entrevista
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Alfred Heilmann
Mais segurança e
menos desperdício
Entrevista a Marcos Orsolon
Educar as pessoas é o caminho para o uso racional de água e energia e para aumentar a segurança nas instalações
U
ma vida dedicada à melhoria das condições dos condomínios residenciais e comerciais na Grande Florianópolis. Assim pode ser resumida a história do Sr. Alfred Heilmann, presidente do Sindiconde – Sindicato dos
Foto: Divulgação
elétricas.
Mr. Alfred Heilmann, president of the Syndicate of Building Condominiums of the Metropolitan Region of Florianópolis, speaks about his work to raise the safety levels of the buildings in that region. His concerns include property security, quality of the constructions, rational use of inputs such as water and energy, and the safety of buildings electrical installations.
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Sr. Alfred Heilmann, presidente del Sindicato de los Condominios de Edificios de la Región Metropolitana de Florianópolis, habla de su trabajo para elevar los niveles de seguridad en los edificios de la región. Sus preocupaciones incluyen la seguridad de la propiedad, la calidad de las construcciones, el uso racional de los insumos como agua y energía, y también la propia seguridad de las instalaciones eléctricas de los edificios.
Ano XI Edição 112 Abril’15
Entrevista Entrevista com autoridades e profissionais do setor elétrico.
Condomínios de Edifícios da Grande Florianópolis. Há mais de quatro décadas o Sr. Alfred tem atuado de forma direta e decidida para elevar os níveis de segurança nas edificações da região. E suas preocupações não se restringem à segurança patrimonial ou à qualidade das construções. Ao contrário, elas se estendem ao uso racional de insumos como água e energia, além da própria segurança envolvendo as instalações elétricas das construções. “A maior causa de acidentes dentro de um condomínio, de uma edificação, vem da energia elétrica. São mais de 90% das causas. Isso através de instalações malfeitas, instalações obsoletas, antigas, excesso de aparelhos ligados numa mesma tomada, enfim, são vários problemas”, alerta o presidente do Sindiconde. Como destaca nessa entrevista, o Sr. Alfred entende que a solução dos problemas, tanto de segurança quanto de uso racional de água e energia, passa pela educação, pois a questão envolve aspectos culturais da população. “Mesmo nos apartamentos das pessoas com mais recursos há um grande esbanjamento de energia. É uma coisa estarrecedora. O mesmo ocorre com a água. Então, reeducar este pessoal é uma meta que a gente tem. É um grande desafio, que passa por educar as crianças”, afirma o executivo, que completa: “Às vezes o pessoal diz que sou exigente demais nas coisas condominiais. E sou mesmo, pois não gosto de ver as coisas erradas. E no caso da segurança ou você tem ou não tem”, afirma.
Interview Interview with authorities and professionals of the electrical sector.
Mais de 90% das causas de acidentes dentro de um condomínio, de uma edificação, vêm da energia elétrica. Isso através de instalações malfeitas, obsoletas, excesso de aparelhos ligados numa mesma tomada, enfim, são vários problemas.
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O que levou o senhor a se preocupar com o desperdício de água e energia elétrica nos condomínios de Florianópolis e região? A energia elétrica é algo que está dentro dos condomínios desde que eles nasceram. E, havendo energia elétrica, há uma preocupação com o seu uso. Isso tanto em relação ao benefício que ela traz, quanto, infelizmente, à grande quantidade de energia desperdiçada. A verdade é que as pessoas
Entrevista Entrevista con autoridades y profesionales del sector eléctrico.
não sabem o que é a energia elétrica. Sabem, claro, que graças a ela é possível acender uma lâmpada, mas elas não estão muito preocupadas em saber de onde vem essa energia, quanto ela custa e, principalmente, como fazer seu uso adequado. Isso é uma coisa que me preocupa muito porque é o que chamamos de custo condominial. Esse custo é uma coisa real, que ocorre em condomínios de todos os portes, nos grandes e nos pequenos. E dentro dos condomínios você não sabe se as coisas comuns são bem usadas ou não. Porque tem a pessoa que diz: ‘eu posso pagar, pago e acabou’. Mas tem moradores que têm restrições orçamentárias. E há muitas pessoas que ficam fora do condomínio ao longo do dia, no trabalho, por exemplo, mas que não se preocupam com o consumo de energia elétrica e de água. Porque sempre tiveram esses insumos à disposição, fazendo bom ou mau uso deles. E isso vale para todo o Brasil, não apenas para a área de cobertura do nosso sindicato (Sindiconde – Sindicato dos Condomínios de Edifícios da Grande Florianópolis).
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Quando o senhor começou a se preocupar com essas questões? Essa é uma preocupação que eu sempre tive. Há mais de 40 anos eu tenho lutado para que as coisas aconteçam em termos de respeito ao próximo. Qualquer gota d’água desperdiçada, ou deixar uma lâmpada acesa sem necessidade, é um desperdício que, acumulado em milhões de casos, traz uma intranquilidade social muito grande. Em termos de água, por exemplo, estamos potência
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Alfred Heilmann
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O pessoal diz que sou exigente demais nas coisas condominiais. E sou mesmo, pois não gosto de ver as coisas erradas. E no caso da segurança ou você tem ou não tem. vendo o que tem ocorrido hoje (em São Paulo, por exemplo). Quando criança, a água da minha casa era no poço. E meu pai já alertava para economizarmos a água, pois o nível do poço estava baixando. Isso é uma realidade. Hoje, há um descontrole total no uso da água e da energia elétrica nos hotéis, serviços púbicos, enfim, é uma questão cultural. E isso precisa ser mexido, precisa que as escolas também façam um trabalho grande de conscientização. Eu faço a minha parte.
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No caso dos condomínios, onde estão os maiores problemas? Os condomínios residenciais de classe média são os que menos desperdiçam. O grande desperdício está nos condomínios maiores e que envolvem a chamada classe A. Esses condomínios, até por instalações inadequadas, desperdiçam muito. Muitas vezes fica a luz acesa durante o dia inteiro em um corredor. Isso ocorre porque não falta para eles. E isso é uma coisa muito preocupante. De um modo geral, a educação de sermos um pouco mais poupadores está muito longe da realidade.
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Que região seu sindicato cobre? Florianópolis, São José, Biguaçu e Palhoça. São aproximadamente 5.500 condomínios, sendo que, em média, há cerca de 20 unidades por prédio. É bastante gente. Um problema que vemos hoje diz respeito aos grandes condomínios do Minha Casa, Minha Vida, que são construções de 12
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qualidade duvidosa em todos os sentidos, tanto na parte de energia, como na de água. Além disso, diria que 99% dos condôminos jamais foi a uma casa de força dentro do condomínio para ver se ele está sendo bem mantido, com manutenção em ordem. Ninguém faz isso. Quando chega uma conta, eles simplesmente pagam e acabou.
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Em sua região, como tem sido a preocupação da população com a água? Temos no estado de Santa Catarina um consumidor na zona rural que, de uma forma geral, é muito mais consciente do que o consumidor que ocupa os condomínios. No condomínio a pessoa gasta sem prestar muita atenção nesse gasto, enquanto que no interior há uma preocupação maior em economizar para baixar as contas de água e de luz. Em condomínios muitas pessoas sequer conferem as contas de água e de energia. Vejo com muita preocupação essa situação.
Hoje, há um descontrole total no uso da água e da energia elétrica. Essa é uma questão cultural.
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Há também muito problema na parte de segurança envolvendo eletricidade nos condomínios? A maior causa de acidentes dentro de um condomínio, de uma edificação, vem da energia elétrica. São mais de 90% das causas. Isso através de instalações malfeitas, instalações obsoletas, antigas, excesso de aparelhos ligados numa mesma tomada, enfim, são vários problemas. É comum, por exemplo, o aquecimento dos cabos, que leva à perda de energia. Um problema é que, quando os projetos são feitos, eles geralmente são feitos pelo ‘mais econômico possível’. Quer dizer, a economia está diretamente ligada à qualidade. Não tenho dúvida que são poucos os que fazem uma instalação de boa qualidade. Mesmo nos apartamentos das pessoas com mais recursos há um grande esbanjamento de energia. É uma coisa estarrecedora. O mesmo ocorre com a água. Então, reeducar este pessoal é uma meta que a gente tem. É um grande desafio, que passa por educar as crianças. Às vezes o pessoal diz que sou exigente demais nas coisas condominiais. E sou mesmo, pois não gosto de ver as coisas erradas. E no caso da segurança ou você tem ou não tem. Não existe ‘meio seguro’. Uma coisa importante é que, no condomínio, o síndico é diretamente responsável pela segurança. Ele precisa saber que os cabos de energia estão ok, qual a validade, quem está mexendo, o que está sendo feito, enfim, ele é o responsável. Ele tem até o poder perante a justiça de fazer uma reforma da parte elétrica, em caso de necessidade, sem a aprovação de uma assembleia. Pois refere-se à segurança do condomínio.