Evento - Fórum Predialtec 2016 - Edição 05 da Revista da Instalação

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Fórum para

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ntre os dias 12 e 14 de julho, o Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo, abrigou mais uma edição da ExpoPredialTec. Remodelada, a sétima edição do evento apresentou como principal novidade seu novo perfil, passando a agregar novos segmentos de mercado, envolvendo várias tecnologias para sistemas e instalações prediais. Nessa nova formatação, além dos tradicionais expositores ligados à área de automação, o evento também contou com empresas de sistemas elétricos, energia solar, incêndio, gás, segurança eletrônica, áudio e vídeo, iluminação e redes, entre outros. Edilberto Almeida, diretor da Cardo10 Revista da InstalaçÃO

so Almeida Eventos, que é a empresa organizadora da ExpoPredialTec, destaca que, com este novo perfil, a feira gerou boas oportunidades tanto para os expositores (através de novos negócios e parcerias), quanto para o público visitante, que teve acesso às principais novidades do mercado. “O propósito do evento é promover a integração entre profissionais e empresas ligados às novas áreas abordadas, o que permitiu elevar o nível de serviço, qualidade, segurança e eficiência das edificações”. Simultaneamente à Feira, aconteceram três fóruns técnicos, formados por palestras de profissionais renomados do setor: IV Fórum Aureside de Tecnologias

de Informação, o Fórum PredialTec e o Fórum Direcional Condomínios. Acompanhando o novo perfil da feira, foi realizada a primeira edição do Fórum PredialTec, organizado pelo Grupo HMNews, com duração de três dias. E ele foi um dos destaques da feira. “Nossas expectativas com este fórum foram superadas. Trata-se de um evento inédito e inovador na área de instalações e sistemas prediais que agradou tanto o público presente, quanto os palestrantes. O alto nível das apresentações, aliás, foi o ponto alto, sendo elogiado por vários congressistas”, comemora Hilton Moreno, diretor do Grupo HMNews e responsável pela organização do Fórum.


Fotos: Ricardo Brito/HMNews

Ano I Edição 05 Agosto’16

instaladores Primeira edição do Fórum Predialtec, realizada em São Paulo, reúne profissionais instaladores de diversas áreas prediais.

Reportagem: Marcos Orsolon

Assim como a feira, o Fórum, montado no formato de um congresso técnico, reuniu várias áreas das instalações prediais em um único local, com palestras apresentadas por renomados profissionais de elétrica, hidráulica, gás, ar-condicionado, incêndio, aquecimento de água solar e energia

fotovoltaica. Segundo Hilton, os temas foram selecionados com o intuito de antecipar tendências e discutir o avanço das novas tecnologias das áreas abordadas. Nas próximas páginas vamos apresentar os módulos que fizeram parte do Fórum PredialTec 2016.

The first edition of Forum Predialtec, organized by HMNews Group, a three-days event, gathered over two hundred professionals from sectors such as water plumbing, gas, solar, airconditioning and fire.

Con tres días de duración, primera edición del Foro Predialtec, organizado por Grupo HMNews, atrae a más de doscientos profesionales de las áreas hidráulica, gas, solar, aire acondicionado y fuego. Revista da InstalaçÃO 11


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In recent years, the use of solar thermal energy has been growing substantially in Brazil. However, the country still needs to solve some problems such as the lack of manpower qualification. In response to this situation, entities of the educational area, such as Senai, have been seeking to offer professional training programs in order to avoid the interruption of the sector’s development cycle.

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El uso de la energía solar térmica ha crecido sustancialmente en Brasil en los últimos años. Sin embargo, el país todavía tiene que resolver problemas tales como la falta de capacitación de mano de obra. Como resultado, entidades del campo de la educación, tales como el Senai, han tratado de ofrecer programas de formación profesional con el fin de contribuir para que el ciclo de desarrollo del sector no sea interrumpido.


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Setor cresce e mira profissionalização

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Apesar do forte ritmo de desenvolvimento, a fonte solar térmica ainda tem pendências a resolver, como a formação de mão de obra especializada.

Reportagem: Paulo Martins

Situação que predomina nas instalações brasileiras, de maneira geral, é de não atendimento à normalização.

Foto: Ricardo Brito/HMNews

DANIELLE JOHANN ABRINSTAL

m franco crescimento no País, a energia solar térmica ocupa um lugar de destaque na matriz brasileira. Em 2015, esses sistemas de aquecimento produziram o equivalente a 8 mil GWh de energia elétrica, que seriam suficientes para abastecer 6 milhões de residências. Apesar dessa representatividade, ainda existem muitos gargalos a serem resolvidos, como a falta de mão de obra especializada. Além de comprometer a segurança, esse tipo de situação contribui para transmitir uma má impressão do setor. Atentas à questão, instituições de ensino e associações de classe têm investido em programas que visam contribuir para aumentar o nível de qualificação dos trabalhadores que atuam na área. Esse foi um dos principais temas discutidos durante o Fórum PredialTec. De acordo com Danielle Johann, coordenadora do Qualinstal Solar, programa mantido pela Abrinstal (Associação Brasileira pela Conformidade e Eficiência das Instalações), a situação que predomina nas instalações brasileiras de maneira geral (elétrica, hidráulica, solar, etc.) é de não atendimento à normalização aplicável. Para ela, existe desconhecimento dos riscos associados ao não atendimento das normas. Além disso, ela entende que faltam profissionalização na cadeia de produção e também maturidade ao mercado, inclusive aos consumidores. “Quando surge um problema elétrico, muitos ligam para o porteiro ou para o zelador para consertar. Isso se aplica a todos os tipos de instalação. Na área de aquecimento solar, que é nova, o problema é mais gritante,

ar Sol ica m Tér

porque existem poucas pessoas especializadas”, exemplifica. Leonardo Chamone Cardoso, gerente Técnico da Solis, fabricante de aquecedores solares, destacou que o mercado vem crescendo a taxas de dois dígitos nos últimos anos, mas ainda é extremamente carente de profissionais qualificados e capacitados para exercer a atividade. Conforme alerta o executivo, é necessário que a área de prestação de serviços acompanhe esse ritmo, caso contrário, o desenvolvimento do setor como um todo pode ser comprometido. “O mercado de aquecimento solar do Brasil é o mais maduro das Américas, hoje. O segmento de instalação precisa evoluir na mesma velocidade”, sentencia. Cardoso destaca que as boas práticas na instalação do sistema de aquecimento solar são necessárias também para o bom funcionamento do sistema e satisfação do cliente. “Pode ter o melhor coletor solar do mundo. Se a instalação hidráulica não for bem executada, o desempenho do sistema estará comprometido”, completa. Conforme recomenda Cardoso, uma boa empresa prestadora de serviços de instalação precisa estar bem estruturada, manter uma rotina de planejamento para executar os serviços e possuir pessoal capacitado. O gerente Técnico da Solis informa que existem várias checagens que precisam ser feitas antes de efetivamente colocar a mão na massa, ou seja, iniciar uma instalação solar. Antes de tudo é preciso se preocupar com os devidos itens de segurança e possuir as ferramentas adequadas. “Não tem mais espaço no mercado para o instalador de aquecimento solar que sobe Revista da InstalaçÃO 13


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Mercado solar brasileiro é o mais maduro das Américas, e segmento de instalações precisa evoluir na mesma velocidade. LEONARDO CARDOSO SOLIS

no telhado de chinelo e bermuda. Tem que se profissionalizar, a começar pelo uso dos equipamentos corretos”, alerta. Outro aspecto fundamental é executar a instalação em conformidade com as normas vigentes, pois esse tipo de documento orienta sobre boas práticas em projetos e instalações. Ainda antes de iniciar a instalação, Cardoso sugere que o instalador procure compreender todas as variáveis que envolvem o entorno do local, como condições da hidráulica, necessidade de transporte vertical do reservatório, se há espaço suficiente, a resistência estrutural e a segurança do local de instalação, etc. Após finalizar a instalação, recomenda-se fazer uma revisão geral do sistema e, claro, orientar o cliente a usá-lo. Por fim, o especialista diz que aqueles que saírem na frente no sentido de buscar capacitação e se profissionalizar nessa prestação de serviço sempre terão oportunidades para crescer na profissão. A capacitação profissional do instalador solar térmico foi justamente o tema da palestra apresentada por Vania Caneschi, coordenadora de Atividades Técnicas 14 Revista da InstalaçÃO

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da Escola Senai Orlando Laviero Ferraiuolo, de São Paulo (SP). Primeiramente ela mencionou os programas disponíveis na unidade que incluem a abordagem do aquecimento solar. São eles: curso técnico de edificações (nível médio), curso de instalador hidráulico (aprendizagem industrial) e curso de instalação de aquecedor solar (aperfeiçoamento profissional). Mais específico, este último tem duração de 60 horas e visa desenvolver competências relativas à execução de instalações de aquecedor solar em edificações conforme projetos, procedimentos e normas técnicas vigentes. Os requisitos para participar do programa são: ter concluído o quinto ano do ensino fundamental; ter no mínimo 18 anos completos e comprovar conhecimentos e experiências referentes à execução de instalações hidráulicas prediais. Não é preciso ter registro na carteira profissional, bastando apresentar um relatório dos serviços prestados ou declarações dos clientes atendidos. Caso considere necessário, a instituição pode aplicar uma prova ou fazer uma entrevista com o candidato. “O Senai não vai deixar de reconhecer a experiência que a pessoa adquiriu de maneira informal”, observa Vania. A coordenadora do Senai informou também que a instituição está se preparando para implantar o sistema de certificação de pessoas voltada aos profissionais de instalação. De acordo com Vania, esta será uma oportunidade para os profissionais conquistarem um diferencial no mercado de trabalho, aumentando sua empregabilidade. A certificação tende a ser interessante também para as empresas e prestadores de serviço, pois poderá ajudar a diminuir o índice de retrabalhos decorrentes de

Futura certificação de pessoas voltada aos profissionais de instalação será um diferencial no mercado de trabalho. VANIA CANESCHI SENAI

imperícia técnica dos profissionais. A mão de obra devidamente capacitada proporciona a racionalização do trabalho, diminuindo o desperdício de materiais e a geração de resíduos. O fabricante também ganha, pois terá a certeza de que seus produtos serão devidamente instalados. Outra iniciativa importante em andamento no setor envolve a certificação das instaladoras. Trata-se do Qualinstal (Sistema de Avaliação da Conformidade


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de Empresas Instaladoras e Instalações), coordenado e monitorado pela Abrinstal. A proposta do Qualinstal é estabelecer um Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas Instaladoras e Instalações de acordo com suas especialidades técnicas e características específicas de mercado. O programa aborda aspectos técnicos específicos das instalações nas seguintes especialidades: elétrica, hidrossanitária, gases combustíveis, sistemas de prevenção e combate a incêndio e telecomunicações. Além de garantir o nível de qualidade dos serviços de instalação, o programa visa: ampliar a competitividade das empresas instaladoras; aumentar a segurança das instalações e dos usuários; viabilizar o aumento de produtividade da cadeia da construção civil predial e de infraestrutura e aumentar o mercado das empresas instaladoras por meio da prestação de serviços com qualidade. No momento, seis empresas instaladoras estão em processo de certificação, que pode ser buscada também por construtoras que executem serviços de instalações. Revista da InstalaçÃO 15


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Mercado em alta Ainda no aspecto de mercado, o crescente uso dos sistemas de aquecimento solar em edificações de grande porte também foi debatido no evento. A apresentação ficou por conta de Rafael Campos, vice-presidente de Vendas da Bosch Termotecnologia. Ele também é diretor Departamento de Aquecimento Solar da Abrava (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar condicionado, Ventilação e Aquecimento) e da Abagás (Associação Brasileira de Aquecimento a Gás). Inicialmente Campos apresentou uma estatística que indica a participação das diversas fontes nos domicílios que aquecem água para banho. A tendência é de que o uso solar para aquecimento de água seja de 12% em 2020; 17% em 2030; 21% em 2040 e 24% em 2050. Para que haja crescimento, prossegue o executivo, a tendência é ampliar o uso da fonte solar em edifícios multifamiliares e comerciais. Ele cita o exemplo da China, onde o mercado residencial está

saturado. Naquele país, prédios residenciais, hotéis e edifícios públicos já representam 61% das novas instalações feitas em 2015. Campos explica que dois vetores impulsionam esse segmento: a própria demanda do mercado e novas leis, como acontece na cidade de São Paulo. Entre as principais vantagens do uso do aquecimento solar em edifícios, Campos destaca a economia nas contas mensais para os usuários, de até 70%, na comparação com o chuveiro elétrico, e de até 50%, versus o aquecedor a gás. Outros benefícios são: redução nas emissões de CO2, aumento no valor venal do edifício e redução do pico de demanda de eletricidade ao evitar o uso do chuveiro elétrico, reduzindo a capacidade máxima da rede elétrica a ser projetada (no edifício, e em maior escala, no município). Campos observa que os sistemas de aquecimento solar permitem fazer mais de vinte configurações diferentes, de forma a atender cada demanda. “O

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Tendência é de aumento da penetração do uso da fonte solar para aquecimento de água. RAFAEL CAMPOS BOSCH

importante é tentar entender a especificação de cada um dos projetos e adequar o sistema à necessidade principal do cliente”, orienta.

Evolução normativa Em quase todo o mundo as normas técnicas passam por revisões periódicas, o que exige que os profissionais estejam atentos à conformidade com as eventuais alterações promovidas na legislação.

Rodrigo Cunha Trindade, diretor da Agência Energia, empresa especializada em projeto e consultoria na área de energia solar, destaca que as revisões são importantes para que o mercado tenha uma norma atualizada e que represente sua realidade, facilitando a adoção da mesma e maior aderência dos agentes envolvidos. Além disso, prossegue o especialista, uma norma atualizada fomenta a prática de instalações melhores, com mais qualidade, segurança e durabilidade. No setor de energia solar térmica, uma importante norma passa por revisão, no momento: a NBR 15.569 - SisUma norma atualizada faz com que tenhamos instalações melhores, mais seguras e duráveis. RODRIGO CUNHA TRINDADE AGÊNCIA ENERGIA

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tema de Aquecimento Solar de Água em circuito direto - Projeto e Instalação, que está em vigor desde 2008. As reuniões para discussão dos termos da norma acontecem uma vez por mês, e a expectativa é contar até o final do ano com o texto que irá para consulta pública. Segundo Trindade, além das eventuais atualizações, a norma de projeto e instalação também poderá sofrer alterações em função do projeto de uma nova norma que está sendo elaborada, envolvendo reservatórios térmicos aplicáveis em sistemas de aquecimento solar. Há, ainda, outra norma em elaboração - a que regula os projetos de água quente e água fria. Com tudo isso acontecendo ao mesmo tempo, o executivo aponta que uma das preocupações dos especialistas será garantir que não haja conflitos entre os documentos.



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lação a t s n a I oltaic v o t o F

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Ano I Edição 05 Agosto’16 Favored by high levels of solar irradiation, Brazil has great potential in the photovoltaic sector. During the first edition of Forum Predialtec, in Sao Paulo, industry and academia experts discussed the main issues of the sector, such as the need to qualify the workforce and to prepare technical standards.

Revolução em curso Aproveitamento do sol como fonte para geração

Favorecido por los altos niveles de radiación solar, Brasil tiene un gran potencial en el segmento fotovoltaico. Durante la primera edición del Foro Predialtec, en Sao Paulo, expertos de la industria y del mundo académico discutieron las principales cuestiones relacionadas con el sector, tales como la necesidad de calificar la mano de obra y la preparación de normas técnicas.

de energia propicia surgimento de uma forte indústria no mundo, a fotovoltaica.

Reportagem: Paulo Martins

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impacto na economia mundial provocado pelo desenvolvimento da energia solar fotovoltaica é tão grande que, apesar de relativamente novo, o setor já é visto por especialistas como fator indutor de uma nova revolução industrial. Privilegiado pelo alto índice de incidência solar, o Brasil constitui um enorme mercado a ser desbravado. Entretanto, o País ainda precisa resolver uma série de pendências que podem atravancar o crescimento da área. Dos vários problemas à espera de solução, é válido destacar alguns, em especial. O primeiro envolve a necessidade de melhorar urgentemente a qualidade da mão de obra dos trabalhadores. O segundo consiste em buscar avanços tanto no campo regulatório quanto no normativo. Esses e outros assuntos foram temas de debates durante a primeira edição do Fórum PredialTec, realizado entre 12 e 14 julho, em São Paulo. Confira nesta matéria as principais considerações feitas pelos especialistas que participaram das discussões, representando empresas, associações de classe e a academia. Como se sabe, a Geração Distribuída de energia, e mais especificamente o se-

tor solar fotovoltaico, está crescendo a taxas vertiginosas no mundo inteiro, criando muitas oportunidades para empresas e profissionais diversos. Em países mais desenvolvidos, como Estados Unidos, Alemanha e Japão, o aproveitamento dessa fonte tem sido intenso nos últimos anos. No Brasil, o primeiro registro de fabricação de módulos (ou painéis) solares data de 1979, mas só agora esse setor começa a ganhar corpo de verdade. A primeira usina fotovoltaica a produzir eletricidade em escala comercial foi inaugurada somente em 2011. Uma aproximação entre o grande público e essa fonte se deu com a realização no País da Copa do Mundo de 2014, que deixou como legado as instalações fotovoltaicas feitas nas coberturas de alguns estádios. Entretanto, conforme destaca Carlos Evangelista, presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), a grande ‘virada’ desse mercado deve-se principalmente a três fatos: a Chamada 13/2011 da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), que incentivou a inserção da geração fotovoltaica na matriz brasileira; a realização de leilões específicos de energia solar fotovoltaica e a regulamentação do sisRevista da InstalaçÃO 19


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Avanço do mercado deve-se a fatos como os leilões de energia solar fotovoltaica e a regulamentação do sistema de Geração Distribuída. CARLOS EVANGELISTA ABGD

tema de Geração Distribuída, também pela Aneel. A Geração Distribuída foi regulamentada inicialmente pela Resolução Normativa nº 482, de 2012. Três anos depois a Aneel publicou outra Resolução, a de nº 687, revisando o documento anterior. Entre as inovações constantes na REN 687 destaca-se a ampliação das fontes (todas renováveis), a redefinição dos limites (microgeração: até 75 kW;

mini: até 5 MW) e a simplificação do acesso (formulários padronizados por faixa de potência). Também entre as novas regras da Aneel para mini e microgeração distribuída vale citar o autoconsumo remoto, que permite ao gerador utilizar créditos em outra unidade consumidora (uma empresa pode produzir energia no galpão e utilizar os créditos no escritório), e a geração compartilhada (sistema que possibilita que diversos interessados se reúnam em um consórcio ou cooperativa, instalem micro ou minigeração distribuída e utilizem a energia gerada para redução das faturas de energia). Segundo definição do Instituto Nacional de Eficiência Energética, Geração Distribuída é uma expressão usada para designar a geração elétrica realizada jun-

to ou próxima do consumidor, independentemente da potência, tecnologia e fonte de energia. Grosso modo, no sistema de Geração Distribuída a energia é produzida no próprio local de consumo (como em residências, por exemplo). Já a Geração Centralizada caracteriza-se pela dependência de grandes usinas, que produzem e transmitem a energia para os locais de consumo por meio de linhas de transmissão. Entre os benefícios da GD, destacam-­ se a geração no ponto de consumo e a redução de perdas (hoje, 15% da energia elétrica gerada no Brasil se perdem na transmissão e distribuição); economia em investimentos de transmissão; economia na conta de energia; alta confiabilidade; utilização de fonte renovável e abundante; geração de empregos especializados e baixo impacto ambiental. A Geração Distribuída envolve basicamente o uso de fontes renováveis de energia, como solar fotovoltaica, biogás, biomassa, eólica e hidráulica (Pequenas Centrais Hidrelétricas).

Números expressivos

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derando o tipo de fonte, a grande maioria (3.494) é constituída por sistemas fotovoltaicos. Quanto ao potencial do mercado, a Aneel estima que a Geração Distribuída terá 1,2 milhão de consumidores, em 2024. Até 2050, a expectativa é de que 13% das residências do País tenham energia proveniente de fonte fotovoltaica, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Com a evolução prevista, a estimativa

No mundo, as instalações solares cresceram anualmente, em média, 41% entre 2000 e 2015. Ou seja, o mercado praticamente duplica a cada dois anos. CARLOS CAFÉ STUDIO EQUINÓCIO

é de que a energia solar fotovoltaica represente 3,3% do total da matriz elétrica brasileira, em 2024 (em 2014, essa fonte nem aparecia na estatística). Fotos: Ricardo Brito/HMNews

De acordo com Carlos Café, diretor do Studio Equinócio - empresa especializada no segmento fotovoltaico -, no mundo, as instalações solares cresceram em média 41% ao ano, entre os anos de 2000 e 2015, ou seja, o mercado praticamente duplica a cada dois anos. Ainda segundo o especialista, estudos apontam que em 2016 serão instalados 69.000 MW de painéis solares pelo mundo. “No Brasil, mesmo com o momento político-econômico complicado, até maio de 2016 já tínhamos instalado no País o equivalente a todo o ano de 2015, e o mercado deve crescer acima de 150% este ano”, informa. Segundo dados da Aneel, no mês de maio o Brasil concentrava 3.565 ligações de Geração Distribuída, sendo a maioria (800) no Estado de Minas Gerais. Consi-


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Quando se fala em sistemas fotovoltaicos, principalmente dentro do conceito de Geração Distribuída, é comum que se pense no aspecto econômico, ou seja, quanto será preciso gastar, qual será o prazo de retorno, etc. Entretanto, é preciso elevar os aspectos técnicos a um mesmo nível de importância. Conforme destaca Marcelo Almeida, profissional do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE/USP), o sucesso de uma instalação fotovoltaica depende de vários aspectos, como projeto, qualidade dos equipamentos e da instalação em si, inspeção e capacitação de profissionais. Para nortear atividades técnicas e proporcionar maior segurança para trabalhadores e usuários é essencial dispor de regras, e é exatamente isso que está sendo providenciado. Um time de especialistas trabalha no momento na elaboração de um projeto de norma específico para a área de instalações elétricas fotovoltaicas. De acordo com Almeida, que coordena o Grupo de Trabalho da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) responsável pela elaboração do regulamento, a norma é importante para garantir a qualidade das instalações elétricas de sistemas fotovoltaicos e também a segurança de pessoas e equipamentos. Esse instrumento também facilita a atribuição de responsabilidades em questões contratuais, permitindo a posterior verificação do cumprimento de obrigações, e padroniza, na medida do possível, as características das instalações elétricas de sistemas fotovoltaicos. É importante ressaltar que hoje não

Não dá para pensar em ‘zerar’ a conta de energia usando a fonte solar, pois concessionárias podem cobrar uma tarifação mínima do consumidor. MARCELO SOARES PASSO PADRÃO

existem normas técnicas brasileiras que abordem adequadamente as instalações desses sistemas, em especial a parte de corrente contínua (arranjo fotovoltaico). O que se tem como referência, no momento, é uma norma internacional, a IEC603647-712:2002 - Electrical installations of buildings – Part 7-712: Requirements for special installations or locations - Solar photovoltaic (PV) power supply systems (Ed.1). Entretanto, essa norma é considerada antiga, não abrangendo todos os detalhes das instalações fotovoltaicas. Segundo Marcelo Almeida, a norma que está sendo desenvolvida englobará tanto a Geração Centralizada quanto a Distribuída e sistemas fotovoltaicos conectados e não conectados à rede. O novo regulamento será baseado na IEC/ TS62548:2013 - Photovoltaic (PV) arrays - Design requirements (Ed.1) e está sendo pensado de maneira a complementar a norma ABNT NBR 5410 - Instalações Elétricas de Baixa Tensão, que é uma importante referência para a área elétrica. Marcelo Rodrigues Soares, diretor da empresa Passo Padrão, especializada em treinamentos na área de engenharia elétrica, falou sobre pontos polêmicos envolvendo a conexão de instalações prediais fotovoltaicas e os padrões de entrada das distribuidoras de energia elétrica.

Fotos: Ricardo Brito/HMNews

Norma para o segmento

Sucesso da instalação fotovoltaica depende do projeto, qualidade dos equipamentos e da instalação em si, inspeção e capacitação de profissionais. MARCELO ALMEIDA IEE-USP

Ele lembrou que o Brasil possui 63 concessionárias de distribuição de energia elétrica, e que eventualmente surgem impasses entre os requisitos estabelecidos pelas empresas e os projetos. De acordo com Soares, um dos problemas acontece quando uma resolução normativa emitida pela Aneel tem caráter ‘administrativo’, não trazendo especificações técnicas, cabendo às distribuidoras solucionar a questão. “O que acontece: ficam 63 problemas para serem resolvidos. Uma (distribuidora) não conversa com a outra, cada uma elabora sua norma de conexão”, exemplifica. A cobrança de ICMS feita quando o produtor de energia fotovoltaica injeta o excedente na rede foi outro ponto abordado por Soares. De acordo com ele, após muitas dúvidas e discussões, chegou-se a um consenso mais satisfatório: o imposto irá incidir somente sobre a diferença entre a energia consumida e a energia injetada na rede no mês. Mas, para que o usuário se beneficie dessa regra, é preciso que o estado em questão tenha assinado um convênio com o Conselho Nacional de Política Fazendária. Para Soares, a tendência é que todas as unidades da federação concordem em aderir ao acordo. Outro ponto que normalmente gera dúvida é se a conexão da instalação fotovoltaica ocorrerá em baixa ou média tensão. De acordo com o Soares, essa definição cabe à distribuidora de energia. Revista da InstalaçÃO 21


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Saúde é o que importa Especialistas de diversas áreas destacam importância do projeto e da manutenção para garantir o adequado funcionamento dos sistemas de condicionamento de ar.

The quality and the technological evolution of products are key factors in all areas. In the HVACR segment, professionals still need to monitor the trends related to equipment design, installation and maintenance, in order to ensure the proper system functioning. After all, besides providing comfort, the air conditioner is a device that impacts people’s health.

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La calidad y la evolución tecnológica de los productos son factores clave en todas las áreas. En el segmento de HVACR, los profesionales todavía tienen que monitorear las tendencias relacionadas con el diseño, instalación y mantenimiento de equipos, para garantizar el correcto funcionamiento de los sistemas. A fin de cuentas, además de proporcionar confort, aire acondicionado es un aparato que tiene una influencia también sobre la salud de las personas.


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lação a t s n I R de HVAC

climatização é um processo que visa controlar diversos parâmetros do ar, como temperatura, umidade, velocidade e pureza. Mais do que garantir o conforto do ser humano, os aparelhos destinados a esse fim exercem influência também na saúde. Por conta disso, é fundamental obedecer a critérios rigorosos, desde a fase de projeto de um sistema de ar-­ condicionado, até a operação rotineira e manutenção da solução escolhida. Essas foram algumas das questões abordadas por seis especialistas durante a parte do Fórum PredialTec dedicada ao universo de HVACR. Apenas para introduzir o assunto, convém lembrar da diversidade de modelos de ar-condicionado disponíveis no mercado, diferenciando-se por aspectos como funções, capacidade e tecnologia empregada. Grosso modo, esses sistemas dividem-se em dois tipos: expansão direta (utiliza gás refrigerante para resfriar o ar a ser insuflado no ambiente) e expansão indireta (o gás refrigerante resfria a água que circula por um sistema fechado, sendo a água responsável pelo resfriamento do ar). No sistema de expansão direta encaixam-se equipamentos como condicionadores de ar compactos, splits convencionais e inverter, condicionadores de ar centrais (self contained, Split de alta capacidade) e condicionadores de ar VRF. Já o sistema de expansão indireta é composto por centrais de água gelada (condensação a ar ou água), bombas de recirculação de água gelada, condicionadores de ar do tipo fan-coil/fancoletes, torres de resfriamento e bombas de recirculação de água de condensação. Conforme especifica Afonso de Carvalho, sócio da SisTherm Sistemas Térmicos, o principal fator para definição da capacidade a ser instalada e o tipo

de sistema a ser adotado é a carga térmica. E, para chegarmos à carga térmica, é preciso determinar as seguintes variáveis: tipo de utilização, condições operacionais, tipo de construção (invólucro), fontes de calor, quantidade de pessoas abrigadas, temperatura e umidade exteriores relativa. Para quem tem dúvida se existe um sistema de ar-condicionado mais adequado para suas necessidades, o sócio-diretor da Planenrac Engenharia Térmica, Cláudio Misumi, garante que sim. “Para cada pé existe um sapato adequado”, brinca. O executivo diz que a etapa de projeto merece toda atenção, pois é uma das que mais causam impacto no funcionamento do edifício, ao longo do tempo. Independentemente da solução a ser implantada, Cláudio Misumi faz uma recomendação em especial: além de contemplar a qualidade do ar, a escolha do sistema mais adequado tem, neA carga térmica é o principal fator para definição da capacidade e do tipo de sistema de climatização a ser adotado. AFONSO DE CARVALHO SISTHERM

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Reportagem: Paulo Martins

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Etapa de projeto requer atenção, pois é uma das que mais causam impacto no funcionamento do edifício, ao longo do tempo. CLÁUDIO MISUMI PLANENRAC

cessariamente, que considerar a questão da eficiência energética. Antes de tomar decisões, portanto, é aconselhável que o usuário recorra à ajuda de um especialista para buscar a melhor orientação. Oswaldo de Siqueira Bueno, consultor, professor e integrante das comissões técnicas da Abrava (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento), destaca que a energia elétrica é um recurso finito e

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caro e também defende a importância de ficar atento ao consumo de eletricidade decorrente da operação dos sistemas de ar-condicionado. “Lembrem-se dos apagões e do seu alto custo”, comenta. Segundo Bueno, mesmo os equipamentos de alta eficiência podem consumir energia em excesso, em caso de operação e manutenção deficiente dos sistemas que possuem elevada carga térmica devido ao seu projeto arquitetônico. “É importante caracterizar o consumo em função das condições climáticas, da área construída e uso da instalação”, orienta. Márcio Berto, especialista da WH Engenharia, observa que a operação de um sistema de condicionamento de ar requer o trabalho de uma equipe multidisciplinar, e menciona um fato constatado comumente no mercado: “Manter uma equipe qualificada para operar um prédio de forma adequada tem um custo, e, muitas vezes, se busca o menor custo da operação para maximizar a lucratividade. Como esse não é um serviço crítico, acontece de não ser valorizado como deveria”. Berto diz também que a operação de um sistema de ar-condicionado pode transcorrer sem sobressaltos, caso sejam respeitadas as normas técnicas para dimensionamento e projeto. O problema é que muitos prédios não operam confor-

Energia elétrica é um recurso finito, o que exige atenção ao seu uso na operação dos sistemas de arcondicionado. OSWALDO DE SIQUEIRA BUENO Oswaldo Bueno Engenharia

me projetados e, portanto, acabam consumindo mais energia do que deveriam. O executivo da WH Engenharia cita um caso em que um prédio foi construído para abrigar uma população de 1.200 pessoas, mas foi transformado em um call center com 3.400 pessoas, o que dificulta a operação do sistema. “É muito usual projetar a instalação para uma finalidade e fazer a ocupação com outra modalidade de atividade”, lamenta.

Manutenção em HVACR A origem da palavra manutenção é derivada do latim manustenere, que significa ‘manter o que se tem’. Pode ser definida como toda ação de controle e monitoramento de um equipamento, seja ele uma máquina ou um edifício. Conforme define Régis Servilha, da

Muitos prédios não operam conforme projetados e, portanto, acabam consumindo mais energia do que deveriam. MÁRCIO BERTO WH ENGENHARIA

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Masstin Engenharia, a manutenção não aumenta a confiabilidade, mas sim leva o equipamento a operar sempre próximo às condições ideais ou necessárias. A manutenção divide-se em três tipos (corretiva, preventiva e preditiva) e, na área de HVACR, visa cumprir os seguintes objetivos: reduzir as ocorrências não programadas; aumentar a disponibilidade e a vida útil dos equipamentos; garantir a qualidade do ar interno; atender a legislação vigente; mitigar o absenteísmo e reduzir o consumo de energia.


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Manutenção não deve ser encarada apenas como um fator gerador de custos, ela envolve o bem-estar das pessoas. RÉGIS SERVILHA MASSTIN ENGENHARIA

Servilha destaca também que os tempos mudaram, e que os profissionais precisam entender as novas diretrizes do mercado. Antes havia a preocupação apenas com o conceito de refrigeração, incluindo como se comportam os equipamentos e aspectos como temperatura e umidade. Hoje isso não basta. O especialista do setor precisa conhecer também demais aspectos inerentes à área, como qualidade do ar interior, meio

ambiente, consumo de energia, nível de ruído, suporte ao cliente, automação e segurança, entre outros. Por fim, Servilha lamenta que a manutenção ainda seja encarada por muitos apenas como um fator gerador de custos. Na verdade, prossegue, ela representa muito mais do que isso, pois envolve o bem-estar das pessoas. A manutenção é uma disciplina regulada por uma série de referências técnicas, como normas e resoluções. Arnaldo Parra, especialista da Thermotec falou sobre um desses regulamentos, conhecido como PMOC (Plano de Manutenção, Operação e Controle). O referido plano foi criado por meio de uma portaria federal de 1998 que exige a manutenção dos aparelhos de ar-condicionado em edificações de uso coletivo e determina os devidos procedimentos, tomando como referência as normas técnicas. O PMOC tem característica de lei e estabelece uma série de sanções pelo seu descumprimento. Estão envolvidos no plano agentes como Ministério da Saúde, Associação Brasileira de Normas Técnicas, Vigilância Sanitária, Conselho Nacional do Meio Ambiente, Abrava e CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia). De acordo com Parra, o PMOC tem como objetivos: garantir que o projeto

Plano de Manutenção, Operação e Controle tem característica de lei e estabelece uma série de sanções pelo seu descumprimento. ARNALDO PARRA THERMOTEC

e a execução da instalação de ar-condicionado sejam adequados; garantir que a manutenção do sistema de climatização seja eficaz; proporcionar bem-estar, conforto, produtividade e combater o absenteísmo ao trabalho; corrigir e eliminar os problemas encontrados em edifícios de uso coletivo (‘Síndrome dos Edifícios Doentes’) e eliminar os problemas de saúde referentes à qualidade do ar.


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Rumo à compulsoriedade

ação l a t s In êndio de Inc

Mercado de sprinklers cresce e vive a expectativa de que o Inmetro torne obrigatória a certificação do produto. Reportagem: Paulo Martins

P

rojetado para controlar o fogo enquanto os bombeiros não chegam, o sprinkler automático foi patenteado pela primeira vez no século 19 e constitui uma importante ferramenta de combate a incêndios até os dias atuais. Segundo as estatísticas, edificações que possuem o dispositivo têm danos materiais entre seis e dez vezes menores do que nos incêndios ocorridos em construções sem esse recurso. Capaz de salvar vidas humanas, o sistema deve ser alvo de decisões acertadas. É fundamental que os cuidados envolvam todas as etapas, a começar pelo projeto e escolha dos equipamentos, passando pela correta instalação e culminando com a manutenção periódica. A indústria investe hoje milhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento para o lançamento de novos modelos e técnicas de aplicação dos sprinklers. A título de curiosidade, um único bulbo de vidro que compõe esses dispositivos pode ser submetido a até 800 medições de engenharia para ser aprovado. No Brasil o mercado segue em expansão, com forte crescimento de vendas, por influência de uma série de fatores, como maior rigidez das leis estaduais, exigências das companhias seguradoras e acidentes como o da Boate Kiss, ocorrido em 2013, e que vitimou 242 pessoas. De acordo com informação fornecida por José Carlos Paiva, gerente-executivo da ABSpk (Associação Brasileira de Sprinklers), um dos segmentos que têm demandado bastante a utilização de sprinklers no Brasil são os serviços de armazenagem. Segundo o executivo, existem ainda outras três áreas onde a aplicação desse tipo de dispositivo é massiva: shoppings, prédios comerciais e hotelaria, incluindo hospitais.

26 Revista da InstalaçÃO

A grande questão a ser trabalhada é que tem aumentado também o mercado de sprinklers não certificados no Brasil até em ritmo mais forte do que os produtos certificados. O fato é que hoje existe um expressivo número de dispositivos falsificados no País, aumentando os riscos para os usuários. José Paiva informou que a ABSpk possui um canal de denúncias em seu portal na internet (www.abspk.org.br), através do qual podem ser informadas irregularidades em qualquer tipo de estabelecimento público e que comprometam a segurança na prevenção e combate a incêndios. O executivo disse também que a associação solicitou ao Inmetro que a certificação de sprinklers no Brasil se tornasse compulsória. “O pleito foi aprovado e esperamos que em 2017 seja estabelecida a compulsoriedade na utilização desse produto”, comenta. Paiva mencionou ainda que a ABSpk está instituindo um sistema voltado à certificação dos profissionais da área. De caráter voluntário, o programa pode começar a ser colocado em prática já no próximo ano. A importância da certificação dos sprinklers também foi destacada na palestra apresentada por Felipe Melo, coordenador do Comitê Técnico da ABSpk e sócio-diretor da empresa ICS Engenharia. Segundo o especialista, um produto sem certificação pode falhar e comprometer totalmente o sistema de combate a incêndio. Entre os problemas verificados no mercado, ele cita exemplos como sprinklers que derretem com o fogo, devido ao uso de materiais inferiores na fabricação, e dispositivos sujeitos a entupimento, por conta da utilização de vedação inadequada. O executivo destaca que itens como válvulas, bombas e chaves de fluxo são passíveis de testes nos locais de instalação, mas observa que o bico sprinkler é um com-


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The fire-fighting devices represent a promising market in Brazil. However, one thing has drawn attention from experts: the use of non-certified products has been increasing in the country. The sprinkler industry is particularly concerned about this situation. The sprinkler’s manufacturers association has requested to the competent authorities the implementation of a sectorial compulsory certification.

Los dispositivos de extinción de incendios constituyen un mercado prometedor en Brasil. Sin embargo, una situación ha llamado la atención de especialistas: está aumentando en el país el uso de productos no certificados. Esto tiene causado una preocupación particularmente en la industria de rociadores automáticos contra incendios. Tanto que la asociación que representa a los fabricantes solicitó a las autoridades competentes el establecimiento de la certificación obligatoria en el sector.

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Expectativa é de que o Inmetro estabeleça a compulsoriedade da certificação de sprinklers a partir do ano que vem. JOSÉ CARLOS PAIVA ABSPK

ponente que não pode ser testado em campo. Desta forma, o certificado de produto funciona como um atestado de confiança, pois assegura sua qualidade. Para Melo, a opção por sprinklers não certificados representa uma economia injustificável, pois esse tipo de produto normalmente equivale a uma

parte pequena dos custos de um empreendimento. O especialista falou também sobre avanços na legislação que devem contribuir para aumento da segurança da população. A primeira novidade envolve um decreto do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, que aguarda assinatura do governador para entrar em vigor. Segundo o documento, “os materiais e equipamentos de segurança contra incêndio utilizados nas edificações e áreas de risco deverão possuir certificação, por meio de organismos de avaliação da conformidade nacionais ou internacionais acreditados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), comprovando o atendimento às normas técnicas nacionais”. Melo falou também sobre um novo anexo da IT-23, Instrução Técnica do Corpo de Bombeiros paulista, que irá exigir o Atestado de Conformidade do Sistema de Chuveiros Automáticos (com ART), similar ao constante na IT-41, de Instalações Elétricas. O documento precisará estar assinado pelo engenheiro responsável e também pelo dono do estabelecimento. A medida tem três

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Uma boa instalação precisa ser feita por pessoal qualificado, seguir rigorosamente o projeto e ser testada regularmente. FELIPE MELO ICS ENGENHARIA

propósitos: impedir a ‘legalização’ de Sistemas de Chuveiros Automáticos não-­conformes, mitigar abusos e fraudes por uso de componentes falsificados e/ ou de procedência duvidosa e aperfeiçoar as informações sobre a Situação Operacional de Sistemas de Chuveiros Automáticos.

A importância do projeto A apresentação de Felipe Melo na primeira edição do Fórum PredialTec incluiu ainda uma explanação a respeito dos problemas que ocorrem em projetos e instalações de sistemas de sprinklers. Segundo o executivo da ABSpk e ICS Engenharia, um projeto de sprinkler consiste em um conjunto de documentos que inclui plantas em escala com layout definido; memorial descritivo; cortes e detalhes de instalação; isométrico com pontos de cálculo identificados e cálculo hidráulico, entre outros itens. Um projeto deve conter pelo menos as seguintes informações: cotas entre sprinklers e das estruturas; dados do sprinkler (fabricante, modelo, fator K, temperatura de operação e número de identificação 28 Revista da InstalaçÃO

dos dispositivos); informações sobre tubos e conexões (material, norma, espessura e diâmetros utilizados); dados dos suportes (tipos, detalhes e localização); detalhes sobre as bombas (modelo, vazão, pressão e tipo do motor), etc. De acordo com Melo, o projeto é importante pois fornece as informações mínimas necessárias para a montagem; permite validação e conformidade com normas; inclui cálculos da demanda de água, sistema de bombeamento e reserva de incêndio; contém o levantamento de materiais de montagem e reúne a documentação formal para registro e eventuais alterações futuras. Para o especialista, um bom projeto deve ser desenvolvido por especialistas,

pensado e elaborado cuidadosamente e interpretar e contornar as dificuldades que serão encontradas durante a instalação. Já uma boa instalação precisa ser feita por pessoal qualificado e seguir rigorosamente o projeto, embora seja necessário habilidade para identificar e contornar possíveis dificuldades em campo. Outra exigência é que a instalação seja mantida e testada regularmente. Entre as principais falhas normalmente encontradas em projetos e instalações, Felipe Melo cita problemas como desconhecimento das normas, falta de levantamento de campo, desenhos desatualizados, mão de obra sem qualificação e falta de comunicação.



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The section on Electrical Installations of the first edition of Forum Predialtec gathers outstanding technical experts who discussed issues such as safety, energy efficiency, lightning protection and technology integration.

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Sección de instalaciones eléctricas de la primera edición de Foro Predialtec reúne a expertos de alto nivel técnico que discutieron cuestiones tales como la seguridad en las instalaciones, la eficiencia energética, la protección contra rayos y la integración de la tecnología.

Foto: Fotolia

Reportagem: Marcos Orsolon


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Ambientes seguros Segurança das instalações, eficiência energética e integração tecnológica estiveram entre os principais temas abordados pelos palestrantes.

O

s profissionais que acompanharam as palestras do módulo ‘Instalação Elétrica’ da primeira edição do Fórum PredialTec saíram bastante satisfeitos com o conteúdo apresentado pelos especialistas convidados. O alto nível dos palestrantes chamou a atenção, assim como as informações passadas por eles, que envolveram temas como normalização, segurança nas instalações, avanço tecnológico e eficiência energética. A primeira palestra do dia foi ministrada por Hélio Sueta, especialista do Instituto de Energia e Ambiente da USP e secretário da comissão da norma NBR 5419, que fez a apresentação ‘Revisão da norma NBR 5419 – Proteção contra descargas atmosféricas’. Sueta, que é uma das maiores autoridades neste assunto, fez um apanhado geral sobre as principais alterações feitas na nova versão da norma, que vigora desde 22 de junho de 2015, mas que ainda gera muita dúvida junto aos profissionais da área. “Isso porque a nova versão é bem mais completa e abrangente em relação ao texto que estava valendo até o ano passado (de 2005)”, comentou o especialista. A versão nova da NBR 5419 tem 309 páginas (contra 42 da antiga). E ela foi es-

truturada em quatro partes, sendo: Parte 1 (princípios gerais), com 67 páginas; Parte 2 (gerenciamento de risco), com 104; Parte 3 (danos físicos e perigo à vida), com 51; e Parte 4 (danos internos da estrutura – proteção dos equipamentos), com 87 páginas. Para ilustrar a importância desse documento, Sueta apresentou ao público alguns dos principais danos que os raios podem causar às pessoas e edificações. Por exemplo, quando o raio cai na quina de uma edificação e arranca lascas, ou quando atinge uma árvore e causa um incêndio. Há ainda situações em tanques de combustíveis, como ocorreu em 2013, quando dois tanques de etanol pegaram fogo devido a descargas atmosféricas. O mais grave, no entanto, é o risco à vida das pessoas. “Em média, morrem de 100 a 130 pessoas no Brasil devido a Foto: Ricardo Brito/HMNews

lação Insta rica Elét

Em média, por ano morrem de 100 a 130 pessoas no Brasil devido a descargas atmosféricas diretas. Hélio Sueta IEE/USP

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vido a essa descarga, na estrutura e nas pessoas. Isso está na Parte 2, que também é a parte que define quais as medidas de proteção a se adotar. Ou será o SPDA (Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas) ou será uma MPS (Medidas de Proteção contra Surto)”. Aliás, essa é uma novidade. Com a nova norma surge o chamado PDA – Proteção contra Descargas Atmosféricas. “O pessoal estava muito acostumado

descargas atmosféricas diretas, principalmente no campo e na praia”, ressaltou. Detalhando o documento, Sueta afirmou que os cuidados com os raios passam a ser mais abrangentes do que eram na norma antiga. “Primeiro, é preciso analisar qual a ameaça real da descarga atmosférica e isso é feito pela norma na Parte 1, que traz os principais conceitos. Depois é feito um gerenciamento de riscos, ou seja, são calculados os riscos de-

a falar apenas SPDA como a proteção contra o raio, das estruturas. Mas agora a gente fala PDA, pois não existe mais uma proteção única. O SPDA é a proteção da estrutura. E isso a gente encontra na Parte 3. O PDA, por sua vez, é a soma do SPDA e do MPS – Medidas de Proteção contra Surtos. Essa é uma sigla que vai ficar tão famosa quanto o SPDA e essas medidas a gente encontra na Parte 4”, explicou o especialista.

Foto: Ricardo Brito/HMNews

O tema segurança nas instalações elétricas dominou a segunda apresentação do dia. Valdemir Romero, diretor-executivo do Sindicel-SP e diretor do Departamento da Indústria da Construção da Fiesp (Deconcic), foi o responsável pela palestra ‘Segurança em edificações existentes construídas há mais de 15 anos’. A apresentação se baseou em um projeto desenvolvido em torno do Deconcic, cujo objetivo principal é a criação de uma Lei Federal que torne obrigatória a inspeção técnica periódica em edificações existentes para a verificação das condições mínimas de segurança e, quando for o caso, exigência de regularização. “O objetivo desse projeto é sensibilizar a todos para mudarmos a cultura brasileira quanto a segurança nas edificações mais antigas. Isso porque, com o passar

do tempo, melhoram as especificações, as normas, as exigências e aquilo que era seguro quando foi construído, precisa passar por retrofit. Ou seja, muitas das edificações com mais de 15 anos eram seguras, mas com o tempo, deixaram de ser. E ele completou: “Queremos que seja feita uma inspeção que detecte, porventura, que uma edificação com mais de 15 anos pode ter necessidades de melhoria. É verificar se a edificação é segura ou não”. Outro objetivo é a conscientização dos usuários sobre a importância da prevenção e redução dos riscos de acidentes e danos às pessoas e ao patrimônio. “Isso é muito importante. Quando tivermos essa conscientização as coisas tendem a melhorar”. Um detalhe importante é que o grupo de trabalho sugere que a eventual lei, ou sua regulamentação, estipule a aplicação escalonada das inspeções, de acordo com o perfil das edificações. “Definimos como primeiro plano buscar as edificações com afluência de público. A partir do momento que tivermos edificações com este perfil (geralmente comerciais e públicas), será mais fácil fazer com que

É preciso que as edificações com mais de 15 anos passem por inspeções periódicas que verifiquem seu nível de segurança. Valdemir Romero Sindicel-SP

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Segurança em edificações antigas

a obrigatoriedade seja efetivada. A partir desse nicho, podemos estender para outros locais. Por exemplo, após três anos podemos pegar outras edificações não residenciais. E depois de dez anos chegaremos às edificações de uso residencial com mais de quatro pavimentos. Então, temos um projeto que nasce hoje, mas que passa por um processo de conscientização ao longo do tempo”, completou Romero, lembrando que as inspeções não serão limitadas à parte elétrica, envolvendo também as instalações hidráulicas, de gás, segurança e combate a incêndio e a própria estrutura do prédio.


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André Ramos de Andrade, coordenador de Sistemas Prediais da Tecnisa, pegou como gancho a apresentação de Hélio Sueta para introduzir a palestra ‘Qualinstal Elétrica’, que é um Sistema de Avaliação da Conformidade das Empresas Instaladoras e Instalações Elétricas, criado e conduzido pela Abrinstal – Associação Brasileira pela Conformidade e Eficiência das Instalações. “No caso da NBR 5419, houve uma grande melhora. Mas de nada adianta a norma se não tivermos um bom profissional para executar o serviço. Porque a norma é um papel que precisa ser pego e colocado em prática. Se isso não ocorrer, não adianta nada ter a norma”, comentou. Andrade lembrou que trabalhar com eletricidade exige cuidado. E apresentou alguns dados da Abracopel, de 2014, que indicam que há muita insegurança nessa área. Nesse ano, mais de mil aci-

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dentes com eletricidade foram registrados, ocasionando 627 mortes. “Um dos pontos que explica esse alto número de acidentes é a ausência da figura do engenheiro eletricista nas residências unifamiliares informais. Para se ter uma ideia, em 90% dos casos não há participação desse profissional. As pessoas não veem a necessidade de um profissional de elétrica fazer suas residências”, lamentou. Sem contar os casos em que a pessoa contrata um profissional, mas ele não tem a devida qualificação. Para mudar esse quadro, Andrade entende que a certificação das empresas instaladoras e, consequentemente, de seus profissionais, é uma ação de grande importância. E isso pode ser feito hoje através do Qualinstal Elétrica. “A Abrinstal é uma associação para a conformidade das instalações e das empresas de instalações. É o órgão que vai certificar as empresas e instalações dentro das normas existentes. Ou seja, basta fazer o mínimo dentro da norma para que a instalação se torne segura”, comentou. Mas para que um sistema de conformidade setorial? Andrade respondeu: “Para combater o não atendimento à normalização aplicável. Já temos muita norma para instalações elétricas, regulamentações, só que é preciso aplicar isso tudo. Tem que colocar em prática”. Entre os objetivos do Qualinstal Elétrica estão: garantir o nível de qualidade dos serviços de instalação; ampliar a competitividade das empresas instaladoras; aumentar a segurança das instalações e dos usuários; viabilizar o aumento de produtividade da cadeia da construção civil predial e de infraestrutura, e aumentar o mercado das empresas instaladoras através de serviços com qualidade. Para que isso ocorra, o programa está estruturado em alguns pilares, que incluem os projetos (ter um bom projeto), fabricantes (produtos de qualidade),

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Certificação de instaladoras

De nada adianta a norma se não tivermos um bom profissional para executar o serviço. André Ramos de Andrade Tecnisa

as instaladoras (integradora de tudo), a mão de obra e o usuário final, que terá segurança nas suas instalações elétricas. Fechando a apresentação, Andrade falou sobre a participação da Tecnisa no Qualinstal. “Nós abraçamos essa causa na empresa. A certificação do Qualinstal não é obrigatória, mas optamos por contratar só empresas certificadas pelo Qualinstal. Como tinham poucas empresas certificadas, optamos por ser o exemplo. Nosso departamento de instalações virou exemplo. Nossa contribuição foi munir o pessoal da Abrinstal com informações sobre como isso está acontecendo para que eles direcionem esse serviço para as empresas interessadas”. E ele finalizou: “Hoje, toda instalação nossa segue o procedimento da Qualinstal Elétrica. Nossa certificação ocorreu no final do ano passado, mas estamos nesse processo há três anos. E valeu à pena, pois aumentamos nossa produtividade e, o mais importante, houve grande redução nos chamados de assistência técnica”.


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Eficiência energética Com a palestra ‘A futura norma NBR sobre eficiência energética das instalações elétricas e a situação da revisão da NBR 5410’, Hilton Moreno, consultor da Cobrecom e diretor do Grupo HMNews, destacou que no século XXI não basta ter instalações elétricas seguras. É preciso que elas também sejam eficientes. Mais que isso, Hilton destacou que já existe uma norma internacional que, se for aplicada, pode contribuir de forma efetiva para este fim. É a IEC 60364-81: Low-voltage electrical installations – Part 8.1: Energy efficiency (Instalações elétricas de baixa tensão – Parte 8-1: Eficiência energética), norma publicada em 2014 e que trata da eficiência das instalações elétricas, fornecendo: ◗ Requisitos e recomendações para a parte elétrica do sistema de gerenciamento de energia da ISO 50001 (NBR ISO 50001:2011). ◗ Requisitos e recomendações para projetar uma instalação adequada

de modo a tornar possível o gerenciamento do desempenho energético da instalação. Em linhas gerais, a norma fala que uma instalação elétrica é capaz de prover um nível adequado de serviço e segurança com o menor consumo de energia elétrica possível. “Mas isso só é possível desde que se sigam as recomendações e exigências da NBR 5410 e da IEC 603648-1”, afirmou o especialista, lembrando que o documento pode ser aplicado em edificações residenciais, comerciais, industriais e de infraestrutura. Sobre a revisão da NBR 5410, que está em andamento, Hilton não acredita em grandes alterações em relação ao texto atual, em vigor. Entre outros pontos, há a tendência para se exigir o uso de materiais não halogenados em BD 2-3-4, independentemente da área ser de comum ou não; uma possível recomendação ao uso de dispositivo AFDD (Arc Fault Detection Device / IEC 62606),

Uma instalação elétrica é capaz de prover um nível adequado de serviço e segurança com o menor consumo de energia elétrica possível. Hilton Moreno Grupo HMNews

conforme indicado na IEC60364-4-42 (Proteção contra efeitos térmicos); uma possível recomendação à utilização da NBR 15920 (Dimensionamento econômico de condutores) e revisão na previsão de carga de iluminação residencial (VA/m²) em função da extinção das lâmpadas incandescentes e da tendência crescente do uso de LEDs e lâmpadas econômicas.

Sistemas de segurança eletrônica

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Outra apresentação que chamou a atenção foi a de Renato Prado, consultor na área de segurança eletrônica e automação, que ministrou a palestra ‘A tendência crescente das plataformas integradas nos sistemas de segurança eletrônica’.

Em linhas gerais, Prado falou sobre as plataformas integradas e as oportunidades do mercado de automação predial integrada com segurança eletrônica. “Há oportunidades cada vez maiores nas áreas de automação predial e residencial, pois percebemos que, até por conta das tarifas de eletricidade, as vantagens trazidas pela tecnologia, ou pelo acréscimo da inteligência, integração e automação dos sistemas é muito grande”, citou Prado, que deu um exemplo: “No condomínio em que moro nós implantamos um sistema de detecção de movimento para acionamento da ilumiHá oportunidades cada vez maiores nas áreas de automação predial e residencial. Renato Prado consultor

nação das escadarias e tivemos uma economia de 50% na conta de eletricidade”. Para ilustrar sua apresentação, o especialista deu um apanhado geral sobre a evolução da tecnologia de segurança eletrônica, “que partiu, há duas ou três décadas, de sistemas analógicos para sistemas em IP, depois híbridos, sem fio, com biometria, vídeo analítico, enfim, estamos trazendo cada vez mais inteligência aos sistemas. Inclusive utilizando a nuvem, Smartphones, IoT (Internet das Coisas) e IoE (Internet de Todas as Coisas)”. Essa evolução teve impactos altamente positivos. “Antigamente um sistema de alarme não se comunicava com o de câmeras, gerando restrições. A integração traz mais inteligência e interatividade. Com isso, uma grande vantagem é, por exemplo, a gestão dos eventos e históricos utilizados”, completou. Revista da InstalaçÃO 35


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Efficiency, quality and standardization were the main topics discussed by plumbing systems experts that participated in the Forum PredialTec 2016. The highlight of the congress was the revision and unification in a single document of the current two different standards of cold and hot water supply systems of buildings.

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Eficiencia, calidad y normalización fueron los principales temas abordados por expertos en instalaciones hidráulicas y sanitarias que participaron del Foro PredialTec 2016. La revisión y unificación de normas para instalaciones de agua caliente y fría en un solo documento fue el destaque.


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Normalização e segurança Reportagem: Marcos Orsolon

ação Instal nitária sa Hidros

Eficiência, qualidade e normalização foram os temas principais abordados pelos especialistas em instalações hidrossanitárias que participaram do Fórum PredialTec 2016. novos materiais. Quando as normas começaram a ser elaboradas, não havia no mercado o PPR, PEX, polietileno resistente a temperaturas elevadas, enfim, tem muita inovação que chegou e as normas não contemplavam isso”. Tem também novas topologias de redes. “Com o advento da medição individualizada, uma distribuição de água fria, ou central de água quente que tinha um desenvolvimento essencialmente vertical, através de colunas de distribuição, teve seu caráter de distribuição modificado, quer dizer, a distribuição agora passa a ser essencialmente horizontal”. No período, as preocupações e necessidades dos usuários também sofreram mudanças. Nesse caso, em particular, evoluiu bastante a questão do uso racional da água e da eficiência energética, com impactos diretos no desenvolvimento de novos produtos e soluções. Mas por que unir as duas normas? Segundo Gnipper, a unificação faz sentido porque a água fria e a quente tem interação direta. “Na verdade, a água quente é um subsistema do sis-

tema de água fria. Existe a necessidade de compatibilizar os dois sistemas, por exemplo, de equalizar pressões e coisas do gênero. As duas tinham critérios similares para o dimensionamento de componentes, como por exemplo, limitação de velocidade em 3 m/s, a pressão mínima admissível na rede de distribuição em 5 kPa, etc. Também processos similares de cálculo hidráulico (perdas de carga, vazões de projeto, verificação de pressões, etc.). E elas tinham restrições similares na concepção sistêmica (proteção sanitária, patologias funcionais, etc.). Tudo isso nos induziu a modificar as duas normas como sendo uma única”. O início dos trabalhos ocorreu por volta de 2007, quando sete entidades Foto: Ricardo Brito/HMNews

U

ma reunião de grandes especialistas. Assim podemos definir o módulo voltado para instalações hidrossanitárias, organizado no último dia do Fórum PredialTec 2016. Abrindo as apresentações dessa parte, Sérgio Frederico Gnipper, secretário da Comissão de Estudos 002:146.03 - Sistemas prediais de água fria e água quente – NBR 5626, da ABNT, fez a palestra “Revisão e unificação das normas ABNT de água fria e água quente”. No início da apresentação, Gnipper lembrou que, hoje, duas normas antigas estão em vigor nessa área: a NBR 5626 – Instalação predial de água fria, que completa 18 anos nesse mês de setembro; e a NBR 7198 – Projeto e execução de instalações prediais de água quente, que completa 23 anos também em setembro. “Essas normas estão tecnologicamente muito ultrapassadas. Por isso, a finalidade da nova norma (NBR 5626) é cancelar e substituir as edições das duas. Assim, passaremos a ter uma norma única, onde se fez a revisão, atualização e unificação dessas normas que ainda estão em vigor”. Quanto à desatualização das normas antigas, o especialista explicou que, desde que foram publicadas, houve um número grande de atualizações tecnológicas no mercado, que não estavam previstas nos textos originais. “Por exemplo, com o advento de novas tecnologias e

Nova NBR 5626 une em apenas um documento as normas para instalações de água fria e água quente. Sérgio Frederico Gnipper ABNT

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que representam diferentes setores da sociedade técnica (Abrafac, Abrasip, Asfamas, CBCS, Secovi-SP, Sinduscon-SP e Sindinstalação-SP) sentiram a necessidade de promover a unificação e revisão das normas. “Essas sete entidades patrocinaram a elaboração de um texto base, que nasceu através de várias reuniões realizadas individualmente com representantes de cada uma delas. Depois fizemos

duas reuniões para afinar posições contrárias e chegamos a um consenso do texto base, que foi oferecido à ABNT”, explica Gnipper, destacando que entre os requisitos para esse texto base estão: ✹ Incorporar atualizações tecnológicas; ✹ Harmonizar com outras normas técnicas; ✹ Incorporar o uso racional da água nas edificações;

✹ Considerar problemas de contaminação; ✹ Abertura para novos materiais, componentes e tecnologias; ✹ Meios de proteção contra escaldamento e patogenias; ✹ Maior acessibilidade e facilidade de manutenção; ✹ Novas metodologias para dimensionamento de componentes; ✹ Caráter menos prescritivo e mais de desempenho. Após o texto base, foi formada em 2012 a CE-002:146.03 – Sistemas prediais de água fria e água quente – NBR 5626, que trabalhou até 2015 na elaboração do texto final, enviado para a ABNT. Ao todo, foram 108 diferentes participantes, não simultâneos, integrando a CE, que realizou 40 reuniões mensais. “O texto foi para a ABNT em 2015 e eles fizeram algumas revisões de forma, conteúdo, etc, e ele voltou para nós. Fizemos alguns ajustes e, hoje, estamos no aguardo de que ela entre em consulta nacional. Estimo que ocorra ao longo desse semestre”, finalizou Gnipper.

A segunda palestra desse módulo foi proferida por Orestes Gonçalves, professor titular do departamento de Engenharia da Construção Civil da Poli-USP e diretor da Tesis Tecnologia em Qualidade de Sistemas de Engenharia. E o tema foi “Eficiência e qualidade dos sistemas hidráulicos prediais”. Orestes lembrou, de cara, que hoje não há como dissociar os temas água, saneamento e sistema predial. E que, portanto, em todas as ações e iniciativas é preciso considerar esses três fatores, diretamente ligados às novas tecnologias de sistemas e componentes e à gestão da demanda e oferta de água. 38 Revista da InstalaçÃO

Para justificar a necessidade de se consumir a água com moderação e racionalidade, o especialista apresentou dados que indicam que vivemos um momento perigoso no que tange à disponibilidade hídrica. “Quando olhamos o mapa da nossa disponibilidade hídrica, vemos que nossa situação é crítica, independentemente de acontecimentos pontuais. São Paulo já não

Hoje, não há como dissociar os temas água, saneamento e sistema predial. Orestes Gonçalves Tesis

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Eficiência e qualidade dos sistemas hidráulicos prediais

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é mais a cidade ou a região metropolitana, mas uma figura chamada ‘macrometrópole’, que é o sistema integrado de recursos hídricos. Para se ter uma ideia de tamanho dessa região, em 2008 ela reunia quase

Qualinstal ajuda a combater a falta de profissionalização na cadeia de produção, o desconhecimento de riscos e o não atendimento às normas. Renata Mendes Pelicer Abrinstal

31 milhões de pessoas e a projeção é que em 2035 ultrapasse os 37 milhões. É uma quantidade enorme de pessoas a serem atendidas”, destacou Orestes. E ele completou: “Fazendo uma projeção, até 2035 vamos precisar de aproximadamente mais 60 m³/s de água para atender essa ‘macrometrópole’. A cidade de São Paulo, sozinha, consome mais de 70 m³/s e vamos precisar de mais 60 para atender cidade, indústria e agricultura”. O problema é que, desse montante, apenas uma parte virá de água nova, pelo lado da

Ano I Edição 05 Agosto’16

oferta. A maior parte terá de vir através da gestão de demanda, da redução de consumo de água. Ou seja, para não passarmos por um ‘apagão hídrico’ nos próximos anos, precisamos evoluir, e muito, na gestão do consumo de água e combate ao desperdício. O que envolve toda a cadeia. “Hoje, é difícil separar a questão macro e micro. Todos os componentes precisam trabalhar conjuntamente. Por exemplo, não dá para separar prédio de cidades, prédio de rede púbica, essas coisas funcionam conjuntamente. E água funciona com o esgoto. Esse é o aspecto sistêmico. Então, não existe mais a figura de que eu estou separado do pessoal de saneamento. Hoje, o saneamento é integrado à gestão da demanda e à gestão da oferta. Não somos os caras da água predial, somos os caras do saneamento”, completou Orestes.

Qualinstal água Finalizando as apresentações do módulo instalação hidrossanitária, Renata Mendes Pelicer, da Abrinstal, falou sobre o Qualinstal Água, Programa de Certificação de Empresas Instaladoras que nasceu em 2002 e que em 2010 ganhou força a partir da atuação dos fabricantes que sentiram que havia muitos problemas com patologias de produtos utilizados no mercado de instalação hidrossanitárias. “Havia muita reclamação por parte dos usuários, mas os fabricantes sabiam que o problema não eram os produtos, Fot o

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mas a instalação deles. Isso fez também com que os fabricantes se interessassem em uma ferramenta de avaliação da conformidade. Eles procuraram o Abrinstal e se formou um grupo para desenhar o programa da água, com os requisitos para a certificação de uma instaladora de água”, lembrou Renata. Em linhas gerais, esse programa ajuda a combater a falta de profissionalização na cadeia de produção, o desconhecimento de riscos associados à infraestrutura e o não atendimento aos padrões técnicos e normas. “O Qualinstal tem a parte de certificação das empresas instaladoras, onde é feita uma auditoria e são verificados todos os requisitos em algumas obras, e tem a parte de inspeção na instalação. O programa existe para garantir o nível de qualidade dos serviços de instalação; ampliar a competitividade das empresas instaladoras; aumentar a segurança das instalações e dos usuários; viabilizar o aumento de produtividade da

cadeia da construção, e aumentar o mercado de emprego e serviços de infraestrutura”, explicou Renata. Para atingir seus objetivos, ele foi elaborado em torno de cinco pilares: fabricantes, projeto, instaladoras, profissionais e usuário final. “Com esses pilares se pensou em onde seria melhor focar para não ter que ficar fazendo ações individuais em cada frente. E se chegou à conclusão de que a empresa instaladora é o pilar que pode unir todos os outros. Através da instaladora a gente consegue controlar um pouco o projeto, monitorar os produtos usados na instalação, monitorar a mão de obra e a instalação executada. Então, a ideia era fazer um programa para certificar esse pilar para monitorar os demais. Por isso se pensou na empresa instaladora para ser certificada”. Até o momento o Qualinstal Água tem uma construtora certificada, que é a Tecnisa, e quatro instaladoras certificadas.


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Instalações malfeitas de redes de gases geram acidentes com cada vez mais frequência no Brasil. Para combater problemas, especialistas defendem

Inspeção para combater as não conformidades

ação l a t s In s de gá

a obrigatoriedade das

Experts in the field warn that the quality of the gas plumbing systems of buildings must be improved to prevent accidents. Inspection of the gas pipe lines is seen as the best option to raise the safety level.

Expertos en el tema advierten que la calidad de las instalaciones de redes de gas en edificaciones debe ser mejorada para evitar la ocurrencia de accidentes. La inspección de las redes es vista como el camino para elevar el nivel de seguridad.

Reduzir o número de não conformidades é fundamental para diminuir os riscos para que não aconteçam acidentes maiores envolvendo instalação de gás. Carlos Bratfisch Bratfisch Engenharia em Gás

Reportagem: Marcos Orsolon

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situação precária de boa parte das instalações prediais de redes de gases tem tirado o sono dos especialistas. E isso ficou bem claro durante as apresentações ocorridas no módulo Instalação de Gás, do Fórum PredialTec 2016. Já na primeira palestra ligada a essa área, ministrada por Carlos A. C. Bratfisch, da Bratfisch Engenharia em Gás, ficou claro que a situação é crítica. Com o tema “Instalações de redes de gás em edificações”, o especialista trouxe uma série de dados que comprovam que a realidade merece atenção tanto dos profissionais e empresas que atuam nesse setor, quanto das autoridades, que deveriam fiscalizar com mais atenção esse tipo de instalação.

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inspeções técnicas.

Bratfisch lembrou que os acidentes envolvendo gás não ocorrem por acaso e que, portanto, podem ser evitados através de uma boa instalação, em conformidade com as normas técnicas vigentes. Para facilitar a compreensão desse fato, ele usou como base o estudo de frequência de acidentes elaborado nos anos 60 por Frank Bird, e que tem sido utilizado por diversas empresas ao redor do mundo. De acordo com esse estudo, a cada 600 incidentes menores ou quase acidentes, ocorrem 30 acidentes de um peso um pouco maior, 10 acidentes graves e 1 acidente gravíssimo (normalmente morte). “Claro que os números (proporções) variam conforme o negócio, o ramo de atividade, etc. Mas aplicando este conceito de acidentes na área de instalações de gás vemos que, de cima para baixo, temos Perda Maior; Perda Menor; Dano à Propriedade ou Equipamento; Quase Perda (Quase acidente), e a Não conformidade na instalação. Então, se meu número de não conformidade em uma instalação de gás for muito alto, e isso seja para uma distribuidora ou instaladora, ela vai incorrer que pode vir a acontecer um acidente maior”, explicou Bratfisch. E ele completou: “Como reduzir os riscos para que não aconteçam os acidentes maiores? Simples. Vou diminuir o número de não conformidades. Se eu fizer isso, na proporção, diminuo o númeRevista da InstalaçÃO 43


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para uso residencial — Procedimento. Mas, infelizmente, houve pouco avanço. “Apesar da norma, não aconteceu nada. Porque depende de uma regulamentação, de uma Portaria do Inmetro para o negócio andar. Isso ficou parado até ocorrerem diversos acidentes no Rio de Janeiro e forçarem a tomada de atitude. Pelo menos no Rio de Janeiro, e outros estados passaram a pensar nisso”, desatacou Bratfisch. Na mesma linha da segurança nas instalações de gás, Clever Approbato Bueno de Souza, engenheiro da Comgás, fez duas apresentações: “Boas práticas de instalações de tubulações e aparelhos a gás” e “Boas práticas de instalações de aquecedores de passagem e fogões – requisitos de adequações de ambientes”. Basicamente, a apresentação girou em torno da NBR 15.526 - Redes de instalações internas para gases combustíveis em instalações residenciais – Projeto e execução, que fala de tubulações, medidores, reguladores, etc, e que deverá ser revisada a partir de 2017. Clever deu um apanhado geral sobre o trabalho das instaladoras, lembrando que a qualidade envolve todas as etapas de seu trabalho, desde o uso de EPIs por parte dos profissionais, até a execução do trabalho conforme as normas vigentes, passando, obviamente, pela escolha dos produtos. Além disso, deu uma série de dicas e informações sobre como efetuar a instalação de diversos Foto: Fotolia

ro de quase acidentes e daí por diante, até eliminar a possibilidade de ocorrência de um acidente de grandes proporções”. Lembrando que a não conformidade pode ser um erro de projeto, de instalação, uso de material inadequado, mão de obra não qualificada para fazer o serviço, falta de responsabilidade, etc. “E como eu garanto que vou diminuir essas não conformidades? A resposta é inspeção”, afirmou o especialista, que acrescentou: “Basta olhar o número de acidentes envolvendo instalação de gás que se conclui que a inspeção é necessária”. Importante lembrar que a inspeção não pode se restringir à rede de gás. É preciso verificar também a instalação dos aparelhos a gás, como os aquecedores e fogões. “Quando você pega a instalação de aparelhos, é uma coisa terrível. A pessoa coloca um aquecedor de gás dentro de um armário de madeira, como se madeira não pegasse fogo. Outra coloca a chaminé soltando monóxido de carbono dentro do apartamento. Isso pode matar uma pessoa”, alertou Bratfisch. Mediante esse quadro, o Qualinstal Gás levantou alguns pontos que levaram o Inmetro a pedir que na ABNT fosse feita uma norma de inspeção de rede de distribuição interna de gases combustíveis. O que foi feito em 2011, dando origem à norma ABNT NBR 15923 - Inspeção de rede de distribuição interna de gases combustíveis em instalações residenciais e instalação de aparelhos a gás

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Uma instalação bem-feita evita os riscos, mas é preciso seguir os requisitos da norma para que isso ocorra. Clever Approbato Bueno de Souza Comgás

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dispositivos, como tubulações, medidores e estabilizadores de pressão, entre outros. Inclusive apresentando exemplos de boas e más práticas identificadas no mercado (casos reais). Particularmente em relação à instalação de aquecedores de passagem e fogões, Clever também deu dicas e alertou sobre os riscos do monóxido de carbono liberado pelos equipamentos. “É um gás incolor, inodoro e venenoso. Ele mata as pessoas quando inalado em grandes quantidades”, alertou o especialista da Comgás, ponderando, no entanto, que a instalação bem-feita evita os riscos. Mas é preciso seguir os requisitos da norma para que isso ocorra. Quanto ao processo de instalação dos aquecedores, ele citou que é preciso verificar: o local de instalação do aparelho; derivação do ponto de água; fixação do aquecedor; verificação da pressão de água; fixação do caixilho; instalação hidráulica; instalação de terminal; instalação de flexíveis; instalação de corrugado; instalação da ducha, e o comissionamento do aquecedor.

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