REVISITANDO A CASA DE
Maria Clara Machado PRODUÇÃO DA VIII SEMANA LITERÁRIA DO INSTITUTO AUXILIADORA
São João del-Rei 2018
Prefácio Sempre nos encantaram muito as aulas de literatura. Algumas figuras parecem ainda hoje marcadas em nossas memórias, tal foi o impacto que causaram durante nossos estudos. Machado de Assis, Padre Antônio Vieira, os românticos que se entregaram ao Byronismo no século XIX... E os autores introspectivos da Terceira fase do Modernismo! Ah! Esses sempre arrancaram suspiros!
Os últimos chegaram a impressionar-nos, de tal forma, que perpassam nossa vida profissional. É fascinante estudar “A hora e vez de Augusto Matraga”, do livro “Sagarana” de Guimarães Rosa, assim como muitos outros que rondam nossas aulas, livros e nossa escola. Estudar sobre a “fala do povo”, “a atemporalidade e a sensibilidade de toda a estrutura e função da literatura, do texto literário”. Questão de qualidade do texto? Não há dúvida. Andamos tão afastados da boa literatura num mundo em que a mídia nos massifica e vende um produto padrão. O que hoje nos move e interessa a quem? Nesse jogo de interesses, intriga-nos como fazer o caminho inverso. E é preciso que digamos: acreditamos na educação. Acreditamos na sala de aula como elemento de transformação cultural e social. É preciso que a ‘semente seja plantada’ quantas vezes for necessária em nossas vidas, casas e salas de aula. É com toda nossa preocupação em abordar a riqueza da linguagem literária que surge esse livro. Nossa inspiração vem das tardes de domingo e dos encontros entre célebres de nossa encantadora literatura nacional. Nosso querido Aníbal Machado, pai de Maria Clara Machado, recebia em casa, amigos para uma prosa, um sarau. “Grandes nomes passaram pela Visconde de Pirajá, 487 e foi nesta atmosfera em que Clara cresceu. Como escola e educadores, conduzimos numa viagem os nossos alunos à casa de Aníbal Machado, na certeza de que a boa
literatura ‘sempre tem o seu lugar’, principalmente em nossa escola, contribuindo e cultivando ainda mais o nosso carisma. Ao compor este livro trabalhamos com a diversidade dos autores presentes nesses encontros. Relembramos a casa de Aníbal Machado e Maria Clara Machado e nos sentimos presentes entre saraus, boas conversas e assim compomos esse excelente livro de contos. Misto de amantes das letras, influenciados pelos autores estudados e motivados pelos professores, nossos alunos conseguiram transmitir nas páginas de nosso livro o entusiasmo que tiveram ao compor a obra. Esse fato chega a tal ponto que é impossível passar pelas páginas do livro e não se deliciar com a identidade e dedicação de cada um dos artistas que o teceu. Alunos do 1º ano do Fundamental I à 3ª série do Ensino Médio demonstram sua naturalidade, maturidade, questionamento, dúvida, medos e tantas outras sensações próprias de cada um em sua respectiva idade e série. O leitor dotado de observação sutil não deixará de perceber a capacidade magistral de trabalho com as palavras, com as emoções e com a realidade que cercam o imaginário de nossos alunos. Várias são as particularidades contadas, que em nós despertam a vontade de conhecer melhor cada um desses pequenos\grandes autores. Como seria emocionante uma domingueira na sala de uma de nossas casas com a presença dessas figuras tão ilustres... Quem serão esses meninos e meninas daqui a alguns anos? Quais desses nomes as letras consagrarão? Como professores, equipe e escola recebemos com alegria o honroso convite de selecionar, corrigir, organizar e desfrutar junto aos nossos alunos os variados contos e desenhos que permeiam nosso livro. Assim pudemos, antes do público leitor, maravilhar-nos com o que aqui vai escrito. Dêner Henrique de Sousa Reis Elaine Paiva Cordovil Jaqueline Maria Resende Matos
Organização Equipe Gestora
Ir. Flávia Dias Magaly Rosa Ir. Efigênia Fernandes Flávia Alves Viviane Pereira Sybila Benfenatti Vera Lúcia da Cruz
Produção
Alunos do 1º ano do Ensino Fundamental à 3ª série do Ensino Médio
Revisão
Dêner Reis Elaine Cordovil Jaqueline Resende
Edição e Diagramação Jéssica Loures
Impressão
Davi Rodrigues
Apoio
Vânia Almeida
Arte Capa
Aluno Antônio Márcio Júnior
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“Aprendi que amadurecer dói, mas o fruto pode ser bom.”
Maria Clara Machado
Sumário Ensino Médio
Contagem regressiva ................................................................. 11 O poema para eles ..................................................................... 12 O enigma do balde ..................................................................... 14 Nunca mais se viu o girassol ..................................................... 16 O verdadeiro sentido ................................................................. 18 Não ............................................................................................... 20 E o sol continuou a brilhar ........................................................ 21 Será que ele vai voltar? .............................................................. 23 Dia após dia ................................................................................ 25 Quem era ele ................................................................................ 27 Fogos de artifício .......................................................................... 29 Infantil .......................................................................................... 31 A espera ........................................................................................ 33 Rosas escarlates ........................................................................... 35
Ensino Fundamental
Couro legítimo ............................................................................. 38 Bolo de aniversário .................................................................... 41 O balaio ........................................................................................ 43 O melhor ...................................................................................... 45 As pessoas realmente mudam ................................................. 47 Véspera de natal ......................................................................... 49 Memórias no cárcere ................................................................. 51 A vida de um homem sem sentimentos .................................. 52 Gentileza gera gentileza ............................................................ 53 O simples amor .......................................................................... 56 Só querer ..................................................................................... 58 Aquele pincel .............................................................................. 60 Um amor que move ................................................................... 61 Um conto ainda não inventado ................................................ 63 Meu ideal seria escrever ............................................................ 65
Um ideal ....................................................................................... 67 Quem é o mais vermelho? ........................................................ 69 João e Joaquim ............................................................................ 70 O brinquedo novo ...................................................................... 71 A coxinha-sorvete ....................................................................... 72 Cavalo de guerra ou de paz? ..................................................... 74 Dois reinos ................................................................................... 76 O cavalo azul ................................................................................ 78 As aventuras do Azulão ............................................................... 79
Ilustrações ................................................ 80
Os Contos
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Ensino Médio
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Contagem regressiva 1,2,3... Eu vejo várias pessoas a todo momento. Mas elas não me veem. Eu olho pela janela todos os dias. E todos os dias eu vejo a liberdade fluir pela alma daquelas pessoas. Eu costumava ser uma dessas pessoas. Mas aí eu acreditei nas três palavras de um monstro ( Eu te amo, ele disse)... E agora só possuo o direito de sofrer sozinha. Ele só me deixa sair se ele estiver junto. Ele só me deixa vestir roupas longas e largas. Ele diz que faz isso porque me ama. Eu sei que esse amor é doentio. Mas não sabia como sair disso... Agora eu sei. E vou fazer de tudo para que dê certo. Está na hora. Ele vem caminhando em minha direção. Eu sei que ele está vindo para me punir. Eu deixei seu arroz queimar. Não consigo evitar... A minha pulsação está a mil. Meu suor escorre pela lâmina fina do punhal. Ele chega mais perto e eu me preparo. Então eu avanço. Ele olha assustado para mim por um breve segundo. Depois, vejo a raiva lampejar em um sorriso tenebroso. Ele arranca a faca da minha mão. 1,2,3... Não consigo respirar... Eu peço para ele parar... Sufoco-me em um alívio e...
Ana Beatriz Rios Vale – 3ª série B
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O poema para eles Afogada em minhas tarefas, estive dispersa, ao mesmo tempo prestava atenção em tudo. Escrevendo-lhes um poema, eu queria dizer o universo todo. Dali, então, não aguentei mais. Deitar-me fui. Dormindo, sonhei com tudo, tudo que deveria fazer, mas, de forma singular, não era capaz de realizar nada. Como era difícil existir naquele momento. Acordei. Árdua jornada ao levantar-me, tomei café velho. Estava horrível, mas eu merecia. Tentei escrever, mas nada saía. “O que está acontecendo comigo?”, “Tudo parecia fluir… Agora me desfaleço em melancolia e bloqueios”, mais uma vez pensei, pensei muito, pensei em lamentações. “Qual é o meu problema?” agonizava-me com questionamentos e meu martírio era eterno. Decidi tomar um ar, observei a janela, e lá de cima, no segundo andar, vi. Vi tudo, vi vida, vi dor, vi sofrimento e vi movimento; de qualquer forma, nada me tirava de uma imensa onda de perguntas internas extremamente aterrorizantes e perturbantes. Tentei escrever-lhes de novo, mas eles não presenciaram, foram todos embora, e deixaram-me só, completamente só. Jamais me perdoariam. Jamais me protegeriam. Todos me abandonaram. E ali, vazia, fiquei. “E por que não escrever de melancolia?”, “Amores abandonados, dores e choro?”.
- Seriam eles meus demônios? - gritei.
- Sua tristeza nos matou! - eles responderam.
Destruíram-me, questionei-me mais! “O que havia feito? Sumiram de mim por ter amado demais? A tristeza nos unia… Todos me consolavam, vestiam-me. Fui mimada e guardada, por todos. Todos eles. Talvez menos por uns, mais por outros, 12
mas fui! E agora estou só!” - foi duro pensar. Eu. Eu jamais poderia ter deixado isso acontecer. Aconteceu. Não há nada o que fazer. Confesso estar só. Mas o que há por vir? Vou deitar-me, acho que isso passa… Acordei, árdua jornada ao levantar-me da cama. Tomei café velho, estava horrível, mas eu merecia... Maria Clara Neves Lovato – 3ª ano B
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O enigma do balde Na pequenina cidade histórica, cheia de mitos e lendas, boatos e fofocas, perambulava pela avenida principal todo dia o moço, cujo nome era desconhecido, ou mesmo esquecido, com um balde nos braços. Abraçava o objeto como se fosse um filho. Descia no ponto de ônibus todo dia às 13h45min, como um ritual, e em frente à lojinha de bugigangas, se sentava em um toco de madeira ao lado de um banco de praça. Ali ficava vinte minutos, com o balde no colo, apenas observando o movimento da pequena população que habitava o bairro, depois subia o morro e sumia de vista. Todos o achavam estranho, diziam alguns que o moço era doido da cabeça. Seu Joaquim, que gostava de uma fofoca já dizia: - O homem não bate bem das ideias, aquilo que carrega na mão veja só, é o pó de seu pai defunto! Não demorou muito para que as pessoas começassem a perguntar o que o moço carregava no balde, e por que o abraçava com tanto zelo. Histórias começaram a surgir, as mães, para colocarem medo nas crianças falavam: - Seja bom, menino, tá vendo aquele estranho ali? É o homem do balde, carrega os dedos dos moleques que não se comportam! E assim continuou, o pobre homem sendo chamado de tudo que é nome, há quem disse que era “macumbeiro”, e que já o viu fazer rituais de bruxaria. – Nunca vi coisa tão medonha! 14
Deus me livre! O homem, no entanto, um dia chegou atrasado. Dona Tânia, da lojinha, que já o esperava, estranhou. Não fez o mesmo de sempre. Não se sentou no toco de madeira e ali ficou os minutos de costume. Não carregava dessa vez seu balde. Havia com o homem uma moça, uma bela moça. Com seus dedos entrelaçados aos da mulher que o acompanhava, subiram os dois o morro, e sumiram de vista, como o homem fazia antes. O balde? Nunca ninguém soube o que havia nele, o homem agora não o carregava mais. Ficou apenas na lembrança de todos os moradores da comunidade, o mistério que depois de tempo, já havia sido esquecido. Sther de Oliveira Calsavara – 3ª ano A
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Nunca mais se viu o girassol Estava sentada na janela de seu quarto, gostava daquele horário, por volta das 19 horas. Fitava com paixão o céu numa cor rosada, que fazia aquele contraste incrível com as árvores ali perto. - Luana, fiz café – sua mãe a assustara ao abrir a porta – venha comer. Luana comeu calada, o que não era para a surpresa de Lívia. Ela sentia falta daquela criança alegre que um dia Luana fora. Calma, mas faladeira e sempre sorridente, com o sorriso mais cativante que já havia visto. Seu silêncio agora era constante. Lívia reclamava a ela sua ausência, mas ela já era ciente. Luana sabia da tristeza da mãe ao vê-la agir assim, mas a insegurança que sentia perto da família a puxava para baixo. Não conseguia mais ser ela mesma, queria falar, opinar, mas sabia que qualquer diálogo com seus pais terminaria em discussões. Contudo sempre elogiava o café da mãe, o que a fazia cintilar. Era cintilante, sua mãe, sempre achou. Isso fazia Luana sorrir. A jovem passava todos os dias trancafiada em seu quarto, escrevendo versos amadores, porém cheios de sentimentos gritando liberdade, ouvindo músicas e rabiscando em forma de desenhos algumas frases que gostasse. Para ela, Lívia não a conhecia direito. Mas era a sua mãe... Certo dia voltando do trabalho, Lívia avistou numa floricultura um girassol ainda pequeno plantado num vaso. Lembrou-se de quando procurava algo na gaveta do criado da filha e achou um desenho de um girassol, vívido e exuberante. Comprou-o para Luana, na esperança de vê-la sorrir mais uma vez. 16
A chuva chegou violenta naquele caminho até sua casa. Estava muito difícil a direção naquela estrada perigosa e mal acabada. Até que perdeu o controle. Luana contorcia aos prantos na calçada em frente sua casa quando os policiais acharam o corpo de Lívia no carro destruído. A dor que ela sentia era inexplicável. Não suportava respirar, nem pensar. Tudo era dor. Chegou a hora do enterro do corpo machucado e falecido de Lívia. Luana levou consigo um girassol. Repousou-o em cima do corpo da mãe e sussurrou:
- Era o mais cintilante do pé que colhi, parecia você... Amanda Pinto Valadão – 2ª ano
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O verdadeiro sentido Era um dia frio e chuvoso, Ana acordou cedo, tomou café, se arrumou, e foi a caminho da prova que decidiria sua vida profissional. O local da prova era distante de sua casa, e já estava nervosa, então saiu de casa junto de sua mãe com duas horas de antecedência. As duas estavam a caminho da prova quando o trânsito ficou lento, Ana começou a ficar mais preocupada, e de repente já estavam paradas no meio dos carros. - Deve ser algum acidente, minha filha, ainda mais com essa chuva.... - Não acredito, que pessoa idiota pode ter causado esse raio de acidente?! As duas estavam tensas, começaram a pensar maneiras de sair daquela situação, mas a rua era muito estreita e estavam travadas pelos carros. A chuva só aumentava, tentaram ligar para pedir ajuda, mas o sinal do celular não pegava, era “aquela” operadora que com qualquer chuvinha já ficava fora de área. Não sabiam mais o que fazer. No meio daquela confusão, entre raios, relâmpagos e muita chuva, Ana pôs- se a refletir e a pensar em tudo o que estava vivendo. Ela havia perdido seu pai há dois anos e ele adoraria que sua filha conseguisse fazer essa prova em que teria chance de uma vaga para estudar medicina fora do país, porque sabia que esse era o sonho dela. Ana vinha se preparando há muito tempo, e com foco total, não saía quase nunca. Ela também tinha um namorado, ele podia não ser perfeito, mas para ela era o homem da sua vida, era querido por todos, como parte da família, seu pai o adorava. Eles haviam passado por muitas coisas para ficarem juntos. Mas achou melhor 18
terminar com ele pensando que assim poderia focar mais nos seus objetivos e seu possível futuro, realizada e feliz. Sua mãe já estava preocupada com toda essa tensão da filha, ela já não andava feliz como costumava antes. Depois de muito tempo, as duas conseguiram sair daquele lugar, mas já era tarde demais, não dava mais tempo. Nesse instante lembrou que apesar do imenso desejo do seu pai de ela conseguir fazer a prova, ele dizia que seu maior sonho e sua maior felicidade era ver sua filha feliz do jeito que fosse. E se perguntou se estava mesmo fazendo o melhor para sua felicidade. Elas já estavam voltando para casa, quando o celular de Ana tocou, o sinal da operadora havia voltado, era uma ligação de sua tia, dizendo para irem direto para o hospital. Chegando lá, Ana, em prantos, entrou no quarto e se deparou com seu ex-namorado, o amor da sua vida. Ele era o “idiota” que havia causado o acidente, ela chegou perto e um olhou dentro do olho do outro, e nesse segundo ele sorriu e fechou os olhos. Acabou. Seus batimentos pararam e Ana, que havia sido forte todo esse tempo, desabou em lágrimas. Estava sem chão, não tinha mais nada. Não restava mais nada. Desejava que fosse ela em seu lugar.
Maria Júlia Monteiro – 2ª série
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Não Naquele momento só passava tudo o que eu já havia vivido na cabeça, as agressões físicas, psicológicas, o medo, a culpa que eu não tinha, mas era convencida a sentir. Só me vinha à cabeça também 3 anos perdidos, desperdiçados, sofridos. Eu sempre sou a culpada de tudo o que acontece e a cada “vacilada” mais um hematoma pra coleção. Toda vez que eu perguntava a resposta era: - Isso é amor, eu tô protegendo você. Você devia era agradecer. Protegendo me proibindo de usar o que eu quero? Me proibindo de sair, usar as minhas maquiagens? Eu não consigo entender, como um sentimento tão bom como o amor pode ser transmitido dessa forma. Já fui ofendida de tantos nomes por simplesmente usar uma roupa mais curta, já apanhei tanto por falar a minha opinião, demonstrar preocupação com o vício em álcool que ele tem. Quem nos vê juntos, diz que eu tenho sorte, afinal, tão cuidadoso, mas por dentro, ou por trás dessa fachada eu tô traumatizada, transtornada. E foi aí que meu coração falou mais alto, o que ninguém sabia eu resolvi falar naquele altar, em frente à família, amigos, conhecidos e principalmente diante dele, meu futuro marido. Disse tudo, foi mais que um “não”, foi um sim à liberdade, foi o início de uma nova vida, foi o não para uma vida inteira de sofrimento. Ana Laura Giarola Gomes – 2ª série
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E o sol continuou a brilhar Era domingo. Mais um dia tranquilo e ensolarado na pequena cidade do interior de Minas Gerais. A jovem mãe dividia seu tempo entre trabalho de casa, cuidar das crianças e fazer o que trazia do trabalho para casa. Sem muito tempo, deixava que as filhas fossem brincar na rua com os vizinhos. Todo dia, a mesma rotina. Almoçar. Escovar os dentes. E até umas seis da tarde ficavam brincando na rua. Todos os dias as filhas chegavam muito felizes contando para a mãe sobre todas as novidades de mais um incrível dia no “Alto da Fada”. Nome que deram ao um esconderijo onde se reuniam com os vizinhos para brincar. No dia seguinte, tudo acontecia como o previsto, até que as meninas chegaram desesperadas gritando pela mãe:
- “Mamãããe!!”
A outra:
- “Você não vai acreditar! Querem derrubar nosso lugar.”
A mãe, sem entender de que se tratava, pois nunca tinha tido a oportunidade de conhecer o tal “Alto da Fada”, não sabia o que fazer com as filhas que estavam aos prantos. Então pediu para que elas a levasse até o lugar incrível. Ao chegarem. Surpresa. A mãe descobriu que todas as tardes suas filhas se divertiam em um terreno, em que tinha uma árvore que se tornou o lugar mágico. 21
De fato, o dono do terreno queria derrubar a árvore para poder construir um prédio, porém foi um chororo só de toda a criançada do bairro. O sofrimento durou dias. Ninguém mais brincava. Achavam que nunca mais iriam se divertir. Até que a senhora Margarida, que morava no bairro e tinha visto aquelas crianças crescerem, resolveu abrir seu enorme quintal. E a partir daí, esse começou a ser o novo ponto de encontro da criançada. Laura Resende Matos - 2ª série
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Será que ele vai voltar? Chovia. Mas nada além do normal. Era mais um dia tumultuado na vida do menino. Saía de casa sem hora pra voltar. A cada instante que o segundo pensava em rolar, olhando a tela do celular, a pobre apaixonada esperava a tal mensagem do menino que nunca há de chegar. Até que quando, quase no fim de um túnel sombrio, a tela clareia e o “oi” apareceu. Sorriu. A esperança não falha. Renasciam as fracas chamas de amor. No outro dia, a mesma correria do menino. Mas no primeiro minuto de olhos abertos, já mandara bom dia e não sumiu mais. No próximo, não aparecia nem sequer para alimentar a paixão da garota. No quarto, dizia até te amo. Mas no quinto, conta que partira. Iria para longe. Explica os motivos. O coração se partia aos poucos. Sufocava. Como um prédio em chamas. No instante, a solidão se fazia tão presente quanto o amor que sentia por ele. Acabou a conversa. Partiu. A menina vivia apenas com as lembranças do perfume, dos abraços e das músicas. Um dia o menino retornou. Uma visita rápida, dois dias. Algumas horas apenas juntos. Todos os cacos do coração se juntaram. E foi embora, outra vez, prometendo voltar. Fazendo-a acreditar que um dia voltaria. E a levaria com ele. Era pelo menos o que ela pensava, sonhava, iludia... Todo mês, uma vez, seu amor vinha. Às vezes, nem dava notícia que ele estava tão perto. Outras se acabavam em beijos. Até que um dia uma surpresa. Ele. Bateu na porta de sua casa. “Hoje é a última vez que eu venho. Na próxima, não volto mais. Você é meu lugar, venho pra ficar”. 23
Passou. Esse um mês demorara passar. O dobro, o triplo, o quádruplo... dos outros. Mas chegou. O menino voltara. Chovia. Dessa vez, fora do normal. E quando vê, a tela do celular acende. Um sms do número que esperara todos os dias. “Oi, o menino acaba de partir. Aqui só ouvimos sirenes das ambulâncias, um alvoroço na tempestade. Só encontrei esse número para avisar. Vários carros capotados na pista.” Uma lágrima escorreu. Sem reação. De novo seu amor iria para longe, quando dessa vez, estava vindo para perto. E foi. E nunca mais voltou. Luisa Arvelos Resende - 2ª série
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Dia após dia Não desista, dizia o subconsciente da moça Ana. Acordava após um acidente, mas não sabia muito bem dizer o que acontecera. Era tipo um sonho. Mil vozes vinham a sua cabeça, juntamente com uma luz forte que se aproximava cada vez mais. Era um sábado. Tudo acontecera após uma festa na casa de uma amiga. A noite tinha sido complicada e um pouco fora do normal, já não viam a hora de chegar a casa. O trajeto fora um pouco longo, pelo menos uma hora de viagem. A música alta, as risadas e a suposta diversão no carro não acabaram bem. Vinha um ônibus em alta velocidade, que não conseguira frear, buzinando escandalosamente. Logo houve a batida, barulho de vidro quebrando e meninas gritando foram ouvidas de longe. O socorro foi rápido, as amigas levadas para o hospital com segurança e a recuperação foi rápida, menos no caso de Ana. A moça ficou em coma por pelo menos um mês. Junto com a luz que se aproximava de Ana, viu a imagem de um ônibus, de uma festa, da escola e do seu acordar naquele dia. Era como se ela agora se lembrasse de tudo, o dia inteiro passou em sua mente e nesse momento tinha certeza do que aconteceu. Mas isso se repetiu várias vezes e Ana já não entendia o que estava acontecendo, era como se ela vivesse aquele dia horrível toda vez que acordasse. Decidiu mudar sua rotina, cada dia fazia uma coisa diferente, ajudava a caridade, passava mais tempo com sua família, tentava sempre ser uma pessoa melhor, porém o dia sempre terminava da mesma maneira. Tentava impedir de todas as formas o acidente, mas sempre acabava o dia com a imagem do ônibus. Cansada da mesma repetição sempre, decidiu por um fim. Pensou que, se sempre acabava com a imagem do ônibus, 25
também começou assim. Ela decidiu não impedir o acidente mais, mas sim ver o que o causou. O ônibus estava buzinando escandalosamente para uma moça que corria para meio da estrada, e como suas amigas não perceberam nada a tempo, foram em direção ao ônibus. Ana percebeu que aquilo era o motivo e tinha que impedir que a moça corresse de encontro ao acidente. Ao tentar impedir a moça, Ana acabou se acidentando no lugar dela. Mas não acordou mais. Ela estava vivendo aquele dia várias vezes para entender sobre a vida e o que é realmente importante. Agora estava em paz. Viveu o mesmo dia repetidamente para aprender o que não aprendeu a sua vida inteira: ser uma pessoa boa. Alice Braga Teixeira Raposo da Cunha - 1ª série A
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Quem era ele?
Todas as manhãs eram do mesmo jeito. Logo bem cedo, um homem trajando capa preta com capuz, óculos escuro, botas cano alto, saía de sua casa, sem destino e só retornava bem tarde. Era assim que os vizinhos observavam a movimentação naquela rua estreita, antiga e de pedra da pequena cidadezinha de Lagoinha. Esse homem chamava muita atenção, afinal ninguém sabia o seu nome, de onde era e o que fazia. O que mais encucava a todos os moradores era essa sua forma de se vestir, de não cumprimentar e nem querer se aproximar de ninguém. Sua casa também era estranha, escura, sem pintura, janelas de madeira que viviam fechadas. Grades enferrujadas e um jardim mal cuidado que era sempre visitado por pombos. Aconteceu certa vez que esse homem não saiu como de costume. Estava chovendo muito, fazia muito frio e a sua casa permaneceu do mesmo jeito. Trancada. Podia-se ver apenas uma luz no fundo do corredor. Foi assim até o fim do dia e seguiu por uma semana. Os moradores perceberam a chegada do carteiro que trazia um embrulho bem grande. Porém não foi atendido. Retornou à casa mais umas três vezes, quando o carteiro decidiu pedir ajuda. A vizinhança explicou que não conhecia direito o homem que ali vivia, mas como também estavam preocupados, decidiram se movimentar para saber o que estava acontecendo.
Bateram insistentemente na porta até que ouviram uma 27
voz bem baixinha dizendo que podiam entrar. O homem estava febril, sem ânimo, não comia há dias. Estava se sentindo mal. Algo diferente estava acontecendo com ele. Não usava a tal roupa com a qual todos o conheciam. E em seus olhos tinha um olhar diferente. Foi aí que todos puderam ver que ele tinha um olho de vidro, parte da cabeça sem cabelo e uma má formação. Ele então contou... “Quando eu tinha três anos, minha casa foi incendiada, perdi a família e fui levado para um orfanato onde passei toda a infância e adolescência. Lá, fui muito humilhado e as outras crianças tinham medo de mim. Fiz psicologia e decidi trabalhar nesse ramo ajudando crianças e adolescentes a lidarem com as frustrações, a se aceitarem e a entenderem algumas situações. Mas não acostumei a deixar verem o meu rosto pelo espanto que já causei a muitas pessoas. Saio cedo, faço todo o trabalho e volto para casa tentando não chamar muita atenção. Hoje me encontro doente e estou feliz em poder contar a vocês o que me aconteceu. Todos ficaram comovidos com a história do Pedro, assim é o seu nome. Passaram a ajudá-lo. Ele foi medicado, se recuperou bem. Aprendeu com os outros que não é necessário se esconder. O que tinha na caixa que o carteiro levou? Roupas novas, comuns, como camisas, shorts, calças e um boné. Ele havia combinado com as crianças que ele cuidava que um dia se vestiria como elas. Desse dia em diante, Pedro passou a ser conhecido pela sua história e começou a dar palestras em escolas, orfanatos, hospitais e até cidades vizinhas. Amanda Neri Rocha - 1ª série A 28
Fogos de Artifício Uma sexta-feira comum, Miguel voltava para sua casa depois da escola, a criança de 4 anos andava sozinha já que seu irmão mais velho, que o acompanhava todos os dias, fora a uma festa. Subindo o morro, o garoto se deparou com algo que nunca tinha visto antes. O silêncio tomava conta do quarto de Miguel, a criança pensava sobre o que tinha visto antes de chegar à casa vindo da escola. O garoto nunca havia visto os fogos de artifício e rojões tão de perto, apenas os ouvia quando sua mãe dizia que os homens de farda estavam a caminho e em festividades. Miguel pensava porque o que viu saiu de uma forma de um L preto, e como que conseguiu fazer um buraco no peito, não era suposto apenas para festividades e comemorações? No dia seguinte Miguel conseguia ouvir sua mãe gritando com seu irmão. - Como você pode deixar seu irmão voltar sozinho? Ele tem apenas 4 anos! Imagine se aquele traficante estivesse mal-intencionado? Traficante? Miguel nunca havia ouvido aquela palavra. Tudo ficava mais estranho para o garoto, pensava o que aconteceria se aquele homem estivesse mal-intencionado como sua mãe disse. Mais tarde naquele final de semana, os homens de farda vieram a sua casa, sua mãe disse que eles iriam fazer algumas perguntas sobre o que ele tinha visto.
- Miguel, o que você exatamente viu sexta-feira?
- Eu vi dois homens gritando um com o outro, até que um deles pegou um “L” preto que soltou um fogo de artifício 29
no peito do outro.
- O que você fez depois que o homem morreu?
- Morreu?
Miguel ficou chocado, como que o homem morreu por um fogo de artifício? Realmente foi um fogo de artifício? O homem de farda tentava explicar o que aconteceu para a criança, que a morte foi causada por uma arma-de-fogo. Porém parecia que a criança ficava cada vez mais confusa, pensando que todas as vezes que ouviu os “fogos de artifício”, eram na verdade as armas de fogo e pessoas estavam morrendo. Não demorou mais que alguns dias para Miguel realizar o que realmente acontecia e o que aconteceu na comunidade que ele vivia. Gabriel Zaitune Baugratz Lopes Bueno – 1ª série A
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Infantil Quando se é confrontado pela avenida em branco, todos os neurônios vibrantes resolvem dar um cochilo. A Criança Privilegiada parou toda sua vida a partir de um baque surdo no vazio, e depois do último degrau da inclinação de cimento ela foi obrigada a levantar. As luzes dos postes ainda batiam nos retrovisores dos carros quando sua rotina balançou todo seu emocional. A pista estava vazia e sua inocência a fez sorrir para si mesma. O café pelando a boca na matina aqueceu o coração já prestes a derreter amargo. A esperança da Criança baseava-se no vento correndo entre seus dentes expostos ao frio e em todos os amigos que do lado de lá do muro a esperavam. Sua escola ficava há um pouco mais de cinco quilômetros da padaria do Seu João. A sinuca já estava aberta quando como um raio ela resolveu atravessar a seta piscante. Passou. Toda a dinâmica das mãos infantis foi conduzida pelo asfalto em diante. Vira. Escorrega. Equilibra. Segue. No meio do caminho, a companhia transformou-se duplamente canina. Os latidos viraram a esquina e estenderam-se pela barbearia perto da gruta de Nossa Senhora de Fátima. A trajetória curvou-se pela direita e a Criança Privilegiada marcou as orações graves mais presentes no dia a dia corrido da Mãe. A queda do silêncio interpelou uma buzina extensa e a gritaria foi imaginada. Vira. Escorrega. Equilibra. Segue. O corre-corre lembra que daqui a cinco, não restam mais minutos para estudar. Sentado no banco de couro descascado, a fuga da estrada complicada refletia no dispersar da narrativa já há tanto começada. Se a vida de privilégios singelos e 31
libertos marca a história sem nome, por que tudo continua tão duramente batido? Interrompendo a prisão de ideias, o último sinal revelou-se maduro para a passagem, mas a pressa gritada de dentro da mochila reforçou o ímpeto do caminho livre. Vira. Escorrega. Equilibra. Au-au. Para. A companhia se completa sozinha e os olhos fechados não importam tanto agora à fatalidade animal. Luana Vale Longatti – 1ª série B
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A espera Elora tinha em aparência vinte anos, mas de sábia tinha beirando os seus oitenta, e resolveu esperar pacientemente a volta de seu homem, já se passava de dez horas da noite, quatro horas depois do que previa o seu retorno para a casa em Ouro Preto. Os vizinhos já estavam perfeitamente aninhados em suas camas, era a hora perfeita para ter uma noite de amor com seu amado. O barulho do seu salto fino batia na madeira recém-polida do assoalho, desesperada andava de um lado para o outro, o relógio cuco na parede já marcava dez e meia. Onde estaria seu amado? Sua pele já respingava suor misturado com tristeza, ela estava sendo traída? Tudo que haviam passados juntos... - Não, isso não pode me acontecer, ele jurou me amar! - dizia em voz baixa, se olhando no espelho. – Não, não, não! – Repetia seguidas vezes tentando manter a voz baixa e a calma. Decidiu tomar uma taça de vinho para se acalmar, afinal sua insistência em criar paranoias já a perturbava há algum tempo, quem sabe não seria mais um de seus defeitos vindo atormentar? Enquanto servia a taça de vinho pensava em todos os lugares aos quais já foram, Madrid, Europa, a famosa “viagem a trabalho”. Pensava nas roupas de grife e carícias que só ele proporcionava, o seu amado. Enquanto secava seus lábios carnudos e ajeitava seu vestido vermelho vivo em seu corpo formoso, escutou Jazz latindo no quintal da frente, e sentiu uma pontinha de esperança em seu peito. Seria ele? Esperava-se que tivesse uma desculpa boa para o atraso de uma hora e meia, porque não aceitaria ser traída tão facilmente. 33
Quando ia se aproximando da porta pesada da frente, escutou o barulho da buzina de seu carro conversível, coisa que nunca tivera em sua realidade. Então Elora abriu a porta com discrição e saiu com seu amado enquanto seu marido dormia no andar de cima. Maysa Beatriz Ribeiro Mendonça – 1ª série B
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Rosas escarlates No fundo Lara sabia que de nada adiantaria invejar o jardim de sua vizinha, o seu jamais seria parecido. Onde estaria seu marido a uma hora dessas? Não conseguia dormir. Será que fora encontrar com aquela assistente assanhada após o trabalho? Não... Ele não seria capaz. Ou talvez seria...não... Estava enlouquecendo, não demorou muito para ter um ataque de pânico. Faltou ar em seus pulmões, que já estavam desgastados. Fumava muito. Ao lado, uma grande festa acontecia. Avistou de sua janela a vizinha, elegante junto ao seu marido, um famoso empreendedor em Itajaí. O sentimento despertou novamente, por que sua vida não podia ser assim, descomplicada... ouviu um estrondo, seu marido havia chegado. Sabia que estava bêbado, se escondia ou ia em sua direção? Droga! Levou um tapa, demorou demais para decidir... Não saía de casa, o marido era rígido. Seguindo a rotina, foi regar seu jardim. As rosas nunca cresciam, os brotos morriam antes mesmo de abrir... Será que o erro era ela? Possível... uma música calma tocava, e percebeu as rosas de sua vizinha quase atravessando sua cerca. Como eram bonitas! Seu jardim sempre cheio de cores. Amarelo, vermelho, azul, roxo, branco! Ah... o seu nunca chegaria perto de tamanha perfeição. Desabou-se a chorar, desejava em segredo que tudo morresse ao lado, e a terra se tornasse infértil para jamais sentir isso novamente. Vizinha idiota! Tinha que ter tudo, a vida perfeita, o marido perfeito, o jardim perfeito! Entrou furiosa em sua casa, bebeu demais e se drogou até ficar completamente dopada... Um barulho ensurdecedor de sirenes a despertou no dia seguinte, não se lembrava de nada. O que estava aconte35
cendo? Saiu pela porta e viu sua vizinha, morta perto das flores vermelhas. Ensanguentada, deitada na grama, as rosas antes tão bonitas, cobertas por sangue... sua memória começou a voltar. Olhou friamente por alguns segundos. Do outro lado, viu o marido da vítima algemado, sendo bruscamente colocado no carro da polícia, com as mãos cobertas de sangue, se debatendo ferozmente, negando o crime flagrante. Parece que a vida que invejava não era o que transparecia ser. Rafaela Alves Camarano – 1ª série B
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Ensino Fundamental
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Couro legítimo Um homem de terno caminhava pelas ruas de uma pequena cidade no interior de São Paulo, não esboçava sorrisos para estranhos, tampouco parava em algum ponto de seu trajeto. Danilo nunca esboçava calor, mesmo diante do impetuoso sol em seu ápice às onze da manhã, quando ia para seu local de trabalho, logo depois do almoço que sua mulher preparava para que levasse para comer às treze horas, pontualmente, como sempre. O homem desceu a rua de sua casa com sua pasta de couro, uma maleta com trava e alças curtas com alguns documentos e dinheiro de sobra para sua passagem de ônibus. Era uma manhã agradável, não tão quente quanto as que vivenciara naquela semana. Danilo continuou seu caminho até o ponto de ônibus, sentou-se em um dos bancos e colocou sua maleta ao seu lado, impedindo que alguém ocupasse aquele lugar. Algumas pessoas estavam em pé, mas isso sequer passou pela sua cabeça. Não era problema dele. O ônibus finalmente chegara, 3 minutos atrasado, de acordo com o relógio de Danilo. Deixou algumas mulheres passarem na sua frente. Se sentiu bem. Era definitivamente um cavalheiro. Lembrou-se das suas várias gentilezas, como alertar sua mulher que suas roupas estavam muito curtas para sair pela tarde. Ao entrar, viu que lhe restava apenas um assento e, com desgosto, sentou-se ao lado de um garoto que, aparentemente, chorava. Danilo riu para si mesmo. “Homem de verdade não chora.”, pensou. Uma breve lembrança de quando se trancou no quarto para que seus filhos não descobrissem que chorava por conta de uma briga com sua mulher, mas, logo, lembrou-se de que fez o certo ao dar um bom exemplo a Artur, seu filho mais velho, que seria o homem da casa depois que morresse. 38
Deu uma rápida espiada no jovem ao lado. Danilo sabia que um simples tapinha nas costas, até mesmo perguntar o que acontecera ou consolá-lo de alguma forma faria o garoto de sentir melhor, mas era um homem com uma imagem e não queria ser mal interpretado. E de qualquer forma, não era problema dele. Saiu do ônibus. Avistou um homem com roupas desgastadas prestes a pedir-lhe alguma moeda, mas mesmo tendo algumas, Danilo fingiu que não o viu. Para ele, quem mora na rua é quem não se esforça. “Eu me esforcei”, pensou, afirmando-se. É claro que seus pais o ajudaram, mas seus pais se esforçaram. Danilo seguiu andando e, ao atravessar a rua, olhou por última vez ao homem que lhe pedira dinheiro. E em um instante, um barulho ensurdecedor tomou conta de sua mente. Soltara sua pasta de couro legítimo. Seu relógio quebrou-se em milhares de pedaços e seu terno, agora manchado, rasgou-se. Não conseguia se mover. Naquele momento, era apenas um homem, jacente no asfalto, balbuciando pedidos de ajuda. Alguns passavam direto por falta de coragem de agir. Outros chamavam pessoas de dentro das casas para checar o fato. Talvez não fosse problema deles. Ninguém parecia fazer algo que realmente ajudaria Danilo, senão um homem, de voz familiar, aparência caquética, roupas gastas. Este gritava por ajuda médica, a ponto de esforçar suas pernas cansadas a correr de um lado ao outro. Foram os minutos mais longos de sua vida. Enquanto ouvia os gritos do homenzinho, pôde reparar pés curiosos se aproximando, e, logo depois, o resgate. Ignorara o morador de rua, e o mesmo parecia ser a única pessoa no local que realmente se importava com sua vida. Em sua mente, afirmações transformavam-se em dilemas, com que não poderia lidar naquele momento. Danilo, no chão, fechou os olhos e deixou 39
uma lรกgrima escorrer por sua bochecha. Rafaela Rodriguez - 9ยบ ano
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Bolo de aniversário Era uma segunda-feira quando uma mãe e seu filho entraram em um supermercado, estavam vestindo trajes velhos, desgastados, chinelos que só não arrebentaram devido a pregos abaixo. Foram até a fila do pão. Enquanto esperava Dona Soraia contava suas poucas moedas presentes em seu bolso. Betinho, que não parava quieto foi até uma vidraça onde estavam vários bolos de aniversário, cada um mais bonito e apetitoso que o outro. Vendo aquelas velas se lembrou de seu aniversário e foi até sua mãe, que ainda contava o dinheiro com certa dificuldade. - Mãe, me compra um daqueles bolos de aniversário? – disse apontando para a vidraça com um sorriso. Dona Soraia meio sem jeito respondeu: - Filho, não tenho dinheiro sobrando, me desculpe. O sorriso estampado no rosto do menino sumiu, porém não insistiu com a mãe, sabia que sua condição era ruim. Pegaram o pão, compraram mais algumas frutas e foram em direção ao caixa, quando de repente um homem simples, nem rico e nem pobre, só feliz se agachou a frente de Betinho e detrás de suas costas tirou um bolo, o mais bonito de todos.
- Feliz aniversário, garotinho!
- Moço, não precisava, não terei como pagá-lo. Como irei compensá-lo? – disse Dona Soraia um pouco preocupada. - Quando você tiver o dinheiro me ligue. O homem pegou um papel e uma caneta em seu bolso e após escrever o entregou ao menino, disse boa tarde e foi embora. 41
Anos depois a mesma cena se repetira, no mesmo supermercado. Uma mãe não tinha dinheiro para comprar um bolo a sua filha, quando aparece Bentinho, já crescido, agora formado em advocacia, parou em frente a menina com uma sacola e a perguntou:
- É seu aniversário?
- Não, não é o meu. É o aniversário de meu vovô, queria dar um presente a ele. - Então fique com esse bolo aqui, é um presente, aproveite! A mãe da garota agradeceu, a menininha lhe deu um grande abraço, agradeceu, pegou o bolo e foi embora. Chegando em casa a menina presenteou o avô, que estava cochilando em sua cadeira de rodas. - Feliz aniversário, vozinho! Um homem de terno me deu esse bolo quando eu disse que era para você. O velho abraçou a netinha e pegou o bolo, que estava embrulhado. Ao abrir a embalagem o avô encontrou um papel com uma mensagem. Ao ler reconheceu que a letra era sua, e que havia escrito essa mensagem a anos atrás para um garotinho do qual dera um bolo, em um certo supermercado. A mensagem era a seguinte: “todo bem que você fizer ao próximo, voltará a você um dia”. E em silêncio para si mesmo leu suas próprias palavras. Beatriz Coelho - 9° ano
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O balaio Era tarde da noite, quando bateram à porta de Maria. Ao abrir a porta Maria percebeu que não havia ninguém, aliás, havia somente um balaio com uma criancinha dentro. Ela então pegou o balaio e sem pensar duas vezes o deixou na casa da vizinha. Lá, tocou a campainha e retornou a sua casa, afinal era muito jovem e uma criança só atrapalharia sua vida. Flávia ouviu a campainha e foi correndo, pois achava que seu namorado chegara, quando abriu a porta só viu o balaio com a criança. Sem hesitar pegou-o e o colocou na rua, afinal estava começando um relacionamento e essa criança só atrapalharia. Logo ao amanhecer, a rua estava lotada, os moradores se reuniram em volta do balaio. Alguns pensavam, davam uma olhada e em seguida iam embora seguir suas vidas. Nesse momento só se ouvia: - De quem é essa criança? Que tipo de mãe abandona o próprio filho? Com o passar do tempo a multidão começou a diminuir e alguns palpites começaram a aparecer: - Vamos chamar a polícia! Devemos ligar para um orfanato? Horas se passaram, muito se ouvia e ninguém fazia nada, afinal poderiam ter problemas, ser suspeito de deixar uma criança ali, dessa forma. Enquanto os adultos discutiam sobre qual seria o destino da criança um menino pegou a mamadeira de sua irmãzinha e deu à criança alimentando-a.
O céu começava a escurecer quando alguém, finalmen43
te, ligou para o orfanato. A essa hora somente os mais curiosos ainda permaneciam ali. Algum tempo depois uma mulher de terno, bem vestida chegou no local, não olhou muito para a criança e fez algumas perguntas aos moradores presentes. A essa altura já era noite e o tempo começava a esfriar, uma menininha que deveria ter seus 7 anos se aproximou da criança e colocou uma mantinha sobre ela. A mulher de terno aproximou-se do balaio e sem olhar para a criança colocou-a dentro de seu carro e foi embora, sumindo na escuridão das ruas. Clara Lopes - 9° ano
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O Melhor - Eu te desejo o melhor. Pelo menos é o que eu digo, quando agarro minha bolsa ao ser abordada por um pedinte.
- Nem uma moedinha, moça?
- Não, me desculpe. Os passos antes tão calmos, agora aceleram quase inconscientemente. Sigo aliviada para meu trabalho. Não sou uma pessoa horrível, penso enquanto as moedinhas do troco tilintam em minha bolsa. Alguma outra pessoa já deve tê-lo dado algo, ele irá ficar bem. Adentro então o grande prédio da empresa onde trabalho. Mesma rotina, elevador, aquele cubículo sufocante em que eu deveria escrever toda e qualquer coisa, elevador novamente e enfim chegar em casa. Porém, desta vez, não foi assim. O chefe resolveu ter uma conversa em particular, seria finalmente a promoção que eu tanto esperava? - Eu te desejo o melhor. Foi o que ele me respondeu quando o perguntei: o que farei a seguir?
- Mas senhor, eu preciso do salário, do 13°!
- Me desculpe, a empresa teve que cortar gastos. Você sabe disso, né? Mentiroso! Nada mais para fazer aqui além de juntar minhas coisas. E agora, como faria para pagar meu aluguel? Há três meses não pago o aluguel, não me lembro da última vez que recebi tantas notificações. Era a última semana em que poderia continuar aqui, mas para onde iria? Sem nenhum parente por perto, com mãe e pai a ‘sete palmos abaixo do solo’, sem nenhuma grana no banco. Peguei 45
os últimos trocados que me restavam, quarenta e nove reais. Droga! A passagem é sessenta. Reviro toda a casa em busca de qualquer dinheiro. Nada. Corro para a rodoviária do mesmo jeito, talvez eu consiga o que me falte. Minhas mãos estão suando frio ao abordar uma moça que parecia ter minha idade. - Por favor, você tem algum troco? Preciso para completar minha passagem e ...
- Não, me desculpe, ela sorriu com pena.
- Mas eu te desejo o melhor. Sophia Lara - 8° ano A
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As pessoas realmente mudam Solidariedade é uma ação, sentimento muito importante, sabe? Você pode até não perceber, mas ajudar ao próximo é maravilhoso! Faz bem ao coração e à alma. Não sei se já foi comprovado cientificamente, mas nessa hora, as pesquisas não importam tanto, pois em minha sincera opinião, às vezes o sentimento vale mais do que números, gráficos. É uma pena que existam pessoas como o antigo vizinho de minha amiga. Irei contar a história a vocês. Ele era um velho rabugento. Eu não ‘ia com a cara dele’, mas tinha razão: ele nunca ajudava os vizinhos quando precisavam (tal falta de solidariedade), e os respondia com rispidez sempre. Minha amiga dizia que ele tinha trauma de pessoas, sei lá. Eu, definitivamente, não gostava de seu jeito mal-educado com pessoas tão amáveis e bondosas, que assim como pediam, lhe ofereciam ajuda. Vinha sempre um “Não!”, curto e grosso. Certo dia, segundo minha amiga, ele havia saído para fazer sabe-se lá o quê, e estava demorando. ‘Sim, ela toma conta da vida dos vizinhos’. A avó dela havia dito que iria chover demais aquele dia. A querida senhorinha nunca se enganava. Deu até enchente. A parte mais solidária foi que, a casa do velho rabugento fora atingida pela água, e mesmo com toda a grosseria, os vizinhos resolveram ajudar o homem. Ele ainda estava sumido, porém seu cachorro e seus móveis estavam sendo arrastados pela correnteza. O homem chegou minutos depois, e encontrou a rua inteira mobilizada para ajudar uns aos outros, inclusive a ele. Nunca o viram sendo tão gentil e carinhoso, agradecia a todos toda hora, e alguns dizem que o vizinho estava com os olhos marejados. Deveria ser a emoção e a surpresa misturadas. 47
Só sei que no fim da história, o velho rabugento – agora não mais – aceitava e recebia ajuda de bom grado. “Aceitava” e “recebia” estão no passado, pois agora ele se mudou, e está morando fora do país com sua família. Acho que se lembraram dele. Apesar da mudança de moradia, o homem mantém contato com a sua rua, e agradece até hoje o ato de solidariedade e amor de todos. Maria Antônia Quintana - 8° ano A
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Véspera de Natal Era véspera de Natal. Ou melhor, véspera da véspera, dia 23 de dezembro. Durante à noite, as ruas ficavam vazias. Então, era hora de agir. Um sujeito baixo e magro de capa preta saiu de uma casinha e dobrou uma esquina, enquanto guardava 5 embrulhos na parte interna de seu sobretudo. Os embrulhos eram pequenas caixinhas fechadas, por cada uma, um laço de fita: verde, vermelho, dourado, azul e branco. O sujeito então, passou por uma rua silenciosa, na qual havia um morador de rua dormindo. Ele pegou o embrulho do laço de fita azul e o pôs próximo à cabeça do morador de rua e seguiu seu caminho. Depois, o sujeito passou por um velho casarão na qual vivia uma velha de quase 90 anos e centenas de gatos. O mesmo, abaixou-se e passou pelo portão o embrulho de laço vermelho e continuou a andar. Mais a frente, havia uma avenida bem movimentada. O sujeito aproximou-se de uma padaria que estava fechada e deixou ali na porta a caixinha da fita verde. Pouco mais adiante, havia um prédio de mais ou menos uns vinte andares. Ele deixou a caixinha de fita branca em uma das caixas de correio. E ainda lhe faltava a última: a de fita dourada. Desapontado por não ter entregue todas as caixas, seguiu caminho para casa. Já na rua silenciosa, sentada no meio fio, havia uma garota, aparentava seus 15 anos e estava muito triste. Estava grávida e fora abandonada pelos pais. O sujeito sem poder fazer muita coisa, apenas deixou nas mãos da menina a caixinha de fita dourada e sumiu na escuridão e no silêncio da rua. Satisfeito consigo mesmo, entrou na casa que havia saído no início da madrugada. Uma mulher de vestido florido estava na cozinha e logo se assustou com a visita inesperada. O sujeito tirou seu disfarce e foi logo se explicando:
- Oi mãe, desculpa por ter saído sem avisar. Já é quase 49
Natal, então resolvi distribuir alguns presentes para pessoas especiais. - Filho, você ainda é muito novo, não é nada seguro um menino ficar andando por aí, sozinho e quase de madrugada! Além disso, quais presentes? Não temos dinheiro nem para nos sustentarmos! - Sei disso, mas eu não gastei dinheiro mamãe, recortei caixinhas de um papelão que achei na rua ontem. E peguei algumas fitinhas coloridas que guardei para enrolar nas caixinhas.
- E o que você colocou dentro das caixas?
- Nada, mamãe. A única coisa que eu tinha para dar eram laços, não de fitas, mas sim laços de esperança, amor, luz, paz e alegria. Flávia dos Santos - 8° ano A
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“Memórias no cárcere” Agora que estou preso nesta cela, com muito tempo de cárcere a cumprir, posso fazer uma revisão cuidadosa de minha vida e refletir o que me trouxe a esse ponto. Tudo começou durante a infância, minha família era de origem muito pobre, nunca consegui ir à escola e tinha de ajudar na renda familiar sendo o único método viável, trabalhar em um sítio. Eu não era de ter inveja, porém não posso negar que ao ver os filhos do patrão, almejava a mesma vida deles, os mesmos brinquedos, estudar, possuir celular, entretanto, não passava de um sonho. A minha relação com meu empregador não era das melhores, quase nunca conversávamos, contudo, com sua esposa era diferente, sempre interagia comigo, dava-me comida e roupas. Com o passar do tempo minha relação com a patroa foi ficando mais maternal, até o ponto de ela solicitar ao marido que pagasse meus estudos e me levasse para morar na casa deles, pois via muito futuro e possibilidades em mim. Desprovido de qualquer senso de solidariedade, meu patrão recusou o pedido da esposa, como também me demitiu sumariamente. Sem qualquer expectativa de melhora de vida e desempregado fui para a cidade, onde comecei a praticar pequenos furtos, terminando por participar de uma quadrilha de roubo a bancos, quando fui preso e condenado. Pelo retrovisor da vida vejo agora pela simples falta de um ato solidário, meu destino que poderia ser brilhante, tornou-se uma simples memória que relembro nesse momento no cárcere. Lucas Guimarães - 8° ano B
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A vida de um homem sem sentimentos Dentre bilhões de pessoas no mundo, este homem chama a atenção devido a sua trajetória e no que ele se transformou. Este rapaz sem nome, veio de uma família muito humilde. Ele teve que trabalhar para ajudar seus pais no sustento dos seus seis irmãos. Com todo o seu grande esforço, ele conseguiu se transformando em um rico e influente empresário. Isso seria uma coisa boa, se a ganância não tomasse conta de seus sentimentos. Este homem então, passou a tratar seus funcionários como escravos. Não dá para acreditar que aquela criança bondosa e trabalhadora se transformou neste ser adulto ganancioso e melancólico. Provavelmente, quando esse homem morrer, não terá ninguém para chorar em seu velório e, seu túmulo não terá flores. Fernanda Maísa - 8°ano B
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‘’Gentileza gera gentileza’’ Em uma cidade havia um mendigo que sempre ia ao restaurante Madeiro pedir comida e esmola para os clientes. O gerente não gostava, pois falava que isso deixaria o restaurante com cara de sujo, então os garçons batiam no mendigo, jogavam água e outras coisas que o maltratasse, que o fizesse sair correndo... Alguns clientes até davam umas moedinhas uma nota de dois, cinco, no máximo era dez reais, alguns até pediam para fazer uma marmita para ele levar, antes que algum garçom o batesse ou fizesse alguma coisa com ele. Um dia o mendigo pediu uma contribuição para um senhor já de idade, cabelo grisalho:
- Oi senhor, tudo bem?
- Oi meu caro, está tudo bem comigo sim e com você? O que você deseja? - Ah senhor, para falar a verdade minha vida não está muito boa não! Eu queria saber se o senhor pudesse fazer uma cari... Ele não conseguiu terminar de falar, pois um garçom havia chegado e jogado água fria, porque neste dia estava muito frio. Na mesma hora o cliente levantou disse bem alto: - MEU DEUS! Que falta de respeito com um ser humano, ele pode estar sujo, pedindo ajuda seja o que for, ele merece respeito como todos nós. Não é por causa das condições dele que vamos julgá-lo, pelo contrário vamos tentar ajudá-lo. Porque mesmo com características diferentes somos seres humanos, irmãos e devemos respeitar uns aos outros.
O garçom um pouco assustado e meio nervoso respon53
deu: - Respeito todo mundo, só ladrão que não merece meu respeito. O cliente achou melhor não ficar discutindo ali. Pediu para o mendigo esperar a um quarteirão dali que logo ele iria encontrá-lo. O senhor pediu sua conta no restaurante e foi encontrar com o mendigo. Chegando lá eles começaram a conversar. E o senhor disse:
- Oh meu amigo, como o senhor se chama?
O mendigo preocupado falou:
- Senhor não precisava arrumar essa confusão toda por causa de mim não, já estou acostumado a ser tratado assim, já nem ligo mais. Ah, me chamo Roberto. - Lógico que não Roberto, nunca iria admitir uma falta de respeito dessas. Prazer sou Antônio. - falou estendendo a mão para Roberto.
- Muito obrigado de verdade Antônio- disse Roberto
- Agora vou te fazer uma pergunta, mas se você não quiser responder não precisa, ok?
- Ok.
- Porque você sempre está pedindo tanta esmola neste restaurante, que tem uma classe mais alta?
Roberto respondeu com um pouco de vergonha.
- É porque onde eu moro, muitas famílias passam fome, frio, não tomam banho, sempre estão gripadas, outro dia mes54
mo morreu um senhor que estava com uma infecção, pois moramos perto do lixão e aproveitamos as coisas que tem lá. Peço ajuda para pelo menos tentar colaborar com essas famílias que passam por isso. Antônio, emocionado com a história, pensa em tudo e diz a si mesmo: como uma pessoa sem condição nenhuma ainda tenta ajudar o outro? - Roberto eu irei ajudar você e essas outras famílias que passam por isso. Roberto começou a chorar e ajoelhou aos pés de Antônio agradecendo e agradecendo... - Não Roberto, pode parar não é nada não, vou fazer isso pelo seu coração como se diz: “gentileza gera gentileza’’. E assim Antônio ajudou Roberto e as outras famílias, também com a ajuda do restaurante Madeiro, que soube da história e como pedido de desculpas passou a ser mais solidário. Laura Barbosa - 8° ano B
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O simples amor Gostaria de escrever um conto tão amoroso, mais tão amoroso, que fizesse aquele belo rapaz, de sorriso brilhante como o sol, olhar para seu íntimo e dizer: esse texto me deixou apaixonado! E então que no final desse meu texto tivesse: autor desconhecido. Isso certamente deixaria aquele belo rapaz enlouquecido em desvendar os mistérios daquela pessoa que havia feito aquele texto que tocou seu coração. E que este rapaz, com toda sua timidez, contasse sobre o meu texto para seu amigo, e seu amigo se inspirasse e contasse para sua desejada mulher, e que eles acabassem juntos pelo meu texto. Meu sonho seria escrever um texto onde o amor se propagasse pela humanidade, que as pessoas sentissem o prazer de amar! Ah, como seria bom ter o prazer de estar ao lado do meu bem querer! Meu sonho seria apenas escrever as linhas do amor. E eu sairia por aí vendo a humanidade se amar! Mas uma história como essa não é tão fácil de encontrar, mas o que vem do coração pode ser singelo como a história de dois amantes. O sol já estava a se pôr, e lá estava ele, sorriso vasto, brilhante, mexendo com minhas constelações... com meus pensamentos. E lá estava eu, o admirando pela janela de minha casa. Por várias tardes eu ia colocar minha câmera interna para agir... na verdade, essa tal câmera eram os meus singelos olhos apaixonados! Ah, o amor! Certamente a primavera que eu procurava, encontrei dentro dele!
Certa tarde eu estava a olhar para aquela formosura de 56
pessoa, foi aí que me assustei, saturno deu voltas intensas, Marte deu três pulos, a terra explodiu, tudo isso dentro de minha cabeça. E o por quê? Ah, isso tem uma ótima explicação, o belo rapaz veio falar comigo! Suas palavras soavam como um canto de um pássaro: “Olá, tenho percebido que fita-me todas as tardes, e vim falar pra você que...que... que, na real, estou louco por sua beleza”. Estava completamente louca! Ele perguntava versos e eu respondia a estrofe, isso se chama SINTONIA. A partir daquele dia, começamos a conversar, trocar ideias e... namorar! Meu coração não tinha mais espaços vazios, estava loucamente preenchido. A partir dali, aquele coração que já não era tão ingênuo, sentia o prazer de amar. Ele olhava para mim como se eu fosse estrelas, e eu o olhava como se ele fosse o céu. Uma dupla perfeita. Qualquer verso naquele momento nos representava “Meu amor, não será passageiro, te amarei de janeiro à janeiro, e até o mundo acabar...” Verdadeiramente estava realizada! Minha linha do amor estava completa!
Ah, o amor! Lavínia Santos Silva - 7º ano A
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Só querer Eu queria escrever uma história tão bonita e sensível, que aquela triste criança que está nos seus últimos momentos, lesse minha história através de seu smartphone e abrisse um vasto sorriso no rosto e pensasse “realmente esta história é linda”. E então, pediria à sua mãe que todas as noites lesse para ela, e a mãe contaria à suas amigas a nova felicidade de seu filho, e essas recontariam minha história as suas idosas mães. Que minha história fosse como um raio de luz que entra pela fresta da janela daquele hospital e transmita paz. Que alguém com pouca esperança sobre a vida, lesse minha história e falasse “é tão incrível”. Que ela ficasse tão feliz que riria para as paredes e se espantaria com tamanha felicidade que surgira ou habitava em si. Que a minha história através da internet, atravesse o mundo e transmitisse alegria, até atingir uma criança tailandesa que decoraria a história e contaria para seu avô e esse pensaria “é a história mais bonita que já ouvi na minha vida, essa garota não apenas escreveu essa história, ela sentiu”. E assim, quando minha história fosse mundialmente conhecida, alguém me perguntaria “como você escreveu isso?” E eu responderia qualquer coisa clichê, como “escutei uma menina falando sozinha sobre a vida”, apenas para esconder que fora pensada para aquela criança cuja pobre mãe já curtia seu luto. Uma história parecida com a de Bruno. O garoto sempre se sentia derrotado, estava cansado dessa vida, estava sempre triste, não tinha um grande amigo. Sabemos que a alegria contagia, assim também é com a tristeza. O garoto contagiava a todos com sua tristeza, preferindo sempre ter partido dessa vida, Bruno, fazia sua mãe curtir seu luto, pois esta sempre pensara no pior. 58
Em uma fria tarde de inverno, a escola de Bruno propôs aos 7ºs anos uma atividade diferente. A turma de Bruno, o 7º ano C, ficou encarregada de trazer textos motivadores, sensíveis e contagiantes, algo difícil para o menino. Depois de muito tempo pensando, Bruno teve uma ideia! Ele pediu à mãe que o levasse a um hospital infantil, e lá ele tiraria suas conclusões. Quando chegou ao hospital, ele foi encaminhado ao quarto de Miguel. O menino era agradável e tratou Bruno muito bem. A visita de Bruno foi curta e ao final fez uma pergunta a Miguel, “Como você se sente assim, diante disso tudo?” E o menino respondeu da melhor forma possível: “Eu me sinto um guerreiro a todo o tempo, e se eu não passar disso, de hoje, estou feliz!” O texto de Bruno estava pronto, foi lindo, ele foi tão sensível com as palavras, nem parecia o triste Bruno. Ele se inspirou em seu texto e sua mãe, hoje, é só felicidade! Como eu sei disso tudo? Ah, hoje o Bruno tem um melhor amigo! Ana Laura Lima de Oliveira - 7º ano A
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Aquele pincel Amanhecia e lá estava João, como sempre pintando. Seus pais diziam que ele não sabia fazer outra coisa além de pintar, passava horas e horas entretido, amava o que fazia. Eles estavam começando a se preocupar, havia vezes em que passava o dia inteiro pintando, não conversava com seus pais, e até não comia. O que não sabiam é que aquilo fazia muito bem a João. Trancava-se em seu quarto e pintava. João não era um pintor comum, ele tinha seu pincel mágico que permitia que as coisas virassem realidade. Estava com fome, pintava um hambúrguer e lá estava ele, estava com sono, pintava um colchão bem fofinho, estava com frio, pintava um casaco, estava no jardim e começava a chover, pintava um guarda-chuva, não queria mais chuva, pintava o sol e tudo se resolvia. Mas tudo em excesso é perigoso, João não conseguiu se controlar e começou a pintar tudo o que queria, estava realmente obcecado. Pintava milhares de coisas desnecessárias, esnobava, desperdiçava e por muito tempo foi assim, até que percebeu que não dava mais, o dom já o consumia. Depois de tudo isso ele percebeu que a pintura fazia muito bem a ele, mas que aquele pincel era realmente perigoso. Passou dias pensando nisso até que decidiu voltar a pintar, mas agora só pintava aquilo que trazia felicidade coletiva. Aquilo era a sua vida, a sua paixão. Mariana Eduarda Pereira - 7º ano A
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Um amor que move... Meu objetivo seria escrever um conto tão alegre, mais tão alegre que a pessoa mais triste em sua casa entediante, abrisse um sorriso enorme no rosto. Que ao ler meu conto, até as duas amigas que tinham brigado se abraçassem alegremente. Meu objetivo seria escrever um conto que após o lerem, até os órfãos pela primeira vez na vida, se sentiriam alegres. Que os pobres, mesmo passando por uma situação difícil, ficariam alegres. Meu objetivo seria escrever um conto que deixasse todos alegres, que após lerem aqueles parágrafos, aqueles suaves parágrafos, aqueles belíssimos parágrafos o mundo mudasse. Mas, na verdade, este meu conto tão alegre ainda não está pronto e devo me contentar com esta singela história, é um conto sobre uma amizade, a amizade entre Lívia e Miguel, amigos desde sempre, viviam em um bairro simples, onde todos se conheciam e eram amigos. Ah, não tinha amizade mais sincera que a daqueles dois! Eram amigos e sempre compartilhavam segredos um com o outro, não deixavam uma coisa pra trás. No dia do aniversário de Lívia, Miguel a presenteou com um presente mais que especial, não era um celular, muito menos um videogame, era um cachorrinho! Mas ele era tão fofinho! Deram-lhe o nome de Floquinho. Agora ele fazia parte do grupo! Ia a todo lugar com os donos. Sorveteria. Hum, delícia! Parquinho. Uhu, diversão! Ixi, e o cinema? Ah, nem tinha na cidade mesmo... Eles sempre estavam juntos, independente de tudo! Uma amizade dessas, todo mundo quer. 61
Mas o importante nĂŁo era eles estarem sempre juntos, mas sim o amor que um tinha pelo outro. Flor Mesquita - 7Âş ano A
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Um conto ainda não inventado Gostaria que este meu conto transmitisse a paz, que quando as pessoas em guerra o lessem no jornal parassem na hora o conflito, e dissessem: “Meu Deus! Porque estou fazendo isto”. E então saíssem espalhando a paz pelo mundo. Gostaria que todos que a lessem sentissem a paz no coração. Ah... gostaria que minha história fosse como uma pomba branca, que sai voando e espalha a paz e o amor pelo mundo. Uma história que fizesse com que as crianças que não sabem ler apenas de olhar para o texto já entendessem toda a mensagem, que os analfabetos aprendessem a ler apenas para apreciar este meu conto. Que no mundo todo, a toda hora, as pessoas contassem umas às outras sobre esta história tocante, e que os pássaros ouvissem a história e cantassem mais forte. Que de norte a sul os casais brigões parassem de brigar e jurassem nunca mais reclamar da vida e, assim, que os filhos desses casais prometessem sempre estudar e nunca se meterem em confusão. Mas meu conto é simples e não sei se alcançará tantos desejos, mas é de tijolo em tijolo que se faz a obra. É a história de um casal que vivia em pé de guerra, até que em um dia o tio, da sobrinha, da empregada, do melhor amigo, da vizinha os contou aquele meu conto, aquele que ainda nem inventei, sabe? Essa história mexeu com eles. Antes, a mulher não podia chegar em casa cantarolando músicas de amor que, como um bom brigão, o marido retrucava querendo saber o motivo de tamanha empolgação. Hoje, após terem ouvido todo o meu conto, já se sentem mais leves. Outro dia mesmo, eles receberam visitas que estranharam não 63
ouvirem nenhuma discussão e perguntaram como superaram todas as diferenças, a explicação todos já sabem. Este casal passou o conto para frente e em pouco tempo todo o mundo já saberá qual é a cura para todas as brigas entre família, o meu conto mágico. Ana Beatriz Araújo Marialva - 7º ano B
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Meu ideal seria escrever Meu ideal seria escrever uma história tão triste que aquele homem que trabalhava todo dia ao meu lado no escritório, começasse a agradecer a vida e não olhasse só para seu próprio nariz. E que lhe batesse uma vontade de sair pelas ruas contando a história, fazendo com que as pessoas refletissem sobre a própria dor. Que todo dia ele pensasse: “Eu realmente sou um homem de sorte”. Que em um hospital, um paciente com risco de morte se lembrasse de tudo que ainda tinha para viver e que teve uma vida boa e algo bom o esperava. Que uma grávida com problemas, que arrumava a papelada para o aborto legalizado, desistisse pensando que todos têm direito de nascer. Que em uma ponte, o adolescente que pretendia se suicidar percebesse que sua vida era ótima, seus problemas não eram tão devastadores e podiam ser consertados. E quando viessem te perguntar como conseguira sobreviver a tanta desgraça, responderia que mesmo com tanto sofrimento, viver é a melhor parte. Mas, por hora, gostaria de contar uma história simples, mas bastante importante que é a história de minha vida, de quando morava na Síria, na época da guerra. Nasci em uma família rica, mas quando completei três anos, perdemos tudo. Após o acontecimento, nos mudamos para uma casa minúscula, alugada. Aos sete anos, meus pais sofreram um acidente de carro, como não tínhamos nenhum parente próximo, fui para um orfanato. Era um lugar pobre, sem nenhuma estrutura nem condições, vivi lá até os treze anos, foi quando fugi, passei a morar na rua, sobrevivi só de esmolas por muito tempo, até achar um emprego em uma mercearia. Desde pequeno meus pais falavam que eu era muito inteligente, pois já sabia ler e escrever sem ao menos ir à escola. 65
Sem família e sem amigos, resolvi pegar o rumo de minha vida. Entrei em um curso de línguas, onde me formei e decidi virar escritor. Hoje estou aqui escrevendo esta história, e não me arrependo de nada que fiz, quem sabe este pequeno conto não possa inspirar e atingir a todos. Beatriz Brighenti Giarola Lagôa - 7º ano B
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Um ideal Gostaria de informar às pessoas o que acontece no local onde moram, ou até mesmo da própria vida dela, como se fosse um psicólogo à longa distância ou um repórter das palavras. Hoje temos no mundo muitas pessoas que precisam ser informadas sobre o que está acontecendo com seus países. Quer um exemplo disso? Tem um bem perto de nós, o Brasil. Atualmente, não sabemos metade das coisas que acontecem com nossas cidades, estados e, consequentemente, o país. Mais um exemplo? É um pouco mais distante daqui, a Síria, pessoas morrendo, pois seguem seus ideais, desrespeitando os outros que têm ideais diferentes. Meus textos então poderiam chegar aos políticos, tendo em vista que o pensamento retratado faça-os refletir: “Será que aquela rua que deixei de asfaltar vai fazer diferença? Será que o que eu faço é certo? É certo o que eu faço com os mais pobres?” Então meus textos iriam aos pontos mais altos da política, mas peguei-me pensando: ”Será que todos esses textos valeram a pena?”. Então um dia perguntei isso a minha avó e ela não me respondeu, ela me deu um abraço e sorriu, nesse momento não precisei de mais nada. Meus textos trariam a emoção desse abraço e desse sorriso. Espero que essa história os motivem e faça-os sorrir. A minha história é a de um homem, um homem chamado José, que viveu no campo a maior parte da sua vida, um português que veio ao Brasil com esperanças de ter uma vida nova.
Brasil, terras de esperanças e riquezas, tudo que um 67
jovem da época clamava. Em pouco tempo construiu um pequeno sítio, então ele foi plantando cada vez mais até que um homem com um terno chegou a seu sítio e disse: - Essas terras são boas, quero comprá-las. Dou o dinheiro que quiser!
Então José disse: - Estas terras não estão à venda!
O nobre homem então saiu com uma cara de bravo do sítio, até que alguns meses depois ele voltou com papéis e policiais dizendo que as terras não eram dele. E só bem depois, José descobriu que aquele homem era um governador da época. José, o simplório homem, começou sua vida do zero, trabalhando numa fábrica de sabonetes e de pouco em pouco subiu de cargo até se tornar chefe. Então comprou as terras que havia perdido e lá vive até hoje, onde tem plantações imensas que em breve serão passadas aos seus filhos. Este conto não é real, porém mostra a realidade dos brasileiros hoje, ele está sendo duramente roubado pelos próprios governantes, mas a volta por cima depende de cada um. Luiz Gustavo de Morais Silva - 7º ano B
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Quem é o mais vermelho? “Onde não há diálogos, há guerras” (CF 2018)
Há alguns anos atrás, em um lugar distante, acontecia um conflito entre uma maçã e um tomate, tudo porque queriam saber qual era o mais vermelho e, assim, qual seria o novo rei dos legumes, frutas e vegetais. Mas eles não perceberam que para chegarem a esta resposta o primeiro que deveriam fazer seria dialogar. O tomate, como era muito esperto, criou o seu exército, aproveitando a época da colheita. Já a maçã, como era muito popular entre as frutas, chamou diversos amigos para lutarem. E assim começou mais uma guerra. Prestes a se destruírem, Jhony Acerola, conhecido pelo seu jeito sempre cordial, falou: - Por que vocês não usam a tal da democracia? Assim faríamos uma eleição? Todos gostaram muito da ideia e depois de algum tempo saiu o resultado. Quem venceu foi a maçã, mesmo o tomate sendo realmente o mais vermelhinho, mas isto é respeitar a vontade do outro e reconhecer o valor das amizades. Guilherme Ferraz Nascimento - 6º ano B
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João e Joaquim “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8) Em um lugar bem distante, há muito tempo atrás, dois grupos de terroristas liderados por João e por Joaquim entraram em guerra para decidirem qual grupo tinha o nome mais bonito. Os dois grupos iniciaram a batalha como duas crianças, no “Pedra, papel e tesoura”, depois disso, o conflito foi ganhando forças e o que parecia uma bobeira transformou-se em “tiro, porrada e bomba”. Foram vários feridos, até que as duas mães dos ditos “terroristas” chegaram e gritaram juntas: - Parem agora com esta bobeira, os dois nomes são lindos e não tem razão para esta lutinha - depois os dois foram levados pela orelha para dentro de casa. Joaquim e João dialogaram por muito tempo, depois viram que estavam errados e que a beleza pertencia a cada um. Então, pediram desculpas um para o outro e perdão para Deus. Samuel Papateli da Silva Mota - 6º ano B
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O brinquedo novo “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8)
Em um pequeno vilarejo moravam dois irmãos, Abílio e Bento, cuja família era de origem simples. Certo dia, a mãe dos meninos chegou em casa com um pequeno carrinho para presenteá-los, isso foi o suficiente para gerar uma grande confusão, pois nenhum deles queria dividir o brinquedo com o outro. O que no início foi apenas uma discussão acabou se tornando uma grande guerra. Bento e Abílio não conversaram mais, era só gritaria, um afrontando o outro, e brincar que é bom, ninguém queria. De repente, Abílio, com muita raiva, empurrou o irmão escada abaixo. O garoto caiu e bateu a cabeça desmaiando. No caminho para o médico, Abílio, muito triste, pensou que por egoísmo poderia matar seu irmão. Já no hospital, após exames, o doutor advertiu as crianças, mas disse que não era nada grave e que em alguns minutos já estaria tudo bem. A lição foi aprendida “a duras penas”, mas agora os dois estão sempre conversando, se respeitando e compartilhando.
Isadora Resgalla Resende - 6º ano B
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A coxinha-sorvete “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8) Há muito tempo atrás, em lugares distantes, haviam dois reinos: o reino dos salgados e o reino dos doces. Os reinos eram inimigos mortais um do outro e um dia um salgado foi ao reino doce, mas quando o primeiro doce ficou sabendo, postou no docebook e marcou a rainha Chocolate, quando ela viu, logo ligou para o Coquinho (o chefe dos guardas doces) e cheia de raiva disse:
- Coquinho! O que você está fazendo?
- Ah, rainha, estava fazendo meu lanche da tarde e ia tirar um cochilo. É muita gentileza de vossa majestade se preocupar comigo. - O quê? Cochilo? Lanchinho? Seu folgado! Tem um salgado na cidade, que você vai pegar agora!
- Eu? Agora? - disse o Coquinho.
- Deixe de “lenga” e vá pegar aquele salgado, AGORA!
- Está bom, está bom, está bom...
Bom, o que eles não sabiam é que enquanto conversavam o salgado se foi, então a rainha resolveu mandar uma mensagem: “Querido (só que não, porque eu te odeio) Rei Enroladinho, eu gostaria de pedir que não mandasse seus súditos cruzarem as fronteiras”. Só que o que os doces não sabiam é que um doce também havia cruzado as fronteiras, então, o Rei Enroladinho a retornou: “Bom, eu gostaria que você soubesse que também recebemos a visita de um doce”. Não satisfeita, a rainha respondeu: “É guerra que você quer, é guerra que vocês 72
terão”. Então, os dois reinos foram com seus canhões e soldados para as divisas.
- Salgados, bomba de coxinha! – dizia o Rei Enroladinho.
- Jogar sorvete, povo doce! – dizia a Rainha Chocolate.
O que ninguém esperava é que o sorvete jogado se chocaria com a coxinha formando um doce salgado, ou seria um salgado doce? O que é certeza é que aquilo ficou maravilhoso, e após dialogarem bastante, os reinos decidiram se unir para cuidarem da novidade: a coxinha-sorvete assim formara um único reino. Eduarda Baltar de Campos Coelho - 6º ano A
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Cavalo de guerra ou de paz? “Onde não há diálogos, há guerras” (CF 2018) Há muitos anos atrás, havia dois países que estavam em guerra pelos campos de petróleo. Certo dia, durante um ataque, aconteceu um verdadeiro milagre, um dos cavalos de guerra ficou na linha de combate enrolado em arames farpados. Por um instante, os dois lados pararam de batalhar e foram salvar o animal. Depois de libertá-lo, os soldados se olharam e começaram um longo diálogo: - Foi preciso acontecer alguma coisa inesperada para que pudéssemos estar aqui conversando um com outro. - Pois é. Só assim para que conhecesse o lado humano de vocês. - Fico aqui pensando, o que estamos fazendo uns com os outros nessa guerra? Matando-nos, seguindo ordem de superiores, a troco de quê? - Isto mesmo, eles ficam bem protegidos, longe de tudo, sem ver a quantidade de pessoas que estão morrendo, tudo por causa de petróleo. Veja nossos companheiros, devem estar, cada lado, pensando o que tanto dialogamos, veja só, nenhum barulho de tiros, explosões, gritos de dor, pedidos de socorro. - Então, não seria bem melhor se os nossos superiores sentassem um ao lado do outro e tentassem dialogar para chegarem a um acordo. - Com certeza, poupariam tantas vidas, não destruiriam nada, famílias estariam unidas, estaríamos com nossos filhos e esposas, estamos dando este passo, né? 74
- Sim, nosso diĂĄlogo, pode ser o inĂcio. Vamos levar esta ideia para nossos superiores. Naquele momento a paz reinou e o cavalo de guerra se tornou um cavalo de paz. Gabriel Augusto Cabral de Castro - 6Âş ano A
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Dois Reinos “Onde não há diálogos, há guerras” (CF 2018) Em uma terra distante, havia o reino da paz com fadas, gnomos, duendes e unicórnios onde não havia guerras, lutas, fome e nada disso. Mas com o reino vizinho era diferente, lá tinham guerras, lutas, fome e pobreza, este era o reino humano. O que dividia esses dois mundos? Uma barreira feita por fadas e unicórnios, mas um dia uma brecha se abriu e o primeiro humano entrou no mundo das fadas e assim a briga começou. O duende que era guarda da barreira perguntou o que aquele humano queria, o humano respondeu que queria pegar apenas algumas coisas, mas este humano estava vindo cada vez mais até que um gnomo falou: - Chega! Mais uma vez que você ou qualquer humano vier para cá vocês vão ser destruídos! Sem responder nada, o humano voltou ao seu reino e contou tudo ao rei que achou um absurdo e, assim, declarou guerra. Foram três décadas de conflito e nesses trinta anos os reis e rainhas dos dois reinos foram trocados. Um tempo depois, a princesa do reino das fadas foi fantasiada de humana até o castelo dos humanos e perguntou ao rei porque os dois reinos não se entendiam bem nestes trinta anos. E o rei respondeu: - Estamos em guerra, pois o outro reino não deixava os nossos queridos súditos ficarem lá. - Ah, entendo – falou a princesa – mas eu ouvi do outro reino que eles estavam destruindo o reino deles. Isso depois de destruirmos o nosso, né? 76
- É, isso é verdade, pensando bem, devemos nos reconciliar com a rainha do reino das fadas. Na fronteira, ele e a rainha começaram a conversar bastante. A rainha mandou que seu reino parasse de atacar e cada um ajudou a reconstruir o reino do outro. E a partir desse dia, os dois reinos compostos por fadas, duendes, unicórnios e humanos viveram em plena paz e harmonia. Regina Monteforte Botelho - 6º ano A
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O cavalo azul A caminho da escola, escutei um barulho estranho e fui ver o que era. Em um terreno fechado, estava um lindo cavalo azul, meus olhos se encheram de alegria quando vi aquele cavalo vindo em minha direção. Com os olhos flamejantes, com asas enormes e pelos da cor do céu. Pensei que estava sonhando, até a hora em que toquei em sua crina e vi que era real. Sem pensar, montei no cavalo azul e saímos pelos ares em busca de aventura. Galopamos pela Itália e França, e senti meu dedão espetar em alguma coisa pontuda. Era a Torre Eiffel! Fiquei maravilhado com tudo e até esqueci da dor do meu dedão. Continuamos o nosso passeio sem destino. Avistamos Europa, África, Japão e EUA. Por fim, olhando para baixo, avistei vários personagens acenando para mim e descobri que estava sobrevoando a Disney. Aquele passeio foi um dos melhores que já fiz, pois de galope em galope vi coisas incríveis e conheci lugares maravilhosos. Quando dei por mim, percebi que já estava sentado em minha carteira, na sala de aula, sem nenhum atraso. O cavalo azul, além de mágico era pontual. Peguei meus cadernos e comecei a escutar uma história que a professora contava, que por coincidência o título era “O cavalinho azul”! Gabriel Teixeira Andrade Rodrigues Branco - 5º ano 78
As aventuras do Azulão Eu tenho um cavalinho azul chamado Azulão. Ele é azul da cor do céu, grande e gentil. Ele dança, canta, voa, fala e me protege. Azulão é meu melhor amigo e me leva para várias aventuras. Eu e meu cavalo azul adoramos voar por cima da cidade olhando as montanhas, cachoeiras, animais e as crianças brincando. Certa vez, nós estávamos voando tranquilos pela cidade quando começou uma forte chuva, cheia de raios e trovões. Azulão logo me disse: - Vamos voltar para casa! É perigoso voar com essa tempestade! Nós voltamos para casa e ficamos deitados, abraçados, um esquentando o outro. Azulão e eu estamos sempre em busca de novas aventuras. É muito bom ter esse amigo fiel e companheiro para sempre em minha vida. Rodrigo Magalhães de Oliveira Perpétuo - 5º ano
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Ilustrações
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A bruxinha que era boa - Ana Beatriz Carvalho - 1ยบ ano A
A bruxinha que era boa - Ana Laura de Carvalho - 1ยบ ano B
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Pluft, o fantasminha - Anselmo Luis Tavares Peluso - 2º ano A
Pluft, o fantasminha - Letícia Vanim Rabello - 2º ano B 82
O rapto das cebolinhas - Sophia Tavares dos Santos Luz - 3ยบ ano A
O rapto das cebolinhas - Ana Clara Carvalho das Neves - 3ยบ ano B
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A viagem de Clarinha - Alex Chagas Cardoso - 4ยบ ano A
A viagem de Clarinha - Carlos Augusto Baltar - 4ยบ ano B 84
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