Entrevista - Carlos Eduardo Pedrosa Auricchio - Edição 03 da Revista da Instalação

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Em defesa do setor da construção

m dos pilares da economia nacional, o mercado da construção também tem sofrido com a atual crise econômica vivida pelo Brasil. No entanto, as iniciativas para fortalecer este setor não param. Ao contrário, elas são contínuas e envolvem uma série de empresas e entidades, incluindo o Sindinstalação. Nesse contexto, o Departamento da Indústria da Construção (Deconcic) da FIESP tem atuado como catalisador das várias ações e ideias. Como explica nessa entrevista Carlos Eduardo

Pedrosa Auricchio, diretor titular do departamento, o Deconcic busca a implementação de medidas estruturantes para a cadeia produtiva da construção, trabalhando para remover entraves e melhorar a competitividade do setor. Auricchio também cita alguns projetos em andamento em torno do Deconcic e fala sobre algumas conquistas da entidade desde que foi criada, em 2007, com destaque para o ConstruBusiness – Congresso Brasileiro da Construção, que está em sua 11ª edição.

Entrevista a Marcos Orsolon

cerca de 10% do PIB brasileiro e cerca de 14% da força de trabalho ocupada no País. A indústria da construção sempre teve atuação expressiva na Fiesp, e se consolidou como departamento em 2007. O Deconcic busca a implementação de medidas estruturantes para a ca-

deia produtiva da construção, trabalhando para remover entraves e melhorar a competitividade do setor.

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Faça um apanhado geral sobre o que é o Deconcic, quando foi criado e seus principais objetivos. O Departamento da Indústria da Construção – Deconcic reúne mais de 100 entidades representativas de todos os elos da cadeia produtiva, que hoje representa

Como o Deconcic está estruturado hoje? O Deconcic conta, em sua estrutura, com um corpo diretivo composto por diretor titular, diretores titulares adjuntos e diretores, além da equipe, composta por um gerente e colaboradores das áreas técnica e administrativa. O departamento trabalha em sinergia com as demais áreas da Casa, em especial com o Conselho Superior da Indústria da Construção (Consic), do Instituto Roberto Simonsen (IRS), e com o Comitê da Cadeia Produtiva da Mineração (Comin), da Fiesp. Qual a importância do Deconcic para a evolução da indústria da construção no Brasil? Ao longo de sua atuação, o Deconcic tem apresentado sistematicamente uma agenda propositiva nas áreas de desenvolvimento urbano e infraestrutura econômica, temas considerados prioritários para o crescimento do setor e da economia brasileira. Dessa forma,

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o departamento trabalha na elaboração de políticas públicas e ações de fomento para a redução do ciclo de obras, desburocratização do setor, ajustes no setor tributário, qualificação da mão de obra, busca por fontes alternativas de recursos para habitação e infraestrutura, entre outros fatores. Quais foram as principais conquistas do Deconcic, desde a sua criação? Entre as principais conquistas do Deconcic, desde o início de sua trajetória como comissão na Fiesp, está a consolidação do ConstruBusiness – Congresso Brasileiro da Construção, um dos principais fóruns de discussão de políticas públicas para a cadeia produtiva. O evento, realizado desde 1997 e atualmente em sua 11ª edição, conta com a participação ativa de empresários e representantes da iniciativa privada, do Poder Público e do meio acadêmico, sendo fonte de referência abrangente para o setor, com diagnósticos, projeções e propostas para o aprimoramento do ambiente de negócios. Atualmente em sua 11ª edição, o ConstruBusiness está pautado no lema “Brasil 2022: planejar, construir, crescer”, apresentando a necessidade de investimentos em obras de desenvolvimento urbano e infraestrutura econômica no Brasil até o ano do Bicentenário da Independência. Para que o País possa efetivamente atingir o patamar de investimentos em obras, a Fiesp apresentou o Programa “Compete Brasil”, conjunto de ações voltadas à redução do ciclo de obras e ao crescimento do setor da

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Entrevista com autoridades e profissionais do setor.

Interview with authorities and professionals of the sector.

Entrevista con autoridades y profesionales del sector.

construção. Outra conquista importante para a construção paulista, por meio da articulação do Deconcic, foi a criação da Frente Parlamentar da Indústria da Construção – FPIC, da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, presidida pelo Deputado Estadual Itamar Borges, que possui o objetivo de fortalecer a cadeia produtiva do setor, por meio de ações que melhorem a previsibilidade, a segurança jurídica e a atratividade para a construção paulista. Quais são as principais atividades do Deconcic no momento? Atualmente, o Deconcic coordena grupos de trabalho nas seguintes áreas: ambiente de negócios no setor imobiliário, BIM – Building Information Modeling (Modelagem de Informação da Construção), ciclo de vida de materiais e componentes da construção, responsabilidade com o investimento (abordando os fatores que causam atrasos em obras no País) e sistemas construtivos industrializados. Além desses, temos o GT segurança em edificações, coordenado pelo diretor do Deconcic, Valdemir Romero, que conta com a participação do Sindinstalação, representado pelo diretor Luiz Carlos Veloso. Cada um desses grupos busca a implementação de uma agenda de trabalho com o setor público e a iniciativa privada nesses temas, com base nas diretrizes do Programa Compete Brasil da Fiesp. Além disso, o Deconcic coordena o portal Observatório da Construção, que reúne diversas informações, como indicadores, análises e estudos setoriais sobre a cadeia produtiva. O Deconcic também

Carlos Eduardo Pedrosa Auricchio, Director of the Department of the Construction Industry (Deconcic) of FIESP, talks about the role of the organization as a catalyst for actions and ideas aimed at strengthening the construction chain in Brazil. The executive mentions some ongoing projects and some achievements of the department over the years.

promove e apoia eventos e missões empresariais sobre temas de interesse do setor, para promover o conhecimento de novas tecnologias, estruturas produtivas e políticas públicas que possam contribuir para o desenvolvimento da construção brasileira. O Deconcic tem algum programa em torno da qualidade das construções no País? O que tem sido feito nesse sentido? A busca pela melhoria na qualidade das construções é algo fundamental e deve ser tratada de forma sistêmica pelo setor, buscando uma evolução contínua com a implementação de novas tecnologias e investimentos em capacitação, esta visão deve passar por todos os elos da cadeia, desde a elaboração dos projetos até a entrega dos empreendimentos. Neste sentido, o Deconcic coordena alguns projetos como o incentivo ao uso do BIM (Building Information Modeling), um sistema que integra todos os projetos (arquitetura, estrutura, instalações, etc.) em uma plataforma 3D, que além de evitar erros oriundos dos projetos, garante a excelência das informações para todo o ciclo de vida dos projetos, desde a elaboração de orçamentos/licitações até sua manutenção. Outro projeto em andamento, visa a capacitação dos profissionais da cadeia da construção, focado no aumento na qualidade dos serviços e na redução de acidentes do trabalho e, em contrapartida, as empresas que investirem em capacitação e treinamento de seus funcionários receberão uma redução na alíquota do FAP

Carlos Eduardo Pedrosa Auricchio, Director del Departamento de la Industria de la Construcción (Deconcic) de FIESP, habla sobre el papel de la organización como un catalizador para las acciones e ideas para fortalecer la cadena de la construcción en Brasil. El ejecutivo cita algunos proyectos en marcha y algunos logros del departamento en los últimos años. Revista da InstalaçÃO 9


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A busca pela qualidade nas construções é uma das bandeiras do Deconcic no momento? Por quê? Sim. Como já abordado acima, a qualidade na construção é algo fundamental e sua evolução é primordial para garantir a competitividade da cadeia, seja para redução de custos com retrabalhos, para redução de prazos das etapas construtivas ou mesmo para implementação de novas tecnologias que agreguem valor e garantam maior sustentabilidade aos empreendimentos. Uma tendência de mercado é termos construções cada vez mais eficientes, que consomem menos energia e água, por exemplo? O Deconcic desenvolve, ou faz parte, de algum programa em torno desse tema (eficiência)? Qual? O conceito da construção sustentável está ganhando cada vez mais espaço no cenário nacional e se difere da construção convencional principalmente pelo cuidado com o planejamento e racionalidade, priorizando a eficiência e durabilidade, para obtenção de um melhor desempenho. Podemos destacar vários exemplos de aplicação neste sentido, como a padronização das construções, sistemas de captação e reuso de água, energia limpa como a solar e eólica, utilização de materiais reciclados, dentre outras tantas iniciativas. Para exemplificar o envolvimento do Deconcic neste assunto, destaca-se a coordenação do grupo de trabalho Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), uma ferramenta capaz de quantificar os impactos ambientais desde a fabricação dos insumos, sendo essencial para minimização dos danos ao meio ambiente, buscando produtos e processos menos impactantes ou mais sustentáveis. Outro trabalho coordenado pelo 10 Revista da InstalaçÃO

Deconcic é o incentivo à industrialização da construção, onde é possível aplicar um rigoroso controle de qualidade, reduzindo as perdas e, em consequência, os impactos ambientais da construção, além da geração de resíduos. A crise econômica vivida pelo Brasil tem atrapalhado bastante o setor da construção. De que maneira o Deconcic tem atuado para amenizar os efeitos da crise na indústria da construção? Desde a piora da crise econômica no País, que tem sido sentida principalmente pela construção civil e pela indústria de transformação, o Deconcic tem pautado sua agenda de trabalho dentro dos temas e ações considerados prioritários para a retomada do crescimento, tais como a busca por novas fontes de recursos para o investimento em obras, a regularização de pagamentos de obras realizadas e o aumento da participação da iniciativa privada em empreendimentos públicos, por meio de concessões e parcerias público-privadas. Até que ponto fazer parte da Fiesp facilita no dia a dia do Deconcic? Quais as principais vantagens da entidade? O Deconcic é um departamento integrante da estrutura organizacional da Fiesp, que conta com áreas especializadas em diversos setores da indústria, como mineração, defesa, agronegócio, petróleo e gás, infraestrutura, entre outras. Quais as projeções do Deconcic para os próximos três anos da indústria da construção no Brasil? Apesar do setor ser um dos que mais sente a atual crise econômica, a expectativa é que gradativamente haja a retomada dos investimentos e então a cadeia da construção poderá ser uma das primeiras a se recuperar, seja pela sua capacidade de gerar emprego ou pela necessidade de investimentos em infraestrutura para

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(Fator acidentário de prevenção). Estes são apenas dois exemplos dentre várias iniciativas coordenadas pelo Deconcic, no âmbito da qualidade.

diminuir os gargalos para crescimento do País. As medidas na área econômica anunciadas pelo novo governo, com destaque para o limite do crescimento do gasto público, são boas para a retomada do crescimento a longo prazo. Somada a isso, fica a expectativa pelo avanço da MP que criou o Programa de Parcerias de Investimento (PPI), que poderá alavancar os investimentos em infraestrutura e habitação. Outro ponto importante para retomar o crescimento da indústria da construção é a produtividade. Dessa forma, o investimento em inovação é essencial. As ações para reversão do quadro deverão ser baseadas no incentivo à industrialização das atividades da construção, na redução de ineficiências produtivas, na qualificação profissional, no investimento em novos métodos construtivos e na correção de distorções tributárias existentes para o setor. Medidas de curto e médio prazo estão sendo aguardadas com apreensão, porém, uma das expectativas para o setor é que aconteçam ajustes necessários, como um plano que garanta condições jurídicas mais seguras e ágeis, assim como condições financeiras adequadas, como a diversificação de linhas de crédito a taxas mais justas, a fim de incentivar a retomada dos investimentos privados.


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