Os Cordéis de Vô

Page 1

1


Título Os Cordéis de Vô

Autor Ismael Guedes Pereira

Design Gráfico Márcia Meneses

Registros Fotográficos Acervo familiar

Impressão e Acabamento ArtSet Gráfica Edição e Realização Iago Itã Lançado em Jacobina-BA em 16 de Maio de 2015

2


A literatura de cordel consegue resistir ao tempo. Ismael Guedes, um paraibano de Campina Grande, encontrou em Jacobina, na Bahia, o ambiente ideal para desenvolver seu talento eternizado neste gracioso livro. Passeando por diversos gêneros do cordel, de uma forma simples e com uma verve de humor sútil, o nosso Sr. Ismael canta e encanta por onde passa. Sextilhas, quadrões, martelos... Dê-lhe o tema e em pouco tempo terás uma maravilhosa poesia, feita com uma inspiração que com certeza vem da alma. Sempre ao lado de sua esposa Eunice que pacientemente é a primeira ouvinte a apreciar as criações do poeta Ismael Guedes. Que privilegiada Dona Eunice! Com a sutileza de uma criança, Os Cordéis de Vô mostram a graça do nosso menestrel trovador Ismael, o Poeta de Cordel. Zenóbio Baiano - Radialista e Geógrafo.

Sejam aqueles que são da sua família, sejam os vizinhos do bairro da Serrinha, sejam apenas ouvintes que o acompanham em sua presença nas rádios, sejam colegas da arte e da cultura popular, sejam os assíduos clientes do geladinho ou meros observadores que notam aquele senhor andando por aí em sua bicicleta preto e branca ao distribuir a sua serenidade pela cidade de Jacobina. Todo mundo é um pouco neto do Sr Ismael. Por isso, para vocês, Os Cordéis de Vô. Iago Itã - Neto

3


ReminiScência Solicito ao leitor Um pouco de atenção Ao contexto desse livro Fruto da inspiração Aqui está registrado Relato do meu passado Pra sua apreciação

Nessa minha narração Retroagindo ao passado Nasci em Campina Grande Paraíba o estado De onde saí menino Para cumprir o destino Que Por Deus foi reservado Só com meu pai fui criado Pois órfão de mãe fiquei Viemos pra Petrolina Onde ali eu me criei Hoje guardo na lembrança Brincadeiras de criança algumas descreverei De esconde-esconde brinquei Ioiô, pipa, amarelinha CAVALO DE PAU, DOUTOR Consultava o coleguinha Bola de gude, peão Estilingue e coleção De postais e figurinha E as latas de sardinha Quando as esvasiava Fazia um caminhão Com um barbante puxava Esse brinquedo colosso Onde eu carregava osso e boiada simulava

4

Velho Chico me banhava Eu sabia bem nadar E pulava lá da ponte Como se a desafiar As águas na correnteza Quando tinha bem certeza De não me prejudicar E assim ao completar Vinte anos de idade Numa barca rio acima Deixei aquela cidade Com destino a Brasília Fugi da minha família só Levando a saudade Buscando oportunidade Pra minha sobrevivência Aportando em Xique-xique Surge uma conveniência Mudei então o meu trajeto Que já tinha rumo certo Dando pausa na seqüência Porém minha permanência Foi curta nessa cidade Vi que não estava lá A objetividade Segui para Irecê Para poder conhecer Buscando felicidade Eu tinha capacidade Para vender e comprar E sem nada de entrada Me venderam um bazar Caiu a sopa no mel Era ao lado de um hotel E ali eu fui morar


Passei a mascatear O tempo suficiente E paguei o que eu devia Para aquela boa gente seguindo a minha sina Vim parar em Jacobina Onde moro atualmente

Nessa luta pra vencer Trabalhei numa cantina No Euzébio de Queiroz Um colégio em Jacobina Nesse estabelecimento Onde o ensino é fundamento Para menino e menina

Aí como consequência Do mundo globalizado O cinema “PAYAYÁ” Foi logo prejudicado Surge a fita e o D V D E em casa o habitué Assistia acomodado

Essa cidade atraente De um povo acolhedor JÁ fAzEM cinquenta anos Que em seu solo me aceitou E aqui pude formar Um local familiar Onde reina paz e amor

Seguindo cumprindo a sina Nessa minha trajetória Assistente social Uma função meritória No derba desempenhei Experiência eu ganhei TÁ GRAVADO NA MEMÓRIA

Com seu público afastado Terminou logo fechando E o dono do cinema Foi então me dispensando Contudo na prefeitura Um trabalho me assegura O PROLABORE GANHANDO

Sempre fui trabalhador Nas feiras mascateando Também me estabeleci Vendendo negociando E nas minas de esmeralda passei uma temporada Alguns cruzeiros ganhando

Encaminhava na hora Durante o expediente PRO HOSPITAL OU DOUTOR Quem estivesse doente Na família derbiana Era um pessoal bacana Diria gente da gente

A confiança honrando Tantos setores passei Obras, cultura. transporte No de compras trabalhei No arquivo e no P A T No S A C fiz minha parte E por lá me aposentei

O tempo ia passando Enfrentei dificuldade A família aumentando Porém a prioridade Era os filhos educar Ver crescer e se integrar Perante a sociedade

A vida com Deus na frente Tinha que continuar Surge uma oportunidade E TRATEI DE SEGURAR Dessa feita em um cinema Fui trabalhar sem problema Se chamava”PAYAYÁ”

Minha família criei E CUMPRI MINHA MISSÃO Com setenta e sete anos Só quero a permissão Do altíssimo Senhor Nutra esse trovador Sempre com inspiração

E várias atividades Eu tive que exercer Na década de setenta Precisava me manter Me dedicava a lida Garantido a comida O necessário pra viver

De tudo eu fiz por lá Na modesta competência Fui baleiro,sorveteiro Demonstrei eficiência E ALÉM DE SER PORTEIRO Cheguei a ser bilheteiro Culminando na gerência

Encerrando a narração Desejo boa leitura Os meus netos separaram Uns cordéis dessa figura Que vOs fala o Ismael O poeta de Cordel Espero que esteja à altura

5


O Senador e o Nerd Um senador importante Embarcou num avião De São Paulo à Brasília E observou então Que na poltrona ao lado Estava acomodado Um tranquilo garotão

“Se o boi e o cavalo Assim como o carneiro Tem pelo mesmo alimento Um apetite certeiro Já que grama e vegetais Mantêm esses animais De janeiro a janeiro...

Com grande livro na mão E neste se concentrando. O Senador esnobado Conversa já foi puxando “Larga esse livro escolar Vem comigo palestrar Para o tempo ir passando”

Mas se desses o primeiro Que é o Boi em questão Excreta placas de esterco Chega a chamar atenção Cavalo larga pelotas Já o carneiro bolotas Como obra da digestão

O menino aparentando Ser um nerd descolado Fechou o livro e falou “Qual o tema é abordado?” Já que era um juvenil “O futuro do Brasil!” Respondeu determinado

A minha interrogação A qual me autorizou É o porquê da diferença Na produção do cocô Se todos comem igual Por que cada animal Diferente defecou?”.

O guri superdotado Apresentou um porém “Posso fazer uma pergunta Antes de irmos além?” “Claro”, disse o senador E uma charada sem pudor Fez com um ar de desdém:

O Senador se assustou Com certeza ele não via Que por traz de um excremento Tanta ciência havia E após pensar calado Se rendeu encabulado Confessou que não sabia

6

“Como logo eu previa Passo então a concluir Como que o nosso futuro O Senhor quer discutir Sem nem de merda entende Nada mais me surpreende” E tornou o livro abrir.

Esse é um cordel em septilha com o último verso de cada estrofe rimando com o primeiro da estrofe subsequente. Estilo predominante nos cordéis de vô. Criado em 2015


Receita Para Desembaraçar Casamento LEITORA SE VOCÊ TÁ COM CASAMENTO ENCRAVADO CIÚME, RAIVA E BRIGA TABEFE PRA TODO LADO SÓ COM “TRABAIO”, AMIGA FICA DESEMBARAÇADO

NÃO FIQUE TÃO EMOTIVA POIS JÁ ESTÁ PRA TERMINAR DO PAPAGAIO PIRATA FAMOSO EM CAGOETAR TIRE DA LÍNGUA A NATA PRO “TRABAIO” COMPLETAR

UM “TRABAIO” EXECUTADO DE ACORDO COM OS PLANO NA CASA DE MÃE JOANA NÃO PODE HAVER ENGANO AMARRE NA GITIRANA E JOGUE NO OCEANO

COLOQUE PRA ENCERRAR UM CARTA FEITA À MÃO ESCLARECENDO “QUERIDO, ACABOU A ILUSÃO” FICA ENTÃO RESOLVIDO O NÓ DA SITUAÇÃO.

ASSIM FEZ HERCULANO MEU PRIMO EM CABEDELO PREPAROU UMA MANDIGA ACABOU O DESMANTELO USOU UM LITRO DE PINGA COM A BARBA DE UM CAMELO

PONHA RASPAS DA MULETA DE CÃO COXO E LUCIFÉR BARBATANA DE UMA FOCA DO GORILA O CHULÉ O BAFO DE UMA MINHOCA E RABO DE JACARÉ

PRA EVITAR ATROPELO PEGUE UM COPO DE SUOR DO SOVACO DE UM GURÚ MISTURE NUM IRUNÓ COM FAROFA DE URUBÚ RECOLHIDA DE UM EBÓ

PITADINHA DE RAPÉ DO BESOURO EMBRIAGADO SALIVA DE JABUTI ESPORÃO DE GALO ALADO E OS ÓVO DE UM QUATÍ QUE MORREU APAIXONADO

ENCONTRADO EM SOCOTÓ COM VELA, GALINHA PRETA CABELO DE PULGA PRENHA COCHICO DE BORBOLETA AO FAZEREM UMA RESENHA NO CASÓRIO DA LAMBRETA

DE UM CÁGADO GRIPADO PONHA UM COPO DE SALIVA DE UMA CARANGUEJEIRA RASPE O DENTE DELA VIVA DA VAQUINHA QUE É BREJEIRA SUA TOSSE É POSITIVA

el em estrofes de Em mais um cord , 7 sílabas poéticas seis versos, com u se o desenrolar vô ajuda a você a o em 2004 casamento. Criad

7


Maiara Pereira Lima - 27 anos Os cordéis de vô descrevem a alma e essência de um poeta que ama o que faz. Ler os seus escritos, me faz viajar em um mundo criado por suas palavras. ..... Caroline Pereira Lima - 28 anos Os cordéis de vô representam em palavras o homem sábio que é, além de trazer a minha mente lembranças mágicas... ..... Kesiane Lima - 30 anos Os cordéis de vô retratam de uma forma poética o cotidiano da nossa cidade e realidade do nosso país e mundo.

8


Rafael Araújo -31 anos Os cordeis de vô me fazem refletir sobre como levar a vida, e me sentir orgulhoso por ser neto de um homem que possui um dom tão lindo.

Camila Vitória - 12 anos Os cordéis de vô são simplesmente lindos. Lindo como o amor que sinto por ele.

2 anos Iago Itã - 2 im são e vô pra m d is é d r o c ta Os sua modes a d s o t a , r os ret de ocasião a t e o p m U e. genialidad ito. De ocasião a m dos sem de ér ive a poesia or v e r b o s , o ocasiã e o am cotidiano r o m u h o sso , dias rena do no e s ia c n ê t da exis enestrel. humilde m

9


Nesse

sofrido torrão Ô Vivi Meu camarada Hoje mudei a toada Atendi sua chamada Pra cumprir uma missão Versejar sobre o sertão E essa seca inclemente Que assola diariamente Esse sofrido torrão

Cá no sertão da Bahia Já não existe alegria Pois a seca todo dia Vem castigando o sertão No brejo e no chapadão Caatinga não tem mais nada Tanta terra arrasada Nesse sofrido torrão

Pros lados do Xororó Nemjacu e nem socó Já não tem mais curió Nem ave de arribação Dá uma dor no coração A realidade é triste Forte é o povo que resiste Nesse sofrido torrão

Os meses vão se passando O sol ardente queimando E o povo lastimando É grave a situação Tá morrendo a plantação Aguadas não existem mais Já morrem os animais Nesse sofrido torrão

Morre a rama e o capim A batata e o aipim O lavrador diz assim Meu Deus dai a solução Mandai chuva pra o sertão Pra se plantar e colher E a gente poder viver Nesse sofrido torrão

Nesse panorama eu vejo Como sofre o sertanejo Quando acaba o seu manejo Ao morrer o alazão Cavalo de estimação E a vaca Salomé Com o bode barnabé Nesse sofrido torrão

Não se ouve de manhã O cantar da Jaçanã Nem o coaxar da rã Pois secou o ribeirão É grande a desolação Desse povo sertanejo Ao ver todo o seu desejo Fenecer nesse torrão

Diante desse relato O sertanejo de fato Diz “é o momento exato De deixar esse sertão” Com tristeza e comoção Deixa os filhos e a mulher Seja lá o que Deus quiser Adeus sofrido torrão.

Mudando a toada, vô faz aqui um cordel em Oitava versejando sobre a grande seca que acometeu o semiárido baiano nos anos de 1997 e 1998. Criado em 1998

10


Para Afungentar

muriçoca Vô compartilha conosco, em sextilha, as técnicas para escapar da indesejada companhia das muriçocas. Criado em 1996 e adaptado em 2014.

Meu amigo LEITOR Não sou de fazer fofoca Mas eu sei de uma receita Pra espantar muriçoca Quem me deu foi Marieta Que chegou de Maçaroca

Meu vizinho Zé Vicente Já as tratam com cuidado Veio da roça certo dia Trazendo um saco amarrado PERGUNTEI-LHE O QUE HAVIA Era estrume de gado

E a Maria das Graças Ostentando o seu dinheiro Liga o ar-condicionado Coloca o mosquiteiro De ventilador ligado Acaba seu desespero

VOCÊ PEGA UMA TABOCA Na hora que for dormir Bote embaixo da cama Deite e vá se cobrir Ela reconhece a trama E trata logo de fugir

Eu fiquei encabulado E comecei a sorrir Ele disse qual a graça? Sabe pra quê isso aqui? BOTE FOGO, COM FUMAÇA Elas tratam de fugir

Mas gastou no mês inteiro O que no ano eu gastaria A Coelba a multou Por consumo de energia E quando a conta chegou A muriçoca só ria

Assim fez a Magali E obteve resultado E retirou a taboca Cheinha de lado a lado Só não entrou a muriçoca Que já tinha viajado

O camarada Didi Ele que é bem seguro Se põe a catar mulambo Ali perto do Monturo Sem dormir já anda bambo Faz um fogo no escuro

Eu não sei o que eu faria Se eu fosse presidente Quem sabe eu criaria Uma bolsa-repelente Assim eu garantiria sossego pra essa gente

Já o amigo Edivaldo Trata delas diferente Boa noite e sentinela Sempre lhes dá de presente Abre todas as janelas E elas fogem bem contente

Assim mesmo sem futuro Diz que isso é uma desgraça E queimando aquilo tudo Se transforma em fumaça A danada diz “me mudo!” Enquanto a fumaça passa

Encerrando aqui contente Essa nossa boa troca O poeta Ismael VAI FECHANDO A SUA OCA Pois poeta de cordel Também teme muriçoca

11


Flor de Liz flor de cacto A PRIMEIRA, ATRIZ E MODELO A SEGUNDA, NEM QUERER PODIA UMA RICA COM TODO ZELO A MEDICINA DESAFIA A OUTRA, POBRE E SEM APELO POIS SÓ DO SUS DEPENDIA A PRIMEIRA, FAMOSA ARTISTA DAS PASSARELAS E TV A SEGUNDA NEM A PISTA DA FAMA ELA PÔDE VÊ MAS AMBAS COM ANESTESISTA FORAM UM DIA SE ENVOLVER ECAMINHADAS, ENTRETANTO À MESA DE CIRURGIA A SEGUNDA SUBMETEU-SE A UMA OTORRINOPLASTIA A PRIMEIRA O ABDOMÉM DIMUNUÍ-LO QUERIA A PRIMEIRA, BEM SUCEDIDA TEVE ALTA HOSPITALAR A SEGUNDA DEIXOU A VIDA EM BUSCA DE OUTRO LUGAR CREIO, POR DEUS PREFERIDA PARA COM ELE MORAR A PRIMEIRA FLOR DE LIZ PELA MÍDIA ELOGIADA A SEGUNDA, KELLY CRISTINA SÓ POR SEUS PAIS FOI LOUVADA ERA APENAS FLOR DE CACTO MAS POR ELES APRECIADA...

12

Poesia criada em meio a tristeza do falecimento da sua filha Kelly Cristina, que aos 20 anos “deixa essa vida em busca de outro lugar”. Criado em 1996


Ouro Branco Década de Sessenta Trechos do cordel Ainda guardo saudade Do tempo que aqui cheguei Quando eu mascateava Muitos amigos achei Pela região andava Mas daqui nunca mudei Viajava alegremente Boa parte do sertão Várzea Nova, Umburanas Ouro Branco que então Tinha tal nome bacana Por causa do algodão

Não ando mais no sertão Mas há lembrança comigo Daqueles hoje saudosos Que eram os mais antigos E dos que menos idosos Ainda são meus amigos”

13


Tiririca UM MILHÃO E TANTOS MIL VOTOS E ALGUNS ‘’QUEBRADOS’’ UM PALHAÇO CONSEGUIU ELEGER-SE DEPUTADO “PIOR DO QUE TÁ NÃO FICA” COM ESSE SLOGAN “TIRIRICA”’ FOI NO PLEITO O MAIS VOTADO

A SUNTUOSA VITÓRIA LOGO ENTÃO SE DIFUNDIU NA IMPRENSA BRASILEIRA TAMBÉM FORA DO BRASIL PRA SE LER,OUVIR E VER ATRAVÉS DA BBC DOW JONES E EURONEWS

E AINDA FOI CAPAZ DE CONSIGO ARRASTAR TRÊS SENHORES DO PARTIDO E NO PLEITO TRIUNFAR OTONIEL,VANDERLEI, E PROTÓGENES TODOS TRÊS PRA COM ELE LEGISLAR

É FRANCISCO EVERARDO MAIS UM A ENTRAR NA HISTÓRIA APÓS ENÉAS FERREIRA SE NÃO ME FALHA A MEMÓRIA VAI GANHAR MUITO DINHEIRO JÁ EM OUTRO PICADEIRO MUITO ALEGRE COMEMORA

CBS TRANSMITIU RÁDIOS,SITES E JORNAIS ESPALHADOS PELO GLOBO, E MÍDIAS SENSACIONAIS COM MUITO ESTARDALHAÇO O SUCESSO DO PALHAÇO QUE FICARÁ NOS ANAIS

AINDA VAI CONQUISTAR O AMOR DE FLORENTINA SUA ETERNA NAMORADA DESDE OS TEMPOS DE MENINA MORADORA EM ITAPIPOCA QUE GEROU MUITA FOFÓCA NESSA PLAGA NORDESTINA AQUI A RIMA TERMINA E ALGO FICA PROVADO QUE O PALHAÇO ‘’TIRIRICA’’ SEMI-ALFABETIZADO JÁ FEZ SORRIR MUITA GENTE HOJE RI CONTENTEMENTE COM GRANA DE DEPUTADO

Vô aqui lembra o episódio das eleições 2010 onde o palhaço Tiririca teve a segunda maior votação para Deputado Federal da história do Brasil. Criando em 2010

14


LUCAS LIMA - 6 ANOS O MEU VÔ RIMA NA RÁDIO!

MARIA CLARA

- 12 ANOS

VÔ NOS OS CORDÉIS DE O SEU TRANSMITE TODO A AMOR, AINDA PEQUEN DE FAZER TIVE O PRIVILÉGIO POEMAS! PARTE DE SEUS

Emilly Soares

- 14 anos

vô, me trazem Os cordéis de tra a sua alegria e mos a r pela cultur o m a e ia r o sabed um de quem tem z li Fe . r la u p po res. e ensina valo avô assim, qu o dos anos, E que ao long . cuida de mim

15


TECENDO A LITERA QUASE COMO ESCULTURA FAREI AQUI O QUADRÃO QUE É MAIS UM OPÇÃO DENTRO DA LITERATURA

TEM A QUADRA E O QUADRÃO E O MARTELO AGALOPADO COM UM TEMA IMPROVISADO DE ACORDO COM A INSPIRAÇÃO

DE CORDEL E ASSEGURA AO POETA TROVADOR FAZER VERSOS COM AMOR PARA TECER A LEITURA

NO TEAR DA COMPETÊNCIA COLCHA DE LITERATURA SE COSTURA A CULTURA E SE TECE A INTELIGÊNCIA

O CORDEL NA REGIÃO É GERALMENTE CANTADO ÁS VEZES ACOMPANHADO DE VIOLA OU VIOLÃO

16

O CORDEL CUJA ESTRUTURA AQUI ENCONTROU GUARIDA ENTÃO AQUI SE HIBRIDA À BRASILEIRA CULTURA EM FOLHETOS EM CORDÃO POR VEZES XILOGRAFADOS RÚSTICOS, DEPENDURADOS CONTOS DE HUMOR E AÇÃO PELO POVO PREFERIDOS TODOS FICAVAM INFORMADOS NAS FEIRAS E NOS MERCADOS ELES ERAM ADQUIRIDOS

E O PENSAMENTO SE APURA PARA FAZER UM CORDEL QUEM VOS FALA É ISMAEL QUE ESTÁ TECENDO A LEITURA

TUDO ERA DIVULGADO INUSITADO OU NORMAL DE UM MODO NATURAL EM FOI CORDEL PUBLICADO

UM TIPO DE LITERATURA DUZENTOS ANOS PASSADO NO BRASIL ERA CHEGADO AINDA BEM PREMATURA

REPENTE, CÔCO, EMBOLADA HISTÓRIA DE CANGACEIROS TRAMAS, CAUSOS BRASILEIROS LENDA E CONTO DE FADA


ATURA DE CORDEL E FOI NOS ANOS SETENTA COM A TAL DA INFLAÇÃO QUE UMA CRISE EM PROFUSÃO O CORDEL EXPERIMENTA

AS SINGELAS NARRAÇÕES DA POESIA POPULAR TÃO EM TUDO QUE É LUGAR PARA ALÉM DESSES SERTÕES

DIMINUI A PRODUÇÃO UMA VEZ QUE ENCARECIA CUSTOS DA TIPOGRAFIA E DO FOLHETO ENTÃO

E HOJE COM INTERNETE NEM PRECISA DE PAPEL NOS POEMAS DE CORDEL ISSO TUDO SE REFLETE

DESSE FORMA SE BUSCOU PÔR UMA NOVA VESTIMENTA E UM NOVO LEITOR SUSTENTA A PRODUÇÃO QUE BAIXOU

RECOMENDA ISMAEL QUE SE CONSERVE A RIMA E QUE A COLOQUE ACIMA SENDO A ELA BEM FIEL

O INTERESSE DESPERTOU DA CLASSE ESTUDANTIL E ARTISTAS DO BRASIL QUE O CORDEL VALORIZOU

DO PASSADO AO PRESENTE DEI AQUI O MEU RECADO POR VOCÊ FUI ESCUTADO ESPERO QUE ATENTAMENTE

TORNOU-SE BIBLIOGRAFIA DE ARTIGO, DISSERTAÇÃO COMPÊNDIO, APRESENTAÇÃO PEÇA E FILMOGRAFIA

FICO MUITO AGRECIDO ESPERO QUE A LEITURA TENHA ATINGIDO A ALTURA E POR VOCÊ SER ENTENDIDO.

Cordel em quadra, estilo mais antigo de composição das poesias de cordel, mas que caiu em desuso, evoluindo para estrofes de mais versos. Criado em 2005

17


Pra você que diz que Deus não existe

18

EU NEM MESMO POR UM TRIZ DEIXAREI DE ACREDITAR QUE DEUS É REALIDADE IMPOSSÍVEL CONTESTAR SEJA SHIVA, ALÁ, TUPÃ DEUS INDU OU DEUS ISLÃ CÁ NA TERRA OU LÁ NO AR

OBSERVEMOS A FUNDO VÊ SE DÁ PRA ACREDITAR: OS EVOLUCIONISTAS SE PROPÕEM A TRANSFORMAR PIABA EM URUBÚ A SERPENTE EM TATÚ PARA A FAUNA EXPLICAR

EU NÃO SOU ANACORETA NEM CAROLA PRATICANTE MAS A PRESENÇA DE DEUS EU A SINTO A TODO INSTANTE AO VER NO COCO ÁGUA DOCE ME PERGUNTO: QUEM A TROUXE? ISSO É ALGO INTERESSANTE!

PAIRANDO POR TERRA E MAR AQUI, ALHURES E ALÉM CERTAMENTE HÁ UM MAESTRO OUTRA IDÉIA NÃO CONVÉM NEM DE DARWIN A TEORIA BIG BANG, A UTOPIA NÃO ME CONVENCE TAMBÉM

IMPORTANTE RESSALTAR, PRA O HOMEM SER COMO É NÃO FOI UM ORANGOTANGO GORILA OU CHIMPANZÉ QUE NOS FEZ INTELIGENTE FOI DEUS EVIDENTEMENTE DE ACORDO COM MINHA FÉ

E ASSIM SIGO ADIANTE NESSE PAÍS QUE É LAICO ACREDITANDO EM DEUS SOU MODERNO, SOU ARCAICO SOU POETA DE CORDEL FAÇO DA RIMA UM CINZEL DAS ESTROFES UM MOSAICO.

TEVE O DEDO DE “ALGUÉM” PARA SE CRIAR O MUNDO ESSA OBRA TÃO DIVINA NÃO SURGIU EM UM SEGUNDO DO NADA NÃO SE FAZ TUDO E POR ISSO NÃO ME ILUDO “DELE” TUDO É ORIUNDO

CRIAMOS COISAS ATÉ QUE DE PENSAR FICO BESTA VEJA A TAL DA INTERNET ÊTA INVENÇÃO PORRETA! QUE FEITO DEUS PODE ESTAR PRESENTE EM TODO LUGAR QUE EXISTE NESSE PLANETA

Vô e seu neto Iago apresentam provas cabais da existência de Deus. “Se Ele não existe, quem coloca a água dentro do coco?” Cordel em septilha criado em 2015.


Eunice VINDO LÁ DE PERNAMBUCO A CIDADE PETROLINA O ANO CINQUENTA E NOVE EU CHEGUEI EM JACOBINA MASCATEANDO NA FEIRA APROXIMOU-SE FACEIRA PRAS COMPRAS LINDA MENINA SEU JEITO ENTÃO ME FASCINA E O MEU A ELA TAMBÉM NAMORAMOS, NOS CASAMOS E VIVEMOS MUITO BEM COM FILHOS, NETOS, BISNETOS E TANTOS ANOS COMPLETOS PRETENDEMOS IR ALÉM QUE OS ANJOS DIGAM AMÉM E O SENHOR JESUS CRISTO PARA ASSIM CONTINUAR O NOSSO AMOR TÃO BONITO SINCERO, OBSTINADO É POR DEUS ABENÇOADO E PELO QUAL SUBSISTO A MINHA ESPOSA CONQUISTO COM PEQUENAS ATITUDES COMO NA ESCOVA DENTAL COLOCAR CREME AMIÚDE SER O FIEL ESCUDEIRO IRRESTRITO COMPANHEIRO NA DOENÇA E NA SAÚDE

É COM ESSA AMPLITUDE QUE VIVEMOS SEM TRISTEZA EU E ELA A DESFRUTAR NOSSOS DIAS COM DESTREZA TENDO UMA FAMÍLIA UNIDA SÓ NOS FAZ FELIZ DA VIDA APLAUDINDO COM CERTEZA

Variando a rima, em Sete Pés, ou em Septilha, vô faz um cordel para vó, a D. Nice.

19


Cristiano Pereira

Pai, avô, bisavô. Homem honrado, honesto, de incrível simplicidade e de grande conhecimento. Esse é Ismael, o poeta de cordel. Meu pai.

Ariel Maia

Os aplausos são para você, meu pai. Por acreditar na poesia de cordel e com ela se eternizar através desse livro Os Cordéis de Vô.

Abidiel Pereira

Os cordéis de vô são a mais fina prova da existência da sensibilidade humana. E isso se traduz em versos do meu pai, Seu Ismael, o poeta de cordel.

20

ereira Cleidemar P ascem da déis de vô n

Os cor de meu o cotidiano d e d a id ic a, l simp omprometid c s e d a m r a. Seus pai. De fo e todo poet d a m l a a é em como numa folha m ia e in l e d cheta. versos se velha pran a n a x fi , e o branc nha forma a g e t n e m iz del. E assim fel tura de cor a r e it l a e sobreviv


Flávia Barbosa - 17 anos Os cordéis de vô transmitem sentimento e vida. Nos cativa, tocando cada pessoa de uma forma. Me encanto todas as vezes ao ler. Admito: sou apaixonada pelos cordéis de vô. Savana Soares - 35 anos Os Cordéis de Vô me trazem a certeza de que as melhores lembranças da vida são as da família. Vô, orgulho de ser sua neta.

Cécilia LIma - 7 anos Os córdeis de vó são bonitos porque ele faz com todo amor e carinho.

21


JACOBINA É ISSO E MUITO MAIS JACOBINA É A CIDADE DE UM POVO INTELIGENTE SOCIÁVEL, HOSPITALEIRO QUE ABRIGA A NOSSA GENTE NATIVO OU FORASTEIRO EXTRAORDINARIAMENTE

SE EXERCE LITURGIA CULTO E RELIGIÃO DIREITO DE IR E VIR LIBERDADE DE EXPRESSÃO PODE SE ENCONTRAR AQUI PAZ, AMOR E UNIÃO

ACOMPANHA A PROCISSÃO A BANDA 2 DE JANEIRO E TAMBÉM A RIO DO OURO VÃO SEGUINDO O ROTEIRO POR EXTENSO LOGRADOURO COM O FIEL E O ROMEIRO

UMA CIDADE ATRAENTE PELO SEU POTENCIAL HISTÓRICO, EDUCATIVO ARTÍSTICO E CULTURAL FOLCLÓRICO E FESTIVO AGRÍCOLA E MINERAL

TEM NA SUA REGIÃO CAATINGA, MONTES, CHAPADA MONTANHAS E CACHOEIRA RIACHO, RIO E AGUADA SERRA, GRUTA, CORDILHEIRA É POR TUDO ISSO LEMBRADA

SOBE ATÉ O CRUZEIRO PARA PROMESSA PAGAR ISSO NA SEMANA SANTA TORNOU-SE PECULIAR É DEVOÇÃO QUE ENCANTA SE O LEITOR OBSERVAR

HÁ COMÉRCIO INFORMAL E FORMAL NO DIA-A-DIA A CLASSE EMPRESARIAL EQUILIBBRA A ECONOMIA PORÉM DA INDUSTRIAL É PEQUENA A FATIA

TAMBÉM PELA MARUJADA QUADRILHA DE SÃO JOÃO ANIMADA MICARETA QUE É A FESTA DO POVÃO DESTAQUE PARA RETRETA LÁ NO ALTO DA MISSÃO

VOU ENTÃO SINTETIZAR A MINHA COMPOSIÇÃO A JACOBINA É MAIS QUE A SIMPLES NARRAÇÃO QUE INSERI NOS ANAIS PRA FUTURA GERAÇÃO

Um dos tantos cordéis de vô que se inspiram na cidade. Faríamos um livro só com os cordéis à Jacobina! Em sextilha e criado em 2015.

22


23


ODE PARA AS MARIAS

24

MINHA MUSA INSPIRADORA AGUÇAI MEU PENSAMENTO PARA QUE EU EM CORDEL POSSA PRESTAR A CONTENTO HOMENAGEM AS MARIAS DE QUALQUER CATEGORIA SEM NENHUM CONSTRANGIMENTO

PARA AS MARIAS PARENTES ACEITEM MEU ABRAÇÃO MARIAS QUE VÃO COM AS OUTRAS E TAMBÉM AS QUE NÃO VÃO PARA AS MARIAS FRETEIRAS MENTIROSAS, VERDADEIRAS VAI A MINHA SAUDAÇÃO

TEM BELEZA INTERIOR E PECULIARIDADE A FORÇA DE UMA MARIA E O DOM DA MATERNIDADE ESSE ATO TÃO SUBLIME DO QUAL ELA NÃO SE EXIME SER UMA MÃE DE VERDADE

QUERO SAUDAR NO MOMENTO MARIA A MAIOR MULHER SEGUNDO AS ESCRITURAS HABITOU EM NAZARÉ MARIA A MÃE DE JESUS QUE PELA MÃO NOS CONDUZ DE ACORDO COM A FÉ

E COMO DIZ A CANÇÃO AS MARIAS SENSUAIS MARIA DE QUALQUER COR DOS SERRADOS, DOS GERAIS DA SEDE OU INTERIOR MARIA TU TENS VALOR SERES HUMANOS LEGAIS

AGRADEÇO A BONDADE DESSE TRIO DE SUCESSO QUE PERMITIU AO POETA FAZER SEU HUMILDE VERSO DESEJANDO NESSE DIA PRA VOCÊS E PRAS MARIAS OS MEUS SINCEROS AMPLEXOS

VAI PRA MARIA QUE É MENINA, ADOLECENTE MÃE DE FAMÍLIA, ANCIÃ PREGUIÇOSA OU COMPETENTE PATROETE OU EMPREGUETE SEM VERGONHA, PERIGUETE SAUDAÇÕES SINCERAMENTE

QUEM SABE AO VIVO FAZ COMO ESSE TROVADOR SE REFERINDO AS MARIAS RESSALTANDO O SEU VALOR E ELAS NO MESMO NÍVEL DE UM MODO BEM PLAUSÍVEL SIMBOLIZAM O AMOR

Cordel em septilha em estilo livre. Vô saúda as Marias. Criado em 2012


Grande parte dos cordéis de vô está guardada em pastas antigas. Muitos ainda datilografados ou escritos à mão. Outros tantos se propagaram pelos sertões através das ondas do rádio. Aqui, 12 cordéis aparecem como nunca foram vistos: acompanhados por ilustrações, cores e fotos. Tenho certeza de que esse é um grande presente para vô e para todos nós que admiramos a literatura de cordel. Como um dos produtos do projeto Os Cordéis do Meu Avô, mais do que publicar pela primeira vez em meio escrito a poesia popular do Seu Ismael, esse livro pretende estar modestamente a serviço da arte, da educação e da cultura. Valorize a poesia de cordel e a cultura popular!

25


26


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.