Reportagem para a Revista KIDS in

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Esporte

de “jeito”

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O Stand up Paddle, ou SUP (fala-se Sûp mesmo), como é mais conhecido, é o esporte da vez entre os mais descolados de todas as idades. Praticado em cima de uma prancha, na qual os supistas ficam de pé, planando entre rios, lagos e mares com o impulso de remos, o esporte permite que adultos e crianças trabalhem todo o corpo, enquanto estão em contato com a natureza. O SUP exige dos praticantes um exercício constante de equilíbrio, e é por isso que, mais do que força, é preciso ter “jeito” para a coisa. Mas, isso se consegue com técnica e, é claro, muito treino, que pode ser feito, inclusive, em família. Nesta matéria, vamos mostrar o que uma prancha de SUP e boas remadas podem fazer na vida da garotada.-por helouise melo

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Ao contrário do surf, o SUP permite que a maioria das pessoas consiga ficar em pé na prancha, remar e curtir bastante, já no primeiro dia de prática. Dizem os supistas apaixonados pelo esporte que isso é possível graças ao processo natural de adaptação da pessoa com a prancha, como se fosse a extensão do próprio corpo, em um trabalho que envolve pés, pernas, abdômen e braços. E as crianças se adaptam em qualquer tipo de prancha, pois, todas funcionam como uma espécie de “navio”, ou seja, possuem muita flutuação e estabilidade. A atenção é para o remo, que irá ajudar no desempenho e na técnica de remada, com o objetivo de não haver esforços e movimentos errados.

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Mas, se você está pensando que o Stand up Paddle é uma prática contemporânea, está enganadíssimo. O SUP é da época dos primeiros caballitos de totora, nome dado a um surfboat feito de um tipo de junco, utilizado no Peru e Bolívia até hoje, e da época das canoas polinésias. Quem explica é o instrutor de SUP, surfista profissional e diretor do Instituto Pororoca, Serginho Laus: — Inicialmente, os pescadores saiam para pescar nos caballitos e, no caminho de volta para a praia, ficavam de pé e remavam com pedaços de bamboo partidos no meio, com o objetivo de retornar mais rápido, ‘pegando carona’ nas ondas, e controlando o equilíbrio e a estabilidade.


Já nos anos 2000, alguns surfistas começaram a remar em pé para melhorar o condicionamento físico nos dias em que o mar não estava com boas ondas. Em pouco tempo, as pranchas foram se adaptando para as mais diversas funções, surgindo, então, o Stand up Paddle como conhecemos hoje: “Atualmente existem pranchas desenhadas para inúmeras finalidades, desde surfar no mar, remar em um lago tranquilo, ou descer um rio caudaloso. São modelos para todos os biotipos e idades, variando desde pranchas com menos de 2 metros até mais de 5 metros de comprimento”, complementa o instrutor de SUP do Clube Katanka, localizado em Brasília, Marcello Morrone, onde a galera pratica no Lago Paranoá. Para começar a praticar o SUP não é necessário ter um preparo físico de atleta. Acredite! “O Stand Up Paddle é muito

democrático, as pessoas de todas as idades podem praticar, contando que estejam sem dores musculares ou contusões nas articulações”, afirma o instrutor do Paddle Club Ilhabela, em São Paulo, Marcelo Dias. Ainda de acordo com Marcelo, as aulas de SUP podem ser introduzidas a crianças de até cinco anos com a companhia dos pais na prancha, utilizando colete salva-vidas, e sempre em situações de mar calmo e raso. Já a partir dos seis anos, a criança já consegue remar sozinha em uma prancha apropriada ao seu tamanho, sempre com a orientação e acompanhamento de um instrutor. Uma vez aprendidas as técnicas de como se equilibrar na prancha, os benefícios físicos aos pequenos praticantes são muitos, pois o SUP é considerado um esporte completo, que abrange atividades aeróbicas de condicionamento físico,

bem como de reabilitação de lesões, com aumento de mobilidade no quadril e escápula, tornozelos, joelhos, e melhora da postura. Segundo Serginho Laus, o esporte melhora também a coordenação motora, o equilíbrio, a respiração, a atenção e o foco. E não é só isso: “Além de remar, exercício que trabalha os membros inferiores, superiores e abdômen, o SUP treina o Core, o centro de produção de força e geração de estabilidade e manutenção do alinhamento do corpo”, enfatiza o profissional. Além dos benefícios à saúde do corpo e da mente, o Stand Up Paddle é uma atividade que constrói e fortalece as relações interpessoais, pois pode ser aproveitada em grupo, com a participação de famílias inteiras e amigos, que praticam o esporte nos mais diversos locais e condições

Alunos do Clube Katanka se equilibrando no SUP do Lago Paranoá.

aquáticas. E por falar em lugares ideais para se divertir com a aventura, os mais frequentados no mundo são o Havaí, Taiti, Polinésia Francesa, Tailândia e Filipinas. Já para quem não pretende ir muito longe, Serginho indica Angra dos Reis (RJ), Lagoa da Conceição (Florianópolis) e outros lugares bem interessantes para a família supista: — Na Amazônia, o estado do Amapá possui pontos muito bonitos para os praticantes do SUP, além de lagos e rios no Planalto Central e Nordeste brasileiro. O bom do esporte é que em qualquer superfície aquática é possível remar, pois temos diferentes tipos de pranchas para todas as condições. Porém, o ideal é praticar em uma superfície lisa, quando o rio, mar ou lago estão sem ventos e ondulação. Dessa forma, o passeio rende muito mais e parece que estamos navegando em um tapete de água.

Alunos com o instrutor de SUP do Clube Katanka, Marcelo Morrone.

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Hoje existem pranchas para todas as finalidades e modelos para todos os biotipos e idades

O Stand Up Paddle em água parada e lisa facilita o aprendizado das crianças e adultos iniciantes, mas, assim que conseguem evoluir na técnica e ganhar confiança, os meninos e meninas já podem começar a se aventurar em pequenas ondas para depois, quem sabe, passar para waves maiores e rios com correntezas fortes. Mas, para isso, o praticante deve saber respeitar os seus limites, como explica o professor Marcello Morrone: — Para iniciar no esporte ou para praticar o SUP como uma atividade de lazer, o ideal é começar em um local de águas tranquilas. A localização do nosso clube Katanka, em Brasília, por exemplo, é assim. O vento predominante sopra no sentido da água para a terra, tornando “a volta” mais fácil do que “a ida”. Além disso, estamos em um local onde, seguindo a direção que sopra o vento, o Lago Paranoá é mais estreito. Com isso, mesmo

nos dias de vento mais forte, a água continua tranquila, sem ondas. E é por estar em contato direto com a água, em uma atividade não poluente, tendo a oportunidade de desbravar lugares, que o praticante do SUP acaba entrando em sintonia com o meio ambiente e isso proporciona, especialmente às crianças, a construção de uma responsabilidade ambiental desde cedo. Na opinião de Marcelo Dias, a cada remada, os supistas se sentem mais conectados com a natureza: — Toda semana limpamos o mar e incentivamos as crianças a fazerem o mesmo. Com o SUP, elas têm a oportunidade de ficar mais perto da natureza, de peixes e tartarugas, e isso desperta uma consciência ambiental muito grande, como a preocupação no recolhimento de plástico e garrafas pet do oceano.

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Marié Laus

remando e uma amiga de carona no SUP na Baía de Guaratuba, Paraná.

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Além dos benefícios ao corpo e à mente, o SUP constrói e fortalece relações interpessoais

#ficaadica para os pais de iniciantes DProcure escolas ou professores de SUP credenciados pelo CREF (Conselho Regional de Educação Física) e com experiência no assunto. Verifique o material a ser usado, os procedimentos de segurança, e o planejamento das aulas. Caso sintam vontade de participar, será mais agradável e prazeroso! Evite registros posados, busque os momentos naturais… Durante o banho, durante uma brincadeira com outras pessoas, etc. DDê preferência a clubes que ofereçam uma boa localização em relação às condições de vento e água, estrutura completa de segurança, com barcos de apoio e resgate. Além disso, é fundamental que o clube tenha equipamentos adequados, variados e de boa qualidade. D Se a criança não souber nadar, é preciso usar boias nos braços ou coletes flutuadores que não prejudiquem o aprendizado da

remada. Se a criança souber nadar, é melhor aprender com pranchas soft, próprias para escolas de SUP (isso serve para crianças e adultos). Com as pranchas soft, caso ocorra uma queda na prancha, a pessoa não irá se machucar. Além disso, a criança deve usar o leash (corda que prende o supista à prancha), que irá assegurar que, em uma queda, a prancha não seja perdida e o praticante passe por apuros. DAlém dos equipamentos, é preciso que haja bom senso dos responsáveis pela criança para escolher corretamente a hora e o local ideais para praticar, traçar um trajeto seguro, e deixar em terra sempre alguém avisado das suas intenções na remada, ou seja, percurso e tempo estimado. Remar sempre na companhia de adultos também é mais seguro. DSaiba mais: supsurf.com.br

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fotos: arquivo pessoal (págs 1.e 6); divulgação (pág. 4)

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SUP de Marié Laus em Angra dos Reis, RJ.

Pequenos supistas A supista Marié Laus tem 7 anos e desde os quatro acompanha o pai, Serginho Laus, em cima de uma prancha de SUP, em mares, rios e lagos de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro, e a prática serviu para aproximar ainda mais pai e filha. “Sempre que estamos juntos em locais apropriados saímos para remar e, com isso, podemos viver momentos mais intensos, oportunidade que a maioria das famílias não consegue manter pelo ritmo frenético do dia-a-dia. Eu e a Marié voltamos de um dia de SUP e conversamos sobre o que vivenciamos naquele momento e, com isso, ela percebe que tem mais que um pai: um amigo e companheiro”, relata o pai. O pai do Guilherme (12) e do Gabriel (10), Ricardo Munhoz, também pratica SUP junto com os filhos, que têm aulas do esporte no Clube Katanka, em Brasília. Para Ricardo, o esporte tem um lado social bacana para as crianças, pois os meninos conseguem juntar os amigos e até a mãe, que não tem nenhuma proximidade com esportes náuticos, na prática do SUP. “Eles conseguem agregar os amigos em função do SUP ser simples e muito seguro. Nos tempos atuais, está cada vez mais difícil as famílias conseguirem tempo para uma atividade em conjunto, e o SUP está SUPrindo essa necessidade”, brinca.

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Já na opinião da mãe e supista, Paula Merheje, que pratica SUP com os filhos Juliano (11) e Bruno (9) em Ilhabela, SP, o principal benefício é a relação que a criança tem com a natureza, pois aprimora os sentidos dos pequenos. “A criança começa a perceber qual a direção do vento, correnteza e ondulação, para saber por onde tem que seguir na água. Além disso, o SUP promove um trabalho corporal completo, estimulando a coordenação, equilíbrio e agilidade”, revela a mãe, enfatizando que todos adoram estar juntos na água, o que acontece pelo menos uma vez na semana. Mãe e filhos decidem o “rumo”, determinam o tempo e a distância percorrida: — Quando um começa a desanimar, os outros dão o maior incentivo para atingir o objetivo proposto. E, assim, reforçamos os laços familiares, tão importantes nos dias de hoje, finaliza. << #ondeencontrar:

d Paddle Club Ilhabela (SP) ecotreino.com.br

d Stand Up Paddle Rio (RJ) standuppaddlerio.com.br

d SupIndoor e Power SUP by Serginho Laus (PR)

academiagb.com.br facebook.com/SerginhoLaus

d Clube Katanka (DF) katanka.com.br


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