Ano 21 Edição 118 JUL•AGO•SET 2016
DOENÇA DE PARKINSON: EXERCITAR O CÉREBRO É A FORMA MAIS INTELIGENTE DE RETARDAR OS SINTOMAS
Tudo começa pelas suas mãos
PÁG. 6
Cuidados Paliativos: o paciente em primeiro lugar
PÁG. 10
A importância da participação da família nas Unidades de Terapia Intensiva PÁG. 20
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EXPEDIENTE
Foto: Fabiane Moraes
EDITORIAL
EVOLUÇÃO: UM COMPROMISSO DO HSC BLUMENAU por Maciel Costa Diretor-superintendente
MAIS DO QUE FALAR sobre tudo o que o Hospital Santa Catarina de Blumenau tem feito para evoluir, quero convidar você para um momento de reflexão sobre este tema. O que é evoluir? O que você tem feito para que isso aconteça ao seu redor? Você é uma pessoa que busca constantemente evoluir?
A Revista Essência é uma publicação do Hospital Santa Catarina de Blumenau. Diretorsuperintendente: Maciel Costa. Diretor Técnico: Mário Celso Schmitt - CRMSC:1538 - RQE:1221. Projeto Gráfico: Seven Comunicação Total. Jornalista Responsável: Fabiane Moraes SC 4152. Foto de Capa: Banco de Imagem. Redação: Rua Amazonas, 301, Bairro Garcia, Blumenau – SC, CEP 89020-900, tel.: (47) 3036-6034, e-mail: fabiane.moraes@hsc.com.br. Conselho Editorial: Maciel Costa, Ernandi D. S. Palmeira, Maurício de Andrade, Mário Celso Schmitt, Genemir Raduenz, Sirlete Aparecida Leite Krug. Anúncios: Luciane Mello, tel.: (47) 3036-6141, e-mail: luciane. mello@hsc.com.br. Impressão: Tipotil Gráfica e Editora Ltda. Tiragem: 3 mil exemplares. A Redação não se responsabiliza pelos conceitos emitidos em artigos assinados.
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NESTA EDIÇÃO
Do ponto de vista conceitual, evoluir é transformar, evolver, evolucionar, progredir. Para o HSC Blumenau, no entanto, evoluir é mais. Evoluir é ir além, é surpreender. É inovar, é melhorar, é crescer, mas sem perder o foco do que é mais importante para nós: a saúde.
05 • COM LEVEZA
Ao longo dos nossos 96 anos, foram muitos os desafios. Muitos projetos, muito investimento em tecnologia, infraestrutura e nas pessoas. Agora, em 2016, uma recente e grandiosa conquista: a Unidade C3. Uma nova Unidade de Internação com 15 suítes automatizadas e planejadas com o que há de mais moderno em hotelaria hospitalar e humanização.
08 • EM QUESTÃO
Mas entendemos que isso não é tudo. E, partindo do conceito adotado pelo Hospital, isso ainda não nos basta! Queremos ir além das fronteiras físicas e de assistência do ambiente Hospitalar. Queremos entrar na vida das pessoas e fazê-las refletir. Queremos mais saúde. Mais amor. Mais felicidade. Mais reflexão. Mais contato com a natureza. Mais sorrisos. Mais elogios. Mais calma e menos estresse. Mais paz de espírito e menos ansiedade. Mais rodas de amigos e jantares em família e menos grupos nas redes sociais. Mais a pureza da inocência e menos da malícia da “esperteza”. Mais de tudo aquilo que faz bem para alma e menos do que nos faz mal. Qual o sentido da vida? Do que você precisa para ser feliz, senão viver bem e feliz? Repleto de tudo o que lhe faz bem. Esse é o segredo para ter saúde. Um grande abraço, Maciel Costa.
Chega de dores na pernas!
06 • EM QUESTÃO
Tudo começa pelas suas mãos Sete atitudes para evitar a asma
10 • EM QUESTÃO
Cuidados Paliativos: o paciente em primeiro lugar
12 • CAPA
Doença de Parkinson: exercitar o cérebro é a forma mais inteligente de retardar os sintomas
16 • DIÁLOGO ABERTO Com Francisco Balestrin
18 • INTERNAS 20 • ARTIGO
A importância da participação da família nas Unidades de Terapia Intensiva
22 • CRÔNICA
HSC BLUMENAU 1978
05 COM LEVEZA
CHEGA DE DORES NAS PERNAS! por Fabiane Moraes
DORES NAS PERNAS, depois de um longo dia de trabalho, é uma queixa muito comum entre homens e mulheres. Mas o que fazer para aliviar as dores e melhorar a qualidade de vida? A melhor forma de aliviar as dores e a sensação de cansaço é estimular a circulação sanguínea. Veja como. Use meias elásticas: O uso de meias compressivas elásticas ajuda o sangue a subir em direção ao coração. Converse com o seu médico e veja qual a melhor opção para o seu caso. Faça exercício físico: Os músculos da panturrilha desempenham um papel fundamental no retorno do sangue ao coração, funcionando quase como um "2º coração". Por isso a prática de exercícios que trabalham esses músculos, como caminhar ou andar de bicicleta, melhora a circulação sanguínea e alivia as dores nas pernas. Alterne as atividades ao longo do dia: Quem trabalha sentado deve se levantar, a cada duas horas no mínimo, para movimentar os músculos das pernas e alternar sua postura. Já, para quem trabalha o tempo todo em pé, a dica é caminhar um pouco entre uma atividade e outra e, se possível, optar por
atividades que possa fazer sentado durante algumas horas ao dia. Eleve as pernas: Deite de barriga para cima e coloque um ou mais travesseiros embaixo dos pés para que eles fiquem mais altos do que os quadris, deixando as pernas elevadas durante 20 minutos, todos os dias. Essa medida favorece a melhora do fluxo sanguíneo, trazendo alívio das dores, do peso e do cansaço. Associe movimentos dos tornozelos à flexão e extensão e a movimentos circulares. Isso aumenta a eficiência do bombeamento circulatório. Perca peso: Quanto maior a circunferência abdominal, maior será a dificuldade do sangue em voltar para o coração, o que aumenta as dores nas pernas. Então, alimente-se bem e mantenha o peso em dia. Diminua a frequência dos sapatos de salto alto: Os sapatos de salto alto mantêm os tornozelos em posição fixa, e isso limita o estímulo circulatório. Evite sentar com as pernas cruzadas: As pernas cruzadas também dificultam o retorno da circulação, por isso posturas como essas devem ser evitadas no dia a dia.
FONTE: Cláudia Wanderck, fisioterapeuta da Long Life.
06 EM QUESTÃO
TUDO COMEÇA PELAS SUAS MÃOS por Fabiane Moraes
O álcool em gel e a boa e velha dupla da água e sabão são muito eficazes quando o assunto é livrar-se dos microrganismos.
VÍRUS, fungos e bactérias estão por toda parte. Na sua casa, na rua, nas escolas e nos Shoppings. Todos os lugares que frequentamos, acredite, estão recheados desses indesejáveis microrganismos. E nós temos um papel fundamental nos cuidados para evitar doenças deles decorrentes. A começar pela higiene de nossas mãos, que são responsáveis pela transmissão de mais de 80% das doenças infecciosas. Ou seja, grande parte daquelas viroses que surgem de repente pode ser fruto de um descuido na hora de higienizar as mãos. De acordo com o médico infectologista do Hospital Santa Catarina de Blumenau, Dr. Amaury Mielle Filho, o ideal é que as mãos sejam higienizadas sempre. “Depois de assoar o nariz, espirrar, antes de manusear alimentos e preparar refeições, após mexer com dinheiro, antes e também depois de cuidar de ferimentos, após mexer no lixo e no jardim, entre tantos outros momentos”, diz. Higienizar as mãos − algo aparentemente tão simples − é, na verdade, um grande gesto, capaz de prevenir inúmeras doenças e salvar milhares de vidas. “O álcool em gel e a boa e velha dupla da água e sabão são muito eficazes quando o assunto é livrar-se dos microrganismos”, destaca. CUIDADO REDOBRADO Nos hospitais, essa realidade é ainda mais delicada, pois os pacientes internados possuem o sistema de defesa do organismo mais debilitado. Isso significa que é muito maior a chance de um vírus, como o de uma simples gripe, ter um resultado mais agressivo. Segundo Dr.
07 EM QUESTÃO
Amaury, estima-se que 1 a cada 25 pacientes que passam por internação hospitalar possa adquirir uma infecção associada à falta de alguns cuidados com a saúde. “Em 2011, apenas nos Estados Unidos, 75 mil pacientes morreram de complicações ligadas a essas infecções”, adverte. A higiene das mãos é considerada uma importante ferramenta para diminuir os índices de infecção hospitalar. Desde 1975, o CDC - Centers for Disease Control and Prevention - passou a publicar guias para orientar os profissionais de saúde sobre a higienização correta de suas mãos: inicialmente com água e sabão, embora múltiplos estudos tenham demonstrado a eficácia de dispositivos contendo álcool, o que facilita bastante a prática. Para a enfermeira do Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde do Hospital Santa Catarina de Blumenau, Caroline Lazzarini, mesmo que, para algumas pessoas, a higienização das mãos pareça um ato simples, o não cumprimento disso pelos profissionais de saúde ainda é um desafio no controle de infecção. “De modo geral, estima-se que a higienização das mãos ocorra em apenas 40% das oportunidades”, avalia. Na opinião da enfermeira, avaliar a adesão à higiene das mãos é crucial para se estabelecerem medidas de estímulo aos profissionais. “A observação direta durante a prática do trabalho permanece como o padrão, mas tem seus desafios, pois exige investimentos de tempo e custo, além de avaliar somente um pequeno número de oportunidades
para higienizar as mãos e correr o risco de causar o chamado efeito Hawthorne (quando o profissional sabe que está sendo observado, passa a praticar a medida mais frequentemente)”, completa. Assim, para incentivar a prática e melhorar cada vez mais a adesão à higienização das mãos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) propôs, em 2005, a aliança mundial para segurança do paciente com o lema “Uma assistência limpa é uma assistência segura”. Em 2007, o Brasil foi incluído nessa aliança, e a parceria entre a OMS e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) promoveu ações visando à segurança do paciente com base nas boas práticas e evidências. Desde então, o Hospital Santa Catarina de Blumenau participa, anualmente, do Desafio Global de Higienização das Mãos e reforça com sua equipe a importância do assunto. De acordo com o Dr. Amaury, além do desafio global, mensalmente são mensurados indicadores relacionados à adesão da higienização das mãos, conforme Protocolo Integrante do Programa Nacional de Segurança do Paciente. Estes são: o de adesão à higienização das mãos observando-se os cinco momentos preconizados pela OMS, o de consumo de álcool gel para as mãos e o de consumo de sabonete. “Os indicadores citados acima são discutidos e analisados continuamente. E, sempre que necessário, são elaborados planos de ação que contemplem a melhoria do processo e a segurança do paciente, dos colaboradores e de todos os que circulam por dentro do hospital”, destaca o médico infectologista.
De modo geral, estima-se que a higienização das mãos ocorra em apenas 40% das oportunidades.
5 momentos
OS PARA HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS NAS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE.
=
1. Antes do contato com o paciente; 2. Antes da realização de procedimento asséptico; 3. Após risco de exposição aos fluidos corporais; 4. Após contato com o paciente; 5. Após contato com as áreas próximas ao paciente. Fonte: Organização Mundial de Saúde
08 EM QUESTÃO
SETE ATITUDES PARA EVITAR A ASMA por Fabiane Moraes
09 EM QUESTÃO
NO BRASIL, aproximadamente, 16 milhões de pessoas sofrem de asma. Causada por uma inflamação nos brônquios (“tubos” que conduzem o ar pelos pulmões), a asma possui sintomas como: chiado no peito, tosse e dificuldade para respirar. Apesar de ser uma doença crônica e sem cura, é durante o inverno que ocorrem as complicações. De acordo com o pneumologista do Hospital Santa Catarina de Blumenau, Dr. Eduardo Menezes Lopes, as crises são causadas, na maioria das vezes, por infecções das vias respiratórias, especialmente de origem viral. “Outras causas como: exposições ambientais a gases ou fumaças irritativas, uso de algumas medicações ou contato com substâncias alérgenas como poeira e mofo também podem desencadear o problema”, aponta. Entretanto, segundo o pneumologista, alguns cuidados simples podem evitar as crises. Confira.
O tecido adiposo produz substâncias inflamatórias que afetam a musculatura dos brônquios e pioram o quadro asmático. 4. EXERCITE-SE COM CUIDADO Mexa-se. Não há nenhuma contraindicação para a realização de atividades físicas. Ao contrário, a prática regular de exercícios auxilia significativamente no controle da doença. Mas, antes de começar, procure orientação médica e descubra qual é o exercício ideal para você e como realizá-lo. 5. INVESTIGUE AS POSSÍVEIS ALERGIAS A exposição ambiental a substâncias alérgicas ao paciente é uma causa de descompensação do quadro. Por isso, conhecendo as alergias, é possível evitar a exposição ao agente e prevenir as crises.
1. NÃO TRATAR APENAS A CRISE O primeiro e mais importante cuidado é lembrar que o tratamento da asma deve ser contínuo. Esse tratamento consiste em acompanhamento médico regular e, nos casos de asma persistente, o uso de medicações. As medicações são seguras, evitam as crises e não permitem um declínio da função pulmonar que ocorre em asmáticos sem tratamento adequado. Portanto, se for recomendado, utilize os medicamentos de forma contínua e sem medo.
6. CUIDE DA HIGIENE Mofo, pelos de animais, insetos, ácaros e poeira domiciliar devem ser evitados. Lavar com maior frequência as roupas de cama e deixá-las secar ao sol também é muito importante. Em pessoas mais sensíveis, recomenda-se o uso de capas de colchão e fronhas antiácaros. Além disso, optar por piso, em vez de carpete e tapetes, é uma ótima opção. O controle da umidade com uso de desumidificadores também pode auxiliar.
2. INVISTA NA VACINA DA GRIPE Os vírus respiratórios são os principais desencadeadores das crises. Por isso tomar a vacina da gripe pode ajudar a controlar a doença.
7. CUIDADO COM O USO DE ALGUMAS MEDICAÇÕES Algumas medicações podem desencadear crises de asma em pessoas sensíveis. Dentre essas medicações, as mais frequentes são os medicamentos anti-inflamatórios não hormonais (p. ex.: ácido acetilsalicílico, diclofenaco e ibuprofeno).
3. ENTRAR EM FORMA Existe uma série de evidências científicas em que a redução do peso auxilia no controle da asma.
10 EM QUESTÃO
CUIDADOS PALIATIVOS: O PACIENTE EM PRIMEIRO LUGAR por Fabiane Moraes
O ALÍVIO do sofrimento, o controle da dor e dos sintomas, a compreensão do estado emocional do doente e o de seus familiares, a busca pela autonomia e a luta pela manutenção de uma vida ativa enquanto houver possibilidade. Esses são alguns dos princípios dos Cuidados Paliativos, uma área da medicina ainda pouco compreendida pela a maioria das pessoas. E você, leitor(a) o que entende por Cuidados Paliativos? Os Cui-
dados Paliativos foram definidos pela Organização Mundial de Saúde, em 2002, como uma abordagem ou tratamento que melhora a qualidade de vida de pacientes e familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida. A missão da medicina paliativa é assegurar o conforto e, portanto, a dignidade da vida. O foco do cuidado não está na doença e sim na pessoa – respeitando sua biografia e autonomia. O Código de Ética Médica, inclusive, estabelece que, em “situações clínicas irreversíveis e terminais, o médico evitará a realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários e propiciará aos pacientes sob a sua atenção todos os cuidados paliativos apropriados”. Tudo isso faz com que um número crescente de Instituições de Saúde invista na área de Cuidados Paliativos com equipe multiprofissional que inclui médicos de várias especialidades, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, fonoterapeutas e
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11 EM QUESTÃO
Há 26 anos a Bucco Assessoria e assistente espiritual. A principal tarefa dessa equipe é proporcionar ao paciente e seus familiares uma assistência abrangente com controle impecável dos sintomas físicos, sociais, emocionais e espirituais.
O cuidado paliativo ganha mais expressão e importância para o doente à medida que o tratamento modificador da doença (em busca da cura) perde sua efetividade. QUANDO INICIAR OS CUIDADOS PALIATIVOS? De acordo com a médica geriatra e especialista em Cuidados Paliativos do Hospital Santa Catarina de Blumenau, Dra. Lidiane Cristina Nitsche, as ações paliativas têm início já no momento do diagnóstico e se desenvolvem de forma conjunta com as terapêuticas. O cuidado paliativo ganha mais expressão e importância para o doente à medida que o tratamento modificador da doença (em busca da cura) perde sua efetividade. Na fase final da vida, eles
são imperiosos e perduram no período do luto, de forma individualizada. Aqui, no Hospital Santa Catarina de Blumenau, o grupo de Cuidados Paliativos existe desde 2014, embora só tenha sido oficializado em abril deste ano. Segundo a Dra. Lidiane, responsável por coordenar o grupo no Hospital, juntamente com a psicóloga Roberta Ulrich, as reuniões ocorrem todas as sextas-feiras e tem como intuito desmistificar o tema, fazer treinamento de equipe e discutir os casos dos pacientes internados. “As reuniões duram aproximadamente duas horas e contam com a participação de toda a equipe multidisciplinar do Hospital. Os encontros são abertos aos profissionais que trabalham no Hospital e têm interesse em aprimorar o cuidado às pessoas com doenças crônicas, progressivas e que ameacem a manutenção da vida”, destaca a médica. O grupo também é responsável pela organização de eventos que tenham o objetivo de capacitar, aperfeiçoar e instituir uma cultura mais efetiva relacionada aos Cuidados Paliativos no Hospital. O II Workshop de Cuidados Paliativos do HSC Blumenau já está programado para o dia 30 de setembro de 2016, com a participação de profissionais renomados na área.
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12 CAPA
DOENÇA DE PARKINSON: EXERCITAR O CÉREBRO É A FORMA MAIS INTELIGENTE DE RETARDAR OS SINTOMAS Um distúrbio neurológico, progressivo e degenerativo que afeta, principalmente, o movimento e não escolhe raça, sexo ou idade, embora acometa mais as pessoas idosas. por Fabiane Moraes
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TREMORES, lentidão e diminuição dos movimentos voluntários, enrijecimento muscular e falta de equilíbrio. Esses são os principais sinais da Doença de Parkinson. Um distúrbio neurológico, progressivo e degenerativo que afeta, principalmente, o movimento e não escolhe raça, sexo ou idade, embora acometa, predominantemente, pessoas idosas. De acordo com o neurocirurgião funcional Dr. Humberto Kluge Schroeder, o Mal de Parkinson ocorre devido à perda de neurônios do Sistema Nervoso Central, particularmente de uma região conhecida como substância negra. “Com a perda dessas células nervosas, há uma diminuição intensa da produção de dopamina, uma substância química que ajuda na transmissão de mensagens entre as células nervosas. Sem ela, o controle motor adequado é perdido, o que
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afeta os movimentos”, afirma Dr. Schroeder. Com o envelhecimento, segundo o neurocirurgião do Hospital Santa Catarina de Blumenau Dr. Cézar Massaru Guiotoku, as pessoas apresentam morte progressiva das células nervosas que produzem a dopamina. Algumas, entretanto, perdem essas células num ritmo muito acelerado e, assim, acabam por manifestar os sintomas da doença. “Não se sabe exatamente quais os motivos que levam a essa perda progressiva e exagerada de células nervosas, admite-se apenas que mais de um fator deva estar envolvido no desencadeamento da doença. Esses fatores podem ser genéticos e ambientais”, explica Dr. Guiotoku. Conforme o neurocirurgião, embora alguns genes relacionados com a ocorrência da Doença de Parkinson já sejam conhecidos, ela não é uma doença hereditária. Ou seja, ainda não há como definir um risco real de que filhos de pacientes que sofrem com o problema irão desenvolver a doença. “Os genes que favorecem o desenvolvimento da doença devem agir, possivelmente, de forma indireta juntamente com outros fatores”. SINTOMAS, CAUSAS E DIAGNÓSTICO O quadro clínico da doença é composto basicamente de quatro sinais cardinais: tremores, bradicinesia ou acinesia (lentidão ou diminuição dos movimentos voluntários), rigidez (enrijecimento dos músculos, principalmente no nível das articulações) e instabilidade postural (dificuldades relacionadas ao equilíbrio, com quedas frequentes).
Segundo o neurologista do Hospital Santa Catarina de Blumenau Dr. Marcus Vitor Oliveira, os sinais, na maioria das vezes, começam com os tremores em uma das mãos. No entanto, não é necessário que todos esses elementos estejam presentes. Geralmente, dois deles já são suficientes para o diagnóstico de Síndrome Parkinsoniana ou Parkinsonismo, que pode ou não ser causada pela Doença de Parkinson. “A principal causa da síndrome – em 70% dos casos - é a própria doença de Parkinson. Os demais casos têm relação com outras enfermidades e condições clínicas, como o uso de determinados medicamentos para vertigens e tonturas, doenças psiquiátricas e hipertensão arterial”, destaca Dr. Oliveira. Portanto, quando o médico faz menção ao parkinsonismo ou a Síndrome Parkinsoniana, ele não está necessariamente se referindo à doença, mas sim aos sinais, que precisarão ser investigados através de consultas com neurologistas e exames complementares de imagens como a Tomografia Computadorizada e a Ressonância Magnética.
de abotoar um botão da camisa ou a perda súbita ou inexplicável de equilíbrio. Esses são os primeiros indícios da falta de comunicação dos neurônios cerebrais com alguns músculos do corpo. O estágio dois afeta ainda mais os movimentos, sobretudo, o das mãos. É nessa fase que muitos casos são confirmados clinicamente. Em seguida, a Doença de
A maior parte dos medicamentos não apresenta mais o efeito esperado, e a perda da memória se manifesta de forma intensa.
AS CINCO FASES DA DOENÇA Os primeiros sintomas geralmente aparecem de forma lenta e gradual. O estágio inicial da enfermidade se relaciona com o comprometimento de tarefas motoras como a
Parkinson atinge a chamada fase três, quando o paciente começa a apresentar músculos rígidos e dificuldade em permanecer em pé por muito tempo. “Ao não conseguir dominar os próprios movimentos, quem tem Parkinson acaba obrigado a ser assistido 24 horas por dia por um(a) enfermeiro(a) ou ajudante”, explica o neurologista. Ainda assim, a doença evolui para o estágio cinco, uma fase terminal em que os neurônios perdem quase que totalmente a conexão com os músculos do corpo. É nesse estágio terminal da doença que muitos pacientes perdem a razão. Nessa fase, a maior parte dos medicamentos não apresenta
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mais o efeito esperado, e a perda da memória se manifesta de forma intensa. Já não é possível recordar nomes de familiares nem se lembrar de situações que ocorreram no passado recente. O resultado, em muitos casos, é a demência, outro fator que acomete pacientes nessa fase. TRATAMENTO Mesmo que ainda não existam medicamentos capazes de curar ou evitar a degeneração das células nervosas, a Doença de Parkinson é tratável, e seus sintomas, na maioria das vezes, respondem de forma satisfatória às medicações. De acordo com Dr. Oliveira, os medicamentos utilizados no tratamento da Doença de Parkinson são sintomáticos, ou seja, eles repõem parcialmente a dopamina que está faltando e, desse modo, melhoram os sintomas da doença. “Esses medicamentos devem
ser usados por toda a vida ou, pelo menos, até que surjam tratamentos mais eficazes”, completa o neurologista. Conforme Dr. Guiotoku, há diversos tipos de medicamentos disponíveis, que devem ser usados em combinações adequadas para cada paciente e fase da evolução da doença, além de técnicas cirúrgicas, dependendo do caso. “O tratamento adjuvante com fisioterapia e fonoaudiologia, assim como suporte psicológico e nutricional também são recomendados, tendo em vista que o principal objetivo do tratamento é reduzir o prejuízo funcional decorrente da doença”, aponta. TRATAMENTO CIRÚRGICO A Terapia de Estimulação Cerebral Profunda (Deep Brain Stimulation - DBS) para a Doença de Parkinson é uma terapia que oferece um tratamento eficiente, ajustável (os parâmetros de estimulação podem ser periodicamente ajustados pelo seu médico para satisfazer suas necessidades específicas) e, se necessário, reversível (o sistema pode ser desligado ou removido). A terapia utiliza um dispositivo implantado, semelhante a um marca-passo, para fornecer estimulação elétrica às regiões precisamente almejadas dentro do cérebro. A estimulação dessas regiões bloqueia os sinais que causam
os sintomas motores incapacitantes da doença. O resultado disso, segundo o Dr. Schroeder, “é que muitas pessoas conseguem ter maior controle sobre seus movimentos corporais”. A primeira cirurgia para implante de eletrodos foi realizada em pacientes com doença de Parkinson há quase duas décadas. Desde então, milhares de pacientes se beneficiaram dessa técnica. “Mais de 150 mil pessoas em todo o mundo já foram submetidas à cirurgia para implantação do marca-passo cerebral, e cerca de 80-90% dos pacientes apresentaram melhora significativa dos sintomas”, afirma Dr. Schroeder. Os riscos da Terapia DBS podem incluir os riscos de cirurgia, efeitos colaterais ou complicações com o dispositivo. “A implantação de um sistema neuroestimulador carrega os mesmos riscos associados a qualquer cirurgia cerebral. Muitos efeitos colaterais relacionados à estimulação podem ser controlados ajustando-se a configuração de estimulação”, adverte Dr. Schroeder. PREVENÇÃO Como já acontece em muitas doenças, não existe uma maneira segura de prevenir o Mal de Parkinson, porém há algumas atitudes que podem retardar o aparecimento dos sintomas. Levar uma vida saudável, praticar atividades físicas e fazer coisas que estimulem o intelecto como ler, escrever, ouvir músicas, assistir noticiários podem ajudar na prevenção.
16 DIÁLOGO ABERTO
com
FRANCISCO BALESTRIN Desde a sua fundação, em maio de 2001, a Associação Nacional de Hospitais Privados – Anahp evoluiu muito. Hoje são 80 membros, em três diferentes categorias, e várias iniciativas que se tornaram referência no mercado de saúde. Francisco Balestrin, presidente do Conselho de Administração da Anahp, fala sobre o surgimento da Instituição, os avanços e os desafios dos Hospitais privados diante do atual cenário econômico. 1. QUANDO E COMO SURGIU A ANAHP? QUAIS ERAM OS PRINCIPAIS INTERESSES? Balestrin - Há 15 anos, o sistema privado de saúde vivia um momento conturbado. As operadoras não possuíam um padrão de atuação, e cada empresa definia seu próprio modelo de relacionamento com o mercado. A partir desse panorama, um grupo de hospitais privados, que enfrentava problemas similares em relação aos desafios setoriais, reuniu-se, em maio de 2001, para compartilhar experiências e buscar soluções. Após várias discussões, os 23 hospitais presentes chegaram à conclusão que precisavam instituir um órgão para defender os interesses e necessidades do setor e expandir as melhorias alcançadas pelas instituições privadas para além das fronteiras da saúde suplementar, favorecendo a todos os brasileiros. O desejo desses hospitais tornou-se realidade: nasceu a Anahp − em maio de 2001, durante o Brasil Top Hospital, 1º Fórum Nacional de Hospitais Privados − constituída por meio da
Foto: Arquivo Anahp
17 DIÁLOGO ABERTO Carta de Brasília, documento que reúne as diretrizes, objetivos e o espírito da Associação. 2. DESDE A SUA FUNDAÇÃO, A ANAHP É RECONHECIDA POR DEFENDER OS INTERESSES E AS NECESSIDADES DOS HOSPITAIS PRIVADOS. OS SEMINÁRIOS REALIZADOS ANUALMENTE SÃO EXEMPLOS DISSO. QUAL O TEMA DOS EVENTOS DESTE ANO? Balestrin - Anualmente a Anahp define o tema principal que deverá pautar as discussões da entidade. Em 2016, com o intuito de estimular a discussão sobre ética na saúde e cumprir com um de seus objetivos principais – o de contribuir para a sustentabilidade do sistema de saúde brasileiro – a Anahp, por meio do seu Comitê Científico, definiu o tema “Ética: A sustentabilidade da saúde no Brasil” como objeto de discussão ao longo do ano. Esse será o tema dos seminários e do Conahp – Congresso Nacional de Hospitais Privados – principais eventos da entidade. 3. COMO SURGIU O TEMA? Balestrin - O mundo corporativo tem adotado, cada vez com mais frequência, regras de conduta para guiar as atividades de seus profissionais, buscando elementos orientadores para evitar práticas internas e externas não adequadas. O debate sobre ética e corrupção tem sido mais presente no meio
empresarial e na sociedade, especialmente por conta do momento político vivido no país. Na saúde, um setor fragmentado, extremamente regulamentado e complexo, esse movimento também se intensificou no último ano, principalmente após as discussões públicas de práticas inadequadas, como a dificuldade de acesso, corrupção, indicações desnecessárias de produtos e procedimentos, entre outros que evidenciam a necessidade de uma atenção especial dos atores da saúde e da sociedade para esses temas. 4. QUAL O PRINCIPAL OBJETIVO DO TEMA E DE QUE FORMA O ASSUNTO PODE CONTRIBUIR COM OS HOSPITAIS ASSOCIADOS? Balestrin - Estimular a discussão sobre ética na saúde, compartilhar melhores práticas e contribuir para relações mais saudáveis no setor, esses são os objetivos da Anahp ao abordar o tema “Ética: A sustentabilidade da saúde no Brasil”. Tudo isso com o intuito de buscar soluções conjuntas e mitigar os riscos de condutas inadequadas. 5. JÁ EXISTE PREVISÃO DE DATAS PARA OS PRÓXIMOS SEMINÁRIOS? QUEM PODE PARTICIPAR? Balestrin - O próximo seminário está previsto para agosto, em data e local a serem definidos. O evento é aberto ao público e qualquer pessoa interessa-
da no tema e nas experiências compartilhadas durante o evento pode participar mediante inscrição prévia. 6. PARA FINALIZAR, COMO O SENHOR AVALIA O IMPACTO DA SITUAÇÃO ECONÔMICA NA SAÚDE SUPLEMENTAR? Balestrin - O cenário político-econômico desfavorável do país impactou todos os setores da economia, e na saúde não foi diferente. Em 2015, observamos uma redução de mais de 760 mil beneficiários de planos de saúde, resultante da recessão e do desemprego, interrompendo a expansão do sistema de saúde suplementar dos últimos anos. Além disso, o setor continua a sentir os efeitos do envelhecimento populacional e das múltiplas comorbidades que requerem cuidados cada vez mais complexos, exigindo que as instituições invistam em infraestrutura e eficiência no atendimento. Dados do Observatório Anahp 2016, publicados recentemente, demonstram que a recessão levou a uma desaceleração dos principais indicadores econômico-financeiros dos hospitais associados, mas foi possível manter a eficiência na gestão operacional das instituições e o bom desempenho dos indicadores de qualidade e segurança assistencial. Entendemos que este será um ano de muita cautela para o setor.
18 INTERNAS
UNIDADE C3: MAIS CONFORTO. MAIS HUMANIZAÇÃO. MAIS TECNOLOGIA por Fabiane Moraes
FOI INAUGURADA, em abril deste ano, a nova unidade de internação do Hospital Santa Catarina de Blumenau, a Unidade C3, com 15 suítes, sendo uma delas a suíte master totalmente automatizada. De acordo com o diretor-superintendente, Maciel Costa, as suítes da Unidade C3 unem a tecnologia às novas tendências de hotelaria e humanização, oferecendo aos clientes um ambiente bem mais acolhedor. “A entrega desta unidade é um marco para o HSC Blumenau, não só por apresentar um novo padrão de hotelaria, que agrega tecnologia, conforto e humanização nas suas instalações, mas também porque esta ampliação representa um crescimento de 15% no número de leitos do hospital”, destaca. A última ampliação de leitos havia sido feita há mais de 20 anos. Traduzida em números, a Unidade representa para o Hospital e para a comunidade blumenauense: mais 15 leitos, 100 novas possibilidades de internações por mês, 35 novos postos de trabalho direto e um investimento de mais de R$ 5 milhões em obras de ampliação. A Unidade C3 faz parte do Plano Diretor de Obras que prevê a ampliação e modernização gradativa do Hospital. O próximo projeto de grande porte do HSC Blumenau, previsto para ser entregue ainda este ano, é o novo Centro de Oncologia, projetado para ser um dos melhores do Estado de Santa Catarina.
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Esta ampliação representa um crescimento de 15% no número de leitos do hospital.
Fotos: Casa4centos
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Foto: Fabiane Moraes
ARTIGO
A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NAS UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA por Luciana Araceli Lorenzetti Psicóloga
QUANDO FALAMOS em CTI Adulto (Centro de Terapia Intensiva Adulto), logo imaginamos um ambiente hostil, invasivo e estressor, de onde afloram vários tipos de sentimentos. A hospitalização de um familiar no CTI Adulto ocorre, muitas vezes, de forma abrupta e inesperada, e sem a presença de um familiar por perto. A psicologia tem um papel importante no acolhimento de pacientes e visitantes no CTI Adulto. No HSC Blumenau, há aproximadamente três meses, ficou definido pela supervisora do CTI Adulto, Soraya Bachmann, juntamente com a equipe médica do setor e em comum acordo com a psicóloga Luciana Lorenzetti, que o acolhimento dos visitantes seria de responsabilidade da psicóloga, considerando sua
relação de proximidade durante o horário de visita e adquirida nos grupos de apoio. Devido à relação “de confiança” estabelecida entre a psicóloga, o paciente e o visitante, identificamos possibilidades de desenvolver melhorias de condutas de humanização no setor, buscando conhecer um pouco da história do paciente, de seus desejos, além dos hábitos que eram cultivados antes da sua hospitalização. Esse procedimento facilita na hora de compreender as necessidades de cada paciente/familiar. Entre os objetivos da Psicologia, está o de participar diariamente dos rounds junto à equipe multiprofissional do CTI, discutindo como cada profissional pode contribuir com o pa-
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ciente ou familiar naquele momento. Assim como estar presente nos horários de visitas, para receber o boletim médico e formar um elo com a equipe, auxiliando o paciente e os familiares no que for necessário. Existe também todo um cuidado com a questão de visitas de menores de 15 anos em que, primeiramente, há uma conversa com quem solicitou a visita (familiar ou paciente). Agenda-se o atendimento com a criança-visitante e definem-se procedimentos sobre a realização da visita naquele momento. Outro fato importante é que, em alguns casos, devido ao tempo de internação ou até mesmo ao quadro clínico, os pacientes internados no CTI Adulto podem apresentar quadro de Delirium que, após diagnosticado pela equipe de enfermagem ou médica, passa a ser responsabilidade da área de psicologia. Hoje, inclusive, o quadro de Delirium foi acrescentado no Painel Multiprofissional, disponibilizado na cabeceira dos leitos. O método utilizado para identificar quadros de Delirium é a aplicação da escala CAM–ICU (Confusion Assesment Method – ICU), que aponta se o paciente apresenta quadro hipoativo, hiperativo ou misto. Em caso positivo, o resultado é informado à equipe, e medidas são tomadas a fim de auxiliar o paciente a evoluir para melhora do quadro. Uma ação importante é propiciar a presença da família neste momento. A referência de um familiar ao lado do paciente contribui para a melhora do quadro, auxiliando também nas recordações familiares e pessoais do paciente.
Desse modo, com o intuito de humanizar cada vez mais o nosso atendimento, a Psicologia, juntamente com a Assistência Espiritual, vem trabalhando, há cerca de oito meses, com o Grupo de Apoio e Orientação aos Familiares das UTIs. O encontro ocorre duas vezes por semana (às terças e quintas-feiras) sempre às 11h, na Capela do hospital. O objetivo é acolher os familiares, oferecer conforto, deixá-los falar e trocar experiências entre si, sempre acompanhados de uma palavra ou oração regida pelo pastor Valmor Weingärtner. A função de acolher nossos pacientes e familiares não se estende somente à internação. Para oferecer conforto aos familiares, foi desenvolvido também o Grupo de Famílias Enlutadas, que tem como objetivo compartilhar os sentimentos de tristeza, solidão, ansiedade, fadiga, entre outros, permitindo diálogos que os auxiliem na elaboração do seu processo de luto. O Hospital envia para a família enlutada um cartão de condolências e um convite para participar do encontro com o Grupo de Apoio, que se realiza uma vez ao mês e em horário noturno, a fim de proporcionar a participação de mais familiares. Além dessas ações, o HSC Blumenau, pensando na humanização e bem-estar dos pacientes, oferece diariamente três horários de visitas nas UTIs. UTI Geral: das 11h30 às 12h, das 16h às 16h30 e das 21h às 21h30. e UTI Cardiológica: das 7h30 às 8h, das 16h às 16h30 e das 21h às 21h30.
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HSC BLUMENAU 1978 por Dr. Cezar Zillig Médico Neurocirurgião
RETIREI-ME da lida hospitalar há alguns anos: não opero mais, não interno mais pacientes e não consto mais em listas de sobreaviso, atividades que fizeram parte da minha vida por mais de trinta anos. Hoje, ao dar umas voltas pelo moderno Hospital Santa Catarina, fui tomado por uma sensação de "flash back": passei a relembrar a rotina e as pessoas que encontrei ao chegar aqui, em janeiro de 1978, quando o hospital não era muito mais que uma casa de saúde. Andando pelos corredores recondicionados, iluminados, movimentados, minha memória foi reconstruindo o ambiente daquela época e me apresentando, como holografia, as pessoas que então eram a alma do HSC. Onde hoje se encontram a recepção da Bluimagem, a recepção de visitas e de internação e, ainda, a aconchegante cafeteria, havia uma ajardinada pracinha circular com uma única árvore, um paubrasil. A entrada do hospital era ladeada por alguns bancos que, à tardinha, eram ponto de encontro dos médicos para trocar figurinhas do dia a dia. Uma vez, justamente transcorria maio, o Dr. Krueger comentou que esta era uma excelente época para se viajar à Europa, onde principiava a primavera, enquanto aqui o movimento nos consultórios costumava cair. Adentrando o hospital, a janela da recepção era à direita, atendida pela Dona Úrsula, sempre sorridente e de boa vontade. (Nos finais de semana, ela costumava se encarregar dos filhos dos médicos que vinham passar a visita em seus pacientes. Bondosa, colocava uma folha de papel na Olivetti e deixava que os pequenos se exercitassem na datilografia; depois, eles podiam levar para casa o "tex-
to" produzido). Prosseguindo pelo corredor central, à esquerda, situava-se o acanhado Pronto-Socorro, invariavelmente atendido por Dona Tecla e Dona Lourdes. Parecia que elas faziam parte do mobiliário, pois sempre estavam lá. Nos fundos do Pronto-Socorro estava acomodada a Fisioterapia do Dr. Iran. Voltando ao corredor central, à direita, onde hoje está a Bluimagem, ficava uma ala de consultórios: Dr. Franz, Dr. Krueger, Dr. Loureiro, Dr. Biavatti, Dr. Wanser, Dr. Peters e Dr. Edgar. As salas de espera eram abertas para um amplo corredor, separadas uma da outra apenas por uma parede. De volta ao corredor central, passava-se, à direita, primeiro pelo consultório do Dr. Ulian e depois vinha o consultório dos pediatras para, finalmente, se chegar à Pediatria, hoje Unidade A1. O hospital acabava aí, numa porta de duas folhas com janelas de vidro martelado; (do lado de fora, em toda a área ocupada hoje pela moderna Unidade A2, havia um conjunto de altaneiros palmiteiros). A pediatria, então, era o domínio dos doutores Maurici e Mário Celso, secundados pelas dedicadas enfermeiras Petronila e Bruna. ("Enfermeiras" no sentido clássico da palavra, significando pessoas que cuidam de enfermos). A B1 de hoje era chamada de "Seção A", onde se encontrava, sempre vigilante, a "Schwesta" Ellen, bem como a atual C1 era conhecida como "Seção B" e comandada pela saudosa Schwesta Laura. A Luzia e o Sr. Alfarth ajudavam ora uma, ora outra. No Centro Cirúrgico, a rotina era administrada pela Rute e seu time de colaboradores, dentre os quais me lembro da Donizeti, atendendo os cirurgiões e os
Foto: Marion Rupp
CRÔNICA
três anestesistas: Dr. Celso, Dr. Edmar e o recém-chegado Dr. Josemar que iniciou no Corpo Clínico do hospital junto comigo, em princípios de 1978. Do outro lado do corredor, na frente da entrada do Centro Cirúrgico, estava o modesto "RX", onde realizávamos, inclusive, exames de arteriografia carotideana, um dos mais eficazes exames na busca de lesões cerebrais. Naqueles dias, ainda não havia tomografia computadorizada no estado inteiro, era uma novidade ainda restrita aos grandes centros do país. O tomógrafo mais próximo ficava em Curitiba. Tomando a ampla escada central, subi, em minhas reminiscências, à "Terceira" - hoje C2- e encontrei lá a Iracema, de mangas arregaçadas, "pegando junto" com suas meninas. Para completar a visita, subi mais um lance e cheguei à "Quinta", onde era a Betty quem dava as cartas. No final do corredor, ficava a "UTI" (assim entre aspas, pois de UTI só tinha o nome). Era um quarto amplo que se estendia por toda a largura do prédio, comportando quatro leitos vigiados permanentemente por dois auxiliares de enfermagem, onde a incansável Ilona era a líder. Aos cuidados deles, ficavam os casos mais graves do hospital, sendo que cada médico orientava o tratamento de seus respectivos pacientes. Ah, a janela da UTI dava para a copa dos palmiteiros. Pairando sobre todas as preocupações da casa, estava a Dona Solange Winck, Enfermeira Chefe e uma das duas enfermeiras Alto Padrão, então atuantes em Blumenau. Curioso: se fecho os olhos, posso escutar perfeitamente as vozes de todas aquelas pessoas...