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Ano I Edição 03 Juhno’16
Revolução em curso Mais do que uma promissora atividade econômica,
Reportagem: Paulo Martins
mercado fotovoltaico propõe a criação de um novo modelo de sociedade a partir da democratização da geração e da distribuição de energia a partir de fontes renováveis.
The photovoltaic solar energy market has been growing in the world, but Brazil, in particular, has one of the largest potentials of the planet. However, the country needs to address a number of issues that hinder the full development of this energy source. Among the aspects that need further development, the most important are regulatory issues and incentive policy. 50 Revista da InstalaçÃO
El mercado de la energía solar fotovoltaica ha crecido en el mundo, pero Brasil, en particular, tiene uno de los mayores potenciales del planeta. Sin embargo, el país necesita resolver una serie de cuestiones que dificultan el pleno desarrollo de esta fuente de energía. Entre los aspectos que necesitan de un mayor desarrollo están la cuestión regulatoria y la política de incentivos.
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Perfil de importantes setores do mercado, baseado em entrevistas com executivos, profissionais e usuários.
Profile of key market sectors, based on interviews with executives, professionals and users.
Perfil de los sectores clave del mercado, basado en entrevistas con ejecutivos, profesionales y usuarios.
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o Brasil, o mercado de energia solar fotovoltaica cresce a taxas que podem chegar a 300% ao ano. O número expressivo se deve à pequena base de partida, mas indica o potencial gigantesco do setor. Existem hoje cerca de 3 mil instalações de energia fotovoltaica conectadas à rede das concessionárias, mas a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima que até 2024 o número de conexões será de 1,2 milhão. Estamos diante de uma fonte de energia inesgotável, gratuita e limpa, e a queda substancial dos custos ao longo do tempo ajuda a alimentar as boas perspectivas, mas o País ainda carece de um planejamento consistente e sustentável para se tornar um player que transmita maior confiabilidade aos investidores. Entre os desafios a serem vencidos, destaca-se a necessidade de promover avanços no campo regulatório, consolidar uma cadeia produtiva e formar mão de obra especializada. Pelo menos dois fatores foram fundamentais para a arrancada do setor nos últimos anos: a instituição do sistema de geração distribuída, no qual o consumidor pode implantar micro e minis pontos de geração em sua própria casa, fornecendo o
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excedente para a rede de distribuição, e a realização de leilões para contratação de grandes volumes de energia produzida pelas usinas. Carlos Evangelista, presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), comemora o fato do Brasil aparecer na lista da EPIA (Associação de Indústrias Fotovoltaicas Europeias) entre os seis melhores países do mundo para se investir em energia solar fotovoltaica. O executivo atribui à Aneel a informação de que somente a área residencial reúne 30 milhões de potenciais clientes com capacidade para instalar sistemas solares na modalidade de Geração Distribuída. “Existe um mercado fantástico, enorme, para acontecer nos próximos anos”, vislumbra. Carlos Café, diretor do Studio Equinócio - empresa com mais de 15 anos de experiência no mercado de energia solar térmica e fotovoltaica -, destaca que o Brasil ‘entrou’ na área com ao menos uma década de atraso, mas concorda que o potencial e a importância da geração distribuída a partir das tecnologias solares é imenso. “A potência das usinas solares fotovoltaicas conec-
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tadas à rede é de 24 MW. Segundo estudo do Greenpeace, temos potencial para alcançar cerca de 29,6 mil MW em potência instalada até 2030 se mantido o cenário atual, o que representaria mais de 6 milhões de instalações solares no Brasil”, menciona. Um dos motivos do grande crescimento das instalações solares é a queda vertiginosa dos custos envolvidos nessa tecnologia, em contraposição ao aumento das tarifas de energia proveniente de outras fontes. De acordo com Evangelista, a recuperação do investimento em energia fotovoltaica tem ocorrido em prazos cada vez mais curtos. “Há alguns estudos que preveem o retorno do inves-
timento em menos de cinco anos, dependendo da região do País. A média fica em torno de sete anos”, informa. O executivo destaca que existem no mercado algumas linhas de financiamento disponíveis para aplicar nessa área, mas com juros altos, a ponto de inviabilizar um retorno do investimento em menos de dez anos. Outras linhas mais acessíveis, prossegue ele, possuem restrições na área geográfica de atuação, ou seja, são válidas somente para regiões específicas. “O ideal seria uma linha de financiamento em que as condições de garantia, carência e juros fossem acessíveis a todos os interessados e que as parcelas mensais fossem menores do que o custo da energia economizada pelo usuário final”, diz Evangelista. Para o presidente da ABGD, um planejamento consistente e sustentável para estimular o crescimento do setor tem que contemplar quatro áreas: 1-Conhecimento técnico, englobando pesquisa, desenvolvimento e investimento em inovação; 2-Regulamentação, implementando e atualizando toda a parte regulatória que influencie a GD no Brasil, retirando os empecilhos e dubiedades ainda existentes; 3-Aspectos financeiros, criando condições para que seja possível financiar sistemas de
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GD, com parcelas de financiamento equivalentes ou menores que a economia financeira alcançada pela redução da fatura de energia e 4-Planejamento e incentivo consistente da demanda, pensando a médio e longo prazo. “Somente com uma previsibilidade mínima da demanda é que será possível investir e assumir os riscos, o que é inerente a toda atividade empresarial”, finaliza o executivo. Para Carlos Café, este é um momento histórico que pode ser visto como uma revolução, pois reúne a convergência de uma nova forma de operar e compartilhar informações com uma nova forma de gerar e distribuir ener-
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gia. Isso tudo, prossegue ele, associado à necessidade de descarbonização da energia face às mudanças climáticas em curso. “Diante disto, nosso governo deve estar atento à formatação de um plano que primeiro reconheça que hoje planejamos, produzimos, gerimos e consumimos energia de forma insustentável
e irresponsável. O foco desse planejamento deve trazer o consumidor que agora se torna um agente ativo da produção e compartilhamento da própria energia, que vamos chamar de prosumidor (produtor e consumidor), e uni-lo de forma democrática à nova rede de distribuição de energia, as smart grids, para as quais serão necessários novos modelos econômicos e parâmetros de qualidade, confiabilidade e desempenho. O modelo de planejamento deve funcionar como a nova economia distribuída e compartilhada. Portanto, velhos modelos de planejamento, baseados em centralização e monopólios, devem ser abandonados”, analisa.
Novas profissões requerem preparo técnico ência em instalações elétricas de baixa e média tensão, investirem em treinamento e capacitação e seguirem à risca as normas de segurança. Segundo o dirigente, o desenvolvimento do setor solar propiciou o surgimento de funções como projetistas fotovoltaicos e instaladores desses sistemas. “Mas há de se atentar para uma gama muito maior de especialidades, inclusive de profissionais que trabalham com outras fontes de
energia em Geração Distribuída, como biomassa e eólica”, exemplifica. Carlos Café observa que uma instalação solar é multidisciplinar e exige conhecimento em vários ramos de atividades, o
Oportunidade
O crescimento do setor solar fotovoltaico abriu um leque de oportunidades para o mercado em geral, permitindo o surgimento de novos negócios e profissões.
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O crescimento do setor solar fotovoltaico abriu um leque de oportunidades para o mercado em geral, permitindo inclusive o surgimento de novos negócios e profissões. Naturalmente, a tendência é que muitos aventureiros apareçam para tentar a sorte no setor. Mas, para Evangelista, deverão se manter no ramo, proporcionando produtos e serviços seguros e de qualidade, aquelas empresas que possuírem experi-
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Planejamento consistente e sustentável para o setor tem que contemplar aspectos como conhecimento técnico, regulamentação, financiamento e incentivo da demanda. CARLOS EVANGELISTA ABGD
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que torna a área ainda mais interessante e intensa geradora de empregos. “É necessário que qualquer um que vá trabalhar com o segmento faça cursos de energia solar que ofereçam embasamento conceitual sólido sobre o tema. Instalar um painel sobre uma cobertura ou telhado exige conhecimentos dos movimentos do Sol e estudos de sombreamentos”, explica.
Os painéis solares devem ser instalados e fixados por meio de estruturas metálicas que não sofram com corrosão e resistam a grandes velocidades de vento. Vale lembrar que tudo isto adiciona carga ao telhado, portanto, é preciso ter conhecimento também da área civil. E mais: os profissionais solares precisam trabalhar em altura, logo, devem saber se proteger, fazendo bom uso dos equipamentos de proteção individual e coletiva. Com o passar do tempo, também deverão surgir oportunidades para especialistas que promoverão as intervenções necessárias para manter as adequadas condições de funcionamento do parque produtor de energia solar fotovoltaica. “Apesar dessa ser uma tecnologia de baixíssima manutenção, quando comparada às demais, a operação da usina solar deve ser acompanhada pelos profissionais que a instalaram ou por empresas que o façam, pois estamos falando de uma tecnologia que tem de produzir energia por no mínimo vinte anos”, complementa o diretor do Studio Equinócio. Conforme destaca Carlos Café, apesar da energia solar ser tema de projetos e pesquisas há mais de 30 anos no Brasil, a geração distribuída fotovoltaica nasceu como mercado somente a partir
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de 2012, ou seja, trata-se de uma área extremamente jovem. Consequentemente, existe uma carência grande de profissionais em todos os segmentos, e somente agora a disciplina começa a fazer parte do currículo de cursos técnicos e universitários. O executivo avisa aos interessados em atuar nessa área que é preciso muita seriedade e organização. “Qualquer pessoa ou empresa que queira instalar um sistema de energia solar fotovoltaica em sua casa deve entender que o que está sendo instalado ali é uma usina solar. O termo ‘usina’ exige grande responsabilidade em várias etapas do processo. Antes de tudo é obrigatório para qualquer instalação solar que seja desenvolvido um projeto de engenharia devidamente registrado junto aos CREAS (Conselhos Regionais de Engenharia) e aprovado pelas companhias de energia. Após esta etapa, vamos à parte que talvez represente o maior desafio do mercado de energia solar, que é a qualidade da instalação e da mão de obra”, relata Carlos Café. O diretor do Studio Equinócio relata que a falta de qualificação dos profissionais pode ocasionar danos como incêndios, problemas na rede elétrica e choques. “Estes desafios podem ser vencidos com qualificação profissional, em conjunto com o programa de certiRevista da InstalaçÃO 55
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Preços
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Um dos motivos do grande crescimento das instalações solares é a queda vertiginosa dos custos envolvidos nessa tecnologia.
ficação. Ambos são necessários para a crescente credibilidade e profissionalismo que este mercado exige. Não há espaço para improvisos nem para o ‘jeitinho brasileiro’. O programa de certificação de instaladores que eu coordeno dentro da ABGD vai começar por um
item muito importante, que é a segurança”, completa. Segundo Carlos Evangelista, o sistema de certificação do instalador fotovoltaico criado pela ABGD era uma necessidade do setor: “Existem várias empresas iniciando no mercado, algu-
São Paulo sediou em maio a 5ª edição da EnerSolar + Brasil / Feira Internacional de Tecnologias para Energia Solar e simultaneamente o Ecoenergy / Congresso de Tecnologias Limpas e Renováveis para a Geração de Energia. Os eventos receberam cerca de 12 mil visitantes. Thomas Steward, gerente da EnerSolar + Brasil, destacou que a feira mostrou ao mercado o que há de mais recente em soluções tecnológicas. “O Brasil possui grande potencial no setor de energias renováveis. Além da excelente incidência solar, temos ventos contínuos para a geração de energia eólica em diversos estados, e estas oportunidades devem ser aproveitadas. É neste sentido que atua a feira, trazendo inovação, conhecimento e o mais importante de tudo, soluções para que estas oportunidades possam se concretizar”, comentou. Na ocasião, a empresa SolarFX fez o lançamento oficial do Selo “QuiloWatt do Bem”. O objetivo é criar um banco de doação entre empresas participantes, onde, a cada 100 kWp vendido em produtos ou serviços, haverá a doação de 1 kWp em equipamento. A empresa doadora poderá utilizar o Selo “QuiloWatt do Bem” em seu site. Qualquer empresa pode doar. Empresas com atividade regular poderão ser membro do conselho. Já o Selo de Parceiro é destinado apenas a empresas do setor fotovoltaico e estas podem contribuir com a prestação de serviços especializados.
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mas oriundas de outras áreas, outras do nada. Até pela situação econômica do País, foram ingressando no mercado. Então, é natural que muita gente qualificada em nível não suficiente para trabalhar com instalação fotovoltaica, ou até desqualificada para isso, entre nesse mercado e faça instalações, comprometendo a segurança e a qualidade. Pensando nisso, ABGD lançou a certificação do principal ator fotovoltaico para garantir que ele tenha as condições mínimas de fazer uma instalação com segurança e qualidade”. Com o amadurecimento do segmento, o próprio sistema educacional voltado para essa área tende a passar por uma transformação. “Estamos preparados para oferecer mais cursos de acordo com a evolução do mercado”, diz Carlos Café. Ele se refere ao Studio Equinócio, que atua na capacitação de profissionais há mais de 10 anos por meio da Academia Solar. Nesse tempo, mais de 800 alunos participaram da rodada número um de capacitação em conceitos de projetos de energia solar fotovoltaica. Neste ano a Academia Solar passou a ofertar cursos práticos de formação do instalador e a modalidade in company para concessionárias de energia elétrica e empresas que desejam investir no setor.
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