Km 0

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KM 0


Walyson Santana

Km 0


Para Matthew, Sophia, Mary e Katherine; eu queria estar vivo, quando estiverem lendo este livro


“Eu vou encontrar os lugares onde você se esconde, eu serei o amanhecer na sua pior noite.” - OneRepublic “Eu queria ser forte o suficiente para levantar não um, mas nós dois, algum dia eu vou ser forte o suficiente para levantar não um, mas nós dois.” - Taylor Swift


PRÓLOGO

V

ivo em Jaboatão dos Guararapes

com meu irmão e meus pais, se chamo Tyler Walker e tenho quinze anos, sim, sou jovem, talvez, me considero jovem apenas na idade, mas sou bastante maduro no modo de pensar, tenho passado por momentos bastante difíceis. - Você tem que ser forte – disse Katherine, minha melhor


amiga virtual, ela mora em Blumenau, se conhecemos a quase cinco anos. – Já fui forte o bastante, mas agora, agora eu cansei, cansei de ser forte – falei. Levou dois minutos para Katherine responder minha mensagem. – Você não pode desistir agora, você tem que ser forte, mais uma vez – ela respondeu. E foi ai que eu desapareci do mapa de novo, desativando meu Facebook. Prometi para mim mesmo, que quando meu namoro com o Matt acabasse eu iria desistir, desistir de ser feliz, desistir de tudo, desistir de todos, desistir de mim.


PARTE UM Os sentimentos


ADEUS

A

cordei com o som do despertador

me puxando para a realidade, uma sensação estranha tomava conta do meu corpo. Lembrei que ontem antes de me deitar chorei pra caramba, uma dor tão imensa dentro do meu peito, as vezes fico pensando se essas feridas nunca irão sarar, todas as noites quando o sentimento de solidão se espalha pelo ar causando uma dormência na felicidade, e começo a se sentir sozinho, todas as memorias do passado voltam em flashes. Fui para a cobertura e fiquei sentado no chão frio, observando o céu obscuro apenas iluminado pela Lua que está na sua fase crescente e


algumas estrelas. Hoje eu não sou eu mesmo, e você, você é outra pessoa, o que mais me machuca é lembrar dos encontros que tinha com o Matthew, os beijos, os abraços, a nossa troca de olhares. Me machuca demais quando a imagem do sorriso dele me vem em mente, ele parecia estar tão apaixonado por mim, o nosso amor parecia ser recíproco. Mas agora, agora seguimos caminhos diferentes, e todas essas feridas não mentem, e todas as estrelas podem partir, elas nunca estiveram alinhadas ao meu favor, que peculiar estado o que estou... Vamos jogar um jogo, onde nossas vidas podem mudar, nós vamos encontrar todas as peças para o quebra-cabeça, deslizando sob as fechaduras, eu posso te mostrar quantos movimentos para um cheque-mate. Agora, nós podemos ter uma parte dessa vida que estamos


construindo e embalá-la dentro de uma caixa, tudo o que realmente importa é que estamos fazendo isso agora. Agora mesmo. Chorei, chorei, chorei e ainda choro, choro por tudo que se passou e não volta mais. Choro por olhar para todos os lados e me ver perdido, por não ter ninguém próximo para poder correr e dar um abraço apertado. Choro por ter desistido de tudo e de todos. Choro por ter desistido de mim. Choro por todas as loucuras cometidas no passado. Choro pelo amor desgastado que não volta mais. Chorei. Era 23h07 quando mamãe bateu na porta do meu quarto chamando meu nome – Tyler? – Enxugei as lágrimas com a manga do casaco e fui até a porta e abri a fechadura. - Oi – falei com a minha melhor voz de quem não estava chorando.


- Está tudo bem? Escutei um som de choro – ela disse. - Sim, só não estou conseguindo dormir – falei com os olhos ardendo. - Tudo bem, preciso dormir agora – falou ela abrindo a geladeira e depois fechando. – Amanhã acordo cedo para o trabalho – completou ela. – Okay mãe – respondi. - Agora vá dormir, boa noite – falou ela. - Vou tentar – respondi. Me deitei de novo e fiquei pensando, é algo inevitável não pensar, sempre que penso nas minhas tentativas fracassadas de um amor recíproco saio machucado, acho que o pior de todos foi o Matthew, porque namoramos durante um mês e dezenove dias. Comecei a chorar de novo, faz alguns dias que desativei minhas redes sociais, as vezes penso


em voltar, mas penso de novo e desisto. Não sei se vou suportar ficar sozinho mais uma vez, é uma sensação tão horrível, sinto que sou rejeitado por todas as pessoas que já amei, que sou um fracassado. Au Revoir – OneRepublic


EU SABIA QUE VOCÊ ERA PROBLEMA

H

oje o dia amanheceu ensolarado,

me levantei às 8h10 para assistir Victorious, fui até o banheiro e lavei o rosto, meus pais e meu irmão normalmente não acordam cedo, mamãe só acorda cedo quando é dia de trabalho. Em flashes memórias passadas cortam minha mente me deixando um pouco perturbado, me deito no sofá perto da tevê e ligo a mesma, gosto de assistir Victorious, é um momento de distração e o único do dia em que eu dou risos de verdade. Trinta minutos depois o papai aparece na sala. - Bom dia pai – falo. – Bom dia ele responde. Não sou muito de ter diálogos com meu


pai, nós nunca conversamos direito, mas eu sinto falta do tempo em que ele e eu deitávamos na varanda e ficávamos observando o céu durante a noite, era incrível, nós sempre conseguíamos ver uma ou duas estrelas cadentes por dia. Mas agora, ele vive trabalhando e mal para em casa, e sempre que fico na varanda ou na cobertura olhando o céu nunca consigo ver uma estrela cadente. Depois que acabou Victorious fui para o meu quarto e voltei a leitura estou lendo “Cidades de Papel” do John Green, acho os livros dele ótimos e bem detalhados, gosto de leitura porque é uma forma que me afasta da realidade, eu vivo o livro e esqueço meus problemas. 17h33 quando meu irmão Carson saiu para a casa da namorada, mamãe foi para academia com sua amiga e papai estava no trabalho, fiquei em casa sozinho. Eu


queria descrever como me sinto as vezes em relação como foi meu namoro com o Matthew, eu tento, mas tudo o que sinto já foi descrito, e milhares de pessoas ao redor do mundo sabem, quando coloco os fones e dou play na música “I Knew You Were Trouble” da Taylor Swift, esse foi o meu namoro, um verdadeiro problema. Eu acho que, eu acho que quando tudo está acabado, isso simplesmente volta em flashes e todas as memórias surgem de novo em nossas mentes. É como um caleidoscópio de memórias, em que tudo volta, mas ele nunca faz. Acho que parte de mim sabia que no segundo em que o vi, isso iria acontecer, que não iria dar certo. Não é realmente nada do que Matthew disse, ou qualquer coisa que ele fez. Foi o sentimento que veio com aquilo, e a coisa maluca é, eu nunca sei se eu


vou me sentir assim novamente, mas eu não sei se eu deveria. Eu sabia que esse mundo se movia muito rápido, e brilhava fortemente, mas eu pensei, como pode o diabo estar empurrando você para alguém, que parece tanto como um anjo, quando ele sorri para você? Talvez Matt soubesse disso quando ele me viu. Eu acho que eu perdi o equilíbrio, eu acho que a pior parte de tudo isso não foi perdê-lo, foi me perder. Era uma vez alguns erros atrás, eu estava na mira do Matt e ele me pegou sozinho, ele me encontrou e acho que ele não se importou, acho que gostei disso, e, quando eu me apaixonei intensamente... Ele recuou sem mim, ele há tempos está longe, e quando está ao meu lado percebo que a culpa é minha, porque eu soube que você Matthew Slateron, era problema


quando você apareceu na minha vida, que vergonha para mim agora, voou comigo a lugares a que eu nunca tinha ido, até me pôr no chão e agora estou deitado sobre um chão duro e frio. Nada de desculpa, agora o que tenho a fazer é que você não saiba que é o motivo pelo qual estou se afogando, e eu ouvi dizer que você nunca me amou, é tudo o que sei, agora vejo que você sempre esteve distante. O medo mais triste chega causando arrepios de que você nunca amou a mim ou a ele ou a ninguém. Eu não sei se eu era o que perdi, ou se perdi o que eu era. I Knew You Were Trouble – Taylor Swift


JUVENTUDE

Q

uando mamãe chegou em casa eu

estava no meu quarto lendo, ela pediu para eu ir até o mercado comprar pães e queijo para a janta, o que mais me irrita é que ela tem dois filhos, mas finge que tem apenas um, e esse filho sou eu, tenho vontade de gritar bem alto “VOCÊ TEM DOIS FILHOS!” mas sempre respiro fundo e sigo em frente, fui até o mercado e comprei o que a mamãe pediu e voltei para casa, peguei o notebook do papai porque estava com vontade de escrever alguma coisa, eu queria que meu notebook tivesse o Word, assim toda vez que quisesse escrever algo não precisaria pegar o dele, depois de


pegar o aparelho fui para o meu quarto e sentei sobre a cama. Comecei a escrever sobre como estava me sentindo e surgiu um texto bem bacana. “Sombras se estabeleceram sobre o lugar, que você deixou, minha mente está aflitas com o vazio, destrua o meio, é um desperdício de tempo do início perfeito, para a linha de chegada. Se você ainda está respirando, você tem muita sorte porque a maioria de nós está arfando através de pulmões corrompidos, incendiando nossos interiores por diversão, coletando os nomes dos amores que deram errado. Nós somos imprudentes nós somos a juventude selvagem, perseguindo visões dos nossos futuros, um dia nós vamos revelar a verdade que aquele irá morrer antes de chegar lá. Se você ainda estiver sangrando, você é


sortudo, porque a maioria dos meus sentimentos, eles estão mortos e acabados, coletando imagens da enchente que destruiu nossas casas, foi uma inundação que destruiu isto. Você causou isso, bem, eu perdi tudo, eu sou apenas um silhueta, um rosto sem vida que você logo vai esquecer, meus olhos estão marejados pelas palavras que você deixou, ecoando em minha cabeça, quando você destruiu meu peito. Se você está apaixonado, então você é sortudo, porque a maioria de nós teve o coração partido, para distrair os nossos corações para não ter saudade deles, mas eu, pra sempre, sentirei falta dele.Você causou isso. Okay! Okay! Está na cara sobre quem é o texto, Matthew Slateron, eu simplesmente não consigo, não consigo esquecer ele, os momentos que passamos juntos são tão


indeléveis em minha mente, eu só queria esquecer todos esses momentos e seguir em frente, mas é mais difícil do que eu pensei. Comecei a chorar igual uma criança perdida no parque a procura da mãe, as lágrimas deslizando meu rosto e caindo sobre o teclado do notebook, são os mesmos sentimentos, os mesmos motivos, as mesmas feridas insanáveis, chorei o suficiente para cair no sono e ficar com o notebook sobre o colo. - Tyler...? Fui acordado por uma voz suave e um toque de leve sobre o meu braço. Era a mamãe. – Filho você está bem? Seus olhos estão avermelhados – ela perguntou um pouco preocupada. - Ah, oi mãe – falei. – Sim, estou bem só estou um pouco cansado, estava lendo e acabei pegando no nosso – disse fechando o notebook.


- Tyler – ela falou com uma voz séria. – Você tem andando um pouco estranho ultimamente, tem alguma coisa lhe incomodando? – perguntou ela. Apenas neguei, disse que estava tudo bem e com fome. Formos para a cozinha e fiquei ouvindo a mamãe falar sobre como foi o seu dia, e o quanto ela estava se sentindo feliz na academia, fico feliz por ela, fico feliz que alguém nessa casa esteja feliz, fico feliz mesmo estando triste, sobre um passo de se jogar em um abismo da depressão. Youth – Daughter


NÓS DOIS

H

oje é Quinta-Feira, o dia

amanheceu um pouco nublado, mamãe está no trabalho o Carson foi levar a namorada na faculdade, o papai está na sua loja de eletrônicos, ele as vezes tenta me levar para esse ramo mas sem sucesso, eu já sou um garoto decidido e quero me formar em Letras, escrever um livro e publicá-lo, e talvez ir morar em Manhattan um dos lugares mais caros do mundo, então vou ter que batalhar e me esforçar muito. Fiquei deitado no sofá assistindo Victorious. Eu estava sentindo falta de alguma coisa, talvez fosse saudades do Matt? Não, acho que não, saudades dos meus amigos,


quando decidi me isolar de todos eu sabia que esse sentimento poderia chegar, eu sabia que iria ter que lhe dar com ele, comecei a se sentir deprimido e solitário, mas esses sentimentos são consequências do que eu fiz. Fui até a cozinha para preparar meu almoço e bem na hora o papai chegou. - Olá pai – falei colocando o arroz no prato. - Tenho um desafio para você – falou ele com umas folhas na mão. – Hum – foi apenas o que falei. – Tyler você pode ganhar uma boa grana montando essas placas – falou ele colocando os papeis na mesa. - Pai eu sei o que quero para o meu futuro – falei. - E o quê você quer para o seu futuro? – ele perguntou olhando para mim.


- Quero me formar em Letras – respondi. - E você acha que é fácil chegar ao céu? – ele falou pegando os papeis. - Não quero chegar ao céu, apenas quero me formar em Letras – falei um pouco irritado. Depois disso peguei meu almoço e fui até a sala para comer assistindo tevê, e é por isso que meu pai e eu não conversamos muito, ele sempre vem com esse papo de grana, para mim o mundo não gira em torno de grana, e não quero trabalhar com uma coisa que não me sinta bem, eu quero mesmo se formar em Letras, gosto de ler, gosto de escrever, e é isso, eu me sinto muito bem fazendo essas coisas. Papai sempre vai para o trabalho as 12h30, e quando ele foi corri até a janela e vi ele entrando no carro, e depois foi se distanciando até virar no fim da rua, fechei as janelas, liguei o


som no máximo, conectei meu MP3 e dei play, começou a tocar a música “Both Of Us”, o começo é a voz da Taylor Swift cantando um pequeno trecho. “Eu queria ser forte o suficiente para levantar não um, mas nós dois, algum dia eu vou ser forte o suficiente para levantar não um, mas nós dois.” Acho o toque tão bacana, a sensação é de estar presenciado um pôr-do-sol com os pássaros cantando e nada ao redor consegue me atravancar. Fui dormir cedo naquele noite, tenho que acordar cedo amanhã para o primeiro dia de aula. Espero que tenha novatos na minha turma. Both Of Us (Feat. Taylor Swift) - B.o.B


O QUE VOCÊ QUERIA

S

e levantei naquela manhã às, o

tempo estava nublado e fazendo muito frio, fui até a varanda e abri a janela, vi algumas pessoas caminhando, voltei para dentro e fui até o banheiro, fiquei de frente ao espelho olhando o meu reflexo, apenas procurando o verdadeiro Tyler, onde eu tinha me perdido, onde eu errei, durante uns cinco minutos fiquei me encarando até perceber que estava perdendo tempo, liguei o chuveiro e coloquei a mão na água que caia sobre a cerâmica gelada, a sensação era que a água que caia estava vindo do Polo Norte, entrei de


cabeça e dei uns pulinhos. Fui até o meu quarto e me troquei, coloquei dentro da mochila uma camisa, meu livro, minha câmera e 24,00 R$, pra quando saísse da escola ir passear pelo Recife, eu realmente estou precisando sair da rotina. Vesti uma calça jeans e coloquei a camisa da escola, por cima um casaco cinza, e calcei meu All Star vermelho, desci as escadas e fui andando até a escola, na metade do caminho começou a chover, fiquei em baixo de uma varanda de uma casa que tinha no caminho e fiquei esperando a chuva passar. Era 7h40, o que significava que eu estava super atrasado, a chuva parou e andei o mais rápido possível, quando cheguei na entrada do colégio começou a chover de novo, corri até a segunda entrada para não se molhar. Ao passar pela entrada vejo um garoto de pé encostado na parede, eu


conheço ele, é o garoto que fazia curso de inglês comigo. – Hey! – falo animado. – O quê está fazendo aqui? – pergunto chegando perto dele. - Ai meu Deus! Tyler! – fala ele me dando um abraço. – Que saudades de você – ele termina a frase. Apenas dou um sorriso e fico em frente a ele. - E aí, o quê você está fazendo aqui? – repito. - Eu vou estudar aqui agora – ele fala. – E você, o quê faz aqui? – pergunta ele. - Eu estudo aqui desde o ensino fundamental – falo rindo. Ficamos conversando ali em frente a secretaria durante alguns minutos até o sinal tocar para a primeira aula. Fui para a aula de Biologia e o professor revisou o assunto do ano passado e colocou o quadro negro todo assunto que iremos estudar


durante esse ano. O sinal tocou e eu fui dar uma volta pela escola, quando passei pela entrada da escola o garoto ainda estava em frente a secretaria, fui até lá para falar com ele de novo. - O quê você ainda está fazendo aqui se suas aulas só irão começar na Segunda-Feira? – pergunto com as mãos dentro do casaco. - Te esperando – fala ele. - Me esperando? – pergunto. E ele assente. - Mas minhas aulas acabam as 10h30 e ainda são 9h20 – falo. - Eu sei, eu espero – ele fala. O sinal toca e eu volto para a sala. A professora de inglês entra e fica conversando com os alunos perguntando como foram as férias de todos, abri minha mochila e tiro o livro e começo a ler, li apenas um capítulo e o sinal tocou.


Começou a chover justo na hora da saída, fiquei sentado ao lado do garoto em frente a secretaria e ficamos esperando a chuva passar, quando se levantamos para ir embora ele tirou um casaco verde escuro de dentro da mochila e vestiu o mesmo. - Você sabe que eu vou para a estação pegar o metrô até o Recife não é mesmo? – pergunto caminhando. - Sim sim – fala ele andando ao meu lado. – Eu te acompanho até a estação – ele diz. - Okay – falo. Na metade do caminho começou a chover de novo, ele abriu a mochila e tirou um guarda-chuva de dentro e abriu, seguimos o caminho. - Da pra você ficar ao meu lado? – ele pergunta. - Por quê? – pergunto.


- É que eu estou colocando o guarda-chuva ao seu lado para você não se molhar e estou me molhando todo – ele fala. - Ah, o.k – falo rindo. Ficamos em silêncio durante um tempo e quase estação chegando na estação, mas quebrei o silêncio com uma pergunta. – Eu posso te chamar de quê? – pergunto. - De qualquer coisa – ele fala. - Okay. Qualquer coisa – repito. - E se eu te pedir um beijo agora? Do quê você me chamaria? – ele pergunta. - De louco – respondo. - Me chame de louco – ele fala. Que garoto maluco, eu fiquei meio confuso com essa pergunta, sério, eu não sei qual é o nome dele, mas agora eu irei chama-lo de louco, quando chegamos na estação me despedi dele


e subi a escadaria, estavam molhadas por causa da chuva, comprei dois passes um para ida, e o outro para volta, fui até a plataforma e fiquei esperando o metrô chegar. Entrei no vagão e coloquei a mochila no meu colo, tirei o celular do bolso e coloquei os fones nos ouvidos, não para ouvir música, e sim só por colocar nos ouvidos, tirei o livro da mochila e comecei a ler mais um capítulo. O clima frio estava me deixando com sono e aos poucos minhas pálpebras iam ficando cada vez mais pesadas e se fechavam, tentei me manter com os olhos abertos, mas os vendedores ambulantes que caminhavam dentro do vagão fizeram esse trabalho por mim, a maneira que anunciavam o produto que estavam vendendo eu despertava. Quando abri os olhos e vi várias pessoas descendo do vagão e percebi que já estava na estação


Joana Bezerra, a minha é a próxima, dentro de dois minutos o metrô chegou na estação Recife, levantei e peguei minha mochila. Sai da estação e fui andando pela Rua Floriano Peixoto depois Rua do Sol, em seguida Av, Guararapes, atravessei a Ponte Maurício de Nassau e segui pela Av. Marquês de Olinda até chegar no Marco Zero. Me senti tão feliz, tão livre, não sei descrever por completo, não tenho a invicção exata dos sentimentos que tomaram conta do meu corpo no momento, fiquei sobre o Km 0, totalmente dourado com a frase ao redor “Deste Marco partem as distâncias para todas as terras de Pernambuco.” Tirei algumas fotos, fui abordado por uma turista espanhola que pediu para eu tirar uma foto dela, fui na Praça no Arsenal e depois fui até a Livraria Cultura, dei apenas


uma entrada rápida para se refrescar, o clima já não estava mais frio e sim estava fazendo muito calor, e eu estava vestindo um casaco. Na saída antes de passar pela Ponte Giratória parei em um lugar diferente, era um circulo e no centro tinha uma torre de mármore, o vento que vinha do Parque das Escultura acariciava meu rosto causando uma sensação boa, coloquei os fones e dei play na música “What You Wanted” da OneRepublic e comecei a correr, a correr ao redor da torre de mármore, sobre o chão vermelho, branco e preto, as pombas que estavam ali começaram a voar e o refrão da música tomou conta de todo meu corpo. Eu. Tyler Walker estava feliz, correndo contra o vento e sorrindo por nada. Nunca estive tão feliz por estar sozinho, só queria que essa felicidade não fosse passageira.


Cheguei em casa às 15h36 e morrendo de dor de cabeça, fui para o banho e é só o que me lembro antes de apagar depois de ter se jogado sobre a minha cama. 18h02, o que eu mais quero é se jogar sobre minha cama e dormir de novo, esperar esse pesadelo interminável acabar, porque eu já estou acabado, destruído e desgastado. Talvez o mundo não venha a ser como imaginei, acho que fui egocêntrico demais. O café da despensa acabou, e essa noite está chovendo, chovendo muito. Mas esta noite é uma daquelas que necessito de uma xícara de café, assim como necessito de um amor recíproco. É uma coisa estúpida de se pensar. As vezes fico pensando se vou encontrar uma pessoa que me ame na mesma intensidade, será que ela está a minha procura? Será que está


passando pela mesma situação que a minha? O que deve estar fazendo agora? Está feliz? Está triste? Aonde você mora? Eu vou encontrar os lugares onde você se esconde, eu serei o amanhecer na sua pior noite, a única coisa na sua vida, eu mataria por você, é verdade. Ouço um som de esperança que surge de bastante longe. Me vejo abraçado aos braços de uma pessoa, mas a mesma não existe, vejo nós dois em meio a um beijo ao som de "What You Wanted" da OneRepublic, pequenas explosões de milissegundos se espalham pelo meu corpo como se eu fosse amado com toda intensidade do mundo, como se eu recebesse todo amor do mundo e me sinto feliz. Eu vou colocar o seu veneno em minhas veias, dizem que o melhor amor é louco, vou estar ao seu lado até o meu último dia. Eu vou correr agora, dessa vez o meu amor é


verdadeiro, se é o que você queria, eu vou correr até te encontrar. What You Wanted – OneRepublic


CONTANDO ESTRELAS

M

eu celular tocou o alarme às

7h30 mas eu estava com tanto sono e cansado do dia anterior que decidi dormir mais, me levantei às 9h41, Carson estava na sala assistindo tevê, fui até o quarto da mamãe mas estava vazio, fui ao banheiro e lavei o rosto, voltei para o meu quarto e liguei o notebook para revisar alguns textos que escrevi na noite anterior, encontrei uns dez erros, é uma inovação, eu acho, dez erros em um texto de doze páginas, isso é bastante razoável. Fui para o banho e


me troquei para ir pro curso de inglês, pensei em levar o notebook do papai na mochila e dar uma passada na biblioteca antes de vir pra casa, mas re-pensei e desisti. As vezes tenho preguiça de ir para o curso, no começo quando eu não conhecia ninguém eu ficava sentado apenas olhando as pessoas, agora eu sempre estou rindo com o que as pessoas falam, os erros de pronuncias das palavras, sempre estou rindo. Hoje não foi diferente, ri bastante, o suficiente para esquecer os meus problemas, e se esquecer do Matt, o que só me vinha em mente era o meu sonho, apenas lembro de um garoto, e ao redor deste garoto pessoas gritando e chamando ao nome dele, e depois um barulho bem forte em minha mente. Acordei, totalmente ensopado de suor, meu rosto todo suado, eu estava tremendo e com


medo, peguei o travesseiro e comecei a chorar, abraçado bem forte com o travesseiro como se fosse alguma pessoa, me veio o Matt em mente, lembrei do nosso último abraço, o mais apertado de todos, de baixo de uma árvore gigante na Praça da República, a tarde estava nublada, estava frio. Chorei muito por esses momentos se tornarem apenas lembranças, chorei e ainda choro. Ultimamente, eu tenho, eu tenho perdido o sono, sonhando com as coisas que poderíamos dar certo em minha vida mas, eu tenho, eu tenho rezado muito, o que mais quero é ficar deitado sobre um campo com grama amarela de inicio de Outono, abraço com você, Matt, e estaremos contando estrelas. Vejo esta vida como uma videira que balança, balanço meu coração além do limite e meu rosto está dando sinais, procure e você


encontrará. Velho, mas não sou velho fisicamente, jovem, mas não sou tão ousado, eu não acho que o mundo esteja vendido, só estou fazendo o que nos disseram, eu sinto algo tão certo, fazendo a coisa errada, eu sinto algo tão errado, fazendo a coisa certa, eu não poderia mentir. Tudo que me mata faz eu me sentir vivo. Eu sinto o amor e sinto ele queimar ao longo deste rio, em cada curva Esperança é uma palavra de nove letras, tudo o que me derruba me faz querer voar. Counting Stars – OneRepublic


RESPIRAR

S

entado dentro de uma livraria, vejo

pessoas através da vitrine, apenas pessoas mas nada de especial. Sempre se encontro perdido em meio aos meus pensamentos, esses últimos dias tem sido bastante dissemelhantes, agora eu optei por ficar só. A um tempo atrás eu tinha medo de ficar solitário. Cansado e desgastado, este sou o eu de agora. Fico pensando se as pessoas que trabalham nessa livraria estão felizes com seu trabalho, ou se apenas estão aqui pelo dinheiro. Estou sentado hà uns vinte minutos, mas soa como como uma eternidade, a vitrine é um campo de força que me separa do mundo real, do lado de fora o tempo


voa, voa como os ventos da solidão que tem deslizado sobre as minhas asas. Eu vejo o rosto do Matt na minha mente enquanto tento esquece-lo, porque nenhum de nós pensou que iria acabar desse jeito, pessoas são pessoas, e algumas vezes nós mudamos de ideia, e infelizmente Matthew, você decidiu ir, mas está me matando ver você ir depois desse tempo que passamos juntos. A música começa a tocar como no final de um triste filme, é o tipo de fim que realmente não queria ter visto, porque foi uma tragédia e só me deixa pra baixo e agora eu não sei o que vai ser sem você por perto. E nós sabemos que nunca é simples, nunca é fácil, nunca é um momento de mudar, ninguém aqui para me salvar. Você era a única coisa que eu conhecia bem. Eu não posso respirar sem você, mas eu tenho que respirar sem você.


Toda pequena colisão na estrada eu tentei desviar, nada que dissermos vai nos salvar da queda, são 2h19 da manhã, me sentindo como se eu tivesse perdido um amigo, espero que você saiba que não é fácil para mim. Breathe – Taylor Swift


PARTE DOIS A reviravolta


SE EU ME PERDER

H

oje é domingo, 23 de Março, e

ontem foi o meu aniversário de dezesseis anos, mais um ano que se passa com o coração partido, mais um ano de angustias e tristezas. Acordei com meus pais e o Carson entrando no meu quarto batendo palmas e cantando parabéns. – PARABÉNS PRA VOCÊ! – fiquei sentado na cama com o cobertor e rindo com a maior cara de sono. – MUITAS FELICIDADES! MUITOS ANOS DE VIDA! – continuei rindo. – RA-TIM-BUM! PARABÉNS TYLER! – falaram vindo me abraçar.


- Parabéns filho! – falou mamãe me abraçando e me beijando na bochecha. Agradeci e deu um sorriso. - Parabéns mano – falou o Carson. – Parabéns meu pequeno Tyler – falou papai – apenas agradeci. Depois disso formos todos para cozinha e comemos o café-da-manhã juntos, tinha uma torta de chocolate dentro da geladeira com o número “16” em cima, mamãe falou que eu podia comer um pedaço, então foi o que fiz. Fiquei na sala assistindo um pouco de tevê e depois voltei para o meu quarto e liguei para a Mary e a Sophia, chamei elas para irmos ao Marco Zero essa tarde, falei que eu precisava fazer uma coisa muito importante e tinha que ser hoje. Eu acho que, eu acho que quando você faz dezesseis anos, você está pronto


para perder a virgindade. Essa é a minha meta para os meus dezesseis. Não, eu não quero perder a virgindade um dia depois de fazer dezesseis anos, para mim virgindade é uma cosia séria que tem que se perder em um momento especial, com uma pessoa especial. Eu estou me sentindo estranho, tem alguma coisa me incomodando e pedindo para eu estar no Km 0 hoje, falei para a Mary e a Sophia e elas falaram que eu estava ficando maluco, e falaram que não iriam de jeito nenhum comigo até o Marco Zero. Falei para a mamãe que estava indo sair para comemorar o meu aniversário com a Mary e a Sophia e só voltaria mais tarde, ela concordou então eu fui, sozinho, peguei o ônibus e desci no Cais Santa Rita, 7h05 quando cheguei no Marco Zero, as vibrações estavam por todas as partes, os grupos de adolescentes


sentados ao redor do Km 0, estava tendo um show, o barulho era tão alto que chegava a ser perturbador. Cheguei no Km 0 e fiquei sobre ele, minha visão ficou embasada e me senti meio tonto, vários pensamentos começaram a passar em minha mente, Matthew Slateron, me senti perdido, me senti no lugar certo, ou no lugar errado, “Tudo começa no Km 0, e tudo vai acabar no Km 0.” Eu fiquei de pé ao sol, pensei em todas as pessoas, lugares e coisas que amei me mantenho em pé só para ver, de todos os rostos, você é a pessoa ao meu lado você pode sentir a luz começar a tremer, arrastando o que você sabe para o mar, você pode ver sua vida voando pela janela, hoje à noite. Se eu me perder hoje à noite, será ao seu lado. Passou um vendedor ambulante vendendo bebidas alcoólicas, comprei uma garrafa de vodka eu nunca tinha


bebido vodka antes. Quando dei o primeiro gole a sensação foi de estar bebendo álcool puro, a bebida desceu pela minha garganta e foi queimando por dentro como se eu estivesse comendo fogo, bebi dois copos e fiquei um pouco tonto, pensamentos aleatórios começaram a passar em minha mente, “O que eu estou fazendo aqui?” “Este não sou o verdadeiro eu” “Eu estou tentando te encontrar em outro corpo Matthew Slateron, e não estou conseguindo” “Este não é o verdadeiro Tyler” vários e vários pensamentos percorriam a minha mente coloquei os fones e comecei a escutar música, me sentei em um banco que tinha ali e fiquei pensando. Depois fui dar uma volta e encontrei um ex ficante meu, já fazia quase um ano que eu não conversava com ele, ficamos conversando um pouco e formos dar uma volta,


quando percebi eu já estava nos braços do Mack, e estávamos se beijando, eu não acreditei que aquilo estava realmente acontecendo, foi um beijo lento e leve, durou apenas alguns minutos, falei que tinha que ir embora e estava acompanhado da minha prima e ela estava me procurando, quando na verdade era tudo mentira, voltei para o Arsenal e comecei a beber sozinho, sentado na grama da Praça do Arsenal encostado na grade, minha visão começou a ficar embasada, as coisas começaram a se multiplicar a fonte que se encontra no meio da praça ficou desfocada, eu não conseguia por foco em nada, meu estomago estava queimando muito, minha visão começou a ficar escura e eu não conseguia escutar mais nada. Apaguei. Hey?... – Uma voz me puxava para realidade. – Está tudo bem com você?


– um garoto perguntava segurando meu braço de leve, meus olhos foram se abrindo lentamente e aos poucos que a luz afetava a minha visão e ardia bastante. - Aonde estou? – perguntei. – Minha cabeça está explodindo. - Você está deitado na grama da Praça do Arsenal - falou o garoto. – O que não é muito normal, a não ser que você esteja bêbado – completou ele. Minha mente estava pesada e eu estava demorando para processar o que ele falava. - Praça do Arsenal? – perguntei confuso. – Que horas são? O garoto tirou o celular do bolso e depois colocou de novo. – 23h46 – falou ele. - O QUÊ? 23h46? – perguntei muito preocupado, eu já deveria ter chegado em casa a duas horas. - Sim – o garoto respondeu.


- Não! Eu já deveria ter chegado em casa a duas horas – falei se levantado, mas alguma coisa estava muito estranha, minha visão sem foco e eu não estava conseguindo me manter de pé. Cai de joelho na grama e o garoto me segurou por trás. - HEY! Calma! – falou ele me segurando. – Você não vai para lugar algum desse jeito – falou ele me levantando, coloquei um braço pelo seu pescoço e fiquei de pé. - Me solta! – falei tentando se soltar do garoto mas ele estava me segurando com força. - Não, você não vai a lugar algum – repetiu ele. – Vou te levar até o Cais. - Não! Eu consigo chegar sozinho – falei. O garoto colocou meu braço pelo pescoço dele e me pôs de pé, nunca imaginei que ficar de pé fosse ser tão difícil algum dia, percebi que o show


já tinha acaba e não tinha muita gente pelo Marco Zero, as ruas estavam desertas e escuras, se não me engano estávamos passando pela Av. Alfredo Lisboa próximo da Ponte Giratória, não tinha nem um carro passando, nem um sinal de pessoas. Continuamos andando, percebi o garoto mudando de caminho e entramos em uma rua bastante deserta e escura. - Sei que estou bêbado, mas tenho certeza que o Cais não é nessa direção – falei quebrando o silêncio. - Eu sei – foi o que apenas o garoto falou. - Me larga! – falei tirando o braço do pescoço dele e sai correndo. - Hey! Volta aqui garoto! – falou ele correndo atrás de mim. O meu coração ficou acelerado e minha respiração ficou muito ofegante, eu não sabia para onde estava indo, só


sei que bem atrás de mim tinha um garoto desconhecido me perseguindo e eu já deveria ter chegado em casa a duas horas. Tropecei e cai com a mão no rosto. – Agora quero te mostrar uma cosia – falou o garoto me levantando e arrastando até a parede de um de milhares de casarões que tem espalhado pelo Recife. Ele me colocou contra a parede e me segurando com força, eu tentava me soltar dele, mas estava muito fraco por causa da bebida, o garoto abriu o zíper da calça e colocou o pênis para fora, comecei a gritar em busca de socorro mas ele tampou a minha boca, ele me virou e fiquei de costa, depois abaixou minha calça e tirou minha cueca. - SOCORRO!!! – Gritei desesperadamente. – ALGUÉM ME AJUDA!!! – continuei gritando.


- Cala a boca garoto! – falou ele e depois amarrou um pano na minha boca. O garoto começou a fazer sexo anal em mim, eu gemia de dor, chorando em desespero, eu só pensava nos meus pais, e o quanto eu queria estar em casa, e que aquilo poderia ser apenas um pesadelo horrível, mas não, estava acontecendo, era a realidade, a nua e crua. O garoto continuou fazendo sexo anal, eu estava contra a parede, cansado e sem força, desesperado. Fiquei de joelhos e fui obrigado a fazer sexo oral, ate o garoto ejacular, depois disso ele me soltou e foi embora. Largado em meio as ruas do Recife não sabia para onde ir, aonde estava, fiquei andando durante um tempo até conseguir ver o Parque das Esculturas, andando sem forças até chegar ao Marco Zero, sem ninguém pelas ruas, eu estava chorando


desesperado. Eu estava sobre o Km 0, e tudo o que tinha acontecido nos últimos anos começou a passar em minha mente como flashes, não estava aguentando ficar em pé até cair sobre o Km 0, meus olhos foram de fechando até não conseguir se manter acordado. Apaguei. De novo. If I Love Myself – OneRepublic


AMOR FRÁGIL

M

eu celular vibrava bastante e foi o

motivo pelo qual acordei, de joelhos com os olhos fechados tentando me lembrar de alguma coisa que aconteceu nas últimas horas, de modo que minha visão ia se recuperando as coisas começaram a se encaixar, de joelhos sobre o Km 0 tentava se lembrar das coisas, de como eu fui parar ali, me lembro de estar correndo por uma rua escura e tinha um garoto correndo atrás de mim, depois tropecei e cai sobre meus braços, minha visão se apagou, lembro também de está andando em


direção ao Marco Zero e depois não aguentei ficar de pé e cai de novo, depois disso não me lembro de mais nada. Olhei no celular para ver as horas e são 6h15, meus pais devem estar muito preocupados e meus amigos também, preciso ir para casa, preciso de um banho e dormir em minha cama. Eu queria lembrar de mais algo que aconteceu na noite passada mas não consigo, minha mente está confusa demais para lembrar das coisas. Fui até o Cais e peguei o ônibus pra chegar em casa, entrei em casa e meus pais estavam dormindo, entrei no banheiro e fiquei sentado em baixo do chuveiro, a água fria de começo de manhã caindo sobre minha cabeça, tinha algo me incomodando, alguma coisa querendo sair de dentro de mim, não estava me sentindo nada bem até que comecei a chorar, a chorar alto o suficiente para


meus pais acordarem e ficarem batendo na porta do banheiro. – Tyler?! Você está ai dentro?! – perguntava a mamãe com um tom desesperado. Continuei chorando e pensando nas pessoas em que já amei, é que é tudo culpa minha. Talvez o Matthew estivesse comigo ainda se eu não fosse tão inseguro. Talvez o Jefferson tivesse me dado uma chance de faze-lo feliz se eu não tivesse desistido dele tão cedo. Talvez a Lindsey tivesse ficado comigo se eu não tivesse se auto-mutilado por ela. Talvez o Kery e eu estivéssemos namorando se não fossemos de estados diferentes e a distância atrapalhou tudo. É tudo uma questão de talvez, mas tenho certeza que a culpa é minha, eu sou o problema, não sei amar com moderação. – TYLER! – escutei a mamãe gritando. Não aguentei a pressão dos meus


sentimentos e apaguei, só ouvi o barulho da porta sendo arrombada e vejo mamãe e papai entrado desesperados antes da minha visão de apagar por completo. Acordei com a mamãe sentada na minha cama acariciando minha testa com a costa da mão, meus olhos foram de abrindo lentamente. – Boa tarde meu pequeno Tyler – falou a mamãe com uma voz suave. - Oi, mãe... – falei. – Tyler, por aonde você andou? Fiquei preocupada – falou ela. Tive que pensar rápido para responder, mas minha mente ainda estava fraca. – Fui ao shopping com a Mary e a Sophia, e passei a noite na casa da Mary – respondi. - Hum – mamãe falou. – Estou com fome – falei. Formos até a cozinha e vi a mamãe preparar dois mistos quentes, um para mim e um para ela, ficamos na sala assistindo tevê e


depois a mamãe foi para o banho e se trocou pra ir a academia. Fui para o meu quarto e fiquei lendo um pouco quando de repente me lembro de estar deitado sobre a grama da Praça do Arsenal e um garoto me acordava, não consigo me lembrar do rosto dele, eu tento mas não consigo. Liguei para a Mary e contei das coisas que se lembrava que aconteceram no Marco Zero, que acordei e estava no Km 0, e que um garoto estava me perseguindo, pelo tom da voz dela deu para perceber que ficou preocupada. Eu ainda estava cansado e por causa da bebida, então fui para meu quarto e comecei a escrever um novo texto. “Vamos, frágil amor, apenas dure o ano, coloque um pouco de sal que nunca tivemos aqui. Encarando a poça de sangue e aparência esmigalhada, eu digo ao meu amor


para destruir tudo, corte todas as cordas e me deixe cair, no momento em que essa tarefa é quase impossível. Eu te disse para ser paciente, eu te disse para ficar bem, eu te disse para ser equilibrado, eu te disse para ser gentil. De manhã, estarei com você, mas será de um jeito diferente, porque eu estarei segurando todas as multas e você estará assumindo todas as contas. Vamos, frágil amor, o que aconteceu aqui? Amamente-se da esperança em peitos magros. A carga de amargura está completa, então vá devagar na separação. Agora todo o seu amor foi desperdiçado? Então o quê diabos eu fui para você? Agora estou rompendo nas pontes, e no fim de todos os seus versos. Quem vai te amar? Quem vai lutar por você? Quem vai ficar para trás? Eu...” Cai no sono.


Skinny Love - Birdy


TÃO DIFÍCIL RESPIRAR

E

u estava na aula de Biologia, mas

com os pensamentos em outro lugar, ainda tentando se lembrar o que poderia ter acontecido no Marco Zero, mas estava tão difícil. Foi quando me vi contra a parede e atrás de mim tinha um garoto, e ai eu me recordei de tudo. O garoto que me acordou na Praça do Arsenal, a caminho do Cais Santa Rita, as ruas desertas, o desespero, a queda quando tentei fugir, e o estupro, eu tinha sido estuprado. Meus olhos começaram a encher de lágrimas e comecei a chorar, e quando percebi todos da classe estavam olhando pra mim. –


Tyler está tudo bem? – perguntou a Sophia se aproximando. Todos estavam em silêncio, eu só conseguia ouvir o barulhos dos ventilares que estavam ligados, sai correndo chorando em direção ao banheiro, e o corredor parecia ser infinito, todos olhando para mim, entrei em uma cabine e comecei a chorar desesperado. Aquilo não poderia ter acontecido, eu deveria ter chegado em casa a duas horas e nada teria acontecido, e aquele garoto se aproveitou que eu estava bêbado para transar comigo. Fiquei na cabine até o sinal tocar e voltei para sala, com os olhos avermelhados, Sophia estava sentada com alguns adolescentes, sentei na minha carteira e fiquei em silêncio durante o resto das aulas, tentando me recordar do rosto do garoto, mas estava escuro demais e não pude ver.


Quando cheguei em casa fui correndo para meu quarto, fiquei sentado na cama pensando no que tinha acontecido. Eu estava bastante perturbado, comecei a revirar a mobília, derrubando as coisas das prateleiras, digo a mim mesmo que nunca chegarei tão fundo a ponto de não poder respirar, mas estou afundando, e é tão difícil respirar. E mais ainda dormir quando ninguém se importa com os seus sentimentos. Mas agora estou afundando, tão fundo, não consigo subir para pegar ar, vi o vale da sombra da morte, vi as montanhas, a infância selvagem. Que merda, isso nunca esteve nos meus planos, mas faz muito tempo desde que eu brincava com outras crianças, mas agora estou afundando nos meus sentimentos, tão fundo. Não consigo subir para pegar o ar.


So Hard To Breathe - B.o.B


ATLAS

F

az quase dois meses que desativei

minhas redes sociais, estou tentando esquecer o que aconteceu no Marco Zero, não contei para os meus pais e nem para meus amigos, e depois do fato ocorrido não voltei mais lá, estou um pouco traumatizado e com medo, estou pensando ir com a Sophia e a Mary este próximo fim de semana (Dessa vez eu vou realmente com elas). Passei a tarde na livraria do shopping, lá é calmo, gosto de lugares calmos para poder pensar e escrever um pouco. “Alguns viram o sol, alguns viram a fumaça, alguns ouviram a arma, alguns dobraram o


arco, às vezes o fio deve estar esticado pela nota, pegos no fogo, diga algo, estamos prestes a explodir. Eu vou carregar seu mundo. Alguns estão longe, alguns procuram por ouro, algum dragão para matar. O Céu, esperamos, está logo ali na estrada, me mostre o caminho, porque estou prestes a explodir. Atlas – Coldplay


PARTE TRร S O recomeรงo


A-A-AMOR

E

stamos no mês de maio, e o Outono

já toma conta de todo ar, algumas árvores estão sem folhas e algumas estão completamente amareladas, Outono é minha estação do ano favorita, é um clima diferente, sei lá, apenas gosto deste clima amarelado. Hoje vou passear pelo Recife, mas vou ficar a a tarde na Livraria Cultura, já faz algum tempo que não vou naquela livraria, falei com mamãe e ela concordou, papai está no trabalho e o Carson no quarto dele jogando védeo-game. Tomei banho e me troquei, fui até a estação e peguei o metrô com destino ao Recife, trouxe


o notebook do papai na mochila para poder escrever um pouco, mamãe me deu uma nota de cinquenta reais. Fiquei andando pelos corredores em meio a pratilheiras repletas de livros, comecei a ler “O Diário de Carson Phillips” do Chris Colfer, comprei uma xícara de chocolate quente na cafeteria que tem dentro da livraria e fiquei sentado lendo, depois abri o notebook e comecei a escrever. Várias pessoas lendo ao meu redor, crianças, jovens, e adultos, pessoas que gostam de ler me passam uma mensagem boa. Um garoto sentado do outro lado estava me observando, as vezes quando eu olhava para ele ele estava me olhando, os nossos olhares se cruzaram a todo momento, pensei em ir até ele mas achei melhor não. Pessoas são complicadas. Quando parei de olhar e olhei de novo ele já não estava mais lá, talvez tenha ido


embora, ou talvez esteja pela livraria. Continuei sentado, ouvindo música e escrevendo, meu chocolate quente acabou. Um par de All Star passaram ao meu lado e me distraiu, voltei com o olhar para o livro, o par de All Star se aproximaram e um garoto se sentou ao meu lado, olhei para o lado e percebi que era o garoto que estava trocando olhares. - Oi – falou ele tímido. - Oi – falei. Continuei lendo e ele não falou mais nada. – Tudo bom? – perguntei depois de um tempo. - Sim – ele respondeu. – Você vem sempre aqui? – fechei o livro e coloquei em cima do teclado do notebook. – Não muito, só as vezes – respondi. - Qual é o seu nome? – perguntei. - Isaac – ele respondeu. – E o seu?


- Me chamo Tyler – respondi. – Nome bonito Isaac – falei. – Sabe de uma cosia? – perguntei olhando para ele. - Não... – respondeu ele. - Seu nome me lembrou o garoto de A Culpa É Das Estrelas, o garoto que fica cego – falei. - Já li este livro – retrucou ele. - Sério? – perguntei. – Também já li. Já li quase todos os livros do tio Green – falei rindo. - Tio Green? – perguntou o Isaac rindo. - Sim, chamo meus autores de tio – falei rindo. – Me conte mais sobre você Isaac. Passei o resto da tarde conversando com o Isaac, ele tem dezessete anos e mora no Recife, ele parece ser um garoto legal. Era 18h04 quando falei que estava ficando tarde e tinha que ir embora, Isaac perguntou se eu tinha


Facebook ou alguma rede social, falei que não, o que é verdade, mas trocamos os nossos números celulares, falei para ele que podia me ligar só depois das 00h00, hora que meus pais estão dormindo, mas que poderia me mandar mensagens a qualquer hora do dia. Assim que cheguei em casa jantei e fui para o meu quarto e fiquei conversando com o Isaac por mensagens. Ele gosta de leitura, mas odeia café. Gosta de frio, mas odeia calor. Gosta de ir a praia, mas não de se banhar no mar. Gosta de pizza, mas não de mussarela. Gosta de tirar fotos, mas não de si mesmo. E assim foi o resto da noite, ficamos conversando sobre o que gostamos e o que não gostamos até eu falar que estava indo dormir e ele disse, “Adorei te conhecer Tyler.” e eu respondei “Acho que posso dizer o mesmo.” Fui dormir.


Na manhã seguinte acordei se sentindo estranho, eu não estava triste, nem nada de mal, eu estava feliz, não sou acostumado a se sentir feliz, deve ser por isso que eu estava me sentindo estranho. Liguei o notebook e decidi escrever um texto. “Você pode me deixar entrar? baixe sua guarda, me deixe fazer você sorrir, fique por um tempo então você falará “Você tem o amor que mereço receber.” me dê apenas uma noite para a coisa real, me deixe te mostrar como ser feliz realmente, talvez se apaixonar, eu poderia ser o único a te mostrar amor. Talvez eu ria disso mais tarde, mas por enquanto eu estou me sentindo um pouquinho louco. Um, dois, três, eu estou mergulhando no fundo e prendendo minha respiração, você vai segurar minha mão? Eu sei que você está


enlouquecendo, vejo suas mãos tremerem, o que você está pensando? Pensando que eu vou partir seu coração? O que passa pela sua mente? O que você está sentindo? Talvez eu possa ser o garoto que pode fazer isso certo. Eu poderia ser o único, nós poderíamos nos apaixonar. Eu não quero um garoto de brinquedo, meu coração está doendo por você, não quero te assustar, garoto, mas você é bom demais pra ser verdade, você me mostrou agora, me fez pensar sobre tudo isso o jeito que eu poderia, fazer você se sentir bem. Talvez nós possamos nos apaixonar.” Passei o dia me sentindo feliz, ouvindo música no meu quarto bem alto e cantando junto, foi um dia dissemelhante a todos, o ar estava mais leve, a realidade estava


diferente, a felicidade estava espalhada pelo ar, mamãe e papai estavam no trabalho, Carson estava na casa da namorada, liguei para o Isaac e ele atendeu de imediato. Ficamos conversando sobre os nossos dias, e sobre nós “Estou com saudades” falou o Isaac, “Como assim?” perguntei, “Sei lá, se conhecemos ontem e tal, mas o tempo passou tão rápido” falou ele, “Podemos se encontrar semana que vem” falei, e ele concordou, marcamos de se encontrar na Segunda-Feira às 14h00 na livraria, desliguei o celular e fiquei lendo lendo durante o resto do dia. Pensei um pouco no Isaac, ele é um garoto bem legal. L-L-Love – He Is We


A ÚNICA EXCEÇÃO

T

enho conversado muito com o

Isaac esses últimos dias, a gente está se conhecendo, ele falou que é gay, então falei que sou bi, ele disse “Estou ansioso para te ver logo” apenas ri e falei que também queria ver logo ele, disse que tinha medo de se machucar por ter sofrido demais no meu último relacionamento, e que talvez não esteja pronto para se relacionar com outra pessoa, ele apenas disse que me entendia. Um tempo atrás eu me vi perdido, eu quebrei meu próprio próprio coração, e enquanto tentava remontá-lo, jurei que jamais se deixaria esquecer, e aquele foi o dia em que prometi que


nunca mais iria se apaixonar. Mas, querido, você é a única exceção. Talvez eu saiba em algum lugar no fundo da minha alma que o amor nunca dura, temos que encontrar outros meios de fazermos sozinhos ou manter a cara séria, sempre vivi assim, mantendo uma distância confortável, até agora eu tinha jurado para mim mesmo que estou feliz com a solidão porque nada disso nunca valeu o risco. Bem, você é a única exceção, tenho um forte controle sobre a realidade, mas não consigo deixar o que está aqui diante de mim, sei que você vai embora pela manhã quando você acordar, me deixe com alguma prova de que isso não foi um sonho. Estou quase acreditando que você é a única exceção. The Only Exception – Paramore


EU NÃO ME IMPORTARIA

H

oje é Segunda-Feira, são 14h10 e o

Isaac está dez minutos atrasado, entendo que nessa hora tem muito transito pelas ruas do Recife, mas, eu não gosto de esperar. Cinco minutos depois a porta automática se abriu e vi o Isaac, ele estava com o meio de lado, usando uma calça jeans, uma camisa e All Star cano alto da cor preta. - Oi – falou ele em minha frente. - Oi – falei estendendo a mão para ele me levantar. Então foi o que ele fez e se abraçamos.


- Que saudades – ele falou em meio ao abraço. Fiquei sem palavras para responder. - Eu acho que você hoje está mais bonito – falei. - Você acha? – perguntou ele. - Sim – falei com um sorriso no rosto. Comprei um copo de chocolate quente, e ele também, ficamos dentro da livraria conversando e dando risadas bobas, até que chegou uma mulher e pediu para conversarmos mais baixo. – Vamos dar uma volta pelo Marco Zero? – perguntei. Então foi o que fizemos, dei a mão para ajudar ele a se levantar e formos andando, o dia estava lindo, apesar de já estar anoitecendo, estávamos em cima do Km 0, olhando para baixo, admirados com a beleza dourada que tinha a esfera. Isaac pegou na minha mão e ficou olhando nos meus


olhos até quebrar o silêncio. – Tyler, você quer namorar comigo? – ele perguntou. Fiquei tão confuso, e tão surpreso com essa pergunta, e tudo o que existia ao redor desmorou e sumiu, o que apenas existia era Isaac e eu sobre o Km 0. – Sim – falei. Então se aproximamos e nos beijamos, me senti tão indescritível, não amado, talvez eu pudesse estar apenas sonhando, mas não... Era tudo real. Alegremente nós saímos da linha, eu caíria em qualquer lugar com você, eu estou do seu lado, balançando na chuva, cantarolando melodias, nós não vamos à lugar nenhum até congelarmos, eu não estou mais com medo. Para sempre é muito tempo, mas eu não me importaria de passar ao seu lado, cuidadosamente foram colocados para o nosso destino, você veio e tirou esse coração e o libertou, cada palavra que você escreve ou


canta são tão carinhosas para mim, me diga todos os dias que eu acordarei para ver esse sorriso, e eu não me importaria ao todo, se conhecemos a pouco tempo mas você me conhece tanto, me belisque gentilmente, eu mal posso respirar de tanta felicidade. Por ter um amor recíproco. I Wouldn't Mind - He Is We


VERMELHO

A

má-lo é como saltar da

estratosfera sem paraquedas, ultrapassar a barreira do som, mais rápido que o vento, terminando tão de repente.Amá-lo é como tentar mudar de ideia, uma vez que você já está voando em queda livre, como as cores no outono, tão brilhantes, antes de perdê-las.Tocá-lo era como entender que tudo que eu queria estava bem ali na minha frente. Brigar com você é como tentar resolver uma palavra cruzada e perceber que não há resposta certa.As nossas lembranças vêm em flashbacks e ecos, as vezes digo a mim mesmo que agora é a hora,


preciso esquecer. Mas me distanciar de você é impossível, quando ainda vejo tudo em minha cabeça, o quanto você me faz feliz e o tamanho do meu amor por você. Vermelho... Sentir a sua falta foi cinza escuro, totalmente só, tentar esquecê-lo foi como tentar conhecer alguém que nunca encontrei. Mas te amar é vermelho. Hoje faz um mês que o Isaac e eu estamos namorando, sabe, as vezes paro e penso, não da para acreditar que isso realmente está acontecendo. Red – Taylor Swift


PARTE QUATRO O epílogo


ME DÊ AMOR

H

oje é domingo, 27 de Junho,

marquei de se encontrar com o Isaac de 19h00 no Marco Zero, chamei Sophia e Mary para irem comigo, finalmente elas concordaram, passei a manhã e a tarde conversando com Isaac até dar a hora de ir para o banho, me troquei e fui até a casa da Sophia e depois formos buscar a Mary, pegamos o ônibus na Av. Beira Mar até a Praça de Boa Viagem e pegamos outro ônibus, descemos no Cais Santa Rita, era 18h45 quando chegamos, formos dar uma volta pelo Marco Zero, e esperar o Isaac chegar. As pessoas estavam me olhando a


todo momento não sei o porque, fiquei me sentindo estranho. - Tyler porquê as pessoas estão olhando para você a todo momento? – perguntou a Sophia. – É – completou a Mary. - Não sei – falei me sentindo perdido. – Vamos dar uma volta pelo Arsenal enquanto o Isaac não chega – falei. Então formos. No caminho as pessoas continuavam me olhando a todo momento. – Olha só quem está aqui hoje galera! – falou um garoto que nunca vi na minha vida. – É o Tyler! - Tyler você conhece essas pessoas? – perguntou Mary. Apenas neguei. Continuamos andando até chegar o Arsenal e avistei um amigo. - Tyler o quê você está fazendo aqui? – perguntou Jack com um tom de voz preocupada.


- Eu vim me encontrar com o Isaac – falei. – Meu namorado, conhece? – perguntei. - O cara que te estuprou um dia depois do seu aniversário? – falou o Jack. Sabe quando você fica sem chão? Quando você descobre toda a verdade sobre a pessoa que você acha que conhecia? Quando o seu namorado é o garoto que lhe estuprou um dia depois do seu aniversário? Fiquei paralisado, sem reação, levei um choque, um raio acabou de me atingir e sobrevivi quando realmente queria estar morto. – Não... – falei quase chorando. - Bem, se você estar procurando o seu namorado, ele está ali – falou o Jack apontando para um garoto encostado em um troco de uma árvore que estava se beijando com outro garoto.


Sai correndo em direção do Isaac, escutei a Mary e a Sophia gritando “TYLER NÃO!!!” Sai esbarrando contra as pessoas sem pedir desculpas, elas gritavam “OLHA O ARROMBADINHO PÔS ANIVERSÁRIO!” Chorando desesperado fui até o Isaac sem pensar em nada, apenas na raiva que estava sentindo. - EU TE ODEIO! – gritei chutando ele e todo mundo começou a olhar em minha direção. - O quê é isso garoto? Está maluco? – perguntou ele. - EU TE ODEIO ISAAC! EU TE ODEIO! VOCÊ É O CARA QUE ME ESTUPROU!!! – Gritei mais alto e chorando, as pessoas ficaram paralisadas e o silêncio tomou conta de toda praça. - Tyler se acalma – falou a Mary.


- Se acalmar? Como eu posso me acalmar?! – falei, e quando percebi o Matthew estava na praça. - Tyler calma – falou ele. - NÃO CHEGA PERTO DE MIM – gritei. – EU VOU ME MATAR! – completei a frase e sair correndo. - TYLER NÃO! – Falou o Matthew. Todo mundo estava atrás de mim, eu não conseguia acreditar que aquilo era real, entrei por uma rua e tinha um policial, ele estava meio distraído, e eu com meus pensamentos me matando, quando deu a hora corri e peguei a arma da cintura do policial e sai correndo em direção do Marco Zero e ele veio atrás de mim. Eu não estava pensando em ninguém, apenas em mim, no meu sofrimento, na minha felicidade falsa, no meu mundo falso. Correndo batendo nas pessoas, quando elas percebiam que eu estava com uma arma ficavam assustadas,


cheguei no Marco Zero e fiquei sobre o Km 0, “Tudo começa no Km 0, e tudo vai acabar no Km 0.” A frase que veio em minha mente, e as pessoas começaram a se afastar e os olhares espantados. Vi Mary, Sophia, Matthew e o Isaac se aproximarem. - NÃO CHEGUEM PERTO! – Gritei apontando a arma contra minha cabeça. - Tyler não faz isso por favor – Matt falou. – Tyler para com isso – falou a Sophia. Isaac ficou calado e me olhando. - Eu cansei, cansei de sofrer, cansei de tudo isso – falei com a arma tremendo, eu estava chorando, chorando demais. - Tyler eu te amo – falou Isaac. - Amor? Você não sabe nada sobre amor – falei. As pessoas ficavam me olhando, e o Marco Zero todo estava


em silêncio. – Você também Matt, você nunca me amou! – gritei. - Tyler, os momentos que passamos juntos, foram especias, juro que te amei durante o tempo que ficamos juntos. - Não foi isso o que me contaram – falei ainda com a arma contra a cabeça. - E o quê te contaram – perguntou ele. - Você nunca me amou Matt, você só ficou comigo por pena, mas na verdade você amava outra pessoa, e só esperou o nosso namoro acabar para ficar com a mesma – falei chorando. - Não Tyler... – falou ele se aproximando. - NÃO CHEGA PERTO! – Gritei e todo mundo ficou assustado. – Mas agora, agora chegou a hora. A hora do fim do meu sofrimento – falei.


- Tyler, por favor não faz isso, por todos nós – falou o Matt. - Nós? – falei rindo. – “Nós” nunca existiu, “Nós” sempre se resumiu a mim mesmo, e vocês, vocês nunca pensaram no meu sofrimento. - Tyler não faz assim – falou Sophia. - Eu não aguento mais – falei apertando o gatilho da arma. E ouvi todo mundo gritar, minha visão se fechando, minhas mãos estavam sujas de sangue, cai de joelhos sobre o Km 0, e eu só conseguia ouvir a pessoas gritando, até não conseguir ouvir mais nada, minha visão ficou embasada e rostos apareceram na minha frente até os meus olhos se fecharem. Me dê amor como ele, porque ultimamente tenho acordado sozinho, pintei lágrimas escorrendo na minha camiseta, disse a você que os deixaria ir e que vou lutar pelo meu canto, e que talvez eu te ligue hoje a


noite, depois do meu sangue virar álcool, não, só quero te abraçar. Me dê um pouco de tempo ou queime isso, vamos brincar de esconde-esconde para virar isto, tudo que quero é o sabor que seus lábios permitem. Me dê amor. Me dê amor como nunca antes, porque ultimamente tenho desejado mais, e faz algum tempo mas ainda sinto o mesmo, talvez eu deveria deixar você. Não, talvez eu que tenha que ir. Adeus. Give Me Love – Ed Sheeran


AGRADECIMENTOS Q

uero agradecer a todos cantores

por terem criados essas músicas incríveis que me inspiraram, por cada palavra, por cada sentimento. Quero agradecer a minhas amigas, Mary (Luana), Sophia (Carolina), Katherine (Betina), não quero agradecer ao Matthew, simplesmente por motivos pessoais, Isaac é um personagem fictício, e nada disso escrito neste livro é real, talvez. Obrigado a todos.


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