Homenagem a Garrincha

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Alegria do

Com seus dribles desconcertantes e seu jeito simples, Garrincha se transformou no jogador mais adorado do nosso futebol

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NÃO EXISTE NA HISTÓRIA DO FUTEBOL brasileiro jogador que mais se identificou com os torcedores do que Mané Garrincha, que este mês ganha uma programação em sua homenagem no Canal Brasil (confira na página 89). Um dos motivos dessa ligação é que o genial pontadireita, que brilhou no Botafogo, mostrou quanto o futebol é democrático. Não é preciso ter um corpo perfeito para atuar com sucesso. Mesmo com a perna direita arqueada para dentro, a esquerda para fora e uma diferença de seis centímetros entre elas, Garrincha infernizava os marcadores. Mas o que transformava o ponta na “Alegria do Povo” era a maneira como ele encarava os jogos. Por mais que a partida fosse importante, o ponta-direita parecia estar disputando uma pelada. Em qualquer jogo, Mané queria dar espetáculo, principalmente driblando seus adversários. Aliás, o craque nem gostava de saber quem era o lateral que iria marcá-lo, por isso tratava a todos por “João”. Os adversários também não interessavam a ele. “É um time que joga com a camisa igual à do São Cristóvão”, disse, ao ser perguntado sobre a seleção da Inglaterra. Como bom peladeiro, ele pouco se importava com

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GARRINCHA - ESTRELA SOLITÁRIA, dia 27, sábado, às 23h no Canal Brasil, 66

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táticas. “O senhor combinou isso com o adversário também?”, teria comentado após ouvir a longa palestra de um treinador sobre o esquema que seria utilizado. O seu estilo quase o tirou da Copa do Mundo de 1958, num jogo amistoso, na Itália, quinze dias antes do Mundial. Depois de driblar vários adversários, inclusive o goleiro, mesmo com o gol livre, Garrincha esperou um zagueiro se recuperar para driblá-lo mais uma vez, antes de marcar o gol. O lance, classificado como irresponsável pela comissão técnica, fez com que Mané não jogasse as duas primeiras partidas do Brasil na Suécia. Ele e Pelé só entraram na terceira, contra a União Soviética, jogo que marcou a arrancada da seleção para a conquista do primeiro título mundial. Mas quatro anos depois, no Chile, Garrincha viveu seu grande momento. Não é exagero dizer que ele ganhou a Copa sozinho. Com Pelé machucado, coube ao ponta desequilibrar as partidas. Além dos dribles e cruzamentos, ele foi decisivo ao marcar gols de fora da área e até um raro gol de cabeça. Após o Mundial de 1962, a carreira de Mané Garrincha entrou em declínio. Com uma contusão grave no joelho, além de problemas com o alcoolismo, ele não conseguia se firmar em nenhum clube. Morreu em 20 de janeiro de 1983, com apenas 49 anos. – Humberto Peron

A maior vaia

MESMO SEM ESTAR EM CAMPO, Garrincha foi responsável pela maior vaia da história do Maracanã. O alvo da ira da torcida foi Julinho Botelho, outro craque fantástico que brilhou na Portuguesa, Fiorentina (Itália) e Palmeiras. Botelho foi escalado no lugar do jogador do Botafogo, que estava machucado, na primeira partida da seleção no Brasil após a conquista da Copa de 1958. Mas com a bola em jogo, Julinho transformou os apupos em aplausos, depois de fazer um gol e dar o passe para o outro, na vitória por 2 a 0 sobre a Inglaterra. Saiu como herói da partida.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

GARRINCHA EM AÇÃO na final da Copa de 1962 contra a Checoslováquia (à esq.) e ao lado da cantora Elza Soares, uma de suas esposas


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