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Caminhos arriscados
NUCLEAR AVISOS À AUSTRÁLIA, EUA E REINO UNIDO APÓS ACORDO SOBRE SUBMARINOS
Energia Novo Impulso No Investimento Em Carv O
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Aconstrução de novas centrais energéticas a carvão quase estagnou desde o Acordo de Paris para combater as alterações climáticas, mas a tendência é ameaçada por um novo impulso a este tipo de energia na China, revela um estudo publicado ontem.
Segundo o grupo de reflexão E3G, em Janeiro de 2023 estavam planeados a nível mundial 347 gigawatts (GW) de capacidade de produção de energia com recurso a carvão, dos quais a China representa
72 por cento, um aumento relativamente aos 66 por cento em Julho de 2022.
Os outros países com centrais a carvão planeadas são a Índia e a Indonésia. A capacidade de produção de centrais a carvão projectadas fora da China diminuiu 84 por cento para menos de 100 GW pela primeira vez desde 2015.
Para este cenário, contribui o facto de não existirem novas centrais de carvão propostas na América do Norte ou na União Europeia. Mas a China reagiu ao aumento do custo do gás natural dos últimos meses com uma nova aposta na energia carbonífera na segunda metade de 2022.
Belinda Schäpe, uma das autoras do estudo, desafiou Pequim a dar o exemplo no combate às alterações climáticas e à transição para as energias renováveis.
“Garantir a segurança energética da China através de mais capacidade de carvão é uma ilusão. À medida que o mundo vira as costas ao carvão, a China tem pouco a ganhar em se agarrar ao mais sujo dos combustíveis fósseis”, avisou.
Leo Roberts, outro dos autores, congratulou-se por quase todos os países e regiões do mundo terem abandonado planos para novas centrais eléctricas a carvão. “Este é um enorme passo para manter o aquecimento global abaixo de 1,5 Celsius”, afirmou.
O Acordo de Paris determinou como meta limitar o aquecimento global a 2 graus celsius (ºC), e se possível a 1,5ºC, acima dos valores médios da época pré-industrial.
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AChina avisou ontem que os Estados Unidos, Austrália e Reino Unido continuam num “caminho errado e perigoso”, após Camberra anunciar a compra de submarinos norte-americanos movidos a energia nuclear para modernizar a sua frota.
O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Wang Wenbin disse que o acordo, designado AUKUS – acrónimo para Austrália, Reino Unido e Estados Unidos – é resultado de uma “mentalidade típica da Guerra Fria” que “vai apenas motivar uma corrida armamentista, prejudicar o regime internacional de não-proliferação nuclear e prejudicar a estabilidade e a paz regional”.
“A última declaração conjunta emitida pelos EUA,
Reino Unido eAustrália mostra que os três países estão a seguir um caminho errado e perigoso para os seus próprios interesses geopolíticos, ignorando completamente as preocupações da comunidade internacional”, disse Wang, em conferência de imprensa.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, voou para San Diego, no estado da Califórnia, para se encontrar com o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, e o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak. Os três líderes saudaram a parceria nuclear que vai dar à Austrália acesso a submarinos movidos a energia nuclear, que são mais furtivos e mais capazes do que navios movidos convencionalmente.
A medida é vista como resposta ao crescente múscu- lo militar da China na região da Ásia Pacífico.
Biden enfatizou que os navios não vão transportar armas nucleares de nenhum tipo. Albanese disse que não acha que o acordo seja susceptível de azedar o relacionamento entre a Austrália e a China.
Wang repetiu as alegações da China de que o AUKUS representa um “grave risco de proliferação nuclear” e uma “violação do objecto e propósito do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares”.
“Os três países afirmam que cumprirão os mais altos padrões de não-proliferação nuclear, o que é puro engano”, disse Wang, acusando os três de “coagir” a Agência Internacional de EnergiaAtómica a dar a sua aprovação.
Pactos desagradáveis
O AUKUS é um dos vários acordos e parcerias de segurança liderados pelos Estados Unidos que provocaram a ira da China.
Juntamente com a Rússia, a China denunciou também o Quad, uma aliança militar que incluiAustrália, Índia, Japão e Estados Unidos, cujos ministros dos Negócios Estrangeiros afirmaram, no início deste mês, que pretendem ser uma alternativa à China.
A China também foi abalada por um acordo entre Washington e as Filipinas, que dá às forças dos EUA maior acesso às bases filipinas ao longo do que é designada “primeira cadeia de ilhas”, a chave para a China projectar o seu poder na região.