“[...] numa cidade entulhada e ofendida, pode, de repente, surgir uma lasca de luz, um sopro de vento [...]” Lina Bo Bardi
P A R A I S Ó P O L I S A
F A LTA
DE
EQUI PA MENTOS
PÚBLI COS
NA
PERI F ERI A
Dada a abrangência e complexidade se tratando dos tantos significados que uma pesquisa a partir da crise urbana pode sugerir, optamos por
tecer uma linha estratégica projetual a partir de três aspectos: a começar pela APROXIMAÇÃO acerca do objeto, contextualizado historicamente, entendeu-se sua morfologia e identificou-se seus potenciais, para que, com essas ideias em mente, pudéssemos iniciar uma LEITURA da região de estudo. Concluída a partir de constatações das apropriações do espaço urbano, das análises acerca do edificado, das intervenções previstas na região e de uma pesquisa com os habitantes, chegamos à PROPOSTA. “O direito à cidade se manifesta como forma superior dos direitos: não à cidade arcaica, mas à vida urbana, à centralidade renovada, aos locais de encontro e de trocas, aos ritmos de vida e empregos do tempo que permitem o uso pleno e inteiro desses locais.” LÈFÉBVRE, Henri DISCENTES Carolina
Fiacador, Higor Valentini, Lucas Ítalo, Selma Labat e Tainara Musmicker DOCENTES
Prof. Me. Adriana Afonso Sandre e Prof. Dr. Beatriz Bezerra Tone MONITORIA
Gabriely Christiny Lima Andrade
APROXIMAÇÃO
crise urbana
São Paulo é uma megalópole que enfrenta problemas onde os habitantes, sobretudo os que vivem no subúrbio, são os mais afetados. Direitos como o lazer, transporte e educação, tornam-se desafios e geram o que chamamos de crise urbana (MARICATO,
2015).
A desigualdade social reforça tal crise, uma vez que o cidadão é submetido ao “exílio na periferia” (MARICATO, 2000 apud SANTOS 1990) e o acesso à cidade e seus equipamentos torna-se complicado, motivo que nos levou a ter como OBJETO DE ESTUDO A FALTA DE EQUIPAMENTOS
PÚBLICOS
DE
EDUCAÇÃO,
LAZER
E
CULTURA
NA
PERIFERIA.
Considerado um símbolo de desigualdade social, violência e desprovimento de espaços públicos, porém famoso pela expressividade e potencial, o Complexo de Paraisópolis
foi escolhido como local de estudo com o OBJETIVO DE DEFINIR A CARÊNCIA DE TAIS EQUIPAMENTOS E REALIZAR UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO A FIM DE MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA DO CIDADÃO E PROMOVER O EXERCÍCIO DO “DIREITO À CIDADE” Mapa das favelas e cortiços em São Paulo com destaque para Paraisópolis. Fonte: GeoSampa, 2020.
(LÈFÉBVRE, 1968), agregando valores como pertencimento e identidade.
Fonte: Folha de S. Paulo, acesso em 2020.
APROXIMAÇÃO contexto histórico
“Território não é apenas o resultado de um conjunto de sistemas naturais e coisas criadas pelo homem. Território é o chão mais a população, isto é, uma identidade, o fato e o sentimento de pertencer aquilo que nos pertence.” (SANTOS, 2000. Pag. 96).
A formação atual das cidades brasileiras é resultante de
fatores
acelerada
históricos das
que
cidades,
levaram
à
comumente
uma visto
ocupação em
países
subdesenvolvidos. Segundo a Prefeitura de São Paulo, o Complexo de Paraisópolis originou-se na antiga Fazenda do Morumbi que, na década de 20 foi divida em 2200 lotes com 10x50m e ruas de 10m de largura. Nos anos 50, a região foi ocupada por pessoas em
busca de emprego, enquanto em 60 e 70, a migração para São Paulo levou diversos nordestinos para lá. Em nos anos 90, com a desfavelização de outros polos na cidade, a população de Paraisópolis cresceu tanto a 0
1940
ponto de tornar-se a 2ª maior favela da cidade de São Paulo,
100m
formado por Paraisópolis, Jardim Colombo e Porto Seguro.
1981
2017
APROXIMAÇÃO
morfologia e potencialidades
Córrego Itararé
Córrego do Brejo
(canalização prevista)
Córrego Morumbi
Recintos Verdes
Topografia
Hidrografia
Córrego Antonico
Potencialidades
(em obras de canalização)
(canal subterrâneo)
O terreno bastante acidentado que não foi levado em consideração para o loteamento no passado, resulta em construções precárias e insalubres em áreas de risco, enquanto nas partes mais planas, a realidade é diferente.
Córregos Antonico, Morumbi, Brejo e Itararé que hoje são sinônimos de insalubridade e problemas para a região. A maioria encontra-se com previsão de canalização e/ou em obras para o mesmo.
A densidade super elevada na região resulta na escassez de espaços livres e áreas verdes, fatores que agravam a qualidade de vida do cidadão, e as que ainda existem estão muradas ou estão implantadas em terrenos particulares.
Hidrografia
Vegetação existente
Há uma [má] distribuição dos serviços e equipamentos públicos, onde a maioria são de iniciativa independente como ONG’s e associações, sem mencionar o famoso baile funk da Dz7, o que evidencia um grande potencial de vida urbana e articulação local. Social
Esporte
Educação
Saúde
Apesar da falta de políticas públicas e iniciativas por parte dos órgãos estatais responsáveis, há projetos que visam melhoraria da infraestrutura da região e alguns deles estão em fase de execução. Urbanização Córrego Antonico - MMBB Fábrica de Cultura – Urban-TT Parque Fazendinha - Fazendinhando
Área de risco
AV. GIOVANNI GRONCHI
R. ITAJUBAQUARA
Córrego Antonico
Corte esquemático por Paraisópolis. Fonte: PIZARRO (2014). Adaptado pelos autores, 2020.
Edifício Multiuso - Boldarini
R. PASQUALE GALLUPI
Área de risco
R. ENERST RENAN
R. IRATINGA AV. HEBE CAMARGO
Córrego do Brejo
Fonte:Elaborado pelos autores com base no Geosampa, 2020.
Intervenções referenciais
(canalização prevista)
“Área de lazer pra crianças”
LEITURA
“Para nossa comunidade faz falta uma praça onde possamos respirar o verde da natureza, temos muito pouco espaço dentro dela” “Falta estrutura , lazer para nossas crianças”
pesquisa de campo
“Falta um lugar onde as crianças possam brincar” “Brinquedos nas praças seria maravilhoso. Teatro, cinema e biblioteca seria um lazer que muitas crianças da comunidade não têm acesso , portanto ajudaria a tirar crianças das ruas” “Aqui na comunidade tem espaços mas não são ocupados com lazer dentro deles para crianças , não tem quadra de futebol, skate , vôlei. Tem cursos, mas a população é grande e. a maioria das vezes, crianças ficam de fora curso de computação!”
“Eu acho que, infelizmente, os acessos a dependências com finalidade de diversão, como parquinhos e brinquedos devem ser restritos a apenas uma parcela do dia, pois lidamos com o vandalismo diariamente, e deixar o acesso livre a marginais só gera depredação dessas áreas.”
Educação
Idade 34,4% entre 20 e 24 anos
Creche Ensino Fundamental e Médio
32
Ensino Técnico e Profissionalizante
Ocupação 20% Desempregados e 80% Funcionários do Setor Terciário
Cursos Livres Faculdade
0
5
10
15
20
25
30
35
Educação
Lazer e Cultura Quadra Poliesportiva
Escolaridade 32,8% Ensino Médio Completo
Pista de Skate
34
Praça Cinema
Teatro
Região 50,8% Jd. Colombo / 29,5% Paraisópolis Centro
Biblioteca Espaço para Eventos
0
5
10
15
20
25
30
35
Lazer e Cultura Fonte (imagem): Google Maps - Street View, 2020. Fonte: Pesquisa realizada com os moradores do Complexo entre 28/08/2020 a 11/09/2020. Elaborado pelos autores, 2020.
LEITURA
metodologia Gordon Cullen 8
5
R. Afonso Santos X R. Rodolfo Lotze
3
1
R. Herbert Spencer, altura nº 278
R. Herbert Spencer, altura nº 852
R. Herbert Spencer X Av. Hebe Camargo
8
6
5
4
R
U A
H E R B E R T
S P E N C E R
3
7
1 2
7
R. Herbert Spencer, nº 578
R. Herbert Spencer X R. Itajubaquara
R. Herbert Spencer, nº 920
R. Herbert Spencer, nº 1326
6
4
2
Fonte: MMBB, disponível online, 2014.
LEITURA MMBB
Na busca por
tratamentos e projetos urbanos na região do Complexo de
Paraisópolis, um de grande destaque é o projeto do MMBB para o Córrego Antonico. O projeto de drenagem e a reconfiguração do leito do córrego com áreas livres, são os principais pontos da intervenção. Drenagem esta que será feita de modo subterrâneo,
através de uma galeria, onde corre todo o maior volume d’água e na parte superior a céu aberto, correndo apenas um fio d’água limpo, possibilitando a interação com os moradores. Com a ideia de criar essas “praias urbanas” ao longo do percurso do córrego e assim trazendo o lazer e áreas de convivência para a comunidade, o nosso projeto tem o mesmo objetivo. Deste modo, trabalhando com a possibilidade de integrar o Projeto Urbano do Córrego Antonico à área destinada à nossa intervenção,
a necessidade de uma
alteração no fluxo d’água é proposta. Anteriormente, o desenho do fluxo era linear, de modo que a água não tinha barreiras ou curvas para diminuir sua velocidade. Assim, propomos então, um desenho mais
sinuoso no canal superior que auxilia na diminuição da velocidade d’água, além de proporcionar uma integração maior com toda a unidade visual da nossa proposta.
PROPOSTA
programa e partido
ÁREAS DE RISCO
A proposta de intervenção no território surgiu da identificação dos anseios da população local acerca do espaço construído e das áreas verdes resultantes, congruente
CULTURA
VEGETAÇÃO
à pesquisa de campo para direcionar a função do projeto. Através deste, pretende-se REINTEGRAR À PAISAGEM URBANA um espaço verde
pré-existente, articulando
a
implantação de um NOVO EQUIPAMENTO PÚBLICO de cunho educacional com uma área a receber um TRAÇADO URBANO projetado para atender às diversas demandas da comunidade
em forma de praça, que poderá receber “feirinhas” de
ESPAÇOS LIVRES
MOBILIDADE
comércio local. Faceando com o futuro projeto do escritório MMBB para a urbanização do Córrego Antonico, nosso projeto vem dialogar e fazer uma releitura crítica do mesmo, na intenção
de proporcionar uma melhor drenagem do curso d’água existente a ser redesenhado.
INSALUBRIDADE DENSIDADE
O edifício abrigará SALAS DE AULA com espaço adaptável às diferentes opções de ensino profissionalizante, ANFITEATRO para apresentações, LANCHONETE e uma grande área de lazer e permanência para atender à população, totalmente acessível.
PROPOSTA
sítio
Com o intuito de promover o ACESSO AS ÁREAS
VERDES dentro do Complexo, que são escassos e restritos, e promover a CULTURA DAS LAJES, algo tão comum em comunidades, foi possível devido a TOPOGRAFIA do lote, tendo um acesso direto ao terraço do edifício pela cota mais alta do terreno. Por fim, verificamos que o projeto do escritório MMBB, além de promover uma nova via peatonal, também Complexo de Paraisópolis com ampliação do sítio e destaque para intervenção MMBB.
Fonte: Elaborado pelos autores com base no GeoSampa, 2020.
incorpora o Córrego Antonico como área de lazer. Por isso, manteve-se o maior número possível de residências existentes para a implantação do projeto.
TOTAL DE REMOÇÕES 62 moradias 116 famílias 13 comércios
0
50m
Situação Original
Remoções MMBB
Remoções Propostas Fonte: Elaborado pelos autores com base no GeoSampa e MMBB, 2020.
PROPOSTA
espaço resultante ÍNDICES URBANÍSTICOS CA: 2,5 TO máx: 70% Recuo mínimo frontal: 5m Recuo mínimo lateral (h<10 m): não se aplica; Recuo mínimo lateral (h>10m): 3m TP mínima: 15% Fonte: Plano Diretor de São Paulo, 2016.
O terreno em questão está situado em uma Zona de Interesse Social 1 (ZEIS-1), sendo que: Art. 55 Em ZEIS, o licenciamento de edificação nova ou de reforma com mudança de uso deverá atender à destinação de percentuais mínimos de área construída total para HIS 1 e HIS 2, conforme Quadro 4 do Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo.
§ 1º As exigências estabelecidas no "caput" aplicam-
se aos imóveis dotados de área de terreno superior a 1.000m² (mil metros quadrados) situados em ZEIS 1, 2, 4 e 5, bem como àqueles dotados de área de terreno superior a 500m² (quinhentos metros quadrados) quando situados em ZEIS 3, excetuados os imóveis: I - públicos destinados a equipamentos sociais de educação, saúde, assistência social, cultura, esportes e lazer, bem como à infraestrutura urbana; Fonte: Lei Nº 16.050/2014.
Fluxos Principais Fluxos Propostos
A=5.050m²
Escola Praça Permanência Área verde
0
50m
Masterplan: Massas x Fluxos
Espaço Resultante Fonte: Elaborado pelos autores com base no GeoSampa, 2020.
PROPOSTA
estudos preliminares EDIFÍCIO GRANDE PORTE
EDIFÍCIO SEMI- ENTERRADO
REDESENHO DA QUADRA
REDESENHO DA ESQUINA
- Grande número de famílias a serem realocadas;
- Grande número de famílias a serem realocadas (falta de empatia)
- Má reintegração do espaço - Não atende ao programa verde com edifício de necessidades;
-
- Não respeita o limite de 15m - Não respeita o limite de 15m após margem do córrego após margem do córrego
- Diálogo com projeto de Urbanização do Córrego Antonico (MMBB) - Tabula rasa/Haussmann
Fonte: Elaborado pelos autores, 2020.
Insensibilidade entorno
quanto ao
- Reintegração da Área Verde existente
- Agressivo à paisagem - “Cultura da Laje”
- Menor número de famílias a serem realocadas;
EDIFÍCIO CURVO - Má integração do espaço verde ocioso à paisagem; - Problemas estrutural
com
malha
- Valorização da esquina; - Arquitetura integrada topografia pré-existente;
à
PROPOSTA
diagramas e croquis
A proposta vem a integrar o edifício à paisagem, praça e população. No intuito de trazer um refúgio verde em meio a comunidade, o projeto tem
Terraço
Jardim,
sendo
esse
totalmente
acessível,
somando-se as árvores já existentes na área e também as serem implantadas na praça. Um auditório, que atende tanto uma pequena plateia interna, somente para uso
Terraço Verde
escolar, pode ser também aberto ao público voltado à
Salas de Aula
praça, que por sua vez tem o desenho em forma de
Circulação Auditório
arquibancada nesta área. Os fluxos permitem um trajeto
Apoio
mais longo e contemplativo, mas também um mais rápido
Administrativo Banheiros Lanchonete
e direto por a toda extensão da intervenção, sempre a Partido e Setorização sem escala
Insolação c/ destaque p/ Auditório
Acessibilidade
Fluxos
favor do desejo do pedestre.
Vegetação Fonte: Diagramas elaborados pelos autores, 2020.
PROPOSTA
implantação e cobertura
0
10m
planta – cota 105.00
102
103
104
105
106
107
108
109
110
111
101
PROPOSTA
0 10m
planta – cota 101.00
102
103
104
105
106
107
108
109
110
111
101
PROPOSTA
0 10m
PROPOSTA
cortes
Calçadão Antonico
CORTE A-A
Calçadão Antonico
CORTEB-B B-B CORTE
PROPOSTA
cortes
CORTE C-C
Calçadão Calçadão Antonico Antonico
CORTE D-D
PROPOSTA elevações
FACHADA NORTE
CORTE B-B FACHADA SUL
PROPOSTA elevações
FACHADA LESTE
FACHADA OESTE
PROPOSTA imagens 3D
Entrada pela cota mais alta da R. Herbert Spencer com a arborização pré-existente
Passeio do projeto MMBB com redesenho do canal superior e espaço para feirinha livre
PROPOSTA imagens 3D
Visão para a nova arquibancada a partir do Terraço Jardim
Novo acesso pela Rua Melchior Giola com as fachadas das moradias remanescentes
PROPOSTA imagens 3D
Acesso ao Terraço Jardim pela rampa. Rasgos na laje respeitam a arborização existente.
Fachada Sul com auditório aberto para uso externo
REFERÊNCIAS bibliográficas
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. - 19ª edição, São Paulo, Record, 2015. MARICATO, Ermínia. Para entender a crise urbana. São Paulo, Expressão Popular, 2015. PIZARRO. Eduardo Pimentel. Interstícios e Interfaces Urbanos como Oportunidades Latentes: o Caso da Favela de Paraisópolis, São Paulo. Dissertação de Mestrado-Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014 (Orientadora: Profa. Joana Carla Soares Gonçalves). LÉFÈBVRE, Henri. O espaço, a cidade e o “direito à cidade”, Tradução: FRIAS, Rubens Eduardo, São Paulo, 2001. LIU, Jennifer. Mobilidade urbana em Paraisópolis- as possibilidades do caminhar nos espaços informais. Trabalho de Iniciação Científica-Universidade Mackenzie, São Paulo, 2016 (Orientador: Prof. Carlos Andrés Hernández) Disponível em:<www.saopaulo.estadao.com.br/>Baile da Dz7 em Paraisópolis e opção de lazer para milhares de jovens. Acesso 05/09/2020
Fonte: Croquis Preliminares iniciais elaborado pelos autores, sem escala.
COMENTÁRIOS
SELMA LABAT Durante o semestre, estudando teóricos como Bruno Munari, Brian Lawson, Gavin Ambrosi e Tai Hsuan-na, desenvolvemos um projeto de arquitetura observando as etapas das metodologias apresentadas na disciplina. Estas, apesar de utilizarem nomenclaturas diferentes, trataram das diversas metodologias de maneira similar. Nos conduzindo a também interpretações e resultados similares. Assim, a partir de um problema, foram definidos objetivos e parâmetros e as possíveis soluções. A seguir, houve uma análise mais detalhada sob diferentes abordagens que nós denominamos “leituras” e que foram complementadas pelo levantamento bibliográfico, e por uma pesquisa de campo, onde os dados foram coletados e analisados a partir de um questionário online. Com base nestes dados quantitativos e qualitativos, foram ainda buscadas referências de projetos que tratam da mesma temática. Unindo todas estas estratégias ao nosso partido arquitetônico, conseguimos desenvolver um projeto de edificação (que era a exigência da disciplina, como resposta ao problema levantado) que acreditamos ser uma importante contribuição social, já que o tema central comum a todos os alunos era a Crise Urbana. Enquanto método, ainda foram observados aspectos importantes acerca das representações gráficas, textuais e áudio visuais. Elementos que foram desenvolvidos para a explanação de todo o processo requerido pela unidade curricular. Aprendemos a desenvolver textos com citações bibliográficas de acordo com as normas ABNT, produzimos mapas e diagramas. Além das peças gráficas (plantas e cortes), foi feito um vídeo que condensou integralmente todas as etapas do projeto, destacando dinamicamente os focos principais. Acredito que essa disciplina teve clara relação com o TFG que futuramente será nosso objetivo principal na conclusão deste curso. Esta aproximação acerca das metodologias contribuiu muito para nos familiarizarmos com o planejamento de um projeto, a fim de alcançar objetivos com assertividade e eficiência. A definição de uma metodologia auxiliou bastante a compreensão da problemática e orientou as buscas por soluções, e finalmente ajudou a entender que os projetos não são concebidos a partir de uma simples ideia que surgiu magicamente e sim de um processo que possibilitou uma solução criativa.
interpretativos
LUCAS ÍTALO No início de tudo nos deram um grande tema, Crise do Modo de Vida Urbano no Brasil, mas as possibilidades de se aprofundar eram inúmeras, e então percebemos que esse semestre ia ser bem diferente dos outros, não haveria nada pré-definido para nós e depois de muito diálogo em grupo chegamos à conclusão que faríamos algo relacionado a Falta de Equipamentos Públicos de Educação, Cultura e Lazer na periferia, mas especificamente em Paraisópolis. Após decidido isso, fomos atrás de dados no geral, toda informação era válida pra conhecer a região de forma mais aprofundada, em meio a pandemia que a COVID-19 nos trouxe, os métodos de pesquisa de campo acabaram mudando um pouco. Toda essa primeira metade do semestre foi focada nessa parte mais científica e de entendimento do Objeto de estudo escolhido. Pela primeira vez tive um contato com uma metodologia mais científica e de certa forma parecida com algo que possa ser um TFG. Depois de nos aprofundarmos tanto no tema abordado, compreendendo a região de Paraisópolis e sabendo o que a população local queria como intervenção, chegamos no momento de projetar algo de fato, levar uma proposta arquitetônica pra região. Um Edifício Profissionalizante de gabarito baixo, integrado a paisagem e que se adequa ao lote foi nosso Norte. Questões de desnível, arborização existente, o córrego a céu aberto, insolação, demanda de moradores, muitos fatores que nos acompanharam durante o percurso, onde tivemos muitas dificuldades em resolver de fato esse volume arquitetônico e o espaço livre que o rodeia. Foram muitas reuniões online e “redesenhos” de projeto pra chegar em um resultado final satisfatório, o desafio de fazer um projeto tão grande em tão pouco tempo, mas cada um do grupo focou no que melhor sabia executar e funcionou.
COMENTÁRIOS
interpretativos
HIGOR VALENTINI
Nessa Unidade Curricular, ao invés de pensar direto em soluções, buscamos entender o contexto, os potenciais e possibilidades que nos levasse à um projeto. A começar pelo tema, a partir da “Crise do Modo de Vida Urbano” definimos como objeto de estudo “A Falta de Equipamentos Públicos na Periferia”, mais precisamente, Paraisópolis. O grupo entrou uma operação em prol de entender tal problema para traçar um objetivo que respondesse, com arquitetura, às demandas. Enquanto Selma listava os equipamentos existentes, Tainara buscava ONGs atuantes na região, Carol fazia o levantamento da mobilidade, hidrografia, topografia, Lucas pesquisava referências projetuais e eu o que a legislação previa e o contexto histórico. Usamos de vários métodos, como a leitura do espaço através da percepção visual, como Gordon Cullen faz, andando por uma das ruas mais movimentadas da região (que viria a ser o endereço do projeto) e fazendo pesquisas com a população através de questionários quantitativos e qualitativos online. O Mapa de Empatia foi fundamental para rever cada decisão projetual. As realocações eram necessárias, mas a quantidade delas foi delimitador. Pensamos em redesenhar uma quadra, mas era inviável naquele contexto, até que fomos reduzindo até chegarmos à um diálogo com o projeto previsto para o Antonico do MMBB. Sendo assim, desenhamos um espaço livre integrado à um equipamento que não fosse agressivo à paisagem e dialogasse com o meio físico e o desenho proposto para o córrego, concretizando assim, a esperança desse povo em forma de arquitetura.
TAINARA MUSMICKER
A partir da aula dinâmica em que tivemos no começo do semestre, escolhemos por atuar em áreas periféricas e estudar como os moradores dessas regiões são afetados diversas vezes por falta de acesso aos equipamentos públicos ou até mesmo a mobilidade para chegar até eles. Como áreas periféricas seria um Objeto muito grande, decidimos restringir nossa área de pesquisa para o Complexo de Paraisópolis. Para que pudéssemos analisar melhor as demandas da região, adotamos o método de pesquisa online, sendo ela qualitativa e quantitativa, e assim obtivemos nosso Objeto de Estudo. Feito isso, começamos então a busca pelo do sítio para desenvolver o projeto. Uma das nossas maiores dificuldades foi conseguir conciliar os desejos de projeto com as restrições que a região traz. Assim, tendo que projetar algo que abrangesse os anseios da população e ao mesmo tempo, conciliar com a paisagem para que não fosse agressivo e também integrando ao projeto do MMBB que somamos ao nosso. Através de muito estudo, procura por referências e na tentativa de integrar nossa Escola Profissionalizante na comunidade, moldamos toda a edificação de modo que não a fizesse sentir-se intimidada, e sim convidada a entrar e participar daquela implantação. Por fim, depois de passarmos por todas as etapas de projeto, ficamos muito satisfeitos com a solução que alcançamos para minimizar as dificuldades de acesso à cultura e lazer das pessoas daquela região.
COMENTÁRIOS
interpretativos
CAROLINA FIACADOR Neste semestre tive a oportunidade se aprofundar meus conhecimentos a cerca das metodologias de projeto a partir dos teóricos sobre o tema como Ambrosi, Munari, Lawson dentre outros que destacaram a importância de todas as etapas no desenvolvimento de um projeto de arquitetura. A proposta durante todo o semestre foi delimitar um objeto de estudo, objetivos, pesquisa e coleta de dados que fizeram parte de um processo em que um leque de possíveis soluções foi sendo ponto a ponto alvo de nossa deliberação. Como a exigência da unidade curricular era um projeto de edificação, o partido arquitetônico nos levou a algumas decisões importantes com a integração do projeto à paisagem e a valorização do que já existia no entorno. A própria escolha do local levou em consideração dados qualitativos aos quais chamamos de aproximação e leitura. Além de uma pesquisa de campo que nos trouxe os dados quantitativos. Assim, acredito ter conseguido contribuir socialmente de maneira positiva trazendo uma resposta ao problema levantado, que teve temática da crise urbana comum a toda a turma. Ainda produzimos peças gráficas, textos e diagramas observando detalhes relevantes na metodologia, como citações, unidade visual e representações gráficas, além do vídeo que foi uma experiência nova e estimulante. Para mim a unidade curricular trouxe mais segurança em relação ao TFG que será um desafio a ser enfrentado por todos e me sinto bem mais preparada, conhecendo a importância de cada etapa na metodologia de projetos e de pesquisas.