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Ano XI Edição 114 Junho’15
O Mamute, a colaboração No mundo corporativo é cada vez mais clara a necessidade de sólidas alianças dentro das diferentes cadeias de produção, para que todos tenham uma maior eficiência.
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s primeiras formas de colaboração entre os seres humanos devem ter surgido ainda na época das cavernas. Por instinto de sobrevivência, os homens, em conjunto, notaram que a colaboração seria a única forma de vencer o Mamute. De quebra, o abate do bicho proporcionou os primeiros churrascos nos quintais das cavernas e a ingestão de proteínas em quantidade que permitisse o desenvolvimento neurológico que nos trouxe até aqui. De lá para cá, tivemos alterações entre períodos de intensa colaboração, com outros de menor. Idade Média com mais reclusão. Iluminismo com mais interação. A análise em perspectiva histórica permite notar que os momentos de maior desenvolvimento humano são exatamente aqueles de maior interação e trocas. Grandes descobertas, rotas comerciais e outras inovações são típicas do trabalho em conjunto. Colaboração tornou-se uma forma de expressão em relação ao trabalho e ao mundo.
No mundo corporativo é cada vez mais clara a necessidade de sólidas alianças dentro das diferentes cadeias de produção, para que todos tenham uma maior eficiência. Recentemente, o presidente da Emirates, Tim Clark, manifestou a intenção de adquirir até 200 novos aviões A380, da Airbus, com a condição de que a nova geração A380 não fosse a alternativa entregue. O diretor de Vendas da Airbus, John Leahy, por sua vez, enalteceu a competência do CEO da Companhia Aérea, mas frisou que é necessária uma maior robustez comercial que justifique tamanhos investimentos em desenvolvimento. A maior parte dos investimentos ficaria a cargo da Rolls-Royce, fabricante dos motores Trent 900, e que necessitaria fornecer motores mais eficientes em termos de consumo. Leia-se, bilhões de dólares de investimento e alguns anos de pesquisa. A Emirates tem seus planos de expansão vinculados ao desenvolvimento de uma nova versão do avião da Airbus, que por sua vez depende da Rolls-Royce
In the corporate world is increasingly clear the need to establish strong alliances within the different production chains in order to increase everyone’s efficiency. The cooperation between the companies is essential to the success and the survival of corporations.
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desenvolver motores mais eficientes. O sucesso de toda a cadeia, que integra milhares de outros fornecedores, depende das sólidas alianças que possibilitem a robustez comercial que justifique os investimentos. E quais são as tendências dentro deste novo cenário? A primeira questão é destruir o paradigma de que a troca constante de forne-
A colaboração entre as empresas tornou-se uma ferramenta essencial para o sucesso e a sobrevivência das corporações.
En el mundo corporativo es cada vez más evidente la necesidad de establecer alianzas fuertes dentro de las diferentes cadenas productivas para que todos tengan una mayor eficiencia. La colaboración entre las empresas es esencial para el éxito y la sobrevivencia de las empresas.
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e a geração de valor rão divididos, como a comunicação deve ocorrer, o planejamento dos níveis de estoques e serviços, os processos de reabastecimento, processos de formalização simplificados e acordos de responsabilidade. Todas estas medidas trazem enormes economias para as organizações. Iniciativas estratégicas são tomadas pelo time de compras em sintonia com os objetivos operacionais e a ênfase é dada para a redução do TCO (Custo Total de Aquisição), ao invés de simplesmente o preço. A comunicação é restrita a poucos ou únicos canais, com apoio e contato constante com os níveis gerenciais de importância estratégica para a fluidez dos negócios.
O quadro abaixo demonstra bem quais são as principais mudanças em curso. Estas mudanças devem ser aceleradas com a Internet das Coisas, se tornando uma realidade cada vez mais próxima. O salto direto do cenário atual para Internet das Coisas será análogo ao passar de um velho computador AT para um sofisticado mainframe. Será impossível, pois vários estágios de amadurecimento organizacional serão saltados. Portanto, se a sua organização ainda está caçando Mamute sozinha, talvez seja o momento de você abrir os olhos. A sobrevivência ficará cada dia mais difícil e as probabilidades de sucesso tendem a zero.
Tendências no relacionamento entre fornecedores - clientes. Gestão de inventário
Gestão de fluxos
Fluxos de materiais
Fluxos de informações
Orientação pelas previsões
Orientação por pedidos
Métricas baseadas em custos
Métricas baseadas em tempo
Muitas transações
Poucas transações
Dependências de estoques
Dependência de respostas rápidas
Sistemas com interfaces
Sistemas integrados
Reabastecimentos mensais
Reabastecimentos diários
Capacidade de produção
Capacidade de respostas rápidas
Cristiano Faé Vallejo
vice-presidente Latam da Consultoria em Supply Chain Americana ISCS, secretário-executivo do INRE – Instituto Nacional de Resíduos, e professor no INBRASC e na Universidade Corporativa FENABRAVE.
Foto: Divulgação
cedores é uma coisa positiva para os negócios e organizações. Isto é essencialmente um mito. A nova realidade liga firmemente fornecedor e comprador, através de uma parceria de longo prazo, quebrando a tradição e redefinindo a forma como os negócios são conduzidos, enfatizando o relacionamento, que é gerenciado e controlado de forma visível e transparente. O segundo paradigma que deveria ir pelo ralo é a tradicional contenciosa relação entre cliente e fornecedor, que deveria ser substituída por colaboração, processos geradores de valor, benéficos e objetivos mútuos e recíprocos. O novo cenário requer a aceitação de um novo modelo de fazer negócios e relacionamento. Ladrões de tempo, que são respeitados por tradição, tem que ser deixados de lado: negociações longas, RFQ (request for information), RFQ (request for quotation) e RFP (request for purchase), sendo substituídos por processos que derrubem barreiras, eliminem custos, minimizem estoques e permitam a total exploração do potencial de ambos os lados para que os objetivos sejam atingidos. Negociações periódicas ou anuais são substituídas por acordos de redução recíproca de custos. Pedidos de compras são substituídos por acordos guarda- chuvas descrevendo como os dados se-
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