QUE É DIVERSIDADE?
Segundo o dicionário Diversidade é: “qualidade daquilo que é diverso, diferente, variado”.
A humanidade se manifesta com suas semelhanças e diferenças, e aqui aparece o termo
Diversidade Humana. A diversidade é representada pela linha tênue de que seres humanos são iguais, mas uma característica de crença ou comportamento o rotula como pertencente a um determinado grupo. Aqui vale uma reflexão: o simples fato de uma pessoa manifestar um comportamento ou expressão a torna passível de julgamento ou violência?
Fisicamente os seres humanos são semelhantes, havendo pequenas diferenças entre si, que se dão através de expressões e comportamentos manifestados no âmbito sexual, religioso, cultural, linguístico e vivencial. Emocionalmente cada pessoa percebe-se dentro de um contexto mental pessoal onde a maneira como desenvolve sua potencialidade é através do criar, pensar, agir e se expressar. Dentro desse conceito, todos sem exceção, estão inseridos em algum tipo de diversidade, seja cor da pele, cor dos olhos, altura, peso, orientação sexual, religião, crenças, idade, etc. Sendo assim, num conceito humanizado onde todos compõem a diversidade, o nosso papel deve ser o de pessoa que respeita os demais e não os julga ou agride.
Muito se fala sobre o preconceito como disparador da exclusão as diversidades, mas o que é o preconceito? Nas palavras de Ribaut: “é uma ideia, um conceito, um modelo não analisado periodicamente e, portanto, assumido como A Verdade, A Realidade. Às vezes falamos que não somos preconceituosos porque não temos preconceito de alguma diversidade específica, mas todo juízo de valor absoluto que fazemos é um preconceito”.
O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE NO ACOLHIMENTO AS DIFERENÇAS
Os profissionais de saúde são todas as pessoas envolvidas em um atendimento ambulatorial ou hospitalar para clientes que buscam estes serviços. Não se limita apenas aos que realizam atendimento direto como médicos e enfermeiros, também incluem os profissionais que mesmo indiretamente contribuem ao cuidado na atuação em áreas administrativas e de apoio, como higienizadores, auxiliares administrativos, telefonistas, etc. Independente do cargo exercido na instituição, é papel de todos o acolhimento humanizado.
Como pessoa todos tem suas experiências, vivências, e processos mentais, que geram crenças e valores pessoais. No entanto, as crenças pessoais não devem sobrepor a ética profissional. Quando se lida com clientes de saúde, o papel do profissional é o de prestar um serviço com qualidade e
O
QUAL
SERIA A MELHOR
FORMA
DE ACOLHER UM CLIENTE DE MANEIRA HUMANIZADA DIANTE DA SUA DIVERSIDADE?
É nítido que em muitas situações existe uma dificuldade em saber lidar com a diferença do outro, pois algumas vezes não temos conhecimento ou informação, outras vezes entra em conflito com nossas crenças pessoais gerando distanciamento. Quando a dificuldade vem do conhecimento ou informação, deve-se buscar esse conhecimento, se informando sobre o tema através de pesquisas ou utilizando o princípio de que qualquer diferença deve ser tratada com naturalidade e respeito. Se você não conhece muito sobre o perfil daquela pessoa, o olhar com respeito, compaixão e humanidade, são os requisitos necessários para o bem acolher.
EXISTE UMA INFINIDADE DE RELIGIÕES E CRENÇAS, E CADA
PESSOA TEM A LIBERDADE DE ESCOLHER SEGUIR A CRENÇA
QUE MAIS SE IDENTIFICA, OU ATÉ MESMO A LIBERDADE DE NÃO SEGUIR NENHUMA.
O Brasil é considerado um estado laico, que não é vinculado a nenhuma religião, definido na Constituição Federal de 1988 que: é inviolável a liberdade de consciência e de crença, é assegurada, nos termos da lei a prestação de assistência religiosa, ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política. Independente da crença religiosa a pessoa deve ter e ser respeitada, principalmente relacionado a suas escolhas a adesão ou não a tratamentos e procedimentos. É preciso de uma relação de troca respeitosa diante da fé do paciente com o cuidado oferecido pelo profissional de saúde. O desafio se coloca no acolhimento e respeito diante da diversidade das diferentes crenças e sua relação com os processos de tratamento que devem buscar o equilíbrio.
A SEXUALIDADE HUMANA É DESENVOLVIDA DE MUITAS FORMAS. SEGUNDO A BIOLOGIA, O SEXO BIOLÓGICO É FORMADO POR UM
CONJUNTO DE INFORMAÇÕES CROMOSSÔMICAS, ÓRGÃOS
GENITAIS E CAPACIDADES REPRODUTIVAS E FISIOLÓGICAS
SECUNDÁRIAS QUE DISTINGUEM MACHOS E FÊMEAS.
HÁ PESSOAS QUE NASCEM COM UMA COMBINAÇÃO DIFERENTES DESSES FATORES E SÃO CHAMADAS DE INTERSEXOS.
Quando se fala de gênero, é também preciso retratar a Identidade de Gênero, que é a percepção que a pessoa tem de si como sendo do gênero masculino ou feminino. A pessoa que nasce do sexo biológico macho e se identifica com gênero masculino, e a pessoa que nasce de sexo biológico fêmea e se identifica com o gênero feminino, são consideradas pessoas cisgêneros. Algumas pessoas, porém, nascem com um sexo biológico, mas se identificam como sendo de um gênero diferente. Essas pessoas são consideradas transgêneros.
As pessoas transgêneros, para adequar seus atributos físicos a sua identidade de gênero buscam modificações através de terapias hormonais e intervenções médico cirúrgicas. Independente do sexo biológico ou identidade de gênero, a pessoa pode manifestar atração afetiva e/ou sexual a pessoas de sexos opostos ou do mesmo sexo. Essa atração não se trata de escolha e por isso é denominada orientação sexual. Independente da sexualidade ou identidade de gênero manifestada e vivida pelo cliente, é papel do profissional de saúde ter um olhar abrangente e perceber as pessoas independente de rótulos.
Todos são humanos, todos merecem respeito e o acolhimento deve ser o mesmo para todos os clientes. De uma forma geral, o olhar que cabe ao profissional de saúde é o olhar do cuidado, do acesso, do acolhimento e do não julgamento. As pessoas buscam os serviços de saúde porque estão enfrentando um momento de dúvidas e incertezas em relação aos seus sintomas, ou porque necessitam de intervenção e ajuda para que sua saúde seja reestabelecida. Sendo assim o papel das instituições de saúde é promover a oportunidade de esclarecimento e oferecer soluções de tratamento, e o papel do profissional de saúde é de acolher esse cliente e tornar a sua experiência a mais fluída, respeitosa e acolhedora possível.
HÁ CLIENTES QUE
DE
COM A
O
FÍSICA EM BOAS CONDIÇÕES, MAS A SUA DIFICULDADE É RELACIONADA A SAÚDE MENTAL.
Os transtornos podem ser caracterizados em muitas patologias psicológicas e psiquiátricas, entre eles os mais comuns são depressão, estresse, bipolaridade, esquizofrenia, ansiedade, transtornos de ajustamento, fobias, deficiência intelectual/cognitiva e transtornos de desenvolvimento. A pessoa com transtorno mental e comportamental, não é considerada uma pessoa “louca”, também não deve ser associada a frescura e fraqueza. Os transtornos mentais e comportamentais podem ser tratados por especialistas, que com um tratamento organizado e apoio psicossocial, podem reestabelecer-se e seguir com uma vida normal.
Diferentes tipos de transtornos podem manifestar diversos comportamentos, mas não devem ser generalizados de forma a associar a pessoa a doença ou a comportamentos nocivos a si mesma e aos outros. Com a mudança no cenário de psiquiatria brasileira cada vez mais entra em desuso atendimento específico em hospitais psiquiátricos, e os clientes com transtornos mentais acessam o serviço através de um hospital geral. O profissional de saúde deve estar atento ao cliente psiquiátrico considerando a particularidade da sua patologia, mas mantendo o respeito e acolhimento.
COM O OLHAR DA DIVERSIDADE HUMANA...
Existem pessoas inseridas em muitas realidades e não cabe ao profissional o julgamento. Quando um cliente chega na condição de morador em situação de rua ou Presidiário, pode-se apresentar certo comportamento de distanciamento dos dos profissionais, mas como todas as diversidades, o papel do profissional é o olhar acolhedor e respeitoso, é manter o princípio de que o tratamento adequado e gentil é direito de qualquer paciente. No curso da vida a condição que cada um nasce pode ser transformada com o passar do tempo, algumas pessoas já no início de suas vidas convivem com uma deficiência e seguem com ela por toda a vida, essas deficiências podem ser minimizadas ou revertidas, porém com o decorrer de situações externas em algum momento a pessoa que antes não as possuía pode vir a adquirir uma condição de deficiência.
As deficiências podem ser de natureza física, mental (por exemplo esquizofrenia), intelectual (por exemplo dislexia) ou sensorial (por exemplo autismo).
CHEGAM ATÉ
SERVIÇO
SAÚDE
SAÚDE
Visando reduzir o impacto da sociedade para pessoas com deficiência ou pessoas em situação de risco ou vulnerabilidade, foi criada a Lei 10.048 de 2000 (atendimento prioritário) para assegurar atendimentos prioritários as pessoas com deficiência, os idosos com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactantes, as pessoas com crianças de colo e os obesos. O julgamento direcionado ao ser humano, gera uma série de conflitos que podem tomar diferentes dimensões. Esses julgamentos podem ser desde um diálogo agressivo, ou até um comportamento ou atitude violenta, seja ela física, verbal, psicológica, patrimonial, sexual e moral, conforme diz o artigo 7 da Lei nº 11.340/2006 (violência).
Com o olhar da diversidade humana percebe-se que diversidade não se trata de minorias, diversidade se trata de que seres humanos são diferentes, mas ainda são humanos, iguais e diferentes ao mesmo tempo.
Todas as pessoas sem distinção em algum momento de suas vidas serão consideradas uma diversidade, pois todos são passíveis a nascer, transformar-se, descobrir-se, identificar-se, constantemente até o seu envelhecer ou morrer.
Deve-se conscientizar que quando se trata de seres humanos, não se pode criar expectativa no outro, e para não errar nunca se todos se tratarem com respeito e acolhimento, deixando de lado o julgamento, criaremos aos poucos a plenitude do saber viver em harmonia dentro da sociedade.
ANS 41873-1