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A Estratégia dos Oito Panoramas de Wang Hong
Paulo Maia e Carmo
CHAO BUZHI (1053-1110), o poeta e funcionário erudito que fazia parte do grupo dos que se opuham às reformas de Wang Anshi (1021-86), escreveu no vigésimo dia do quarto mês de 1086, numa hoje perdida pintura de Wang Wei intitulada Apanhando peixe, o seguinte comentário:
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«Era um poeta admiravelmente subtíl, por isso as suas pinturas possuem uma abundância de ideias. As pessoas que, agora, tentem emular os seus gestos na escrita ou em pinturas não serão bem-sucedidas. Esta pintura leva-me a pensar nas palavras do homem de Chu: “As filhas do imperador Yao desceram da margem Norte. Os seus olhos nublados de ansiedade viraram-se para mim acenando, ah o vento do Outono; Ondas do Lago Dongting, ah! As folhas que caem das árvores.” Pensando nisto, as suas palavras como esta pintura, parecem trazer-me o Lago Dongting e os rios Xiao e Xiang para diante dos meus olhos.»
A referência a folhas caindo das árvores (luo ye) usada por Wang Wei num poema, era uma citação de uma (Xiang furen) das Nove Canções atribuídas a Qu Yuan (c.340-278 a.C.) das Canções do Sul (Chuci) e uma reconhecida metáfora da ideia de homens de valor ignorados pelas autoridades.
E a paisagem plana, onde confluíam os rios Xiao e Xiang, tornar-se-ia com Song Di (c.1015-c.1080) outro enviado para fora da capital, numa fórmula visual construída como um poema regulado de oito linhas (lushi) ou como sofisticada resposta dos homens de cultura, aludindo ao esquema do exército de pedra em formação de oito (Shibing bazhen) com que o estratega Zhuge Liang (181-234) imaginou um labirinto recorrendo apenas às condições naturais do terreno.
Na ausência das pinturas de Song Di, a mais antiga figuração canónica completa desse lugar que existiu para lá da sua descrição física, consta de uma pintura feita cerca de 1150.
Wang Hong é recordado pelo seu labor entre c.1131 e c.1161 e para além dessa pintura, não se conhecem dele outros detalhes biográficos senão que era natural de Sichuan. Dois rolos horizontais guardados no Museu de Arte da Universidade de Princeton (tinta e cor sobre seda, c. 23,4 x 90,7 cm, cada um) intitulados Oito vistas dos rios Xiao e Xiang (XiaoXiang bajing) exibem a sua interpretação desse lugar de exílio involuntário de homens de cultura, o «confinamento administrativo» dito anzhi, «deixados em paz».
Se ao longo da dinastia Song do Sul se irá notar uma figuração cada vez mais aplanada e suave dessa região a Sul do Lago Dongting, como no rolo horizontal que está no Museu Nacional de Tóquio, Jornada de sonho à região de Xiao e Xiang (XiaoXiang woyou, tinta sobre papel, 30,3 x 400,4 cm) aqui, ainda as linhas horizontais dos rios e das margens convivem com imponentes montanhas como num lamento melancólico de quem sabe de forças poderosas mas que encontrou à sua volta, com engenho, uma saída de infinitas possibilidades.
COVID-19 FIM DE TESTES PARA PASSAGEIROS ORIUNDOS DE PORTUGAL PASSAGEIROS
com destino à China oriundos de Portugal não terão mais que apresentar um teste de ácido nucleico negativo para a covid-19 ao embarcar, a partir de hoje, informou ontem a embaixada chinesa em Lisboa.
“Face ao desenvolvimento da situação epidémica e à necessidade de facilitar as trocas de pessoal, a partir de 15 de Março de 2023, os passageiros dos voos directos de Portugal para a China estão autorizados a usar testes antigénio (incluindo autoteste), em vez de testes de ácido nucleico”, lê-se no comunicado, publicado em chinês, no portal da embaixada.
Portugal integra assim uma lista de 32 países a partir de onde não é preciso mais apresentar um teste PCR negativo para o vírus ao embarcar para a China.
Na sexta-feira passada, as autoridades chinesas incluíram também Portugal num segundo lote de países para onde vão permitir a realização de viagens de turismo em grupo.
No início de Fevereiro, Pequim voltou a permitir o turismo em grupo para cerca de 20 países, incluindo destinos como Tailândia ou Indonésia. A partir de 15 de Março, os turistas chineses que viajarem em grupos organizados poderão visitar mais 40 países, incluindo ainda Brasil, França ou Espanha.
Mais de 385 mil chineses visitaram Portugal em 2019, o ano antes da pandemia. Os turistas oriundos da China gastaram, no total, 224 milhões de euros no país, um crescimento de 20 por cento, face a 2018.