IDIOT JUN.13

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CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 1


6 EDITORIAL Interminável Mês de Maio 14 ROTEIRO 30 ATUALIDADE Branco + Branco 40 PHOTOREPORT Aniversário VHS #17 58 ELETRÓNICA Duo Method 72 LOOK DO MÊS Voluptuos Love + idiota de rua 68 PHOTOREPORT Heróis do Heroísmo

08 PHOTOREPORT Street Idiot 18 RESISTANCE Music & Urban Culture Festival 36 ATUALIDADE Intervenção de Mãos Dadas 54 IDIOTAS AO PALCO Black & White 62 ILUSTRADOR Os Três Maniacos 80 TABU? Alcova de Patrícia + review

84 INTERVENÇÃO Show Time

88 HOMO’GENEO Retóricas Familiares

92 INTERVENÇÃO Os Palhaços Somos Nós

88 INTERVENÇÃO A Change Is Gonna Come

104 PROVOC’ARTE F.A.P.

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98 LA FOUINOGRAPHE Post Apocaplyptic 106 O ANTI-IDIOTA O Bastonário Delinquente


Direcção: Nuno Dias // João Cabral Textos: Ana Anderson Ana Catarina Ramalho Ana Luisa Carvalho Bernardo Alves Bruno Manso Carmo Pereira Flora Neves Nuno Dias Patrícia (Pseudónimo) Rui de Noronha Ozório Tiago Moura Tish Design: Nuno Dias // João Cabral IDIOT, Gabinete de Design® Capa: Maniaks Ilustração: Maniaks Fotografia: Aline Fournier Marta Cunha Video: Mariana Oliveira Rita Laranjeira Marketing Pedro Pimenta Todos os conteúdos gráficos são da responsabilidade de: IDIOT, Gabinete de Design ® www.idiocracydesign.com Info@Idiocracydesign.com Cada redactor tem a liberdade de adoptar, ou não, o novo acordo ortográfico (*) NENHUMA ÁRVORE FOI SACRIFICADA NA IMPRESSÃO DESTA MAGAZINE!

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INTERMINÁVEL MÊS DE MAIO MAIO FOI SEM DÚVIDA UM MÊS DE EMOÇÕES, DE NOVOS PROJETOS E DE MUITO TRABALHO. COMEÇÁMOS O MÊS LOGO EM GRANDE E LEVÁMOS OS MANIAKS AO TOPO DA ESTAÇÃO DO METRO DA TRINDADE, ONDE O GARE PORTO E A BLOOP ORGANIZAVAM UMA MATINÉ COMO NUNCA FOI VISTA PELA INVICTA! PERANTE MILHARES DE FESTEIROS PINTARAM-NOS UMA TELA GIGANTE. O CHÃO ATÉ ABANOU! FOI SEM DÚVIDA UMA TARDE DE BOA DISPOSIÇÃO, BOA MÚSICA, MUITA ARTE E COM OS PÉS SEMPRE A DANÇAR. E COMO DIZEMOS QUE A ARTE É PARA TODOS, TAMBÉM ESTE MÊS FOMOS ATÉ À UNIVERSIDADE PORTUCALENSE, QUE AGORA SE AVENTURA PELOS CURSOS DE ARTES PELA PRIMEIRA VEZ, E ENTÃO CHAMOU PELOS IDIOTAS PARA AJUDAREM NA FESTA. INSPIRADOS POR UM DOS NOSSOS COLETIVOS PREFERIDOS, OS BOAMISTURA E O MURAL QUE FIZERAM NA ARGÉLIA, LEVAMOS UMA TELA COM MAIS DE 5 METROS E CONVIDAMOS TODOS OS ALUNOS E PROFESSORES A DESENHAREM, ESCREVEREM, RISCAREM, A FAZEREM O QUE BEM ENTENDESSEM. E USANDO ESSA TELA COMO O FUNDO DAS LETRAS, ESCREVEMOS: UPT + CRIATIVA. ESPEREMOS QUE SIM. MAS COMO NEM TUDO FOI FÁCIL, E AS HISTÓRIAS MAIS DOLOROSAS SÃO AS QUE, COM O PASSAR DO TEMPO, SE TORNAM AS MAIS ENGRAÇADAS, O NOSSO MAIOR PROJETO DESTE MÊS FOI A STREET IDIOT, QUE CONSISTE NUM PACOTE ONDE OFERECEMOS, EM FORMATO A2, A CAPA DA IDIOT DO RESPETIVO MÊS, E UMA DATA DE DESCONTOS E BRINDES. MAS COMO NEM TUDO CORRE COMO SE ESPERA, QUANDO FOMOS À GRÁFICA LEVANTAR O TRABALHO, SEXTA FEIRA, NO DIA ANTERIOR A LANÇARMOS ESTE NOVO PROJETO NAS INAUGURAÇÕES SIMULTÂNEAS NO CENTRO COMERCIAL BOMBARDA, A HISTORIA ERA OUTRA... O IMPRESSOR DA GRÁFICA TIVERA QUE SER OPERADO DE URGÊNCIA, O DONO DA GRÁFICA - ONDE AQUI FICA O AGRADECIMENTO AO GRANDE QUINTAS! - NA MELHOR DAS INTENÇÕES, FEZ OS POSSÍVEIS PARA TER O TRABALHO PRONTO O MAIS RÁPIDO POSSIVEL. E ASSIM FOI: ÀS 00H TÍNHAMOS O TRABALHO EM MÃOS: 2000 CARTAZES POR DOBRAR, ENVELOPES, E VÁRIAS PUBLICIDADES E DESCONTOS. VALERAM OS MUITOS ANOS DE AULAS DE E.V.T., OFICINA DE ARTES E MATERIAIS E TÉCNICAS DE EXPRESSÃO PLÁSTICA, POIS FOI UMA NOITADA INTEIRA A DOBRAR CARTAZES, MAIS JUNTAR AS PUBLICIDADES, E METER TUDO NO ENVELOPE A5 CARINHOSAMENTE ILUSTRADO PELOS MANIAKS. MAS QUANDO SE CHEGA AO FIM E SE OLHA PARA TRÁS, O RESULTADO FOI O MAIS IMPORTANTE, E TEMOS ORGULHO EM SABER QUE TODOS PODEM TER UM CARTAZ DA IDIOT EM CASA. CASO NÃO TENHAS PASSADO POR BOMBARDA, OU ENCONTRADO UMA AÇÃO DE PROMOÇÃO DA STREET IDIOT, PODES SEMPRE LEVANTAR A TUA NA PARA SEMPRE TATTOOS, NA AVENIDA BRASIL, FOZ; DEDICATED STORE, EM CEDOFEITA OU NA DANCEPLANET DE GAIA. APROVEITAMOS TAMBÉM ESTA EDIÇÃO PARA APRESENTAR O MAIOR PROJETO QUE TIVEMOS EM MÃOS ATÉ AGORA: EM CO-PRODUÇÃO COM MAIS 3 PROMOTORAS DE EVENTOS, A IDIOT ESTÁ A ORGANIZAR O RESISTANCE, FESTIVAL QUE ORGULHOSAMENTE SE APRESENTA COMO O PRIMEIRO FESTIVAL DE MÚSICA E CULTURA URBANA DO PORTO, E QUE PRETENDE NUM FUTURO MUITO PRÓXIMO, SE TORNAR UMA REFERÊNCIA NA CULTURA URBANA EUROPEIA, E JÁ QUE SOMOS UM POUCO MEGALÓMANOS, QUEM SABE, DO MUNDO? NUNO DIAS CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 7


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Nasceu a Street Idiot, um modo de divulgação de uma forma completamente única e diferenciadora. A Street Idiot apresenta uma forma de interagir com um público enorme e diversificado. O nosso formato impresso procura unir o melhor do conteúdo cultural e de entretenimento num formato inovador e provocador. A Street Idiot é grátis e traz sempre o poster da capa da Idiot Mag. Poderás encontrar o teu na Dedicated Store Porto, Para Sempre Tattos, no CCBombarda e em eventos pela cidade do Porto. E tu, já tens o teu poster? CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 9


Stand da Street Idiot no CCBombarda, nas inaugurações simultâneas

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Flora Neves

Serralves em Festa: Dia 8 e 9 de junho, realiza-se a 10ª edição do Serralves em Festa, 40 horas consecutivas de animação. Este é o maior festival de expressão artística contemporânea em Portugal e um dos maiores da Europa, com centenas de eventos a decorrer nos vários espaços de Serralves e também em alguns locais da cidade do Porto. O Serralves em Festa é sem sombra de dúvidas, passagem obrigatória para dezenas de milhares de pessoas. Das 8h da manhã de sábado, 8 de junho, até à meia-noite de domingo, 9 de junho, Serralves recebe dezenas e dezenas de eventos pensados para todas as idades. Aqui representa-se, áreas como a Música, Dança, Performance, Circo, Teatro, Cinema, Vídeo, Fotografia, Exposições, Visitas Orientadas e Oficinas para Crianças e Famílias. A entrada é gratuita. MUSE : Os Muse, o trio Inglês, vêm a Portugal apresentar a “The 2nd Law Tour” e tocam no Estádio do Dragão, no Porto, a 10 de junho. Os bilhetes vão dos 56€ aos 90€. Positive Vibes: Nos dias 28 e 29 de junho, o Areinho em Vila Nova de Gaia receberá vibrações positivas. A 2ª Edição do Festival Gaia Positive Vibes traz-nos de novo um combinado de emoções e novas experiências. Este evento de sucesso, ponto alto da Agenda Cultural de Gaia, apresenta-se como um grande festival de Verão, associado aos ex-libris da cidade como por exemplo: Praia, Paisagem, Turismo, Cultura, Gastronomia.

Dia 5 e dia 6 de junho, pelas 21h30, chega ao teatro Carlos Alberto, “Agreste” . Da Autoria de Newton Moreno e pelas mãos da Companhia Razões Inversas, chega uma história passada no meio rural. No meio da devastação causada pela seca, floresce entre um casal de agricultores um amor incondicional. O preço do bilhete é 15€ e não podes perder este “vigoroso manifesto poético”. Na continuidade do ano do Brasil no TNSJ, “Não Sobre o Amor” vai ter lugar dia 14 e 15 de junho, pelas 21h30. Com a encenação de Viktor Shklovski, uma 14 // www.IDIOTMAG.com

troca de cartas entre dois escritores russos do início do século XX deu origem a um romance, que por sua vez motivou uma peça da companhia Sutil de Teatro de Felipe Hirsch. O Preço do bilhete é em média 16€ De dia 27 de junho a 29, no TNSJ, com a Coprodução Tok’Art - Plataforma de Criação e com a coreografia, figurinos e espaço cénico de André Mesquita, vai ter lugar “Salto”. O coreógrafo reincide no diálogo das possibilidades entre o pensamento contemporâneo e o corpo. O preço do bilhete é entre os 7,50€ e os 16€.


“Agreste”

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É no Largo de S. Domingos, nrº 69, que abriu um espaço dedicado aos sabores de Portugal. A Taberna do Largo é loja e tasquinha, onde se pode comprar e degustar produtos dos quatro cantos do país. As melhores iguarias nacionais, vinhos, queijos e enchidos (entre outros), estão agora à disposição num espaço que faz lembrar um misto de antiga mercearia com a típica taberna. Em plena Baixa do Porto, na simbólica Praça Carlos Alberto, o Will Restaurante Sushi Bar, oferece uma gastronomia firmada nos paladares da cozinha tradicional portuguesa e também nos sabores japoneses, através de um sushi bar. Com uma decoração simpática, que combina linhas clássicas com apontamentos modernos, o espaço dispõe de salas privadas, ideais para jantares de negócios, grupos ou festas privadas.

Wall

Com um emparedamento expositor de garrafas que pretende representar bebidas dos diversos cantos do mundo, o The Wall, na Rua de Cândido dos Reis já não passa despercebido. Com um impacto visual forte, este espaço reflete uma personalidade cosmopolita, com um ar sofisticado de modernidade e reminiscências retro, que passa também um pouco pela música dos anos 70 e 80.

Zenith

No 15º piso do Ipanema Park, eis que surge um spot com o intuito de desfrutar dos fins de tarde e noites animadas de verão, junto à piscina, com música e dj´s, cadeiras e puffs, cocktails e festas temáticas. Tudo isto num local trendy e exclusivo, mas descontraído. Fica o convite para poderes descontrair, nas noites mais quentes com uma vista maravilhosa no Zenith Lounge (Summer ’13).

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CINEMA. Spring Breakers – Viagem de Finalistas. Um grande filme de Harmony Korine com James Franco, Vanessa Hudgens, Selena Gomez, Ashley Benson e Rachel Korine. Uma viagem de finalistas à Flórida, onde quatro adolescentes conhecem o gangsta rapper Alien e se tornam ( 2 delas) as suas musas e “partners in crime”. Um filme espectacular e brutal sem limites sobre limites. Com drogas, violência, sexo, dinheiro e hip hop à mistura. Para ver sem moralismos.

TV. Hannibal. Não é deste mês, mas é imperdível. A série do AXN já no ar desde Abril traz-nos o clássico Hannibal Lecter, o psiquiatra canibal interpretado desta vez por Mads Mikkelsen, numa produção original do AXN. Lecter está encarregue de ajudar o criminologista do FBI Will Graham (Hugh Dancy), a mando de Jack Crawford (Laurence Fishburne). Will tem o especial talento de empatizar com os serial killers e entrar na sua mente, descortinando mais facilmente o crime. Mas nem ele nem Jack suspeitam que à sua frente têm o pior assassino de todos eles. A série teve direito a um assessor culinário, o prestigiado chef espanhol José Andrés. No AXN, às segundas, pelas 22h25.

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TALES OF A GRASS WIDOW, Coco Rosie. As irmãs Bianca e Sierra Rose Casady, aka CocoRosie, lançam mais um álbum - “Tales Of A Grass Widow”, sucessor do trabalho discográfico “Grey Oceans” de 2010.

EM NOME DO PAI, de Nuno Lobo Antunes “Uma extraordinária obra de ficção, que ilumina uma das personagens menos conhecidas da Bíblia. O pai de Jesus, que nas sagradas escrituras pouco passa de uma nota de rodapé, tem agora uma história, um passado. E um corpo de chocante carnalidade, atormentado pelo desejo, por uma mente demasiado lúcida para aceitar como boas as palavras do Senhor. Nuno Lobo Antunes molda o romance com o desvelo de um artesão, esculpe cuidadosamente cada frase, reconstitui com rigor a vida nos tempos de Jesus - cria, ele próprio, uma obra de arte”. Bertrand Livreiros Tish CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 17


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O DIA DA RESISTÊNCIA ESTÁ A CHEGAR! SE A ARTE EM PORTUGAL FOSSE UMA PESSOA, A INVICTA SERIA OS PULMÕES. CIDADE CULTURA, QUE SEMPRE QUE INSPIRA NASCE UM ARTISTA, E SEMPRE QUE EXPIRA CRIATIVIDADE É ESPALHADA. É NESTA METÁFORA QUE NASCE O RESISTANCE QUE, COMO O PRÓPRIO NOME INDICA, É UMA RESISTÊNCIA, PESSOAS, ASSOCIAÇÕES E INSTITUIÇÕES QUE SEMPRE IRÃO LUTAR PELA MÚSICA E CULTURA URBANA, PELA NOSSA CULTURA. COM O LEMA “MUSIC & URBAN CULTURE FESTIVAL” ESCOLHEMOS O PALCO QUE MELHOR TRANSPARECE ESSE SENTIMENTO E, NO CENTENÁRIO EDIFÍCIO DA ALFÂNDEGA DO PORTO, MESMO AO LADO DO RIO QUE ESPELHA TODO O BRILHO DA NOSSA CULTURA, NASCE O FESTIVAL QUE PRETENDE SER A REFERÊNCIA NA CULTURA URBANA, DESTA VEZ NÃO SÓ DA INVICTA, MAS DA EUROPA. A CULTURA E A MÚSICA VÃO ESTAR DE MÃOS DADAS, NUM EVENTO REPLETO DE BOA DISPOSIÇÃO. A ARTE VAI TER LUGAR AO INICIO DA SOLARENGA TARDE DE SÁBADO DIA 6 DE JULHO, NAS MARGENS DO DOURO, ONDE GRAFFITERS, PINTORES, ILUSTRADORES, ARQUITECTOS, MÚSICOS, DANÇARINOS, E TODOS QUE TENHAM UMA VOZ ACTIVA NA NOSSA CULTURA SÃO LIVRES DE SE EXPRIMIR. O EVENTO DE ENCERRAMENTO POR SUA VEZ, ESTARÁ COMPLETADO POR DJ’S E PRODUTORES DE RENOME INTERNACIONAL, ACOMPANHADOS PELAS TENDÊNCIAS ACTUAIS DA MULTIMÉDIA, ONDE SE PROMETE DANÇAR ATÉ O DIA VOLTAR A NASCER. JUNTA-TE À RESISTÊNCIA, E VEM ESCREVER A HISTORIA CONNOSCO.

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14h - 20h: Nas latas: ALMA

14h - 20h: Nas latas: EIME

14h - 20h: Nas latas: EKY

14h - 20h: Nas latas: DRAW

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14h - 20h: Nas latas: GO MES

14h - 20h: Nas latas: HAZUL

14h - 20h: Nas latas: KEST

14h - 20h: Nas latas: LARO LAGOSTA

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14h - 20h: Nas latas: Maniaks

14h - 20h: Nas latas: Mesk

14h - 20h: Nas latas: OKER

14h - 20h: Nas latas: THIRD

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14h - 20h: Nas latas: VIRUS

14h - 20h: Nas latas: YOUTH ONE

14h - 20h: Nas latas: RAFI

14h - 20h: Body Painting: KORES270

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20h - 22h: Concerto: OLIVE TREE DANCE

20h - 22h: Concerto: BATE & BALA

20h - 22h: Concerto: UNDERGROUND SPIRITUAL BAND

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14H - 22H Loja: DEDICATED STORE PORTO

14H - 22H Skate Park: ASN

14H - 22H Comida solar: SOL EM SOL

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00h - 9h Festa de encerramento: ADAM BEYER SPEEDY JAY SECRET CINEMA & EGBERT PIG & DAN ROBERT CAPUANO + LOCAL SUPORT

CONJUNTA-TE À RESISTÊNCIA, E VEM ESCREVER A HISTORIA CONNOSCO.

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Tiago Moura 30 // www.IDIOTMAG.com


ENQUANTO O ATUAL PRESIDENTE DA SEGUNDA MAIOR CIDADE DO PAÍS GASTA CERCA DE 150 MIL EUROS NA LIMPEZA IMPIEDOSA DOS MALDITOS GRAFITOS, QUE O MESMO CARACTERIZA COMO UMA MANCHA NA PAISAGEM E NO TURISMO PORTUENSE, O PROJETO WOOL CONTINUA A SER UM AGENTE REVOLUCIONÁRIO NO MODO COMO, ENQUANTO SOCIEDADE, OLHAMOS PARA A STREET ART. CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 31


A organização do certame explica que um dos objetivos do festival, inicialmente restrito à Covilhã, é despertar o interesse da comunidade pela arte contemporânea, mais precisamente, na arte urbana e, igualmente importante, criar um roteiro de arte urbana, um objetivo ambicioso, mas que vai de acordo com as ramificações do projeto inicial. Atualmente, o WOOL invoca em si um sem número de atividades e iniciativas que, não só espelham o enorme sucesso da iniciativa, mas também o grande interesse e curiosidade que existe em relação à arte urbana. Inicialmente criado como um festival de arte urbana, na Covilhã, que pretendia reabilitar a estética de determinados espaços abandonados e arruinados, o certame tem vindo a crescer, com parcerias com diferentes marcas, como a Dédalo, e participações em diferentes festivais, mais recentemente o Festival-In Inovação e Criatividade. «A necessidade de procurar novas geografias para o festival de arte urbana da Covilhã», explica Lara Rodrigues, uma dos organizadores do certame, esteve na base da criação do formato WOOL ON TOUR, que este passado maio esteve, mais uma vez, no LXFactory, em Lisboa. «Trata-se de uma ação em que endereçamos convites a vários artistas, de distintas áreas, mais ou menos consagra32 // www.IDIOTMAG.com

dos, alguns que nunca seque pintaram murais de grande escala, para o fazerem pela primeira vez.», explica Rodrigues, «Tudo se passa numa semana, que culmina no openday (…) O openday repete-se duas vezes por


“Wolman”

Em cima: “Minutos Mágicos”, em baixo “Oliva Creative Factory”, da Jump Willy

CLICA PARA VER

ano, em maio e novembro. Esta é a terceira edição e os resultados permanecem (expostos) por seis meses e, esporadicamente, ficam permanentemente por aqui», conclui Rodrigues, sobre uma iniciativa que recebe cerca

de seis mil visitantes, durante os cinco dias de duração, e por onde passaram os talentos de RAM, João Cruz, João Samina, a dupla Board Brothers e o duo Color Blind, formado por Tamara Alves e José Carvalho. CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 33


O que torna o projeto WOOL especial, aparte da sua desmesurada ambição em querer edificar um sólido portefólio de arte urbana nacional, é o modo como a organização percebe que para se mudar a opinião geral sobre a street art implica um trabalho contínuo e teimoso de comunicação e de desmistificação. Isto porque, quando o objeto já é a priori recusado pelas massas, é mais moroso o trabalho de simplesmente angariar atenção que o da criação, muitas das vezes. E o projeto WOOL deve ser elogiado por não ter medo de, literalmente, sujar as mãos, com iniciativas como a LATA 65, que através de uma série de simples atividades, aproximou e educou um público extremamente difícil e importante sobre o que é a arte urbana. São este tipo de projetos que mudam

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mentalidades e que são, de facto, necessários, porque são estes pequenos passos que conduzirão a um futuro baseado no respeito, para os artistas urbanos e, novamente, o projeto WOOL deve ser louvado por despender do seu tempo para educar os outros. O que é simplesmente notável no caso de sucesso do projeto WOOL é o modo como a iniciativa cresceu de uma simples ideia que beneficiava a esfera cultural, assim como o turismo da Covilhã e, naturalmente, foi crescendo continuamente, quase que como se o resto das pessoas estivessem lentamente a acordar para a realidade que a arte urbana não é maldita e que alguns dos artistas cujas obras são violentamente apagadas das paredes podem até ajudar na projeção turística e estética de uma cidade, no resto do mundo.


fotografías: http://www.woolfest.org/

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Ana Catarina Ramalho

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COSTUMO DIZER QUE O PORTO TEM DUAS BAIXAS – A RUA DE STA. CATARINA E A RUA DE CEDOFEITA -, MAS ENQUANTO UMA É EXTREMAMENTE VIVIDA, A OUTRA VÊ AS LOJAS SEREM CADA VEZ MAIS PARCAS.

No entanto, a rua de Cedofeita tem vindo a sofrer alterações e ganho uma nova vida dentro do movimento quotidiano portuense. Uma das causas para esta mudança chama-se Cedofeita Viva, um grupo de estudantes e professores do ISCET (Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo) da licenciatura de Marketing e Publicidade: Bruno Ribeiro, Carlos Duarte, Cristofer Miranda, Diogo Paixão, Eder Fernandez, Elco Silva, Guerra Macedo, Jorge Machado, José Silva, Luís Robalo, Márcio Carneiro, Maria Figueiredo, Mário Soares, Nádia Sousa, Nuno Lobo, Raquel David, Sara Pinheiro, Sónia Esteves, Vannick Pina, coordenados pelo professor José Magano. O projeto serviu para revitalizar a rua de Cedofeita, outrora uma zona reconhecida e enérgica da cidade do Porto que, com o tempo, viu o comércio fugir devido ao desenvolvimento noutras

áreas da cidade. «No ISCET reflete-se sobre a realidade envolvente e equacionam-se formas viáveis de participar no desenvolvimento comunitário e cívico. A intervenção comunitária faz parte da missão do instituto e tem sido encorajada junto da comunidade educativa, como forma de contribuir para um desenvolvimento pessoal dos intervenientes – estudantes e docentes» - explica o professor José Magano. Uma vontade indómita para a dinamização da rua foi o que levou ao nascimento deste grupo. Vemos, hoje em dia, uma Cedofeita cujo comércio enfrenta graves dificuldades devido ao surgimento de cada vez mais centros comerciais e a um envelhecimento dos moradores. O mesmo se pode dizer dos serviços que cada vez mais se deslocam para outras áreas. «A combinação destes fatores levou a que Cedofeita perdesse públicos e CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 37


visse diminuído o impacto que antes tinha no plano comercial e cultural. A ideia do projeto foi, precisamente, programar e executar atividades suscetíveis de atrair de novo as pessoas a Cedofeita, na convicção de que desse modo se estimula a atividade comercial, dinamizaria a cultura e lazer, e se criariam melhores condições de atratividade para investir e valorizar o património edificado. A intervenção é inclusiva, mobilizando residentes, comerciantes, voluntários e outros parceiros, e de largo espectro de ações, procurando a equipa do ISCET aportar capacidades e competências de que dispõe e que partilha com todos». Os projetos iniciados por este grupo são muitos, José Magano destaca a ação Limpar Cedofeita na qual afirma que «a orientação da ação não foi “anti-grafitos” – achamos que até há paredes que mereciam intervenções artísticas -, mas sim de rejeição de grafitos que sinalizam o puro vandalismo e atentam contra a preservação da propriedade». Em conjunto com o grupo de teatro da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e com a Culture Print participaram também nas inaugurações de Bombarda em abril, na performance

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Um Fernando, Muitas Pessoas e Liberté com Allantantou e Terra na Boca. No dia quatro de maio ainda reuniram em Cedofeita associações que recolhem e promovem a adoção de animais abandonados, sensibilizando todos os transeuntes que passavam para a adoção responsável de animais. Maria Figueiredo, aluna e estagiária do projeto, explicou-nos como fazer parte dos Cedofeita Viva alterou por completo a sua vida neste ano letivo. Depois de ter participado no ano passado como voluntária, o gosto pelo projeto foi crescendo assim como a sua vontade de ajudar e participar na dinamização da rua de Cedofeita e, a partir de 2013, assumiu funções de estagiária no ISCET, com tarefas dedicadas ao Cedofeita Viva. Em cada ação do grupo, Maria explica que passa por fases muito distintas como a preparação e a concretização, uma vez que a ansiedade predomina antes de qualquer ação, já que se pretende que esta seja impactante e marque a diferença na atitude de quem participa e assiste. É essa ideia de dever cumprido que incentiva à continuidade do projeto que Maria espera ver este projeto crescer e trazer cada vez


Luis Afonso

mais inovações, como voltar aos tempos áureos de Cedofeita e torná-la não só numa referência cultural, mas também de bom comércio tradicional. A verdade é que quase pode dizer-se que existem duas Cedofeitas, após a aposta deste grupo. As suas intervenções têm chamado cada vez mais pessoas que respondem afirmativamente a cada ação feita. Muitas respondem que estão ali porque já ouviram falar da animação que este projeto contém, tendo já milhares de seguidores no facebook e, embora se saiba que uma manutenção de uma rua, com ideais deste calibre, pode vir a demorar algum tempo, nada depõe a persistência do grupo. E esta persistência é de tal forma forte que existem já mais projetos para o futuro «em junho temos programado um mercado de rua para contribuir para a angariação de fundos de uma missão em África; um desfile e exposição de veículos antigos dos Bombeiros Voluntários Portuenses e uma exposição de MG clássicos – tudo na rua de Cedofei-

ta. Outras ações se seguirão, embora um pouco limitadas pela disponibilidade dos estudantes, condicionados pela sazonalidade letiva, e por recursos que finalmente não são tão elásticos como gostaríamos» acrescenta José Magano. Sem nunca esquecer que esta intervenção profunda na rua de Cedofeita passará sempre pela articulação e colaboração com outras partes, nomeadamente com a ACECE (Associação dos Comerciantes e Empresários de Cedofeita). São cada vez mais aqueles que se juntam ao movimento e, por isso mesmo, este grupo planeia começar a intervir ainda mais pela rua. Consideram, também no futuro, não só continuar a edificar projetos de animação, mas também desenvolver projetos que possam contribuir para a modernização e reedificação da identidade que, outrora, fez de Cedofeita uma das ruas mais importantes da Invicta. Há cada vez mais movimentos a terem lugar no Porto e é tão bom sentir a cidade a acordar. CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 39


A NOSSA IRMÃ FANZINE VHS#17 FEZ UM ANO. COMPOSTA POR ARTISTAS DE VÁRIAS ÁREAS, DESDE A ILUSTRAÇÃO, PINTURA, FOTOGRAFÍA, MULTIMÉDIA, ENTRE VÁRIAS, TODAS AS EDIÇÕES CONVIDAM O DECIMO SETIMO ARTISTA PARA SE JUNTAR À FESTA. MAIS UMA VEZ, E COM TODO O NOSSO ORGULHO, CONVIDARAM OS IDIOTAS A INTERVIREM NESTA EXPOSIÇÃO, QUE DESTA VEZ DECORREU NO ESPAÇO DO OPOLAB, GABINETE DE ARQUITECTURA QUE TÃO ORGULHOSAMENTE INTERVEM NESTA TÃO NOSSA INVICTA. O RESULTADO FOI, MAIS UMA VEZ, MUITA CRIATIVIDADE E BOA DISPOSIÇÃO. QUE VENHA A PROXIMA! FOTOGRAFÍA: IT’S BANDERAS

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Fomos mais uma vez convidados pelos VHS para intervir numa das suas fanzines. Este foi o resultado.

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10ª EDIÇÃO DO FESTIVAL INTERNACIONAL AUDIOVISUAL BLACK & WHITE

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REALIZOU-SE NO CAMPUS DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PORTO A 10ª EDIÇÃO DO FESTIVAL INTERNACIONAL AUDIOVISUAL BLACK & WHITE, ORGANIZADO PELA ESCOLA DAS ARTES DA CATÓLICA DO PORTO. O FILME A 89 MM DA EUROPA, DE MARCEL LOZINSKI FOI O ESCOLHIDO PARA A SESSÃO DE ABERTURA DA 10ª EDIÇÃO DO BLACK & WHITE. O FILME DE 1993 NARRA A HISTÓRIA DOS TRABALHADORES BIELORRUSSOS QUE TÊM QUE MUDAR VÁRIOS MILHARES DE RODAS DAS CARRUAGENS, PORQUE OS CARRIS RUSSOS SÃO 89 MM MAIS LARGOS QUE OS DOS PAÍSES DA EUROPA OCIDENTAL.


A Escola de Artes da Católica do Porto voltou a abrir as suas portas à estética a duas cores para a 10ª edição do Festival Audiovisual Black & White que recebeu vídeos, áudio e fotografias a preto e branco dos 4 cantos do mundo. O festival, que prima pela singularidade, pretende que as obras a concurso estimulem a criação de ambientes sonoros e que veiculem uma intenção estética, capaz de se manifestar, apenas e só, através do preto e do branco.

Tradição e Modernidade são os valores fundadores inerentes ao festival, e por isso, o Black & White pretende recuperar a memória a preto e branco das imagens, actualizando-a. O objectivo é que a tradição do preto e do branco renasça, modernizada pelo impacto das novas tecnologias. Reconhecido por reunir uma elite internacional de artistas que se expressam apenas através do preto e branco, a 10ª edição do Black & White compro-

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va a qualidade de um festival de renome a nível mundial, e que já foi o palco da divulgação dos trabalhos, tanto de profissionais como amadores na área do audiovisual. A iniciativa de criar um festival com estas características nasceu da necessidade de responder a uma sensibilidade cada vez maior do público para a particularidade do preto e branco, quebrando os preconceitos que relacionam esta estética com as obras dos primórdios do cinema. O director do festival, Jaime Neves, fala da concretização daquilo que no início pareceu “uma utopia”. “Hoje o preto e branco continua a ser um universo à parte, mas ganhou uma importância muito maior principalmente nesta sociedade tão pirotécnica e tão marcada pela banalização da cor”. Para o director do festival, o preto e branco surge como “uma forma de expressão da diferença e um regresso à pureza original do cinema”. Para além do concurso das obras a preto e branco, o Festival promoveu também, ao longo dos quatro dias de duração do festival, debates e conferências sobre temas relacionados com a comunicação artística a preto e branco e diversas actividades ligadas ao mundo audiovisual, desde artists talks, screenings a extensões de outros festivais internacionais, e convidou artistas cuja obra fosse relevante para a discussão de temas suscitados pelo binómio - O preto e branco e as Novas Tecnologias. Como forma de assinalar a 10ª edição, o Festival Audiovisual Black & White,

fotografia: Diogo Gomes, Gonçalo Gomes e Daniel Henrique 56 // www.IDIOTMAG.com

teve pela primeira vez uma secção temática, fora de competição, que foi dedicada aos comboios. Foram exibidas duas selecções de filmes sobre o tema, a primeira, veio do Ciné-Rail – Festival Internacional de Comboios & Metro no Cinema, de Paris, e a segunda, veio dos arquivos da CP – Comboios de Portugal. Também foi novidade nesta edição o lançamento de um novo concurso de arte interactiva, o INTERFACES, ligado ao Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes (CITAR), dirigido pelo professor Carlos Caires, e com diversas disciplinas nesta secção, como instalação sonora e audiovisual interactiva, performance, arte electrónica, realidade virtual e cinema interactivo, que, segundo o director do festival, Jaime Neves, se possa vir a autonomizar já a partir do próximo ano. Também os cartazes de divulgação do festival merecem destaque. A organização do Black & White defende que as imagens a preto e branco possuem um impacto igual ou superior às imagens a cores, e por isso, de ano para ano aposta em cartazes disruptivos. O cartaz da 10ª edição não é diferente e apresenta uma ampla estrada, símbolo do percurso do festival, único no mundo a celebrar a estética do preto e branco. Destaca-se ainda pelo grande número 10, que emerge do céu que compõe a imagem. Tudo isto, naturalmente a preto e branco. O horizonte da imagem assume-se como o elemento de ligação entre os anos anteriores às próximas edições do festival.


O painel de júris do Festival Audiovisual Black & White foi constituído por cinco convidados: Lauro António; o francês Etienne Mortini (director do festival Ciné-Rail); o fotógrafo esloveno cego, Evgen Bavcar; o realizador radicado em Macau, Tomé Quadros e o investigador de artes digitais Luís Gustavo Martins. Este ano foram a competição, 26 vídeos, 8 áudios e 7 sequências fotográficas a preto e branco. Bielorrússia, Lituânia, Geórgia, Rússia, Reino Unido, Israel, Palestina, Alemanha, Escócia, Irlanda, Suécia e México foram alguns dos países de origem dos trabalhos.

Este ano marcou presença também, o festival parisiense “CinéRail – Festival International Trains & Cinéma”, que em 2013 comemora o seu vigésimo aniversário, e fez a apresentação da sua programação durante o Black & White. A Universidade Católica é a única universidade não estatal, que faz parte do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas. Tem como missão, produzir e partilhar conhecimento crítico, inovador, e relevante para a sociedade, ao serviço do desenvolvimento integral das pessoas em prol do bem comum. Ana Luísa Carvalho

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Conta-nos quem és e como começaste a tua carreira. Tomás e Leandro - Ambos com início similar, primeiros passos em bares e festas para amigos. Foi com a WAKE UP Prod que por volta de 2006 vimos crescer as situações ao vivo e que levou também à nossa junção e ao nome do projecto DUO METHOD. Recentemente e em conjunto com a RDZ Music Agency, actuar de Norte a Sul de Portugal e o trabalho de estúdio contemplado com 11 discos editados é o que temos feito nestes últimos 6 anos. Que equipamento costumas usar nas tuas actuações? Discos de vinil, cds , cartões de memória, controladores midi , processadores de efeitos , ipad phones

Bernardo Alves

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Na tua opinião, qual é o estado da dance scene portuguesa, e o que farias para a melhorar? Pensamos que a cena de dança portuguesa está cada vez melhor, mais clubes a nascerem de norte a sul, com programações de grande nível e com uma oferta em grande escala em todos os sectores. O público, por sua vez, cada vez mais esclarecido, mas também mais exi-


gente. Para isso tem contribuído as novas plataformas de comunicação em todas as partes envolventes desde artistas, programadores, gerências e todo um motor de busca pronto a ser utilizado sempre que queiras saber tudo sobre isto ou aquilo. Isto são os dias de hoje, onde a adaptação é obviamente mais fácil para uns do que para outros, mas no geral é positivo. Para ajudar a melhorar temos vindo a dar o nosso contributo sempre que nos é possível, fazendo actuações ao vivo para que possamos apresentar a nossa visão de estruturar e conduzir os dj-set’s e também com o trabalho de produção em estúdio , resultando nas edições que tem vindo a acontecer desde 2008. Por outro lado, existem certamente assuntos menos positivos a abordar sobre a dance acene em Portugal. Preferimos deixar de matar o cérebro a pensar “os porquês” e em vez disso canalizar esse tempo para aumentar a base de conhecimentos sobre os assuntos que realmente nos interessam. Já o fizemos…deixámos de o fazer por não encontrarmos explicações plausíveis mas sim explicações cada vez

mais descabidas, acompanhadas de argumentos fracos e supostamente sustentados nas tendências do actual mercado. Argumentos esses por vezes despejados nos nossos ouvidos como se fossem únicos e os mais válidos ou valiosos. Tudo isto também com uma boa dose de constatação de factos que pura e simplesmente roça o conhecido ditado “ O barato sai caro.” Quais os teus planos para 2013, “o ano da criatividade”? Continuar a sentir paixão por estar em contacto directo com a criação, a aprendizagem .. e continuar a ver crescer projectos como este para quem respondemos com enorme apreço. Votos de sucesso com toda a fantástica equipa para que continuem a criar com inovação e paixão . http://www.residentadvisor.net/dj/duomethod http://www.youtube.com/duomethod http://www.myspace.com/duomethod http://www.soundcloud.com/duomethod http://www.discogs.com/artist/duo+method CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 59


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Uma obra numa casa “semi abandonada” na Rua do Almada, Porto 62 // www.IDIOTMAG.com


GOSTAM DE ABORDAR O “DESVARIO MENTAL” SOB UMA CONSTANTE PREOCUPAÇÃO ESTÉTICA E O QUE MAIS QUEREM É EVOLUIR SEMPRE NA PROCURA DAQUILO QUE OS MOTIVA. MESMO QUE SEJA NUM JANTAR REGADO DE UM BOM VINHO. NEUTRO, MOTS E FEDOR REPARTEM O DESEJO DE CONQUISTAR UMA “IMAGEM SINGULAR DE UMA VISÃO TRIPOLAR” E SÃO OS ARTISTAS QUE NOS ILUSTRARAM A CAPA DESTE MÊS. A IDIOT ESTEVE À CONVERSA COM OS MANIAKS, UM DOS COLECTIVOS MAIS SÃOS QUE POR AÍ ANDAM. Tish

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Neutro nasceu no Porto, tem 26 anos e vem da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. O interesse pelas andanças do graffiti surgiu por volta da adolescência, mas desde miúdo que se interessa por arte. “Faz parte das recordações que tenho de infância o gosto do desenho” recorda o artista que começou a pintar quando ainda era recente o graffiti no Porto. “Talvez se possa considerar que a minha influência tenha sido pela ‘moda’ do hip-hop que foi surgindo na época”, confessa. As suas referências e influências artísticas levavam-no a correr atrás dos autores de máquina em punho, para

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testemunhar o que se ia fazendo na área. Era o caso de Caos, Bif, Pzt, Odd, Birin, Esod, DB, entre outros. “ Na altura, não se usava as internets”, justifica Neutro. Quando lhe perguntamos sobre inspirações, um bom jantar “regado com bom vinho e boas conversas” parece ser a receita ideal para crescer enquanto artista. “ Fazem-me pensar e ver o que sozinho não consigo”, diz. Mots vem da capital, tem 27 e optou pelo curso de Pintura da Faculdade de Belas Artes. O seu interesse “consciente” pelas artes surge com a vontade “indominável de querer ter o poder

Exposição de Fedor na 1ª Arte na Ramada, Lisboa


Aqui, na antiga fábrica da seca do bacalhau, em Gaia

Rio de Janeiro, Brasil

de reproduzir e viver o mundo” dos desenhos animados, banda desenhada e contos ilustrados, coisas que o fascinavam em puto e ainda hoje o encantam. O graffiti só começou a fazer parte dos seus planos por volta de 2001/2002, e confessa que hoje é a ferramenta que mais usa para dar continuidade às suas criações. Começou a pintar quando tinha 13,14 anos, impulsionado “pelo boom da geração dread e de uma ideia muito fabulada do que era o graffiti”. “Na altura, apesar de já viver no Porto, foi em Lisboa que o bichinho pelo graffiti começou a ganhar forma”, diz Mots. Para ele, as viagens que fazia de comboio pela linha de Cascais a obser-

var os muros que iam sendo pintados na altura – “principalmente, os túneis de acesso às praias entre Parede e Carcavelos, autênticas galerias de graffiti”- abriram-lhe o apetite “voraz” para querer fazer parte daquele universo. As suas influências vão desde nomes como Uber, Merz,Caos, a Ram, Klit, Bif, entre outros, mas com o passar do tempo apercebe-se “que o graffiti não precisa de ser padronizado”. É então que abre espaço para que outras influências nasçam das mais diversas fontes – para além dos outros elementos dos Maniaks – como a música, ilustração, pintura, animação.

Decadent Beauty in Flatland – extrato do projecto exposto no Get Set Art Festival de 2012 CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 65


MANIAS PARTILHADAS A ideia do colectivo Maniaks surge então a partir da mesma vontade deste grupo de amigos. Começam a pintar na mesma altura, evoluem com essa partilha comum e hoje confessam-se além de um colectivo de street art “bons amigos e maníacos”. Fedor/Blast - portuense, 27 anos, estudou Artes no Aurélia de Sousa - assume-se como o vértice que se ocupa de dar ênfase à expressão “cartoon” e urbana, e especializa-se na prática do lettering e nos personagens ao estilo da banda desenhada. A cor e o choque visual são os factores mais importantes nas suas pinturas. Neutro é um artista que gosta de experimentar técnicas e expressões novas, 66 // www.IDIOTMAG.com

Trabalho dos Maniaks no Edíficio Axa, Primeira Avenida, no Porto


sem se prender a um projecto ou uma ideia predefinida. “É na improvisação e procura de novas formas que encontro o que mais me satisfaz”. Neste momento assume que pratica um estilo bastante característico, com base em formas geométricas e a partir da “mancha” que produz na primeira fase das suas pinturas. Mots, garante Fedor, é o elemento que possui maior capacidade de desenho e estrutura das formas, bem como a organização do muro em geral. Consegue adaptar-se a “qualquer estilo, mas sempre com a essência e traço solto” que o caracteriza. O objectivo deste colectivo é evoluir sempre na procura daquilo que os motiva e dizem-se inspirados por tudo aquilo que os rodeia.” Aquilo que expressamos não contém nenhuma mensagem explícita, abordamos principalmente o desvario mental que nos vai nas cabeças, é algo livre”.

Desvario pois claro, ou não fosse o nome Maniaks remetido a uma associação “a vários tipos de desordens do foro psicológico” e representar esse desejo partilhado pelos 3 “de conquistar uma imagem singular”, dessa tal visão “tripolar”. Este maníacos admiram aqueles com quem partilham o espaço e muros, como Esod, Third, Draw, Alma, Oker e admitem que o Porto tem “artistas de grande nível e com estilos muito próprios”. “Pena é a falta de condições para uma maior união e representação na cidade”, confessam. “Antes havia uma necessidade maior pela partilha, era algo novo e as influências eram muito próximas, pintava-se mais. Mas talvez esta noção seja influenciada pela altura que passamos onde vivíamos as coisas com mais intensidade. Víamos muita gente nova a aparecer e a pintar na rua, mas hoje não conseguimos ter essa consciência”. CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 67


BRIGADA É “DESPERDÍCIO DE DINHEIRO” Quisemos saber a reacção dos Maniaks a esta febre de limpeza camarária dos graffitis da cidade. E eles são claros: “É um tema muito em voga, principalmente numa altura onde a política vai estar mais presente na cidade. Achamos um claro desperdício de tempo e dinheiro. Aquilo que limpam vai se voltar a “sujar”, e talvez uma política diferente onde fossem oferecidos espaços para se poderem pintar com o devido tempo fosse mais convidativa (…) Esses espaços seriam benéficos para a cidade tanto num nível pedagógico, como cultural e estético”, contestam. “Em vez de investirmos dias e dinheiro em fábricas abandonadas, onde ninguém vê o nosso trabalho, poderíamos oferecê-lo à cidade”. Para os Maniaks, “é tudo uma questão de lógica”: “se se reprime, há pouco tempo para fazer algo com cabimento, logo apenas há o que a cidade não quer (tags e bombings)”.

São Paulo, Brasil

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Os Maniaks garantem que em todos os locais onde pintam nunca receberam qualquer ameaça ou crítica negativa, “bem pelo contrário”. Isso mesmo testemunharam as centenas de pessoas que assistiram à experiência de pintar a nossa capa deste mês ao vivo no rooftop da Trindade. “Foi um evento muito bem organizado e fresco. Queremos agradecer à Idiot o convite e a disponibilidade. A nossa palavra de apreço para eles que trabalham com convicção, empenho e acima de tudo gosto”. Igualmente, retribuimos nós.

Graffiti na Associação de Skate do Norte

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VOLUPTUOUS LOVE

LOJA – GOODVIBES // VESTIDO VERDE – MARIE LIMOM // VESTIDO CREAM – TENKI // VESTIDO PRETO – TENKI // SAPATILHAS VERMELHAS – VICTORIA // CARTEIRA – SUNKFUNK

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Estávamos a passear pela Baixa quando encontrámos a Mónica Teixeira Lopes à porta do centro comercial Grand Plaza. Tem 22 anos e neste momento está a fazer trabalhos temporários como promotora numa agência de publicidade. Mónica, quando olha à sua volta, acha que as pessoas estão a preocupar-se mais com a maneira de vestir e com o seu estilo. A nossa idiota não tem um look definido e apenas veste o que lhe apetece no dia, como a sua personalidade nos mostrou logo à primeira vista. Bruno Manso 74 // www.IDIOTMAG.com


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Bruno Manso CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 75


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*aviso antes de ler, a pedido do editor, nesta nela, era frio e higienizado, tinha cabeça, ar arguto e crónica pululam obscenidades e relatos para dedos rápidos que a faziam ejacular. Com cada qual maiores de 18… tabuísmos… costumeira, fetichista, a cada um vício ritualístico. A delícia de limpar a testa de um entre os peitos, chei“vício [vísju]. s. m. (Do lat. vitium). 1. Defeito, imperfeição pela rar-lhe o cabelo a pingar, lamber-lhe do encontro do qual uma pessoa ou uma coisa se torna inadequada ou inapombro com o pescoço até atrás da orelha cada gota ta para o fim ou função a que se destinava. 2. Disposição ou inclinação habitual para a prática de acções moralmente con- do esforço em ficava para que ela o sentisse penedenáveis ≠ VIRTUDE. 3. Hábito de proceder de forma incorrec- trar. Com o segundo as mãos grandes, a espalharem ta; desregramento habitual. 4. Dependência, que se encontra esperma caído na barriga pelo peito, pelas coxas, o fortemente enraízada, do consumo de uma substância consi- gozo de o ver jorrar. Com o terceiro, frio, o metal com derada nociva, sendo extremamente dificil o seu abandono. + que a derretia, o rabo e a boca tomadas por ele, cada do álcool, do jogo, do tabaco 5. Costume ou propensão irrestível e geralmente prejudicial. ≈ COSTUMEIRA. Ter o vício de um com seu instrumento. E a glande, proeminente, a roer as unhas. 6. Disposição natural; inclinação habitual. Fe- palpitar na boca dela, essa sim, quente. lizmente tem o vício da leitura. 7. Med. Deformação física ou Depois dias de cio, em que se encontrava com a constituíção orgânica defeituosa. (…) 8. Erro contra as regras outra e em sete virtudes, encostadas ao primeiro de uma arte ou ciência. 9. Bras. Pop. Cio dos animais. (…) ter vícanto escuro que apanhassem as mãos debaixo das cio, Bot., produzir, uma planta, grande quantidade de rebentos que prejudicam a sua floração, frutificação…, desviando a força saias uma da outra, furiosas, sedentas como se tesouros inomináveis, banquetes de reis estivessem vegetativa da seiva.” “virtude [virtudi]. s.f. (Do lat. virtus, -utis). 1. Disposição firme dentro das cuecas acetinadas que traziam. e habitual para a prática do bem, da justeza e da equidade. ≈ E dias que, com tanta propensão, que a força anímiPROBIDADE, RECTIDÃO. 2. pl. Conjunto de todas as qualidaca desaparecia e só à cama, e sem mais ninguém, o des morais; excelência moral. (…) virtudes cardeais, Rel. aquelas que constituem a base das outras virtudes: fortaleza, justiça, corpo de Patrícia pertencia. prudência e temperança. (…) 3. ¬Boa acção; atitude ou condu- Ser-se assim, puta, vadia, sem receber nada que não ta virtuosa (…) 4. Bom resultado, benefício. (…) 5. Propriedade prazer, e tantas vezes a dar muito mais, com liberou característica específica; qualidade particular ou própria dade de circulação em corpos alheios e territórios para a produção de certos efeitos. (…) 6. Valentia; coragem. 7. abertos na sua pele, implicava valentia, coragem. Modo de vida austero. 8. Castidade; pureza. 9. Validade; legitimidade. (…) 11. mulher+ de virtude. 12. sete virtudes, Pop., Força de guerreiro para se entregar a todos os deaguardente. (…) subir de virtude em virtude, progredir no bom sejos. Entregar-se ao vício era uma virtude. A todos caminho; tornar-se cada vez mais perfeito.” queria em equidade, cada um pelas suas falhas e in Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, Academia das Ciências qualidades. Era justa no que dava, a cada um o que de Lisboa, Verbo, 2001 precisava, a um um ouvido e uma amada, a outro Patrícia, em tour constante, julgava ter encontrado uma refeição completa e uma mamada, a outro um o equilíbrio perfeito nos seus três amantes. Havia território onde era dominada. E aos que encontrava dias mais viciosos, em que novos corpos se cruza- sossegava o coração, oferecia braços no pescoço e vam, a dois e três nas suas mãos e dias de castida- pernas na cintura, trincas e beijos aos esfomeados, de. Havia a questão, quando deitada debaixo de um carinhos aos fragilizados, sustos aos valentes e aos homem, ou de quatro a ser cavalgada, se era o acto partidos, muitos cuidados. em si ou toda a testosterona que de peito ou costas E era nos excessos e não no equilíbrio que se enconencostadas recebia, a substância de que dependia. trava, por isso não a troca dos três não tardava, uns A Beatriz tinha-lhe dito, que nessa poção que Pa- quantos encontros, a fome e o desejo saciado, a ressatrícia tanto adorava, vinha a maior droga de perfor- ca superada e viagens noutros navios se anunciavam. Em cada encontro o corpo aprendia e se superava, subindo mance que uma podia procurar. O amante primeiro era peludo, meigo como um cão e de virtude em virtude num caminho da carne aprumado. suava quando a fodia devagarinho. O segundo, olhos E Patrícia entre as pernas e em cada vez que desgrandes, de boa pegada, bruto como um touro e rápi- garrava anunciava e cumpria, não um poço sem fundo a sair da arena. O terceiro mandava e desmandava do, mas um poço de virtudes e bondade. 80 // www.IDIOTMAG.com

Da vossa, viciosa e virtuosa como só pode ser uma,


Já a Primavera vai quase no fim e apenas agora se instalam, com grandes intervalos, os dias de sol e calor. Os passarinhos chilreiam, as abelhinhas fazem mel, e as borboletas? As borboletas queremo-las paradas, pousadas entre as pernas e sem nos subirem para a barriga, que a gostar delas no estômago é para as perdidamente românticas. Muito fácil de prender, sem precisar de gaiolinha, esta borboleta promete momentos primaveris mesmo em dias muito chuvosos…e até ajuda a subir a humidade, mas não é do ar. Com um cinto e duas alças que a deixam sossegadamente pousada

é só assentar as antenas e patinhas na zona do clitóris, deixar o comandinho ligado por um discreto fio à mão ou no bolso, ir regulando a intensidade e deixar-se ir nas ondas de prazer provocadas por este discreto vibrador clitoriano. Em viagem, no escritório, na biblioteca ou em percursos pedestres, promete um contacto com a nossa natureza e voos baixinhos. Tem um contra grande mas a que se pode dar a voltinha, como é feito de jelly, material pouco seguro, das duas uma, ou se sufoca a borboleta com um preservativo ou se usa só por cima da cuequinha! Encontram-se estes e outros úteis acessórios em reuniões de enxoval para o ócio adulto, através de Carmo Gê Pereira. “Mini Butterfly” – 32,95€

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APESAR DAS INÚMERAS SALAS DE CINEMA DOS DIFERENTES CENTROS COMERCIAIS DO PORTO E PERIFERIA, É SEGURO DIZER-SE O MODO EXPERIENCIAMOS CINEMA SOFREU GRAVES ALTERAÇÕES DESDE QUE A CIDADE DEIXOU DE TER SALAS PRÓPRIAS. A IDIOT MAG DECIDIU FAZER UMAS PERGUNTAS A PEDRO LEITÃO E TIAGO RAMOS, DOIS JOVENS NOMES NO PANORAMA CINÉFILO PORTUGUÊS, SOBRE AS CONSEQUÊNCIAS DESSA FALHA NA PAISAGEM CITADINA.

84 //// www.IDIOTMAG.com IDIOTMAG 84

Tiago Moura


Hoje em dia, na era digital, a experiência artística, assim como a produção, sofreu profundas alterações. No documentário de 2011, Press Pause Play, discutindo-se a criação do programa Napster, um dos intervenientes menciona como o primeiro momento em que descarregou uma música através do software mudou todas os seus conceitos iniciais sobre a indústria musical, pois num único instante ele percebera que nunca mais iria consumir música do mesmo modo. O mesmo aconteceu com o cinema, uns avanços tecnológicos mais à frente.

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HOJE EM DIA, IR AO CINEMA É SINÓNIMO DE IR AO SHOPPING No mesmo documentário, declara-se como a experiência do concerto passou a ser a verdadeira prova de um apreciador de um certo artista ou banda – o mesmo acontece com o cinema. «Ver um filme em sala é equivalente a assistir a um concerto de música. As gravações reproduzem com toda a fidelidade a Obra, mas ela só se torna Cinema quando é vista em tela, numa sala escura, em comunhão com os outros. É por esta componente ritual e social que a projeção se transforma em experiência cinematográfica.» afirma Pedro Leitão, que dirige a companhia Milímetro, responsável pela programação do Cinema Passos Manuel. O problema é que, atualmente, no centro do Porto, não existem salas de cinema que respondam a essa tradição e valências. Quando o Cinema Batalha fechou, em 2000, a periferia da cidade contava já com perto de meia centena de salas de cinema, nos quatro shopping que, então, abasteciam o Porto. Hoje em dia, ir ao cinema é sinónimo de ir ao shopping para o espetador comum e relação do Cinema com 86 // www.IDIOTMAG.com

o multiplex tem diferentes consequências. Tiago Ramos, um dos primeiros críticos online portugueses a fazer parte da Online Film Critics Society, aponta a situação como sendo «sobretudo um problema de diversidade. Os multiplex estão repletos de grandes produções cinematográficas norte-americanas e, só muito raramente, estreiam nessas salas filmes de produção independente, nacionais, europeus ou fora dos EUA. E quando estreiam estão limitados a uma ou duas salas e permanecem em exibição durante apenas uma semana». Pedro Leitão, por sua vez, não considera que o conceito dos multiplex seja negativo, por si, mas aponta, preferencialmente, para o modo como os filmes são distribuídos como raiz do problema, que ele caracteriza como sendo concentrado: «o modelo de negócio dos multiplexes não muda consideravelmente de uma cidade para outra (e muito menos dentro da mesma). É natural, por isso, que a programação entre esses complexos varie muito pouco.»


A CADA SEMANA QUE PASSA PARECE QUE A TRADIÇÃO CULTURAL PORTUGUESA LEVA MAIS UMA FACADA, SENDO A MAIS RECENTE A EXTINÇÃO DA FEIRA DO LIVRO, NO PORTO. A INICIATIVA DO ANDA & FALA, UMA ORGANIZAÇÃO SEM FINS LUCRATIVOS QUE MONTOU O FESTIVAL WALK & TALK, DEVE SER UMA FONTE DE INSPIRAÇÃO E ESPERANÇA

A cada semana que passa parece que a tradição cultural portuguesa leva mais uma facada, sendo a mais recente a extinção da Feira do Livro, no Porto. A iniciativa do Anda & Fala, uma organização sem fins lucrativos que montou o festival Walk & Talk, deve ser uma fonte de inspiração e esperança que nos obriga a ver que o que fará virar a presente maré serão as nossas próprias mãos

fotografia: Christopher Moloney

– o próprio conceito do DIY (Do It Yourself) é um dos pilares deste festival. No Porto, assistimos este mês à inauguração do Edifício AXA, um gesto correto para a democratização da cultura, que possibilitará uma grande plataforma a jovens criadores e estudantes. Algo de único do festival Walk &Talk, e até mesmo de deslumbrante, é o modo como as criações dos artistas se tornaram parte da paisagem açoriana, fazendo até aparições em postais e lembranças da ilha de São Miguel. Nas ilhas, para lá do que é considerado periferia, este tipo de expressão artística começa a ser acarinhada até como marco turístico e não podemos acabar este artigo sem deixar de perguntar para quando o mesmo nível de compreensão e exaltação da autarquia do Porto – a segunda maior cidade do país – e dos seus habitantes?

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Mitchel e Cameron, o acarinhado casal de Modern Family

Telmo Fernandes

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Neil Patrick Harris, David Burtka e filhos

Tenho que admitir. Estou cada vez mais intolerante, no que diz respeito à intolerância. É verdade, é um sentimento arrogante e desdenhável, sobretudo numa sociedade democrática, e corrói. Mas não deixa de ser justificável à luz deste debate, que é a tradução, noutros termos, de uma outra (e antiga) discussão acerca da liberdade de expressão versus igualdade e discriminação. Porquê? Porque já está tudo dito, explicado e argumentado, e porque só uma cegueira auto-imposta pode explicar tanta prepotência. Desde a votação recente, na Assembleia da República, sobre a possibilidade de co-adoção por casais de pessoas do mesmo sexo, que recolheu uma maioria de votos favoráveis de várias forças partidárias do espectro político da esquerda e da direita, o patamar de debate público ergueu-se até uma polarização (em boa medida alimentada por correntes conservadoras, que não traduzem

necessariamente uma expressão significativa da opinião pública), que aparentemente divide duas forças de pensamento em torno do tema. É uma falsa questão, na realidade, e explico porquê. Estamos a falar de direitos de uma minoria, que não atropelam nem sonegam (como já tinha acontecido em relação à lei do casamento) os direitos de uma maioria (mais simbólica do que numérica, convém sublinhar). Por esse mesmo motivo, nunca se poderia tratar de uma matéria referendável: não existe um ponto de partida comum, a partir do qual o coletivo se possa exprimir (seria o equivalente a debater, por exemplo, a possibilidade de pessoas com mais de um metro e oitenta de altura, ou pessoas com uma inclinação religiosa, poderem aceder ao serviço nacional de saúde ou utilizarem piscinas municipais). Por esse motivo, também, todas as expressões que identificam como menores ou indesejáveis as famílias CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 89


não heteronormativas, equivalem também a insultos, porque reiteram antigos preconceitos e procuram justificar uma discriminação violenta contra as pessoas LGBT. Trata-se aqui, simplesmente, de reconhecer a necessidade de proteger crianças e jovens, naquelas situações em que apenas uma das figuras parentais é reconhecida enquanto tal perante a lei (de resto, com a mesma fundamentação que levou à criação da figura da co-adoção para casais de sexo diferente). O argumentário das/dos que se opõem é velho e escuro como a noite, revela ignorância (sem vontade de aprender e dialogar) e receios sobre todas as formas de ‘diferença’, mas sobretudo exprime um olhar que julga, intolerante, sem pingo de solidariedade e humanidade, incapaz de se colocar no lugar do/a outro/a (de facto, fala sempre de “eles”), ao mesmo tempo que se arvora bastião de valores como a decência e a civilização. Sobretudo, cai invariavelmente sobre uma certa ideia de natureza e de natural, em que apenas alguns/umas são aceitáveis, e tudo o resto fora desse centro simbólico, defendido com unhas e dentes e reproduzido sem 90 // www.IDIOTMAG.com

isenção nos media e noutras instâncias, é classificado de aberração, ou é quando muito invisível ou passível de ser silenciado (num registo que conhecemos da História bem recente, em regimes totalitários e eugenistas). Esta associação reincidente (e falsa) entre filiação e biologia é, como bem assinalaram muitas/os, antagónico ao espírito motriz da democracia (e é, de resto, profundamente contraditório em relação às formas de reconhecimento da diversidade familiar que já existem, como a própria figura da adoção). Outra expressão recorrente: a de que, com leis que protegem as famílias LGBT, se está a fazer ‘experimentalismo social’, que é uma maneira demagógica e mentirosa de dizer aquilo que realmente se quer dizer: que só a alguns/umas cabe a verdade e a cidadania, e que tudo o resto não passam de desvios a uma norma, que há que preservar a todo o custo (incluindo o custo que tanto se diz priorizar: o do interesse superior da criança). Cansei de responder que estas famílias já existem (e não, não são de agora), que são como todas as outras, que as crianças cres-


À direita: Elton John e familia, esquerda: Ricky Martin e filhos, Daniela Mercury e namorada, Blaine e Kurt, da serie Glee

cem bem (como demonstram décadas de estudos e pareceres de órgãos colegiais com peso internacional), que o género é uma construção social, que a melhor forma de combater a discriminação (incluindo a que potencialmente sofrem as próprias crianças) é precisamente defender a igualdade, que o que importa é o amor. Esta gente não se preocupa com as crianças, nem com a verdade, nem com a decência, nem com o amor. É uma elite em estertor, que reage com virulência à perda de poder, o poder de dizer quem merece, quem diz a verdade, quem, no fundo, conta. Azarinho. É que em vez dela (e se preciso for, por cima dela), está a erguer-se um enorme arco-íris, tão reluzente que nos há-de livrar para sempre das trevas e dos seus fantasmas.

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Rui de Noronha Ozorio

PORTUGAL É UM CIRCO E, COMO TAL, TEM UMA ARENA DE LEÕES DOMESTICADOS, TEM OS TRAPEZISTAS E, CLARAMENTE… OS PALHAÇOS.

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O poder da palavra vai onde quisermos que ele chegue. A metáfora veste muito bem os conceitos mas, na realidade não os define. Digamos que desenha a cores tudo aquilo que a imaginação cria.

PORQUE NÃO PODEREI DIZER QUE ANÍBAL CAVACO SILVA É UM PALHAÇO? SE NA MINHA METÁFORA PORTUGAL É UM CIRCO, O ESPECTÁCULO MAIS ESPERADO É, EXACTAMENTE O DOS PALHAÇOS. Da mesma forma que o Circo precisa deles, os portugueses também precisam, nesta altura, do seu presidente. Assim, os palhaços estão para o circo, como Cavaco para os portugueses. A liberdade de escrevermos é um ímpeto do espírito. Nada nos pode cortar a vontade. Ninguém tem o direito de calar aquilo que sentimos. Somos um país livre. Somos feitos de opinião e crítica por sermos pensantes. Evitá-lo é lutar contra a natureza do próprio homem. Censurá-lo é atirar o livre pensamento para o cativeiro e esperar que lá apodreça. Por certo, estarei a ser muito Cartesiano… no entanto, sempre gostei de alguma lógica quando existe a falta dela pelos piores motivos, os motivos da castração! Estaremos perante leis que protegem os políticos? Sempre

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pensei que o princípio fundamental da igualdade, constitucionalmente previsto na Constituição da República Portuguesa (artigo 13º nr2) - e, como tal, inviolável – tivesse sido criado para não haver discriminação entre os cidadãos por variadíssimos aspectos, incluindo o cargo profissional que ocupam. Ora se ninguém está acima da lei, se ninguém deve ser privilegiado, beneficiado, prejudicado ou privado de qualquer direito (incluindo o de opinião), pergunto: como é possível este processo a Miguel Sousa Tavares? Isto só mesmo num Circo, onde o palhaço que mais se esperava ser a salvação do mesmo, se mostra pobre e sem graça nenhuma! Um Circo que não foi salvo e olhem… afinal os PALHAÇOS SOMOS NÓS!


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Aline Fournier

POST-APOCALYPTIC Monika Arija Odobasic, Serbian Native. Secret obsession: artistic creation. “As Art and Love will bring us back to Life when everything has burnt” http://monikaarijaodobasic.com/

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A PARA O IÇ U S A IC ÍL ID DA L, ALINE A G U T R O P E DOC FOUINOGA (L R IE N R FOU OS AS N IA V N E ) E RAPH FOTOS E R O H L E M SUAS MBINAM O C E U Q , S IA GRAF COM S O IC N Ú S IO CENÁR ORTES. F S E D A ID L A N PERSO

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FEDERAÇÃO DE ALCOÓLICOS PATROCINADOS

Rui de Noronha Ozório

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A Queima das Fitas do Porto já não é o que era e o que supostamente deveria ser. Começou por ser uma festa de estudantes, o ponto alto, aquela semana que marca, por um lado, o fim da vida académica de muitos e, por outro, o início da mesma de outros tantos. Hoje, quem vai à queima das fitas do Porto (ou de Coimbra, Braga ou Lisboa) já não vai propriamente queimar as fitas… mas carbonizar o fígado e os neurónios com o alto patrocínio, neste caso, da Federação Académica do Porto. No entanto, como existe, supostamente, uma preocupação social destes senhores, a FAP, no seu plano de actividades para 2013, no que toca à queima das fitas refere a importância de sensibilizar as pessoas aos efeitos nocivos do consumo de bebidas alcoólicas. É, no mínimo, interessante. De facto, é como dizer: “olha estudante tu festeja com calma mas olha lá que bebidas tão baratinhas, a preços tão académicos”. No fundo, a FAP assume o papel da bruxa velha da Branca de Neve que seduz com a maçã envenenada e, no que aqui se trata, bem ensopada em álcool. No mesmo plano de actividade encontramos outra coisa bem interessante. Quando Diogo Vasconcelos fundou a dita cuja em 1989 tinha como lema: “Por uma prioridade da Educação”. Ora hoje o lema mudou para uma prioridade na queima das fitas. Basta ver o plano de actividades académicas e ditas culturais para 2013: Queima das Fitas do Porto, IX Concurso para o Cartaz das noites da Queima, o IX concurso de Bandas de Garagem cujo prémio será abrir a queima das fitas do Porto, e a Semana de Recepção ao Caloiro que compõe uma data de festas como o combóio do caloiro, a latada e a noite negra. Isto só mostra que aquilo a que a FAP chama cultura, qualquer dicionário

o define como festa. E é de festa em festa que esta gente ganha dinheiros. E por falar em dinheiros, podemos dar uma vista de olhos no orçamento da queima de 2011, o único, disponível online, no site da “empresa”. Ora, nesse ano a queima tem uma despesa de quase 2 milhões de euros, mas consegue uma receita de 2 milhões e 500 mil euros. Apenas com o dinheiro dos bilhetes fazem o valor da despesa, mas depois há ainda os patrocínios, a concessão dos bares. Isto quer dizer que é um negócio bem viável, muito lucrativo até porque está isento da apresentação de facturas. Tudo isto é dinheiro que circula livremente, sem qualquer controlo fiscal, o que permite que haja desvios sem haver prova que os haja. Suposição? Completamente! Mas uma suposição forte, porque, caso contrário, o que fazem ao dinheiro, já que as associações de estudantes estão sempre a passar dificuldades financeiras? Hoje, já não podemos perguntar o que fazem ao dinheiro, mas podemos questionar sobre a quantidade de dinheiro que existe! E, isso, nunca haveremos de saber… pois o que existe, de facto, é falta de transparência. A prova é tão simples que basta abrir o documento Plano de actividades e Orçamento para 2013 que percebemos que as actividades estão lá, mas orçamento é coisa que só faz parte do título (http://www.fap. pt/fotos/editor2/pa.pdf). Mas não foi de contas nem de supostas fugas ao fisco legais que eu me propus a falar. Mas sobre o estado da Queima das Fitas do Porto. Hoje em dia esta actividade académica e cultural transformou-se num colectivo de alcoólicos, de gente estúpida que, numa semana, batem recordes de entradas em hospitais, comas alcoólicos, crimes de natureza sexual a gente inanimada, pancadarias… tudo recordes culturais e com muito valor para a sociedade! Quem não entende nada de futurologia, basta pagar 8 euros, entrar no Queimódromo, para perceber que o futuro não é das visões mais risonhas. Hoje, ao contrário do que já foi, os estudantes não são os fazedores de revoluções nem os seres pensantes que faziam tremer governos, os estudantes não o são sequer… hoje, em nome de uma prioridade pela educação, são, infelizmente, um grupo de gente parva, inerte e alcoolicamente patrocinada! CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 105


Rui de Noronha Ozorio

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Em Portugal existe uma loja de bastões, em que o cliente mais famoso, de rude trato, se chama Marinho e Pinto. Chamam-lhe Bastonário porque ele detém o Bastão, essa arma fálica de arremesso que indica quem manda no Gangue! Ora o Marinho é delinquente! Entenda-se por delinquente todo aquele indivíduo que exerce repetidas ofensas num contexto social, sendo também de comportamento criminoso… e como a estupidez e a ignorância são crimes intelectuais, percebemos que o adjectivo foi muito bem enquadrado, pelo menos, numa perspectiva semiótica. Agora imaginem um delinquente com um bastão… Pois é! Demasiadamente perigoso para andar à solta, não porque se tenha medo dele, mas porque a sua delinquência comportamental pode ser contagiosa e nós não queremos uma pan-


demia de delinquentes a crescer à nossa volta, no nosso bairro, na nossa loja de bastões. A última deste senhor inadaptado e portador de Raiva (reparem quando se exalta como ele fica vermelho e espuma!), foi relativamente ao projecto de lei sobre a Co Adopção por casais homossexuais da autoria da Isabel Moreira (a quem, desde já, dou os parabéns por ter dado um passo de evolução civilizacional). E o que aconteceu então? Envergando o Bastão da autoridade e da força da imbecilidade, aparentando uma espécie de Ogre saído da saga Senhor dos Anéis e, como tal, assustador e violento… o Marinho decide escrever um parecer sobre matérias em que mostra ser uma nulidade e apresenta um conjunto de frases que nada mais são do que baboseiras do tasco fascista! Aliás, só consigo imaginar estas palavras articuladas e embebidas por efeito de muito bagaço! Vem o delinquente, no seu tom do costume, ou seja, parvo, dizer o seguinte: “O desenvolvimento harmonioso da personalidade da criança exige um pai homem e uma mãe mulher – e não um homem a fazer de mãe e uma mulher de pai”. É exactamente aqui que percebemos, para além da sua delinquência, toda uma confusão própria de alguém que não sabe nem percebe bem o que diz pela mandíbula fora. Ou então a questão pode ser outra: como reparamos, o bastonário deve ter tido uma mãe a fazer de homem e um pai de mulher, pois só assim, na sua própria justificação, se entende que não tenha tido um desenvolvimento harmonioso enquanto criança… Mas não creio que os pais tenham tido grande influência no seu desenvolvimento porque também percebemos, à distância, que esta parvoeira toda é natural, nasceu com ele e desenvolveu-se com o passar dos anos! Senhor do Bastão, fico muito descontente por ter de lhe dizer algumas coisas, mas nunca com o ímpeto de o ensinar porque também sei que nunca o iria perceber: Uma criança nasce de uma relação sexual entre um pai (que nunca é mulher) e uma mãe (que nunca é homem); Quando uma criança é adoptada é porque foi retirada aos pais ou abandonada pelos mesmos, ou seja, por aqueles pais que são homens e por aquelas mães que são mulheres; Até essa criança ser adoptada,

ela está numa instituição cujo pai é o Estado (que não é homem nem mulher); Para o desenvolvimento harmonioso da sua personalidade, a criança, enjeitada ou retirada aos pais biológicos, precisa de uma família, de um lar onde possa crescer junto de quem a possa educar, amar e respeitar… Sabe o que é isto senhor bastonário? Ah mas então o seu problema poderá ser outro: o senhor como tem o bastão nas mãos e não noutro sítio fica baralhado sobre o papel do género na vida das pessoas, descarregando as suas frustrações e medos nas casas alheias. É precisamente nessa falta de harmonia do seu desenvolvimento intelectual que aparece a discriminação sobre a orientação sexual, discriminação proibida pela Constituição da República Portuguesa no seu artigo 13º, que o senhor deverá conhecer mas que provavelmente não entenderá! O senhor, e até me custa tratá-lo como tal, usa o bastão para discriminar os Gays, porque para si não estão os interesses da criança acima de tudo… para si, o problema é elas serem adoptadas por homossexuais, já que numa outra resposta você diz o seguinte: “não mudarei de maneira nenhuma de posição, mesmo que os colegas homossexuais se sintam discriminados” e acrescenta que manterá “este parecer contra ventos e marés”, finalizando, numa atitude de especialista das ciências que “a natureza exige o masculino e o feminino para fecundar, não permite que duas pessoas do mesmo sexo procriem”. Pois é senhor bastonário a sua delinquência não precisa de prova para além das suas palavras intelectualmente mirradas: Não mudar de opinião é o princípio da ignorância; dizer que tem colegas homossexuais é porque partilha com eles da sua homossexualidade ou então não sabe que os seus colegas são advogados; manter o parecer contra ventos e marés é manter um parecer contra a natureza; e se a natureza não permite a casais do mesmo sexo a procriação, é por isso que esses casais pretendem adoptar… adopção é diferente de procriação! Mas por aqui me fico, até porque me cansa falar de si… fico com a impressão de estar a falar com Pedregulhos ou, no máximo, com o portador delinquente do bastão… CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 107


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