chamado “sol da tarde”.
2.8 IMPACTO AMBIENTAL Seria interessante, que nos novos projetos destinados a essa faixa de público, houvesse uma preocupação no que tange ao uso de materiais construtivos de baixo impacto ambiental, não só concreto e alvenaria que possuem alto impacto ambiental por não ser uma fonte renovável, e que as habitações atendessem os moradores, com sustentabilidade, desempenho, qualidade e conforto da moradia. Habitação de Interesse Social, além de ser uma tentativa de diminuir o déficit habitacional tem de necessariamente atender aos princípios de habitação saudável, dando melhor qualidade de vida aos usuários, neste ponto, podemos ressaltar a possibilidade da utilização de painéis solares ou o aproveitamento da energia eólica como forma de aperfeiçoar o baixo consumo de energia nas habitações, além da utilização e reaproveitamento de água de chuva.
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3. AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO Avaliação realizada com os moradores do Residencial Palmeira Imperial, mais precisamente moradores do bloco 12, no dia 19.03.2016, pela manhã. Foram entrevistadas três famílias com diferentes configurações, faixas de renda e escolaridade. Os resultados obtidos e as análises feitas a partir dos questionários estão a seguir.
3.1 CARACTERÍSTICAS DOS ENTREVISTADOS As pessoas aqui entrevistadas eram homens, na faixa etária dos 20 aos 60 anos, e moravam com uma companheira, com e sem filhos, com uma renda variando de 1 a 6 salários mínimos, e todos os apartamentos eram próprios em aquisição.
3.2 ENTORNO Os entrevistados apontam que o bairro é carente em equipamentos públicos na área de Educação, Cultura e Esportes, contudo classificam o bairro como sendo incluído, agradável e parcialmente cuidado, considerando os equipamentos coletivos bons e consideram que o transporte público que atende o bairro seja satisfatório, bem como o bairro em si, bem "conectado" com a cidade.
3.3 CONJUNTO Os entrevistados consideram os aspectos gerais do condomínio como ótimo e bom, nos quesitos de localização em relação a cidade, proximidade ao local de trabalho, proximidade de equipamentos e serviços, relação custo benefício, qualidade dos equipamentos de uso comum e conservação de áreas verdes, segurança e privacidade, quanto aos quesitos de acessibilidade e convivência com vizinhos, estes foram considerados regulares. A área comum está bem conservada quanto a pintura e equipamentos, os moradores relataram a falta de cobertura nas vagas de carros, e o modo como o condominio impõe que sejam colocadas, sendo que cada morador deve colocar a sua cobertura, reclamaram pois o material imposto é caro. Foi citada também a insuficiência na quantidade de equipamentos dentro do condominio, como áreas para as crianças brincarem e bicicletários.
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3.4 UNIDADE HABITACIONAL Nenhum dos entrevistados usa o apartamento para adquirir renda extra. No que diz respeito ao nível de satisfação em relação aos aspectos gerais do apartamento há uma variação de bom a regular, destacando a divisão geral dos espaços como ótima e as questões de privacidade como ruim. Sobre os cômodos do apartamento há um consenso geral quanto ao tamanho ser insuficiente em todos menos no que se diz respeito aos quartos, e que todos são bem iluminados e agradáveis em questões térmicas e fáceis de se mobiliar, há reclamações de que os espaços são barulhentos. Dentre os entrevistados apenas um alterou o espaço do apartamento, e este considera a construção boa, porém fez pequenas reformas e trocas principalmente na parte eletrica (tomadas, interruptores) e rejuntes que reclama ter sido de má qualidade. Alguns não consideram os apartamentos acessíveis, apenas os apartamentos térreos e acham apenas 01 vaga na garagem insuficiente. Os moradores dizem ter grande identificação com o apartamento, embora também reclamam um pouco sobre o espaços, estes que poderiam ser maiores, e um dos entrevistados utiliza um dos dormitórios como escritório.
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