FILIPENSES Introdução Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Introdução Os filipenses estavam profundamente interessados no apóstolo. O escopo desta epístola é confirmá-los na fé, animá-los a andar de modo digno do Evangelho de Cristo, precavê-los contra os mestres judaizantes e expressar gratidão por sua generosidade cristã. Esta epístola é a única dentre aquelas que foram escritas por Paulo, na qual não há censuras implícitas e nem explícitas. Em todas as passagens encontra-se a confiança e a felicitação plena, e os filipenses são tratados com um afeto peculiar, percebido por todo aquele que ler esta epístola de modo sério.
Filipenses 1 Versículos 1-7: O apóstolo oferece a Deus ação de graças e orações, pela boa obra de graça na vida dos filipenses; 8-11: Expressa afeto e ora por eles; 12-20: Fortalece-os para que não se desanimem por causa de seus sofrimentos; 21-26. Ele estava preparado para glorificar a Cristo por meio de sua vida ou de sua morte; 27-30: Exortações ao zelo e à constância para professar o Evangelho. Vv. 1-7. A mais alta honra dos ministros mais iminentes é serem servos de Cristo. Aqueles que não são verdadeiros santos na terra jamais o serão no céu. se não estiverem em Cristo, até aqueles que poderiam ser considerados como os melhores santos, são na realidade pecadores e incapazes de estar na presença de Deus. Não existe paz sem a graça. A paz interior surge quando percebemos o favor divino. Não existe graça sem paz, e tudo provém de Deus, nosso Pai, que é a fonte e a origem de todas as bênçãos. O apóstolo foi maltratado em Filipos, e viu pouco fruto de seu trabalho, mas sente alegria ao recordar-se dos filipenses. Devemos
Filipenses (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 2 agradecer ao Senhor pelas graças e consolos, pelos dons e serviços de outros, quando recebemos o benefício e Deus recebe a glória. A obra da graça jamais será aperfeiçoada, a não ser até o dia de Jesus Cristo, o dia em que Ele se manifestar. Tenhamos sempre a nossa confiança em Deus, que completará a sua boa obra em todas as almas que regenera, ainda que não devamos estar confiantes nas aparências exteriores, só na nova criação para a santificação. O povo torna-se querido por seus ministros quando recebem os benefícios de seu ministério. Aqueles que sofrerem juntos na causa de Deus deverão amar-se mutuamente. Vv. 8-11. Não nos compadeceremos e não amaremos as almas que Cristo ama, e pelas quais se compadece? Aqueles que forem abundantes em alguma graça devem tornar-se ainda mais abundantes. Provemos coisas diferentes; aprovemos aquilo que for excelente. As verdades e as leis de Cristo são excelentes e recomendam-se a si mesmas como tais para todas as mentes atentas. A sinceridade deve ser a marca de nossa conversação no mundo, e é a glória de todas as nossas virtudes. Os cristãos não devem ofender-se e devem ter muito cuidado para não ofenderem a Deus, e nem aos irmãos. As coisas que mais honrarem a Deus serão aquelas que mais nos beneficiarão. Não demos margem a nenhuma dúvida sobre haver ou não algum fruto bom em nós. lNiinguém deve sentir-se satisfeito com uma pequena medida de amor, conhecimento e fruto cristão. Vv. 12-20. O apóstolo estava preso em Roma, e, para apagar o vitupério da cruz, mostra a sabedoria e a bondade de Deus em seus sofrimentos. Estas coisas tornaram-se conhecidas onde antes não o eram; devido a estas, alguns interessaram-se pelo Evangelho. O apóstolo sofreu por causa de falsos amigos, e de verdadeiros inimigos. Quão miserável é o caráter daqueles que pregam a Cristo por inveja ou contenda, e que acrescentaram aflição às cadeias que oprimiam a este, o melhor dentre os homens! O apóstolo sentia-se confortável em meio a toda esta situação. Devemos nos regozijar, uma vez que os nossos transtornos podem trazer
Filipenses (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 3 o bem a muitos. Tudo aquilo que resulte favorável à nossa salvação nos é dado pelo Espírito de Cristo, e a oração é o meio designado para o buscarmos. As nossas expectativas e esperanças mais fervorosas não devem ser que os homens nos honrem, nem escaparmos da cruz, mas que sejamos sustentados em meio à tentação, ao desprezo e à aflição. Deixemos a critério de Cristo o modo como fará que sejamos úteis para a sua glória, seja por meio dos trabalhos ou do sofrimento, por diligência ou por paciência, por vivermos para a sua honra, trabalhando para Ele, seja morrendo para a sua honra e sofrendo por amor a Ele. Vv. 21-26. A morte é uma grande perda para o homem carnal e mundano, porque perde todas as bênçãos terrenas e todas as suas esperanças; porém, para o crente verdadeiro é ganho, porque é o final de todas as suas fraquezas e misérias. Esta livra-o de todos os males da vida e leva-o a possuir o principal bem. O conflito do apóstolo não era escolher entre viver neste mundo ou viver no céu; não há comparação entre estas duas alternativas; mas era entre servir a Cristo neste mundo ou desfrutar dEle no porvir. Não tinha que escolher entre duas coisas más, e sim entre duas coisas boas: viver para Cristo ou estar com Ele. Observemos o poder da fé e da graça divina; podem tornar-nos dispostos a morrer. Neste mundo estamos rodeados de pecados, mas estando com Cristo, escaparemos do pecado e da tentação, da tristeza e da morte para sempre. Aqueles que têm mais razão para partir devem estar dispostos a permanecer no mundo, à medida que Deus tenha alguma obra para que realizem. Quanto mais inesperadas forem as misericórdias antes que eles partam, mais de Deus se verá neles. Vv. 27-30. Aqueles que professam o Evangelho de Cristo devem viver de modo digno daqueles que crêem na verdade do Evangelho, que submetem-se às leis do Evangelho e que dependem das promessas do Evangelho. A palavra empregada no original, "portar-vos", denota a conduta dos cidadãos que procuram o prestígio, a segurança, a paz e a prosperidade de sua cidade. Na fé no Evangelho, existem muitas coisas pelas quais vale a pena nos esforçarmos; existe muita oposição e é
Filipenses (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 4 necessário esforço. O homem pode adormecer e partir para o inferno, mas todo aquele que desejar ir ao céu deverá cuidar de si mesmo e ser diligente. Pode haver unanimidade de coração e afeto entre os cristãos, mesmo onde exista diversidade de juízo sobre muitas coisas. A fé é o dom de Deus por meio de Cristo; a habilidade e a disposição para crer pertencem a Deus. se sofrermos censuras e perdas por causa de Cristo, devemos considerá-los como dádivas e apreciá-los como tais. Porém, a salvação não deve ser atribuída às aflições físicas, como se as aflições e as perseguições mundanas fizessem com que as pessoas passassem a merecer a salvação; a salvação é unicamente de Deus; a fé e a paciência são dádivas dEle.
Filipenses 2 Versículos 1-4: Exortação a mostrar um espírito e uma conduta amáveis e humildes; 5-11: O exemplo de Cristo; 12-18: A diligência nos assuntos relacionados à salvação, e o dever de sermos exemplos para o mundo; 19-30: O propósito do apóstolo de visitar Filipos. Vv. 1-4. Estas são outras exortações aos deveres cristãos, à unidade e à humildade, conforme o exemplo do Senhor Jesus. A bondade é a lei do reino de Cristo, a aula que é ministrada em sua escola, o uniforme de sua família. Mencionam-se diversos motivos para que se tenha o amor fraternal. se esperais ou experimentais o benefício da compaixão de Deus para cada um de vós, deveis ser compassivos uns para com os outros. É uma alegria para os ministros verem a união de seu povo. Cristo veio tornar-nos humildes, para que não exista entre nós o espírito de orgulho. Devemos ser severos com as nossas próprias faltas, e rápidos para observarmos os nossos defeitos, porém, devemos estar dispostos para favorecer o próximo por meio de concessões. Devemos cuidar bondosamente dos demais, e não nos intrometermos em assuntos alheios. Não se pode desfrutar de paz interior e nem de paz exterior sem que tenhamos humildade.
Filipenses (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 5 Vv. 5-11. O exemplo do Senhor Jesus Cristo é colocado diante de nós. Devemos ser parecidos com Ele em nossa vida, se desejarmos ter o benefício que nos é concedido por meio de sua morte. Observemos atenciosamente as duas naturezas de Cristo: a divina e a humana. sendo em forma de Deus, participou da natureza divina, como o eterno Filho Unigênito de Deus (Jo 1.1), e não considerou como usurpação ser igual a Deus e receber a adoração que os homens oferecem somente a Deus. A sua natureza humana: por meio desta fez-se como nós em tudo, exceto no pecado, pois Ele jamais pecou. Deste modo humilhado, por sua própria vontade, desceu da glória que possuía junto ao Pai desde antes da fundação do mundo. São comentados os dois estados de Cristo; o de humilhação e o de exaltação. Cristo não somente assumiu a semelhança e o estilo ou a forma de homem, mas um estado humilde; não se manifestou com esplendor. Toda a sua vida foi uma vida de trabalho e sofrimentos, mas o passo mais humilhante foi morrer a morte de cruz, a morte de um malfeitor e de um escravo, exposto ao ódio e à zombaria pública. A exaltação foi da natureza humana de Cristo, em união à divina. Todos devem render homenagem solene ao nome de Jesus, não ao simples ressoar da palavra, mas à autoridade de Jesus. Confessar que Cristo é o Senhor é um ato que glorifica a Deus Pai; porque a sua vontade é que todos os homens honrem o Filho do mesmo modo que honram o Pai (Jo 5.23). Aqui vemos tais motivos para o amor que negase a si mesmo, e que não poderia ser substituído por nenhum outro. Amamos e assim obedecemos ao Filho de Deus? Vv. 12-18. Devemos ser diligentes na utilização de todos os meios que levam à nossa salvação, perseverando nestes até o final, com muito cuidado para não acontecer de, tendo muitas vantagens, não a alcancemos. Devemos nos ocupar em nossa salvação, porque é Deus quem a trabalha em nossa vida. Isto nos anima a fazermos o máximo possível, porque o nosso trabalho não será vão; mesmo assim, devemos depender da graça de Deus. A obra da graça de Deus em nós consiste em
Filipenses (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 6 vivificarmos e comprometermos os nossos esforços. A boa vontade de Deus para conosco é a causa de sua boa obra em nossa vida. Devemos cumprir os nossos deveres sem murmurações. Devemos cumpri-los sem lhe atribuir defeitos. Preocupemo-nos com o nosso trabalho, e não façamos deste motivo de contendas. Sejamos agradáveis sem ser ofensivos. Os filhos de Deus devem distinguir-se dos filhos dos homens. Quanto mais perversos sejam os outros, mais cuidadosos devemos ser para que nos mantenhamos sem culpas e inocentes. A doutrina e o exemplo coerente dos cristãos iluminará a outros, e dirigirá o caminho deles a Cristo e à piedade, assim como a luz do farol adverte os marinheiros a que evitem os obstáculos, e dirige-os rumo ao porto. Procuremos brilhar deste modo. O Evangelho é a Palavra de vida, e faz com que conheçamos a vida eterna por meio de Jesus Cristo. Correr demonstra fervor e vigor, seguir continuamente adiante; esforço demonstra constância e estrita dedicação. A vontade de Deus é que os crentes estejam muito alegres; e aqueles que estiverem tão felizes por terem bons ministros, terão muita razão para regozijarem-se com estes. Vv. 19-30. É melhor para nós quando o nosso dever torna-se natural. Certamente este fato é sincero, e não se trata somente de fingimento; é fruto de um coração disposto e pontos de vista retos. Temos a tendência de preferir o nosso próprio mérito, conforto e segurança, ao invés da própria verdade, santidade e dever; porém, Timóteo não era assim. Paulo desejava a liberdade não para desfrutar prazeres, mas para fazer o bem. Epafrodito estava disposto a visitar os filipenses, para que fosse consolado com aqueles que se condoeram com ele quando esteve enfermo. Parece que a sua enfermidade foi causada pela obra de Deus. O apóstolo pede-lhes que amem-no ainda mais por esta razão. É duplamente agradável que Deus restaure as suas misericórdias para conosco após termos corrido um grande perigo de perdê-las. E isto deveria fazer com que estas se tornassem muito mais valiosas para nós.
Filipenses (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 7 Aquilo que nos é concedido como resposta de nossas orações deve ser recebido com grande gratidão e alegria.
Filipenses 3 Versículos 1-11: O apóstolo adverte os filipenses contra os falsos mestres judaizantes, e renuncia aos seus próprios privilégios anteriores; 12-21: Expressa o fervoroso desejo de ser encontrado em Cristo; além do mais, prossegue à perfeição e recomenda o seu próprio exemplo a outros crentes. Vv. 1-11. Os cristãos sinceros regozijam-se em Cristo Jesus. O profeta a quem o apóstolo parece estar se referindo trata os falsos profetas como cães mudos (Is 56.10). Cães, por sua malícia contra aqueles que são fiéis ao Evangelho de Cristo, pois latem para estes e procuram mordê-los. Impõem as obras humanas colocando-as em oposição à fé em Cristo, e Paulo classifica-os como praticantes de iniqüidades. São mutiladores, porque rasgam a Igreja de Cristo e a despedaçam. A obra da religião não tem propósito algum se o coração não estiver nela. Devemos adorar a Deus com a força e a graça do Espírito divino. Eles se regozijam em Cristo Jesus, não somente no deleite e no cumprimento exterior. Jamais nos resguardaremos com exagero daqueles que se opõem à doutrina da salvação gratuita, ou que abusam dela. O apóstolo tivera muitos motivos, como qualquer outro homem, para gloriar-se e confiar na carne. Porém, as coisas que considerou como ganho enquanto era fariseu, e as havia reconhecido, considerou como perda por amor a Cristo. O apóstolo não lhes pedia que fizessem algo além daquilo que ele mesmo fazia; nem que se arriscassem em algo, senão naquilo em que ele mesmo arriscou a sua alma imortal. Ele considera que todas estas coisas nada mais eram que perda quando comparadas ao conhecimento de Cristo, pela fé em sua pessoa e salvação.
Filipenses (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 8 Fala de todos os deleites mundanos e dos privilégios exteriores, que buscavam em seus corações um lugar junto a Cristo, ou que pudessem ter a pretensão de alcançar algum mérito e algo digno de recompensa, e considera-os como perda; pode parecer fácil dizer isso, mas o que faria quando chegasse a prova? Havia sofrido a perda de tudo por causa dos privilégios de ser um cristão; não somente os considerava como perda, mas como o lixo mais vil, como sobras que são lançadas aos cães; não somente menos valiosas do que Cristo, mas desprezíveis no mais alto grau quando comparadas a Ele. O verdadeiro conhecimento de Cristo modifica e transforma os homens, os seus juízos e os seus modos, e faz como se eles fossem novamente criados. O crente prefere a Cristo, sabendo que é o melhor para nós estar desprovidos de todas as riquezas do mundo, do que estarmos sem Cristo e sem a sua Palavra. vejamos a que o apóstolo decidiu apegar-se fortemente: a Cristo e ao céu. Estamos perdidos, sem qualquer justiça própria para comparecer à presença de Deus, porque somos culpáveis. Existe em Jesus Cristo uma justiça que foi preparada para nós, que é uma justiça completa e perfeita. Ninguém poderá ter o benefício dela se confiar em si mesmo. A fé é o meio estabelecido para solicitar o beneficio da salvação. É pela fé no sangue de Jesus Cristo. somos colocados em conformidade com a morte de Cristo quando morremos para o pecado, assim como Ele morreu para o pecado; e o mundo é crucificado para nós, assim como nós somos crucificados para o mundo por meio da cruz de Cristo. O apóstolo está disposto a fazer ou a sofrer qualquer coisa para alcançar a gloriosa ressurreição dos santos. Esta esperança e perspectiva fazem com que ele vença todas as dificuldades de sua obra. Não espera alcançá-lo por seu mérito, nem por sua justiça própria, mas pelo mérito e justiça de Jesus Cristo. Vv. 12-21. Esta simples dependência e fervor de alma não são mencionadas, como se o apóstolo tivesse alcançado o prêmio ou como se já fosse perfeito conforme a semelhança do Salvador. Esquece-se daquilo que fica para trás, para que não se sinta satisfeito pelos trabalhos
Filipenses (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 9 passados ou pelas atuais medidas de graça. Vai adiante, prossegue em direção à sua meta; expressões que demonstram grande interesse por chegar a ser mais e mais como Cristo. Aquele que está em uma carreira jamais deve deter-se antes de ter alcançado a sua meta. Deve seguir adiante tão rápido quanto possa; deste modo, aqueles que têm o céu em vista devem ainda seguir adiante em santo desejo, esperança e constante esforço. A vida eterna é uma dádiva de Deus, que está em Cristo Jesus; deve vir a nós por meio de sua mão, da maneira que Ele a conquistou para nós. Não há outra forma de chegarmos ao céu como o nosso lar, a não ser por meio de Cristo, que é o nosso caminho. Os verdadeiros crentes, ao buscarem esta segurança e ao glorificá-lo, buscarão de uma maneira mais cuidadosa parecerem-se com Ele em seus sofrimentos e em sua morte, morrendo para o pecado e crucificando a carne com as suas paixões e desejos. Nestas coisas existe uma grande diferença entre os verdadeiros cristãos, e todos conhecem ao menos algo sobre elas. Os crentes fazem de Cristo o seu tudo em todas as coisas, e colocam os seus corações no mundo porvir. Diferem uns dos outros, e não têm o mesmo juízo em questões menores; ainda assim, não devem julgar-se uns aos outros porque todos reúnem-se agora em Cristo e esperam reunir-se em breve no céu. Que eles se unam em todas as grandes coisas em que estejam de acordo, e esperem mais entendimento da parte do Senhor nas coisas menores, nas quais diferem. Nada importa aos inimigos da cruz de Cristo, a não ser os seus apetites sexuais pecaminosos. O pecado é a vergonha do pecador, especialmente quando gloriam-se nisto. O caminho daqueles que ocupam-se em coisas terrenas pode parecer agradável, mas a morte e o inferno estão no final destes. se escolhermos tais caminhos para a nossa vida, compartilharemos o seu final. A vida de cada cristão está no céu, onde está a sua Cabeça e o seu lugar, e onde espera estar dentro de pouco tempo; devemos colocar os
Filipenses (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 10 nossos afetos nas coisas que são de cima, e onde estiver o nosso coração, aí estará o nosso tesouro. Existe glória reservada para os corpos dos santos, glória que se fará presente por ocasião da ressurreição. Então o corpo será transformado em um corpo glorioso; não somente ressuscitado para a vida, mas para um maior benefício. Observemos o poder por meio do qual será realizada esta transformação, e estejamos sempre preparados para a chegada de nosso Juiz. Esperando ter os nossos corpos vis transformados por seu poder que pode fazer todas as coisas, e recorrendo diariamente a Ele, para que exista uma nova criação de nossas almas para a piedade; para que nos livre de nossos inimigos e que empregue os nossos corpos e as nossas almas como instrumentos de justiça, a seu serviço.
Filipenses 4 Versículos 1: O apóstolo exorta os filipenses a estarem firmes no Senhor; 2-9: Dá instruções a alguns, e a todos de modo geral; 10-19: Expressa contentamento em todas as situações da vida; 20-23: Conclui orando a Deus Pai, e com a sua bênção como de costume. V. 1. A esperança e a perspectiva que cada crente possuí em relação à vida eterna, devem ser afirmados e fazer com que sejamos constantes em nossa carreira cristã. Há diferenças de dons e graça, porém, estando renovados pelo mesmo Espírito, somos irmãos. Estar firmes no Senhor significa firmarmo-nos em sua força e por sua graça. Vv. 2-9. Os crentes devem ser unânimes e estarem dispostos a ajudarem-se mutuamente. Assim como o apóstolo havia encontrado o benefício da assistência deles, sabia o quão consolador seria para os seus colaboradores terem a ajuda de outros. Procuremos nos assegurar de que os nossos nomes estejam escritos no livro da vida. O gozo em Deus é de grande importância na vida cristã; é necessário incentivar os cristãos continuamente a que o tenham em sua vida. A alegria supera amplamente todos os motivos que teríamos para estar tristes. Os inimigos deveriam perceber o quão moderados eram em
Filipenses (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 11 relação às coisas exteriores, e com quanta moderação sofriam as perdas e as dificuldades. O dia de juízo em breve chegará, com a plena redenção dos crentes e a destruição dos ímpios. É nosso dever demonstrar cuidadosa diligência, em harmonia com uma sábia previsão e com a devida preocupação; porém, há um afã de temor e desconfiança, que é pecado e uma atitude néscia, e que somente confunde e distrai a mente. Como remédio contra a preocupação, recomenda-se a constância em oração. Não somente os tempos estabelecidos de oração, mas constância em tudo por meio da oração. Devemos unir as ações de graças com as orações e as súplicas; não somente buscarmos provisões daquilo que é bom, mas reconhecermos as misericórdias que recebemos. Deus não precisa que lhe contemos as nossas necessidades ou desejos, porque os conhece melhor do que nós mesmos; mas deseja que valorizemos a sua misericórdia, e que sintamos que dependemos dEle. A paz com Deus, esta sensação consoladora de estarmos reconciliados com Ele, e de termos parte em seu favor e a esperança da bênção celestial, são um bem muito maior do que poderíamos expressar plenamente. Esta paz manterá o nosso coração e a nossa mente em Jesus Cristo; nos impedirá de pecarmos quando estivermos submetidos a tribulações e naufragarmos sob estas; nos manterá calmos e desfrutando de uma satisfação interior. Os crentes têm que alcançar e manter um bom nome; um nome para todas as coisas com Deus e com os homens bons. Devemos em tudo percorrer os caminhos da virtude e permanecer neles; então, quer tenhamos ou não o louvor por parte dos homens, certamente o teremos por parte de Deus. O próprio apóstolo é um exemplo. A sua doutrina estava em harmonia com a sua vida. A maneira de termos o Deus de paz conosco é mantermo-nos dedicados ao nosso dever. Todos os nossos privilégios e a salvação procedem da misericórdia gratuita de Deus; porém, gozar deles depende de nossa conduta santa e sincera. Estas são obras de Deus, pertencentes a Deus, e
Filipenses (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 12 somente a Ele devem ser atribuídas, e a ninguém mais; nem a homens, nem a palavras e nem a obras. Vv. 10-19. É uma boa obra socorrer e ajudar a um bom ministro que esteja em dificuldades. A natureza da verdadeira simpatia cristã não é tão somente sentirmo-nos preocupados com os nossos amigos em seus problemas, mas fazermos aquilo que estiver ao nosso alcance para ajudálos. O apóstolo já estava acostumado a estar acorrentado, em prisões e em necessidades, mas em todas estas situações aprendeu a estar contente, a levar a sua mente a este estado, e a tirar o máximo proveito destas situações. O orgulho, a incredulidade, a atitude vã de insistir em algo que não temos e o descontentamento variável pelas coisas presentes, fazem com que os homens sintam-se desgostosos até em circunstâncias que lhes são favoráveis. Oremos para que possamos ter uma submissão paciente, e por esperanças quando estivermos nos sentindo oprimidos; por humildade e por uma mente celestial quando estivermos jubilosos. É uma graça especial ter sempre um temperamento mental sereno. Quando estivermos humilhados, não percamos o nosso consolo em Deus, a confiança que temos em sua providência, nem tomemos um caminho mau para a nossa satisfação. Quando estivermos em uma condição próspera, não sejamos orgulhosos nem nos sintamos seguros ou mundanos. Esta é uma lição muito mais difícil do que a outra, porque as tentações da abundância e da prosperidade são maiores do que as da aflição e da necessidade. O apóstolo não tinha a intenção de fazer com que dessem mais; porém, desejava exortá-los a uma bondade que terá uma gloriosa recompensa mais além. Por meio de Cristo temos a graça para fazer aquilo que é bom, e por meio dEle devemos esperar a recompensa; como temos todas as coisas por meio dEle, façamos todas as coisas por Ele, e para a sua glória. Vv. 20-23. O apóstolo conclui esta epístola com louvores a Deus. Devemos contemplar a Deus em todas as nossas fraquezas e temores, não como inimigo, mas como nosso Pai, disposto a compadecer-se de
Filipenses (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 13 nós e ajudar-nos. Devemos dar glória a Deus como nosso Pai. A graça e o favor de Deus, que as almas reconciliadas desfrutam com todas as virtudes em nós, e que fluem dEle, são todas adquiridas para nós pelos méritos de Cristo, e aplicadas a nosso favor por meio de sua intercessão. Por esta razão chamam-se, com justiça, de "A graça de nosso Senhor Jesus Cristo".