Reportagem para a Revista KIDS in

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Play, órgão que promove pesquisas sobre aspectos dos jogos e sua contribuição para o desenvolvimento infantil. Todavia, hoje, essas informações são consideradas obsoletas, pois não levam em consideração alguns fatores, como a classificação de brinquedos para crianças de até três meses de idade, os novos materiais e produtos químicos utilizados para a fabricação de brinquedos atuais (que podem comprometer a saúde e segurança dos pequenos), além de aspectos do desenvolvimento das crianças. E é por conta disso que a comissão de estudo das normas de segurança de brinquedos da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, em parceria com a ABRINQ – Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos, reuniu especialistas de diversas áreas, ao longo de

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Na hora de escolher brinquedos para os filhos, a maioria dos pais sabe que todos devem conter o Selo de Identificação da Conformidade do Inmetro — Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Essa chancela é a comprovação de que os brinquedos são classificados por faixa etária e fabricados a partir da observação de quesitos de segurança. Porém, devido à evolução desses “objetos de brincar” (cada vez mais cheios de aparatos tecnológicos), alguns órgãos e especialistas estão discutindo novas regras para acompanhar as mudanças e contemplar aspectos mais amplos desses produtos. A norma atual, que classifica os brinquedos em categorias e tipos para cada faixa etária, foi desenvolvida com base no ICCP — Internacional Council for Children´s

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BRIN QUE DOS SEM RISCOS


a fabricação de brinquedos mais seguros”, explica Maria Ângela. Porém, apesar da indústria e órgãos de certificação estarem cada vez mais atentos a brinquedos que não ofereçam riscos às crianças, outros fatores devem ser considerados pelos pais na hora de comprar os mimos para os filhos, como alerta a especialista: — A oferta de brinquedos às crianças deve levar em conta a observação dos pais em relação ao ‘brincar’ de seus filhos, a

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Um brinquedo erroneamente indicado pode causar riscos ao desenvolvimento da criança

dois anos, para revisar a norma atual, com o objetivo de classificar os brinquedos, levando em consideração, por exemplo, o desenvolvimento cognitivo e motor, acuidade visual e outras questões que não eram abordadas. O evento que discutirá a implantação das novas normas de qualidade e segurança desses produtos ocorrerá este ano no Brasil e contará com a participação de especialistas de diferentes países. A intenção é que as normas sejam adotadas internacionalmente. De acordo com o engenheiro Marcos José Landgraf Noronha, membro da comissão de segurança de brinquedos da ABNT (a CE100), o novo ICCP 2012 – como está sendo chamada a proposta de mudança brasileira das normas – servirá como guia para que os fabricantes desenvolvam e indiquem produtos mais apropriados para cada faixa etária, evitando, assim, a frustração gerada em uma criança quando não consegue brincar com um brinquedo muito complexo para a sua idade: — Um brinquedo erroneamente indicado pode causar diversos riscos ao desenvolvimento da criança. Tanto a complexidade quanto a simplicidade do produto podem ser problemáticos para ela. Caso o brinquedo seja considerado muito ‘simples’ para a idade indicada, pode gerar desinteresse, por exemplo.

Observar o “brincar” Até o final dos anos 70, os brinquedos não eram compostos por engrenagens ou materiais elétricos que pudessem oferecer risco à segurança das crianças, que brincavam com bolas, bonecas, carrinhos, peões, geralmente confeccionados em madeira ou plástico mais resistente. De acordo com Maria Angela Barbato Carneiro, Professora Doutora da Faculdade de Educação da PUC, em São Paulo, e Coordenadora do Núcleo de Cultura e Pesquisas do Brincar, nessa época, o brinquedo possibilitava mais uma coleção do que a própria brincadeira: — Mesmo entre as famílias de classe alta, eram ofertados de dois a três brinquedos ao ano para cada criança. Além disso, as casas possuíam quintais e as ruas eram locais seguros para brincadeiras que, na maioria das vezes, ocorria sem esses objetos. Já a partir da década de 90, com o crescimento da indústria de brinquedos e, consequentemente, de uma economia baseada no consumo, descobriu-se, segundo a especialista, que as crianças eram importantes alvos capazes de movimentar a indústria cultural. “No mesmo período, ocorreu a Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança, que defendeu, entre outras coisas, os jogos e brincadeiras como direitos fundamentais dos pequenos. Isso influenciou uma maior reflexão da indústria para

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possibilidade de transformação do objeto, a sua simplicidade, e ao olhar da criança sobre ele. Infelizmente, muitos pais se deixam levar pela realização de seus sonhos de infância, pela necessidade de reafirmar seu status perante outros pais ou pela influência da mídia. E objetos prontos, que não podem ser recriados pela criança, fomentam o consumo e não servem para nada. É preciso evitar, sempre que possível, os modismos, finaliza. –por helouise melo

Enquanto as novas regras não vêm, fique atento às recomendações de segurança do Inmetro na hora de escolher brinquedos

DProcure pontos de venda legalmente estabelecidos, jamais em mercado paralelo. Testes conduzidos em produtos não certificados nos laboratórios evidenciaram várias irregularidades, em especial a presença de metais pesados e ftalatos, substâncias que podem ser nocivas à saúde se utilizada acima dos limites estabelecidos pelo regulamento. Fique atento! DCompre somente brinquedos que contenham o selo com a marca do Inmetro. A presença desse selo é obrigatória e indica que o produto, antes de ser colocado no mercado, foi submetido a ensaios em laboratórios acreditados e atendeu a requisitos mínimos de segurança. DO selo deve estar sempre visível, impresso na embalagem, gravado ou em uma etiqueta afixada no produto, e deve conter a marca do Inmetro e o logotipo do organismo acreditado pelo Inmetro que o certificou. DTodo brinquedo importado também deve ser submetido a ensaios em laboratórios acreditados ou reconhecidos

pelo Inmetro e deve trazer o selo, todas as informações presentes na embalagem e no manual de instrução em língua portuguesa, bem como especificar as informações de matérias-primas usadas no mesmo. DSelecione o brinquedo considerando a idade, o interesse e o nível de habilidade da criança. A faixa etária a que ele se destina deve constar na embalagem, assim como informações sobre o conteúdo, instruções de uso, de montagem e eventuais riscos associados à criança, além do CNPJ e do endereço do fabricante. As informações obrigatórias na embalagem demonstram a responsabilidade do fabricante ou importador. DSe você tem filhos em idades diferentes, redobre a atenção para que os menores, em especial aqueles até três anos, não tenham acesso aos brinquedos dos mais velhos. Alguns produtos contêm partes cortantes ou muito pequenas, que podem se desprender e ser ingeridas ou mesmo inaladas, causando sufocamento.

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DNa hora da compra, exija nota fiscal, tíquete do caixa, recibo ou equivalente que somente empresas legalizadas possuem. Esse simples hábito pode favorecer a reclamação do consumidor no caso de o produto ser impróprio para consumo e/ou apresentar defeito. DRetire a embalagem do brinquedo antes de entregá-lo à criança, a fim de prevenir acidentes com grampos e similares, e, até mesmo, o risco de sufocamento. DLeia com atenção as instruções de uso presentes na embalagem ou em seu interior e procure repassar estas instruções para a criança. Procure, ainda, supervisionar o uso do brinquedo pelas crianças. DOs pais devem redobrar a atenção com brinquedos eletrônicos. Se usados indevidamente, ou se mal projetados ou construídos, podem causar graves acidentes, como choque elétrico ou queimaduras. DSe o brinquedo estiver sem o selo do Inmetro, entre em contato com a Ouvidoria do Instituto através do telefone 0800 285 1818.


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