2 Reis - M. Henry

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2 REIS Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo

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Capítulo 6 Capítulo 7 Capítulo 8 Capítulo 9 Capítulo 10

Capítulo 11 Capítulo 12 Capítulo 13 Capítulo 14 Capítulo 15

Capítulo 16 Capítulo 17 Capítulo 18 Capítulo 19 Capítulo 20

Capítulo 21 Capítulo 22 Capítulo 23 Capítulo 24 Capítulo 25

2 Reis 1 Versículos 1-8: A rebelião de Moabe; a enfermidade de Acazias, rei de Israel; 9-18: Elias pede fogo do céu; a morte de Acazias. Vv. 1-8. Acazias não se arrependeu de seus pecados e desprezou totalmente a Deus; por isso, Moabe se rebelou contra ele. o pecado debilita e empobrece as pessoas. A desobediência de um homem contra Deus costuma ser castigada pela rebelião dos que lhe devem sujeição. Acazias caiu por uma janela. onde quer que formos, existe somente um passo entre nós e a morte. A casa do homem é o seu castelo forte; porém, não é capaz de assegurá-lo contra os juízos de Deus. Geralmente, toda a criação, que geme sob a carga do pecado do homem, cederá e afundará sob este peso, como aconteceu com esta janela. o que tem Deus como seu inimigo nunca estará a salvo. os que não procurarem ouvir a Palavra de Deus para seu próprio consolo, a ouvirão para seu próprio terror, querendo ou não. Vv. 9-18. Elias pediu fogo do céu, para consumir os pecadores altivos e atrevidos; não para segurança pessoal, mas para provar a sua missão e revelar a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens. Elias tomou esta atitude por um impulso divino; porém, o nosso Salvador não permitiu que os seus discípulos fizessem o mesmo (Lc 9.54). A dispensação do Espírito e da graça não o permitiu de maneira alguma. Elias estava preocupado com a glória de Deus, enquanto os seus opositores cuidavam apenas da própria reputação. o Senhor julga os costumes humanos através de seus princípios, e o seu juízo é sempre


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 2 segundo a verdade. O terceiro capitão humilhou-se e lançou-se à misericórdia de Deus e de Elias. Ninguém tem algo a ganhar, contendendo com Deus; e os que aprendem a ser submissos por causa do final fatal da obstinação de outros, são sábios. A coragem que existe na fé vez por outra aterroriza o coração do pecador mais orgulhoso. Acazias está tão estupefato com as palavras do profeta, que nem ele e nem qualquer outro de seus lhe resistem. Quem é capaz de fazer algum dano àqueles a quem Deus ampara? Os que pensam que prosperam no pecado são chamados como Acazias, quando menos esperam. o contexto geral nos adverte para que busquemos ao Senhor enquanto pode ser encontrado.

2 Reis 2 Versículos 1-8: Elias divide o Jordão; 9-12: Elias é levado ao céu; 13-18: Eliseu é considerado o sucessor de Elias; 19-25: Eliseu sara as águas de Jericó; a destruição dos que zombam de Eliseu. Vv. 1-8. O Senhor revelou a Elias que o tempo de sua partida estava próximo. Portanto, dirigiu-se às diversas escolas de profetas para darlhes as suas últimas exortações e a sua bênção. A partida de Elias é um tipo e uma figura da ascensão de Cristo, e a abertura do reino dos céus a todos os crentes. Eliseu seguira a Elias durante muito tempo, e não o abandonaria neste momento em que aguardava a bênção de sua partida. os que seguem a Cristo não podem desfalecer no final, mas devem permanecer firmes. As águas do Jordão anteriormente cederam diante da arca; agora, perante o manto do profeta, como um sinal da presença de Deus. Quando Deus leva os seus fiéis ao céu, a morte representa o Jordão que eles devem cruzar, e encontram um caminho por onde devem passar. A morte de Cristo dividiu as águas para que passem os redimidos do Senhor. onde está, ó morte, o teu aguilhão, o dano que podes causar, o teu terror? Vv. 9-12. Esta plenitude de onde os profetas e os apóstolos obtiveram a sua provisão, ainda existe como antes, e nos é dito que


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 3 peçamos grandes porções dela. A diligente assistência a Elias, particularmente em suas últimas horas na terra, seria o meio apropriado para que Eliseu obtivesse muito de seu espírito. As consolações dos santos que partem, bem como as suas experiências, ajudam a dar brilho ao nosso consolo, e a fortalecer as nossas decisões. Elias é levado ao céu em um carro de fogo. Muitas perguntas podem ser feitas sobre este assunto, e que não teríamos condições de responder. contentemo-nos com o que nos foi dito, o que o seu Senhor o encontrou fazendo quando veio. Ele estava comprometido em um sério discurso, exortando e instruindo Eliseu sobre o reino de Deus entre os homens. Estaremos equivocados se pensarmos que a preparação para o céu é realizada somente através da contemplação, e por atos de devoção. O carro e os cavaleiros pareciam como de fogo, algo muito glorioso, não pelo ardor mas, sim, por seu fulgor. Pelo modo como Elias e Enoque foram tirados deste mundo, Deus nos permite ver de relance a vida eterna, que é trazida à luz por meio do Evangelho, a glória que está reservada para os corpos dos santos, e a abertura do reino do céu a todos os crentes. Esta também foi uma figura da ascensão de Cristo. Ainda que Elias tenha ido ao céu triunfalmente, este mundo mau tem a chance de também ir. Certamente, estão endurecidos os corações dos que não se sentem chamados por Deus a prantear e lutar, quando Ele leva para si mesmo os homens fiéis e úteis. Elias foi para Israel, por seus conselhos, reprovações e orações, melhor do que a força mais poderosa de carros e cavalos, e deteve a justiça de Deus. Cristo legou aos seus discípulos o seu Evangelho, como o manto de Elias; o sinal do poder divino exercido para derrubar o império de Satanás e estabelecer o reino de Deus no mundo. Ainda que alguns não possuam os poderes miraculosos em sua vida, o Evangelho permanece conosco, e tem a força divina para a conversão e salvação dos pecadores. Vv. 13-18. Elias deixou a sua capa a Eliseu, como um sinal da descida do Espírito de Deus sobre ele; valia mais do que se tivesse


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 4 deixado uma fortuna em ouro e prata. Eliseu a tomou não como uma relíquia sagrada que devesse ser adorada, mas como uma roupagem significativa e que deveria ser usada. Agora, que Elias foi [evado ao céu, Eliseu pergunta: 1. Por Deus; quando a nossa consolação como criaturas é retirada, temos um Deus de quem devemos nos aproximar, que está vivo para sempre; 2. Pelo Deus que Elias servia, honrava e ao qual suplicava. O Senhor Deus dos santos profetas é o mesmo ontem, hoje, e pelos séculos dos séculos; porém, de que nos servirá termos as capas dos que partiram, estarmos nos mesmos lugares que eles, termos os seus livros, se não tivermos o espírito que estava neles, e o Deus deles? Observe aqui Eliseu dividindo o rio; o povo de Deus não tem que temer a passagem final pelo Jordão da morte, pois o atravessaremos como terra seca. Os filhos dos profetas realizaram uma busca desnecessária de Elias. os homens sábios podem ceder, nos altares da paz e da boa opinião dos demais, àqueles contra os quais os seus juízos se opõem, de forma tanto desnecessária quanto infrutífera. Atravessar colinas e vales jamais os conduzirá a Elias; porém, seguir o exemplo de sua santa fé e zelo, sim, o fará em seu devido momento. Vv. 19-25. Observe o milagre de sarar as águas. os profetas devem melhorar, também em benefício próprio, todo o lugar onde chegarem, a fim de propor a si mesmos adoçar os espíritos amargos e tornar frutíferas as almas estéreis, através da Palavra de Deus, que é como o sal que foi lançado na água por Eliseu. Este foi um símbolo adequado do efeito produzido pela graça de Deus no coração pecador do homem. Às vezes, há famílias, povos e cidades inteiras que adquirem um novo aspecto através da pregação do Evangelho. A maldade e o mal são transformados em frutos das obras de justiça, que são, através de Cristo, para louvor e glória de Deus.


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 5 Aqui está uma maldição sobre os jovens de Betel, que era suficiente para destruí-los. Não foi uma maldição sem causa, pois abusaram do caráter de Eliseu, enquanto profeta de Deus. Zombaram dele, incitando-o e dizendo: "Sobe", referindo-se ao arrebatamento de Elias ao céu. O profeta agiu por impulso divino. Se o Espírito Santo não tivesse dirigido a solene maldição de Eliseu, a providência de Deus não teria em seguida realizado o juízo, como o fez. o Senhor deve ser glorificado como o Deus justo que odeia o pecado e que o castigará. os jovens devem temer pronunciar palavras más, pois Deus observa o que eles dizem. Que não zombem de quem quer que seja por causa de defeitos na mente ou no corpo. correm perigo, se zombarem de alguém, ao pensarem que fazem o bem. os pais que desejam o bem e o consolo para os seus filhos devem dar-lhes uma boa educação, e fazer todo o possível para tirar tudo o que for néscio e estiver ligado ao coração deles. Que grande angústia sentirão os pais que, no dia do juízo, presenciarem a condenação da sua prole, ocasionada por seu próprio mau exemplo, negligência ou má-criação.

2 Reis 3 Versículos 1-5: Jorão, rei de Israel; 6-19: Guerra contra Moabe; a intercessão de Eliseu; 20-27: A provisão de água; Moabe é vencido. Vv. 1-5. Jorão recebeu a advertência do juízo de Deus e retirou a imagem de Baal, mas manteve a adoração aos bezerros. os que se separam dos pecados somente por causa do que perdem, não estão arrependidos e nem verdadeiramente mudados; porém, ainda amam os pecados com que crêem ter ganhos. Vv. 6-19. O rei de Israel lamenta a angústia deles e o perigo a que estavam expostos. Ele convocou três reis amigos; porém, culpou a providência divina no momento em que atravessaram dificuldades. Assim é a insensatez do homem que torce o seu caminho, e que para a sua infelicidade e ruína tem o coração irritado contra Jeová (Pv 19.3).


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 6 Foi bom Josafá ter consultado o Senhor naquela hora; porém, teria sido melhor se o tivesse feito antes de envolver-se nesta guerra. Às vezes, os homens bons se descuidam de seus deveres, até que a necessidade e a aflição venham impeli-los a isto. As pessoas más costumam ter melhorias em suas vidas através da amizade com os bons e a sua associação a estes. Eliseu disse-lhes, para provar-lhes a fé e a obediência, que cavassem covas no vale, para que recebessem água. Os que esperam pelas bênçãos de Deus devem cavar cisternas para que a chuva as encha, como no vale de Baca e, assim, fazer, através delas, um reservatório (Sl 84.6). Não temos que perguntar de onde veio a água. Deus não está preso às causas secundárias. os que sinceramente buscarem o orvalho da graça de Deus, o terão e serão feitos mais do que vencedores. Vv. 20-27. É uma bênção ser favorecido com a companhia dos que têm o poder de Deus em suas vidas, e que podem predominar através de suas orações. Um reino pode ser sustentado e prosperar, como conseqüência das orações fervorosas dos que são amados por Deus. Dediquemos a nossa mais alta consideração aos que são preciosos aos olhos de Deus. Quando os pecadores dizem paz, paz, a destruição lhes sobrevém. O desespero seguirá a sua louca presunção. A serviço de Satanás, e por sugestão deste, já foram feitas obras tão horríveis que fazem com que os sentimentos naturais do coração se estremeçam; como o rei de Moabe, que sacrificou o próprio filho. É bom não estimular os piores dentre os homens a extremos; melhor ainda, devemos deixá-los a critério do juízo de Deus.

2 Reis 4 Versículos 1-7: Eliseu multiplica o azeite da viúva; 8-17: A sunamita teve um filho; 18-37: Eliseu ressuscita o filho da sunamita; 3844: Eliseu sara o alimento dos filhos dos profetas.


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 7 Vv. 1-7. Os milagres que Deus operou através de Eliseu foram atos de verdadeira compaixão. Os milagres que Cristo realiza também são assim. Não são somente grandes maravilhas, mas também grandes favores para os que os recebem. Deus magnifica a sua bondade através de seu poder. Eliseu recebera facilmente a queixa de uma viúva pobre. os que deixam a sua família sob uma grande carga de dívidas não têm consciência dos problemas que causam. É dever de todos os que professam seguir ao Senhor, não tentá-lo com o descuido ou a extravagância, nem endividar-se enquanto confiam em Deus para o suprimento do pão de cada dia; nada tem maior possibilidade de trazer reprovações sobre o Evangelho, ou aflições sobre a família, quando eles tiverem partido. Eliseu concedeu à viúva meios para que ela pagasse sua dívida e mantivesse sua família. Isso foi feito milagrosamente; porém, com o intuito de mostrar qual é o melhor método para ajudar os que estão aflitos, a saber, ajudá-los a melhorar o pouco que têm através de seu próprio trabalho. O azeite, que foi multiplicado por um milagre, fluiu enquanto ela teve vasos vazios onde poderia colocá-lo. Jamais existe escassez em Deus ou nas riquezas de sua graça; toda a nossa escassez está em nós mesmos. o que falha é a nossa fé e jamais a promessa do Senhor. Ele sempre nos concede mais do que o que lhe pedimos. Se ela tivesse mais vasos, teria recebido ainda muito mais azeite, pois haveria em Deus o bastante para enchê-los. Deus é suficiente para todos; também é suficiente para cada um. E a suficiência absoluta do Redentor somente será detida quanto a suprir as necessidades dos pecadores, ou salvar as suas almas, quando ninguém mais for a Ele para a salvação. A viúva deveria pagar a sua dívida com o dinheiro que recebeu pelo azeite. Ainda que os credores fossem muito exigentes com ela, deveria, não obstante, pagá-los até mesmo antes de fazer provisão para os seus filhos. Uma das principais leis da religião cristã é que paguemos todas as dívidas que forem justas, e devemos pagar o que for por direito das outras pessoas, ainda que sobre pouco para nós mesmos; e isto, não por


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 8 força, mas por causa da nossa consciência. os que possuem uma mente honesta não podem comer com prazer o seu pão diário, a menos que seja o seu próprio pão. A viúva e os seus filhos deviam viver com o que restou; isto é, com o dinheiro recebido pelo azeite, com o qual eles se encaminharam em direção à obtenção de uma vida honesta. Podemos agora esperar tanto por milagre como por misericórdia, se atendermos a Deus e o buscarmos. Particularmente, que as viúvas dependam do Senhor. o que tem em suas mãos todos os corações é capaz de enviar efetivamente a sua provisão. Vv. 8-17. O rei de Israel pensava bem a respeito de Eliseu, por causa de seus últimos serviços prestados. Um homem bom pode ter tanto prazer em servir aos demais quanto em sua própria prosperidade. Porém, a sunamita não necessitava de um bom ofício desta categoria. A felicidade também consiste em vivermos com o nosso próprio povo, que nos ama e respeita, e a quem podemos fazer o bem. Seria bom para muitos se tão-somente tivessem consciência de quando estão realmente bem. o Senhor contempla o desejo secreto, que é atendido por obediência à sua vontade, e Ele ouvirá as orações de seus servos que pedem as suas bênçãos, ao enviar, além destas, as misericórdias não pedidas e inesperadas. Também não se deve pensar que a profissão de fé dos homens de Deus seja enganosa, como é a dos homens do mundo. Vv. 18-37. Aqui está a morte súbita do filho da viúva. Toda a ternura materna não é capaz de manter vivo um filho da promessa, um filho que é fruto de oração, um que foi dado com amor; porém, quão admirável foi que a mãe piedosa e prudente tenha guardado os seus lábios, quando foi submetida a esta súbita aflição! Nenhuma palavra néscia escapa de seus lábios. Tinha tal confiança na bondade de Deus, que estava pronta para crer que Ele restauraria o que havia agora retirado. Ó mulher, grande é a tua fé! AquEle que lhe concedeu esta fé não a decepcionará. A mãe entristecida pediu permissão a seu marido para dirigir-se imediatamente ao profeta. Ela não pensara que fosse suficiente ter a ajuda de Eliseu em benefício de sua própria família;


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 9 porém, ainda que fosse uma mulher comum, esta passagem mostra que assistia ao culto público. Ela fazia bem aos homens de Deus, orava a favor do bem-estar de seus amigos e de sua família. A resposta dela foi: "Tudo vai bem" e, não obstante, o menino estava morto em casa! Sim! Tudo o que Deus faz está bem; tudo estará bem com os que se foram, se foram para o céu; e tudo estará bem conosco, que permanecemos aqui, se, mesmo enfrentando as aflições, avançarmos em nosso caminho em direção ao céu. Se todo o consolo que temos nas criaturas nos for tirado, estaremos bem, se pudermos dizer, pela graça, que não possuímos o nosso coração nelas; porque se o nosso coração estivesse nelas, teríamos razões para temer que nos tivessem sido dadas e tiradas com ira. Eliseu clamou a Deus com fé, e o filho amado foi restaurado vivo à sua mãe. os que procuram dar vida espiritual às almas monas devem sentir profundamente o caso delas, e trabalhar fervorosamente em oração a seu favor. Ainda que o ministro da Palavra de Deus não possa dar vida divina aos seus semelhantes pecadores, deve utilizar todos os meios com tanto zelo, como se pudesse fazê-lo. Vv. 38-44. Houve fome de pão; porém, não de ouvir a Palavra de Deus, porque Eliseu fez com que os filhos dos profetas se assentassem diante dele, para que ouvissem a sua mensagem. Eliseu fez com que a comida má se tornasse boa e sã. Se um pouco de sopa for toda a nossa ceia, devemos nos recordar que este grande profeta não teve algo melhor para si mesmo e para oferecer aos seus convidados. A mesa costuma tornar-se em laço, e o que deveria ser para o nosso bem-estar resulta ser uma armadilha: esta é uma boa razão pela qual não devemos nos alimentar sem temor. Quando recebemos o sustento e as consolações da vida, devemos manter a expectativa da morte e o temor de pecar. Devemos reconhecer a bondade de Deus por fazer com que o nosso alimento seja são e nutritivo: "Eu sou o Senhor, que te sara" (Êx 15.26). Deus fez coral que o pouco de comida que Eliseu possuía fosse muito. Ao recebê-la de graça, deu-a de graça. Deus prometeu à sua Igreja


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 10 que abençoará abundantemente a sua provisão, e satisfará com pão os necessitados (Sl 132.15). Ele satisfaz aqueles a quem alimenta, e o que Ele abençoa transforma-se em muito. A alimentação que o Senhor Jesus ofereceu aos que o ouviam foi um milagre muito maior do que este; porém, ambos nos ensinam que os que esperam em Deus na senda do dever, podem esperar que a providência divina lhes traga a provisão necessária.

2 Reis 5 Versículos 1-8: A lepra de Naamã; 9-14: A cura da lepra; 15-19: Elizeu rejeita os presentes de Naamã; 20-27: A cobiça e a falsidade de Geazi. Vv. 1-8. Apesar de os sírios serem um povo idólatra que oprimia Israel, esta passagem atribui ao Senhor a vitória, em que Naamã foi o instrumento usado por Ele. Esta é a linguagem correta contida nas Escrituras, enquanto que os que escrevem esta história demonstram claramente que Deus não está em seus pensamentos. A grandeza e a honra de um homem não são capazes de isentá-lo das calamidades mais penosas da vida humana. Existem muitas pessoas loucas e enfermas sob roupagens ricas e alegres. Todo o homem de condição elevada tem um ou outro "senão" em sua vida, algo que u mancha e o rebaixa, uma impureza em sua grandeza, algo que o impeça de desfrutar completamente de seu gozo. Uma menina, apesar de ser somente uma criança, foi capaz de dar conta do famoso profeta que os israelitas possuíam. As crianças devem ser ensinadas em sua mais tenra infância acerca das obras prodigiosas que Deus realiza, para que, onde quer que forem, possam falar delas. Como é dever de todo bom servo, a menina desejava a saúde e o bem-estar de seu senhor, apesar de ser alguém que servia involuntariamente; muito mais os que optaram por serem servos deveriam procurar o bem de seus senhores. os servos tornam-se uma bênção para as famílias onde trabalham, quando dizem o que sabem


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 11 acerca da glória de Deus e da honra de seus profetas. Naamã não desprezou o que a menina disse, por causa de sua condição de serva. Bom seria se os homens fossem tão sensíveis à carga do pecado, como o são em relação às enfermidades do corpo. E quando andam em busca das bênçãos que o Senhor envia em resposta às orações de seu povo, descobrirão que nada poderão receber, a menos que se coloquem como mendigos em busca de um presente, e não como senhores a exigir ou a comprar. Vv. 9-14. Eliseu sabia que Naamã era orgulhoso e far-lhe-ia saber que perante Deus, todos os homens estão em um mesmo nível. Todas as leis de Deus são como juízos para com o espírito dos homens, especialmente os que instruem o pecador quanto ao modo de solicitar as bênçãos da salvação. observe quão néscio era o orgulho de Naamã; somente a cura não o contentaria, a menos que fosse sarado com pompa e ostentação. Rejeitaria a própria cura, a menos que a maneira pela qual esta lhe fosse dada o agradasse. A maneira pela qual o pecador é recebido e santificado, através do sangue de Cristo e por seu Espírito, pela da fé colocada somente em seu nome, não procura ser agradável e nem se esforça para agradar o coração do pecador. A sabedoria humana pensa que é capaz de proporcionar métodos melhores e mais sábios para a purificação. Observe que os que são senhores sobre outros deveriam estar dispostos a ouvir os seus argumentos. como deveríamos estar surdos ao conselho do ímpio, ainda que fosse dado por nomes grandes e respeitados; assim, devemos ter os nossos ouvidos abertos ao bom conselho, ainda que seja trazido pelos que estão em posições mais baixas do que as que ocupamos. Os servos de Naamã lhe disseram, em outras palavras: "Não farias qualquer coisa para seres curado?" Quando os pecadores enfermos se contentam em fazer qualquer coisa, deixam qualquer coisa por causa de sua cura, então, e não antes disto, existe esperança para eles. o método para a cura da lepra do pecado é tão simples que ninguém terá desculpas,


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 12 se não o perceber. Este método não é nada mais do que crer e ser salvo, arrepender-se e ser perdoado, lavar-se e ser limpo. o crente pede a salvação sem se descuidar, sem se alterar, e sem adicionar qualquer outra coisa às instruções do Salvador. Deste modo, ele é limpo da culpa, enquanto outros que as rejeitam, vivem e morrem na lepra do pecado. Vv. 15-19. Naamã foi mais tocado pela misericórdia que havia na cura, do que pelo próprio milagre. os que experimentam em sua própria vida o poder da graça divina são os mais capacitados para falar deste assunto. Naamã também se mostra agradecido ao profeta Eliseu, que rejeitou toda a recompensa, não porque cresse que seria ilícita ou porque já teria recebido presentes de outros, mas para mostrar aos sírios que os servos do Deus de Israel consideram as riquezas do mundo com santo desprezo. Toda a obra era de Deus, a ponto de o profeta não dar conselhos quando não tivesse instruções do Senhor. Não é bom opor-se drasticamente aos erros menores que acompanham as primeiras convicções dos homens; não podemos levar os homens adiante com uma rapidez maior do que aquela com que o Senhor os prepara para receber a instrução. Quanto a nós, se, ao estabelecermos o pacto com Deus, desejarmos reservar algum pecado que nos seja conhecido, para que nos deleitemos nele, romperemos o pacto. Os que verdadeiramente odeiam o mal tomarão consciência de abster-se de toda a forma de males. Vv. 20-27. Naamã, sírio, membro da corte e soldado, tinha muitos servos, e lemos o quão sábios eram. Eliseu, um santo profeta, um homem de Deus, não tinha mais do que um único servo que resultou ser um mentiroso sem temor a Deus. o amor ao dinheiro, que é a raiz de todos os males, era o alicerce do pecado de Geazi. Este pensou que pudesse impor-se perante o profeta; porém, imediatamente viu que Deus não se deixa enganar, e que era vão mentir ao Espírito Santo. É uma atitude néscia atrever-se a pecar, e ter esperanças de manter o pecado em segredo. Quando alguém segue por qualquer caminho extraviado, a sua consciência não o acompanha? o olhar de Deus não vai com esta pessoa? o que encobre o seu pecado jamais prosperará; particularmente, a língua


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 13 mentirosa durará somente um instante. Todas as esperanças e invenções néscias do mundanismo carnal estão patentes diante de Deus. o momento de aumentarmos as nossas riquezas não é aquele em que somente o podemos fazer de maneira que desonre a Deus e à fé, ou que prejudique o próximo. Geazi foi castigado. Se desejava o dinheiro de Naamã, teria a enfermidade deste. Que proveito teve Geazi ao ganhar alguns talentos e perder a sua saúde, a sua honra, a sua paz, o seu trabalho, e, se não se arrependeu, perder a sua alma para sempre? Acautelemo-nos da hipocrisia e da cobiça, e temamos a maldição da lepra espiritual, que pode permanecer em nossa alma.

2 Reis 6 Versículos 1-7: Os filhos dos profetas ampliam a sua habitação; o machado que flutuou; 8-12: Eliseu descobre as intenções dos sírios; 1323: Os sírios são enviados a prender Eliseu; 24-33: Samaria é sitiada; a fonte; os reis mandam matar Eliseu. Vv. 1-7. Existem características tão aprazíveis nas conversas dos servos de Deus, que fazem com que os que as escutam, esqueçam-se da dor e do cansaço do trabalho. os filhos dos profetas devem estar dispostos a trabalhar. Que ninguém pense que um emprego honesto seja uma carga ou uma desgraça. o trabalho intelectual é tão pesado e, muitas vezes, mais desgastante do que o trabalho manual ou braçal. Devemos cuidar do que é emprestado como se fosse nosso, porque devemos agir como desejamos que os outros ajam em relação a nós. Este homem tinha respeito pelo machado emprestado. Para o que tem uma mente honesta, a mais penosa aflição da pobreza não é tanto a sua própria necessidade e desgraça, mas estar incapacitado para pagar as suas dívidas justas. Porém, o Senhor cuida de seu povo, até mesmo em suas pequenas ocupações. A graça de Deus é capaz de levantar o coração que for pesado como ferro e que esteja afundado no lodo deste mundo, e elevar os afetos que sejam naturalmente terrenos.


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 14 Vv. 8-12. O rei de Israel considerou as advertências que lhe foram feitas pelo profeta Eliseu, em relação ao perigo por parte dos sírios; porém, não ouviu os avisos do perigo de seus pecados. Tais advertências são pouco ouvidas pela maioria; querem salvar-se da morte, mas não do inferno. Nada que alguém faça, diga ou pense, em qualquer lugar ou em qualquer momento, está fora do conhecimento de Deus. Vv. 13-23. O que Eliseu disse ao seu servo é aplicável a todos os fiéis servos de Deus, quando há pelejas por fora e temores por dentro. Não tenha medo deste temor do tipo que traz tormento e assombro; porque mais são os que estão conosco para proteger-nos, do que os que estão com eles para destruir-nos. os olhos do moço haviam primeiramente contemplado o perigo. Senhor, abre os olhos de nossa fé para que com eles vejamos a tua mão. Quanto mais clara for a visão que tenhamos da soberania e do poder do céu, menos temor teremos dos problemas da terra. Satanás, o deus deste século, cega os olhos dos homens e engana-os para a própria mína deles; porém, quando Deus ilumina os seus olhos, eles se vêm em meio aos seus inimigos, cativos de Satanás, e ante o perigo do inferno, ainda que antes tenham pensado que a sua condição fosse boa. Quando Eliseu teve os sírios à sua mercê, deixou evidente que ele estava sob a influência tanto da bondade quanto do poder divino. Que não sejamos vencidos pelo mal; antes, vençamos o mal pelo bem. os sírios viram que não tinha sentido atacar um homem tão grande e bom. Vv. 24-33. Aprenda a valorizar a abundância e a agradecer por ela. Veja quão desprezível se torna o dinheiro em tempo de fome, pois é abandonado com tanta facilidade por qualquer coisa que seja comestível! A linguagem do rei para com a mulher pode ser compreendida como a linguagem do desespero. veja o cumprimento da Palavra de Deus; entre as ameaças e os juízos de Deus sobre Israel por causa dos pecados deles, este era um deles, que comeriam a carne de seus próprios filhos (Dt 28.53-57). A verdade e a aterradora justiça de Deus foram demonstradas neste horrível episódio. vejamos aqui que desgraças o pecado acarretou


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 15 ao mundo! Porém, as atitudes e pensamentos néscios do homem torcem o seu caminho e, então, o seu coração se inquieta contra o Senhor. O rei jura que matará Eliseu. os homens maus são capazes de culpar a qualquer outra pessoa como causadores de seus problemas, mais do que a si mesmos, e não deixam os seus pecados. Eles não se oporiam ao Senhor se Ele aceitasse que rasgassem as suas vestes, sem que tivessem o coração contrito e quebrantado, se fosse aceitável apenas vestir-se de saco sem ser renovado no espírito de sua mente. Que toda a Palavra de Deus aumente em nós o temor reverente e a santa esperança, para que possamos ser firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, cientes que no Senhor o nosso trabalho não é vão.

2 Reis 7 Versículos 1 e 2: Eliseu profetiza abundância; 3-11: A fuga do exército sírio; 12-20: Samaria recebe abundante provisão. Vv. 1 e 2. A extrema necessidade do homem é a oportunidade de Deus, para que o seu poder seja glorioso; o tempo dEle manifestar-se ao seu povo é quando a força destes desaparece. A incredulidade é um pecado com que os homens desonram e desagradam muito a Deus, e pelo qual se privam dos favores que Ele lhes designou. Esta será a porção dos que não crêem na promessa da vida eterna; eles a verão de longe, porém, jamais a saborearão. os livramentos e as misericórdias temporais não serão no final proveitosas aos pecadores, a menos que sejam levados ao arrependimento pela bondade de Deus. Vv. 3-11. Deus pode, quando lhe apraz, fazer com que o mais forte dos corações trema, e quanto àqueles que não temerão a Deus, Ele é capaz de fazer-lhes tremer como o tremor da folha de uma árvore. A providência divina ordenou que os leprosos chegassem assim que os sírios fugissem. A consciência de cada um deles lhes disse que a desgraça lhes cairia se cuidassem apenas de si mesmos. A humanidade natural e o medo pelo castigo são poderosos freios do egoísmo do ímpio. Estes sentimentos tendem a preservar a ordem e a bondade no mundo;


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 16 porém, os que encontraram as inescrutáveis riquezas de Cristo, não se demorarão mais a informar as boas novas aos demais. Por amor a Ele, e não por sentimentos egoístas, eles compartilham alegremente os seus bens terrenos com os seus irmãos. Vv. 12-20. Aqui vemos as necessidades de Israel supridas de um modo que poucos imaginaram, o que deveria nos animar a dependermos do poder e da bondade de Deus em nossas angústias. Podemos confiar nas promessas de Deus com toda a segurança e certeza, pois nenhuma de suas boas Palavras deixará de ser cumprida. o capitão que fez objeções à veracidade da palavra que foi dita por Eliseu, viu a abundância para silenciar e envergonhar a sua incredulidade e nisto viu a sua própria insensatez; porém, não lhe foi permitido comer da abundância que pode contemplar. Esta é precisamente a atitude dos que vêem que as promessas do mundo lhes falham, e pensam que as promessas de Deus os desiludirão. Devemos aprender quão profundo é o desgosto de Deus por causa dos que desconfiam de seu poder, de sua providência e de suas promessas. Quão incerta é a vida e os seus deleites. Quão certas são as ameaças de Deus, e com quanta segurança alcançarão o culpável. Que Deus nos ajude a esquadrinhar se estamos expostos às suas ameaças, ou se estamos interessados em suas promessas.

2 Reis 8 Versículos 1-6. A fonte em Israel; a sunamita obtém a sua terra; 715: Eliseu é consultado por Hazael; a morte de Ben-Hadade; 16-24: O mau reinado de Jeorão em Judá; 25-29: O mau reinado de Acazias em Judá. Vv. 1-6. A bondade da sunamita para com Eliseu foi recompensada pelo cuidado que ele teve para com ela durante o período de fome. É bom podermos prever que um mal está por vir, como também é uma atitude sábia nos escondermos quando o prevemos, se pudermos fazê-lo legalmente. Quando o período de fome se encerrou, ela voltou da terra dos filisteus, um lugar apropriado para uma israelita, e não devia


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 17 permanecer ali por mais tempo do que o que fosse necessário. Houve um tempo em que ela esteve tão segura com o seu próprio povo que não teve ocasião de que se falasse por ela ao rei; a incerteza desta vida é muito grande, de modo que podem falhar tanto as coisas como as pessoas de quem mais dependemos, e podemos receber o cuidado daqueles de quem pensávamos jamais precisar. Às vezes os sucessos, pequenos em si mesmos resultam ser grandes, como foram neste caso, pois dispuseram o rei para que cresse no relato de Geazi, quando assim foi confirmado. Isto foi disposto para conceder a petição dela, e sustentar uma vida que foi salva por mais de uma vez através de milagres. Vv. 7-15. Entre outras mudanças de idéia dos homens devido à aflição, costuma haver outros pensamentos no tocante aos ministros de Deus e seus ensinos, para serem valorizados os conselhos e as orações dos que foram odiados e desprezados. A visão que Deus trouxe a Eliseu, sobre os futuros feitos de Hazael, trouxe lágrimas aos seus olhos; quanto mais previsões tenham os homens, mais serão inclinados a ter uma pena maior. É possível que um homem, sob a convicção do pecado e dos freios da consciência natural, expresse grande aborrecimento quanto a um pecado; porém, posteriormente, reconcilie-se com este. os que não têm uma posição elevada no mundo não são capazes de imaginar quanta força têm as tentações do poder e da prosperidade, as quais serão muito piores do que suspeitavam, se alguma vez puderem chegar a estas posições. Além do mais, poderão perceber quão enganosos são os seus corações. O Diabo destrói os homens quando diz que certamente se recuperarão e estarão bem, e os enganam deste modo para que durmam ao se sentir seguros. o falso relatório de Hazael foi um insulto para o rei, que perdeu o beneficio da advertência do profeta de preparar-se para a morte, e um insulto para Eliseu, que seria contado como falso profeta. Não há certeza de que Hazael tenha assassinado o seu senhor ou, se lhe causou a morte, pode ter ocorrido sem esta intenção; porém, este foi um demolidor e, logo, resultou ser um perseguidor de Israel.


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 18 Vv. 16-24. Dá-se uma idéia geral da maldade de Jorão. Sem dúvida, o seu pai lhe ensinara o verdadeiro conhecimento do Senhor; porém, casou-o mal, pois uniu-o com a filha de Acabe. Nada de bom pode vir da união com uma família idólatra. Vv. 25-29. Os nomes não fazem a natureza; porém, foi mal para a casa de Josafá ter tomado nomes emprestados da família de acabe. A relação de Acazias com a casa de Acabe foi a ocasião de sua maldade e queda. Quando os homens procuram esposas de acordo com a sua própria escolha e critério, devem lembrar-se de que buscam mães para os seus filhos. A providência divina assim ordenou que Acazias fosse morto com a casa de Acabe, quando a medida de sua iniqüidade estivesse cheia. os que têm comunhão com os pecadores, e participam dos pecados destes, devem esperar também participar com eles em seus castigos. Que todas as transformações, mudanças, problemas e maldade do mundo nos tornem mais fervorosos, para que obtenhamos o interesse na salvação que há em Jesus Cristo.

2 Reis 9 Versículos 1-10: Eliseu manda ungir Jeú; 11-15: Jeú e os capitães; 16-29: Jeú mata Jorão e Acazias; 30-37: Os cães comem Jezabel. Vv. 1-10. Tanto nestes sucessos quanto em outros similares, devemos reconhecer a obra sigilosa que Deus dispõe aos homens, para que cumpram e respeitem os seus propósitos. Jeú foi ungido rei de Israel por uma escolha especial do Senhor, que ainda tinha um remanescente de seu povo e, de todo modo, conservaria o seu culto entre eles. Recorda-se este lato a Jeú. Ordena-se que ele destrua a casa de Acabe e, à medida que agiu em obediência a Deus e com princípios justos, não teve que considerar censuras e nem oposição. O assassinato dos profetas de Deus é destacado com firmeza. Jezabel persistiu em sua idolatria e inimizade contra Jeová e os seus


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 19 servos; sua iniqüidade, que agora chegara ao seu limite, poderia ser considerada completa. Vv. 11-15. os que entregam fielmente a mensagem do Senhor aos pecadores, em todas as épocas têm sido tratados como loucos. o juízo, o modo de falar e a conduta deles são contrários aos dos demais homens; eles suportam muita adversidade para alcançar os seus objetivos, e são influenciados por motivos inacessíveis aos demais. Porém, acima de tudo, os mundanos e os ímpios de todas as classes os acusam de, sem dúvida, estarem loucos, ainda que os princípios e os costumes dos servos de Deus resultem ser sábios e razoáveis. Entendemos que a fé na Palavra de Deus deu o ânimo a Jeú para que empreendesse esta tarefa. Vv. 16-29. Jeú era um homem de espírito fervoroso. A sabedoria de Deus pode ser vista através da escolha dos que trabalham em sua obra. Porém, não é uma boa reputação para qualquer pessoa ser conhecido por seu furor. o que se assenhoreia de seu espírito é melhor do que o forte. Jorão encontra Jeú na vinha que fora de Nabote. As circunstâncias dos acontecimentos são muitas vezes ordenadas pela providência divina, para que o castigo corresponda ao pecado, assim como o rosto revela a sua imagem no espelho. O caminho do pecado jamais pode ser o da paz (Is 62.21). Que paz podem ter os ímpios com Deus? Nenhuma, enquanto persistam no pecado; porém, quando se arrependem do pecado e o abandonam, passam a usufruir dela. Jorão morreu como criminoso, sob a sentença da lei. Acazias foi unido à casa de Acabe por causa do pecado. É perigoso unir-nos aos malfeitores, pois fazê-lo enreda-nos na culpa e na miséria deles. Vv. 30-37. Ao invés de esconder-se como alguém que teme a vingança divina, Jezabel zombou do temor. observe como um coração endurecido contra Deus o desafiará até as últimas conseqüências. Não há um presságio mais seguro da ruína do que um coração que não se humilha sob a providência para humilhar-se. Que os que se utilizam da magia para seduzir os demais a fazer maldades, e desviá-los dos


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 20 caminhos da verdade e da justiça, considerem cuidadosamente a conduta e o destino de Jezabel. Jeú pediu auxílio contra Jezabel. Quando a obra reformadora está em andamento, é hora de se perguntar: Quem se coloca a seu lado? Os ajudantes dela se entregaram, e assim Jezabel foi morta. observe o final do orgulho e da crueldade e diga: Jeová é justo. Quando afagarmos os nossos corpos, pensemos em quão vis estes são. Dentro de pouco tempo, seremos um banquete para os vermes sob o solo, ou para os animais que estão sobre este. Que todos nós fujamos da ira que se revela desde o céu contra toda a impiedade e injustiça dos homens.

2 Reis 10 Versículos 1-14: A morte dos filhos de Acabe e dos irmãos de Acazias; 15-28: Jeú destrói os adoradores de Baal; 29-36: Jeú segue os pecados de Jeroboão. Vv. 1-14. Nos acontecimentos mais espantosos e com o auxílio dos crimes mais baixos do homem, pode-se notar a verdade e a justiça de Deus. o Senhor jamais envia nem é capaz de enviar algo que seja injusto ou irracional. Jeú destruiu tudo o que restava da casa de Acabe; aniquilou todos os que se associaram à sua maldade. Quando pensamos nos sofrimentos e nas desgraças da humanidade, quando esperamos a ressurreição e o juízo final e pensamos no grande número de males que esperam a terrível sentença de fogo eterno, e quando toda a soma de morte e miséria tem sido considerada, faz-se a pergunta solene: Quem os matou? A resposta é: o PECADO. Então, abrigaremos pecados em nosso seio, e buscaremos a felicidade no que é a causa de toda a desgraça? Vv. 15-28. Há paz? Devemos fazer esta pergunta de tempos em tempos. Exerço uma profissão justa, ganhei fama entre os homens; porém, há paz? Sou sincero para com Deus? Jonadabe reconheceu Jeú na obra de vingança e de reforma. Um coração reto é aprovado por Deus e não busca outra coisa, a não jer a sua


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 21 aceitação; porém, os que agem para ter o aplauso dos homens estão sobre um fundamento falso. Não podemos julgar se Jeú olhou mais adiante. A lei de Deus foi expressa: os idólatras devem morrer. Assim se aboliu a idolatria em Israel naquele momento. Que o nosso desejo seja sempre desarraigá-la dos nossos corações. Vv. 29-36. Pode-se perguntar com justiça se Jeú agiu sobre a base de um bom princípio, e se não deu alguns passos em falso ao fazê-lo; porém, nenhum serviço feito para Deus ficará sem recompensa. Apesar disso, a conversão verdadeira não diz respeito somente aos pecados grosseiros, mas a toda e qualquer transgressão idólatra, não apenas referente aos falsos deuses, mas às falsas adorações. A verdadeira conversão não trata somente dos pecados aflitivos, mas dos que aparentemente trazem ganhos; não somente dos que ferem os nossos interesses mundanos, mas dos que os sustentam e os mantém; eles abandonam o que é a grande prova de negarmo-nos a nós mesmos e confiarmos em Deus. Jeú mostrou grande cuidado e zelo para desarraigar uma religião falsa; porém, não se interessou pela religião verdadeira nem deu os devidos passos para agradar a Deus e cumprir o seu dever. Devese temer que os que sejam desobedientes sejam também implacáveis. o povo também foi negligente; portanto, não foi de se admirar que naqueles dias o Senhor tivesse começado a dizimar Israel. Eles falharam em seu dever para com Deus; portanto, Deus os rebaixou em sua magnitude, riqueza e poder.

2 Reis 11 Versículos 1-12: Atalia usurpa o governo de Judá; Joás é feito rei; 13-16. A morte de Atalia; 17-21: A restauração do culto a Jeová. Vv. 1-12. Atalia destruiu todos os que ela sabia estar aparentados com a família real. Joás, um dos filhos do rei, foi salvo pelo sumo sacerdote. Agora, a promessa feita a Davi dependia somente de uma vida e, lembremo-nos, ela não falhou. Desta maneira, o Filho de Davi, o


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 22 Senhor, conforme a sua promessa, assegura uma semente espiritual, às vezes oculta e invisível; porém, incólume no pavilhão de Deus. Atalia foi tirana durante seis anos. Então foi apresentado o rei. Sem dúvida, um menino; porém, possuía um excelente tutor e, o que era ainda melhor, um maravilhoso Deus ao qual recorrer. Com semelhante gozo, devemos dar as boas vindas ao reino de Cristo em nosso coração, quando o seu trono se instala e Satanás, o usurpador, é expulso. Devemos alegremente dizer que o Rei Jesus vive e reina para sempre em nossa alma e em todo o mundo. Vv. 13-16. Atalia acelerou a sua própria destruição. Ela mesma foi a maior traidora e, contudo, foi a primeira a clamar com grande voz: Traição! Traição! Os mais culpáveis são freqüentemente os mais dispostos a repreender os demais. Vv. 17-21. O rei e o povo deveriam unir-se firmemente, quando ambos se unissem ao Senhor. É bom para um povo que as transformações e mudanças pelas quais passam sirvam para reavivá-los, fortalecê-los e promover-lhes a fé. os pactos servem para recordar-nos e envolver-nos ainda mais nos deveres que já estejam vigentes para nós. Eles aboliram imediatamente a idolatria e, conforme o pacto, expressaram a sua mútua prontidão para ajudar-se uns aos outros. O povo se regozijou e Jerusalém teve paz. o método para que o povo tenha gozo e paz é que se dedique plenamente ao serviço a Deus. A voz de gozo e ação de graças está nas moradias dos justos, mas não há paz para o ímpio.

2 Reis 12 Versículos 1-16: Joás ordena a reparação do templo; 17-21: Os servos de Joás o matam. Vv. 1-16. É uma grande dádiva para os jovens, especialmente os varões de classe alta, como Joás, ter consigo os que os instruam para que


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 23 façam o bem aos olhos do Senhor; agem sabiamente e fazem o bem a si mesmos quando dispostos a ser aconselhados e bem governados. O templo estava sem os reparos necessários, e Joás ordenou a reforma do templo por ser um rei zeloso. Deus requer dos que possuem o poder que o utilizem para a conservação da religião, a retificação das queixas, e a reparação de tudo o que esteja deteriorado. o rei empregou os sacerdotes, para que administrassem a obra, porque estes colocariam nela todo o seu coração. Porém, nada de efetivo foi feito até o vigésimo terceiro ano de seu reinado. Portanto, adotou-se outro método. Enquanto eles obtinham tudo o que podiam para reparar o templo, não interromperam a manutenção estipulada para os sacerdotes. Que os que servem o templo não passem fome sob o pretexto de reparar as suas veredas. Os que forem encarregados de fazê-lo o efetuarão com cuidado e fidelidade. Não puseram os ornamentos do templo até que completassem a obra; daí devemos preferir em nossos gastos tudo o que for mais necessário e, ao tratar com o dinheiro público, tratá-lo como faríamos com os nossos próprios recursos. Vv. 17-21. Examinemos o caráter de Joás e o que aprendamos deste. Quando vemos a triste conclusão do que começou de um modo tão promissor, deveríamos examinar se também não sofremos uma deterioração espiritual. Se conhecemos a Cristo como o fundamento de nossa fé e esperança, não desejamos conhecer alguém além de Cristo. Que a obra do bendito Espírito Santo seja manifesta em nossa alma; que possamos ver, sentir e ser fervorosos para buscarmos a Jesus com toda a sua plenitude, suficiência e graça, para que a nossa alma possa ser apartada das obras mortas e nós sirvamos ao verdadeiro Deus.

2 Reis 13 Versículos 1-9: O reinado de Jeoacaz; 10-19: Jeoás rei de Israel; Eliseu agoniza; 20-25: A morte de Eliseu; as vitórias de Jeoás. Vv. 1-9. Era uma antiga honra dos israelitas ser um povo de oração. Jeoás, o seu rei, em sua angústia, buscou ao Senhor e pediu a ajuda direta


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 24 dEle, e não aos bezerros. Que ajuda Deus poderia dar-lhe? observe quão rápido é Deus para mostrar misericórdia; quão pronto é para ouvir a oração; quão disposto a encontrar uma razão para ser bondoso; se não o fosse assim, não teria olhado para tempos passados tão remotos, para o antigo pacto que Israel infringira e abandonara por tantas vezes. Que isto seja para nós um convite e nos comprometa para sempre com Ele; e que ainda alente os que o esqueceram, para que retornem e se arrependam; porque nEle há perdão, para que seja temido. E se o Senhor responde o clamor de angústia que pede alívio temporal, quanto mais considerará a oração de fé que pede bênçãos espirituais. Vv. 10-19. Jeoás, o rei, foi visitar Eliseu para receber o seu conselho e a bênção do profeta que estava prestes a morrer. Pode ser para nós uma grande vantagem espiritual visitar os homens bons em seu leito de enfermidade ou de morte, para que sejamos exortados na fé através de seus conselhos, transmitidos antes de eles morrerem. Eliseu garantiu ao rei o seu êxito; porém, com a condição deste manter o seu olhar em Deus, em busca de direção e força. Não deveria confiar tanto em suas próprias mãos, mas prosseguir na dependência do socorro divino. As mãos trêmulas do profeta à beira da morte, ao representar o poder de Deus, deram a esta flecha mais força do que toda a força que pudesse haver nas mãos do rei. Por desprezar o sinal, o rei perdeu o que fora sinalizado, para tristeza do profeta moribundo. Para os homens bons, é um problema ver aqueles a quem querem bem abandonarem as suas misericórdias, e vê-los perder as suas vantagens contra os inimigos espirituais. Vv. 20-25. Deus tem muitas maneiras para castigar um povo provocador. Às vezes, os problemas surgem de um ponto que pouco tememos. Ao mencionar que haveria invasões após a sua morte, Eliseu indicou que a partida dos fiéis profetas de Deus é um presságio dos juízos vindouros. O seu corpo morto foi o meio para ressuscitar outro morto. Este milagre foi uma confirmação de suas profecias. Este poderia ter


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 25 referência a Cristo, por cuja morte e sepultura a tumba é transformada em uma passagem segura e feliz para a vida, a todos os que crêem. Jeoás triunfou contra os sírios por tantas vezes quantas havia golpeado o solo com as flechas, e então as suas vitórias terminaram. Muitos já se arrependeram da desconfiança e da timidez de seus desejos, mas quando já é demasiadamente tarde.

2 Reis 14 Versículos 1-7. O bom reinado de Amazias; 8-14: Amazias provoca Jeoás, rei de Israel, e é derrotado; 15-22: Os conspiradores o matam; 23-29: O mau reinado de Jeroboão II. Vv. 1-7. Amazias começou bem, mas não continuou assim. Não basta fazermos o que fizeram os nossos bons antecessores, simplesmente para mantermos o costume; devemos fazê-lo como eles fizeram, a partir do mesmo princípio de fé e devoção e com a mesma sinceridade e decisão. Vv. 8-14. Por um certo tempo, após a divisão dos reinos, Judá sofreu muito por causa da inimizade de Israel. Após a época de Asa, sofreu mais pela amizade de Israel, e pela aliança com eles. Agora, vemos novamente a hostilidade entre eles. Como um homem humilde poderia sorrir ao ouvir os homens orgulhosos e escarnecedores, que colocam em funcionamento o seu engenho para vilipendiarem-se mutuamente! O triunfo ímpio suscita o orgulho; o orgulho suscita contendas. os efeitos do orgulho nos demais são insuportáveis para os orgulhosos. Estas são fontes de problemas e pecados na vida de cada um; porém, quando surgem entre príncipes, tornam-se a desgraça de seus reinos. Jeoás mostra a Amazias o quão néscio era o seu desafio. Disselhe: "o teu coração se ensoberbeceu". A raiz de todo pecado está no coração e é daí que ele flui. Não é a providência, o sucesso, a ocasião, ou o que quer que seja, que faz com que os homens sejam orgulhosos, seguros ou descontentes, e sim os seus próprios corações.


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 26 Vv. 15-22. Amazias sobreviveu ao seu vencedor por quinze anos, mas os seus próprios súditos o mataram. Azarias ou Uzias provavelmente era muito jovem na ocasião em que mataram o seu pai. Ainda que os anos de seu reinado sejam contados a partir desta ocasião, ele não foi feito rei, senão somente onze anos mais tarde. Vv. 23-29. Deus levantou o profeta Jonas, e, através dele, declarou o propósito de seu favor a Israel. Este era um sinal de que Deus não abandonaria o seu povo, desde que os seus ministros continuassem fiéis. Foram dadas duas razões pelas quais Deus os abençoou com estas vitórias: 1. Porque a desgraça era muito grande, o que os fez objeto de sua compaixão; 2. Porque ainda não se havia emitido o decreto para a sua destruição. Israel possuíra muitos profetas; porém, nenhum deles deixara por escrito as suas profecias até esta época, e as suas mensagens são parte da Bíblia. Oséias começou a profetizar no reinado de Jeroboão II. Na mesma época, surgiu Amós; pouco depois, Miquéias, e posteriormente Isaías, nos dias de Acaz e Ezequias. Assim Deus, nas épocas de maiores trevas e de grande degeneração da Igreja, levantou a alguns para que fossem luzes resplandecentes nela para o seu tempo, através de sua pregação e vida; e levantou outros, para que escrevessem, a fim de derramar luz sobre nós nos últimos tempos.

2 Reis 15 Versículos 1-7: O reinado de Azarias ou Uzias, rei de Judá; 8-31: Os últimos reis de Israel; 32-38: Jotão, rei de Judá. Vv. 1-7. Uzias fez o bem durante a maior parte de sua vida. Foi uma felicidade para o reino que um rei bom durasse tanto tempo. Vv. 8-31. Este relato mostra um Israel confuso. Ainda que Judá enfrentasse muitos problemas, de todos os modos o seu reino era feliz quando comparado à situação de Israel.


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 27 As imperfeições dos verdadeiros crentes são muito diferentes da maldade a que os homens ímpios se permitem. Tal como a natureza humana, assim são os nossos corações se os deixarmos livres a si mesmos, enganosos sobre todas as coisas e perversos. Temos razão para estar agradecidos a Deus pelos freios que Ele nos coloca, por sermos mantidos longe das tentações e devemos implorar a Deus que renove dentro de nós um espírito reto.

2 Reis 16 Versículos 1-9: Acaz, rei de Judá; o seu mau reinado; 10-16: Acaz copia o modelo do altar de um ídolo; 17-20: Acaz saqueia o templo. Vv. 1-9. Os dias de Acaz foram poucos e maus. Aqueles cujos corações os condenam recorrerão a qualquer parte em tempos difíceis, ao invés de irem rapidamente a Deus. o pecado foi o seu próprio castigo. É comum que os que entram em angústia, por causa de um pecado, procurem ajudar-se a sair deste aperto através de outro pecado. Vv. 10-16. Até então o altar de Deus fora mantido em seu lugar e em uso; porém, Acaz colocou outro altar na sala. A consideração natural da mente do homem por certo tipo de religião não é facilmente extinguida; e, a menos que seja regulamentada pela Palavra e pelo Espírito Santo, produz superstições absurdas ou idolatrias detestáveis; no melhor dos casos, ela cauteriza a consciência do pecador com cerimônias insensatas. os infiéis têm se destacado por crerem em falsidades ridículas. Vv. 17-20. Acaz desprezou o dia de repouso e, desta forma, abriu um amplo caminho para todo o tipo de pecados. Fê-lo por causa do rei da Assíria. Quando os que tiveram um amplo acesso à casa do Senhor seguem um outro caminho para agradar ao seu próximo, encaminham-se morro a baixo em direção à destruição.


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2 Reis 17 Versículos 1-6: O reinado de Oséias em Israel; os israelitas são levados ao cativeiro pelos assírios; 7-23: O cativeiro dos israelitas; 2441: Os gentios são postos na terra de Israel. Vv. 1-6. Quando a medida do pecado se acumula e atinge o seu máximo, o Senhor já não o suporta mais. os habitantes de Samaria devem ter suportado uma grande aflição. Alguns israelitas pobres foram deixados na terra. A maioria dos cativos a grandes distâncias perde-se entre as nações. Vv. 7-23. Ainda que o relato da destruição do reino das dez tribos seja breve, é comentado extensamente nestes versículos, e as razões para este fato são mostradas. Foi uma destruição vinda da parte do Todopoderoso: os assírios foram somente a vara da sua ira (Is 10.5). Os que introduzem o pecado a um país ou a uma família trazem uma praga, e terão de responder por toda a maldade que se segue. E, ainda que a maldade exterior do mundo seja muito vasta, muito maiores são os pecados secretos, os maus pensamentos, os desejos e os propósitos da humanidade. Há pecados externos que são marcados pela infâmia; porém, a ingratidão, a negligência e a inimizade contra Deus, a idolatria e a impiedade que daí procedem, são muito mais malignos. Não pode existir verdadeira santidade sem o arrependimento de cada caminho mau, e sem que se passe a obedecer aos estatutos de Deus; porém, esta obediência deve proceder da fé em seu testemunho acerca de sua ira contra toda a impiedade e injustiça, e sobre a sua misericórdia em Cristo Jesus. Vv. 24-41. O sentimento de terror ao Todo-poderoso produzirá, às vezes, uma submissão forçada ou fingida nos que não são verdadeiramente convertidos, como os que foram trazidos de diferentes países para povoar Israel. Porém, estas pessoas formarão pensamentos indignos em relação a Deus, na esperança de comprazê-lo com formalidades exteriores, e procurarão em vão reconciliar o seu serviço com o amor ao mundo, e com a libertinagem de sua luxúria.


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 29 Que o temor do Senhor, que é o princípio da sabedoria, possua os nossos corações e influencie a nossa conduta, para que possamos estar dispostos a toda e qualquer mudança. o estabelecimento das condições na terra é incerto; não sabemos se podemos vir a ser expulsos de algum lugar antes de nossa morte, e devemos prontamente deixar o mundo; porém, os justos escolheram a boa parte, a que não lhes será tirada.

2 Reis 18 Versículos 1-8: O bom reinado de Ezequias em Judá; a idolatria; 9-16: Senaqueribe invade Judá; 17-37: As blasfêmias de Rabsaqué. Vv. 1-8. Ezequias foi um verdadeiro filho de Davi. Outros fizeram o bem; porém, não como Davi. Não suponhamos que quando os tempos e os homens são maus, têm que piorar de forma gradual e necessariamente; não é necessário que seja assim. Após vários reis maus, Deus levantou um como o próprio Davi. A serpente de bronze fora conservada com todo o cuidado, como um monumento da bondade de Deus para com os seus pais no deserto; porém, a atitude de queimar-lhe incenso era ociosa e perversa. Toda a ajuda à devoção que não esteja respaldada pela Palavra de Deus interrompe o exercício da fé; sempre conduz à superstição e a outros terríveis males. A natureza humana perverte todas as coisas desta classe. A verdadeira fé não precisa deste tipo de ajuda; a Palavra de Deus ensinada e a oração diária são toda a ajuda de que necessitamos. Vv. 9-16. A incursão de Senaqueribe sobre Judá foi uma grande calamidade para este reino, através da qual Deus prova a fé de Ezequias e castiga o povo. o desgosto secreto, a hipocrisia e a indolência da maioria requer correção; tais provas purificam a fé e a esperança do justo e os leva à simples dependência de Deus. Vv. 17-37. Rabsaqué tenta convencer os judeus que era inútil oferecer resistência. Ele pergunta: "Que certeza é esta em que confias?" Bom seria que todos os pecadores se submetessem à força deste argumento, à procura da paz com Deus. Portanto, é prudente de nossa


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 30 parte rendermo-nos a Ele, porque é vão contendermos com o Senhor. Que confiança é esta em que aqueles que a Ele resistem se apóiam? Existe muita astúcia nesta disputa de Rabsaqué, além de orgulho, malícia, falsidade e blasfêmia. Os nobres de Ezequias conservaram a paz. Há tempo de calar, como também há de falar; existem pessoas, a quem oferecer qualquer coisa religiosa ou racional, é como lançar pérolas aos porcos. o silêncio deles fez com que Rabsaqué se sentisse ainda mais orgulhoso e seguro. Às vezes, é melhor deixar que este tipo de pessoa esbraveje e blasfeme; uma expressão decidida de aborrecimento é o melhor testemunho contra eles. Este assunto deve ser entregue ao Senhor, que tem em suas mãos todos os corações humanos; devemos encomendarnos a Ele com humilde submissão, esperança de fé e oração fervorosa.

2 Reis 19 Versículos 1-7: Ezequias recebe uma resposta de paz; 8-19: A carta de Senaqueribe; 20-34: O anúncio de sua queda; 35-37: A destruição do exército assírio; a morte de Senaqueribe. Vv. 1-7. Ezequias mostrou uma profunda preocupação pela desonra a Deus contida na blasfêmia de Rabsaqué. Devemos desejar particularmente que os que falam a nós da parte de Deus, conversem com Deus a nosso favor. os que possuem as maiores chances de prevalecer são os que elevam os seus corações a Deus em oração. A condição extrema do homem é a oportunidade de Deus. Ainda que os seus servos nada possam dizer, senão sentir-se atônitos pelo comportamento do profano, orgulhoso e hipócrita, e terem palavras de consolo para o desanimado. Vv. 8-19. A oração é o recurso infalível do cristão quando é tentado, quer lute com dificuldades exteriores ou inimigos interiores. Diante do trono da graça do onipotente, o crente abre o seu coração, apresenta o seu caso, como Ezequias, e apela. Quando pode discernir que a glória de Deus está ao seu lado, a fé ganha a vitória, e ele se regozija,


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 31 porque não será comovido. As melhores petições em oração são as que se fundamentam na intenção de honrar a Deus. Vv. 20-34. Todos os movimentos de Senaqueribe eram conhecidos por Deus. o próprio Deus empreende a defesa da cidade; e a pessoa ou o lugar que Ele se dispõe a proteger só poderá estar a salvo. Provavelmente, a invasão dos assírios impedira que neste ano se semeasse a terra. Supunha-se que o ano seguinte seria o de repouso; porém, o Senhor fez com que a produção da terra fosse suficiente para sustentá-los durante os dois anos. Como o cumprimento desta promessa se realizaria após a destruição do exército de Senaqueribe, este foi um sinal para a fé de Ezequias, a fim de assegurar-lhe esta libertação presente, como antecipação do futuro cuidado do Senhor pelo reino de Judá. o Senhor faria isto não pela justiça deles, mas por sua própria glória. Que os nossos corações sejam um solo bom, para que a sua Palavra lance as suas raízes e dê fruto em nossa vida. Vv. 35-37. Na noite seguinte ao envio desta mensagem a Ezequias, o principal corpo do exército deles foi destruído. observe quão frágeis são os homens mais fortes na presença do Todo-poderoso. Quem jamais se endureceu contra Ele e prosperou? Os próprios filhos do rei da Assíria foram os seus assassinos. os que possuem filhos que não estão dispostos a obedecer e servir, devem considerar se eles mesmos, os pais, não se comportaram da mesma maneira para com o Pai celestial. Esta história ensina uma prova de quão boas são a fé e a firme confiança em Deus. Ele pode permitir que o seu povo passe por aflições; porém, jamais o desamparará. É bom que os nossos problemas nos coloquem de joelhos; porém, isto não recrimina a nossa incredulidade? Quão pouco dispostos estamos a descansar na declaração de Jeová! Quão desejosos de saber como é que Ele nos salvará! Quão impacientes nos mostramos, quando parece que o nosso socorro tarda! Porém, devemos esperar o cumprimento de sua Palavra. Senhor, ajude-nos em nossa incredulidade.


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2 Reis 20 Versículos 1-11: A enfermidade de Ezequias; a sua recuperação como resposta à oração; 12-21: Ezequias mostra os seus tesouros aos embaixadores de Babilônia; a sua morte. Vv. 1-11. Ezequias ficou mortalmente enfermo no mesmo ano em que o rei da Assíria sitiou Jerusalém. Isaías levou-lhe o aviso de que deveria se preparar para morrer. A oração é um dos melhores preparativos para a morte, pois através dela nos revestimos da força e da coragem com que Deus nos capacita para terminarmos bem. Ele chorou amargamente; disto alguns entendem que Ezequias não queria morrer. Na natureza do homem está o temor da separação da alma de seu corpo. Também houve algo peculiar no caso de Ezequias; ele estava agora no meio de seu serviço. A oração de Ezequias (Is 38) interpreta as suas lágrimas; mas não há algo nela que indique que a morte fosse uma prisão servil, ou alguma coisa que revele o seu tormento. A piedade de Ezequias facilitou-lhe estar em seu leito de morte. "Ah! Senhor! Sê servido de te lembrar ..."; ele não fala como se Deus precisasse que nós o lembrássemos de alguma coisa, tão pouco como se a recompensa pudesse ser reclamada, como se fosse uma dívida; somente a justiça de Cristo compra a misericórdia e a graça. Ezequias não diz: "Senhor salva-me"; mas: "Senhor lembra-te ..."; quer eu viva, quer morra, deixe-me ser teu. Deus sempre ouve as orações do que é quebrantado de coração e dará saúde, longevidade e livramentos neste mundo, contanto e enquanto seja verdadeiramente bom para cada um de nós. Foram utilizados meios para a recuperação de Ezequias; porém, considerando o nível a que chegara a enfermidade, e quão subitamente foi detida, a cura foi milagrosa. Quando estivermos enfermos, devemos usar todos os meios que forem adequados para ajudar a natureza; caso contrário, não confiaremos realmente em Deus, mas até o tentamos.


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 33 Para confirmar a sua fé, de forma milagrosa, a sombra do sol retrocedeu e houve luz por mais tempo do que de costume. Esta obra prodigiosa mostra o poder de Deus no céu e na terra, a grande maneira pela qual Ele ouve a oração, e o grande favor que Ele concede aos seus eleitos. Vv. 12-21. Nesta época, a Babilônia era independente da Assíria, ainda que pouco depois tenha sido submetida por esta. Ezequias mostrou os seus tesouros, o seu arsenal e outras provas de sua riqueza e poderio. Este foi um efeito do orgulho e da ostentação, e um afastamento da simples confiança em Deus. Também perdeu a oportunidade de falar aos caldeus sobre aquEle que havia feito os milagres que atraíram a atenção deles, e de exortá-los, ao destacar o absurdo e o mal da idolatria. O que é mais comum do que mostrar nossas casas e nossos objetos aos nossos amigos? Porém, se o fizermos com orgulho em nosso coração, para obtermos os aplausos dos homens sem louvarmos a Deus, torna-se um pecado sobre nós como aconteceu com Ezequias. Podemos esperar irritação de cada objeto com que estejamos indevidamente comprazidos. Isaías que, vez por outra, fora um consolador para Ezequias, é agora o que o repreende. O Espírito Santo é agora tanto o que consola como o que repreende (Jo 16.7,8). Os ministros devem ser ambas as coisas quando haja ocasião para cada uma delas. Ezequias reconheceu a justiça que havia nesta sentença, e a bondade de Deus em relação à prorrogação de sua vida. Porém, o futuro de sua família deve ter-lhe causado sentimentos dolorosos. Sem dúvida alguma, foi humilhado pelo orgulho de seu coração. Bem-aventurados os mortos que morrem no Senhor; eles descansarão de seus trabalhos, porque as suas obras os acompanham.

2 Reis 21 Versículos 1-9: O mau reinado de Manassés; 10-18: A acusação profética contra Judá; 19-26: O mau reinado de Amom e a sua morte.


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 34 Vv. 1-9. Os jovens em geral desejam ser senhores de si mesmos, e ter em sua juventude riquezas e poder. Porém isso, em grande medida, arruína o seu consolo futuro e causa dano aos demais. É muito mais feliz que os jovens estejam sob os cuidados dos pais ou tutores, até que a idade lhes dê a experiência e a discrição necessárias. Ainda que tenham menos liberdade, mais tarde estarão agradecidos. Manassés fez muitos males perante os olhos do Senhor, como se tivesse o propósito de provocá-lo à ira, e fez mais males do que as nações que o Senhor destruíra. Andou de mal a pior, até ser levado cativo para a Babilônia. o povo estava disposto a cumprir os seus desejos para alcançar o seu favor, e por ser conveniente às inclinações depravadas da carne. Quanto à reforma de uma grande quantidade de pessoas, a maioria delas simplesmente se transforma em servidores temporais, caindo diante da tentação. Vv. 10-18. Aqui está a sentença sobre Judá e Jerusalém. As palavras que são utilizadas representam a cidade vazia e desolada; não foi destruída neste episódio, mas limpa, para ser guardada como futura habitação dos judeus. Estava abandonada, mas não de maneira definitiva, e somente quanto aos privilégios exteriores, pois os crentes foram preservados deste castigo individualmente. O Senhor expulsará a todos os que professem segui-lo e o desonram através dos crimes que cometem; porém, jamais abandonará a sua causa na terra. Nas Crônicas dos reis, lemos que Manassés se arrependeu e Deus o aceitou. Deste modo, poderíamos aprender a não perder a esperança quanto à recuperação dos maiores pecadores. Ninguém se atreva a continuar no pecado supondo que poderá arrepender-se e reformar-se quando lhe aprouver. Existem poucos casos de conversão de pecadores notórios, para que ninguém se desespere; e são poucos, para que ninguém contemple o assunto com presunção. Vv. 19-26. Amom profanou a casa de Deus com os seus ídolos, e Deus suportou que a sua casa fosse contaminada com este sangue. Por mais injustos que fossem os que o realizaram, Deus foi justo ao suportar


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 35 que o fizessem. Foi uma mudança feliz que um dos piores reis de Judá passasse a ser um dos melhores. Mais uma vez o reino de Judá foi provado com uma reforma. Seja que o Senhor suporte por muito tempo os presunçosos que o ofendem, seja que os elimine rapidamente nos pecados deles, todos os que insistirem em negar-se a andar em seus caminhos deverão perecer.

2 Reis 22 Versículos 1-10: O bom reinado de Josias; a sua preocupação por reparar o templo; o livro da lei é encontrado; 11-20: Josias consulta a profetiza Hulda. Vv. 1-10. A precoce sucessão de Josias, que foi uma situação diferente da de Manassés, deve ser atribuída à notável graça, emblema de Deus; porém, provavelmente as pessoas que o formaram foram os instrumentos para que esta diferença fosse produzida. o seu caráter foi excelente. Se o povo tivesse se unido de todo o coração à reforma, como ele perseverou nesta, os efeitos teriam sido melhores. Porém, eram maus, e nesciamente dedicaram-se à idolatria. Não temos o pleno conhecimento do estado de Judá nos relatos históricos, a menos que nos refiramos aos escritos dos profetas da época. Enquanto reparavam o templo, encontraram o livro da lei e levaram-no ao rei. Parece-nos que o livro da lei estava perdido, e fazia falta; deve ter sido negligentemente guardado e esquecido, como alguns fazem com as suas bíblias ao lançá-las a quaisquer lugares, ou pode ter sido malignamente escondido por alguns idólatras. O cuidado de Deus com a Bíblia demonstra claramente o seu interesse por ela. Tenha ou não sido a única cópia existente, o seu conteúdo era uma novidade tanto para o rei como para o sumo sacerdote. Nem os resumos, nem os trechos extraídos da Bíblia, nem as suas cópias são capazes de transmitir ou preservar integralmente o conhecimento de Deus e de sua vontade, como a Bíblia em seu todo é capaz de fazer. Não é surpreendente que o povo


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 36 estivesse tão corrompido, em uma época em que o livro da lei fosse tão escasso. Os que corromperam o povo, sem dúvida, empregaram artimanhas para tirar de suas mãos este livro sagrado. A abundância de Bíblias que possuímos atualmente agrava o nosso pecado nacional, pois que maior desprezo em relação a Deus podemos demonstrar, se nos negarmos a ler a sua Palavra quando esta é posta em nossas mãos, ou, se a lemos, negamo-nos a crer nela e a obedecer-lhe? o conhecimento do pecado vem através da santa lei, e o conhecimento da salvação, através do Evangelho. Quando o conhecimento da salvação é entendido em sua forma estrita e excelente, o pecador começa a perguntar: o que devo fazer para ser salvo? E os ministros do Evangelho indicam a Jesus Cristo, como o fim da lei para a justiça de todo o que crê. Vv. 11-20. O livro da lei é lido na presença do monarca. os que melhor honram as suas bíblias são os que as estudam, diariamente se alimentam deste pão e andam em sua luz. A convicção do pecado e a ira deveriam provocar a seguinte pergunta: o que devo fazer para ser salvo? Além do mais, o que podemos esperar e que provisões podemos tomar? os que possuem a verdadeira compreensão do peso da ira de Deus, não podem estar senão muito ansiosos para saber como poderão ser salvos. Hulda fez com que Josias soubesse quais eram os juízos que Deus tinha reservado contra Judá e Jerusalém. o povo estava endurecido e perdera a humildade; porém, o coração de Josias era terno. Esta ternura era de coração e, assim, humilhou-se diante do Senhor. Os que mais temem a ira de Deus provavelmente menos a sentirão. Apesar de Josias ter sido mortalmente ferido em um combate, contudo morrer em paz com Deus. Não importa o que pessoas que têm atitudes como estas venham a sofrer ou experimentar; são levadas à sepultura em paz, e entrarão no repouso que existe preparado, para o povo de Deus.


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2 Reis 23 Versículos 1-3: Josias lê a lei e renova o pacto; 4-14: Destrói a idolatria; 15-24: A reforma se estende a Israel; a observância da Páscoa; 25-30: O faraó Neco mata Josias; 31-37. Os maus reinados de Joacaz e Jeoaquim. Vv. 1-3. Josias recebeu uma mensagem de Deus, que Este não impediria a ruína de Jerusalém; porém, Ele somente livraria a sua alma; em todo caso, cumpre o seu dever e confia o assunto a Deus. Josias fez com que o povo se comprometesse da maneira mais solene possível, para abolir a idolatria e servir a Deus com verdadeira justiça e santidade. Ainda que a maioria tenha sido formal ou hipócrita daí por diante, muita maldade exterior foi evitada e todos tornaram-se responsáveis diante de Deus por suas condutas. Vv. 4-14. Que abundância de maldade em Judá e em Jerusalém! Ninguém acreditaria ser possível encontrar tais abominações em Judá, onde Deus era conhecido; em Israel, onde o seu nome era grande; ou em Salém, em Sião, onde estava a sua morada. Josias reinara durante dezoito anos, dera um bom exemplo ao povo e guardara a religião conforme a lei divina; porém, quando pôs-se a investigar a idolatria, viu que a sua profundidade e extensão eram muito grandes. A história secular e os registros da Palavra de Deus ensinam que toda a piedade e bondade verdadeiras que possam ser encontradas na terra, vêm do Espírito Santo, que faz novas todas as coisas. Vv. 15-24. O zelo de Josias estendeu-se às cidades de Israel que estavam ao seu alcance. Conservou cuidadosamente o sepulcro do homem de Deus, que anunciou o perigo do altar de Jeroboão. Quando haviam limpado o país do velho fermento da idolatria, então aplicaram-se a observar a festa. Em nenhum dos reinados anteriores praticara-se uma Páscoa desta maneira. O despertar de uma ordenança, que foi descuidada durante um longo espaço de tempo, encheu-os de santo gozo; e Deus recompensou o zelo que tiveram por destruir a idolatria, com


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 38 demonstrações extraordinárias de sua presença e favor. Temos razão para pensar que a religião floresceu durante o restante do reinado de Josias. Vv. 25-30. Ao lermos estes versículos, devemos dizer: "Senhor, ainda que a sua justiça seja como as grandes montanhas, é evidente, fácil de se ver e indiscutível, que os seus juízos são de grande profundidade, insondáveis e inescrutáveis". O rei reformador é cortado em meio à sua vida útil, com misericórdia, para que não visse o mal que viria ao seu reino; porém, com ira contra o seu povo, porque a sua morte foi a porta de entrada para a desolação de Judá. Vv. 31-37. Depois do sepultamento de Josias, surgiu um problema após outro, até que Jerusalém foi destruída em vinte e dois anos. os maus pereceram em grande quantidade, o remanescente foi purificado, e a reforma de Josias levantou a um grupo, que se uniu aos poucos que foram a semente preciosa do fruto da Igreja e da nação. Um curto espaço de tempo costuma ser o suficiente para se desfazer o bem que homens piedosos efetuaram ao longo de vários anos. Porém, bendito seja Deus, pois a boa obra que Ele começou, através de seu Espírito regenerador, não poderá ser eliminada, mas resiste a todas as mudanças e alterações.

2 Reis 24 Versículos 1-7: Jeoaquim é vencido por Nabucodonosor; 8-20: Jeoaquim, cativo na Babilônia. Vv. 1-7. Se Jeoaquim tivesse obedecido a Jeová, não teria servido a Nabucodonosor. Se tivesse se contentado em agradar a Deus, a sua condição não teria sido pior; mas, ao revelar-se contrário à Babilônia, submergiu-se em maiores problemas. observe quanta necessidade têm as nações de lamentar pelos pecados de seus pais, para que não venham a pagar pelas conseqüências. As ameaças se cumprirão tão seguras quanto são prometidas, se não forem impedidas através do arrependimento dos pecadores. Vv. 8-20. Jeoaquim reinou somente três meses; porém, este foi o tempo suficiente para demonstrar que sofreu as conseqüências pelos


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 39 pecados de seus pais, porque seguiu os passos deles. o governo foi confiado ao seu tio. Zedequias foi o último rei de Judá. Ainda que os juízos de Deus contra os três governos anteriores pudessem servir-lhe como advertência, fez o que era mau, como os outros reis. Quando os que estão encarregados dos conselhos de uma nação agem sem sabedoria e contra os verdadeiros interesses dela, devemos notar nisto o desagrado de Deus. O Senhor lhes oculta o que pertence à paz pública, por causa dos pecados do povo. E para cumprir os propósitos secretos de sua justiça, o Senhor somente tem que deixar os homens entregues à cegueira de suas mentes ou livres para satisfazerem a luxúria de seus próprios corações. A aproximação gradual dos juízos divinos permite que os pecadores se arrependam, e dá tempo aos crentes, a fim de que se preparem para enfrentar a calamidade, enquanto mostra a obstinação dos que não abandonarão os seus pecados.

2 Reis 25 Versículos 1-7: Jerusalém é sitiada; Zedequias é preso; 8-21: O templo é queimado; o povo é levado ao exílio; 22-30: O restante dos judeus foge para o Egito; Evil-Merodaque alivia o cativeiro de Jeoaquim. Vv. 1-7. Jerusalém estava tão fortificada que não podia ser tomada, até que a fome tornasse os sitiados incapazes de resistir. Encontramos mais sobre este acontecimento na profecia de Jeremias e nas Lamentações; basta aqui dizer que a impiedade e a desgraça dos sitiados foram muito grandes. A grosso modo, a cidade foi tomada de assalto. O rei, a sua família e os seus grandes escaparam de noite por passagens secretas. Porém, os que pensam que podem escapar dos juízos de Deus se equivocam, tanto quanto os que crêem que são capazes de desafiá-los. Pelo que aconteceu com Zedequias, cumpriram-se duas profecias, ainda que possam parecer contraditórias. Jeremias profetizou que este rei seria levado à Babilônia (Jr 32.5; 34.3); e Ezequiel, que não ele veria a Babilônia (Ez 12.13). Zedequias foi levado até lá, mas arrancaram-lhe os olhos; portanto, realmente não viu Babilônia.


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 40 Vv. 8-21. A cidade e o templo foram incendiados, e provavelmente a arca estava no santuário. Deus mostrou, através deste fato, quão pouco se importa com a pompa exterior de sua adoração, quando a nação se descuidava da vida e do poder da religião. Os muros de Jerusalém foram derrubados e os judeus levados para o exílio na Babilônia. Os utensílios do templo foram confiscados. Quando se peca contra o que está representado, para que servem os símbolos? Foi justo que Deus privasse do benefício de sua adoração os que preferiram os falsos cultos, ao invés dEle. os que tiveram muitos altares agora não tinham um lugar de adoração. Assim como o Senhor não perdoou os anjos que pecaram, também condenou à sepultura toda a raça de homens caídos, e todos os incrédulos para o inferno; assim como jamais teve a intenção de enganar sequer ao seu próprio Filho, mas entregou-o por todos nós, não devemos nos sentir surpresos pelas misérias que Ele pode trazer sobre nações, igrejas e pessoas culpáveis. Vv. 22-30. O rei da Babilônia nomeou Gedalias para que fosse o governador e o protetor dos judeus que permaneceram em sua terra. Porém, as coisas pertinentes à sua paz estavam tão ocultas aos seus olhos, que não se deram conta do bem que possuíam. Ismael o matou covardemente, a ele e a todos os seus amigos e, contra o conselho de Jeremias, o restante do povo partiu para o Egito. Assim se realizou o final definitivo deles, através de suas próprias atitudes néscias e por sua desobediência (Jr 40 a 45). Jeoaquim foi solto do cárcere onde esteve durante trinta e sete anos. Ninguém diga que jamais tornará a ver o bem, por ter passado muito tempo contemplando somente o mal. Nem mesmo os mais miseráveis sabem quando a providência divina trará uma surpresa, nem que conselhos lhes estão reservados, conforme os dias em que foram afligidos. Mesmo neste mundo o Salvador traz a libertação da escravidão ao pecador que o busca, e concede-lhe que prove antecipadamente um


2 Reis (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 41 pouco dos prazeres que existem na sua destra para sempre. o pecado só é capaz de ferir-nos; Jesus só deseja e somente faz o bem aos pecadores.


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