ATOS DOS APÓSTOLOS Introdução Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4 Capítulo 5 Capítulo 6 Capítulo 7
Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo
8 9 10 11 12 13 14
Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo
15 16 17 18 19 20 21
Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo
22 23 24 25 26 27 28
Introdução Este livro une os Evangelhos às epístolas. Contém muitos detalhes sobre os apóstolos Pedro e Paulo, e da Igreja Cristã desde a ascensão de nosso Senhor Jesus até a chegada de Paulo a Roma, período de aproximadamente trinta anos. Lucas é o autor deste livro; esteve presente em muitos dos fatos relatados e auxiliou Paulo em Roma. O relato não descreve uma história completa da igreja durante o período a que se refere, nem sequer da vida de Paulo. Tem-se considerado que o objetivo deste livro é: 1. Relatar a forma em que os dons do Espírito Santo foram concedidos no dia de Pentecostes, e os milagres realizados pelos apóstolos para confirmar a verdade do cristianismo, mostrando que as declarações de Cristo realmente se cumpriram. 2. Provar a pretensão dos gentios de ser admitidos na Igreja de Cristo. Grande parte do conteúdo deste livro demonstra isto. Uma grande parte dos Atos são ocupadas por discursos e sermões de diversas pessoas, cujas linguagens e maneiras diferem, e em todos eles poderá ser visto que estão em conformidade com as pessoas que os proferiram, e as ocasiões em que foram pronunciados. Parece que a maioria destes discursos é somente a essência do que foi dito no momento. Contudo, estão inteiramente relacionados a Jesus como o Cristo, o Messias ungido.
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry)
2
Atos 1 Versículos 1-5: Provas da ressurreição de Cristo; 6-11: A ascensão de Cristo; 12-14: Os apóstolos se reúnem para oração; 15-26. Matias é escolhido para substituir Judas. Vv. 1-5. Nosso Senhor declarou aos discípulos a obra que teriam de fazer. Os apóstolos se reuniram em Jerusalém, pois Cristo havia lhes ordenado que não saíssem dali, mas que esperassem o derramamento do Espírito Santo. Este seria o batismo com o Espírito Santo, que lhes daria poder para fazer milagres e iria iluminar e santificar as suas almas. Isto confirma a promessa divina e nos anima a depender dela, porque ouvimos de Cristo, e nEle todas as promessas de Deus são sim e amém. Vv. 6-11. Apressaram-se para perguntar algo que seu Mestre jamais lhes mandou nem animou a buscar. Nosso Senhor sabia que a sua ascensão e o ensino do Espírito Santo rapidamente poriam fim e essas expectativas, e portanto somente os repreendeu; porém, isto é uma advertência para sua igreja de todos os tempos: cuidar-se de não desejar conhecimentos proibidos. Cristo dera instruções aos seus discípulos para que cumprissem os seus deveres, tanto antes de sua morte quanto após a sua ressurreição, e este conhecimento para o cristão é suficiente. Basta que Ele tenha proposto dar aos crentes uma força igual às suas provas e serviços; que sob o poder do Espírito Santo, sejam de uma ou de outra forma testemunhas de Cristo na terra, enquanto no céu Ele cuida de seus interesses com perfeita sabedoria, verdade e amor. Quando permanecemos olhando e ocupados em coisas insignificantes, que o pensar na segunda vinda de nosso Mestre nos estimule e desperte; quando ficamos olhando e tremendo, que nos consolem e animem. Que nossa expectativa seja constante e jubilosa, colocando diligência em sermos achados irrepreensíveis por Ele. Vv. 12-14. Deus pode prover lugares de refúgio para o seu povo. Eles suplicaram. Todo o povo de Deus é povo de oração. Agora era o momento de virem problemas e perigos para os discípulos de Cristo; mas se alguém está aflito, ore; isso acalmará as suas preocupações e temores.
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 3 Agora tinham uma grande obra a fazer, e antes que a iniciassem, oraram fervorosamente a Deus pedindo a sua presença. Esperando o derramamento do Espírito Santo e abundando em oração. Aqueles que estão orando, são os que estão em melhor condição para receber bênçãos espirituais. Cristo prometera enviar logo o Espírito Santo; esta promessa não deveria eliminar a oração, mas vivificá-la e alentá-la. Um pequeno grupo, unido em amor, de conduta exemplar, fervoroso para orar e sabiamente zeloso para promover o progresso da causa de Cristo, provavelmente cresça com rapidez. Vv. 15-26. A grande coisa de que os apóstolos deveriam testemunhar diante do mundo era a ressurreição de Cristo, porque é a grande prova de que Ele é o Messias, e o fundamento de nossa esperança nEle. Os apóstolos foram ordenados, não para assumirem dignidades e poderes mundanos, mas para pregar a Cristo e o poder de sua ressurreição. Foi feita uma apelação a Deus: "Tu, Senhor conhecedor dos corações de todos", algo que nós não conhecemos, e é melhor que cada um conheça o seu. É adequado que Deus escolha os seus servos, e à medida que Ele, através de sua providência ou dos dons do Espírito, mostre a quem tem escolhido, ou o que tem escolhido para nós, devemos nos adequar à sua vontade. Reconheçamos a sua mão na determinação de cada coisa que nos sobrevenha, especialmente em alguma incumbência que nos seja encarregada.
Atos 2 Versículos 1-4: A descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes; 5-13: Os apóstolos falam em diferentes línguas; 14-36. O sermão de Pedro aos judeus; 37-41: Três mil almas se convertem; 42-47: A piedade e o afeto dos discípulos. Vv. 1-4. Não podemos nos esquecer com que freqüência, ainda que o mestre estivesse entre eles, houve discussões entre os discípulos sobre qual deles seria o maior, mas agora todas estas discórdias haviam
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 4 terminado. Oravam juntos, mais do que antes. Se desejamos que o Espírito seja do alto derramado sobre nós, sejamos unânimes. Ponderemos as diferenças de sentimentos e interesses, como as que haviam entre os discípulos. Coloquemo-nos de acordo para amarmo-nos uns aos outros, porque onde os irmãos habitam em unidade, ali o Senhor ordena a sua bênção. Um vento veemente e impetuoso chegou com muita força. Isto era para significar as influências e a obra poderosa do Espírito de Deus nas mentes dos homens, e por meio deles no mundo. Desta forma, as convicções do Espírito Santo dão lugar às suas consolações, e as fortes rajadas deste vento bendito preparam a alma para as suas brisas suaves e amáveis. Apareceu algo com aparência de chamas de fogo, que iluminou a cada um deles, segundo o que João Batista dizia de Cristo: Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. O Espírito, como fogo, derrete o coração, queima a escória, e acende afetos piedosos e devotos na alma, na qual, como o fogo do altar, são oferecidos sacrifícios espirituais. Foram cheios com o Espírito Santo, mais do que anteriormente. Foram cheios da graça do Espírito, e mais do que antes, foram colocados sob o seu poder santificador; mais separados deste mundo, e mais familiarizados com o outro. Foram ainda mais cheios com as consolações do Espírito, se regozijaram, mais que antes no amor de Cristo e na esperança do céu; e nisto todos os seus temores e pesares foram desfeitos. Foram cheios dos dons do Espírito Santo; receberam poderes milagrosos para o avanço do Evangelho. Falaram, não de pensamentos ou meditações previas, mas como o Espírito lhes concedia que falassem. Vv. 5-13. A diferença de línguas que surgiu em Babel muito tem dificultado a difusão do conhecimento e da religião. Os instrumentos que o Senhor empregou primeiramente para difundir a religião cristã, não poderiam ter progredido sem este dom, o qual provou que a sua autoridade era de Deus.
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 5 Vv. 14-21. O sermão de Pedro mostra que ele estava completamente recuperado de sua queda, e cabalmente restaurado ao favor divino; porque aquele que havia negado a Cristo, agora o confessava ousadamente. O seu relato a respeito do derramamento milagroso do Espírito Santo foi concebido para estimular aos seus ouvintes a abraçarem a fé em Cristo e unirem-se à sua Igreja. Isto foi cumprimento das Escrituras, fruto da ressurreição e ascensão de Cristo e prova de ambos. Ainda que Pedro estivesse cheio do Espírito Santo e falasse em línguas conforme o Espírito lhe concedia que falasse, não pensou em deixar as Escrituras de lado. Os sábios de Cristo nunca aprendem mais que a sua Bíblia; e o Espírito é dado, não para suprimir as Escrituras, mas para nos capacitar para entendê-las, aprová-las e obedecê-las. Com toda certeza ninguém escapará da condenação do grande dia, salvo aqueles que invocam o nome do Senhor, e por meio de seu Filho, como o Salvador dos pecadores, e o Juiz de toda a humanidade. Vv. 22-36. A partir deste dom do Espírito Santo, Pedro lhes prega a Jesus: e aqui está a história de Cristo. Aqui há um relato de sua morte e de seus sofrimentos, que os discípulos haviam presenciado algumas semanas antes. Sua morte é considerada como um ato de Deus e de maravilhosa graça e sabedoria, de maneira que a justiça divina dever ser satisfeita, Deus e o homem reunidos novamente, e o próprio Cristo glorificado, conforme o conselho eterno que não pode ser modificado. Quanto à atitude do povo, foi um ato néscio e pecaminoso da parte deles. A ressurreição de Cristo suprime a reprovação de sua morte; Pedro fala muito disto. Cristo era o Santo de Deus, santificado e separado para o seu serviço na obra da redenção. Sua morte e sofrimento devem ser a entrada a uma vida abençoada eternamente, não só para Ele, mas para todos os seus. Este feito aconteceu conforme estava profetizado e os apóstolos foram testemunhas. A ressurreição não se apoiou somente nisto, Cristo havia derramado dons milagrosos e poderes divinos sobre os deus discípulos, e estes foram testemunhas de seus efeitos. Através do
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 6 Salvador os caminhos da vida nos são revelados e somos exortados a esperar a presença de Deus e seu favor para sempre. Tudo isto surge da crença segura de que Jesus é o Senhor e Salvador ungido. Vv. 37-41. Desde a primeira entrega da mensagem divina, percebeu-se que nEle havia poder divino, e milhares foram levados à obediência da fé. Nem Pedro, nem suas palavras e nem o milagre presenciado poderiam produzir tais efeitos se o Espírito Santo não fosse dado. Quando os olhos dos pecadores são abertos, não podem sentir senão remorsos no coração por causa do pecado, e uma grande inquietude interior. O apóstolo os exorta a arrependerem-se de seus pecados e confessarem abertamente sua fé em Jesus como o Messias, e serem batizados em seu nome. Assim, pois, professando a sua fé nEle, receberiam a remissão de seus pecados, e participariam dos dons e das graças do Espírito Santo. Separarmo-nos dos ímpios é a única maneira de nos salvarmos da mesma condenação deles. Aqueles que se arrependem de seus pecados e se entregam a Jesus Cristo, devem provar a sua sinceridade desvinculando-se dos ímpios. Devemos nos salvar de seguir o exemplo deles, o que significa evitá-los com horror e santo temor. Pela graça de Deus três mil pessoas aceitaram o convite do Evangelho. Não há dúvida de que o dom do Espírito Santo que todos receberam, e do qual nenhum crente verdadeiro jamais tem sido excluído, era esse Espírito de adoção, essa graça que converte, guia e santifica, que é dada a todos os membros da família de nosso Pai celestial. O arrependimento e a remissão de pecados ainda são pregados aos principais dos pecadores no nome do Redentor; o Espírito Santo ainda sela a bênção no coração do crente; as promessas alentadoras ainda são para nós e para nossos filhos; e as bênçãos ainda são oferecidas a todos os que estão longe. Vv. 42-47. Nestes versículos encontramos a história da Igreja verdadeiramente primitiva, de seus primeiros tempos; seu estado de verdadeira infância, e, como tal, o seu estado de maior inocência.
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 7 Mantiveram-se próximos às santas ordenanças e abundaram em piedade e devoção; o cristianismo, uma vez que admite alguém em seu poder, dispõe a alma à comunhão com Deus em todas estas formas estabelecidas, para que nos encontremos com Ele, e em que Ele tem prometido reunir-se conosco. A grandeza deste acontecimento os colocou em uma posição mais elevada que o mundo, e o Espírito Santo os encheu com tal amor, que cada um era para o outro como para si mesmo. E deste modo, fez com que todas as coisas fossem comuns, sem destruir a propriedade, mas suprimindo o egoísmo e incentivando o amor. Deus, que moveu-os a isto, sabia que eles seriam rapidamente expulsos de suas propriedades na Judéia. O Senhor, dia após dia, inclinava mais os corações a abraçarem o Evangelho; não os simples professos, mas os que eram realmente levados a um estado de aceitação diante de Deus, sendo participantes da graça regeneradora. Aqueles que Deus tem designado para a salvação eterna serão eficazmente levados a Cristo até que a terra seja cheia do conhecimento de sua glória.
Atos 3 Versículos 1-11: Um coxo é curado por meio de Pedro e João; 1226: O discurso de Pedro aos judeus. Vv. 1-11. Os apóstolos e os primeiros crentes participavam de cultos de adoração a Deus, na hora da oração no templo. Parece que Pedro e João foram levados por direção divina a realizar um milagre em um homem de mais de quarenta anos, inválido desde o seu nascimento. No nome de Jesus de Nazaré, Pedro ordena que o homem se levante e caminhe. Assim, se intentamos com bom propósito a cura das almas dos homens, devemos em nome e no poder de Jesus Cristo chamar os pecadores incapacitados a se levantarem e andarem no caminho da santidade, pela fé nEle. Quão doce para a nossa alma é pensar que o nome de Jesus Cristo de Nazaré pode nos tornar íntegros, em relação a todas as faculdades paralisadas de nossa natureza caída! Com quanto
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 8 gozo e santo entusiasmo andaremos nos santos átrios, quando o Espírito de Deus nos fizer entrar por eles através de seu poder! Vv. 12-18. Observe a diferença na maneira de fazer os milagres. Nosso Senhor sempre fala como tendo poder onipotente, sem jamais vacilar para receber a maior honra que lhe foi conferida por seus milagres divinos. Porém, os apóstolos atribuíam tudo ao Senhor e se negavam a receber honras, exceto como instrumentos dEle, sem méritos. Isto mostra que Jesus era um com o Pai, e igual a Ele; enquanto os apóstolos tinham consciência de que eram homens frágeis e pecadores, e em tudo dependentes de Jesus, cujo poder era o que curava. Os homens úteis devem ser muito humildes. Nosso nome não deve ser glorificado, e sim o do Senhor. Toda coroa deve ser colocada aos pés de Cristo. O apóstolo mostra aos judeus a enormidade de seus delitos, mas sem a intenção de aborrecê-los ou levá-los a perderem a esperança. Com toda certeza aqueles que desprezam, rejeitam ou negam a Cristo o fazem por ignorância, e isso não será apresentado como desculpa em nenhum caso. Vv. 19-21. A absoluta necessidade de arrependimento deve pesar solenemente na consciência de todos aqueles que desejam que seus pecados sejam apagados e que possam ter parte no refrigério que nada pode dar, senão o sentimento do amor perdoador de Cristo. Bemaventurados são aqueles que têm sentido isto. Não era necessário que o Espírito Santo desse a conhecer os tempos e as estações desta dispensação. Estes temas ainda estão obscuros, e quando os pecadores tiverem convicção de seus pecados, clamarão ao Senhor por perdão; o penitente convertido e crente terá tempos de refrigério na presença do Senhor. Em um estado de tribulação e prova, o glorioso Redentor estará fora do alcance da vista, porque devemos viver por fé nEle. Vv. 22-26. Aqui há um forte discurso para advertir os judeus sobre as temíveis conseqüências de sua incredulidade, com as mesmas palavras de Moisés, seu profeta preferido, devido ao zelo fingido daqueles que estavam prontos para rejeitar o cristianismo e procurar destruí-lo. Cristo veio ao mundo para trazer uma bênção consigo, e enviou o seu Espírito
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 9 para que fosse a grande bênção. Cristo veio abençoar-nos, convertendonos de nossas iniqüidades e salvando-nos de nossos pecados. Por causa de nossa própria natureza nos apegamos fortemente ao pecado; o desígnio da graça divina é nos converter disto para que possamos não somente abandoná-lo, mas odiá-lo. Que ninguém pense que pode ser feliz continuando em pecado quando Deus declara que a bênção está em apartar-se de toda iniqüidade. Que ninguém pense que entende ou crê no Evangelho se somente busca ser livre do castigo do pecado, mas não espera felicidade ao ser livre do próprio pecado. Ninguém espere ser livre de seu pecado a não ser que creia em Cristo, o Filho de Deus, e o receba como sabedoria, justiça, santificação e redenção.
Atos 4 Versículos 1-4: Pedro e João são encarcerados; 5-14: Os apóstolos testificam de Cristo com ímpeto; 15-22: Pedro e João recusam calar-se; 23-31: Os crentes se unem em oração e louvor; 32-37: A santa caridade dos cristãos. Vv. 1-4. Os apóstolos pregaram a ressurreição dos mortos por meio de Jesus Cristo. Incluem toda a felicidade do estado futuro; eles pregaram isto através de Jesus, pois somente por meio dEle pode-se obtê-la. É miserável o caso daqueles para quem a glória do reino de Cristo é uma dor, pois uma vez que a glória deste reino é eterna, a dor deles também será eterna. Os úteis e inofensivos servos de Cristo, como os apóstolos, costumam ser afligidos em seu trabalho de fé e obra de amor, enquanto os ímpios têm escapado. Até este momento não faltam casos em que a leitura das Escrituras, a oração em grupo e as conversas sobre temas religiosos encontram semblantes franzidos e restrições; porém, se obedecermos os preceitos de Cristo, Ele nos sustentará. Vv. 5-14. Estando cheio do Espírito Santo, Pedro desejava que todos entendessem que o milagre havia sido realizado no nome e pelo poder de Jesus de Nazaré, o Messias, aquEle que eles haviam
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 10 crucificado; e isto confirmava o testemunho de sua ressurreição dentre os mortos, provando que era o Messias. Estes dirigentes deveriam ser salvos por esse Jesus ao qual haviam crucificado, ou pereceriam para sempre. O nome de Jesus é dado aos homens de todas as épocas e nações, porque somente por Ele os crentes são salvos da ira vindoura. Contudo, quando a cobiça, o orgulho ou qualquer paixão corrupta reina no interior, os homens fecham os seus olhos e seus corações, com inimizade contra a luz, considerando ignorantes e indoutos todos aqueles que não desejam saber nada, a não ser sobre Cristo crucificado. Os seguidores de Cristo agiram desta forma para que todos os que falassem com eles, soubessem que haviam estado com Jesus. Isto os torna santos, celestiais, espirituais e jubilosos, e os eleva acima deste mundo. Vv. 15-22. Todo o interesse dos governantes é que a doutrina de Cristo não seja difundida entre o povo, ainda que não possam dizer que seja falsa ou perigosa, ou de -alguma tendência má; e se envergonham de reconhecer a verdadeira razão: que testifica contra sua hipocrisia, iniqüidade e tirania. Aqueles que sabem valorizar com justiça as promessas de Cristo, sabem desprezar com justiça as ameaças do mundo. Os apóstolos olham preocupados para as almas que perecem por saberem que estas não podem fugir da ruína eterna, a não ser por Jesus Cristo; portanto, são fiéis ao advertir e mostrar o caminho reto. Ninguém desfrutará de paz mental, nem agirá corretamente até que tenha aprendido a guiar sua conduta pela norma da verdade, e não pelas opiniões e fantasias vacilantes dos homens. Evitem especialmente o vão intento de servir a dois Senhores: a Deus e ao mundo; a conclusão será que não pode servir fielmente a nenhum deles. Vv. 23-31. Os seguidores de Cristo andam de uma melhor maneira quando vão acompanhados, sempre e quando a companhia seja de outros como eles. Estimula os servos de Deus tanto para fazer a obra como para suportar o trabalho, saberem que servem ao Deus que criou todas as coisas, e que portanto, determina todas as coisas; e que as Escrituras se cumprirão. Jesus foi ungido para ser Salvador; portanto estava
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 11 determinado que Ele seria o sacrifício expiatório pelo pecado. O pecado não é um mal menor para que Deus extraia coisas boas dele. Em épocas ameaçadoras nosso interesse não deve ser tanto evitar os problemas, como poder seguir adiante com júbilo e coragem em nossa obra e dever. Eles não oram: Senhor permita que nos afastemos de nossa tarefa agora que tem se tornado perigosa, mós: Senhor dá-nos tua graça para seguirmos adiante com constância em nossa obra, e não temermos o rosto do homem. Aqueles que desejam ajuda e exortação divina, podem depender daquEle que as tem, devem sair e seguir adiante no poder do Senhor Deus. Ele deu um sinal de que aceitaria as suas orações. O lugar tremeu para que a fé deles se estabilizasse, e não para que fosse vacilante. Deus lhes deu o seu Espírito na maior medida, e todos foram cheios com o Espírito Santo, mais do que nunca; por isto não somente foram estimulados, mas capacitados para falar a Palavra de Deus com ousadia. Quando dizem que o Senhor Deus lhes ajuda por seu Espírito, sabem que não serão confundidos (Is 50.7). Vv. 32-37. Os discípulos amavam-se uns aos outros. Este era o bendito fruto do preceito da morte de Cristo para os seus discípulos, e a sua oração a favor deles quando estava prestes a morrer. Assim foi e assim será novamente, quando do alto o Espírito for derramado sobre nós. A doutrina pregada era a ressurreição de Cristo; algo que se cumpriu, e que quando é devidamente explicada, é o resumo de todos os deveres, privilégios e consolos dos cristãos. Havia frutos evidentes da graça de Cristo em tudo o que diziam e faziam. Estavam mortos para este mundo. Isto era a grande prova da graça de Deus neles. Não se apoderavam da propriedade alheia, mas eram indiferentes a ela. Não consideravam nada como seu, porque com amor haviam deixado tudo por Cristo, e esperavam ser despojados de tudo para se apegarem fortemente a Ele. Não é de se admirar que todos tivessem um só coração e uma só alma, quando assim se desprenderam das riquezas do mundo. Com amor tinham tudo em comum, de modo que não havia entre eles nenhum necessitado, e cuidavam da provisão
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 12 dos menos abastados. O dinheiro era lançado aos pés dos apóstolos. Deve-se ter um grande cuidado na distribuição da caridade pública para dar aos necessitados, àqueles que não forem capazes de conseguir o sustento por si mesmos; deve-se prover àqueles que estão em necessidade por fazerem o bem e pelo testemunho de uma boa consciência. Aqui há um homem mencionado em particular, por ser notável por esta generosa caridade; era Barnabé. Como alguém que foi nomeado para ser um pregador do Evangelho, ele se desembaraçou e se desprendeu dos assuntos desta vida. Quando tais disposições prevalecem, e são exercidas conforme as circunstâncias dos tempos, o testemunho terá um poder muito grande sobre o próximo.
Atos 5 Versículos 1-11: A morte de Ananias e Safira; 12-16. O poder que acompanha a pregação do Evangelho; 17-25: Os apóstolos são encarcerados, mas um anjo os coloca em liberdade; 26-33: Os apóstolos testificam de Cristo diante do concílio; 34-42: O conselho de Gamaliel O concílio permite que os apóstolos vão embora. Vv. 1-11. O pecado de Ananias e Safira foi que as pessoas pensassem que eles eram discípulos eminentes, quando não eram discípulos verdadeiros. Os hipócritas podem negar-se a si mesmos, e deixar suas vantagens mundanas em um determinado caso se tiverem a perspectiva de alcançar benefícios em outro. Ambicionavam a riqueza do mundo e não confiavam em Deus, nem em sua providência. Pensavam que podiam servir a Deus e a Mamom, e poderiam enganar os apóstolos. O Espírito de Deus em Pedro viu o princípio de incredulidade que reinava no coração de Ananias. Qualquer que tenha sido a insinuação de Satanás, este não poderia ter enchido o coração de Ananias com esta maldade, se ele não houvesse consentido. A falsidade dele foi o intento de enganar o Espírito de verdade, que falava e agia tão manifestamente por meio dos apóstolos. O delito de
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 13 Ananias não foi reter parte do preço do terreno; poderia ter ficado com tudo se quisesse; seu delito foi tentar impor-se sobre os apóstolos com uma mentira espantosa unida à cobiça, com o desejo de ser visto. Se pensamos que podemos enganar a Deus, fatalmente enganaremos a nossa própria alma. Como é triste ver as relações que deveriam estimular-se mutuamente às boas obras, endurecerem-se mutuamente no que é mau! Este castigo, na realidade foi uma misericórdia para muitas pessoas. Ele faria as pessoas examinarem a si mesmas rigorosamente, com oração e terror da hipocrisia, cobiça e vanglória, e a continuarem agindo assim. Impediria o aumento dos falsos crentes. Aprendamos com isto quão odiosa a falsidade é para o Deus da verdade, e não somente evitar a mentira direta, mas todas as vantagens obtidas com o uso de expressões duvidosas e de significado duplo em nosso falar. Vv. 12-16. A separação dos hipócritas por meio dos juízos discriminatórios deve fazer com que os sinceros se apeguem mais estritamente uns aos outros e ao ministério do Evangelho. Tudo o que tenda à pureza e à boa reputação da Igreja promove o seu crescimento; porém, somente aquele poder que realizava tais milagres por meio dos apóstolos pode resgatar os pecadores do poder do pecado e de Satanás, e agregar novos crentes à companhia de seus adoradores. Cristo opera por meio de todos os seus servos fiéis, e todo aquele que recorrer a Ele será curado. Vv. 17-25. Não há cárcere tão escuro nem tão seguro em que Deus não possa entrar e visitar os seus, e se lhe agrada, tirá-los dali. A recuperação das enfermidades e a libertação dos problemas nos são concedidos, não para que desfrutemos das consolações da vida, mas para que Deus seja honrado com os serviços de nossa vida. Não é próprio que os pregadores do Evangelho de Cristo se escondam em lugares distantes quando têm a oportunidade de pregar a uma grande congregação. Devem pregar aos mais vis, cujas almas são tão preciosas para Cristo quanto às almas dos mais nobres. Falai a todos, porque todos estão incluídos. Falai como aqueles que decidem defender, viver e morrer por algo. Dizei todas
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 14 as palavras desta divina vida celestial, comparada à qual, esta vida atual terrena não merece o nome de vida. Falai as palavras de vida que o Espírito Santo coloca em vossas bocas. As palavras do Evangelho são palavras de vida; palavras pelas quais podemos ser salvos. Quão infelizes são aqueles que se sentem angustiados pelo êxito do Evangelho! Não podem deixar de ver que a Palavra e o poder do Senhor estão contra eles, e tremendo pelas conseqüências, mesmo assim seguem adiante! Vv. 26-33. Muitos fazem ousadamente, algo mal, e mais tarde não suportam ouvir sobre este fato, ou que lhes acusem de tê-lo cometido. Não podemos esperar ser redimidos e curados por Cristo se não nos entregamos para ser governados por Ele. A fé nos faz aceitar ao Salvador em todos os seus ofícios, porque Ele veio não para nos salvar em nossos pecados, mas para nos salvar de nossos pecados. Se Cristo tivesse sido enaltecido para dar domínio a Israel, os principais sacerdotes teriam lhe dado as boas-vindas. Contudo, o arrependimento e a remissão dos pecados são bênçãos que eles não valorizavam nem perceberam que necessitavam; portanto, não reconheceram sua doutrina em absoluto. Onde o arrependimento opera, a remissão é outorgada sem falta. Ninguém se livra da culpa e do castigo, senão aqueles que são libertos do poder e do domínio do pecado, aqueles que se apartam do pecado e voltam-se contra ele. Cristo concede arrependimento por seu Espírito, que opera através da Palavra para despertar a consciência, para dar sentimento de tristeza pelo pecado e uma eficaz mudança no coração e na vida. Dar o Espírito Santo é uma prova evidente de que a vontade de Deus é que Cristo seja obedecido. Com toda certeza Ele destruirá aqueles que não querem que reine sobre eles. Vv. 34-42. O Senhor ainda tem todos os corações em suas mãos, e às vezes dirige a prudência do sábio do mundo para refrear os perseguidores. O bom senso nos ensina a ser prudentes, uma vez que a experiência e a observação indicam que o êxito das fraudes em matéria de religião tem sido muito breve. Ser reprovados pelo mundo por amor a Cristo deve ser a nossa verdadeira preferência, porque faz com que nos
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 15 coloquemos mais de acordo com Ele e sirvamos os seus interesses. Eles se regozijaram nisto. Se sofrermos o mal por fazermos o bem, desde que o soframos fazendo o bem, como é o nosso dever, devemos nos regozijar nessa graça que nos capacitou para agir assim. Os apóstolos não pregavam a si mesmos, mas a Cristo. Esta era a pregação que mais ofendia aos sacerdotes. Pregar a Cristo deve ser a atividade constante dos ministros do Evangelho; a Cristo crucificado, a Cristo glorificado; nada fora disto, a não ser o que se refere a isto. Qualquer que seja a nossa situação ou nível social nesta vida, devemos procurar conhecê-lo e glorificar o seu nome.
Atos 6 Versículos 1-7: A nomeação dos diáconos; 8-15: Estêvão é falsamente acusado de blasfêmia. Vv. 1-7. Até agora os discípulos haviam sido unânimes; isto fora notado para honra deles, mas agora que estavam se multiplicando, começaram a surgir reclamações. A Palavra de Deus era suficiente para cativar todos os pensamentos, interesses e o tempo dos apóstolos. As pessoas escolhidas para servir as mesas devem estar devidamente qualificadas. Devem estar cheias com os dons e graças do Espírito Santo, necessários para administrar corretamente este encargo; devem ser homens verazes, que odeiem a cobiça. Todos os que estão a serviço da Igreja devem ser encomendados à graça divina pelas orações da Igreja. Eles os abençoaram no nome do Senhor. A Palavra e a graça de Deus são grandemente magnificadas quando trabalham nas pessoas que parecem menos prováveis para isto. Vv. 8-15. Quando não puderam contestar os argumentos de Estêvão como polemista, julgaram-no como delinqüente e trouxeram falsas testemunhas contra ele. É quase um milagre da providência que um maior número de pessoas religiosas não tenha sido assassinada no mundo por meio de perjúrios e pretextos legais, quando tantos milhares as odeiam e não têm problemas de consciência por jurar falsamente. A
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 16 sabedoria e a santidade fazem o rosto de um homem brilhar, ainda que não garanta aos homens que não serão maltratados. Que diremos do homem, um ser racional, mas que ainda assim tenta sustentar um sistema religioso por meio de falsos testemunhos e assassinatos! E isto tem sido feito em inumeráveis casos. A culpa não reside tanto no entendimento quanto no coração da criatura caída, que é enganoso e perverso acima de todas as coisas. Porém o servo do Senhor, que tem a consciência limpa, uma esperança jubilosa e os consolos divinos, pode sorrir em meio ao perigo e à morte.
Atos 7 Versículos 1-50: A defesa de Estêvão; 51-53: Estêvão reprova os judeus pela morte de Cristo; 54-60: O martírio de Estêvão. Vv. 1-16. Estêvão foi acusado de blasfemar contra Deus; como conseqüência, demonstra que é filho de Abraão e valoriza a si mesmo como tal. Os passos lentos com que a promessa feita a Abraão avançava até seu cumprimento mostram claramente que tinha um significado espiritual, e que a terra da qual fazia alusão era a celestial. Deus sustentou José em suas tribulações, e esteve com ele pelo poder de seu Espírito, dando consolo a sua mente e concedendo-lhe favor diante dos olhos das pessoas com quem se relacionava. Estêvão lembra os judeus de seu pequeno começo, como um freio para seu orgulho pelas glórias dessa nação. Também os faz lembrar da maldade dos patriarcas de suas tribos, ao terem invejam de seu irmão José; o mesmo espírito ainda operava neles em relação a Cristo e seus ministros. A fé dos patriarcas, ao desejarem ser enterrados na terra de Canaã, demonstra claramente que eles tinham consideração pela pátria celestial. É bom que à primeira manifestação de costumes ou sentimentos pervertidos, apressemo-nos a procurar recuperá-los. Se desejamos conhecer a natureza e os efeitos da fé justificadora, devemos estudar o caráter do pai dos fiéis. Sua chamada mostra o poder e a gratuidade da graça divina, e a natureza da conversão. Aqui também vemos que as
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 17 formas e distinções externas são como nada, quando comparadas com a separação do mundo e a consagração a Deus. Vv. 17-29. Não nos desanimemos pela lentidão com que às vezes as promessas de Deus se cumprem. Os tempos de sofrimento são, muitas vezes, tempos de crescimento para a Igreja. Quando o momento deles é o mais escuro e mais profunda a sua angústia, Deus está preparando a libertação de seu povo. Moisés "foi agradável a Deus"; é a beleza da santidade que tem grande valor diante dos olhos de Deus. Foi maravilhosamente preservado em sua infância porque Deus cuida de maneira especial daqueles que tem destinado para um serviço especial; e se assim protegeu ao menino Moisés, não assegurará muito mais os interesses de seu Santo Filho Jesus contra os inimigos que se reúnem contra Ele? Eles perseguiram Estêvão por argumentar em defesa de Cristo e de seu Evangelho: contra ele apresentaram Moisés e sua lei. Poderiam entender, se não fechassem voluntariamente os seus olhos para a luz, que Deus os livrará em Cristo de uma escravidão pior do que a do Egito. Ainda que os homens prolonguem as suas misérias, o Senhor cuidará de seus servos e concretizará os seus desígnios de misericórdia. Vv. 30-41. Os homens se enganam se pensam que Deus não pode fazer o que vê que é bom em alguma parte; pode levar o seu povo ao deserto, e ali falar-lhes de consolo. Apareceu a Moisés em uma chama de fogo; porém, o arbusto não se consumia, o qual representava o estado de Israel no Egito, onde, ainda que estivessem no fogo da aflição, não foram consumidos. Isto também pode ser visto como símbolo da assunção da natureza humana por meio de Cristo, e da união das naturezas divina e humana. A morte de Abraão, Isaque e Jacó não podem romper a relação do pacto entre Deus e eles. Nosso Salvador prova através disto, o estado futuro (Mt 22.31). Abraão morreu, mas Deus ainda é o seu Deus, portanto Abraão ainda vive. Bem, esta é a vida e a imortalidade que é trazida à luz pelo Evangelho.
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 18 Estêvão mostra aqui que Moisés foi um tipo eminente de Cristo, como libertador de Israel. Deus se compadece dos problemas de sua Igreja e dos gemidos de seu povo quando sofre perseguições; e a libertação deles brota de sua compaixão. Esta libertação tipifica a que Cristo proporcionou quando desceu do céu por nós, os homens, e para nossa salvação. Este Jesus, a quem agora rejeitaram, como seus pais rejeitaram a Moisés, é o mesmo que Deus levantou para ser Príncipe e Salvador. Nada se diminui da justa honra de Moisés, ao dizer que ele foi somente um instrumento cujo brilho é infinitamente superado por Jesus. Ao afirmar que Jesus deveria mudar os costumes da lei cerimonial, Estêvão estava muito longe de blasfemar contra Moisés, a quem, na realidade, honrava. Demonstrou como se cumpriu a profecia de Moisés, que era tão clara. Deus, que lhes deu estes costumes através de seu servo Moisés, podia mudar o costume por meio de seu Filho Jesus. Porém, Israel rejeitou Moisés, e desejava voltar para a escravidão, mostrando que muitos homens não obedecerão a Jesus porque amam este mundo mau e se regozijam em suas obras e inventos. Vv. 42-50. Estêvão reprovou diante dos judeus a idolatria de seus pais, à qual Deus os entregou como castigo por tê-lo abandonado anteriormente. Não foi uma desonra, mas honra para Deus que o tabernáculo desse lugar ao templo; e agora, o templo terreno deve dar lugar ao espiritual; e assim será quando, ao final, o templo espiritual der lugar ao eterno. Todo o mundo é o templo de Deus, onde Ele está presente em todas as partes, enchendo-o com a sua glória; então, que necessidade tem de ter um templo onde manifestar-se? Estas coisas mostram seu eterno poder e divindade. Como o céu é o seu trono e a terra é o estrado de seus pés, nenhum de nossos serviços beneficiam àquEle que fez todas as coisas. Depois da natureza humana de Cristo, o coração quebrantado e espiritual é o templo mais valioso para Ele. Vv. 51-53. Parece que Estêvão prosseguiria demonstrando que o templo e o serviço do templo chegariam ao fim, e que dar lugar a adoração do Pai em espírito e em verdade seria glória para ambos;
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 19 porém, ele se deu conta de que eles não o suportariam. Portanto, se calou, e pelo Espírito de sabedoria, coragem e poder, repreendeu fortemente seus perseguidores. Quando argumentos e verdades claras provocam os opositores do Evangelho, deve-se mostrar a eles a sua culpa e perigo. Estes, como seus pais, eram obcecados e soberbos. Em nossos corações pecaminosos há algo que sempre resiste ao Espírito Santo, uma carne cujo desejo é contra o Espírito, e esta batalha contra os seus movimentos; porém, no coração dos eleitos de Deus, essa resistência será vencida quando a plenitude dos tempos chegar. A partir de então o Evangelho era oferecido, não por anjos, mas pelo Espírito Santo, mas não o abraçaram porque decidiram não estar de acordo com Deus, fosse em sua lei ou em seu Evangelho. A culpa lhes endureceu o coração, e procuraram o alívio assassinando aquele que os repreendia, ao invés de chorarem e pedirem misericórdia. Vv. 54-60. Nada é tão consolador para os santos moribundos, ou tão animador para os santos que sofrem, do que ver Jesus à destra de Deus: bendito seja Deus! Pela fé podemos vê-lo ali. Estêvão fez duas breves orações em seus momentos de agonia. Nosso Senhor Jesus é Deus, ao qual devemos buscar e em quem devemos confiar e nos consolar, vivendo ou morrendo. Se esta fora nossa preocupação enquanto vivermos, será nosso consolo quando morrermos. Aqui há uma oração por seus perseguidores. Ainda que o pecado tenha sido muito grande, e mesmo que lhes pesasse no coração, Deus não os lançaria na conta deles. Estêvão morreu de uma maneira tão rápida, como homem algum morreu antes; porém, ao morrer, foi dito que dormiu. Ele se dedicou à tarefa de morrer com tanta compostura, como se houvesse ido dormir; despertará novamente na manhã da ressurreição para ser recebido na presença do Senhor, onde há plenitude de gozo, e para compartilhar os prazeres que estão à sua destra, para sempre.
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry)
20
Atos 8 Versículos 1-4: Saulo persegue a igreja; 5-13: O êxito de Felipe em Samaria – Simão, o mago, é batizado; 14-25: A hipocrisia de Simão é detectada; 26-40: Felipe e o etíope. Vv. 1-4. Ainda que a perseguição não deva nos apartar de nossa obra, pode, todavia, nos enviar a trabalhar em outra parte. Onde quer que o crente estável seja levado, leva consigo o conhecimento do Evangelho de Cristo, e dá a conhecê-lo em todos os lugares. Onde o simples desejo de fazer o bem influencie o coração, será impossível impedir que o homem não utilize todas as oportunidades para servir. Vv. 5-13. Quando o Evangelho prevalece, os espíritos malignos, especialmente os espíritos imundos, são expulsos. Estes trazem todas as inclinações às luxurias da carne, que batalham contra a alma. Aqui são nomeados os transtornos mais difíceis de curar seguindo o curso da natureza, e aqueles que melhor expressam a enfermidade do pecado. Orgulho, ambição e desejos de grandeza sempre têm causado abundante mal ao mundo e à Igreja. As pessoas diziam que Simão possuía grande poder de Deus. Observe nisto de que maneira ignorante e sem reflexão as pessoas erram; porém, grande é o poder da graça divina pela qual são levados a Cristo, que é a própria Verdade! O povo não somente ouvia o que Felipe dizia; foram plenamente convencidos de que o que ele dizia era de Deus, e não de homens, e se deixaram ser dirigidos por isto. Até os homens maus, e com corações que ainda andam após a cobiça, podem ir a Deus como o seu povo vai, e por um tempo continuar com eles. Muitos daqueles que se assombram diante das provas das verdades divinas, nunca experimentaram o poder delas. O Evangelho pregado pode efetuar uma operação geral em uma alma que jamais produziu santidade interior. Nem todos os que professam crer no Evangelho são convertidos para a salvação. Vv. 14-25. O Espírito Santo ainda não havia sido derramado sobre nenhum destes convertidos, com os poderes extraordinários transmitidos
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 21 pelo derramamento do Espírito no dia de Pentecostes. Podemos receber ânimo deste exemplo, orando a Deus, para que dê as graças renovadoras do Espírito Santo a todos aqueles por cujo bem-estar espiritual estamos interessados, pois elas incluem todas as bênçãos. Nenhum homem pode dar o Espírito Santo impondo as suas mãos, mas podemos orar deste modo e devemos empregar os maiores esforços para instruir aqueles por quem oramos. Simão, o mago, ambicionava ter a honra de um apóstolo, mas não se interessava em absoluto por ter o espírito e a disposição do cristão. Desejava mais ter honra para si, do que fazer o bem ao próximo. Pedro lança-lhe em rosto o seu delito. Estimava a riqueza deste mundo, como se correspondessem às coisas que se relacionavam à outra vida, e desejava comprar o perdão dos pecados, o dom do Espírito Santo e a vida eterna. Este era um erro condenatório de tal magnitude, que de maneira nenhuma se harmonizaria com o estado de graça. Nossos corações são aquilo que são diante dos olhos de Deus, que não pode ser enganado, e se não podem ser justos diante de seus olhos, nossa religião é vã e de nada nos serve. O coração orgulhoso e cobiçoso não pode ser justo diante de Deus. Pode ser que um homem ande sob o poder do pecado, ainda que se revista de uma aparente forma de santidade. Quando fores tentado com dinheiro para fazer algo mal, observe quão perecível é o dinheiro e despreze-o. Não penses que o cristianismo é um meio de vida para se ganhar dinheiro neste mundo. Há muita maldade no pensamento do coração, falsas noções, afetos corruptos, e maus projetos, dos quais devemos nos arrepender ou estaremos acabados. Porém, se nos arrependermos, serão perdoados. Aqui se duvida da sinceridade do arrependimento de Simão, não de seu perdão, se o seu arrependimento foi sincero. Conceda-nos, Senhor, um tipo de fé diferente daquela que fez Simão somente entusiasmar-se, mas não santificar o seu coração. Faça com que aborreçamos todo pensamento de fazer a religião servir os propósitos do orgulho ou da ambição. Guarda-nos, Senhor, contra este veneno sutil do orgulho
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 22 espiritual, que busca glória para si mesmo, mesmo através da humildade. Faça com que busquemos somente a honra que vem de ti. Vv. 26-40. Felipe recebeu instruções para ir ao deserto. Às vezes, Deus abre uma porta de oportunidades para os seus ministros nos lugares menos prováveis. Devemos pensar em fazer o bem àqueles que nos fazem companhia quando viajamos. Não devemos ser tão tímidos com os estranhos, como alguns costumam ser. Quanto a estes, a quem não conhecemos, saibamos que possuem almas. A sabedoria dos homens de negócios é remir o tempo para os deveres santos; aproveitar cada minuto com algo que traga benefícios. Ao ler a Palavra de Deus devemos fazer freqüentes pausas para perguntar de quem e de que falam os escritores sagrados, mas os nossos pensamentos devem ocupar-se principalmente no Redentor. O etíope foi convencido, através dos ensinos do Espírito Santo, a respeito do exato cumprimento das Escrituras; compreendeu a natureza do reino do Messias e sua salvação, e desejou ser contado entre os discípulos de Cristo. Aqueles que buscam a verdade e dedicam tempo para esquadrinhar as Escrituras, podem ter a certeza de que colherão benefícios. A aceitação do etíope deve ser entendida como expressando uma confiança pura em Cristo para a salvação, e uma devoção a Ele sem limites. Não nos basta adquirir fé como o etíope, através do estudo diligente das Santas Escrituras e dos ensinos do Espírito de Deus, se não nos dermos por satisfeitos até que tenhamos os seus princípios estabelecidos em nossos corações. Assim que o etíope foi batizado, o Espírito de Deus levou Felipe, e o etíope não voltou a vê-lo. Porém, isto ajudou a confirmar sua fé. Quando aquele que busca salvação familiariza-se com Jesus e com o seu Evangelho, irá por seu caminho regozijando-se, e desempenhará a sua função na sociedade cumprindo seus deveres, por outros motivos e de uma maneira diferente daquela que apresentava até então. Ainda que sejamos batizados com água no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, não será o suficiente sem o batismo no Espírito
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 23 Santo. Senhor, concede isto a cada um de nós; então iremos por nosso caminho regozijando-nos.
Atos 9 Versículos 1-9: A conversão de Saulo; 10-22: Saulo se converte e prega a Cristo; 23-31: Saulo é perseguido em Damasco e vai para Jerusalém; 32-35: A cura de Enéias; 36-43: A ressurreição de Dorcas. Vv. 1-9. Saulo estava tão mal informado, que pensava ter de fazer o que pudesse contra o nome de Cristo, e que com isso fazia um serviço a Deus; parece que ele se fundamentava nisto. Não percamos a esperança da graça renovadora para a conversão dos piores pecadores, nem permitamos que estes percam a esperança na misericórdia de Deus, que perdoa os maiores pecados. É um sinal do favor divino, por meio da obra interior de sua graça ou pelas ações exteriores de sua providência, impedir-nos de continuar ou executar objetivos pecaminosos. Saulo viu o Justo (22.14 e 26.13). Quão próximo de nós está o mundo invisível! Se Deus descortina o véu, os objetos se apresentam à vista, comparados com os quais, tudo o que mais se admira na terra será vil e desprezível. Saulo submeteu-se sem reservas, desejoso de saber o que o Senhor Jesus queria que ele fizesse. As revelações de Cristo às pobres almas são humilhantes; as abatem profundamente com pobres pensamentos sobre si mesmas. Saulo não comeu durante três dias, e Deus se agradou em deixá-lo sem alívio durante esse tempo. Agora seus pecados foram colocados de modo ordenado diante dele; estava em trevas em relação ao seu próprio estado espiritual, e o seu espírito estava ferido pelo pecado. Quando o pecador é levado a uma percepção adequada de seu estado e conduta, lança-se totalmente à misericórdia do Salvador, perguntando-lhe: O que desejas que eu faça, Senhor? Deus dirige o pecador humilhado, e ainda que não costume levar os transgressores ao gozo e à paz de crer sem dor, nem intranqüilidade de consciência, sob os quais a alma é profundamente comprometida com as coisas eternas, de qualquer modo,
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 24 bem-aventurados são aqueles que semeiam com lágrimas, porque eles colherão com gozo. Vv. 10-22. Uma boa obra foi começada na vida de Saulo quando foi levado aos pés de Cristo com estas palavras: Senhor, que queres que eu faça? Cristo jamais desprezou alguém que chegasse a esse ponto. Contemple o fariseu orgulhoso, o opressor impiedoso, o blasfemo atrevido, orando! Até hoje acontece o mesmo com o infiel orgulhoso ou com o pecador abandonado. Que novas felizes são estas para todos aqueles que entendem a natureza e o poder da oração, de uma oração que apresenta o pecador humilhado rogando as bênçãos da salvação gratuita! Agora começou a orar de uma maneira diferente da que fazia antes, quando apenas pronunciava palavras de oração; agora orava de fato. A graça regeneradora leva as pessoas a orar; é mais fácil encontrar um homem vivo que não respire, do que encontrar um crente que não ore. Porém, mesmo os discípulos eminentes como Ananias às vezes vacilam diante das ordens do Senhor. Contudo, a glória do Senhor é superar as nossas pequenas expectativas e mostrar que aqueles que consideramos objetos de sua vingança, são vasos de sua misericórdia. O ensino do Espírito Santo elimina do entendimento as escamas da ignorância e do orgulho; então, o pecador passa a ser uma nova criatura e dedica-se a recomendar aos seus antigos companheiros, o Salvador ungido, o Filho de Deus. Vv. 23-31. Quando entramos no caminho de Deus, devemos esperar provas; porém, o Senhor sabe livrar o santo e também dará, com a prova, o escape. A conversão de Saulo foi e é prova da verdade do cristianismo, mas não podia por si mesma converter uma alma que se encontrava em inimizade com a verdade; nada pode produzir a fé verdadeira, senão este poder que recria o coração. Os crentes têm a tendência de suspeitar excessivamente daqueles contra os quais têm preconceitos. O mundo está cheio de engano, é necessário ser cauteloso, e devemos exercer a caridade (1 Co 13.5). O Senhor esclarece o caráter dos crentes verdadeiros, os une ao seu povo, e
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 25 lhes dá a oportunidade de testemunharem de sua verdade diante daqueles que foram testemunhas de seu ódio. Agora Cristo apareceu a Saulo e lhe ordenou que saísse rapidamente de Jerusalém, porque deveria ser enviado aos gentios (veja o capítulo 22.21). As testemunhas de Cristo não podem morrer enquanto não tiverem terminado seus testemunhos. As perseguições foram suportadas. Aqueles que professavam o Evangelho andaram retamente e gozaram de muito consolo da parte do Espírito Santo, na esperança e paz do Evangelho, e outros foram ganhos para este. Viveram do consolo do Espírito Santo, não somente nos dias de transtornos e aflições, mas também nos dias de repouso e prosperidade. É mais provável que aqueles que caminham com cautela, caminhem com mais gozo. Vv. 32-35. Os cristãos são santos, ou povo santo; não somente os eminentes como Pedro e Paulo, mas todo sincero professo da fé em Cristo. Ele escolheu pacientes com enfermidades incuráveis, conforme o curso natural, para mostrar quão desesperadora é a situação da humanidade caída. Ele enviou a sua Palavra para nos curar quando éramos completamente fracos, como este pobre homem. Pedro não pretende curar por poder próprio, mas dirige Enéias a olhar para Cristo em busca de ajuda. Ninguém diga que como é Cristo que realiza todas as obras em nós, pelo poder de sua graça, não temos obra para fazer nem dever para cumprir; ainda que Jesus Cristo te cure, deves levantar-te e usar o poder que Ele te dá. Vv. 36-43. Muitos daqueles que estão cheios de boas palavras estão vazios e estéreis de boas obras; porém, Tabita era uma grande trabalhadora, não uma grande conversadora. Os cristãos que não possuem propriedades para dar como caridade podem realizar outras obras de caridade, trabalhando com as suas mãos, ou indo com os seus pés, para o bem do próximo. São certamente mais elogiados aqueles cujas obras os elogiam, não importando se as palavras dos demais o façam ou não. São ingratos os que não reconhecem o bem que lhes é feito, nem a bondade que lhes é mostrada.
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 26 Enquanto vivermos a plenitude de Cristo para nossa plena salvação, devemos desejar estar cheios de boas obras para a glória do seu nome e para benefício de seus santos. Pessoas com o caráter de Dorcas são úteis onde quer que morem, porque mostram a excelência da Palavra da verdade por meio de suas vidas. Quão vis são as preocupações de tantas mulheres que não procuram ser distintas, senão no ornamento exterior, e desperdiçam as suas vidas na frívola busca de vestidos e vaidades! O poder uniu-se à Palavra, e Dorcas voltou à vida. Assim é a ressurreição das almas mortas à vida espiritual: o primeiro sinal de vida é abrir os olhos da mente. Aqui vemos que o Senhor pode compensar toda perda, que Ele governa cada acontecimento para o bem daqueles que confiam nEle, e para a glória do seu nome.
Atos 10 Versículos 1-8: Cornélio recebe ordens de mandar buscar a Pedro; 9-18. A visão de Pedro; 1933: Pedro vai à casa de Cornélio; 34-43: Seu sermão a Cornélio; 44-48: O derramamento dos dons do Espírito Santo. Vv. 1-8. Até agora ninguém havia sido batizado na Igreja cristã, exceto judeus, samaritanos e os prosélitos que foram circuncidados e observavam a lei cerimonial; agora, os gentios eram chamados a participar de todos os privilégios do povo de Deus, sem ter que primeiramente tornarem-se judeus. A religião pura e sem contaminação, às vezes, é encontrada onde menos esperamos. Onde quer que o temor de Deus reine no coração, se manifestará em obras de caridade e piedade, sem que uma seja escusa da outra. Cornélio tinha fé verdadeira na Palavra de Deus, à medida que a entendia, ainda que não possuísse uma fé clara em Cristo. Esta foi a obra do Espírito de Deus, pela mediação de Jesus Cristo ainda antes que Cornélio o conhecesse, como acontece com todos nós, que antes estávamos mortos em pecado, quando somos vivificados. Por meio de Cristo, as suas orações e esmolas, que de outra maneira seriam rejeitadas, também foram aceitas. Cornélio foi obediente à visão
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 27 celestial, sem discutir nem demorar. Não percamos tempo nos assuntos de interesse da nossa alma. Vv. 9-18. Os preconceitos de Pedro contra os gentios o impediriam de ir à casa de Cornélio, se o Senhor não o tivesse preparado para este serviço. Dizer a um judeu que Deus havia ordenado que estes animais fossem reconhecidos como limpos, quando até agora eram considerados imundos, era dizer efetivamente que a lei de Moisés estava terminada. Logo foi concedido a Pedro o seu significado. Deus sabe quais são os serviços que temos a fazer, sabe como nos preparar, e entenderemos o significado daquilo que Ele nos tem ensinado quando encontrarmos ocasião para usá-lo. Vv. 19-33. Quando percebemos claramente que somos chamados a determinado serviço, não devemos nos confundir com dúvidas e escrúpulos que surjam de prejulgamentos ou de idéias anteriores. Cornélio reunira seus amigos para que participassem com ele da sabedoria celestial que esperava de Pedro. Não devemos desejar comer sozinhos nossas porções espirituais. Devemos considerá-las como dadas e recebidas, e em sinal de bondade e respeito para com nossos parentes e amigos, devemos convidá-los a unirem-se a nós nos exercícios religiosos. Cornélio declara a ordem que Deus lhe deu de mandar buscar a Pedro. Estamos corretos em nossos objetivos ao auxiliarmos um ministério do Evangelho, quando o fazemos com reverência à ordem divina, que nos pede que façamos uso desta ordenança. Com quão pouca freqüência se pede aos ministros que falem a estes grupos, por menores que sejam, dos quais pode-se dizer que estão todos presentes à vista de Deus, para ouvir todas as coisas que Deus manda! Contudo, estes estavam prontos para ouvir o que Deus mandou Pedro dizer. Vv. 34-43. A aceitação não pode ser obtida sobre outro fundamento que não seja o do pacto da misericórdia, pela expiação feita por Cristo; porém, onde quer que se encontre a religião verdadeira, Deus a aceitará sem considerar denominações ou seitas. O temor a Deus e as obras da justiça são a essência da religião verdadeira, os resultados da graça
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 28 especial. Ainda que estes não sejam a causa da aceitação do homem, contudo, a indicam; e o que quer que falte em conhecimento ou fé, lhes será dado no devido momento por aquEle que começou esta boa obra. Em geral eles conheciam a Palavra de Deus, isto é, o Evangelho que Deus enviou aos filhos de Israel. A intenção desta Palavra era que Deus, por seu intermédio, revelasse a boa nova de paz por Jesus Cristo. Eles conheciam os diversos fatos relacionados ao Evangelho. Conheciam o batismo de arrependimento que João pregou. Devem saber que este Jesus Cristo, por quem se faz a paz entre Deus e o homem, é Senhor de tudo; não somente acima de tudo, o Deus bendito pelos séculos dos séculos, como também o Mediador. Toda potestade no céu e na terra está em suas mãos, e a Ele foi confiado todo juízo. Deus estará com aqueles que ungir; estará com aqueles .a quem tenha dado o seu Espírito. Então, Pedro declara a ressurreição de Cristo dentre os mortos, e as suas provas. A fé se refere ao testemunho, e a fé cristã está edificada sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sobre o testemunho dado por eles. Observe no que se deve crer acerca dEle: que todos são responsáveis por prestar contas a Cristo, porquanto é o nosso juiz; assim cada um deve procurar o seu favor e tê-lo como Amigo. Se cremos nEle, todos seremos justificados por Ele como Justiça nossa. A remissão de pecados coloca o fundamento para todos os demais favores e bênçãos, tirando do caminho todo obstáculo à sua concessão. Se o pecado é perdoado, tudo está bem e terminará bem para sempre. Vv. 44-48. O Espírito Santo veio sobre outros depois que foram batizados, para confirmá-los na fé, porém, sobre estes gentios desceu antes que fossem batizados nas águas, para demonstrar que Deus não se limita a sinais exteriores. O Espírito Santo desceu sobre aqueles que nem sequer estavam circuncidados, nem batizados nas águas. O Espírito Santo é aquEle que vivifica; a carne para nada aproveita. Eles glorificaram a Deus, e falaram de Cristo e dos benefícios da redenção. Qualquer que seja o dom com o qual estejamos dotados, devemos honrar
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 29 a Deus com ele. Os judeus crentes que estavam presentes ficaram atônitos de que o dom do Espírito Santo fosse derramado também sobre os gentios. Devido a noções errôneas das coisas, criamos dificuldades acerca dos métodos da providência e da graça divina. Como foram inegavelmente batizados com o Espírito Santo, Pedro concluiu que não deveria recusar-lhes o batismo nas águas, e a ordenança foi administrada. O argumento é conclusivo: podemos negar o sinal àqueles que têm recebido as coisas significadas pelo sinal? Aqueles que estão familiarizados com Cristo não podem senão desejar mais. Até aqueles que têm recebido o Espírito Santo devem perceber a necessidade de aprender diariamente mais sobre a verdade.
Atos 11 Versículos 1-18: A defesa de Pedro; 19-24: O êxito do Evangelho em Antioquia; 25-30: Os discípulos são chamados cristãos - O socorro enviado à Judéia. Vv. 1-18. O estado imperfeito da natureza humana se manifesta com muita força, quando pessoas santas sentem-se incomodadas até quando ouvem que outras receberam a Palavra de Deus, mas sem prestar atenção ao seu método. Temos a tendência de perder a esperança de fazer o bem àqueles que, ao serem provados, mostram que não têm o desejo de ser ensinados. A causa da ruína e prejuízo da Igreja é excluir dela, e dos benefícios dos meios da graça, aqueles que não são como nós em tudo. Pedro contou todo o passado. Em todo momento devemos suportar as fraquezas de nossos irmãos, e em lugar de ofender ou responder de modo frágil, devemos explicar os motivos e mostrar a natureza de nossos procedimentos. É correta a pregação por meio da qual o Espírito Santo é concedido aos ouvintes. Ainda que os homens sejam muito zelosos em seus próprios regulamentos, devem se guardar de resistir a Deus; e aqueles que amam ao Senhor o glorificarão quando estiverem certos de que Ele tem concedido o arrependimento para a vida, a todos os nossos
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 30 semelhantes pecadores. O arrependimento é um dom de Deus; a sua livre graça não somente o aceita; sua graça onipotente opera em nós, a graça retira o coração de pedra e nos dá um de carne. O sacrifício para Deus é um espírito quebrantado. Vv. 19-24. Os primeiros pregadores do Evangelho em Antioquia foram dispersos desde Jerusalém por causa da perseguição; desse modo fez-se com que aquilo que pretendia causar dano a Igreja, trabalhasse para o seu bem. A ira do homem se transforma em louvor a Deus. O que os ministros do Senhor devem pregar senão a Cristo, crucificado e glorificado? A pregação deles foi acompanhada de poder divino. A mão do Senhor estava com eles para levar aos corações e consciências dos homens, o que somente se podia dizer ao ouvido exterior. Eles creram e foram convencidos da verdade do Evangelho. Converteram-se de uma maneira carnal e indolente de viver a uma vida santa, espiritual e celestial. Converteram-se de adorarem a Deus para serem vistos e do formalismo, a adorá-lo em e espírito e em verdade. Converteram-se ao Senhor Jesus, que passou a ser tudo para eles. Esta foi a obra de conversão realizada neles, e que deve ser efetuada em cada um de nós. Foi fruto da fé deles; todos aqueles que crerem sinceramente se converterão ao Senhor. Quando se prega ao Senhor Jesus com clareza, e conforme as Escrituras, Ele dará êxito; e quando os pecadores são desta maneira levados ao Senhor, os homens realmente bons, que estão cheios de fé e do Espírito Santo, contemplarão e se regozijarão na graça de Deus, concedida a eles. Barnabé estava cheio de fé, da graça da fé, e dos frutos da fé que operam por amor. Vv. 25-30. Até agora os seguidores de Cristo eram chamados discípulos, isto é, aprendizes, estudantes; porém, a partir desta época, foram chamados cristãos. O significado apropriado deste nome é seguidor de Cristo; denota que a pessoa com pensamento sério abraça a religião de Cristo, crê em suas promessas, e faz com que sua principal
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 31 tarefa seja edificar a sua vida por meio dos preceitos e do exemplo de Cristo. A partir daqui, fica claro que há multidões que adotam o nome de cristãos, às quais não condizem com este nome porque o nome sem a realidade somente aumenta a nossa culpa. Enquanto a profissão de fé sozinha não traz benefícios nem deleites, a posse dela nos dá a promessa para a vida presente e para a vindoura. Concede, Senhor, que os cristãos se esqueçam de outros nomes e outras honras e amem-se uns aos outros, como devem fazer os seguidores de Cristo. Os cristãos verdadeiros compadecer-se-ão de seus irmãos que passam por aflições. Assim gera-se fruto para o louvor e a glória de Deus, se toda a humanidade fosse verdadeiramente cristã, com quanto júbilo as pessoas se ajudariam umas às outras! Toda a terra seria como uma grande família, e cada membro se esforçaria para cumprir o seu dever e ser bondoso.
Atos 12 Versículos 1-5: O martírio de Tiago e a prisão de Pedro; 6-11: Pedro é liberto do cárcere por um anjo; 12-19: Pedro vai embora - A fúria de Herodes; 20-25: A morte de Herodes. Vv. 1-5. Tiago era um dos filhos de Zebedeu, a quem Cristo disse que beberia o cálice que Ele iria beber, e seria batizado com o batismo com que Ele seria batizado (Mt 20. 23). Agora estas palavras de Cristo se cumpriram na íntegra: se sofrermos com Cristo, reinaremos com Ele. Herodes mandou prender a Pedro: o caminho da perseguição é morro abaixo, como o de outros pecados; quando os homens estão nEle, não podem ser facilmente detidos. Aqueles que se ocupam em agradar aos homens são presas fáceis de Satanás. Tiago terminou a sua carreira, porém Pedro, estando destinado a novos serviços, estava a salvo, ainda que agora parecesse designado ao próximo sacrifício. Nós, que vivemos em uma geração fria, que não ora, dificilmente temos uma idéia do fervor dos santos homens do passado. Porém, se o Senhor trouxesse à Igreja uma perseguição terrível, como a
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 32 de Herodes, os fiéis em Cristo aprenderiam o que é orar com toda a alma. Vv. 6-11. A consciência tranqüila, a esperança viva e a consolação do Espírito Santo podem manter os homens em paz diante da perspectiva total da morte, mesmo as pessoas que estiveram confusas com os terrores dela. Quando as situações das pessoas são levadas a extremos, então chega o tempo de Deus ajudar. Pedro tinha toda certeza que o Senhor poria fim a esta prova, da maneira que fosse uma glória maior para Deus. Aqueles que são libertos da prisão espiritual devem seguir seu Libertador, como os israelitas quando saíram da casa da escravidão. Não sabiam para onde iam, mas sabiam a quem seguiam. Quando Deus realiza a obra da salvação de seu povo, todos os obstáculos do caminho são superados, e até as portas de ferro se abrirão sozinhas. Esta libertação de Pedro representa a nossa libertação por meio de Cristo, aquEle que não só proclama liberdade aos cativos, mas os tira da prisão. Pedro compreendeu quão grandes coisas Deus havia feito por ele, quando recuperou a sua consciência. Desta maneira, as almas libertas da escravidão espiritual não se dão conta, no início, do que Deus tem feito nelas; muitos daqueles que já possuem a verdade da graça, precisam de provas dela. Quando vier o Consolador, enviado pelo Pai, lhes fará saber, mais cedo ou mais tarde, que mudança bendita tem sido realizada. Vv. 12-19. A providência de Deus dá lugar ao emprego de nossa prudência, ainda que Ele tenha empreendido a execução e o aperfeiçoamento daquilo que começou. Estes cristãos continuaram orando por Pedro, porque eram verdadeiramente fervorosos. Desta maneira, os homens devem orar sempre, sem desanimar. Se almejamos alcançar uma misericórdia, devemos continuar orando por ela. Às vezes, aquilo que desejamos com mais fervor é aquilo em que menos cremos. A lei cristã de negar-se a si mesmo e sofrer por Cristo não revoga a lei natural de cuidar de nossa segurança por meios lícitos. Em épocas de perigo público, todos os crentes têm a Deus como refúgio, um refúgio tão secreto que o mundo não pode encontrá-los. Além do mais, os
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 33 próprios instrumentos da perseguição estão expostos ao perigo; a ira de Deus pesa sobre todos aqueles que se dedicam a esta aborrecível obra. A ira dos perseguidores costuma ser espalhada sobre todos aqueles que estão em seu caminho. Vv. 20-25. Muitos príncipes pagãos reivindicaram e receberam honras divinas; porém, a impiedade de Herodes, que conhecia a Palavra e a adoração do Deus vivo, foi muito mais terrível quando aceitou honras idólatras sem repreender a blasfêmia. Os homens como Herodes, que se incham com orgulho e vaidade, estão amadurecendo rapidamente para a vingança a que estão destinados. Deus é muito zeloso de sua honra e será glorificado naqueles por quem não é glorificado. Observe que corpos vis estamos trazendo conosco; têm neles a semente de sua dissolução, e por ela logo serão destruídos, bastando Deus somente dizer a palavra. Adquiramos sabedoria com o povo de Tiro e Sidom, porque temos ofendido ao Senhor com nossos pecados. Dependemos dEle para viver, respirar e para todas as coisas; certamente convém nos humilharmos diante dEle, para que, por meio do Mediador designado, que está sempre pronto para ser nosso Amigo, possamos ser reconciliados com Ele, para que a ira não nos sobrevenha com todo o seu rigor.
Atos 13 Versículos 1-3: A missão de Paulo e Barnabé; 4-13: Elimas, o encantador; 14-41: O discurso de Paulo em Antioquia; 42-52: Paulo prega aos gentios e é perseguido pelos judeus. Vv. 1-3. Que equipe temos aqui! Vemos nestes homens que o Senhor levanta instrumentos para a sua obra de diversos lugares e posições sociais; o zelo por sua glória induz os homens a renunciar relações e perspectivas promissoras para fomentar a sua causa. Os obreiros de Cristo estão capacitados e dispostos para o seu serviço por seu Espírito, que os tira de outros interesses que lhes serviam de obstáculos. Eles devem dedicar-se à obra de Cristo, e sob a direção do Espírito, agir para a glória de Deus Pai. São separados para
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 34 empreenderem trabalhos árduos, e não para assumir posições sociais no mundo. Buscaram a bênção para Paulo e Barnabé naquilo que empreenderiam, para que fossem cheios com o Espírito Santo na obra que fariam. Não importa que meios sejam usados, ou que regras sejam observadas, somente o Espírito Santo pode capacitar os ministros para a importante obra a que o Senhor os designa, e chamá-los a ela. Vv. 4-13. Satanás está especialmente ocupado com grandes homens e com homens que estão no poder para impedir que sejam religiosos, porque o exemplo deles influencia a muitos. Aqui, pela primeira vez, Saulo é chamado de Paulo, e nunca mais foi chamado de Saulo. Quando era hebreu seu nome era Saulo; como cidadão de Roma, seu nome era Paulo. Sob a influência direta do Espírito Santo, revelou o verdadeiro caráter de Elimas, porém, não de forma emocional. A plenitude do engano e da maldade reunidas podem fazer com que um homem se torne filho do Diabo. Aqueles que são inimigos da doutrina de Jesus são inimigos de toda justiça, porque nela se cumpre toda justiça. O caminho do Senhor é o único caminho reto para o céu e para a felicidade. Há muitos que não somente se desviam deste caminho, mas também colocam outros contra ele. Estes estão freqüentemente tão endurecidos, que não cessarão de fazer o mal. O procônsul ficou, em seu próprio coração e consciência, maravilhado pela força da doutrina, e pelo poder de Deus com que foi confirmada. A doutrina de Cristo deixa as pessoas atônitas; e quanto mais sabemos sobre ela, mais razões teremos para nos maravilharmos com ela. Aqueles que colocam a sua mão no arado e olham para trás não são aptos para o reino de Deus. Aqueles que não estão preparados para enfrentar oposições e suportar dificuldades, não são aptos para a obra do ministério. Vv. 14-31. Quando nos reunimos para adorar a Deus, devemos fazê-lo não somente com oração e louvor, mas também para ler e ouvir a Palavra de Deus. Não basta somente ler as Escrituras nas assembléias
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 35 públicas; elas devem ser expostas e as pessoas exortadas com elas. Isto ajuda as pessoas a fazerem o necessário para tirar proveito da Palavra e aplicá-la a si mesmas. Neste sermão se mencionou tudo que era necessário para que os judeus fossem convencidos da melhor maneira para receberem e abraçarem a Cristo como o Messias prometido. Toda opinião, não importa quão breve ou frágil seja ao falar sobre os tratos do Senhor com sua igreja, nos lembra sua misericórdia e paciência, e a ingratidão e perversidade do homem. Paulo vai de Davi ao Filho de Davi, e demonstra que este Jesus é a sua semente prometida; o Salvador faz por eles, os seus piores inimigos, o que os antigos juizes não podiam fazer para salvá-los de seus pecados. Quando os apóstolos pregavam a Cristo como o Salvador, distavam muito de ocultar a sua morte, tanto é que sempre pregavam a Cristo crucificado. A nossa completa separação do pecado representa que somos sepultados com Cristo. Porém, Ele ressuscitou dentre os mortos e não viu corrupção. Esta era a grande verdade que deveria ser pregada. Vv. 32-37. A ressurreição de Cristo era a grande prova de que Ele é o Filho de Deus. Não era possível que fosse retido pela morte porque é o Filho de Deus, e portanto, tinha a vida em si mesmo a qual não poderia entregar sem o propósito de tornar a tomá-la. A certeza das misericórdias de Davi é a vida eterna, a ressurreição era sinal seguro e as bênçãos da redenção em Cristo ainda são uma primícias certas, mesmo neste mundo. Davi foi uma grande bênção para a época em que viveu. Não nascemos para nós mesmos, porém, ao nosso redor vivem pessoas, as quais devemos ter presentes para servir. Aqui está a diferença: Cristo iria servir a todas as gerações. Olhemos para aquEle que é declarado Filho de Deus por sua ressurreição dentre os mortos, para que, por fé nEle, possamos andar com Deus e servir à nossa geração segundo a sua vontade; e quando a morte chegar, durmamos nEle com a bendita esperança de uma gloriosa ressurreição.
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 36 Vv. 38-41. Todos aqueles que ouvem o Evangelho de Cristo devem saber estas duas coisas: 1. Que através deste Homem, que morreu e ressuscitou, lhes é pregado o perdão dos pecados. Vossos pecados, ainda que sejam muitos e grandes, podem ser perdoados, e podem sê-lo sem prejuízo da honra de Deus. 2. Somente por Cristo, e por ninguém mais, aqueles que crêem nEle são justificados de todas as coisas, e justificados de toda a culpa e mancha do pecado, do qual não puderam ser justificados pela lei de Moisés. O grande interesse dos pecadores convictos é serem justificados, exonerados de toda a sua culpa e aceitos como justos diante dos olhos de Deus, porque se algo ficar a cargo do pecador, estará acabado. Por Jesus Cristo podemos obter a justificação completa, porque por Ele foi feita a completa expiação pelo pecado. Somos justificados por Ele não somente como nosso Juiz, mas também por Ele como Jeová, Justiça nossa. O que a lei não podia fazer por nós, porquanto era frágil, o Evangelho de Cristo faz. Esta é a bênção mais necessária, que traz todas as demais. As ameaças são advertências; o que nos foi dito que sobrevirá aos pecadores impenitentes, está concebido para nos despertar e nos alertar, para que não caia sobre nós. Destrói a muitos que desprezam a fé em Cristo. Aqueles que não se maravilharem e não forem salvos, se assombrarão e perecerão. Vv. 42-52. Os judeus se opunham à doutrina que os apóstolos pregavam, e quando não puderam encontrar algo para objetar, blasfemaram de Cristo e de seu Evangelho. Freqüentemente aqueles que começam contradizendo, terminam blasfemando. Quando os adversários da causa de Cristo são ousados, seus advogados devem ser ainda mais atrevidos. Enquanto muitos não se julgam dignos da vida eterna, outros que parecem menos prováveis desejam ouvir mais da boa nova da salvação. Isto está de acordo com o que foi anunciado no Antigo Testamento. Que luz, que poder, que tesouro, este Evangelho traz consigo! Quão
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 37 excelentes são suas verdades, seus preceitos e suas promessas! Vieram a Cristo aqueles a quem o Pai trouxe, e aqueles a quem o Espírito fez o chamamento eficaz (Rm 8.30). Todos aqueles que estavam ordenados para a vida eterna, preocupados com a sua situação vindoura e queriam assegurar a vida eterna, creram em Cristo, em quem Deus havia guardado a vida, e que é o único caminho a ela; e foi a graça de Deus que operou neles. É bom ver mulheres nobres devotas; quanto menos tenham a fazer neste mundo, mais devem fazer por suas próprias almas, e pela alma do próximo; porém, é triste que elas procurem mostrar ódio a Cristo sob o pretexto da devoção a Deus. Quanto mais nos deleitamos com as consolações e exortações que encontramos no poder e na santidade, e quanto mais cheios os nossos corações estiverem com estes, melhor preparados estaremos para enfrentar as dificuldades da profissão da santidade.
Atos 14 Versículos 1-7: Paulo e Barnabé em Icônio; 8-18: A cura de um paralítico em Listra – O povo deseja oferecer sacrifícios a Paulo e Barnabé; 19-28: Paulo é apedrejado em Listra – Nova visita às igrejas. Vv. 1-7. Os apóstolos falavam com tanta simplicidade, demonstração do Espírito e poder, tão calidamente e com tanto interesse pelas almas dos homens, que aqueles que os ouviam não podiam senão dizer que verdadeiramente Deus estava com eles. Porém, o êxito não deveria ser atribuído ao estilo de pregar, mas ao Espírito de Deus que usava esse meio. A perseverança em fazer o bem em meio aos perigos e dificuldades é uma bendita demonstração de graça. Para onde quer que os servos de Deus sejam levados, devem falar a verdade. Quando iam no nome e no poder de Cristo, Ele não deixava de dar testemunho da Palavra da sua graça. Nos assegura que é a Palavra de Deus e que podemos julgar a nossa alma por ela. Os gentios e os judeus estavam em inimizade uns contra os outros, mas unidos contra os cristãos. Se os inimigos da Igreja se unem para destruí-la, os seus amigos
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 38 não se unirão para preservá-la? Deus tem um refúgio para o seu povo em caso de tormenta: Ele mesmo é e será o seu refúgio. Em épocas de perseguição, os crentes podem ter motivos para sair de um lugar, ainda que não deixem a obra de seu Mestre. Vv. 8-18. Todas as coisas são possíveis para aquele que crê. Quando temos fé, dom tão precioso de Deus, seremos livres da falta da defesa espiritual em que nascemos, e do domínio dos costumes pecaminosos que se formam à medida que crescemos; seremos capacitados para nos colocarmos de pé e andar jubilosos nos caminhos do Senhor. Quando Cristo, o Filho de Deus, manifestou-se à semelhança dos homens, e realizou muitos milagres, os homens estavam tão distantes de oferecer-lhe sacrifício, que ofereceram-no como sacrifício para a soberba e maldade deles. Contudo, Paulo e Barnabé foram tratados como deuses por terem realizado um milagre. O mesmo poder do deus deste mundo, que fecha a mente carnal contra a verdade, faz com que o erro e os equívocos sejam facilmente admitidos. Não lemos que tenham rasgado os seus vestidos quando o povo falou em apedrejá-los, mas quando falaram de adorá-los; eles não puderam tolerar isto, pois estavam mais preocupados com a honra de Deus do que com a sua própria honra. A verdade de Deus não necessita dos serviços da falsidade do homem. Os servos de Deus podem obter facilmente honras indevidas, se cederem aos erros e vícios dos homens; porém, devem aborrecer e detestar este respeito mais do que qualquer reprovação por parte dos homens. Quando os apóstolos pregaram aos judeus que odiavam a idolatria, só tiveram que pregar a graça de Deus em Cristo; porém, quando pregaram aos gentios, tiveram que corrigir os erros da religião natural. Compare a conduta e a declaração deles com as opiniões daqueles que pensam falsamente que a adoração a Deus, sob qualquer nome ou de qualquer maneira, é também aceitável para o Todo-Poderoso.
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 39 Os argumentos de maior força, os discursos mais fervorosos e afetuosos, até mesmo acompanhados com milagres, bastam apenas para resguardar os homens de absurdos e abominações; muito menos são capazes de, sem a graça especial, voltar os corações dos pecadores a Deus e à santidade. Vv. 19-28. Observe quão incansável era a fúria dos judeus contra o Evangelho de Cristo. O povo apedrejou Paulo em um tumulto popular. Tão forte é a inclinação do coração corrupto que por um lado, com extrema dificuldade os homens se abstêm do mal, e por outro, com muita facilidade são persuadidos a fazer o mal. Se Paulo fosse Mercúrio, poderia ser adorado, mas sendo um fiel ministro do Senhor, deveria ser apedrejado e lançado para fora da cidade. Assim, pois os homens que facilmente se submetem a fortes ilusões, detestam receber a verdade com amor. Todos aqueles que são convertidos, precisam ser confirmados na fé; todos os que são plantados precisam criar raízes. A obra dos ministros é estabelecer os santos e despertar os pecadores. A graça de Deus, e nada menos do que ela, estabelece eficazmente as almas dos discípulos. Podemos esperar por muitas tribulações, mas é bom saber que não estamos perdidos, e que não pereceremos nelas. A pessoa a cujo poder e graça eram encomendados os convertidos e as Igrejas recém estabelecidas, era claramente o Senhor Jesus "em quem todos creram". Foi um ato de adoração. Todo o elogio pelo pouco bem que fazemos em qualquer momento, deve ser atribuído a Deus, porque Ele não somente opera em nós tanto o querer como o efetuar, mas também trabalha conosco para que alcancemos o êxito. Todos os que amam ao Senhor Jesus se regozijarão ao ouvir que Ele tem aberto de par em par a porta da fé àqueles que eram alheios a Ele e à sua salvação. Como os apóstolos, habitemos com aqueles que conhecem e amam ao Senhor.
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry)
40
Atos 15 Versículos 1-6. A disputa suscitada pelos mestres judaizantes; 721: O concílio de Jerusalém; 22-35: A carta do concílio; 36-41: Paulo e Barnabé se separam. Vv. 1-6. Alguns da Judéia ensinavam aos gentios convertidos de Antioquia que não poderiam ser salvos a menos que observassem toda a lei cerimonial, tal como fora dada por Moisés; deste modo procuravam destruir a liberdade cristã. Temos uma estranha tendência de pensar que aqueles que não agem como nós, fazem tudo de maneira má. A doutrina deles era muito desalentadora. Os homens sábios e bons desejam evitar as contendas e os debates até onde podem, mas quando os falsos mestres se opõem às principais verdades do Evangelho ou trazem doutrinas nocivas, não devemos deixar de resisti-los. Vv. 7-21. Das palavras "purificando os seus corações pela fé" e do sermão de Pedro, entendemos que a justificação pela fé e a santificação pelo Espírito Santo não podem ser separadas, e que ambas são dom de Deus. Temos uma razão muito grande para bendizer a Deus, porque ouvimos o Evangelho. Tenhamos essa fé que o grande Esquadrinhador dos corações aprova, e que o selo do Espírito Santo certifica. Então os nossos corações e a nossa consciência serão purificados da culpa do pecado, e seremos libertos das cargas que alguns procuram lançar sobre os discípulos de Cristo. Paulo e Barnabé demonstraram, através de atos comprovados, que Deus reconheceu a pregação do puro Evangelho aos gentios, sem a lei de Moisés; portanto, impor-lhes esta lei seria desfazer o que Deus havia feito. A opinião de Tiago era que os convertidos gentios não deveriam ser molestados pelos rituais judaicos, mas deveriam abster-se de carnes oferecidas aos ídolos, para com isso demonstrarem o ódio que tinham pela idolatria. Além disto, deveriam ser advertidos contra a fornicação, que não era aborrecida pelos gentios como devia ser, e que até fazia parte de alguns de seus rituais. Aconselhou-lhes a se absterem de comer animal sufocado, e de comer sangue; isto era proibido pela lei de Moisés,
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 41 e também aqui, por reverência ao sangue dos sacrifícios, que sendo então oferecido, insultaria desnecessariamente os judeus convertidos e prejudicaria ainda mais os judeus não convertidos. Porém, como o motivo destas ordenanças cessou há muito tempo, somos livres deste mandamento, assim como o somos de assuntos semelhantes. Os convertidos devem ser precavidos para que evitem toda a aparência dos males que antes praticavam ou de outros que provavelmente sejam tentados; e são advertidos a usarem a liberdade cristã com moderação e prudência. Vv. 22-35. Tendo a segurança de se declararem dirigidos pelo poder imediato do Espírito Santo, os apóstolos e os discípulos tiveram a certeza de que parecia bem ao Espírito Santo, e a eles, não impor aos convertidos, seja por conta própria ou pelas circunstâncias presentes, outra carga além das coisas necessárias que foram mencionadas. Foi um consolo ouvir que já não lhes seriam impostas as ordenanças carnais, que confundiam consciências, sem poder purificá-las nem pacificá-las; e aqueles que antes perturbavam as suas mentes foram calados, de modo que a paz da Igreja foi restaurada, e aquilo que era ameaça de divisão foi suprimido. Tudo isto foi um consolo pelo qual bendisseram a Deus. Havia muitos outros em Antioquia. Onde muitos trabalham na Palavra e na doutrina, ainda podem haver oportunidades para nós: o zelo e a utilidade do próximo devem nos estimular, não nos adormecer. Vv. 36-41. Aqui temos uma discussão particular de dois ministros; nada menos que Paulo e Barnabé, porém, feita para terminar bem. Barnabé desejava que o seu sobrinho João Marcos fosse com eles. Devemos suspeitar que somos parciais e vigiarmos em relação a isto, quando dermos preferência aos nossos parentes. Paulo não considerava digno da honra nem apto para o serviço quem havia se separado deles sem que o soubessem, ou sem o consentimento deles (capítulo 13.13). Nenhum deles cedia, e portanto, não houve remédio senão separarem-se. vemos que os melhores homens não são nada além de homens, sujeitos a
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 42 paixões como nós. Talvez tenha havido falhas de ambos os lados, como é habitual acontecer em contendas. Somente o exemplo de Cristo é imaculado. Mas não devemos pensar que é raro haver diferenças até mesmo entre homens sábios e bons. Será assim enquanto estivermos neste estado imperfeito; nunca seremos todos unânimes até que cheguemos no céu. Contudo, quanta maldade os remanescentes do orgulho e da paixão fazem no mundo e na Igreja, e são encontrados até mesmo nos melhores homens! Muitos dos que habitavam em Antioquia, que pouco ou nada sabiam da devoção e piedade de Paulo e Barnabé, souberam da disputa e separação deles; assim acontecerá conosco se cedermos à discórdia. Os crentes devem orar constantemente para que, por causa dos vestígios do temperamento ímpio, nunca sejam levados a trazer danos à causa que realmente desejam servir. Paulo fala com estima e afeto de Barnabé e Marcos, em suas epístolas escritas depois deste acontecimento. Que todos os que professam o teu nome, ó amado Salvador, sejam completamente reconciliados por esse amor que vem de ti, que não se deixa provocar com facilidade e que se esquece rapidamente das injúrias, enterrando-as.
Atos 16 Versículos 1-5: Paulo leva Timóteo para que seja seu assistente; 615: Paulo passa à Macedônia – A conversão de Lídia; 16-24: Um espírito imundo é expulso – Paulo e Silas são açoitados e encarcerados; 25-34: A conversão do carcereiro de Filipos; 35-40: Paulo e Silas são libertos. Vv. 1-5. A Igreja pode esperar muitos bons serviços de ministros jovens, que tenham o mesmo espírito de Timóteo. Contudo, quando os homens não se sujeitam em nada, nem se obrigam a nada, parece que faltaram os principais elementos do caráter cristão; e há muita razão para crer que não ensinarão com êxito as doutrinas e os preceitos do Evangelho. Sendo o desígnio do decreto deixar de lado a lei cerimonial, e as suas ordenanças na carne, os crentes foram confirmados na fé cristã porque foi estabelecida uma forma espiritual de servir a Deus, adequada
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 43 para a natureza de Deus e do homem. Assim, a Igreja crescia diariamente em número. Vv. 6-15. O itinerário dos ministros e o seu labor na dispensação dos meios da graça, estão submetidos particularmente à condução e à direção divina. Devemos seguir a providência, e se ela não nos permitir realizar alguma coisa que procuremos fazer, devemos submetermo-nos e crer que é para o melhor. O povo necessita de muita ajuda para as suas almas, e é o seu dever buscá-la e convidar dentre os ministros aqueles que possam ajudá-los. Os chamados de Deus devem ser atendidos com presteza. Os adoradores de Deus deveriam ter uma assembléia solene no dia de repouso. Aqueles que não têm igreja disponível devem agradecer pelos lugares mais privados e recorrer a eles sem abandonar as reuniões, de acordo com as suas oportunidades. Entre os ouvintes de Paulo havia uma mulher chamada Lídia. Tinha um trabalho honesto, que o historiador registra para elogio dela. Mesmo que desempenhasse esse trabalho, encontrava tempo para fazer aquilo que beneficiava a sua alma. Dizer que temos um negócio para administrar não nos escusará dos deveres religiosos; não temos também um Deus para servir e almas para cuidar? A religião não nos tira de nossos trabalhos no mundo, mas nos dirige neles. O orgulho, o préjulgamento e o pecado deixam de fora as verdades de Deus, até que a sua graça lhes abra caminho para o entendimento e para os afetos; somente o Senhor pode abrir os nossos corações, para que recebamos e creiamos em sua Palavra. Devemos crer em Jesus Cristo; não há acesso a Deus Pai, senão através do Filho como Mediador. Vv. 16-24. Ainda que Satanás seja o pai da mentira, declara as verdades mais importantes quando por elas pode servir os seus propósitos. Os ímpios e os falsos pregadores do Evangelho fazem muita maldade aos verdadeiros servos de Cristo, por serem confundidos como sendo um deles pelos observadores indiferentes. Aqueles que fazem o
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 44 bem, tirando os homens do pecado, devem esperar ser insultados como alvoroçadores da cidade. Enquanto ensinarem os homens a temerem a Deus, a crerem em Cristo, a abandonarem o pecado e levarem vidas santas, serão acusados de ensinar maus costumes. Vv. 25-34. Os consolos de Deus para os seus servos que sofrem não são poucos nem pequenos. Quão mais felizes são os cristãos verdadeiros do que os seus prósperos inimigos! Mesmo que estejamos em profundas dificuldades e em trevas, devemos clamar a Deus. Não há lugares nem tempos que sejam maus para orar, se o coração for elevado a Deus. Nenhum problema, por mais penoso que seja, deve nos impedir de louvar a Deus. Demonstra-se que o cristão é de Deus, pelo fato de serem obrigados a ser retos em suas vidas. Paulo gritou fortemente para que o carcereiro escutasse, e o fez atendê-lo dizendo: Não te faças dano. Todas as advertências da Palavra de Deus contra o pecado, todas as suas aparências e todas as suas aproximações têm esta tendência. Homem, mulher, não te faças dano; não te firas, porque ninguém mais pode ferir-te; não peques, porque nada pode ferir-te senão isto. Ainda com referência ao corpo, somos advertidos contra os pecados que lhe causam danos. A graça que converte, muda a linguagem do povo e a torna igual à das boas pessoas e dos bons ministros. Quão grave é a pergunta do carcereiro! Sua salvação se converte em seu grande interesse, o que está mais próximo do seu coração é aquilo que antes mais distava dos seus pensamentos. Está preocupado coma sua alma preciosa. Aqueles que estão totalmente convencidos de seus pecados e verdadeiramente interessados em sua salvação, se entregarão a Cristo. Aqui está o resumo de todo o Evangelho, o pacto da graça, em poucas palavras: "Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa". O Senhor abençoou tanto a Palavra, que o carcereiro imediatamente abrandou-se e humilhou-se. Tratou-os com bondade e compaixão, e ao professar a fé em Cristo foi batizado nesse nome, juntamente com a sua família. O Espírito de graça operou uma fé tão forte neles, que dissipou
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 45 toda dúvida posterior; e Paulo e Silas souberam pelo Espírito, que Deus havia feito uma obra neles. Quando os pecadores assim se convertem, amarão e honrarão àqueles que antes desprezavam e odiavam, e procurarão amenizar os sofrimentos que antes desejavam agravar. Quando os frutos da fé começam a aparecer, os terrores são substituídos pela confiança e pelo gozo em Deus. Vv. 35-40. Mesmo que Paulo estivesse disposto a sofrer pela causa de Cristo, e sem nenhum desejo de vingar-se, preferiu não partir levando a equivocada acusação de ter merecido um castigo; portanto, pediu para ser despedido de maneira honrosa. O apóstolo não insistiu em uma mera questão de honra, mas de justiça, e não somente para ele, mas também para com a sua causa. Quando se dá a explicação apropriada, os cristãos nunca devem expressar descontentamento pessoal, nem insistir nas reparações pessoais. O Senhor os fará mais que vencedores em todos os conflitos; ao invés de serem esmagados por seus sofrimentos, eles se tornarão consoladores de seus irmãos.
Atos 17 Versículos 1-9: Paulo em Tessalônica; 10-15: A nobre conduta dos habitantes da Beréia; 16-21: Paulo em Atenas; 22-31: Paulo prega em Atenas; 32-34: A conduta ímpia dos atenienses. Vv. 1-9. A tendência e o âmbito da pregação e dos argumentos de Paulo, eram provar que Jesus é o Cristo. Ele deveria sofrer por nós, porque de outro modo não poderia adquirir a nossa redenção, e deveria ressuscitar, porque de outro modo não poderia aplicar-nos a redenção. Devemos pregar que Jesus é o Cristo; portanto, podemos esperar ser salvos por Ele e estamos comprometidos a ser comandados por Ele. Os judeus incrédulos estavam irados porque os apóstolos pregavam aos gentios e estes poderiam ser salvos. Quão estranho é que os homens invejem que outros recebam os privilégios que eles próprios não aceitam! Nem os governantes nem o povo deveriam perturbar-se pelo aumento dos cristãos verdadeiros, mesmo que os espíritos alvoroçadores
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 46 façam da religião um pretexto para as más intenções. Devemos tomar cuidado com os tais, e nos distanciar deles para demonstrar o nosso desejo de agir corretamente na sociedade, enquanto reivindicamos o nosso direito de adorar a Deus, segundo a nossa consciência. Vv. 10-15. Os judeus da Beréia aplicaram-se seriamente ao estudo da Palavra pregada a eles. Não somente ouviam Paulo pregar no dia do repouso, mas examinavam diariamente as Escrituras, e comparavam o que liam com os acontecimentos que lhes eram relatados. A doutrina de Cristo não teme a investigação; os advogados de sua causa desejam que as pessoas examinem completa e eqüitativamente se as coisas são ou não são assim. Aqueles que fazem das Escrituras a sua regra e a consultam sempre, são realmente os mais nobres. Oxalá todos os ouvintes do Evangelho venham a ser como os de Beréia, recebendo a Palavra com agilidade mental e investigando diariamente as Escrituras, certificandose deste modo se as coisas que lhes são pregadas estão de acordo. Vv. 16-21. Naquela ocasião Atenas era famosa por sua refinada erudição, sua filosofia e belas artes, mas ninguém é mais infantil e supersticioso, mais ímpio ou mais incrédulo que algumas pessoas consideradas eminentes por seu saber e habilidade. A cidade estava totalmente entregue à idolatria. O zeloso advogado da causa de Cristo está disposto a alegar em seu favor, a toda classe de pessoas, conforme tenha ocasião. A maioria destes homens doutos não deu crédito a Paulo; porém, alguns, cujos princípios eram os que mais diretamente contrariavam o cristianismo, fizeram comentários sobre ele. O apóstolo sempre tratava de dois pontos que, indiscutivelmente, são as principais doutrinas do cristianismo: Cristo e o estado futuro. Cristo, nosso caminho; e o céu, nosso destino final. Eles consideravam isto como algo muito diferente do conhecimento ensinado e professado em Atenas durante muitos séculos; desejaram saber mais a respeito, porém, somente porque era algo novo e raro. Levaram-no ao lugar onde estavam os juízes que indagavam sobre estes assuntos. Perguntaram sobre a doutrina de Paulo, não porque fosse
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 47 boa, mas porque era nova. Os grandes debatedores são sempre muito curiosos. Aqueles que assim passam o tempo, e em nada mais, têm uma conta muito desagradável a prestar pelo tempo que desperdiçaram desta forma. O tempo é precioso e temos de empregá-lo bem, porque a eternidade depende dele, porém muito se desperdiça em conversações que não trazem nenhum proveito. Vv. 22-31. Aqui temos um sermão para os pagãos que adoravam falsos deuses e estavam no mundo sem o Deus verdadeiro; e para eles, o alcance deste discurso era diferente daquele que o apóstolo pregava para os judeus. Neste último caso, sua tarefa era guiar os seus ouvintes por profecias e milagres, ao conhecimento do Redentor e à fé nEle; no anterior era levá-los a conhecer o Criador pelas obras comuns da providência, e a adorá-lo. O apóstolo se referiu a um altar que tinha visto, no qual havia a inscrição: "Ao Deus desconhecido". Este fato foi atestado por muitos escritores. Após multiplicarem ao máximo o número de seus ídolos, algumas pessoas de Atenas pensaram que havia outro Deus, do qual nada sabiam. E ainda hoje há muitos que se dizem cristãos, zelosos em suas devoções, mesmo que o grande objeto de sua adoração seja um Deus desconhecido. Observe as coisas gloriosas que Paulo disse aqui desse Deus ao qual servia, e desejava que eles servissem. O Senhor havia tolerado por muito tempo a idolatria, mas agora os tempos desta ignorância estavam chegando ao fim, e por intermédio de seus servos manda a todos os homens de todas as panes que se arrependam de sua idolatria. Todas as seitas dos homens doutos devem ter se sentido sumamente afetada pelo discurso do apóstolo, que tinha a intenção de demonstrar o vazio ou a falsidade de suas doutrinas. Vv. 32-34. O apóstolo foi tratado com mais civismo aparente em Atenas do que em outras partes. porém ninguém desprezou mais a sua doutrina ou tratou-a com mais indiferença. O tema que mais merece a atenção, entre todos, é aquele a quem menos atenção é dada. Aqueles que zombam, terão de sofrer as. conseqüências, porque a Palavra nunca,
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 48 voltará vazia. Se perceberá que alguns apegam-se ao Senhor, e escutam aos seus servos fiéis. Considerar o juízo vindouro, e a Cristo como nosso juiz, deveria instar a todos a se arrependerem do pecado e voltarem-se a Ele. Qualquer que seja o tema comentado, todos os discursos devem levar a Ele, e mostrar sua autoridade. Nossa salvação e ressurreição vêm dEle e por Ele.
Atos 18 Versículos 1-6. Paulo em Corinto, com Áqüila e Priscila; 7-11: Paulo continua pregando em Corinto; 12-17: Paulo perante Gálio; 1823: Paulo visita Jerusalém; 24-28: Apolo ensina em Éfeso e Acaia. Vv. 1-6. Ainda que tivesse o direito de ser sustentado pelas igrejas que plantou, e pelas pessoas a quem pregava, Paulo trabalhava em seu ofício. Ninguém deve olhar com desprezo para o trabalho honesto, pelo qual um homem pode obter o seu pão diário. Ainda que os judeus dessem fortunas ou conhecimento aos seus filhos, tinham por costume fazer com que estes aprendessem um ofício. Paulo teve o cuidado de evitar preconceitos. O amor de Cristo é o vínculo perfeito dos santos, e a comunhão dos santos entre si adoça o trabalho, diminui o desprezo e até mesmo a perseguição. A maioria dos judeus persistiu em contradizer o Evangelho de Cristo e blasfemou. Eles mesmos não criam, e faziam o possível para impedir que outros cressem. Paulo deixou-os aqui; não renunciou a sua obra porque ainda que Israel não fosse redimido, Cristo e o seu Evangelho são gloriosos. Os judeus não podem se queixar, porque receberam a primeira oferta. Quando alguém resiste ao Evangelho, devemos nos voltar para outras pessoas. A tristeza por muitos persistirem na incredulidade não deve impedir a gratidão pela conversão de alguns a Cristo. Vv. 7-11. O Senhor conhece os que são seus, sim, e aqueles que o serão, porque por sua obra neles é que chegam a ser seus. Não percamos a esperança em relação a algum lugar, porque Cristo tinha muitos,
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 49 mesmo na malvada Corinto. Ele reunirá o seu rebanho escolhido de todos os lugares onde estiverem espalhados. Assim, animado, o apóstolo continuou em Corinto e ali cresceu uma igreja numerosa e florescente. Vv. 12-17. Paulo demonstraria que não ensinava os homens que adorar a Deus era contrário à lei, porém, o juiz não permitiu que os judeus se queixassem a ele sobre aquilo que não estava dentro de seu ofício. Era correto que Gálio deixasse os judeus livres em relação aos assuntos relacionados com sua religião, porém, não deveria permitir que perseguissem outros sob este pretexto. Não soava bem ele falar com menosprezo de uma lei e de uma religião, sabendo que eram de Deus, e com as quais deveria ter se familiarizado. A maneira em que se deve adorar a Deus, se Jesus é o Messias, e se o Evangelho é revelação divina, não são questões de palavras e de nomes, mas de tremenda importância. Gálio fala como se sentisse orgulho por sua ignorância das Escrituras, como se a lei de Deus não fosse digna de que ele a levasse em consideração. Ele não se interessou por nenhuma destas coisas. Se ele não se interessasse pelas afrontas cometidas contra os homens maus, seria até mesmo louvável; porém, se não se interessasse pelos abusos cometidos contra os homens bons, a sua indiferença seria exagerada. Aqueles que vêem e ouvem os sofrimentos do povo de Deus, e não sentem nada por eles, não se compadecem nem oram por eles, são do mesmo espírito de Gálio, que não se interessava por nenhuma destas coisas. Vv. 18-23. Paulo sabia que o seu trabalho não era vão, por isso continuava trabalhando. Nossos tempos estão nas mãos de Deus; nós propomos, mas Ele dispõe; portanto, devemos prometer sujeição à vontade dEle, não somente se a providência o permitir, mas mesmo que Deus não dirija os nossos movimentos de outro modo. É um grande refrigério para o ministro fiel ter a companhia de seus irmãos por certo tempo. Os discípulos estão cercados por enfermidades; os ministros devem fazer o que puderem para fortalecê-los, dirigindo-os a Cristo, que é a Força deles. Procuremos fervorosamente, em nossos diversos postos,
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 50 contribuir para o avanço da causa de Cristo, fazendo planos que nos pareçam mais apropriados, e confiando que o Senhor fará que se concretizem segundo a sua vontade. Vv. 24-28. Apolo ensinava o Evangelho de Cristo até onde o ministério de João o havia deixado, e nada além disso. Não podemos deixar de pensar que ele sabia da morte e da ressurreição de Cristo, mas não estava informado acerca de seu ministério. Mesmo que não possuísse os dons milagrosos do Espírito Santo, como os apóstolos, usava os dons que possuía. A dispensação do Espírito, qualquer que seja a sua medida, é dada a cada homem para seu completo benefício. Era um pregador avivado e afetuoso, de espírito fervoroso. Estava cheio de zelo pela glória de Deus e pela salvação de almas preciosas. Aqui havia um homem de Deus completo, cabalmente dotado para a obra. Áqüila e Priscila animaram o seu ministério e o ajudaram. Não desprezaram Apolo, nem o desmereceram diante de outros, mas consideraram as desvantagens sob as quais trabalhava. Tendo eles próprios adquirido conhecimento sobre as verdades do Evangelho por sua larga relação com Paulo, disseram-lhe aquilo que sabiam. Os estudantes mais jovens podem aprender muito conversando com os cristãos mais velhos. Aqueles que crêem por meio da graça continuam precisando de ajuda. Enquanto estiverem neste mundo haverá vestígios de incredulidade, algo que falta em sua fé para que seja aperfeiçoada, e para completar o trabalho da fé. Se os judeus tivessem se convencido de que Jesus é o Cristo, até a sua própria lei teria lhes ensinado a ouvi-lo. O trabalho dos ministros é pregar a Jesus. Não somente pregar a verdade, mas prová-la e defendê-la com mansidão, ainda que com poder.
Atos 19 Versículos 1-7: Paulo instrui aos discípulos de João em Éfeso; 812: Paulo ensina ali; 13-20: Os exorcistas judeus caem em desgraça; 21- 31: O tumulto em Éfeso; 32-31: O tumulto é apaziguado.
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 51 Vv. 1-7. Paulo encontrou em Éfeso algumas pessoas religiosas, que consideravam a Jesus como o Messias. Não haviam sido levadas a esperar os poderes milagrosos do Espírito Santo, nem lhes haviam informado que o Evangelho era especialmente a ministração do Espírito. contudo, pareciam dispostos a receber bem esta notícia. Paulo lhes demonstra que João nunca pretendeu que aqueles que eram batizados por ele parassem neste ponto; mas dizia-lhes que deveriam crer naquEle que viria depois dele, isto é, em Jesus Cristo. Eles aceitaram agradecidos esta revelação, e foram batizados em nome do Senhor Jesus. O Espírito Santo desceu sobre eles de modo surpreendente e impetuoso: falaram em línguas e profetizaram, como faziam os apóstolos e os primeiros convertidos gentios. Mesmo agora que continuamos desfrutando poderes milagrosos, todos os que professam ser discípulos de Cristo devem examinar se têm recebido o selo do Espírito Santo com suas influências santificadoras, para a sinceridade de sua fé. Muitos parecem não haver escutado que há um Espírito Santo, e muitos consideram que é uma ilusão tudo o que se diz de sua graça e suas consolações. Dos tais pode perguntar-se com propriedade: "Em que fostes batizados?". Porque evidentemente desconhecem o significado deste sinal exterior de que dependem tanto. Vv. 8-12. Quando as discussões e as persuasões somente endurecem os homens na incredulidade e blasfêmia, devemos nos separar, nós e outros, desta ímpia companhia. Agradou a Deus confirmar o ensino destes santos varões dos tempos passados, para que se os seus ouvintes não cressem neles, poderiam crer por suas obras. Vv. 13-20. Era comum, especialmente entre os judeus, que as pessoas expulsassem espíritos malignos. Se resistirmos ao Diabo por fé em Cristo, ele fugirá de nós; porém, se pensarmos em resistir-lhe mesmo usando o nome de Cristo, ou suas obras, mas como conjuro ou encantamento, Satanás nos vencerá. Onde há verdadeira contrição pelo pecado, haverá uma livre confissão de pecado a Deus em toda oração; e
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 52 confissão à pessoa que temos ofendido, quando o caso assim requerer. Se a Palavra de Deus prevalecer entre nós, com toda certeza muitos livros licenciosos, infiéis e maus serão queimados por seus donos. Estes convertidos de Éfeso não se levantarão no juízo contra os professos que negociam com tais obras por amor a um ganho ou que se permitem ter tal literatura? Se desejamos ser honestos na grande obra da salvação, devemos renunciar a todo trabalho e desejo que prejudique o efeito do Evangelho na mente, ou que enfraqueça o seu domínio no coração. Vv. 21-31. O povo que vinha de longe para prestar culto no templo de Éfeso, comprava pequenos santuários de prata ou modelos do templo, para levarem para suas casas. Observe aqui como os artesãos se aproveitavam da superstição do povo, e serviam aos seus propósitos mundanos com isto. Os homens são zelosos com aquilo por meio do que obtêm as suas riquezas, e muitos se colocam contra o Evangelho de Cristo porque este tira os homens de todas as suas práticas más, por maior que seja o ganho que obtenham através delas. Existem pessoas que defendem coisas grosseiramente absurdas, irracionais e falsas, pelas quais têm somente ao seu lado o interesse mundano, como neste caso em que eram deuses feitos pelas mãos de artífices. Toda a cidade estava cheia de confusão, que é o efeito comum e natural do zelo pela falsa religião. O zelo pela honra de Cristo e o amor pelos irmãos exorta os crentes zelosos a enfrentarem perigos. Muitas vezes surgem amigos dentre aqueles que são alheios à verdadeira religião, porque estes vêem a conduta honesta e coerente dos cristãos. Vv. 32-41. Os judeus afastaram-se deste tumulto. Aqueles que assim se preocupam em distinguir-se dos servos de Cristo agora, temendo serem confundidos com eles, terão a correspondente condenação no grande dia. Por fim, um que tinha autoridade silenciou o barulho. Uma boa regra em todos os momentos, tanto para os assuntos públicos como pessoais, é não se apressar para agir, mas dedicar tempo
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 53 para pensar e para manter as nossas paixões sempre controladas. Devemos conservar a serenidade e não fazer nada com aspereza nem precipitação, para não nos arrependermos depois. Os métodos habituais da lei devem sempre deter os tumultos populares, fato que acontecerá nas nações bem governadas. A maioria das pessoas se maravilha diante dos juízos dos homens, mais do que diante dos juízos de Deus. Que bom seria se deste modo silenciássemos as nossas paixões e apetites desordenados, considerando a conta que deveremos prestar dentro de pouco tempo ao Juiz do céu e da terra! Observe como a suprema providência de Deus, por um poder inexplicável sobre os espíritos dos homens, mantém a paz pública. Assim o mundo é mantido com certa ordem e os homens são refreados para que não se consumam uns aos outros. Basta apenas olharmos à nossa volta para ver homens que se comportam como Demétrio e os artífices. Contender com animais selvagens é tão seguro quanto contender com os homens enfurecidos pelo zelo partidário e pela cobiça decepcionada, que pensam que todos os argumentos ficam sem respostas, quando têm mostrado que eles se enriquecem por meio de práticas pelas quais surgiu oposição. Qualquer que seja o lado que este espírito adote nas disputas religiosas, ou qualquer que seja o nome que utilize, é tão mundano que deve ser repudiado por todos os que guardam a verdade e a piedade. Não desfaleçamos: o Senhor do alto é mais poderoso do que o ruído de muitas águas; Ele pode aquietar a fúria do povo.
Atos 20 Versículos 1-6. As viagens de Paulo; 7-12: A vida de Êutico é restaurada; 13-16. Paulo viaja para Jerusalém; 17-27: O sermão de Paulo aos anciãos de Éfeso; 28-38: A despedida deles. Vv. 1-6. Os tumultos ou a resistência podem constranger o cristão a sair de seu lugar de trabalho ou mudar os seus propósitos, mas sua obra e prazer serão os mesmos aonde quer que vá. Paulo concluiu que valia a
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 54 pena dedicar cinco dias para ir a Troas, mesmo que tivesse de ficar sete dias lá; porém, sabia redimir o tempo de viagem fazendo com que ele se tornasse algo proveitoso. Convém que também façamos deste modo em nossas viagens e em nossa vida cotidiana. Vv. 7-12. Os discípulos liam, meditavam, oravam e cantavam a sós, mantendo assim sua comunhão com Deus, mas também se reuniam para adorá-lo e manter a comunhão uns com os outros. Reuniam-se no primeiro dia da semana, o dia do Senhor. Este dia, por influência da época, passou a ser religiosamente observado por todos os discípulos de Cristo. No partir do pão comemora-se não somente o corpo de Cristo partido por nós, para ser sacrifício por nossos pecados; mas representa o corpo de Cristo partido por nós como alimento e festa para as nossas almas. Nos primeiros tempos costumava-se receber a ceia do Senhor semanalmente, celebrando assim a memória da morte de Cristo. Paulo pregou nesta assembléia. A pregação do Evangelho deve estar unida aos sacramentos. Eles estavam dispostos a ouvir; Paulo percebeu isto e estendeu o seu sermão até à meia-noite. Adormecer enquanto se ouve a Palavra não é bom, sinal de pouca estima para com a Palavra de Deus. Devemos fazer o que pudermos para não dormir; não devemos dormir, mas devemos fazer com que o nosso coração seja tocado pela palavra que ouvimos de modo que lancemos fora o sono. A enfermidade requer ternura, mas o desprezo merece severidade. Interrompeu a pregação do apóstolo, mas para confirmar a sua pregação. Êutico reviveu. Como não sabiam quando teriam novamente a companhia de Paulo, aproveitaram-na ao máximo que puderam e reconheceram que perder uma noite de sono seria bom para tal propósito. Quão raramente se perdem horas de repouso com o propósito da devoção, e com quanta freqüência se faz por mera diversão ou jogatina! É tão difícil que a vida espiritual floresça no coração do homem, e é tão natural que ali floresçam os costumes carnais!
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 55 Vv. 13-16. Paulo se apressou para ir a Jerusalém, e procurou fazer o bem no caminho, quando ia de um lugar a outro, como deve fazer todo homem bom. Muitas vezes devemos contrariar a nossa vontade e a de nossos amigos ao fazermos a obra de Deus; não devemos gastar tempo com eles quando o dever nos chama a outro lado. Vv. 17-27. Os anciãos sabiam que Paulo não era homem interessado em si mesmo, nem manipulador. Aqueles que servem ao Senhor em algum ofício de forma aceitável e proveitosa para o próximo, devem fazê-lo com humildade. Ele era um pregador simples, alguém que expressava a mensagem de maneira que fosse entendida. Ele era um pregador poderoso, pregava o Evangelho como um testemunho favorável a eles se o recebessem; porém, como testemunho contrário a eles, se o rejeitassem. Era um pregador útil, que tinha a intenção de informar os juízos de Deus para que os ouvintes tivessem os seus corações e vidas transformados. Era um pregador sofrido, muito esforçado em sua obra; pregador fiel, que não retinha a censura quando eram necessárias, nem deixava de pregar a cruz; um pregador realmente cristão e evangélico, que não pregava sobre temas ou noções duvidosas, nem sobre os assuntos do estado ou do governo civil; pregava a fé e o arrependimento. Não se pode fazer um resumo melhor destas coisas sem as quais não há salvação: o arrependimento para com Deus, e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, com seus frutos e efeitos. Nenhum pecador pode escapar sem eles, e ninguém que os tenha ficará sem receber a vida eterna. Não pensemos que Paulo partiu da Ásia por medo da perseguição; ele estava esperando problemas, mas resolveu seguir adiante certo de que era por ordem divina. Graças a Deus não sabemos as coisas que nos acontecerão durante o ano, a semana, ou o dia que começa. Para o filho de Deus, basta saber que sua força será igual ao seu dia. O filho de Deus não sabe e não quer saber o que o dia trará. As influências poderosas do Espírito Santo enlaçam o cristão verdadeiro com o seu dever. Ainda que espere perseguição e aflição, o amor de Cristo o constrange a seguir. Nenhuma destas coisas tirou Paulo de sua
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 56 tarefa, nem lhe privaram de seu consolo. A atividade de nossa vida é prover o necessário para que tenhamos uma morte feliz. Crendo que esta seria a última vez que o veriam, Paulo defende a sua integridade, dizendo-lhes que havia pregado todo o conselho de Deus. Pregara-lhes o Evangelho puro, por completo; ele realizou fielmente a sua obra, não importando se os homens o suportavam ou o rejeitavam. Vv. 28-38. Se o Espírito Santo tem preparado ministros supervisores do rebanho, isto é, pastores, eles devem ser leais à sua tarefa. Que considerem o interesse de seu Mestre pelo rebanho, encarregado aos seus cuidados: é a Igreja que Ele comprou com o seu sangue. O sangue era seu enquanto homem; tão íntima é a união da natureza divina e da humana, que aqui é chamado sangue de Deus, porque era o sangue daquEle que é Deus. Isto lhe confere tal valor e dignidade suficiente para resgatar os crentes de todo o mal, e adquirir tudo o que é bom. Paulo falou sobre as suas almas com afeto e preocupação. Estavam muito preocupados por saber o que seria deles. Paulo levaos a olhar para Deus com fé, e encomenda-os à Palavra da graça de Deus, não somente como fundamento de sua esperança e fonte de gozo, mas como regra de seu viver. Os cristãos mais experientes ainda são capazes de crescer e concluirão que a Palavra da graça ajuda em seu crescimento. como os que não estão santificados não podem ser hóspedes bem vindos para o Santo Deus, assim o céu não será céu para estes, mas para todos aqueles que nasçam de novo, e em quem a imagem de Deus tem sido renovada, posto que o poder onipotente e a verdade eterna assim o fazem. Ele coloca-se a si mesmo como exemplo para eles, para que não se preocupem com as coisas deste mundo presente; concluirão que isto lhes ajudará a dar um passo confortável através dele. Poderia parecer uma palavra dura, por isto Paulo acrescenta uma Palavra de seu Mestre, da qual deseja que sempre se recordem: "Mais bemaventurado é dar do que receber", parecem ser palavras freqüentemente
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 57 usadas com os seus discípulos. A opinião dos filhos deste mundo é contrária a isto; eles temem dar, a menos que esperem receber. O ganho financeiro explícito é para eles a coisa mais bendita que pode existir; porém, Cristo nos disse que dar é mais bem-aventurado e mais excelente. Nos faz como Deus, que dá a todos e não recebe nada de ninguém; e ao Senhor Jesus que andava fazendo o bem. Que também esteja em nós o sentimento que havia em Cristo Jesus. É bom que os amigos se despeçam, e orando. Aqueles que se exortam e oram uns pelos outros podem ter muitos momentos de pranto e separações dolorosas; porém, se reunirão diante do trono de Deus, para que nunca mais se separarem. Para todos foi um consolo que a presença de Cristo tenha ido com Paulo e também tenha ficado com eles.
Atos 21 Versículos 1-7. A viagem de Paulo a Jerusalém; 8-18: Paulo em Cesaréia. A profecia de Ágabo – Paulo em Jerusalém; 19-26. Convencido de cumprir as cerimônias; 27-40: Correndo perigo pela causa dos judeus, é resgatado pelos romanos. Vv. 1-7. Devemos reconhecer o agir da providência quando as coisas nos vão bem. Aonde quer que Paulo fosse, perguntava quantos discípulos havia ali e os procurava. Prevendo os problemas de Paulo, por amor a ele, e por se preocuparem com a Igreja, eles pensaram equivocadamente que seria mais para a glória de Deus que continuasse livre, e zelo deles para dissuadi-lo tornou a santa resolução de Paulo ainda mais ilustre. Ele nos tem ensinado com o seu exemplo e por sua regra, a orar sem cessar. O último adeus deles foi adoçado com oração. Vv. 8-18. Paulo fora expressamente advertido sobre os seus problemas, para que quando estes chegassem, não fosse surpresa nem terror para ele. Devemos estar atentos a esta mesma informação geral, que nos é dada, de que devemos entrar no reino dos céus através de muita tribulação. O pranto deles começou a enfraquecer e a desanimar a resolução dos que estavam com Paulo. Nosso Mestre não nos disse que
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 58 tomemos a nossa cruz? Para Paulo foi um problema o fato de eles o pressionarem com tanta insistência para fazer algo que não podia fazer para atendê-los, sem prejudicar a sua própria consciência. Quando percebemos que os problemas se aproximam, não somente devemos dizer: que a vontade de Deus se cumpra, pois não há mais remédio, mas devemos dizer: que a vontade de Deus se cumpra, porque a sua vontade é sua sabedoria, e Ele faz tudo de acordo com o seu conselho. Quando a vontade de Deus se cumpre com a chegada de um problema, isto deve apaziguar a nossa tristeza e silenciar os nossos temores, sabendo que a vontade do Senhor se cumprirá. Digamos: Amém, que se cumpra. É honroso ser um antigo discípulo de Jesus Cristo, haver sido capacitado pela graça de Deus para continuar por longo tempo no curso do dever, ser constante e crescente na fé, e experimentando uma boa velhice. Todas as pessoas deveriam optar por habitar com os discípulos mais velhos, porque a multidão de seus anos ensinará sabedoria. Muitos irmãos de Jerusalém receberam Paulo alegremente. Pensamos que, quem sabe se o tivéssemos conosco, o receberíamos com gozo; porém, não o faríamos se tendo a sua doutrina, não a recebêssemos com gozo. Vv. 19-26. Paulo atribui todo o seu êxito a Deus e dá o louvor a Ele. Deus o havia honrado mais que a todos os outros apóstolos, porém, eles não o invejavam, pelo contrário, glorificavam ao Senhor por ele. Eles não podiam fazer mais que exortar a Paulo, para que alegremente continuasse a sua obra. Tiago e os anciãos da igreja de Jerusalém pediram a Paulo que satisfizesse aos judeus crentes com o cumprimento de algum requisito da lei cerimonial. Eles concluíram que seria prudente que ele se conformasse até esse ponto. Foi uma grande fraqueza querer tanto a sombra quando havia chegado a essência. A religião que Paulo pregava não tinha a tendência de destruir a lei, mas de cumpri-la. Ele pregava a Cristo, o fim da lei pela justiça, pelo arrependimento e pela fé, com que temos de usar muito a lei. A fraqueza e a maldade do coração humano aparecem fortemente quando
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 59 consideramos quantos, sendo discípulos de Cristo, não tiveram a devida consideração para com o ministro mais eminente que já viveu. Nem a excelência de seu caráter, nem o êxito com que Deus abençoou o seu trabalho, fizeram com que ele ganhasse a estima e o afeto deles, pois viam que não rendia o mesmo respeito que eles rendiam às observâncias cerimoniais. Quão cuidadosos devemos ser com os pré-julgamentos! Os apóstolos não foram livres da culpa em tudo o que fizeram, e seria difícil defender Paulo da acusação de ceder demasiadamente nesta matéria. É vão tentar conseguir o favor dos mais zelosos ou fanáticos de um partido. Esta observância de Paulo não serviu, para o propósito que esperava de apaziguar os judeus; provocou-os e o envolveu em problemas, mas o Deus onisciente não leva em consideração o conselho deles e a observância de Paulo, para servir a um propósito melhor do que se pensava. Era vão tentar agradar aos homens que não se agradariam com nada, senão com a destruição do cristianismo. É mais provável que a integridade e a retidão nos preservem mais do que as observâncias mentirosas. Isto deveria nos advertir a não pressionarmos os homens para fazerem o contrário ao seu próprio juízo para nos agradar. Vv. 27-40. No templo, onde Paulo deveria estar protegido por ser um lugar seguro, foi violentamente atacado. Acusaram-no falsamente de má doutrina e de maus costumes contra as cerimônias mosaicas. Não é nada novo para aqueles que têm intenções honestas e que agem de acordo com as regras, serem acusados de coisas que não conhecem e sobre as quais nunca pensaram. É comum para o sábio e bom, que as pessoas más o acusem daquilo que acreditavam que poderia agradá-las. Deus costuma fazer com que aqueles que não o querem, mas se compadecem daqueles que sofrem e se preocupam com a paz pública, protejam o seu povo. Observe aqui como muitos se retiram, com noções falsas e equivocadas sobre as pessoas boas e os bons ministros. Entretanto, Deus intervém oportunamente para assegurar os seus servos contra os homens maus e irracionais; e lhes dá a oportunidade de falarem
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 60 defendendo o Redentor e difundirem amplamente o seu glorioso Evangelho.
Atos 22 Versículos 1-11: Paulo relata sua conversão; 12-21: Paulo é dirigido a pregar aos gentios; 22-30: A fúria dos judeus – Paulo alega que é cidadão romano. Vv. 1-11. O apóstolo se dirigiu à multidão enfurecida, com o seu costumeiro estilo de respeito e boa vontade. Paulo relata com muitos detalhes a história da sua vida pregressa, comenta que a sua conversão foi por completo um ato de Deus. Os pecadores condenados são cegados pelo poder das trevas, uma cegueira perdurável, como a dos judeus incrédulos. Os pecadores convencidos de seus pecados, são cegados, como Paulo, não pelas trevas, mas pela luz. Por um tempo são levados à perda dentro de si mesmos, mas é para que o seu ser seja iluminado. O simples relato dos cuidados do Senhor para conosco, levando-nos da oposição a professar e contribuir para o progresso do seu Evangelho, se for feito com um espírito reto, e do modo correto, costuma impressionar mais do que os discursos elaborados, ainda que equivalha a uma plena prova da verdade, como é demonstrada na transformação realizada na vida do apóstolo. Vv. 12-21. O apóstolo passa a relatar como foi confirmado, na transformação que havia sofrido. Havendo o Senhor escolhido o pecador, para que conheça a sua vontade, é humilhado, iluminado e levado ao conhecimento de Cristo e de seu bendito Evangelho. Aqui Cristo é chamado de Justo, porque é Jesus Cristo, o Justo. Aqueles que Deus escolhe para que conheçam a sua vontade, devem olhar para Jesus, porque por Ele, Deus nos tem dado a conhecer a sua boa vontade. O grande privilégio do Evangelho, selado em nós pelo batismo, é o perdão dos pecados. Sede batizados e lavai-vos dos vossos pecados, isto é, recebei o consolo do perdão dos vossos pecados em Jesus Cristo e por meio dEle, recebei a sua justiça para esse fim, e o poder contra o pecado,
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 61 para a mortificação das vossas corrupções. Batizai-vos, mas não vos apoieis no sinal; assegurai-vos daquilo que realmente é importante, da eliminação da imundícia do pecado. O grande dever do Evangelho, ao qual estamos ligados por nosso batismo, é buscar o perdão de nossos pecados no nome de Cristo, dependendo dEle e de sua justiça. Deus mostra aos seus trabalhadores se o dia e o lugar são apropriados para que eles desempenhem o serviço a que foram designados, ainda que seja contrário à sua vontade. A providência nos administra melhor que nós mesmos; devemos nos encomendar à direção de Deus. Se Cristo manda a alguém, seu Espírito vai com ele e concede que este veja os frutos dos seus labores, mas nada pode reconciliar o coração do homem com o Evangelho fora da graça especial de Deus. Vv. 22-30. Os judeus ouviram o relato que Paulo fez sobre a sua conversão, mas a menção de que era enviado aos gentios era tão contrária a todos os pré-julgamentos nacionais que não quiseram ouvir mais. A frenética conduta deles impressionou o oficial romano, e este supôs que Paulo teria cometido algum imenso delito. Paulo alegou o seu privilégio de cidadão romano, que o eximia de todos os juízos e castigos que poderiam forçá-lo a confessar-se culpado. Sua maneira de falar demonstra claramente de quanta segurança santa e serenidade mental desfrutava. Como Paulo era um judeu que estava em circunstâncias adversas, o oficial romano o interrogou como para saber como ele havia alcançado tão valiosa distinção, e o apóstolo lhe disse que havia nascido livre. valorizemos a liberdade na qual todos os filhos de Deus nascem; nenhuma soma de dinheiro, por maior que seja, pode comprar esta liberdade para os que não foram regenerados. Isto imediatamente pôs um fim ao seu problema. Desta maneira, muitos são impedidos de cometerem coisas más por temor ao homem, quando o temor a Deus não os impediria. O apóstolo simplesmente pergunta, é lícito? Sabia que o Deus a quem servia o sustentaria em todos os sofrimentos por amor de seu nome; mas se não fosse lícito, a religião do apóstolo o dirigiria a
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 62 evitá-lo, se fosse possível. Ele nunca se recusou a levar uma cruz que o seu Mestre divino tenha colocado em seu caminho, nem deu um passo fora desse caminho por levar uma cruz.
Atos 23 Versículos 1-5: A defesa de Paulo diante do concílio dos judeus; 611: Paulo recebe a garantia divina de que irá a Roma; 12-24: Os judeus conspiram para matá-lo – Lísias manda-o a Cesaréia; 25-35: A carta de Lísias a Félix. Vv. 1-5. Observe aqui o caráter de um homem honesto. Ele coloca Deus diante de si, e vive como diante dos seus olhos. Toma consciência do que diz e faz, resguarda-se do mal conforme o melhor de seu discernimento, e se apega ao que é bom. É consciente de todas as suas palavras e também de sua conduta. Aqueles que assim vivem diante de Deus, podem, como Paulo, confiar em Deus e não temer o homem. Mesmo que a resposta de Paulo tivesse uma justa reprovação e um anúncio, ele parece ter estado muito aborrecido pelo tratamento que recebeu ao dá-la. Pode-se falar da faltas dos grandes homens, e pode-se efetuar queixas públicas de uma maneira apropriada, mas a lei de Deus requer respeito por aqueles que estão em autoridade. Vv. 6-11. Os fariseus estavam corretos acerca da fé da igreja judaica. Os saduceus não eram amigos das Escrituras, nem da revelação divina; eles negavam o estado futuro; não tinham esperança da felicidade eterna, nem temor da miséria eterna. Quando Paulo foi questionado por ser cristão, pôde dizer verazmente que havia sido questionado pela esperança da ressurreição dos mortos. Nele foi justificável, por esta confissão de sua opinião sobre este ponto debatido, fazer que os fariseus parassem de perseguí-lo e levá-los a protegerem-no desta violência ilícita. Com quanta facilidade Deus pode defender a sua própria causa! Mesmo que os judeus parecessem estar perfeitamente de acordo em sua conspiração contra a religião, contudo, estavam influenciados por motivos muito diferentes. Não há verdadeira amizade entre os maus, e
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 63 em algum momento Deus pode facilmente transformar a união deles em inimizade declarada. As consolações divinas sustentaram Paulo na maior paz, e o capitão o resgatou das mãos dos homens cruéis, mas não pôde dizer porque. Não devemos temer aqueles que estejam contra nós, se o Senhor está conosco. A vontade de Cristo é que os seus servos fiéis estejam sempre jubilosos. Paulo poderia pensar que nunca mais veria Roma, porém, Deus lhe disse que até nisso ele terá satisfação, posto que deseja ir até lá somente pela honra de Cristo e para fazer o bem. Vv. 12-24. Os falsos princípios religiosos, adotados pelos homens carnais, nos instam a uma tal maldade, da qual dificilmente poderia se supor que a natureza humana fosse capaz. Porém, o Senhor desbarata prontamente os planos de iniqüidade mais bem elaborados. Paulo sabia que a providência divina atua por meios razoáveis e prudentes, e que se ele deixasse de lado o uso dos meios que possuía em seu poder, não poderia esperar que a providência de Deus operasse a seu favor. Aquele que não se ajuda a si mesmo conforme os meios e poder que possui, não tem razão nem revelação para assegurar-se de que receberá ajuda de Deus. Crendo no Senhor seremos resguardados de toda a má obra, nós e os nossos, e seremos guardados para o seu reino. Pai celestial, dá-nos esta fé preciosa por teu Espírito Santo, por amor a Cristo. Vv. 25-35. Deus tem instrumentos para toda obra. As habilidades naturais e as virtudes morais do pagão têm sido freqüentemente empregadas para proteger os seus servos perseguidos. Até os homens do mundo podem discernir entre a conduta consciente dos crentes retos e o zelo dos falsos professos, ainda que rejeitem ou não entendam os seus princípios doutrinários. Todos os corações estão nas mãos de Deus, e aqueles que colocam sua confiança nEle e lhe encomendam os seus caminhos, são abençoados.
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry)
64
Atos 24 Versículos 1-9: O discurso de Tértulo contra Paulo; 10-21: A defesa de Paulo diante de Félix; 22-27: Félix treme diante dos argumentos de Paulo. Vv. 1-9. Aqui vemos a infelicidade dos grandes homens, e a infelicidade de se louvar os serviços destes, muito além de toda medida, sem que se fale fielmente de suas faltas; por isto, se endurecem e se animam no mal, como Félix. Os profetas de Deus foram acusados de serem os perturbadores da terra, e o Senhor Jesus Cristo foi acusado de perverter a nação; as mesmas acusações foram formuladas contra Paulo. As paixões egoístas dos homens os impelem adiante, e as graças e o poder da fala têm sido freqüentemente usados para dirigir mal e prejudicar os homens contra a verdade. Quão diferentes serão os caracteres de Félix e Paulo no dia do juízo, segundo são representados no discurso de Tértulo! Que os cristãos não valorizem o aplauso nem se turbem pelas desaprovações dos homens ímpios, que apresentam os homens mais vis da raça humana, quase como deuses, e como pestes e promotores de sedição, os homens mais excelentes da terra. Vv. 10-21. Paulo faz um justo relato de si mesmo, que o exonera de delito, e igualmente mostra a verdadeira razão da violência contra ele. Não nos retiremos de um caminho bom, por ter má fama. Ao adorarmos a Deus, devemos considerá-lo como o Deus de nossos pais, sem estabelecer nenhuma outra regra de fé ou conduta que não sejam as Escrituras; isto é muito consolador. É mostrado aqui, que haverá uma ressurreição para o juízo final. Os profetas e suas doutrinas tinham de ser provados por seus frutos. O objetivo de Paulo era ter uma consciência livre de ofensas. Seu interesse e finalidade era abster-se de muitas coisas, e em todos os momentos abundar nos exercícios da religião com Deus e com o homem. Se somos acusados de ser mais zelosos com as coisas de Deus do que o nosso próximo, o que respondemos? Nos retraímos diante da acusação? Quantos há no mundo que preferem ser acusados de qualquer fraqueza e
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 65 maldade, e não de um sentimento de amor fervoroso e anelante pelo Senhor Jesus Cristo, e de consagração ao seu serviço? Podem os tais pensar que Cristo os confessará quando vier em sua glória e diante dos anjos de Deus? Se há uma visão aprazível para o Deus de nossa salvação, e uma visão diante da qual os anjos se regozijam, é contemplar um seguidor devoto do Senhor aqui na terra, que reconhece que seria culpável se fosse crime, de amar de todo coração, alma, mente e força ao Senhor que morreu por ele. Não se pode ficar calado ao ver que a Palavra de Deus é desprezada ou quando se escuta o seu nome ser profanado. Este se arriscará, ou melhor se exporá ao ridículo e ao ódio do mundo, antes de ofender a este ser bondoso, cujo amor é melhor que a vida. Vv. 22-27. O apóstolo discorre acerca da natureza e das obrigações da justiça, da temperança e do juízo vindouro, demonstrando assim ao juiz opressor e à sua mulher dissoluta, a necessidade que eles tinham de arrependimento, de perdão e da graça do Evangelho. A justiça, em relação à nossa conduta na vida, particularmente com referência ao próximo. A temperança, o estado e o governo de nossas almas com relação a Deus. O que não se exercita nestas não tem nem a forma nem o poder da piedade, e deve ser afligido com a ira divina no dia da manifestação de Deus. A perspectiva do juízo vindouro é suficiente para fazer o coração mais duro tremer. Félix tremeu, mas isso foi tudo. Muitos dos que se impressionam com a Palavra de Deus, não são transformados por ela. Muitos temem as conseqüências do pecado, mas continuam amando-o e praticando-o. As demoras são perigosas nos assuntos relacionados às nossas almas. Félix postergou este assunto para um momento mais propício, mas não encontramos que ele tenha chegado o momento mais conveniente. Considere que é agora o tempo aceitável: escute hoje a voz do Senhor. Ele se apressou para deixar de ouvir a verdade. Havia um assunto mais urgente para ele que reformar a sua conduta, ou mais importante que a salvação de sua alma! Os pecadores começam, muitas
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 66 vezes como um homem que desperta de seu sono por um ruído forte, mas rapidamente volta a adormecer em seu sono habitual. Não nos deixemos enganar pelas aparências ocasionais em nós mesmos ou no próximo. Acima de tudo não brinquemos com a Palavra de Deus. Esperamos que os nossos corações se abrandem com o passar do tempo, ou que a influência do mundo nele diminua? Não corremos neste momento o perigo de perdermo-nos para sempre? Hoje é o dia da salvação, amanhã pode ser muito tarde.
Atos 25 Versículos 1-12: Paulo diante de Festo – Apela a César; 13-27: Festo consulta Agripa acerca de Paulo. Vv. 1-12. Observe como a maldade é incansável. Os perseguidores consideram como um favor especial a sua maldade ser satisfeita. Pregar a Cristo, o fim da lei, não era ofensa contra a lei. Nos tempos de sofrimento se prova a prudência e a paciência do povo do Senhor. Os inocentes devem insistir em sua inocência. Paulo estava disposto a obedecer aos regulamentos da lei e deixar que seguissem o seu curso. Se merecia a morte, aceitaria o castigo, mas se nenhuma das coisas de que era acusado fosse verdadeira, ninguém poderia entregá-lo a eles com justiça. Paulo não é liberto nem condenado. Este é um caso dos passos lentos que a providência dá, pelos quais costumamos ter as nossas esperanças e os nossos temores envergonhados, e que nos mantém esperando em Deus. Vv. 13-27. Agripa tinha o governo da Galiléia. Quantos juízos injustos e precipitados são condenados pela máxima romana (v. 16)! Este pagão guiado somente pela luz da natureza, seguiu exatamente a lei e os costumes, mas quantos são os cristãos que não seguem as regras da verdade, da justiça e da caridade ao julgar os seus irmãos! As questões sobre a adoração a Deus, o caminho da salvação e as verdades do Evangelho, podem parecer duvidosas e desinteressantes aos homens mundanos e aos políticos.
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 67 Observe com quanta indiferença este romano fala de Cristo, e da grande polêmica entre judeus e cristãos. Porém, se aproxima o dia em que Festo e todo o mundo verão que todos os interesses do império romano eram somente futilidades sem conseqüências, comparados com esta questão da ressurreição de Cristo. Aqueles que tiveram meios de instrução e os desprezaram serão horrivelmente convencidos de seus pecados e viver néscio. Aqui há uma nobre assembléia reunida para ouvir as verdades do Evangelho, ainda que eles só quisessem satisfazer as suas próprias curiosidades assistindo a defesa de um prisioneiro. Ainda hoje há muitos que vão com " grande pompa" a lugares onde se ouve a Palavra de Deus, e muitas vezes sem nenhum motivo além da curiosidade. Mesmo que agora os ministros não sejam prisioneiros que precisam defender as suas vidas, ainda assim há muitos que pretendem julgá-los; desejosos de tomá-los ofensores por uma palavra, ao invés de aprenderem deles a verdade e a vontade de Deus para a salvação de suas almas. A pompa desta assembléia foi apagada pela glória real do pobre prisioneiro no banco dos réus. O que era a honra do fino aspecto deles comparado com a sabedoria, a graça e a santidade de Paulo, sua coragem e a sua constância para sofrer por Cristo! Não é pouca misericórdia que Deus aclare como a luz a nossa justiça, e como o meio-dia o nosso justo comportamento, sem que haja nada certo contra nós. Deus faz com que até os inimigos de seu povo lhes façam o bem.
Atos 26 Versículos 1-11: A defesa de Paulo diante de Agripa; 12-23: Sua conversão e pregação aos gentios; 24-32: Festo e Agripa se convencem da inocência de Paulo. Vv. 1-11. O cristianismo nos ensina a dar a razão da esperança que há em nós, e também a honrar a quem se deve render honras, sem agrados nem temor ao homem. Agripa era bem versado nas Escrituras do Antigo Testamento, portanto, podia julgar melhor a polêmica de que
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 68 Jesus é o Messias. Certamente os ministros podem esperar, quando pregam a fé de Cristo, ser ouvidos com paciência. Paulo confessa que ele ainda aderia a tudo que era bom daquilo em que foi primeiramente educado e preparado. Observe aqui qual era a sua religião. Era um moralista, um homem virtuoso, e não havia aprendido os ardis dos astutos fariseus cobiçosos; ele não podia ser acusado de nenhum vício aberto nem de profano. Era firme na fé. Sempre tivera uma santa consideração pela antiga promessa feita por Deus aos seus pais, e havia edificado suas esperanças sobre ela. O apóstolo sabia muito bem que tudo isso não o justificava diante de Deus, mas sabia que isto serviria para a sua reputação entre os judeus, e um argumento de que não era da classe de homem que eles diziam que era. Mesmo que contasse isto como perda para ganhar a Cristo, ainda assim o menciona quando serve para honrar a Cristo. Observe aqui qual é a religião de Paulo; ele não tem o zelo pela lei cerimonial que teve em sua juventude; os sacrifícios e as ofertas designadas por ela, estão abolidos pelo grande Sacrifício que elas tipificavam. Não faz menção das purificações cerimoniais e conclui que o sacerdócio levítico terminou pelo sacerdócio de Cristo; porém, quanto aos principais fundamentos da sua religião, continua tão zeloso como sempre. Cristo e o céu são as duas grandes doutrinas do Evangelho: que Deus nos tem dado a vida eterna e esta vida está em seu Filho. Estes são os temas da promessa feita aos antepassados. O serviço do templo ou o curso contínuo dos deveres religiosos, dia e noite, era mantido como profissão de fé na promessa da vida eterna, e como expectativa dela. A perspectiva da vida eterna deve nos motivar a ser diligentes e constantes em todos os exercícios religiosos. Não obstante, os saduceus odiavam a Paulo por pregar a ressurreição; e os outros judeus uniram-se a eles porque Paulo testificava que Jesus havia ressuscitado e que era o prometido Redentor de Israel. Se pensa que muitas coisas estão além da crença, somente porque não levam em conta a natureza e as infinitas perfeições de quem as revelou, cumpriu ou prometeu.
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 69 Paulo reconhece que enquanto foi fariseu, era um inimigo irado do cristianismo. Este era o seu caráter e estilo de vida no princípio dos seus tempos; e havia toda classe de coisas que serviam como obstáculos para que ele fosse cristão. Aqueles que têm sido mais rígidos em sua conduta antes de se converterem, verão depois que há muitos motivos para se humilharem, até por coisas que antes pensavam que deviam ser feitas. Vv. 12-23. Paulo tornou-se cristão pelo poder divino; por uma revelação de Cristo a ele e nele, quando estava no apogeu de sua carreira de pecado. Tornou-se ministro por autoridade divina: o próprio Jesus que lhe apareceu nessa luz gloriosa, mandou-lhe pregar o Evangelho aos gentios. O mundo que está em trevas deve ser iluminado; as pessoas que ainda ignoram as coisas que correspondem à sua paz eterna, devem ser levadas a conhecê-las. O mundo que jaz na iniqüidade deve ser santificado e reformado; não basta abrir os olhos do povo; eles devem ter os seus corações renovados. Não basta saírem das trevas para a luz; devem deixar o poder de Satanás e voltarem-se para Deus. Todos os que se convertem do pecado a Deus são perdoados e passam a possuir uma rica herança. O perdão dos pecados dá lugar a isto. Ninguém que não seja santo pode ser feliz; e para sermos santos no céu devemos primeiro ser santos na terra. Somos feitos santos e salvos por meio da fé em Cristo; pela qual confiamos em Cristo como Jeová Justiça nossa, e nos entregamos a Ele como Jeová nosso Rei; por isto recebemos a remissão de pecados, o dom do Espírito Santo, e a vida eterna. A cruz de Cristo era uma pedra de tropeço para os judeus, e eles estavam furiosos porque Paulo pregava o cumprimento das profecias do Antigo Testamento. Cristo deveria ser o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, a Cabeça ou o Principal. Além disso, os profetas anunciaram que os gentios seriam levados a conhecer a Deus por intermédio do Messias; no que os judeus poderiam se desagradar nisto com justiça? Assim pois, o verdadeiro convertido pode dar a razão de sua esperança e uma boa consciência da transformação manifesta nele. Por andarem pelo mundo
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 70 chamando os homens ao arrependimento e a se converterem desta maneira, muitas pessoas têm sido culpadas e perseguidas. Vv. 24-32. É nosso dever em todas as ocasiões dizer palavras de verdade e sobriedade, e então, não teremos que nos perturbar pelas injustas censuras dos homens. Os seguidores ativos e esforçados do Evangelho têm sido freqüentemente desprezados por sonhadores ou loucos, por crerem em tais doutrinas e em tais fatos maravilhosos; e por testemunharem que a mesma fé e diligência e uma experiência como a deles, é necessária para todos os homens, qualquer que seja o nível social, para a sua salvação. Os apóstolos, os profetas e o próprio Filho de Deus foram expostos a esta acusação; ninguém deve comover-se por isto quando a graça divina os tem tornado sábios para a salvação. Agripa viu que havia muita razão para o cristianismo. Seu entendimento e o seu juízo foram momentaneamente convencidos, mas o seu coração não foi transformado. Sua conduta e temperamento eram muito diferentes da humildade e espiritualidade do Evangelho. Muitos dos que estão quase persuadidos a ser religiosos, não estão completamente persuadidos, estão submetidos a fortes convicções de seu dever e da excelência dos caminhos de Deus, ainda que não procurem as suas convicções. Paulo insistia que o interesse de cada um deve ser tornar-se um cristão verdadeiro, e que em Cristo há graça suficiente para todos. Expressa o pleno convencimento da verdade do Evangelho, e a absoluta necessidade de fé em Cristo para a salvação. A salvação da escravidão é o que o Evangelho de Cristo oferece aos gentios, ao mundo perdido. Contudo, é com muita dificuldade que se convence qualquer pessoa de que ela precisa da obra da graça em seu coração, como necessária para a conversão dos gentios. vigiemos contra a vacilação fatal de nossa própria conduta; e lembremo-nos de quanto dista o estar quase persuadido de ser cristão, de sê-lo por completo como o é todo o crente verdadeiro.
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry)
71
Atos 27 Versículos 1-11: A viagem de Paulo a Roma; 12-20: Paulo e os seus companheiros são ameaçados por uma tempestade; 21-29: Paulo recebe uma garantia divina de segurança; 30-38: Paulo exorta aos que estão comi ele; 39-44: O naufrágio. Vv. 1-11. A vontade de Deus determinou, antes do conselho de Festo, que Paulo deveria ir a Roma, porque Deus tinha lá uma obra para ele realizar. Aqui são estipulados o rumo que seguiram e os lugares que passaram. Com isto Deus estimula àqueles que sofrem por Ele a confiarem nEle; Ele pode colocar nos corações daqueles que menos se espera, que se tornem seus amigos. Os marinheiros devem aproveitar ao máximo o vento e, de igual modo, todos nós em nossa viagem pelo oceano deste mundo. Quando os ventos são contrários, devemos seguir adiante da melhor maneira que pudermos. Muitos daqueles que não retrocedem pelas providências negativas, não seguem adiante pelas providências favoráveis. Muitos são os cristãos verdadeiros que se lamentam das preocupações de suas almas, que têm muito que fazer para se manterem em sua posição. Nem todo porto bom é um porto seguro. Muitos dos que mostram respeito aos bons ministros não seguem os seus conselhos. Contudo, os fatos convencerão os pecadores da vaidade de suas esperanças e das suas condutas néscias. Vv. 12-20. Aqueles que se lançam ao oceano deste mundo, com um bom vento, não sabem com que tormentas podem se deparar, e não devem dar como certo que terão bom êxito em seu propósito. Não tenhamos a expectativa de estarmos completamente a salvo, senão até que entremos no céu. Por muitos dias eles não viram nem o sol nem as estrelas; assim, às vezes, a tristeza é o estado do povo de Deus quanto aos seus assuntos espirituais: enfrentam as trevas, mas ao final, sempre terão a luz.
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 72 Observe aqui o que é a riqueza do mundo: ainda que cobiçada como bênção, pode ser que chegue o momento em que se transforme em uma carga; não somente muito pesada para ser levada a salvo, mas suficientemente pesada para afundar aquele que a leva. Os filhos deste mundo podem ser dispendiosos com os bens para salvarem as suas vidas, mas são mesquinhos com seus bens para as obras de piedade e caridade, e para sofrerem por Cristo. Todo homem preferiria fazer com que os seus bens soçobrassem e não a sua vida. Porém, muitos preferem mais que soçobrem a sua fé e a boa consciência, e não os seus bens. O meio que os marinheiros usaram não trouxe resultado, mas quando os pecadores renunciam todas as esperanças de se salvarem, estão preparados para entender a Palavra de Deus e para confiar em sua misericórdia por meio de Jesus Cristo. Vv. 21-29. Eles não escutaram o apóstolo quando os advertiu sobre o perigo; contudo, como reconheceram que agiram de modo néscio e se arrependeram, ele lhes fala de alívio e consolo em meio ao perigo. A maioria das pessoas se envolve em problemas porque não sabe distinguir as ocasiões em que a sua vida vai bem; prejudicam-se e perdem-se por causa da correção de seus procedimentos, muitas vezes contra as advertências. Observe a solene confissão que Paulo fez de sua relação com Deus. Nenhuma tormenta ou tempestade pode ser obstáculo ao favor de Deus para com o seu povo, uma vez que é uma ajuda sempre próxima. Um consolo para os servos fiéis de Deus em meio as dificuldades é que as suas vidas serão prolongadas à medida que o Senhor tenha uma obra para que realizem. Se Paulo houvesse desnecessariamente se envolvido e se unido a estas más companhias, teria sido com justiça lançado com eles, porém, como foi Deus quem o chamou, estes são preservados com ele. Eles lhe são dados; não há maior satisfação para um homem bom do que saber que é uma bênção pública. Ele os consola como ele próprio foi consolado. Deus é sempre fiel; portanto, todos os que dependem de suas promessas devem estar sempre contentes. como dizer e fazer não são
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 73 duas coisas para Deus, tampouco crer e desfrutar devem sê-lo para nós. A esperança é a âncora da alma, segura e firme, que vai até dentro do véu. Que aqueles que estão em trevas espirituais se sustentem firme nisto e não pensem em zarpar novamente, mas permanecer em Cristo e esperar que o dia alvoreça e as sombras fujam. Vv. 30-38. Deus que determinou o fim, que eles seriam salvos, determinou o meio; que fossem salvos pela ajuda destes marinheiros. O dever é nosso, os sucessos são de Deus; tentamos Deus quando dizemos que nos colocamos sob sua proteção, se não usamos os meios apropriados para a nossa segurança, como os que estão a nosso alcance. Quão egoístas, em geral, são os homens que muitas vezes estão prontos para procurar a sua própria segurança por meio da destruição do próximo! Felizes são os que têm a companhia de alguém como Paulo, que não somente tem relação com o céu, mas que era um espírito vivificante para aqueles que o rodeavam. A tristeza segundo o mundo produz morte, enquanto o gozo em Deus é vida e paz em meio a grandes angústias e aos maiores perigos. Somente podemos ter o consolo das promessas de Deus se dependermos dEle com fé, para que a sua Palavra se cumpra em nós; a salvação que Ele revela deve ser esperada pelo uso dos meios que Ele determina. Se Deus tem nos escolhido para a salvação, também tem determinado que a obtenhamos pelo arrependimento, pela fé, pela oração e obediência perseverante; presunção fatal é esperá-la de alguma outra maneira. É um estímulo para as pessoas encomendarem-se a Cristo como seu Salvador, quando aqueles que as convidam mostram claramente que eles mesmos assim o fazem. Vv. 39-44. O navio que havia enfrentado a tormenta no mar aberto, onde havia espaço, se rompe em pedaços quando está amarrado. Assim o coração que firma os seus afetos no mundo e se apega fortemente a este, está perdido. As tentações de Satanás o golpeiam e o abatem ao extremo, mas enquanto estiver no mundo existirá esperança, ainda que rodeado de
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 74 afãs e tumultos. Eles tinham a costa à vista, mas soçobraram no porto; assim somos ensinados a nunca nos sentirmos seguros. Ainda que haja grandes dificuldades no caminho da salvação prometida, sem falta ela se efetuará. A salvação acontecerá, não importa quantas sejam as provas e perigos, porque no devido momento todos os crentes chegarão a salvo no céu. Senhor Jesus, tu nos asseguraste que nenhum dos teus perecerá. Tu levarás a todos a salvo à praia celestial. E quão feliz será este desembarque! Tu os apresentarás a teu Pai, e darás ao teu Espírito Santo a plena possessão deles para sempre.
Atos 28 Versículos 1-10: Paulo é bem recebido em Malta; 11-16. Paulo chega a Roma; 17-22: Sua conferência com os judeus; 23-31: Paulo prega aos judeus e permanece em Roma como prisioneiro. Vv. 1-10. Deus pode fazer com que os estranhos sejam os seus amigos na angústia. Aqueles que são desprezados por suas maneiras acolhedoras, costumam ser mais amistosos do que os mais educados; e a conduta dos pagãos, ou das pessoas classificadas como bárbaras, condena a muitos nas nações civilizadas, que professam ser cristãs. As pessoas pensaram que Paulo fosse um assassino, e que a víbora foi enviada pela justiça divina para que fosse a vingadora do sangue. Sabiam que há um Deus que governa o mundo, de modo que as coisas não acontecem por casualidade, nem o acontecimento mais insignificante, mas que tudo acontece por direção divina; e que o mal persegue aos pecadores; que há boas obras que Deus recompensará, e más obras que castigará. Além do mais, sabem que o assassinato é um delito horrível e que não passará muito tempo sem que seja castigado. Pensavam que todos os maus eram castigados nesta vida. Ainda que alguns sirvam como exemplos neste mundo, para provar que existe um Deus e uma providência, muitos são deixados sem castigo para provar que há um juízo vindouro. Também pensavam que todos os que eram notavelmente afligidos nesta vida eram pessoas más. A revelação divina
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 75 coloca este assunto sob a verdadeira luz. Os homens bons costumam ser sumamente afligidos nesta vida para a prova e o aumento de sua fé e paciência. Observe a libertação de Paulo diante do perigo. E assim, no poder da graça de Cristo, os crentes se livram das tentações de Satanás com santa resolução. Quando desprezamos as censuras e as reprovações dos homens, e os olhamos com santo desprezo, tendo o testemunho de nossas consciências, então, como Paulo, sacudimos a víbora lançando-a ao fogo. Não sofremos danos, exceto se nos mantivermos fora de nosso dever. Com isto Deus faz com que Paulo seja notável para esta gente, e deste modo, abriu caminho para a recepção do Evangelho. O Senhor levanta amigos para o seu povo em todos os lugares para onde os leva, e torna-os uma bênção para os aflitos. Vv. 11-16. Os acontecimentos comuns das viagens raramente são dignos de ser narrados, mas o consolo da comunhão com os santos e a bondade mostrada pelos amigos merecem menção especial. Os cristãos de Roma estavam tão longe de envergonharem-se por Paulo, ou de terem medo de reconhecê-lo por ele ser um prisioneiro, que tiveram mais cuidado em mostrar-lhe respeito. Paulo sentiu-se muito consolado com isto. E se os nossos amigos são bons para conosco, é porque Deus tem colocado este sentimento em seus corações e devemos dar a Ele a glória. Quando vemos até mesmo entre os estrangeiros, pessoas que levam o nome de Cristo, temem a Deus e o servem, devemos elevar os nossos corações ao céu com ação de graças. Quantos homens grandes têm entrado em Roma, coroados e levados em triunfo, sendo na realidade pragas para o mundo! Porém, aqui há um homem bom que entra em Roma aprisionado como pobre cativo, sendo para o mundo uma bênção maior que qualquer outro humano. Isto não basta para que deixemos de nos envaidecer pelo favor mundano? Isto pode animar os prisioneiros de Deus, porque Ele pode dar-lhes favor diante daqueles que os levam presos. Quando Deus não livra prontamente o seu povo da escravidão, torna-a menos dolorosa ou
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 76 acalma-os enquanto estão submetidos a ela; e têm razões para estarem gratos. Vv. 17-22. Foi para a honra de Paulo que aqueles que examinaram o seu caso o exonerassem. Em sua apelação não procurou acusar a sua nação, mas aclarar a sua condição. O verdadeiro cristianismo estabelece o que é de interesse comum para toda a humanidade, e não se edifica sobre as opiniões estreitas, nem sobre os interesses privados. Não aponta a nenhum benefício ou vantagem mundana, e todos os seus ganhos são espirituais e eternos. A sorte da santa religião de Cristo é, e sempre tem sido, que falem contra ela. Observe em toda a cidade e povo onde se enaltece a Cristo como o único Salvador da humanidade, e onde o povo é chamado a seguí-lo à nova vida, e observe que ainda são tratados como seita ou partido; e aqueles que se entregam a Cristo são censurados. E este é o tratamento que certamente receberão, enquanto houver um homem ímpio sobre a terra. Vv. 23-31. Paulo persuadiu os judeus acerca de Jesus. Alguns foram persuadidos pela Palavra e outros, endureceram-se; alguns receberam a luz, e outros fecharam os seus contra ela. Este sempre tem sido o efeito do Evangelho. Paulo separou-se deles, observando que o Espírito Santo havia descrito bem o seu estado. Todos aqueles que ouvem o Evangelho sem obedecê-lo, tremem diante de seu destino, porque quem os curará se Deus não o fizer? Os judeus argumentaram muito entre si, posteriormente. Muitos dos que têm uma grande argumentação não argumentam corretamente. Acham defeituosas as opiniões de uns e outros, mas não se rendem à verdade. Nem tampouco os argumentos dos homens os convencerão, se a graça de Deus não lhes abrir o entendimento. Enquanto nos condoemos pelos desdenhosos, devemos nos regozijar que a salvação de Deus seja enviada a outros que a receberão; se fazemos pane desse grupo, devemos estar agradecidos ÀquEle que nos tem feito diferir. O apóstolo aderiu ao princípio de não conhecer nem pregar outra mensagem senão a Cristo, e
Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 77 este crucificado. Quando os cristãos são tentados por sua ocupação principal, devem retroceder com esta pergunta: O que isto tem a ver com o Senhor Jesus? Que tendência há nisto que nos leve a Ele e nos mantenha caminhando nEle? O apóstolo não pregava a si mesmo, mas a Cristo, e não se envergonhava do Evangelho. Ainda que tenham colocado Paulo em uma condição muito estreita para ser útil, não se sentiu perturbado por ela. Ainda que a porta que se abriu para ele não tenha sido uma porta larga, ele não admitiu que alguém a fechasse; e era uma porta eficaz para muitos, de modo que houve santos até na casa de César (Fp 4.22). Também de Filipenses 1.13 aprendemos como Deus usa o episódio da prisão de Paulo para o avanço do Evangelho. E não somente os residentes de Roma, mas toda a Igreja de Cristo até o dia presente, e nos pontos mais remotos da terra, têm muita razão para bendizerem a Deus por Paulo ter sido detido como prisioneiro durante o período mais maduro de sua vida cristã. Foi de sua prisão, provavelmente algemado mão a mão com o soldado que o guardava, que o apóstolo escreveu as Epístolas aos Efésios, Filipenses, Colossenses e Hebreus; estas epístolas mostram, talvez mais do que quaisquer outras, o amor cristão com que o seu coração transbordava, e a experiência cristã com a qual a sua alma estava cheia. O crente da época atual pode ter menos êxito e menos gozo celestial que o apóstolo, mas todo o seguidor do mesmo Salvador está igualmente seguro de que estará a salvo e em paz ao final. Procuremos viver mais e mais no amor do Salvador; trabalhemos para glorificá-lo em todas as nossas ações nesta lida; e com toda a segurança por seu poder, estaremos entre os que agora vencem os seus inimigos. E por sua misericórdia e graça gratuita, no além, estaremos na companhia bendita dEle, e nos assentaremos juntamente com Ele no seu trono, assim como Ele venceu e está sentado no trono de seu Pai, à destra de Deus para todo o sempre.