Ezequiel - M. Henry

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EZEQUIEL Introdução Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4 Capítulo 5 Capítulo 6 Capítulo 7 Capítulo 8 Capítulo 9 Capítulo 10 Capítulo 11 Capítulo 12

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Introdução Ezequiel foi um dos sacerdotes levados ao cativeiro caldeu com Joaquim. Todas as suas profecias foram entregues neste país, em alguma parte no norte da Babilônia. Seu principal objetivo era consolar os seus irmãos cativos. Foi ordenado a que os advertisse sobre as espantosas calamidades que sobreviriam à Judéia, particularmente aos falsos profetas e às nações vizinhas. Também, para anunciar a futura restauração de Israel e de Judá, de suas várias dispersões e de seu estado de felicidade em seus dias posteriores, sob o reinado do Messias. Há muito de Cristo neste livro, especialmente em sua conclusão.

Ezequiel 1 Versículos 1-14: A visão que Ezequiel tem de Deus e da hoste angelical; 15-25: A conduta da divina providência; 26-28: A revelação do Filho do Homem em seu trono celestial.


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 2 Vv. 1-14. É um ato de misericórdia quando nos trazem a Palavra de Deus, e é nosso dever atendê-la com diligência quando estamos aflitos. A voz de Deus veio com plenitude de luz e poder pelo Espírito Santo. Estas visões parecem ter sido enviadas para possuir a mente do profeta com grandes e elevados pensamentos de Deus, para golpear os pecadores com terror e falar de consolo àqueles que temiam a Deus e se humilhavam. Nos versículos 4-14, está a primeira parte da visão; representa a Deus atendido e servido por uma vasta companhia de anjos, todos seus mensageiros, ministros que executam as suas ordens. Esta visão impressionaria a mente com exagero e temor solene do descontentamento divino, ainda que suscitando expectativas de bênçãos. o fogo está rodeado de glória. Ainda que o busquemos, não poderíamos contemplar a Deus em toda a sua plenitude, mas vemos o esplendor que o rodeia. A semelhança dos seres viventes sai do meio do fogo; os anjos recebem de Deus tanto o seu ser como o seu poder; têm o entendimento do homem e muito mais. Um leão se destaca em força e ousadia. Um boi se destaca em diligência e paciência, no cumprimento infatigável do trabalho que faz. A águia se destaca pela rapidez, ótima visão e por voar muito alto, e os anjos, que superam os homens em todos estes aspectos, são representados com este parecer. os anjos têm asas, e qualquer coisa que Deus lhes ordena fazem prontamente. Eles estão elevados, firmes e constantes. Não tinham asas somente para se locomoverem, mas tinham mãos para agir. Muitas pessoas são rápidas, alas não ativas; se apressam, porém, sem fazer nada com propósito; têm asas, mas faltam-lhes mãos. Contudo, onde quer que as asas dos anjos os levassem, tinham suas mãos consigo, para fazer o que o seu dever requeria. Qualquer que fosse o serviço que os ocupava, iam direto a eles, um de cada vez. Quando andamos direito, vamos adiante, e quando servimos a Deus com um só coração fazemos a obra. Eles não se voltavam quando iam; não cometiam erros, e a sua obra não precisava ser feita novamente. Não deixavam o seu trabalho para se entreterem


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 3 com qualquer outra coisa, e iam aonde o Espírito de Deus queria que fossem. O profeta viu a estes seres viventes por sua própria luz, porque o seu aspecto era como brasas de fogo; são serafins ou "ardentes" o que denota o ardor de seu amor por Deus e o fervente zelo por seu serviço. Podemos aprender proveitosas lições dos temas a que podemos ter acesso ou entender completamente. Atendamos as coisas relacionadas à nossa paz e dever, e deixemos as coisas secretas ao único Senhor ao qual pertencem. Vv. 15-25. A providência, representada pelas rodas, produz mudanças. Às vezes um raio da roda está acima, às vezes outro, mas o movimento da roda sobre o seu próprio eixo é uniforme e constante. Não devemos desfalecer quando estivermos em adversidades; as rodas giram e nos levantarão no momento devido, enquanto aqueles que presumem que serão prósperos não sabem quão sujeitos estão a serem repentinamente derrubados. A roda está próxima dos seres viventes; os anjos são encarregados como ministros da providência de Deus. O Espírito dos seres viventes estava nas rodas; a mesma sabedoria, poder e santidade de Deus, que dirige e governa os anjos, ordena por eles tudo o que acontece no mundo. As rodas tinham quatro rostos; isso denotava que a providência de Deus é exercida em todas as partes. Observe que a roda da providência tem, de todos os ângulos, um rosto voltado para você. Seu aspecto e obra eram como de uma roda em meio a outra roda. As disposições da providência nos parecem obscuras, confusas e são inumeráveis, mas todas estão sabiamente ordenadas para o melhor. O movimento das rodas era uniforme, regular e constante. Andavam conforme o Espírito lhes mandava, portanto não retornavam. Se seguirmos a direção do Espírito Santo, não precisaremos desfazer aquilo que fizemos de forma errada, por nos arrependermos. os aros e as bordas das rodas eram tão grandes, que, quando se movimentaram, o profeta temeu olhar para eles. A consideração da altura e da


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 4 profundidade dos conselhos de Deus deve nos deixar perplexos e com assombro. Estavam cheias de olhos em seus contornos. os movimentos da providência, são todos dirigidos pela sabedoria infinita. Todas as ações estão determinadas pelos olhos do Senhor, que estão em todas as partes contemplando o mal e o bem; não existe algo tal como a sorte e a fortuna. o firmamento de cima era como cristal, glorioso, mas de forma terrível. isto que consideramos ser uma nuvem negra, para Deus é claro como o cristal, através do qual Ele vê todos os habitantes da terra. Quando os anjos despertaram para um mundo desconsiderado, eles baixaram as suas asas para que se ouvisse claramente a voz de Deus. A voz da providência serve para abrir os ouvidos dos homens para a voz da Palavra. Os sons da terra devem despertar a nossa atenção para a voz do céu, pois como escaparemos se nos afastarmos daquEle que fala de lá? Vv. 26-28. O Filho eterno, a Segunda Pessoa da Trindade, que um dia tomou a natureza humana, é denotado aqui. A primeira coisa que se observa é um trono; um trono de glória, de graça, de triunfo, um trono de governo e de juízo. É bom para os homens que o trono, acima do firmamento, esteja repleto com a presença de alguém que mesmo ali se mostre exteriormente semelhante ao homem. O trono está rodeado por um arco-íris, o bem conhecido sacramento do pacto, que representa a misericórdia e o amor pactuado de Deus com o seu povo. O fogo da ira de Deus estava irrompendo contra Jerusalém, mas seriam colocados (imites a ele; Ele olharia por cima do arco e se lembraria do pacto. Tudo o que o profeta contemplou serviu somente a fim de preparálo para o que iria ouvir. Quando caiu prostrado sobre o seu rosto, ouviu a voz de Deus. Deus se deleita em ensinar o humilde. Então, que os pecadores se humilhem diante dEle. Que os crentes pensem em sua glória para serem, aos poucos, transformados à sua imagem pelo Espírito do Senhor.


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Ezequiel 2 Versículos 1-5: É ordenado ao profeta aquilo que deve fazer. 6-10: Ele é exortado a ser corajoso, fiel e devoto. Vv. 1-5. Para que Ezequiel não se envaidecesse com a abundância de revelações, é chamado de filho do homem, criatura fraca e mortal. Como Cristo era habitualmente chamado de Filho do homem, esta também foi para Ezequiel uma distinção honrosa. A postura de Ezequiel mostra reverência, mas levantar-se seria uma postura de maior aptidão e vontade para entrar em ação. Deus falará conosco quando estivermos prontos para fazer aquilo que Ele nos ordena. Como Ezequiel não possuía força própria, o Espírito entrou nele. Deus, por sua graça, se agrada em realizar em nós aquilo que requer de nós. O Espírito Santo nos coloca de pé, inclinando as nossas vontades ao nosso dever. Assim, pois, quando o Senhor chama o pecador para que se desperte e atenda os interesses de sua alma, o Espírito de vida e graça traz o chamado. Ezequiel é enviado aos filhos de Israel com uma mensagem. Muitos poderiam tratar esta mensagem com desprezo, mas deveriam saber, pelo acontecimento, que um profeta lhes fora enviado. Deus será glorificado e a sua Palavra honrada, para que seja sabor de vida para a vida, ou de morte para a morte. Vv. 6-10. Aqueles que desejam servir a Deus não devem temer aos homens. os ímpios são como cardos e espinhos, mas estão preparados para a maldição, e o seu fim é serem queimados. O profeta deve ser fiel às almas daqueles para os quais foi enviado. Todos aqueles que falam da parte de Deus ao próximo devem obedecer a sua voz. Tomar consciência do pecado e das advertências da ira deve ser motivo de lamento. Aqueles que estão familiarizados com a Palavra de Deus perceberão claramente que ela está cheia de ais para os pecadores não arrependidos; e que todas as promessas preciosas do Evangelho são para os servos crentes e arrependidos do Senhor.


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Ezequiel 3 Versículos 1-11: A preparação do profeta para realizar a obra; 1221: O seu ofício, como o de um atalaia ou sentinela; 22-27: A restrição e a restauração de sua fala. Vv. 1-11. Ezequiel ia receber as verdades de Deus como alimento para a sua alma, ia alimentar-se delas por fé e seria fortalecido. As almas na graça podem receber essas verdades de Deus com deleite, ainda que falem de terror ao ímpio. Deve falar tudo o que Deus lhe falou, e somente isso. Como podemos expressar da melhor maneira o pensamento de Deus, do que com as suas próprias Palavras? Se estava desiludido com o seu povo, não deveria estar ofendido. os ninivitas foram alcançados pela pregação de Jonas, enquanto Israel não se humilhava nem se consertava. Deixemos isto para a soberania divina, crendo que o Senhor tem juízos insondáveis. Eles não consideraram a palavra do profeta porque também não consideravam a vara de Deus, mas Deus promete fortalecer seu servo. Ele deve continuar com fervor e pregar, não importa qual seja o resultado. Vv. 12-21. Esta missão fez com que os santos anjos se regozijassem. Tudo isto para convencer a Ezequiel que o Deus que o enviava tinha poder para sustentá-lo em sua obra. Estava triste pelos pecados e misérias do seu povo, e sobressaltado pela glória da visão que tinha visto. Por mais doce que seja o retiro, a meditação e a comunhão com Deus, o servo do Senhor deve se preparar para servir à sua geração. o Senhor disse ao profeta que o havia nomeado como atalaia da casa de Israel. Se advertirmos o ímpio, a culpa pela sua destruição não nos será atribuída. Ainda que tais passagens se refiram ao pacto nacional com Israel, são igualmente aplicáveis ao estado final de todos os homens em cada dispensação. Não devemos somente alentar e consolar aqueles que parecem ser justos, mas adverti-los também, porque muitos têm se tornado altivos e seguros, têm caído, e até morrido em seus pecados.


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 7 Então, os ouvintes do Evangelho desejarão ouvir advertências e até reprovações. Vv. 22-27. Podemos admitir que temos para sempre dívida com o Senhor Jesus Cristo, pela mediação feita por Ele para gozarmos o abençoado relacionamento entre Deus e o homem; o crente verdadeiro dirá: Nunca estou menos só do que quando estou sozinho. Quando o Senhor abriu os lábios de Ezequiel, ele entregaria diretamente a mensagem, exporia a vida e a morte, a bênção e a maldição diante do povo, e deixaria que escolhessem.

Ezequiel 4 Versículos 1-8: O cerco de Jerusalém; 9-17: A fonte que os habitantes passarão. Vv. 1-8. O profeta iria representar por sinais o cerco de Jerusalém. Teria que se deitar sobre o seu lado esquerdo por uma quantidade de dias, que seria igual ao número de anos em que a sua idolatria fora estabelecida. Tudo o que o profeta coloca diante dos filhos de seu povo, sobre a destruição de Jerusalém, serve para mostrar que o pecado é a causa da destruição daquela que anteriormente foi uma próspera e florescente cidade. Vv. 9-17. O pão que era o sustento de Ezequiel teria que ser feito com uma mistura de grãos grossos e sementes de legumes, raramente usados, salvo em casos de extrema escassez, e ele só poderia tomar uma pequena quantidade dele. Assim, era figurado o extremo a que os judeus seriam reduzidos durante o cerco e o cativeiro. Ezequiel não roga: Senhor desde a minha juventude tenho sido criado com regalias e nunca fui acostumado a algo assim; contudo, sua criação jamais permitiria comer nada proibido pela lei. É um consolo para nós, quando somos levados a sofrer dificuldades, o nosso coração possa testificar que sempre temos sido cuidadosos em evitar toda a aparência do mal.


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 8 Observe quão lamentável é a obra que o pecado faz, e reconheçamos a justiça de Deus aqui. Abusaram da abundância que possuíam até ao luxo e ao excesso, e foram castigados com a fome. Quando os homens não servem a Deus com alegria na abundância de todas as coisas, Deus os fará servir aos seus inimigos na escassez de todas as coisas.

Ezequiel 5 Versículos 1-4: Um tipo de cabelo mostra os juízos que sobrevirão aos judeus; 5-17: Juízos espantosos são declarados. Vv. 1-4. O profeta deve cortar os cabelos de sua cabeça e barba, significando a reprovação e o abandono absoluto de Deus ao povo. Uma parte deve ser queimada no meio da cidade, denotando que multidões morrerão de fome e pestilências, outra parte deveria ser cortada em pedaços, representando os muitos que iriam morrer pela espada. Uma terceira parte teria que ser lançada ao vento para denotar o traslado de alguns à terra do conquistador, e a fuga de outros aos paises vizinhos, em busca de refúgio. Uma pequena quantidade da terceira parte do cabelo deveria ser atada à túnica do profeta, como algo de que se cuida muito. Porém, poucos [eram reservados. A qualquer refúgio que os pecadores fujam, o fogo e a espada da ira de Deus os consumirá. Vv. 5-17. A sentença ditada contra Jerusalém é terrível, e a maneira de expressá-la torna-a ainda mais terrível. Quem é capaz de permanecer diante da vista de Deus quando Ele está irado? Os que vivem e morrem sem arrependimento perecerão sem piedade para sempre; chegará o dia em que o Senhor nos salvará. Que ninguém deseje mudar os estatutos do Senhor e tenha esperanças de escapar do que acontecerá a Jerusalém. Que nos proponhamos a adornar as doutrinas do Senhor em todas as coisas. Cedo ou tarde, a Palavra de Deus se mostrará verdadeira.


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Ezequiel 6 Versículos 1-7: Os juízos divinos por causa da idolatria; 8-10: Um remanescente será salvo; 11-14: As calamidades que serão lamentadas. Vv. 1-7. A guerra destrói pessoas, lugares e coisas que se estimam ser muito sagradas. Deus destrói a idolatria até pelas mãos dos próprios idolatras. É justo que Deus assole aquilo que idolatramos. As superstições nas quais muitos confiam para se sentirem seguros, costuma ser a causa de sua ruína. Aproxima-se o dia em que os ídolos e a idolatria serão totalmente destruídos na igreja que se professa cristã, como o foram de entre os judeus. Vv. 8-10. Um remanescente de Israel deverá ser deixado, e depois de um grande espaço de tempo, se lembrarão do Senhor, das suas obrigações para com Ele e de sua rebelião contra Ele. Os penitentes verdadeiros vêem que o pecado é algo abominável e odiado pelo Senhor. Aqueles que verdadeiramente aborrecem o pecado odeiam-se a si mesmos por praticarem-no. Dão glória a Deus por seu arrependimento. Qualquer coisa que leve os homens a se lembrarem de Deus e dos pecados cometidos contra Ele, deve ser considerados como uma bênção. Vv. 11-14. O nosso dever é ser tocados não apenas com os nossos próprios pecados e sofrimentos, mas olhar com compaixão para as misérias que os ímpios causam a si mesmos. O pecado é algo desolador; portanto, andemos em temor e não pequemos. Se conhecermos o valor das almas e o perigo a que os incrédulos se expõem, consideraremos que todo o pecador, que se refugia da ira vindoura em Jesus, é uma grande recompensa por todo o desprezo ou oposição com que possamos nos deparar.

Ezequiel 7 Versículos 1-15: A desolação da terra; 16-22: A angústia dos poucos que escaparão; 13-27: O cativeiro. Vv. 1-15. O abrupto desta profecia e as muitas repetições mostram que o profeta estava profundamente afetado pela perspectiva destas


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 10 calamidades. Tal será a destruição dos pecadores, porque ninguém pode evitá-la. Quem dera que a iniqüidade do ímpio terminasse antes que os consumisse! A angústia para o penitente é somente um mal, endurece os seus corações e move as suas corrupções, porém, existem aqueles para os quais a mesma angústia é santificada pela graça de Deus, e torna-se um meio de fazer-lhes muito bem. O dia da angústia real está próximo, e não é um simples eco ou rumor de problemas. Qualquer que seja o fruto dos juízos de Deus, o nosso pecado é a raiz deles. Estes juízos serão universais. Deus será glorificado em tudo. Agora é o dia da paciência e da misericórdia do Senhor, mas o tempo da angústia do pecador está próximo. Vv. 16-22. Mais cedo ou mais tarde, o pecado causará dor; e aqueles que não se arrependerem de seus pecados podem, em justiça, ser deixados para a destruição neles. Há muitos cuja riqueza é a sua armadilha e destruição; e ganhar o mundo significa a perda de suas almas. As riquezas não serão de nenhum proveito no dia da ira. A riqueza deste mundo não tem em si o que responderá aos desejos da alma ou não trará satisfação para ela no dia da angústia. O templo de Deus não lhes permitirá a entrada. Aqueles que não são governados por seu poder são indignos de ser honrados com a piedade. Vv. 23-27. Qualquer que infrinja os limites da lei de Deus será preso pelas cadeias dos seus juízos. Uma vez que eles se animam uns aos outros para pecar, Deus os desalentará. Todos serão angustiados quando Deus vier julgá-los conforme as suas deserções. Que o Senhor nos capacite a buscar a boa parte que não será tirada.

Ezequiel 8 Versículos 1-6. Idolatrias cometidas pelos reis dos judeus; 7-12: As superstições às quais os judeus eram devotos, o egípcio; 13, 14: O fenício; 15, 16: O persa; 17, 18: Quão mau é o pecado. Vv. 1-6. A gloriosa personagem que Ezequiel contemplou em visão pareceu tomá-lo, e foi levado em espírito a Jerusalém. Ali, no pátio


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 11 interior do templo, havia um lugar preparado para um ídolo vil. Tudo foi apresentado em visão ao profeta. Deus se compraz em dar a um homem uma clara visão da sua glória e majestade, e de todas as abominações cometidas em uma cidade qualquer; então, este reconhecerá a justiça dos castigos mais severos que Deus inflige ali. Vv. 7-12. Abriu-se uma espécie de lugar secreto, onde o profeta viu criaturas pintadas nas paredes e muitos anciãos de Israel adorando diante delas. Nenhuma superioridade em assuntos mundanos preservará os homens da luxúria ou da idolatria, quando são entregues aos seus corações enganosos; os que rapidamente se cansam do serviço a Deus, costumam não reclamar pelo esforço nem pelos gastos originados por suas superstições. Quando os hipócritas se escondem detrás do muro de uma profissão de fé exterior, há uma ou outra escavação no muro, algo que os trai diante dos que olham com diligência. Há muita iniqüidade secreta no mundo. Eles crêem estar fora da vista de Deus, mas quando culpam o Senhor por seus pecados, estão maduros para a destruição. Vv. 13-18. O lamento anual por Tamuz era acompanhado de costumes infames; e se supõe que os adoradores do sol, aqui retratados, eram sacerdotes. O Senhor apela ao profeta quanto ao seu ódio pelo pecado; "Ei-los a chegar o ramo aos seus narizes", denotando com isso um costume usado pelos idólatras em honra aos ídolos que serviam. Quanto mais examinamos a natureza humana e os nossos corações, mais abominações descobriremos; quanto mais tempo o crente se examina, mais se humilhará diante de Deus e mais valorizará a fonte aberta para a purificação do pecado, e procurará lavar-se nela.

Ezequiel 9 Visão que denota a destruição dos habitantes de Jerusalém e a partida do símbolo da presença divina. Vv. 1-4. É um grande consolo para os crentes, que em meio aos destruidores e da destruição, haja um mediador, um grande Sumo Sacerdote que tem seus interesses no céu, e no que os santos da terra têm


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 12 seus interesses. A representação da glória divina sobre a arca, colocada em um umbral, mostra que o Senhor estava a ponto de deixar seu trono de graça para fazer juízo ao povo. O caráter distintivo deste remanescente que iria ser salvo, é um grande suspiro e um grande pranto a Deus em oração, devido às abominações de Jerusalém. Deus manterá a salvo, em tempos de transtorno e angústia geral, àqueles que se mantém puros. Vv. 5-11. A matança deveria começar no santuário, para que todos vissem e soubessem que o Senhor odeia o pecado, e de modo extremo na vida daqueles que estão mais próximos dEle. Aquele que foi nomeado para proteger informa o assunto. Cristo é fiel para com Deus Pai naquilo para que foi incumbido. Seu Pai lhe manda assegurar a vida eterna do remanescente escolhido: "Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu". Se os demais perecem e nós somos salvos, devemos atribuir a diferença totalmente à misericórdia de nosso Deus, porque nós também merecemos a ira. Prossigamos ainda pedindo em favor dos demais. Porém, o Senhor não comete injustiça, mas mostra a sua misericórdia; somente Ele recompensa os caminhos do homem.

Ezequiel 10 Versículos 1-7: Visão do incêndio da cidade; 8-22: A glória divina deixa o templo. Vv. 1-7. O fogo tirado de entre as rodas, debaixo do querubim (capítulo 1.13), parece significar a ira de Deus, que cairia sobre Jerusalém. Sugere que o fogo da ira divina, que acende juízo para um povo, é justo e santo; e no grande dia, a terra e todas as obras que há nela, serão queimadas. Vv. 8-22. Ezequiel vê o trabalhar da providência divina no governo do mundo e nos assuntos que se referem a este. Quando Deus abandona um povo com desagrado, os anjos que estão nos céu e todos os feitos da terra ajudam em sua partida. O Espírito de vida, o Espírito de Deus, ordena a todas as criaturas, do céu e da terra, que sirvam o propósito


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 13 divino. Deus se afasta paulatinamente de um povo provocador, e quando está pronto para ir-se, poderia regressar se estes se arrependessem e orassem. Que isto sirva de advertência aos pecadores, para buscarem ao Senhor enquanto pode ser achado e chamá-lo enquanto estiver perto, e faça com que andemos humildes e despertados com o nosso Deus.

Ezequiel 11 Versículos 1-13: Os juízos divinos contra o ímpio de Jerusalém; 1421: O favor divino para os do cativeiro; 22-25: A presença divina abandona a cidade. Vv. 1-13. Onde Satanás não pode convencer os homens a considerarem os juízos vindouros como incertos, ganha o seu argumento persuadindo-os para que os considerem distantes. Estes reis perversos ousam dizer: Estamos tão seguros nesta cidade como a carne em uma panela que ferve; os muros da cidade serão para nós como muros de bronze, não receberemos mais danos dos sitiadores do que o caldeirão do fogo. Quando os pecadores se afagam para a sua própria destruição, é hora de dizer-lhes que não terão paz se continuarem agindo assim. Ninguém terá posse da cidade, a não ser os que estão enterrados nela. Aqueles que se sentem mais seguros são os que menos estão a salvo. Deus costuma se comprazer em apartar alguns pecadores para advertência de outros. Não se sabe ao certo se Pelatias morreu nessa época em Jerusalém, ou quando se aproximava o cumprimento da profecia. Como Ezequiel, também devemos nos sentir afetados pela morte súbita do próximo a ponto de implorar ao Senhor que tenha misericórdia daqueles que ficam. Vv. 14-21. Os cativos piedosos da Babilônia foram insultados pelos judeus que continuavam em Jerusalém; porém, Deus lhes fez promessas de graça. É prometido a eles que Deus lhes dará um coração firmemente estabelecido nEle, e não inconstante. Todos os que são feitos santos têm


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 14 um espírito novo, um temperamento novo e uma nova disposição; eles agem a partir de novos princípios, andam de acordo com novas regras e apontam para novos objetivos. Um novo homem, ou um novo semblante, para nada servem sem um espírito novo. Se um homem está em Cristo, nova criatura é. Não se pode tornar sensível um coração carnal, duro como pedra. os homens vivem entre os mortos, e aqueles que estão morrendo nunca se preocupam nem se humilham. Ele fará que os seus corações sejam ternos e aptos para receberem novas impressões: esta é a obra de Deus, seu dom pela promessa; e uma mudança feliz e maravilhosa acontece devido a ela, da morte para a vida, os seus costumes serão coerentes com estes princípios. os dois devem estar e estarão de acordo. Quando o pecador sente a necessidade destas bênçãos, deve apresentar estas promessas em oração no nome de Cristo, e elas se cumprirão. Vv. 22-25. Aqui está a partida da presença de Deus da cidade e do templo. A visão subiu do Monte das Oliveiras, tipificando a ascensão de Cristo ao céu deste mesmo monte. Ainda que o Senhor não abandone o seu povo, pode, contudo, se afastar de qualquer parte da sua igreja pelos pecados dela, e o "ai" cairá sobre eles quando retirar a sua presença, glória e proteção.

Ezequiel 12 Versículos 1-16. O cativeiro que se aproxima; 17-20: Um emblema da consternação dos judeus; 21-28: Respostas às objeções dos zombadores. Vv. 1-16. Pelos preparativos para ir embora, e as sua saída através da parede de sua casa no anoitecer, como quem está ansioso para escapar do inimigo, o profeta simbolizou a conduta e o destino de Zedequias. Quando Deus nos liberta, devemos glorificá-lo e edificar o próximo, reconhecendo os nossos pecados. Aqueles que são levados a isto pelas aflições passam a saber que Deus é o Senhor, e podem levar o próximo a conhecerem-no.


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 15 Vv. 17-20. O profeta deve comer e beber preocupado e temeroso, tremendo, para expressar a condição dos habitantes de Jerusalém durante o cerco. Quando os ministros falam da destruição que sobrevirá aos pecadores, devem falar como aqueles que conhecem os terrores do Senhor. As aflições são felizes se nos aperfeiçoam no conhecimento de Deus, por mais penosas que sejam para a carne e o sangue. Vv. 21-28. Dessa paciência de Deus, que deveria tê-los (evado ao arrependimento, os judeus se endureceram no pecado. Alegar que uma fala ruim é um ditado comum não servirá de desculpa. Não há senão um passo entre nós e uma espantosa eternidade; portanto, nos convém estar preparados para o estado futuro. Ninguém será capaz de resistir por suas próprias forças no dia mal, a menos que busque a paz com o Senhor.

Ezequiel 13 Versículos 1-9: Os duros juízos contra os profetas mentirosos; 10-16. A insuficiência de sua obra; 17-23: Os ais contra as falsas profetizas. Vv. 1-9. Quando Deus garante que algo será realizado, concede a sabedoria necessária para tal, o que eles entregavam não era o que tinham visto ou ouvido, como o que os ministros do Senhor entregam. Não eram profetas que oravam, não tinham comunhão com Deus e ocupavam-se em agradar as pessoas, não em fazer-lhes o bem; não resistiam ao pecado, e afagavam o povo com esperanças vãs, os tais alargam a brecha, fazendo que os homens pensem que merecem a vida eterna, quando a ira de Deus está sobre eles. Vv. 10-16. Um falso profeta edificou um muro, deu a idéia de que Jerusalém triunfaria e, com isso, tornou-se aceitável, outros tornaram este assunto ainda mais promissor e digno de crédito; pintaram o muro que os primeiros haviam edificado, mas se decepcionaram logo, quando a sua obra foi demolida pela tormenta da justa ira de Deus, na ocasião em que o exército caldeu devastou a terra. As esperanças de paz e


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 16 felicidade, não garantidas pela Palavra de Deus, enganam os homens; como um muro bem pintado, porém, mal construído. Vv. 17-23. Tudo irá mal para aqueles que preferem ouvir mentiras agradáveis em lugar das verdades desagradáveis. As falsas profetizas procuraram fazer com que o povo se sentisse segurlo, confortável e se orgulhasse, o que era representado pelos finos véus sobre as suas cabeças. Elas serão confundidas em seus intentos e o povo de Deus será livrado das suas mãos. Os cristãos devem se manter muito próximos da Palavra de Deus, e em tudo devem buscar o ensino do Espírito Santo. Confiemos deste modo nas promessas divinas para obedecermos os seus mandamentos.

Ezequiel 14 Versículos 1-11: Ameaças contra os hipócritas; 12-23: O propósito de Deus ao castigar os judeus culpáveis, porém alguns poucos serão salvos. Vv. 1-11. Nenhuma forma ou reforma externa pode ser aceitável para Deus, enquanto houver um ídolo de posse do coração, mas quantos preferem os seus próprios inventos e sua própria justiça, em lugar do caminho da salvação! As corrupções dos homens são ídolos de seus corações, de sua própria criação. Deus deixará que eles sigam o seu curso. O pecado torna o pecador odioso aos olhos do Deus puro e santo, e também aos seus próprios olhos quando a consciência é vivificada. Procuremos ser lavados da culpa e da contaminação do pecado, na fonte que o Senhor tem aberto. Vv. 12-23. Os pecados nacionais acarretam juízos nacionais. Ainda que os pecadores escapem de um juízo, existe outro à sua espera. Quando o povo que professa a Deus se rebela contra Ele, é justo que esperem todos os juízos, pois eles lhes sobrevirão. A fé, a obediência e as orações de Noé prevaleceram para salvar a sua casa, mas não ao mundo antigo. O sacrifício e a oração de Jó a favor dos seus amigos foram aceitos, e Daniel prevaleceu para a salvação de seus companheiros


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 17 e dos sábios da Babilônia. Entretanto, um povo que tenha enchido a medida dos seus pecados não deve ter esperanças de escapar por amor aos justos que vivem entre eles; nem sequer por causa dos santos mais eminentes, que poderiam ser aceitos e salvarem-se a si mesmos por meio dos sofrimentos e da justiça de Cristo. Mesmo quando Deus faz grandes desolações através dos seus juízos, salva a alguns para que sirvam como memorial de sua misericórdia. Crendo firmemente que aprovaremos toda a maneira de Deus tratar a nós e à humanidade, aquietemo-nos e não murmuremos, nem coloquemos objeções rebeldes.

Ezequiel 15 Jerusalém como uma vide estéril. Se uma vide dá fruto é valiosa. Porém, se não dá fruto, não vale nada e é inútil, devendo ser lançada no fogo. Assim, pois, o homem é capaz de produzir um fruto precioso ao viver para Deus; este é o único propósito de sua existência, e se falhar nisto, não servirá para nada, senão para ser destruído. Que cegueira então afeta aos que vivem rejeitando completamente a Deus e a verdadeira religião! Esta semelhança é aplicada a Jerusalém. Cuidemo-nos de não professar uma fé estéril. vamos a Cristo e procuremos permanecer nEle, e que as suas Palavras permaneçam em nós.

Ezequiel 16 Parábola que mostra o primeiro estado vil da nação judaica, sua prosperidade, idolatria e seu castigo. Vv. 1-58. Neste capítulo é descrito os procedimentos de Deus com a nação judaica e a conduta deles para com Ele, e o castigo deles pelas nações vizinhas, até daquelas em que mais confiavam, isso é feito por meio da parábola da criança abandonada, resgatada da morte, educada, desposada e ricamente abastecida, e depois culpável pela conduta mais indigna, e castigada por isto; porém, ao final, recebida com favor e envergonhada por sua conduta vil.


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 18 Não devemos julgar estas expressões segundo as idéias modernas, mas pelas idéias dos tempos e lugares em que foram usadas, onde muitas delas não soariam como soam a nós. O desígnio era suscitar ódio para com a idolatria, e uma parábola assim era muito adequada para este propósito. Vv. 59-63. Depois de uma completa advertência dos juízos, a misericórdia é lembrada e reservada. Estes versículos de encerramento são uma preciosa promessa, parcialmente cumprida pelo retorno dos judeus arrependidos e reformados da Babilônia, mas que terão o seu pleno cumprimento no período do Evangelho. A misericórdia divina é poderosa para derreter os nossos corações em santa dor pelo pecado. Deus nunca deixará perecer o pecador humilhado por seus pecados, que passa a confiar em sua misericórdia e graça por meio de Jesus Cristo, mas Ele o sustentará por seu poder, pela fé para a salvação.

Ezequiel 17 Versículos 1-10: Uma parábola relativa à nação judaica; 11-21: A esta se agrega uma explicação; 22-24: Uma promessa direta sobre o Messias. Vv. 1-10. Os fortes conquistadores são comparados aos pássaros ou animais de rapina, mas suas paixões destrutivas não contribuem para o progresso dos desígnios de Deus. Aqueles que se afastam de Deus somente variam os seus delitos ao trocar uma confiança carnal por outra, e jamais prosperarão. Vv. 11-21. A parábola é explicada, e os detalhes particulares da nação judaica nessa época podem ser vistos. Zedequias fora ingrato com o seu benfeitor, um pecado contra Deus. Em todo voto solene, Deus é invocado como testemunha da sinceridade daquele que jura. A verdade é uma dívida que se tem para com todos os homens. Se os que professam a verdadeira religião tratam traiçoeiramente aos de uma religião falsa, sua profissão piora o seu pecado; Deus certamente o castigará, e com maior severidade. o Senhor não considera inocentes aqueles que tomam o seu


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 19 nome em vão; nenhum homem que morre culpado, sem arrependimento, escapará do justo juízo de Deus. Vv. 22-24. A incredulidade do homem não anulará o efeito da promessa de Deus. A parábola de uma árvore, usada na ameaça, aqui está representada na promessa. Parece ser aplicável somente a Jesus, o Filho de Davi, o Messias de Deus. O reino de Satanás, que tem durado um longo tempo, será quebrantado, e o Reino de Cristo, olhado com desprezo, será estabelecido. Bendito seja Deus, pois nosso Redentor é visto até pelos confins da terra. Podemos encontrar refúgio da ira vindoura, e de todo inimigo e perigo, à sua sombra; todos os crentes são frutíferos nEle.

Ezequiel 18 Versículos 1-20: Deus não faz acepção de pessoa; 21-29: A providência divina é reivindicada; 30- 32: Um convite de graça ao arrependimento. Vv. 1-20. A alma que pecar morrerá. Quanto à eternidade, todo homem era, é e será tratado segundo a conduta com que esteve debaixo do pacto de obras, ou do novo pacto de graça. Qualquer que seja o sofrimento exterior que sobrevenha aos homens pelos pecados do próximo, eles merecem tudo o que sofrem por seus próprios pecados; o Senhor despreza ou anula todo o sucesso para o bem eterno dos crentes. Todas as almas estão nas mãos do Grande Criador. Ele as tratará com justiça ou misericórdia, e ninguém perecerá por pecados alheios; se for de alguma maneira digno de morte, o será por seus próprios. Todos temos cometido pecados, e a nossa alma deveria se perder se Deus nos tratasse segundo o rigor da sua santa Lei; porém, somos convidados amorosamente a ir a Cristo. Vv. 10-20. Se um homem que tivesse mostrado a sua fé através das suas obras, tivesse um filho ímpio, cujo caráter e conduta fossem o contrário dos de seu pai, poderia se esperar que escapasse da vingança divina pela piedade de seu pai? Não. Se um homem mal tivesse um filho


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 20 que andasse como é justo diante de Deus, este filho não pereceria pelos pecados de seu pai. Mesmo que o filho não estivesse livre de males nesta vida, ainda assim é participante da salvação. A questão aqui não é sobre a base meritória da justificação, mas sobre os tratos do Senhor para com o justo e o injusto. Vv. 21-29. O homem mal seria salvo se deixasse os seus maus caminhos. o verdadeiro arrependido é um verdadeiro crente. Nenhuma das suas transgressões anteriores seio mencionadas; certamente viverá pela justiça que tenha feito, como fruto da fé e o efeito da conversão. A questão não é se o justo verdadeiro alguma vez se torna apostata. É certo que assim fazem muitos que, durante certo tempo acreditaram ser justos, enquanto os versos 26 e 27 falam da plenitude da misericórdia que perdoa: quando o pecado é perdoado, é completamente apagado e já não existirá mais qualquer lembrança dele. Na justiça divina eles viverão, não na justiça deles mesmos, como se isto fosse expiação por seus pecados; essa é uma das bênçãos compradas pelo Mediador. Que alento tem um pecador arrependido, que se volta para esperar o perdão e a vida conforme esta promessa! No versículo 28 está o inicio e o progresso do arrependimento. Os crentes verdadeiros vigiam e oram, continuam fiéis até o fim e são salvos. Em toda nossa argumentação com Deus, Ele sempre tem razão, e nós sempre estamos equivocados. Vv. 30-32. O Senhor julgará a cada um dos israelitas segundo os seus caminhos. Nisto se baseia uma exortação ao arrependimento, e em dar-lhes um coração e um espírito novos. Deus não ordena que façamos aquilo que não podemos fazer, mas nos admoesta que façamos o que está ao nosso alcance, e para que oremos pelo que não nos é possível fazer. As ordenanças e os meios estão designados, e são dadas promessas e ordens, para que quem desejar esta transformação possa buscá-la em Deus.


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Ezequiel 19 Versículos 1-9: Parábola que lamenta a ruína de Joacaz e Joaquim; 10-14: Parábola que descreve a desolação do povo. Vv. 1-9. Ezequiel compara o reino de Judá com uma leoa. Compara os reis de Judá com os filhotes dos leões; foram cruéis opressores de seus próprios súditos. A justiça de Deus deve ser reconhecida quando aqueles que aterrorizam e escravizam o próximo são também aterrorizados e escravizados. Quando os crentes associam-se a pessoas ímpias, seus filhos costumam crescer seguindo as doutrinas e os costumes do mundo ímpio. A chegada a uma posição de autoridade descobre a ambição e o egoísmo do coração dos homens, e os que passam a sua vida cometendo maldades geralmente a terminam de modo violento. Vv. 10-14. Jerusalém era uma vide florescente e frutífera. Esta vide está agora destruída, ainda que sua raiz não tenha sido arrancada. Ela se tornou, por sua maldade, como isca para as faíscas da ira de Deus, de modo que os seus próprios ramos servem de combustível para queimá-la. Bendito seja Deus, pois aqui se faz alusão a Cristo como um ramo da vide, que não somente virá a ser uma vara forte para o cetro daqueles que reinam, mas Ele mesmo é a Vide viva e verdadeira. isto servirá de regozijo para o povo escolhido de Deus em todas as gerações.

Ezequiel 20 Versículos 1-9: Os anciãos de Israel são lembrados da idolatria no Egito; 10-26. No deserto; 27-32: Em Canaã; 33-44: Deus promete perdoá-los e restaurá-los; 45-49: Profecia contra Jerusalém. Vv. 1-9. Os corações daqueles que pedem permissão a Deus para continuar em pecado, mesmo quando sofrem por isto, estão miseravelmente endurecidos (verso 32). Deus, está com razão irado com aqueles que resolvem continuar transgredindo. Ele faz com que as pessoas conheçam as más obras de seus pais, para que percebam quão justo foi que Deus os cortasse.


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 22 Vv. 10-26. No Novo e no Antigo Testamentos se faz referência à historia de Israel no deserto, para servir de advertência. Deus fez grandes coisas por eles. Deu-lhes a lei, e renovou a antiga obediência ao dia de repouso. os dias de repouso são privilégios, sinais de que somos seu povo. Se cumprimos o dever do dia, para nosso consolo descobriremos que o Senhor é quem nos torna santos, isto é, verdadeiramente felizes aqui; e nos prepara para sermos felizes, isto é, perfeitamente santos, no além. Os israelitas se rebelaram e foram abandonados aos juízos que ocasionaram a si mesmos. Às vezes Deus faz com que o pecado seja o próprio castigo do pecador; contudo, Ele não é o autor do pecado: para tornar os homens miseráveis, não é necessário mais do que entregá-los aos seus maus desejos e paixões. Vv. 27-32. Os judeus persistiram na rebeldia depois que se instalaram na terra de Canaã. Estes anciãos parecem ter pensado em unirem-se aos pagãos. Nada fazemos por nossa profissão de fé, se for somente uma mera profissão. Nada se alcança pelo cumprimento pecaminoso; e os projetos carnais dos hipócritas não terão êxito. Vv. 33-44. Os malvados israelitas, apesar de seguirem os caminhos pecaminosos das outras nações, não se misturam com eles em sua prosperidade; antes, serão separados deles para a destruição. Não existe maneira de não estar sujeito ao domínio de Deus, e aqueles que não se rendem ao poder de sua graça irão submergir sob o poder de sua ira. Porém, nenhuma das jóias de Deus se perderá no vazio deste mundo. Ele levará novamente os judeus à terra de Israel, e lhes dará arrependimento verdadeiro. Eles serão vencidos por sua bondade: quanto mais conheçamos a santidade de Deus, mais notaremos quão odiosa é a natureza do pecado. Aqueles que permanecem sem se sentirem tocados pelos meios da graça, e vivem sem Cristo, como o mundo que os rodeia, podem estar certos de que este é o caminho para a destruição. Vv. 45-49. Judá e Jerusalém haviam estado cheias de gente, como um bosque de árvores, porém vazios de frutos. A Palavra de Deus


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 23 profetiza contra aqueles que não dão frutos de justiça. Quando Ele arruína uma nação, quem ou o que poderá salvá-la? As verdades mais claras eram como parábolas para o povo. É comum que aqueles que não são tocados pela Palavra lancem a culpa sobre ela.

Ezequiel 21 Versículos 1-17: A ruína de Judá sob o símbolo de uma espada afiada; 18-27: A aproximação do rei da Babilônia é descrita; 28-32: A destruição dos amonitas. Vv. 1-7. Aqui há uma explicação da parábola do último capítulo. Declara-se que o Senhor estava prestes a exterminar Jerusalém e toda a terra, para que todos soubessem de seu decreto contra um povo mau e rebelde. Convém que aqueles que denunciam a espantosa ira de Deus contra os pecadores demonstrem que não desejara o dia lamentável. o exemplo de Cristo nos ensina a lamentarmo-nos por aqueles cuja destruição declaramos. Vv. 8-17. Não importa quais sejam os instrumentos que Deus use para executar os seus juízos, Ele os fortalecerá conforme o serviço no qual estão empregados. A espada resplandece para terror daqueles contra quem ela é desembainhada. É uma espada para outros, mas uma vara para o povo do Senhor. Deus dita esta sentença de maneira muito séria, e o profeta deve comportar-se de modo sério ao anunciá-la. Vv. 18-27. Através do Espírito de profecia, Ezequiel prevê a marcha de Nabucodonosor, da Babilônia. Esta marcha seria determinada por Nabucodonosor por meio de adivinhação. o Senhor anularia o governo de Judá até a chegada daquele a quem pertence o direito. Isto parece anunciar as sucessivas quedas da nação judaica até o presente, e os transtornos dos estados e reinos que abriram o caminho para estabelecer o reino do Messias em toda a terra. O Senhor guia secretamente a todos para que adotem os seus sábios desígnios. Em meios às mais tremendas advertências da ira, ainda ouvimos mencionar a


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 24 misericórdia, e alguma menção daquele pelo qual se mostra misericórdia aos pecadores. Vv. 28-32. Os adivinhos dos amonitas falaram falsas profecias de vitórias. Nunca recuperariam o seu poder e seriam totalmente esquecidos. Devemos ser agradecidos por ser empregados como instrumentos de misericórdia; usemos o nosso entendimento para fazer o bem; e nos afastemos dos homens que são hábeis somente para destruir.

Ezequiel 22 Versículos 1-16. Os pecados de Jerusalém; 17-22: Israel é condenado como escória; 23-31: Como a corrupção é geral, assim será o castigo. Vv. 1-16. O profeta deve julgar a cidade sanguinária. Jerusalém é assim chamada devido aos seus crimes. os pecados dos quais é acusada são extremamente pecaminosos. Assassinatos, idolatria, desobediência aos pais, opressão e extorsão, profanação do dia do repouso e das coisas santas, e pecados contra o sétimo mandamento: luxúria e adultério, o desprezo deles para com Deus, era a causa de toda esta maldade. os pecadores provocam a ira de Deus porque se esquecem dEle. Jerusalém havia enchido a medida dos seus pecados. Aqueles que permitem que a sua vida seja comandada por suas luxúrias serão dados como porção delas. Aqueles que resolvem ser o seu próprio Senhor, não devem ter expectativa de outra felicidade, além daquela que as suas próprias mãos podem lhes prover; e isto se mostrará ser uma porção miserável. Vv. 7-22. Israel, comparado com outras nações, havia sido como o ouro e a prata, quando comparados com os metais mais vis. Porém, agora são como o lixo que se consome no fogo, ou o que se lança fora depois da prata ter sido refinada. Os pecadores, especialmente os "desviados", são inúteis, sem qualquer serventia. Quando Deus lança o seu próprio povo no forno, se assenta ao lado deles, como um refinador ao lado do ouro, para providenciar que não continuem ali por mais tempo do que o apropriado ou necessário. A escória será totalmente separada, e o metal


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 25 nobre será purificado. Que aqueles que sofrem dores ou enfermidades prolongadas, e pensam que os seus corações apenas podem suportar as aflições leves e momentâneas, sejam advertidos a fugir da ira vindoura. Se estas provas não são santificadas pelo poder do Espírito Santo, para que os seus corações e mãos sejam purificados do pecado, coisas muito piores lhes sobrevirão. Vv. 23-31. Todas as ordens e classes de homens haviam ajudado a encher a medida da culpa da nação. Pessoas que possuíam algum poder abusaram dele, e até os compradores e vendedores encontraram uma maneira de se oprimirem uns aos outros. Sucede o mal a um povo quando o juízo lhe sobrevêm, e se restringe o espírito de oração. Que todos os que temem a Deus se unam para fomentar a sua verdade e justiça, como os homens maus de todas as classes e profissões conspiram juntos para derrubá-los.

Ezequiel 23 Uma história da apostasia do povo de Deus e o agravamento desta. Nesta parábola, Samaria e Israel levam o nome de Aolá, "seu próprio tabernáculo", porque os lugares de adoração que estes reinos possuíam era de sua própria concepção. Jerusalém e Judá levam o nome de Aolibá, "meu tabernáculo está nela", porque o seu templo era o lugar onde o próprio Deus havia escolhido para colocar o seu nome. A linguagem e as figuras concordam com aquela época. Estas humildes representações da natureza não manterão vivos o arrependimento e a tristeza perpétua na alma, ocultando o orgulho de nossos olhos e tirando-nos do alcance de nossa justiça própria? Não prepararão também a alma para olhar continuamente a Deus por graça, para que por seu Espírito Santo possamos mortificar as obras do corpo e viver uma vida de bondade e santidade em nosso falar?


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry)

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Ezequiel 24 Versículos 1-14: A sorte de Jerusalém; 15-27: A extensão dos sofrimentos dos judeus. Vv. 1-14. A panela no fogo representava Jerusalém sitiada pelos caldeus; os homens de todas posições e classes sociais estavam dentro dos muros, preparados como uma presa para o inimigo. Deveriam ter abandonado as suas transgressões, como a espuma que sobe pelo calor do fogo é tirada da parte de cima da panela. Porém, tornaram-se piores e as suas misérias aumentaram. Jerusalém seria demolida até ao chão, o tempo designado para o castigo dos ímpios parece vir lentamente, mas certamente virá. É triste pensar quantos são aqueles que perdem todas as ordenanças e as providências. Vv. 15-27. Ainda que chorar pelos mortos seja um dever, devemos, contudo, mantermo-nos sujeitos à religião e à reta razão: não devemos nos entristecer como homens que não têm esperanças. Os crentes não devem copiar a linguagem e as expressões daqueles que não conhecem a Deus, o povo perguntou o significado do sinal. Deus permitiu que tudo o que lhes era mais querido lhes fosse tomado. Como Ezequiel não chorou por causa de sua aflição, assim também eles não deveriam chorar pelas suas. Bendito seja Deus, pois não temos que desfalecer sob o peso de nossas aflições. Se todos os consolos falharem e se todo o sofrimento se unir, ainda assim o coração quebrantado e a oração do doente serão sempre aceitáveis diante de Deus.

Ezequiel 25 Versículos 1-7: Juízos contra os amonitas; 8-17: Contra os moabitas, edomitas e filisteus. Vv. 1-7. Uma pessoa demonstra ser má quando se contenta com as calamidades de outros, especialmente do povo de Deus; é um pecado que certamente terá que ser confessado. Deus fará evidente que Ele é o Deus


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 27 de Israel, ainda que por um certo tempo permita que seu povo seja cativo na Babilônia. É melhor conhecê-lo e ser pobre, do que ser rico e ignorante em relação a Ele. Vv. 8-17. Ainda que um mesmo evento suceda ao justo e ao ímpio, será tremendamente diferente em cada um dos casos. Aqueles que se gloriam em qualquer outra defesa e proteção diferente daquela que o poder, a providência e as promessas divinas podem lhe oferecer, mais cedo ou mais tarde serão envergonhados de sua glória. Aqueles que não permitem que Deus os vingue contra os seus inimigos, podem esperar que Deus se vingue contra eles, e não contra os seus inimigos. A eqüidade dos juízos do Senhor deve ser observada quando Ele não somente vinga as luxúrias naqueles que as praticaram, mas pela mão daqueles contra quem foram cometidas. Aqueles que entesouram um antigo ódio e esperam a oportunidade de manifestá-lo estão entesourando ira para si mesmos no dia da ira.

Ezequiel 26 Uma profecia contra Tiro. Vv. 1-14. Sentir secretamente prazer com a morte ou a deterioração do próximo, quando nós mesmos podemos ser atingidos por isto, ou por sua queda, ou ser beneficiados com isso, é um pecado que facilmente nos assalta, mas não costuma ser considerado tão mal como realmente é. Entretanto, parte de um princípio egoísta e ambicioso, e do amor ao mundo, que se for a nossa felicidade, proibirá expressamente o amor de Deus. Ele costuma aniquilar os projetos daqueles que se exaltam a si mesmos pisando nas ruínas do próximo. As regras mais comuns do mundo do comércio, quando praticado de modo enganoso, opõem-se diretamente à lei de Deus, o Senhor se porá contra os comerciantes egoístas e amantes do dinheiro, cujos corações, como os dos habitantes de Tiro, estão endurecidos pelo amor às riquezas. Os homens têm pouca razão para se gloriarem nas coisas que estimulam a inveja e o roubo nos demais, e que estão continuamente


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 28 alternando-se entre um e outro; têm também poucas razões para gloriarem-se e esforçarem-se para obter, manter e gastar tudo aquilo que provoca a esse Deus, cuja ira converte as cidades jubilosas em montões de escombros. Vv. 15-21. Observe quão grande e exaltada fora Tiro, observe a que ponto foi rebaixada. A queda de outros deveria nos despertar e nos tirar de nossa falsa segurança. A descoberta do cumprimento de uma profecia da Escritura é como um milagre que confirma a nossa fé. Tudo o que é terreno é vaidade e aflição. Aqueles que têm agora uma prosperidade estável logo estarão fora da vista e esquecidos.

Ezequiel 27 Versículos 1-25: A mercadoria de Tiro; 26-36. A sua queda e ruína. Vv. 1-25. Aqueles que vivem de forma confortável se lamentarão, se não estiverem preparados para os problemas. Que ninguém leve mais em conta a sua formosura do que a sua santificação. A informação sobre o comércio de Tiro sugere que o olhar de Deus está sobre os homens quando estão ocupados nos negócios do mundo. Não somente quando estão na Igreja, orando e ouvindo, mas também quando estão nos mercados e nas feiras, comprando e vendendo. Em todos os nossos negócios devemos manter a consciência limpa de ofensas. Deus, como um Pai de toda a humanidade, faz com que cada país abunde em determinados bens, para servir à necessidade ou para o conforto e adorno da vida humana, observe que grande bênção é o comercio e as mercadorias para a humanidade, quando são realizados com temor a Deus. Além das necessidades básicas, dá-se valor a uma abundância de coisas somente por costume, e Deus nos permite usá-las. Porém quando as riquezas aumentam, os homens tendem a colocar os seus corações nelas e esquecem-se do Senhor, que lhes dá o poder para obterem riquezas.


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 29 Vv. 26-36. Os reinos e os estados mais magníficos e poderosos caem, mais cedo ou mais tarde. Aqueles que depositam a sua confiança nas criaturas e nelas colocam as suas esperanças cairão juntamente com elas: felizes são os que têm ao Deus de Jacó como sua ajuda, e cuja esperança está no Senhor seu Deus, que vive para sempre. Aqueles que se envolvem no comércio devem aprender a realizar os seus negócios conforme a Palavra de Deus. Aqueles que possuem riquezas devem se lembrar que são mordomos do Senhor, e devem usar os seus bens para fazer o bem a todos. Busquemos primeiro o reino de Deus e a sua justiça.

Ezequiel 28 Versículos 1-19: A sentença contra o príncipe ou rei de Tiro; 2023: A queda de Sião; 24-26: A restauração de Israel. Vv. 1-19. Etbaal ou Itobal era o príncipe ou rei de Tiro; e havendo se enaltecido com orgulho excessivo, reivindicou honras divinas. o orgulho é o pecado peculiar de nossa natureza caída. Nenhuma sabedoria pode conduzir à felicidade neste mundo ou no vindouro, salvo aquela que o Senhor nos dá, o altivo príncipe de Tiro pensou que era capaz de proteger o seu povo por seu próprio poder, e considerou-se igual aos habitantes do céu. Se fosse possível habitar no jardim do Éden, ou até mesmo entrar no céu, nenhuma felicidade sólida poderia ser desfrutada sem uma mente humilde, santa e espiritual. Todo orgulho espiritual é especialmente diabólico. Aqueles que o permitem devem ter a expectativa de perecer. Vv. 20-26. Os sidônios eram vizinhos fronteiriços com a terra de Israel e poderiam ter aprendido a glorificar ao Senhor, mas ao invés disto, atraíram Israel a adoração de seus ídolos. A guerra e a pestilência são os mensageiros de Deus, e Ele será glorificado ao restaurar ao seu povo à sua anterior prosperidade e segurança. Deus os curará de seus pecados e os aliviará de seus problemas. Esta promessa se cumprirá plenamente, a longo prazo, na Canaã celestial: quando todos os santos serão reunidos, tudo aquilo que ofende a Deus será eliminado, e todas as


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 30 penas e temores desaparecerão para sempre. Feliz, então, é a Igreja de Deus, e todo membro vivo dela, ainda que pobre, aflito e desprezado, porque o Senhor esclarecerá a sua verdade, poder e misericórdia na salvação e na felicidade de seu povo redimido.

Ezequiel 29 Versículos 1-16: A desolação do Egito; 17-21: Uma promessa de misericórdia para Israel. Vv. 1-16. As mentes carnais e mundanas se orgulham em sua propriedade, esquecendo-se de que o que temos, recebemos de Deus e devemos usar para Ele. Então, de que nos ensoberbecemos? O "eu" é o grande ídolo que todo o mundo adora, desprezando a Deus e a sua soberania. Deus pode forçar os homens a deixarem aquilo em que estão mais seguros e confortáveis. os tais, e todos os que se apegam a tais coisas, perecerão juntamente. Dessa forma, o orgulho, a presunção e a segurança carnal do homem são aniquilados. O Senhor está contra aqueles que causam danos ao seu povo e ainda mais contra aqueles que os levam a pecar. O Egito será um reino novamente, porém, será o mais vil dos reinos; terá pouca riqueza e poder. A história mostra o pleno cumprimento desta profecia. Deus, não somente com justiça, mas com sabedoria e bondade para conosco, tira as criaturas humanas sobre as quais nos apoiamos, para que não depositemos mais a nossa confiança nelas. Vv. 17-21. Os sitiadores de Tiro obtiveram pouco despojo. Entretanto, quando Deus emprega homens ambiciosos ou cobiçosos, os recompensará conforme os desejos de seus corações, porque cada um terá a sua recompensa. Deus tinha misericórdia guardada para a casa de Israel pouco depois. A historia das nações explica melhor as antigas profecias. Todos os acontecimentos cumprem as Escrituras. Assim, nas mais profundas cenas de adversidade, o Senhor semeia a semente de nossa prosperidade futura. Felizes são aqueles que desejam o seu favor, graça e imagem; eles se deleitarão em seu serviço e não


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 31 cobiçarão nenhuma recompensa terrena, e as bênçãos que têm escolhido serão garantidas para eles para sempre.

Ezequiel 30 Versículos 1-19: Uma profecia contra o Egito; 20-26: Outra profecia. Vv. 1-19. A profecia da destruição do Egito é completa. Aqueles que lançam a sua sorte com os inimigos de Deus estarão com eles no castigo. O rei da Babilônia e o seu exército serão os instrumentos desta destruição. Muitas vezes Deus faz com que um homem mau seja o acoite de outro. Nenhum lugar da terra do Egito escapará da fúria dos caldeus. O Senhor é conhecido pelos juízos que executa. Estes são efeitos atuais do descontentamento divino, não dignos de nosso temor, comparados com a ira vindoura da qual Jesus livrará o seu povo. Vv. 20-26. O Egito ficará mais e mais enfraquecido. Se os juízos menores não prevalecem para humilhar e restaurar os pecadores, Deus enviará outros maiores. Com justiça, Deus despedaça o poder daqueles que abusam, seja lançando males ao povo ou lançando enganos sobre eles. A Babilônia se fortalecerá. Em vão os homens se propõem a atarem o braço que o Senhor se compraz em quebrar, e a fortalecerem aqueles que Ele derrubará. Aqueles que desprezam as descobertas de sua verdade e misericórdia conhecerão o seu poder e justiça no castigo que receberão por seus pecados.

Ezequiel 31 Versículos 1-9: A glória da Assíria; 10-18: Sua queda, e o mesmo para o Egito. Vv. 1-9. As quedas dos demais no pecado e a sua ruína nos advertem a não nos sentirmos seguros nem ensoberbecidos. O profeta deveria mostrar o caso de uma pessoa a quem o rei do Egito se parecia em grandeza: o assírio, comparado a um cedro majestoso. Aqueles que


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 32 superam os demais tornam-se objetos de inveja, mas as bênçãos do paraíso celestial não são responsáveis por tal situação. A máxima segurança que uma criatura pode dar é apenas como a sombra de uma árvore, uma escassa e insignificante proteção. Fujamos a Deus em busca de proteção, e assim estaremos a salvo. A sua mão deve ser reconhecida no surgimento dos grandes homens da terra, e não devemos invejar os tais. Ainda que as pessoas mundanas possam aparentar que têm uma firme prosperidade, contudo, somente o aparentam. Vv. 10-18. O rei do Egito lembrava o rei da Assíria em sua grandeza: aqui vemos que se assemelhava a ele também em seu orgulho. E a sua queda também seria semelhante. Seu pecado causa a sua ruína. Nenhuma de nossas consolações se perdem para sempre, senão aquelas às quais temos renunciado mais de mil vezes. Quando os grandes homens caem, muitos caem com eles, como tantos têm caído diante deles. A queda dos homens orgulhosos é uma advertência para os demais, para mantê-los humildes. Observe quão baixo está o Faraó; e veja a que ponto chegou toda a sua pompa e orgulho. É melhor ser uma humilde árvore de justiça, que dá fruto para a glória de Deus e para o bem dos homens. Muitas vezes o ímpio se encontra florescendo como o cedro e se alarga como a faia, mas logo morre e o seu lugar não é mais encontrado. Então, nos firmemos no homem perfeito e contemplemos o justo, porque o fim deste homem será de paz.

Ezequiel 32 Versículos 1-16. A queda do Egito; 17-32: É como as outras nações. Vv. 1-16. Nos convém chorar e tremer por aqueles que não choram nem tremem por si mesmos. São grandes opressores, a critério de Deus, não melhores que os animais ferozes. Aqueles que apreciam a pompa deste mundo se maravilharão diante da ruína desta pompa; isto não é


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 33 surpresa para aqueles que conhecem a vaidade de todas as coisas desta terra. Quando o próximo é destruído pelo pecado, devemos temer por sabermos que também somos culpáveis. Os instrumentos da desolação são espantosos, e os exemplos da desolação, terríveis. As águas do Egito correrão como azeite, o que significa que haverá tristeza e pesar universal em toda a nação. Deus pode rapidamente esvaziar, dos bens deste mundo, aqueles que os possuem em maior abundância. Acrescentando os motivos de nosso gozo, aumentamos as ocasiões de nossa tristeza. Quão frágeis e indefesos são os homens mais poderosos da humanidade em relação a Deus! A destruição do Egito foi um tipo da destruição dos inimigos de Cristo. Vv. 17-32. São mencionadas as diversas nações que desceram à sepultura antes do Egito. Estas nações foram finalmente destruídas e exterminadas. Porém, ainda que Jerusalém e Judá nessa época estivessem destruídas e desfeitas, não são mencionadas aqui. Ainda que tenham sofrido a mesma aflição e da mesma mão, a misericórdia de Deus reservada para elas e o bondoso desígnio pelo qual foram afligidas mudavam-lhes a natureza. Isto não era para que elas fossem rebaixadas até ao chão, como era para os pagãos. Faraó verá e será consolado; porém, o consolo que os maus têm depois da morte é pobre e imaginário. A visão que esta profecia dá dos estados destruídos mostra algo deste mundo presente, e do império da morte nele. Vinde e vede o estado calamitoso da vida humana. Como se os homens não morressem com suficiente rapidez, são engenhosos para encontrar maneiras de destruírem-se uns aos outros. Também do outro mundo; ainda que a destruição das nações como tais parece ser a principal alusão, aqui é uma clara alusão à ruína eterna dos pecadores impenitentes. Como os homens são enganados por Satanás! Quais são os objetivos que perseguem através do derramamento de sangue e de seus muitos pecados? Certamente o homem se inquieta em vão, não importa se persiga fama, riqueza, poder ou prazer. Chegará a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a voz de Cristo e sairão; os que fizeram o bem, para a


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 34 ressurreição da vida, e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação.

Ezequiel 33 Versículos 1-9: O dever de Ezequiel como atalaia; 10-20: Ele deve reivindicar o governo divino; 21-29: A desolação da Judéia; 30-33: Juízos para aqueles que zombam dos profetas. Vv. 1-9. O profeta é um sentinela da casa de Israel. O seu trabalho é advertir os pecadores sobre a desgraça e o perigo. Ele deve advertir o ímpio para que deixe o seu mau caminho para viver. Se uma alma perecer por sua própria negligência quanto ao dever, a culpa é dela mesma. Observe pelo que devem responder aqueles que desculpam o pecado, afagando os pecadores e exortando-os a crer que terão paz, ainda que continuem no pecado. Quão mais sábios são os homens em suas preocupações temporais do que nas espirituais! Colocam atalaias para guardarem as suas casas e sentinelas para que lhes advirtam sobre a aproximação do inimigo, mas quando o que está em jogo é a felicidade ou a miséria eterna da alma, se ofendem se os ministros obedecem o mandamento de seu Senhor e lhes dão uma fiel advertência; preferem perecer ouvindo coisas doces. Vv. 10-20. Aqueles que se desesperam por achar misericórdia em Deus têm resposta em uma declaração solene da prontidão de Deus para mostrar misericórdia. A ruína da cidade e do estado estava decidida, porém, isto não estava relacionado com o estado final das pessoas. Deus disse que o justo certamente viverá, mas muitos que fizeram profissão de fé foram destruídos pela orgulhosa confiança em si mesmos. o homem que confia em sua própria justiça e presume de sua própria suficiência é levado a cometer iniqüidade. Se aqueles que têm levado uma vida ímpia se arrependerem e abandonam os seus maus caminhos, serão salvos. Muitas mudanças surpreendentes e benditas têm sido realizadas pelo poder da graça divina.


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 35 Quando é estabelecida uma separação entre o homem e o pecado, não haverá mais separação entre ele e Deus. Vv. 21-29. Sem dúvida, não é possível ensinar aqueles que não aprendem a depender de Deus quando todos os consolos humanos falham. Muitos reivindicam participação nas bênçãos peculiares dos crentes verdadeiros, enquanto a sua conduta demonstra que são inimigos de Deus. Dizem que a sua presunção sem fundamentos é uma fé firme, quando o testemunho de Deus os declara merecedores de suas ameaças e nada mais. Vv. 30-33. Motivos indignos e corruptos costumam levar os homens a lugares onde se prega fielmente a Palavra de Deus. Muitos chegam para encontrar algo a que se opor; muitos vêm mais por pura curiosidade ou costume. os homens podem agradar suas fantasias com a Palavra, sem que as suas consciências sejam tocadas nem os seus corações transformados. Porém, não importa se os homens ouvem ou deixem de ouvir, saberão que um servo de Deus esteve entre eles. Todos aqueles que não desejam conhecer o valor das misericórdias aproveitando-as, conhecerão o seu valor pela falta destas.

Ezequiel 34 Versículos 1-6. Os reis são reprovados; 7-16. O povo deve ser restaurado à sua própria terra; 17-31: O reino de Cristo. Vv. 1-6. O povo chegou a ser como ovelhas sem pastor, dados como presa aos seus inimigos, e a terra foi completamente devastada. Nenhuma classe social ou oficio pode eximir das repreensões da Palavra de Deus os homens que são negligentes em seu dever, e que abusam da confiança neles depositada. Vv. 7-16. O Senhor declara que será misericordioso com o rebanho espalhado. Sem dúvida isto refere-se, em primeiro lugar, à restauração dos judeus. Também representa o terno cuidado que o Bom Pastor tem para com as almas de seu povo. Encontra-os quando estão em trevas e ignorância e os leva ao seu redil. Socorre-os em tempos de perseguição e tentação. Guia-os pelos caminhos de justiça e faze-os repousar em seu


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 36 amor e fidelidade. o homem orgulhoso e auto-suficiente é inimigo do Evangelho verdadeiro e dos crentes, contra os quais devemos nos resguardar. Ele tem repouso para os santos atribulados, e terror para os pecadores presunçosos. Vv. 17-31. Toda a nação aparentava ser rebanho do Senhor; porém, tinham características muito diferentes, e Ele sabia distinguí-los. os bons pastos e águas profundas, eram representações da Palavra de Deus e da dispensação da justiça. Os últimos versículos, 23-31, profetizam de Cristo e sobre os tempos mais gloriosos de sua igreja na terra. Tendo Ele como Bom Pastor, a igreja será uma bênção para todos aqueles que a rodeiam. Cristo, ainda que excelente em si mesmo, era como uma tenra planta que brota em um solo seco. Sendo a árvore da vida, que dá a todos os frutos da salvação, produz alimento espiritual para as almas do seu povo. Nosso desejo e oração constantes devem ser para que haja chuvas de bênçãos em todos os lugares onde se pregue a verdade de Cristo; e que todos os que professem o Evangelho sejam cheios dos frutos da justiça.

Ezequiel 35 Uma profecia contra Edom. Vv. 1-9. Todos os que se colocam contra Deus têm a Palavra dEle contra si mesmos. Aqueles que têm um ódio constante por Deus e por seu povo, como a mente carnal, podem esperar ser desolados para sempre. Vv. 10-15. Quando vemos a vaidade do mundo, nos desenganos nas perdas e cruzes com que o próximo se encontra; em lugar de nos mostrarmos ambiciosos pelas coisas do mundo, devemos abandoná-las. Na multidão de Palavras, nenhuma é desconhecida por Deus, nem sequer a palavra mais ociosa; e a mais ousada não está isenta de sua reprovação. Na destruição dos inimigos da Igreja, Deus busca a sua glória, e podemos estar certos de que Ele não deixará de cumprir os seus


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 37 propósitos. E quando chegar a plenitude dos judeus e dos gentios à igreja, todos os oponentes anticristãos serão destruídos.

Ezequiel 36 Versículos 1-15: A terra será liberta dos pagãos opressores; 16-24: O povo é lembrado dos seus pecados anteriores e da libertação prometida; 25-38: Também santidade e bênçãos de Evangelho. Vv. 1-15. Aqueles que desprezam e rejeitam o povo de Deus receberão estes mesmos desgostos. Deus promete o seu favor ao seu Israel. Não temos razão para nos queixarmos se quanto mais maus os homens são, mais bondoso é Deus. Eles retornarão às suas próprias fronteiras. É um tipo da Canaã celestial, da qual todos os filhos de Deus são herdeiros, e à qual serão levados todos juntos. Quando Deus novamente trata com misericórdia a um povo que regressa a Ele com o seu dever, todas as aflições deste são resolvidas. O pleno cumprimento desta profecia deve se dar em algum momento no futuro. Vv. 16-24. A restauração deste povo tipifica a nossa redenção por Cristo, o que mostra que o objetivo apontado em nossa salvação é a glória de Deus, o pecado de um povo contamina a sua terra, torna-a abominável para Deus e incômoda para nós. O santo Nome de Deus é o seu grande nome, sua santidade é a sua grandeza e, no caso dos homens, nada além destas qualidades podem tornar um homem verdadeiramente grande. Vv. 25-38. A água simboliza a limpeza de nossas almas contaminadas pelo pecado. Porém, nenhuma água pode fazer nada além de lavar a imundícia da carne. Em geral, a água parece ser o sinal sacramental das influências santificadoras do Espírito Santo; entretanto, isto sempre está relacionado com o sangue de Cristo que faz expiação por nós. Quando por fé aplica-se este último à consciência para limpá-la das más obras, a primeira sempre é aplicada aos poderes da alma para purificá-la da contaminação do pecado.


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 38 Todos aqueles que são participantes do novo pacto têm um novo coração e um novo espírito, para andar em novidade de vida. Deus dará um coração de carne, brando e terno, que cumpra a sua santa vontade. A graça renovadora realiza uma mudança tão grande na alma, como a transformação de uma pedra morta em carne viva. Deus colocará dentro dela o seu Espírito para agir como Mestre, Guia e Santificador. A promessa da graça de Deus para prepararmo-nos para o nosso dever deveria despertar o nosso cuidado e um propósito constante para cumprirmos o nosso dever. Estas são promessas das quais todos os verdadeiros crentes, de todas as épocas, devem fazer uso em oração para que se cumpram.

Ezequiel 37 Versículos 1-14: Deus restaura à vida os ossos secos; 15-28: Toda a casa de Israel é apresentada desfrutando as bênçãos do reino de Cristo. Vv. 1-14. Nenhum poder criado pode restaurar ossos humanos e dar-lhes vida. Só Deus pode fazê-los viver, os ossos foram cobertos por pele e carne e foi ordenado que o vento soprasse sobre os corpos; e estes receberam vida novamente, o vento é a figura do Espírito de Deus e representa o seu poder vivificante. A visão serviria para alentar os judeus que desfaleciam; para anunciar a restauração deles depois do cativeiro, e a recuperação de sua dispersão, que era então tão prolongada. Também fazia uma clara alusão à ressurreição dos mortos; e representa o poder e a graça de Deus na conversão a Ele dos pecadores mais desesperançados. Olhemos para aquEle que ao final abrirá as nossas sepulturas e nos tirará dela para juízo, para que nos livre do pecado, coloque em nós o seu Espírito, e nos guarde para a salvação por seu poder por meio da fé. Vv. 15-28. Este símbolo mostraria ao povo que o Senhor uniria Judá e Israel. Cristo é o verdadeiro Davi, o Rei de Israel; e aqueles que Ele tornar voluntários no dia do seu poder, fará andar em seus juízos e obedecer os seus estatutos, os acontecimentos que ainda hão de acontecer explicarão melhor esta profecia. Nada tem prejudicado mais o


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 39 êxito do Evangelho do que as divisões. Estudemos uma maneira de conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz; busquemos a graça divina para que nos guarde das coisas detestáveis; e oremos para que todas as nações possam ser como súditos obedientes e felizes do Filho de Davi, que o Senhor seja nosso Deus e nós sejamos seu povo para sempre,

Ezequiel 38 Versículos 1-13: O exército e a malícia de Gogue; 14-23: Os juízos de Deus. Vv. 1-13. Estas coisas acontecerão nos últimos dias. Supõe-se que estes inimigos se unirão para invadir a terra da Judéia e Deus os derrotará. Deus não somente se ocupa com aqueles que agora são inimigos da sua igreja, mas também vê com antecedência aqueles que o serão, e através de sua Palavra os faz saber que está contra eles; ainda que se unam, os maus não ficarão sem castigo. Vv. 14-23. O inimigo fará uma espantosa invasão na terra de Israel. Quando Israel habitar a salvo, sob a proteção divina, o conhecerão ao descobrirem que os esforços para destruir Israel são realizados em vão? As promessas de segurança se entesouram na Palavra de Deus contra os transtornos e os perigos aos quais a Igreja pode ser [evada nos últimos tempos. Na destruição dos pecadores, Deus deixa muito claro que Ele é um Deus grande e santo. Devemos desejar e orar diariamente: Pai, glorifica o teu nome.

Ezequiel 39 Versículos 1-10: A destruição de Gogue; 11-22: A sua magnitude; 23-29: A nação de Israel é novamente favorecida. Vv. 1-10. O Senhor fará com que os transgressores mais despreocupados e endurecidos conheçam o seu santo Nome, seja por sua justa ira, seja pelas riquezas de sua misericórdia e graça. As armas forjadas contra Sião não prosperarão. Esta profecia é certa e se cumprirá


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 40 somente nos últimos dias. Pela linguagem usada, parece que o exército de Gogue será destruído por milagre. Vv. 11-22. Quão numerosos são os inimigos que Deus destruiu para a defesa do seu povo Israel! os tempos de grandes libertações devem ser tempos de reforma. Cada um deve ajudar no que estiver a seu alcance para que a terra possa ser limpa de reprovações. o pecado é um inimigo contra o qual todo homem deve lutar. Aqueles que se dedicam a trabalhos públicos, especialmente os de limpar e reparar um país, devem ser homens que se dedicam a terminar o que empreendem, e que sempre estejam ocupados nisto. Quando há uma obra a ser realizada, cada um deve ajudar a promovê-la. Havendo recebido favores especiais de Deus, limpemo-nos de todo mal. É uma obra que requer diligência perseverante para esquadrinhar os esconderijos secretos do pecado. Os juízos do Senhor, sobre o pecado e sobre os pecadores, são um sacrifício à justiça de Deus e uma festa para a fé e a esperança do povo de Deus. observe como o mal persegue os pecadores até depois da morte. Depois de tudo que os homens ambiciosos e cobiçosos fazem e buscam, "um lugar de sepulcros" é tudo o que o Senhor lhes dá na terra, enquanto as suas almas culpáveis são condenadas à miséria no outro mundo. Vv. 23-29. Quando o Senhor tiver misericórdia da casa de Israel e convertê-la ao cristianismo, e quando tiverem passado a vergonha de serem rejeitados por causa de seus pecados, então as nações aprenderão a conhecer, a adorar e a servirem a Deus. Israel também conhecerá ao Senhor, segundo se revela em Cristo e por Ele. Acontecimentos passados não correspondem à estas predições. O derramamento do Espírito é um penhor dado como sinal de que o favor de Deus continuará. Ele não esconderá mais o seu rosto daqueles nos quais tem derramado o se"u Espírito. Quando oramos pedindo a Deus para que nunca nos lance fora de sua presença, devemos rogar tão fervorosamente que, para isto, nunca tire o seu Espírito de nós.


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Ezequiel 40 A visão do templo. Aqui há uma visão que começa no capítulo 40, e continua até o final do livro, no capítulo 48, a qual é com justiça considerada uma das partes mais difíceis de todo o livro de Deus. Quando nos desesperamos por resolver uma dificuldade com a qual nos deparamos, devemos bendizer a Deus porque a nossa salvação não depende da solução dela; as coisas necessárias são bastante claras. Esperemos até que Deus nos revele o que não entendermos. Este capítulo descreve dois pátios exteriores do templo. Não está claro que o personagem aqui mencionado seja o Filho de Deus ou um anjo criado. Porém, Cristo é o nosso Altar e o nosso Sacrifício, a quem devemos olhar com fé em todos as nossas aproximações a Deus; e Ele é salvação no meio da terra (Sl 74.12), para ser vista de todos as partes dela.

Ezequiel 41 Depois de observar os pátios, o profeta foi levado ao templo. Se atendermos às instruções mais claras da fé e nos beneficiarmos delas, seremos levados a um conhecimento mais profundo dos mistérios do reino dos céus.

Ezequiel 42 Neste capítulo descrevem-se as câmaras dos sacerdotes, seu uso e as dimensões do monte santo sobre o qual o templo foi erguido. Estas câmaras eram muitas. Jesus disse: Na casa de meu pai há muitas moradas; em sua casa na terra também há muitas; as multidões por fé, hospedam-se em seu santuário, e ainda assim há lugar. Essas câmaras, ainda que privadas, estavam próximas do templo. Os nossos serviços religiosos, em nossas câmaras, devem nos preparar para as devoções públicas e nos levar a aproveitá-las de acordo com as nossas oportunidades.


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Ezequiel 43 Depois que Ezequiel pode rever o templo de Deus, teve uma visão da glória divina. Quando Cristo crucificado e as coisas que Deus nos dá gratuitamente por meio dEle, nos são mostradas pelo Espírito Santo, envergonhamo-nos por causa de nossos pecados. Este estado mental nos prepara para maiores descobrimentos nos mistérios do amor redentor; e tudo o que há nas escrituras deve ser visto e aplicado aos homens, para que possam ver os seus pecados e arrependerem-se deles. Agora não precisamos oferecer nenhum sacrifício expiatório, porque por uma só oferta Cristo aperfeiçoou para sempre os santificados (Hb 10.14). Porém, o espargimento do seu sangue é necessário em todas a nossa aproximação a Deus Pai. Nossos melhores serviços somente são aceitáveis quando espargidos com o sangue que limpa de todo pecado.

Ezequiel 44 Este capítulo contém as ordenanças referidas aos verdadeiros sacerdotes. O príncipe, evidentemente, significa Cristo, e as palavras do versículo 2 nos lembram que ninguém pode entrar no céu, o verdadeiro santuário, como Cristo fez; a saber, na virtude da sua própria excelência, santidade, justiça e poder pessoal. Ele, que é o resplendor da glória de Jeová, entrou por sua própria santidade; porém, esse caminho está fechado para toda a raça humana, e todos nós devemos entrar como pecadores, por fé em seu sangue e pelo poder de sua graça.

Ezequiel 45 No período aqui anunciado haverá provisão para o culto e para os ministros de Deus; os príncipes reinarão com justiça, pois têm seu poder submetido a Cristo; as pessoas viverão em paz, tranqüilidade e santidade. Estas coisas parecem estar apresentadas na linguagem tomada dos tempos em que o profeta escreveu. Cristo é a nossa páscoa, sacrificada por nós: celebremos a memória desse sacrifício e o festejemos, comemorando a nossa libertação da


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 43 escravidão egípcia do pecado, e nossa preservação da espada destruidora da justiça divina na ceia do Senhor, que é a nossa festa de páscoa; como toda a vida cristã é e deve ser a festa de pães asmos, de sinceridade e verdade.

Ezequiel 46 Aqui se descrevem as ordenanças de culto para o príncipe e para o seu povo, e os dons que o príncipe pode outorgar aos seus filhos e servos. Nosso Senhor nos manda muitos deveres. Entretanto, também deixou algumas coisas a nosso critério, para que os que se deleitam em seus mandamentos possam abundar neles para sua glória, sem prenderem a sua consciência, nem prescrever regras não apropriadas para os demais. Não devemos omitir a nossa adoração diária nem esquecer da aplicação do sacrifício do Cordeiro de Deus às nossas almas, em busca de perdão, paz e salvação.

Ezequiel 47 Estas águas representam o Evangelho de Cristo, que saiu de Jerusalém e se estendeu aos países ao redor. Também representam os dons e poder do Espírito Santo que o acompanham, em virtude dos quais se estendeu até muito longe e produz efeitos benditos. Cristo é o Templo e a Porta; de seu corpo traspassado fluem as águas vivas, que vão aumentando. Observe o progresso do Evangelho no mundo e o processo da obra de graça no coração; atenda aos movimentos do Bendito Espírito sob a direção divina. Se procurarmos na Palavra de Deus, encontraremos algumas coisas claras e fáceis de entender, como as águas que chegavam até aos artelhos; outras mais difíceis, que requerem uma busca mais profunda, como as águas que davam nos joelhos ou nos lombos, e algumas totalmente fora de nosso alcance, nas quais não podemos penetrar; porém, como o apóstolo Paulo, devemos adorar ao Senhor por aquilo que é profundo (Rm 11.33). É sábio começar com o que é mais fácil, antes de partir para o que é obscuro e difícil de entender.


Ezequiel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 44 A promessa da Palavra Sagrada e os privilégios dos crentes, conforme são profusamente derramados em suas almas pelo Espírito que vivifica, abundam onde o Evangelho é pregado; estes nutrem e deleitam as almas dos homens; nunca se desvanecem, murcham ou se esgotam. Até as folhas servem como remédio para alma: as advertências e repreensões da Palavra, ainda que menos agradáveis que as consolações divinas, tendem a curar as enfermidades da alma. Todos aqueles que crêem em Cristo, e estão unidos a Ele por seu Espírito santificador, compartilharão os privilégios dos israelitas. Há lugar na Igreja e no céu para todos os que buscam as bênçãos do novo pacto, do qual Cristo é o Mediador.

Ezequiel 48 Aqui há uma descrição das várias porções da terra que pertencem à cada tribo. Nos tempos do Evangelho, todas as coisas se tornam novas. Há muita coisa envolta em símbolos e números. Deus tem usado este método para estabelecer verdades misteriosas em sua Palavra, que somente serão reveladas mais claramente no tempo e na oportunidade apropriada. Porém, na igreja de Cristo, em seu estado de guerra e de triunfo, há livre acesso, por fé, de todos os lados. Cristo tem aberto o reino do céu para todos os crentes. Quem quiser venha, e tome gratuitamente da água da vida e da árvore da vida. o Senhor está em sua Igreja, perto de todos os que o invocam. Isto é uma verdade na vida de todo cristão verdadeiro; de qualquer alma que tenha em si mesma o princípio vivificante da graça, pode se dizer com verdade que o Senhor está ali. Que sejamos encontrados como cidadãos desta santa cidade, que atuemos conforme esse caráter e tenhamos o beneficio da presença do Senhor conosco, na vida, na morte e para todo o sempre.


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