Banco dos Brics :
oportunidades e desafios para fazer diferente
REALIZAÇÃO
1
Os BRICS
Quando, em novembro de 2001, Jim O’Neill, ex-economista-Chefe da Goldman Sachs, cunhou o acrônimo ‘BRIC’ para se referir a um conjunto de países cujo peso relativo teria cada vez maior significado para o desempenho da economia global no futuro próximo (Brasil, Rússia, Índia e China)1 ele nunca imaginou que, poucos anos depois, esse conjunto de países tomaria a iniciativa, apesar de suas expressivas diferenças, de se conformar efetivamente como um bloco econômico (incorporando a África do Sul a partir de 2011), com o claro objetivo de assumir um papel de protagonista na construção de uma nova ordem geopolítica e capaz de influir, tanto simbólica quanto politicamente, sobre a agenda econômica global, até então hegemonizada pelos países do G-82 e da OCDE, assim como sobre as políticas relativas à cooperação para o desenvolvimento, tema sensível para um conjunto ainda maior de países, especialmente do Sul.
APOIO
Por iniciativa da Rússia, em 2006 foi lançada a “Cúpula dos BRIC”, primeiro em nível de Ministros de Relações Exteriores e, a partir de 2009, em nível de Chefes de Estado. A primeira Cúpula de Chefes de Estado dos BRIC foi realizada em junho de 2009 em Ecaterimburgo (Rússia), a segunda em abril de 2010 em Brasília (Brasil), a terceira em abril de 2011 na cidade de Sanya (China) ; a quarta Cúpula teve lugar em Nova Délhi (Índia) em maio de 2012 e a quinta em Durban (África do Sul), em março de 2013. Esse conjunto de encontros serviu tanto para dimensionar as diferenças existentes entre os países membros e os desafios de conformar um bloco entre eles, como para lançar as bases do mesmo e traçar a rota básica de uma agenda para o futuro. Contudo, como reconhece o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o BRICS tem um caráter informal: não tem um documento constitutivo, não funciona com um secretariado fixo nem tem fundos destinados a financiar qualquer de suas atividades. Em última análise, o que sustenta o mecanismo “é a vontade política de seus membros”.3 O grau de institucionalização vai se definindo conforme o processo avança, aspecto relevante para avaliar sua viabilidade futura.
1 O’Neill, Jim. Building Better Economic BRICs. Global Economics, Paper n. 66, Goldman Sachs, novembro 2001. 2 Entre 1998 e 2014 a Rússia formou parte do Grupo dos Oito (anteriormente Grupo dos Sete), mas depois da anexação da Criméia em março de 2014 a Rússia foi punida com a expulsão do bloco, que voltou a ser G-7. Isso reforça ainda mais a importância dos BRICS para essa nação. Ver: <http://www. dailymail.co.uk/news/article-2588490/G8-G7-leaders-kick-Russia-Its-not-big-problem-says-Putins-foreign-minister.html> 3 Ver: <http://www.itamaraty.gov.br/temas/mecanismos-inter-regionais/agrupamento-brics>
bol_brics_REV2.indd 1
10/07/14 19:24