Tropicalia

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TROPICALIA RETROSPECTIVA COPA DO MUNDO

BATE PAPO COM PEDRO CAETANO

Os momentos mais históricos da Copa do Mundo e as expectativas para 2022

Conta sobre sua maior obra de carreira "O Escolhido" produzido pela Netflix.

DESALMA Novidades da segunda tempoarada

GASTRONOMIA: COMER É UM ATO POLÍTICO ?

ENTREVISTA EXCLUSIVA

LUCCAS CARLOS CARNAVAL: PÚBLICO VS PRIVADO @tropicalia www.tropicalia.com


MATRÍCULAS ABERTAS

Na Anhembi você encontra o equilíbrio perfeito entre presencial e digital para seguir o estilo que melhor se encaixa na sua rotina.

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SUMÁRIO Sociopolítica Larguem minha fantasia! Eu quero sambar

Esportes Política e futebol: Histórias que caminham juntas em uma linha do tempo inédita

Entretenimento Mais sombria, mais ucraniana e mais desconexa

Cultura “É preciso ‘deseurocentrar’ a produção nacional”, diz Pedro Caetano sobre o audiovisual brasileiro.

Música A história de Luccas Carlos e a influência da diversidade na música brasileira.

Gastronomia Culinária brasileira: Comer é um ato político?


Sociopolítica

Rio de Janeiro 2022

LARGUEM MINHA FANTASIA! EU QUERO SAMBAR O carnaval não é uma celebração de origem brasileira. Essa constatação, que encontra respaldo em documentos históricos, não precisa ser necessariamente motivo de espanto ou aborrecimento aos que a desconheciam. E, vale ressaltar, há motivos que nos levam a compreender quem tenha ficado boquiaberto com a “novidade”. É que o carnaval se tornou vitrine da cultura brasileira, tanto para quem observa à distância, quanto para quem caminha pelas mesmas ruas que, uma vez ao ano, ficam abarrotadas de foliões. Trazido pelos portugueses no período colonial, mas difundido nos anos 30, o “baile de máscaras” ganhou contornos de brasilidade que nos levam a crer ser uma festa genuinamente tupiniquim.

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Esses contornos são produto da popularização imediata da celebração, que é consequência da “praticidade” da festa. Ela não exige grandes requintes. Basta uma caracterização da preferência do participante (que normalmente opta por trajes coloridos), músicas animadas e um grupo de amigos para inundar as avenidas, becos e vielas de cidades por todo o país. Contudo, há quem diga que os foliões vêm passando por um processo de “seleção” desde o século passado. Isto é, que há um afastamento gradual entre a festa e as camadas mais populares. A pandemia da covid-19 chegou no ano de 2020 e ocasionou a interrupção dos eventos festivos. O carnaval não ficou de fora. Pelo segundo ano consecutivo após a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarar a pandemia, o poder público cancelou ou adiou diversos blocos de carnaval, desfiles e festejos, sem data prevista para autorizá-los ao retorno às atividades. Tudo isso sob o pressuposto de, alegadamente, salvaguardar a saúde pública.

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Sociopolítica Entretanto, essa decisão afeta apenas as manifestações culturais que tomariam os espaços públicos. Em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, festas privadas reuniram celebridades da música pop, funk, samba e axé music. Em entrevista à Agência Pública, o conhecido historiador Luiz Antonio Simas, referência quando o assunto é carnaval, afirmou entender a justificativa apresentada pelas entidades governamentais, mas desconfia de suas reais intenções quando libera os festejos no âmbito privado.

“Acho que se justificaria um adiamento por conta da saúde pública, a minha questão não é essa. É esquisito porque definitivamente não é a questão da saúde pública que o determinou [o adiamento]. Isso guarda uma percepção da sociedade que é preconceituosa em relação ao carnaval, não tenho dúvida.” Carlos, produtor de conteúdo e jornalista na extinta Rádio Show do Esporte, pela qual realizou inúmeras coberturas do carnaval paulistano, também critica as recentes decisões do poder público sobre o tema.

“Isso envolve muito a questão no carnaval de rua. É aquela máxima do ‘quem tem dinheiro, tem direito a participar’. Virou uma festa extremamente comercial, perdeu-se, tanto em blocos quanto em dinheiro aquela coisa humana, focando somente no status e glamour. Enxergo como um retrocesso, um elitismo gigantesco que afasta o pobre da festa, que o obriga a viver uma vida miserável.”

CApesar de ter sido porta-voz de um veículo midiático, Carlos enxerga a imprensa como corresponsável pelo processo de segregação apontado por ele e por Simas. “Há muitas mídias que acham isso conveniente, porque participam desse processo. Tudo é política e tem mídias que vencem com o pobre preso dentro de um núcleo, sem cultura, sem diversão. É muito triste ver o carnaval sem o real sentido que é o povo se divertindo, podendo ser rei, rainha ou sendo somente o que quiser.” Em contrapartida, as alegações governamentais sobre o cancelamento da festividade são válidas. A variante Ômicron impulsionava cada vez mais pacientes ao leito de urgência em hospitais por todo país: "Por conta da situação epidemiológica, está cancelado o Carnaval de Rua de SP. Nós vamos sentar com a Liga das Escolas de Samba para combinar um protocolo para a realização dos desfiles no sambódromo. Caso eles aceitem os protocolos, os desfiles serão mantidos", Prefeito Ricardo Nunes ao jornal O Globo. A decisão tomada pelo prefeito foi oficializada após sua reunião com representantes da Vigilância Sanitária, onde houve uma série de questionamentos sobre o aumento de casos de covid-19 ao longo dos meses. A intenção de cancelar o carnaval de rua mas manter o desfile seria buscar um meio termo entre agradar os foliões cansados de esperar pela celebração e a pandemia segundo Nunes. Com o crescente número de infectados, Ricardo seguiu batendo na tecla de que deveria haver a liberação somente de festas controladas que exigissem passaporte vacinal, sendo assim, de fácil adesão e baixa preocupação. Porém, sua ideia também foi vetada pela Vigilância Sanitária, ainda que na prática tenha sido totalmente diferente. Por conta das datas de fim de ano, São Paulo passou por uma internação em massa de pacientes com coronavirus, especialmente da variante Ômicron, o que prejudicou o andamento e a liberação de festas de grande porte que poderiam vir a girar mais a economia do país. O prefeito lamentou o não acontecimento do Carnaval de rua e pediu paciência para que ele seja realizado com calma e respeitando as normas de segurança em julho, quando a Secretaria da Saúde estipulou que seria a curvatura em queda de infectados.

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Esportes

Ano de copa do mundo sempre gera um sentimento nacionalista em grande parte dos brasileiros e pensando nisso desenvolvemos um recorte histórico de todas as participações da seleção em copas. Unindo aos dados, adicionamos informações sobre o momento político em que o país se encontrava em tempos de copa. Como sempre, 2022 é ano de copa, e também de eleições presidenciais, afinal os dois eventos que mais comovem a população, coincidem de ocorrerem sempre nos mesmos anos. Entretanto, dessa vez com um toque especial, pouco mais de um mês separam as duas ocasiões. ndependente da definição e resultado de ambos, o final de 2022 prometer ser agitado e de fortes emoções, I mas antes vamos as retrospecto canarinho no maior evento esportivo da história:

Copa de 30 - A primeira da história Quem vê a seleção brasileira ostentando cinco títulos mundiais não imagina que em um primeiro momento houve uma seleção apática. A canarinho chega para sua primeira copa sem os seus melhores jogadores, devido a um conflito de interesses entre a APEA (Associação Paulista de Esportes Atléticos) e a CBD (Confederação Brasileira de Desportos). A APEA solicitou a presença de um membro paulista na comissão técnica que iria para copa e a CBD negou o pedido, sendo assim, os paulistas impediram os jogadores do estado de participarem daquele torneio. Ao todo foram 15 atletas cortados de última hora. Nossa seleção foi eliminada após uma derrota para a Iugoslávia e uma vitória sobre a Bolívia por 4x0, porém, os europeus já haviam batido a Bolívia pelo mesmo placar e se classificaram para semifinal da competição

Copa de 34 - Mais um fiasco brasileiro Assim como na copa de 30, a seleção sucumbiu logo na primeira fase devido ao mesmo problema ocorrido entre APEA e CBD em 1930. A falta de profissionalismo que a CBD demonstrava atrapalhava a seleção frente ao bom futebol europeu. Derrota por 3x1 para seleção espanhola e eliminação precoce na copa.

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Esportes

Copa de 38 - Uma mostra de melhorias Diferente das últimas edições, a seleção chegou para competir com seus melhores jogadores. Não houveram problemas extra campo e pela primeira vez tivemos os atletas paulistas, capitaneados por Leônidas da Silva. Nossa seleção chegou à semifinal da copa, perdendo para Itália por 2x1 e encerrou sua participação com um sonoro 4x2 sobre a Suécia, ficando com o 3º lugar, melhor posição do Brasil em copas até então.

Copa de 50 - O Maracanaço Para introduzir a copa de 50 é necessário destacar que as duas copas anteriores (42 e 46) não ocorreram devido à Segunda Guerra Mundial e mesmo quatro anos depois do conflito a FIFA determinou que a copa fosse realizada no ocidente, em solo brasileiro. Embalado pelo terceiro lugar conquistado em 38 e com uma seleção recheada de craques, a seleção brasileira veio à copa com um time alegre, ofensivo e que contava com a torcida, pois jogava em casa. Com apresentações seguras, o time aparentava estar no momento de sua primeira conquista. 4x0 sobre o México, 2x2 com a Suíça e um 2x0 sobre a Iugoslávia.Vitórias sobre 7x1 e 6x1 sobre Suécia e Espanha, respectivamente e a seleção chegava á sua primeira final com o apoio de cerca de 170 mil pessoas no Maracanã. O título era dado como certo mas aquele jogo ficou marcado como a derrota mais dura de toda a história da seleção, 2x1 para o Uruguai na final em 16 de Julho de 1950, o dia do Maracanaço.

Copa de 54 - O Jejum de copas continua Com alguns remanescentes da copa de 50, nossa equipe chegou visando esquecer o Maracanaço e enfim conquistar seu primeiro título mundial. O time até que iniciou bem a competição, no primeiro jogo 5x0 sobre o México e no segundo 1x1 com a Iugoslávia, resultado que classificaria os dois times e então o Brasil enfrentaria a Hungria do craque Puskas nas quartas. Logo no começo da partida 2x0 para os húngaros, durante o jogo a equipe brasileira até esboçou uma reação, mas os húngaros venceram por 4x2 em um jogo marcado pela violência em campo, que fez com que a partida ficasse conhecida como "A Batalha de Berna".

Copa de 58 - A primeira estrela Um marco para todos os amantes do futebol. Assim pode ser definida a copa de 58, além de ser o primeiro título da seleção brasileira nos trouxe o prazer de ver um dos melhores times de todos os tempos e também o começo de um reinado, um menino de 17 anos que era uma aposta do técnico para aquela oportunidade. A equipe chegava para disputa de 58 com cicatrizes profundas de 50 e o vexame de 54. Com uma mescla de experiência e jovens como Pelé e Garrincha. Na fase de grupos houve vitórias sobre a Áustria e a União Soviética e empate em 0x0 com a Inglaterra. Nesse momento já se via que o Brasil estava jogando o melhor futebol dentre todas as seleções, o talento se sobrepôs nas próximas fases, passando por Gales e França e sendo campeões, vencendo a Suécia por 5x2. A primeira estrela foi estampada no peito.

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Esportes

Copa de 62 - A segunda estrela Mais sofrida e difícil, a conquista da segunda taça do mundo chegou. Logo na fase de grupos perdemos o rei Pelé devido a um estiramento na coxa no segundo jogo, porém, o ocorrido deu espaço para Garrincha desfilar em campo. A seleção iniciou a copa com um discreto 2x0 sobre o México, um empate sem gols com a Tchecoslováquia e uma vitória sofrida por 2x1 sobre a Espanha no terceiro jogo. O time despertou de fato nos confrontos eliminatórios, superando a Inglaterra nas quartas, o Chile na semifinal e derrotando a Tchecoslováquia na final, 3x1 para o Brasil de virada. Entramos para um seleto grupo de bicampeões mundiais e a conquista tornou Garrincha o jogador que até hoje é comparado com Pelé, e muitos dizem que foi ainda melhor que o Rei.

E fora da copa? Como o Brasil andava? Durante o ciclo entre as copas de 62 e 66, o Brasil passou por uma revolução histórica, iniciava ali um período sombrio da nação, com a tomada do poder pelos militares, e o surgimento da Ditadura Militar. Período que duraria 21 anos, entre 64 e 85, marcaram uma parte muito difícil da história brasileira. Em 64, liderados pelo militar Castello Branco ocorreu o fim das eleições diretas que a partir de então seriam feitas pelo congresso nacional. Em 65, todos os partidos políticos do país foram fechados, a partir desse momento existiriam apenas dois partidos: a Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Esse segundo com a função de oposição à ditadura e os opositores concentrados em um único partido acabavam se tornando alvo fácil das repressões. O ápice da ditadura no Brasil foi o período entre 67 e 69, conhecidos como “anos de chumbo” início da posse de Costa e Silva Foram várias passeatas seguidas de represálias com violência e tortura aos opositores. Os últimos 11 anos de ditadura, liderados por Geisel e Figueiredo, foram de transição para o período democrático, com Geisiel ainda haviam traços de uma ditadura, ainda que sem apoio, classes trabalhadoras já iniciavam greves e se via um período ditatorial cada vez mais perto do fim.

Copa de 66 - A receita do fracasso Com um futebol fraco, na copa de 66 obtivemos a segunda pior colocação desde a copa de 34 mesmo tendo jogadores das duas últimas conquistas. O torneio demonstrou o fim de alguns ciclos e provou que algumas ideias não dariam certo, como, por exemplo, a troca do preparador físico da seleção para a entrada de um professor de judô na mesma função. O resultado era previsto, nossa seleção ainda comemorava a última conquista quando já era tempo de se preparar para ir em busca do tricampeonato mundial. Os jogos demonstraram o despreparo brasileiro, apesar da vitória na estreia sobre a Bulgária. Contudo, mais uma vez perdemos Pelé por lesão logo no início do campeonato e na sequência fomos derrotados pela Hungria e por Portugal pelo placar de 3x1, eliminados de forma precoce. O sonho do tri ficou para 70.

Copa de 70 - A verdadeira seleção Como de costume, o Brasil teve um ciclo conturbado, com algumas trocas de treinadores, a preparação para a competição ficou prejudicada. Zagallo assumiu à frente da equipe após a queda de João Saldanha por motivos políticos da federação. Apesar dos pesares, a equipe chegava como favorita para o campeonato, tendo no time jogadores como Pelé, Jairzinho e Rivellino. Talvez o único jogo difícil da primeira fase para a seleção fosse contra a Tchecoslováquia, porém, os europeus sucumbiram ao talento do ataque brasileiro, 4x1. No próximo confronto, um embate entre as duas últimas campeãs, jogo tenso e definido nos detalhes, mas o Brasil se sobressaiu mais uma vez, 1x0 sobre a Inglaterra, em um jogo que ficou marcado pela defesa do goleiro inglês Gordon Banks em cabeçada de Pelé. Lance que ficou conhecido como a maior defesa de todos os tempos. Desfalcado de Rivellino, o Brasil passou sem sustos pela Romênia, e se classificou para a fase eliminatória. Foram 3 passeios, nas quartas 4x2 sobre o Peru, 3x1 sobre o Uruguai na semifinal e um fatídico 4x1 sobre a poderosa Itália na grande final. A conquista foi além da taça, o Brasil enfim ganhava o prestígio mundial que possui até hoje, ao ser a primeira seleção tricampeã mundial.

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Esportes Copa de 74 - O trono vago Essa seria a primeira copa sem o rei, a seleção foi reformulada para 74, a equipe já não contava com Pelé e alguns outros jogadores do tri como Carlos Alberto, Tostão e Gérson, portanto a falta de entrosamento dos novos jogadores dificultou o decorrer do campeonato. A fase de grupos iniciou com dois empates sem gols, com Iugoslávia e Escócia e a classificação veio com um 3x0 sobre seleção de Zaire (República Democrática do Congo). Na segunda fase o futebol apresentado ainda não convencia o público, além disso, surgirá uma forte concorrente na corrida pelo título, a Holanda, comandada por Johann Cruyff. O Brasil enfrentou Alemanha Ocidental e Argentina, até o confronto contra a Holanda, equipe que parecia ter mais talento e força coletiva em relação ao Brasil e se mostrava favorita para o confronto. Esse favoritismo foi confirmado, 2x0 para a Holanda e o Brasil teve de disputar o 3º lugar contra a Polônia, e após sofrer um revés por 1x0, a seleção terminou em quarto lugar.

Copa de 82 - O futebol e suas injustiças As expectativas eram boas, uma seleção com craques como Toninho Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico, futebol vistoso, e goleadas atrás de goleadas marcaram a preparação da canarinho. Na primeira fase a seleção se classificou tranquilamente, e após vencer a Argentina no primeiro jogo da próxima fase, um empate já classificaria a seleção para as semifinais. O jogo era contra Itália, visto como um resultado fácil e tranquilo, mas em campo a história foi outra. A seleção que tanto encantou, perdeu por 3x2 após Paolo Rossi anotar três. A seleção foi eliminada amargamente, afinal mesmo sem ter estado à frente do placar, três vezes teve a chance de se classificar ao empatar a partida em 0x0, 1x1 e 2x2. Naquele ano os italianos seriam campeões sobre a Alemanha Ocidental, levantando sua terceira taça e se igualando ao Brasil.

Copa de 90 - Forte mas bagunçado Era um momento conturbado da política nacional, após o fim da ditadura, a eleição do primeiro presidente por voto direto, Fernando Collor de Mello antecedeu a copa. Em seus primeiros meses de trabalho, Collor optou por abrir as importações para o mercado brasileiro. Era uma proposta de modernização, e a seleção brasileira precisava acompanhar a decisão. O Brasil pela primeira vez apareceu com o esquema 3-5-2, conceito amplamente utilizado na Europa, entretanto, incomum no Brasil. Em campo a seleção não apresentou bons resultados, o time venceu as partidas apenas pelo placar mínimo. Nas oitavas, um confronto histórico contra os hermanos, comandados por Maradona. O jogo terminou 1x0 para a Argentina, que chegou a final daquela edição, onde perdeu para a Alemanha. O Brasil estava com boas peças, como Romário, Bebeto, Renato Gaúcho, Branco, Dunga e Müller. Mas chegou para o torneio de forma muito bagunçada e os comandados de Sebastião Lazaroni teriam que aguardar mais 4 anos para mostrarem todo seu potencial. Edição Junho / 2022

Copa de 78 - Grandes expectativas O Brasil chegava para a copa de 78 com uma equipe reformulada. O técnico era Cláudio Coutinho, que aos 38 anos, chegava como aposta para o comando da seleção, mesmo que tenha passado por clubes como Vasco e Flamengo. Em tempos de ditadura no país, a formação militar do comandante era um quesito que o favorecia. A canarinho chega comandada por Rivellino, que atuaria ao lado dos jovens Zico e Reinaldo. O início foi confiante e passou tranquilo pela fase de grupos. Por outro lado, na segunda fase, que na época era em um novo quadrangular em que o melhor time avançava para final, o Brasil iniciou com vitória sobre o Peru, no segundo jogo empatou em 0x0 com a Argentina, o que tornava a classificação quase que confirmada. Ao vencer o terceiro jogo sobre a Polônia, apenas um milagre parecia desclassificar a seleção. A Argentina precisava golear o Peru, e considerando que no final do primeiro tempo ainda estava 2x0, não parecia provável. Entretanto, após alguns lances polêmicos e falhas do time peruano, a Argentina finalizou o jogo vencendo por 6x0. Os argentinos seriam campeões naquela copa, levantando sua primeira taça, e vale ressaltar que os hermanos passavam por uma ditadura, e que a copa foi na Argentina, fatos que tornam ainda mais intrigantes o que realmente ocorreu no confronto contra o Peru.

Copa de 86 - O fardo é só de um? Esta que ficou marcada como a última copa de uma geração promissora, serviu também para arranhar o nome de um dos veteranos daquele time: Zico. Após uma primeira fase com três vitórias, e uma goleada nas oitavas contra a Polônia, o Brasil chegou para as quartas empolgado. Contudo, o confronto contra a França não foi como os torcedores esperavam. As equipes protagonizaram um jogo bonito, com boas chances para os dois lados, mas empate em 1x1 se arrastava. Até que na segunda etapa o Brasil tem um pênalti, que parecia fácil de ser convertido por Zico, famoso pela habilidade nas bolas paradas. Contudo, o galinho havia entrado em campo dois minutos antes do lance e, ainda frio na partida, cobrou mal para defesa do goleiro dos Blues. A definição foi nos pênaltis, a série seguia empatada até Júlio César, o melhor jogador brasileiro no Mundial e eleito para a seleção do torneio, bater na trave. Coube a Luis Fernández fechar a série aos Bleus, em 4 a 3.

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Esportes Copa de 94 - A conquista do Tetra

Copa de 98 - 3 mentiras e 1 convulsão, O Brasil já classificado para o mundial não precisou disputar as eliminatórias, e a preparação ocorreu toda por amistosos. O grupo era forte, entretanto menos de dez dias antes da copa começar, Romário foi cortado por uma lesão. Os médicos alegaram que não seria tratável durante o torneio, mas esta foi a primeira mentira, afinal o atleta voltou a atuar pelo Flamengo antes da final. Durante a competição, após uma derrota na terceira rodada da fase de grupos, a seleção viu jogadores trocando alfinetadas em público, demonstrando que a união entre atletas e comissão não era tão verdade como haviam contado. Após um caminho conturbado até a final, no dia da decisão o jovem Ronaldo Nazário, aos 21 anos, sofreu uma convulsão horas antes da final, mas foi liberado para jogar, trazendo um clima de medo e apreensão aos jogadores. O resultado foi a derrota por 3x0 para França, em um jogo fraco da seleção, e a taça ficou com os donos da casa.

A conquista da vaga para a copa nos Estados Unidos, ocorreu apenas na última rodada das eliminatórias, da mesma forma, nos amistosos da seleção o Brasil não ia bem, e com isso a seleção chegou desacreditada para a copa. Entretanto, com duas boas vitórias nos jogos iniciais, a fase mudou e os comandados de Carlos Alberto Parreira trouxeram o título para casa, vencendo nos pênaltis a Itália. Está era a primeira conquista desde 1970, o período mais longo da seleção sem títulos até hoje. A caminhada pelo tetra ocorreu no momento em que os brasileiros ainda sofriam com a morte recente de um ídolo da nação: Ayrton Senna. Com a má fase da seleção no futebol, o piloto de F1 era o motivo das alegrias da torcida, e era nos domingos de manhã que os brasileiros se reuniam para torcer e comemorar. A seleção levanta o Tetra no dia 17 de julho, e homenageia o piloto que faleceu em 1º de maio de 94. Aquele foi um momento simbólico para a torcida brasileira, que via uma estrela partindo, e outra voltando a brilhar.

Copa de 2002 - A família Scolari Copa de 2006 - O mágico não fez mágica Para aquela copa o Brasil tinha um dos elencos mais fortes que a canarinho já viu, com quatro estrelas em grande fase, Ronaldinho, Ronaldo, Kaká e Adriano. Entretanto, o elenco recheado de craques, se mostrou fora de forma e sem entrosamento e no primeiro grande desafio na copa, o jogo contra a França nas quartas, foi eliminado de forma precoce. O time que chegava como favorito, e tinha craques do futebol mundial reunidos, acabou entrando para história, como uma máquina que não funcionou como se esperava. Apesar disso está até hoje no imaginário dos fãs, o porquê dê o quadrado mágico com Ronaldo, Ronaldinho, Kaká e Adriano, não ter dado certo.

Após uma eliminação vexatória do Brasil na Copa América de 2001, quando perdeu para Honduras por 2x0, a seleção chegava desacreditada pela imprensa e torcida, entretanto o técnico Luiz Felipe Scolari estava confiante. Com uma chave de grupos fácil o Brasil só foi jogar para valer a partir do mata-mata. Recheada de craques, a seleção via em Ronaldo e Ronaldinho os dois principais nomes de um elenco com Roberto Carlos, Cafu, Marcos e Rivaldo. O bom time foi campeão após bater a Alemanha na final, vencendo por 2x0 com ambos os gols sendo marcados por Ronaldo. A honra de levantar a taça foi de Cafu, que até hoje é o único jogador da história a disputar três finais de copas em sequência. Aquele foi o último título da seleção até hoje, em um elenco marcado pela união dos jogadores, que se tornaram uma família diante do professor Scolari.

Copa de 2010 - Falta de experiência A chegada da seleção para copa de 2010, diferiu da expectativa dos torneios anteriores, sem grandes nomes, e com novas estrelas surgindo, a seleção comandada por Dunga, era tida como uma das favoritas, mas dessa vez por conta de sua tradição. Com críticas pela não convocação de Paulo Henrique Ganso e Neymar, joias que surgiam no Santos e se mostravam com grande potencial, o elenco chegou recheado de jogadores inexperientes. O resultado foi a eliminação para Holanda nas quartas, quando o time sofreu uma virada, e viu Felipe Melo ser expulso após pisar em Robben. O atleta dali em diante nunca mais voltaria a atuar pela seleção. Edição Junho / 2022

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Esportes Copa de 2014- O retorno a casa Em 2014, a copa voltaria a ocorrer na América do Sul, mais uma vez no Brasil, assim como em 1950. A perspectiva era fazer uma campanha forte em casa, em um período de instabilidade política. O Brasil se mostrava um barril de pólvora, com denúncias políticas de corrupção contra a presidente Dilma (PT), a copa foi antecipada de diversos protestos pelas ruas do país, que causaram um clima de nervosismo e tensão na alta corte do futebol mundial. Durante o torneio, a seleção se mostrou forte, um time preparado para desafios, mas muito dependente de seu craque Neymar. Nas quartas no confronto diante da Colômbia o jogador se lesionou, e ficou de fora do restante da copa. Na semifinal a expectativa era alta, a população sentia que naquele ano a história do Maracanaço de 50 ficaria para trás, no entanto, ao entrar em campo contra a Alemanha, esse sonho falhou. O 7x1 foi desmoralizante para nação, torcedores chorando, um clima de velório, e ali mostrava que apesar de boas peças, a seleção não tinha uma esquema tático forte, o que mudaria no próximo ciclo. Além do Mineiraço, 2014 deixou como herança muitas dívidas, e obras públicas que até os dias de hoje não foram concluídas, como sempre no Brasil muitas promessas e pouco foi entregue pelos políticos.

O melhor time desde 2002 Há um ano tínhamos um time sem repertório e totalmente dependente de Neymar, nosso jogador mais habilidoso. Por outro lado, hoje em dia temos um conjunto de jogadores como Vinícius Jr, Anthony e Raphinha para ajudar a nossa seleção a chegar novamente como uma forte candidata ao título.

Copa de 2018 - Possível recomeço Após o vexame do 7x1 a seleção buscou em Dunga retomar um bom trabalho, que logo se viu como decisão errada, o nome da vez para CBF seria: Adenor Leonardo Bacchi, ou mais conhecido como Tite. O treinador chegou em 2016 e reformulou a base de jogadores da seleção, fez a melhor campanha das eliminatórias e chegou como um dos favoritos ao título na Rússia. Entretanto, em um apagão no primeiro tempo das quartas contra a Bélgica, a seleção viu o sonho do hexa ser adiado mais uma vez. A pressão em cima dos dirigentes após a eliminação precoce foi grande, entretanto o técnico Tite foi mantido no cargo, e a seleção chegou ainda mais encorpada para o próximo ciclo de copa.

Nossa equipe conta com boas peças em todos os setores, e mantém Tite como treinador, após o ciclo da copa de 2018. O elenco conta com alguns jogadores titulares na Rússia e traz uma renovação no ataque, atributos que enchem o brasileiro de esperança. Neymar recuperado das lesões que o atrapalharam na última temporada, Vinícius Jr como a grande revelação da Champions League e vários outros jogadores com destaque no cenário nacional e internacional. Agora é só aguardar por novembro e torcer pelo hexa.

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Entretenimento RESENHA- DESALMA

MAIS SOMBRIA, MAIS UCRANIANA E MAIS DESCONEXA Segunda temporada de Desalma, do Globoplay, traz personagens mais transtornados ao mesmo tempo que mergulha na cultura ucraniana Uma das maiores apostas do Globoplay acabou de retornar com a sua segunda temporada. A série ``Desalma'', protagonizada por Cássia Kis, Cláudia Abreu e grande elenco, acaba de voltar com mais 10 episódios recheados de muito mistério e com uma grande presença da cultura ucraniana. A produção, lançada inicialmente em 2020, acompanha os moradores da pequena Brígida, uma cidade no sul do Brasil, fundada por imigrantes ucranianos. No meio de inúmeras intrigas, comuns em comunidades pequenas, transitamos entre rituais pagãos, mistérios antigos e mortes que moldam todas as relações da cidade.

Ganchos para a segunda temporada

Imagem: Divulgação / Globoplay

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Voltando um pouco no tempo, a segunda temporada se passa imediatamente depois dos últimos acontecimentos, com um espaço de apenas alguns meses entre os episódios antigos e os novos.

Por isso, os personagens ainda estão lidando com as consequências do desaparecimento momentâneo da Melissa (Camila Botelho). Para deixarmos todos na mesma página, a jovem tinha se perdido na floresta e o espírito de Halyna (Anna Melo) a possuiu, com o objetivo de se vingar de Roman (Nikolas Antunes). Dessa forma, Halyna se reencontra com Haia (Cássia Kis), promovendo um dos momentos mais comoventes da temporada. Do outro lado, Roman se apossou do corpo do seu antigo amante, Bóris (Ismael Caneppele), e agora convive com Ignes (Cláudia Abreu) e Anatoli (João Pedro Azevedo), enquanto tenta destruir Halyna. É a partir disso que somos apresentados as motivações de Roman e entramos em debate sobre como ele conseguiu dominar a magia negra ucraniana.

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Entretenimento Finalizando as pontas soltas deixadas pela primeira parte, temos a volta de Aleksei (André Frateschi), que é solto após passar 23 anos preso em um abrigo subterrâneo por Haia. Nesse quesito, os telespectadores levantam diversas perguntas sobre as motivações da bruxa em ter mantido Aleksei em cárcere privado e sobre o porquê da libertação, depois de tantos anos.

Novos personagens Partindo do que foi dito no final do tópico anterior, somos apresentados da forma apropriada a Aleksei, que até então pensávamos que estava morto. Na primeira temporada, o personagem aparecia apenas nos momentos de flashback, nos quais entendemos o círculo social de Halyna antes de sua morte. Agora, nesse segundo momento, Aleksei volta como um homem formado, traumatizado após os anos de cadeia e ainda mais flagelado pelo tempo que foi mantido cativo por Haia. Esse retorno é de extrema importância já que passamos a saber a verdade sobre o assassinato de Halyna e vemos a sua dinâmica com a sua irmã, Ignes. Outras adições ao elenco são representadas pela volta de duas personagens, uma participante dos flashbacks da primeira temporada e a outra é a aparição de alguém que é apenas citada. A última se refere à Mykhaila (Malu Galli), irmã de Haia e mãe de Pavlo (Gabriel Muglia), que sumiu sem deixar rastros e explicações, deixando o filho recém-nascido sob os cuidados da bruxa mor. Na sua volta somos apresentados ao que levou a sua partida, mostrando o lado cruel e hipócrita dos cristãos de Brígida, que promoveram uma caça às bruxas.

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Além disso, descobrimos que o pai de Pavlo é o Sr. Skavronski, fazendo com que o policial seja meio irmão de Aleksei e Ignes. E que Mykhaila foi alvo dessa inquisição em decorrência de seu caso com um dos homens mais poderosos da cidade. A outra volta é de responsabilidade da nova investigadora e antiga moradora de Brígida, Natasha (Virgínia Buckowski). A agora inspetora, morou na cidade quando jovem e era a melhor amiga de Halyna, além de ser testemunha principal no julgamento contra Aleksei, já que o viu empurrando a filha de Haia. Finalizando o tópico sobre adições de personagens, Fábio Assunção entra para o elenco como o bruxo centenário Traian, um homem condenado a viver para sempre, segundo o próprio ator. Descobrimos que esse personagem é ucraniano de nascença e viveu no século XVIII, sendo membro de uma seita que anos mais tarde iria recrutar Roman. A presença de Traian em Brígida ainda é um mistério, mas sabemos que ele virou uma lenda na região, recebendo a denominação de monstro e animal. Nessa mesma linha, também descobrimos que ele foi morto e confundido com Aleksei, mas que ele possui algum poder de ressuscitação.

A cultura ucraniana A cultura ucraniana é uma das características mais fortes de Desalma, desde na representação de datas festivas até na ambientação, que foi produzida para que tivéssemos um pedacinho do leste europeu no Brasil. Já tínhamos percebido que a Ucrânia estava enraizada nos personagens desde a primeira temporada, porém na segunda, vemos essa interação muito mais presente, como se o país fosse um novo personagem. Isso acontece por três fatores principais: além de estarmos mais inseridos em Brígida e nos seus costumes a partir desses novos episódios, agora contamos com flashbacks de Roman no país dos seus ancestrais e a Melissa encontra-se possuída por Halyna, o que acaba tirando todas as características paulistas dela e de sua família. Além disso, finalmente somos apresentados à festa de Ivana Kupala, tão comentada e emblemática para a série, já que foi nela que tivemos o primeiro acontecimento gatilho para todo o resto. Nela, vemos um pouco mais sobre os costumes, danças e crenças que mantiveram essa comunidade unida mesmo depois do processo de migração e da catolização de uma parcela.

Imagens: Divulgação / GloboPlay

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Entretenimento Crítica A segunda temporada faz uso da mesma fórmula explorada no ano anterior. Por isso, de tão similares que os episódios são, parece que se trata de uma unidade só. Isso atribui muitas qualidades a continuação da série, podendo ser maratonada sem que haja perda de sentido, porém atrapalha quando falamos do ritmo. A primeira parte é, de uma forma inevitável, muito lenta, em decorrência da grande quantidade de assuntos a serem abordados e muitos mistérios deixados em aberto. Há uma constante sensação de que foi passado muito tempo naquele cenário sem nenhuma aquisição efetiva para a série, ou seja, muitos diálogos e cenas desnecessárias. A expectativa para a segunda temporada era que esse andar fosse quebrado, já que diversas pontas soltas deveriam ser solucionadas a partir desses novos episódios. Infelizmente, não foi exatamente isso que aconteceu. Apesar de entendermos algumas questões relacionadas à morte de Halyna, ainda ficamos com dúvidas sobre Roman, que passa a ser considerado o antagonista mor. Essa questão parece ser um “tapa buraco” na série, já que somos apresentados ao passado do personagem, após o assassinato, e entendemos a motivação de seus atos através de uma história mal explicada.

Lá, ele passa a ser vítima de visões e alucinações, tendo a certeza de serem causadas pela ação sobrenatural da exnamorada, então, ele parte em busca de ajuda espiritual. Primeiro ele se encontra com uma bruxa, que tem como ajudante Mykhaila, e confessa ser o autor do crime brutal. Nessa hora entendemos como Haya ficou sabendo sobre os verdadeiros responsáveis pelo assassinato da filha. (questão de estar na hora certa, lugar certo) Depois, ele passa a ser membro de um culto de magia negra, que entra na cabeça do jovem e o conduz pelo caminho das trevas, fazendo com que ele tivesse todas as atitudes malignas que vemos desde a primeira temporada. Também entendemos que ele se mata pensando em se tornar mais poderoso e assim conseguir derrotar Halyna. Porém, além dessa questão com Roman, a série não entrega muita coisa. Vemos uma cadeia de acontecimentos que seguem o ditado “Estava no lugar certo, na hora certa”, ou seja, muitas ações vieram como em um passe de mágica, sem grandes investigações. As novas adições de personagens ainda não surtiram efeito de forma memorável, porém sabemos que o personagem do Fábio Assunção será o novo vilão após uma suposta derrota de Roman.

Contextualizando, Desalma nos leva para a Ucrânia, alguns anos depois da última celebração de Ivana Kupala, e coloca um Roman perturbado pelo espírito de Halyna como protagonista.

Imagens: Divulgação / GloboPlay

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Cultura

UMA ENTREVISTA COM PEDRO CAETANO Em

conversa

Caetano

fala

com

a

sobre

Tropicália, seu

papel

Pedro em

Passando pelo teatro, televisão e telonas, Pedro foi, em

O

2019, pelo caminho que muitos atores não conseguem

Escolhido, próximos trabalhos e muito mais.

mais ignorar a existência: os streamings. Com séries de

Confira:

sucesso na Netflix e na Amazon Prime, ao lado de atores e atrizes consagrados na televisão brasileira, ele

Em 2019, Pedro Caetano protagonizou O Escolhido, série da Netflix que seria uma das grandes obras de

apenas deu início ao que será um extenso e brilhante caminho no audiovisual brasileiro.

sua carreira. Na produção, o ator vive um médico que é levado ao pantanal em meio a uma crise do Zika Vírus para vacinar a população e acaba se deparando com uma comunidade enraizada em crenças e religiosidade.

Como foi pra você iniciar sua carreira artística? O que te motivou no começo, que costuma ser difícil, a continuar persistindo? Houveram momentos em que você pensou em desistir? Já se arrependeu de algo?

Hoje, ele falou com a Revista Tropicália sobre esse grande seriado, seus planos futuros, sua carreira e muito mais.

"Minha carreira se divide em duas etapas. A de modelo primeiro e a de ator, depois comecei como modelo com 17 anos e as coisas aconteceram muito rápido. com 18 já estava trabalhando em Nova York. em 2003 conheci o

QUEM É PEDRO CAETANO?

grupo Nós do morro, no Rio de Janeiro. Me apaixonei pelo grupo e comecei a estudar teatro lá. De certa

Pedro Caetano, 39, nascido e criado no Méier (RJ), descobriu sua paixão pela arte ainda muito cedo. Com apenas 17 anos ingressou na carreira de modelo, e dali pra frente foi só entrando cada vez mais no mundo artístico. Com o grupo “Nós do Morro”, do Rio de Janeiro, começou a estudar artes cênicas e conseguiu rapidamente engatar projetos incríveis, como: Os Dois Cavalheiros de Verona, no teatro, e já nas telas da TV Record e em horário nobre, com a novela Luz do Sol,

forma fui muito privilegiado porque consegui bancar meus estudos com o dinheiro da carreira de modelo. Depois de um tempo decidi parar de modelar e me dedicar só à atuação. Esse foi o momento mais difícil. Acredito que pensar em desistir é algo comum quando se tem um objetivo. Mas o mais importante é aquilo que te impede de desistir. No meu caso, eu simplesmente não consigo imaginar minha vida fazendo outra coisa que me preencha tanto."

em 2007.

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Cultura

Imagens: Divulgação

Em qual dos seus trabalhos você sentiu como se fosse a

É claro que você ama a arte, mas qual tipo de

“virada” da sua carreira? Ou que era realmente um

produção você diria ser a sua favorita? Teatro, séries

momento muito bom pra você?

ou filmes?

"Quando fiz minha primeira série, meu primeiro trabalho

'Tenho paixão pelos três, mas no momento estou mais

no streaming. Foi na série "o escolhido", da netflix. Ali

apaixonado por filmes e séries. Claro que tenho ainda

muita coisa mudou pra mim, aprendi bastante, entendi

vontade de seguir atuando no teatro, mas o cinema no

como e por onde queria seguir meu caminho. Daí em

momento representa um desafio maior pra mim."

diante só tenho trabalhado com audiovisual."

Pedro nunca desistiu apesar das adversidades, Como foi pra você se ver em produções de grande

conseguindo estar em um momento de sua carreira

porte, como na série “O Escolhido” da Netflix, em

onde se sente satisfeito e ambicioso para ainda mais

novelas da rede Record e em produções com atores já

conquistas.

conhecidos e consagrados como o Bruno Gissoni e Camila Morgado? Você sente que algo mudou na sua

O ESCOLHIDO

vida desde que foi escalado para esses papéis? "Até hoje é difícil pra mim aceitar que me tornei um

Em 2019, Pedro Caetano trabalhou como um dos

profissional de qualidade como aqueles que eu

protagonistas da série O Escolhido, produção original

admirava à distância. Me dediquei a me conhecer

da Netflix. Na obra, acompanhamos a jornada de três

melhor, me entender enquanto produto, me aperfeiçoei,

médicos (Enzo Vergani, Lucia Monteiro e Damião) dos

e hoje sei que posso entregar um trabalho de qualidade

quais Pedro interpreta Damião, em uma aldeia isolada

nos produtos que atuo. Não é fácil porque as

do Pantanal brasileiro.

oportunidades são poucas. 'O escolhido' por exemplo foi meu 1º trabalho grande em audiovisual, eu tinha

Tendo como objetivo iniciar uma campanha de

mais de 60 diárias pra gravar em condições das mais

vacinação contra uma mutação do vírus da

adversas, e quando vemos o produto final, o resultado

Zika, o grupo vira testemunha do embate entre ciência

tem que ser satisfatório para o público. É preciso estar

e fé quando se deparam com a presença de um

pronto, se dedicar e, principalmente, pedir ajuda."

curandeiro que não lida bem com medicina tradicional.

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Cultura A partir da chegada dos médicos em Água Azul, no

A série é baseada em uma produção mexicana (Niño

Mato Grosso do Sul, uma sequência de acontecimentos

Santo), você assistiu a produção antes de filmar O

misteriosos e místicos despertam a curiosidade dos

Escolhido? Fale um pouco do seu personagem.

filhos da ciência quando são colocados cara a cara

"Justamente por ser uma espécie de remake de niño

com uma suposta entidade divina, o Escolhido,

santo, existe muito pouco material disponível dessa

interpretado por Renan Tenca.

série na internet, não conseguimos assistir nada e também fomos recomendados a não assistir para não

A série foi uma das apostas da Netflix para a inserção

influenciar em nossa pesquisa de personagens. Eu

brasileira no mercado esotérico e conta com Paloma

interpreto Damião, um dos médicos enviados a Aguazul

Bernardi, Gutto Szuster e grande elenco. Com duas

para o processo de vacinação. Damião é um cara

temporadas já disponíveis no catálogo do streaming,

dedicado à sua profissão, alguém que teve sua vida

veja o que o Pedro nos contou sobre O Escolhido:

transformada pela medicina e que busca ser um meio de transformação também. Dos três médicos, ele é o

A série O Escolhido é uma produção de grande força,

que acredita que algo de bom pode surgir de todo

certo? Principalmente nesse momento de pandemia que

aquele caos que se instaura na cidade. Ele na verdade

a vacinação foi a chave para recuperarmos nossa

tenta decifrar o escolhido, tenta entender a fundo o

realidade,

que se passa por ali realmente"

você

acredita

que

a

série

é

uma

representação desse momento? "A série é uma representação de muitos momentos da

A série “O Escolhido” está disponível na Netflix, com

nossa sociedade. Uma metáfora da vida. Uma eterna

duas temporadas completas e promessa de muito mais

disputa entre conservadorismo e vanguardismo. Numa

conteúdo brasileiro vindo aí nos serviços de streaming

era de muita informação, estar bem informado dá

internacionais.

trabalho, exige tempo. E cada vez menos temos esse tempo. Desinformação gera medo. Vivemos em medo

SENTENÇA E PRÓXIMOS PASSOS

constante e isso é vantajoso para um sistema que só nos quer produzindo. A cultura é uma das ferramentas

Com um currículo recheado de habilidades, Pedro sabe

que temos para promover o debate, a formação de

há muito tempo exatamente o que quer fazer. Por

opinião e a abertura de ideias. Em O escolhido, meu

conta de muita disciplina, foco e dedicação, está

personagem, Damião, é o responsável por promover

conseguindo cada vez mais papéis em produções

esse meio termo."

importantes, como na série Sentença, da Amazon Prime, que está investindo cada vez mais em projetos

Na série, existe um conflito entre a ciência e as

nacionais. A temporada 1 já está disponível na

crenças, até que ponto você acha que a fé das

plataforma desde abril, e trata de assuntos tão

pessoas é algo admirável e necessário e aonde que isso

relevantes, tanto na série em geral, quanto na vida

se torna perigoso?

apenas do personagem do Pedro. A produção agradou

"Se torna perigoso quando a fé é confundida com

muito o público, ficando entre os top 10 mais assistidos

religião. A fé está dentro do indivíduo, a religião não. E

do streaming no mês de lançamento.

não estou dizendo que a religião é culpada, muito pelo contrário. A religião guiada pela fé é potencializadora.

Pedro Caetano interpreta Rogério, um ex-policial preto

A fé guiada pela religião tem potencial destrutivo. A

e gay, que tem como missão de vida defender minorias.

maioria dos povos ancestrais desta terra cultuavam os

Por conta dos preconceitos diários que sofria,

elementos da natureza e se entendiam como parte do

abandona a carreira para se tornar um advogado,

todo. Algumas religiões nos desconectam do todo, nos

sócio de Heloísa (Camila Morgado), onde defendem os

tornam arrogantes. A fé promove a união."

menos favorecidos.

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Cultura A série criminal, criada por Paula Knudsen, aborda

"Ainda quero realizar muitas coisas. Quero concretizar

temas muito complexos com muita classe. Traumas

minha carreira como ator, investir mais na carreira de

familiares, racismo e homofobia são alguns dos temas

diretor, além de realizar produções em outras línguas e

expostos durante a produção, fazendo com que o

outros países. Já tive a oportunidade de atuar em inglês

público entenda as dores e as frustrações dos

em algumas produções. Quero investir mais nesse lado,

personagens e, além de sofrer junto, ficarem ansiosos

além de produções em espanhol também."

com as reviravoltas da série. Com todos os episódios da primeira temporada já disponíveis, há a antecipação

Feliz e sempre ambicioso, Pedro almeja chegar ainda mais

para uma segunda temporada, já que o último episódio

longe em sua carreira, expandindo também para

terminou deixando um gostinho de quero mais e uma

trabalhos internacionais em outros idiomas, além de ter

pulga gigante atrás da orelha.

pretensões de dirigir produções audiovisuais algum dia. As oportunidades são infinitas para alguém tão disposto a

Esse ano tem previsão de lançamento da série

sempre aprender e a trabalhar duro.

Sentença, da Amazon Prime, certo? Você pode falar um pouco sobre o que podemos esperar e sobre seu personagem.

PENSAMENTOS

"Na série eu interpreto Rogério, um advogado ex-

BRASILEIRO

policial

que

deixou

a

corporação

após

SOBRE

O

AUDIOVISUAL

sofrer

homofobia. Rogério acredita na transformação do

Cada dia que passa o mercado audiovisual brasileiro se

sistema, principalmente para os menos favorecidos, e

expande um pouco mais. Desde a presença em grandes

encontrou no direito uma forma de continuar sua

premiações internacionais até o reconhecimento pela

busca, após sair da polícia. Sua parceria com Heloísa,

qualidade de filmes e séries, o Brasil conquista mais

personagem de Camila Morgado,na investigação do

espaço. O Escolhido é uma representação disso.

assassinato de Nivaldo, seu ex-professor da academia de policia, o leva a um caminho de aprofundamento e

A série de 2019 foi uma das primeiras a aterrissar no

questionamento sobre o funcionamento desse sistema."

catálogo da Netflix, que até então era dominado pelo eixo EUA- Europa. Depois disso, fomos apresentados à

Apesar de já ter realizado feitos incríveis, o que mais

Cidade Invisível, que foca no nosso folclore, O

você almeja pra sua vida e pra sua carreira daqui pra

Mecanismo, cuja trama retrata casos de corrupção, entre

frente? Falando da parte profissional, qual o seu maior

outras obras que não fizeram sucesso apenas no cenário

sonho do momento?

nacional.

Imagens: Divulgação / Netflix

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Cultura

Pedro, por estar dentro desse universo, possui uma visão mais crítica sobre esse momento. Apesar de considerar a importância e o poder do audiovisual brasileiro, o ator acredita que é necessário uma reinvenção de todo o formato, desde a roteirização até o trabalho dos profissionais. Pedro afirma que ainda contamos com uma visão eurocentrista ao criar nossos produtos, confira o que mais ele comentou sobre o assunto e veja que recomendações ele nos dá:

Você acredita que estamos em um momento chave na valorização das nossas produções no mercado nacional e internacional graças a entrada de séries e filmes nos grandes streamings? "Acredito que estamos num momento fundamental que vai definir nosso caminho no mercado internacional. O Brasil é um polo mundial de produções audiovisuais, por sua estrutura, sua diversidade e seu custo, isso pode ser muito bom para o desenvolvimento de qualidade do setor, mas para isso é preciso que as narrativas sejam descentralizadas. É preciso investir em novas histórias, novos

roteiros,

novos

profissionais.

É

preciso

"deseurocentrar" a produção nacional."

Seguindo essa linha e ainda sobre o audiovisual brasileiro, você pode recomendar algumas produções atuais que merecem o play dos telespectadores. Uma série que me toca muito por sua qualidade de realização e pela forma sensível que aborda o tema é “Sob Pressão”. “Cine Holliúdy” também é ótima. E claro, “Sentença” na Amazon Prime.

Cada dia mais, o Brasil domina seu espaço no mercado audiovisual do mundo. Como exemplo mais recente temos “Medida Provisória”, filme de Lázaro Ramos que foi aplaudido pela crítica internacional. E contamos também com outras inúmeras grandes produções que são de grande renome, como o Pedro exemplificou em “Sob Pressão”,série do Globo Play que já conta com 5 temporadas e já foi indicada ao Emmy.

Imagens: Divulgação

Edição Junho / 2022

página 18


P O E S I A

A C Ú S T I C A

5

MÚSICA

SEM FILTRO Edição Junho / 2022

3 A.M página 19


Música

A história de Luccas Carlos e a influência da diversidade da música brasileira. Na história do cantor e compositor, Luccas Carlos conta como a diversidade da música brasileira e sua família influenciou no seu trabalho até os dias de hoje. Praia, mar e música, é a memória mais forte que o cantor e compositor, Luccas Carlos têm sobre a sua infância em família. Ele conta que por ser o mais novo, sentia como uma esponja absorvendo um pouco de tudo e que esses momentos influenciaram o seu mundo na música. Crescido na Tijuca, ele lembra que por volta dos 12 anos, começou a querer compor: “Senti vontade de me expressar e comecei a colocar tudo no papel na hora das aulas. Obviamente nenhum professor aprovava isso, mas eu sabia que eu estava fazendo algo certo pra minha vida.” Aos 16 anos começou a gravar as suas músicas na casa de um amigo, em 2012, lançou o primeiro projeto, um EP de oito músicas com batidas feitas por ele mesmo e rimas. Em 2016, fez uma dobra com Cacife Clandestino e outra canção com PK, sendo as primeiras músicas nas plataformas de streaming Edição Junho / 2022

No início da carreira ele ficou conhecido por fazer refrões e participações em hits, como: Interesseira e Mulher Do Ano XD, da Luísa Sonza e Sem Filtro da IZA. Atualmente na plataforma do Spotify as músicas ultrapassaram a faixa dos 20 milhões, seu single “Sem Ninguém”, foram tocadas 27 milhões de vezes. Além disso, seu repertório com a música na infância contribuiu também para conseguir atuar em diversos gêneros musicais diferentes, ele nos conta: “Eu abracei isso de uma forma muito legal, eu sempre quis ser conhecido, como um cara que permeia por vários lugares e eu acho isso legal. Acho que quem me acompanha entendeu isso com o passar dos anos e abraçou isso também. A pluralidade dos sons é algo que me atrai muito, porque ainda assim, eu consigo manter minha identidade.” página 20


Música Abrindo espaço em sua agenda, Luccas Carlos participou de uma entrevista com a equipe da revista Tropicália para falar um pouco sobre o seu processo de trabalho e seus projetos. Você cresceu muito na indústria musical, não apenas como cantor mas também como compositor, onde você encontra inspiração para compor? “Coisas que me acontecem, coisas que vejo acontecer. Artistas que gosto, artistas que não gosto também haha. Tudo me inspira um pouco, posso ver um filme e me inspirar da mesma forma que seria com um som de alguém.”

Porém, assim como existem os momentos de inspiração, existem aqueles momentos de bloqueios criativos, como você lida com essas situações? "Eu tento relaxar, voltar pra casa e tentar no dia seguinte. Às vezes não rola mesmo e eu respeito muito esses momentos pra não acabar fazendo música ruim, sabe? Sempre tem um outro dia e ele sempre chega com algo melhor."

Você já participou da produção de diversos projetos de outros artistas e hits de sucesso, como Interesseira e Mulher Do Ano XD, da Luísa Sonza e Sem Filtro da IZA, você imaginava que iria trabalhar com tantos artistas? "Imaginava sim, era algo que eu buscava desde o começo. O lance de uma galera grande no brasil sacar meu trabalho que é algo que me impressiona sempre, eu gosto muito de trocar com a galera quando tenho oportunidade de conhecer. Vários artistas que admiro falam comigo pra dizer que gostam do trabalho e isso me deixa muito feliz sempre!"

Atualmente você é um dos principais nomes no R&B aqui no Brasil, mas também contribui para diversos gêneros musicais. Como você busca lidar com essa diversidade, tanto do Brasil quanto do exterior, no seu processo de trabalho? "Acho que é algo inevitável pq muita coisa que a gente reproduz aqui vem de lá. Então não ter nenhuma referência de fora eu acho meio difícil de acontecer, os caras ditam tendência. Eu sou um artista muito influenciado por sons e estéticas que vem de fora."

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página 21


Música Todo o álbum apresenta a trajetória de vida do jovem artista desde sua infância na Tijuca até os dias de hoje em São Paulo. O disco une diversos estilos como gêneros musicais como samba, garage (garagem), trap, voz e violão. Ele conta para a RapMais (R+):

Luccas Carlos e Vitão

"Qual música você diria que foi a mais marcante para você durante a sua carreira até hoje?" "Acho que até hoje, Bilhete 2.0 por ter ido pra rádio e ter me levado pra tv. Gosto muito dela." Atualmente sua música, Bilhete 2.0, é a com o maior número de streams no Spotify, ultrapassando 80 milhões e se tornando a música mais tocada de Luccas Carlos nas plataformas digitais. "No momento, qual vai ser o seu foco na carreira? E quais seus futuros projetos?" "Saiu meu disco JovemCARLOS e agora eu quero focar em lançar tudo que tenho guardado aqui."

“A sonoridade é ampla. Tem tudo que me serviu de referência nesses anos todos de vida. no disco, o pessoal vai ter o Luccas passando por vários universos musicais diferentes. Cantei em cima de instrumentais diferentes, puxei outras referências pro trabalho. Eu sinto que o que as pessoas gostam mais em mim são as melodias e as músicas que eu faço, dessa vez eu quis trazer uma proposta diferente, mas acho que todo mundo vai entender” O cantor já está planejando sua agenda de shows para os próximos meses, tendo como principal dia 15 de julho como show de lançamento do seu disco.

O seu primeiro álbum, "JovemCARLOS", foi lançado na sexta-feira, dia 13 de maio, juntando as influências e vivências de Luccas Carlos na música e na vida. O álbum conta com 10 faixas ao todo, dentre elas, as músicas Pensando Coisas 2 e Incomum que são músicas que já haviam sido lançadas. Além de contar também com colaborações de Lulu Santos, Nave, Willsbife e Chris MC e conta nos créditos de composição do álbum a participação do cantor Vitão nas músicas: Pensando Coisas 2 e Conversa. Edição Junho / 2022

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página 22


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GASTRONOMIA

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U E S E AS RECEITAS Edição Junho / 2022

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página 23


GASTRONOMIA

Culinária brasileira: Comer é um ato político? Falar de cultura é também falar de alimentação. Algo tão simples quanto suprir uma necessidade básica humana, pode ser considerado como manifestação política? Essa pauta pouco levantada à anos ganha um patamar especial nas redes sociais principalmente pela chef Paola Carosella, que vem causando um certo

alvoroço

nos

brasileiros

com

algumas de suas declarações sobre o tema. Afinal, podemos considerar que algo pouco visto de forma séria, de uma hora pra outra, é um ato político? Pensando

então

em

tudo

que

a

alimentação envolve, para algo além de ato

biológico,

impactos

alimentar-se

ambientais,

envolve

sociológicos,

culturais. Planejar atuar de forma mais política na hora de comer envolve muito mais do que a cada quatro anos votar em candidatos combate

que à

almejam

fome,

ajudar

envolve

no

também

pequenos atos no dia a dia que nos levam à comprar comida “de verdade” que não possua

agrotóxicos,

produzida

em

pequena escala, provavelmente ajudando também a girar a economia em casas de pequenos agricultores.

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GASTRONOMIA Bianca Folla (a Chef em Casa), conhecida por suas aparições na televisão e seus eventos gastronômicos realizados na casa de seus clientes, a chef de cozinha que possui a culinária brasileira como sua especialização é também muito fã de brasilidades incorporadas no dia a dia: “comida brasileira é meu berço, é aquilo que consumo primordialmente na minha vida. Nunca pensei em me especializar em nada que não fosse comida do Brasil. É lindo como cada estado possui um toque, um tempero especial que nos faz lembrar do que se é consumido por lá”. Ela também fala um pouco sobre comer enquanto ato de cuidado: “A gente tem sempre que nos preocupar com o antes e o depois daquele alimento que chega na nossa mesa. Pelo o que aquele alimento passou até estar na minha cozinha e o que eu farei com ele para que ele chegue na casa do meu cliente? São coisas que devemos sempre pensar”.

Desperdício de alimentos no Brasil Um levantamento da ONU aponta que o Brasil desperdiça em média 27 milhões de toneladas de alimentos próprios para consumo,

em

contrapartida,

116,8

milhões de pessoas se encontram em situação de insegurança alimentar. A dualidade alimentar brasileira é de fato algo que devemos pensar não só a cada quatro anos, mas a vida toda, em pequenas escolhas e prestando cada vez

mais

atenção

naquilo

que

ingerimos, afinal, somos aquilo que consumimos, e consumimos aquilo que podemos

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QUEM SOMOS?

EQUIPE

TROPICALIA - Bárbara Kazue (125111353421) - Gustavo Lanfranchi (125111354105) - Julia Nicioli (125111370812) - Leticia Charabe (125111344674) - Pedro Abner (125111377508) - Pedro Pupulim (125111369439) - Sara Miyazaki (125111344674) - Victoria Paschalis (125111365854) - Vittoria Miguez (125111354156)



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