Memórias Partilhadas Produção escrita da 1ª Etapa de 2016 1.º Ano - Médios Integrados em Administração, Eletrônica e Informática Organização: Ricardo Machado-Rocha Ilustrações: Mado Machado
IFMG
Campus Sabará
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Sumário Prefácio ................................................................................... 7
Aline Ribeiro........................................................................... 9 Almiro Rodrigues de Souza ................................................ 11 Álvaro Hudson Martins ...................................................... 13 Amanda Luiza C. de Jesus ................................................. 15 Ana Laura Santos do Nascimento ....................................17 Andressa Aparecida Rodrigues .........................................19 Arthur Ângelo Del Rio Carneiro ......................................21 Arthur Navegantes .............................................................. 23 Bárbara Emily Rodrigues de Morais .................................25 Daniele Aparecida Souza Gonçalves ............................... 27 Enzo Arthur Martins da Silva............................................ 29 Estevão Marinho do Nascimento.......................................31 Flávia Lopes Porto............................................................... 33 Frederico Furtado Amantino Vieira ...................................35 Gabriela Ferreira Rodrigues ............................................... 37 Gardênia Oliveira Silva ...................................................... 39 3
Iago Isaias Ferreira Pinto Fernandes ..................................41 Israel Lucas Alves Santos de Oliveira .............................. 43 Júlia Vitória Pereira Ribeiro ................................................ 45 Juliane Ferreira Martins ...................................................... 47 Kathleen Nicole Barbosa da Silva ....................................49 Laura Teixeira Gomes ........................................................ 51 Letícia de Souza Carreiro Pires ........................................53 Lucca Bacc Preis Ferreira .................................................. 55 Maria Antoniela Fonseca Horta ........................................57 Mario Lucio Guimarães Junior........................................... 59 Matheus de Almeida Barroso ............................................ 61 Matheus Felipe da Silva ..................................................... 63 Matheus Vasconcelos Costa Santos ............................... 65 Maysson Santos Arcanjo................................................... 67 Muriel Bernardo Cabral ..................................................... 69 Nathália Cristina Raimundo ................................................ 71 Nicolas Gabriel Rodrigues.................................................. 73 Rafaela Cristina Nicolau ..................................................... 75 4
Ricardo Lucas dos Anjos Vieira Costa ............................ 77 Tainá Basílio Sales ............................................................ 79 Virgínia Starling Teixeira Cruz .......................................... 81 Vitória Ferreira Silva ........................................................... 83 Vitória Galantine Guirado Molina .....................................85 Wendel Fernandes Dias...................................................... 87 Wesley Ferreira ....................................................................89
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Prefácio No começo sempre está a palavra... E este livro é o registro de um começo. Os alunos do 1.º Ano dos cursos Médios Integrados do IFMG campus Sabará dão início à sua trajetória nas práticas de escrita e leitura instaurando suas próprias palavras. Em sua formação como leitores e autores - “lautores”, nos termos mais recentes - os estudantes
conciliaram
subjetividade
e
técnica,
experiência e aprimoramento na construção destes textos de memórias.
Na
esteira da formação
profissional, social e humana, estes jovens lautores construíram seus primeiros currículos profissionais, empreenderam pesquisas para descobrir os sentidos históricos e etimológicos dos próprios nomes e revelaram, na escrita, algumas de suas memórias. O gatilho literário para a redação dos textos que compõem este volume foi a leitura do livro Memórias
Inventadas, de Manoel de Barros, título a partir do qual derivamos o nome da nossa coletânea. As ilustrações são uma leitura plástica do também jovem
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artista Mado Machado e contracenam com as palavras na dinâmica das leituras possíveis, sempre infinitas. Os textos apresentados nestas páginas têm a sinceridade de quem viveu o que relata e a doçura das mentiras poéticas de quem não apenas conta, mas recria as próprias lembranças. Por isso mesmo, elas são livres na forma: versos, prosas, híbridos e mistos. A memória, ela própria, não é fixa, mas muda conosco e é sempre outra, cada vez que a revisitamos. Certamente
os
autores
aqui
reunidos
se
surpreenderão, n’algum futuro, ao relerem o que eles mesmos registraram para si, no passado, sobre um passado ainda mais anterior. No tempo de agora, que é o tempo em que essas linhas se tornam presentes para você que nos lê, partilhamos nossas memórias, que passarão a ser também suas, cada vez que você se recordar desta leitura.
Ricardo Machado-Rocha Professor de Língua Portuguesa 8
I
Aline Ribeiro
Ouço o barulho longe, corro para a porta, pois é ele que está chegando. De repente o ônibus para, mas só vejo pessoas desconhecidas. Então me cai na lembrança que ele não volta mais.
Que saudades daquele dia, quando escutei o ônibus e ele, todo carinhoso e sorridente, me trouxe um presente. Que saudades do vovô passam pela mente.
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II Brincos
Almiro Rodrigues de Souza
Lembro de você, pela última vez usando eles. Nunca irei esquecer o seu rosto, o brilho no seu olhar.
Lembro a última vez que vi a Senhora se arrumar no espelho. Deveria ter acreditado em você, falando que o seu tempo aqui estava acabando, e você me dando, tão preciosos, aqueles brincos.
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III De corte em corte
Álvaro Hudson Martins Consigo me lembrar direitinho dos meus dois primeiros pontos na cabeça... A primeira vez, minha mãe, coitada, foi comprar leite e me deixou com meu primo e meu irmão mais velho. Éramos novos, eu tinha cerca de cinco anos de idade e eles eram préadolescentes. Nessa noite, engoli um chiclete e achei que ele ia ficar grudado nos meus órgãos. Claro que quem disse isso foram os meninos, mas não acabou por aí a sacanagem com o caçulinha da família... Eles tiveram a incrível ideia de me colocar dentro de um banco de plástico virado de cabeça para baixo. Na hora eu amei a ideia, mas depois senti minha cabeça meio molhada e acabei ficando tonto... Minha mãe chegou e me levou direto para o hospital, pois estava sangrando. Por incrível que pareça, eu não chorei. Ela não podia nos deixar sozinhos que sempre acontecia alguma coisa ruim... Os dois simplesmente só riram da minha cara, ao invés de ter um pouco de compaixão e me ajudar. 13
Na segunda vez, eu não me lembro muito bem... Quando eu ficava com sede ou queria fazer xixi durante a noite, eu gritava do meu quarto até minha mãe escutar. Eu não tinha medo do escuro, eu tinha medo do que poderia ter nele. Um dia eu gritei ela e disse que queria água. Ela disse que ia buscar. Não sei por qual motivo, eu fui atrás dela. Quando eu a vi na cozinha, voltei para o quarto de novo. Quando ela chegou no quarto, eu estava no chão. Não sei como fui parar no chão. Eu não tinha achado minha cama no quarto e cai. Não sei se bati a cabeça em algum lugar, só sei que não chorei e muito menos sei como levei quatro pontos na cabeça...
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IV Formatura
Amanda Luiza C. de Jesus Em 19 de dezembro de 2015, aconteceu a minha maravilhosa festa de formatura, que é uma das minhas memórias mais recentes. Aquele evento foi muito trabalhoso, pois fomos nós, os formandos, que tivemos de procurar o buffet, fotógrafos, espaço, convites, entre tantos outros detalhes da organização da festa. Foi um evento marcante, o fechamento de uma grande etapa na minha vida. E mais que o custo em dinheiro, teve um enorme valor emocional. Para realizalo, tivemos grandes colaborações. Minha família estava presente e a família de meus amigos também. Eles se emocionaram muito, pois nós nos saímos bem com a organização da festa. Todos dançamos, nos divertimos, comemos e tudo correu bem.
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V Memórias
Ana Laura Santos do Nascimento
As memórias são como árvores! Árvores com fortes raízes Raízes que geram flores Flores que geram frutos E frutos que se tornam saudades! Quanta saudade eu tenho Saudade dos beijos que curavam feridas Dos abraços de alegria Das risadas que faziam a barriga doer Doer menos que um coração partido Que nunca deixa de bater! Quanta saudade eu sinto Das juras de dedinho que nunca foram quebradas
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Quantas lembranças levarei comigo Levarei também saudades do meu velho amigo, meu avô Levarei no peito sua frase sem jeito De jamais desistir! Memórias, queridas memórias Que nos transportam De volta no tempo...
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VI Currículo?
Andressa Aparecida Rodrigues
Já consegui comer até passar mal. Tentei andar de skate e caí de bunda. Correr e jogar peteca não deu tão errado Mas também me rendeu uma boa dorzinha. Uma vez dancei pra turma e tentei cantar Planejei festas boas e participei de festas que não gostei e vice-versa. Às vezes apresentei minhas ideias de conservação ambiental e fui zoada de “matista” Mas outras ideias minhas foram aceitas... Vai entender! Fui muito marcada como alvo e também já fui esquecida, do mesmo modo que fui amada e fui odiada.
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Fiz tantas coisas na vida que nem me lembro de tudo mais, mas pra que saber do passado se o que importa agora é o futuro... Afinal, não ando a esmo como tantos outros. Jogada como uma folha à mercê do tempo. Traço minha linha e me jogo ao destino, mas sem largar de vista a minha estrela guia.
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VII A garota da praia
Arthur Ângelo Del Rio Carneiro Uma vez na praia, conheci uma menina Brincávamos todo dia, encontrávamos sempre Ela era muito bacana, ela ficava na minha mente Mas eu sabia que nada era para sempre As férias simplesmente se acabam E vinha um longo tempo sem vê-la Chegam novas férias, e mais uma vez ela está lá! E de novo, e de novo. Cada vez era melhor Até que um ano... Ela desapareceu Eu ficava tão ansioso, à espera das próximas férias Na esperança de tornar a vê-la Mas de novo e sempre, ela não estava lá Eu contei anos, anos e mais anos E nunca mais a vi Eu só não esquecerei Pois ela ficará, eu sei, para sempre na minha mente 21
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VIII A Derrota
Arthur Navegantes
Treinei até cansar Treinei até suar Fiquei triste por perder E quase fiquei triste por quase ganhar Lutei até cair, e consegui me levantar Lutei doente, e já lutei até quebrar um dente Fiquei triste por perder Mas fui recompensado por ganhar
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IX “Inlimitado”
Bárbara Emily Rodrigues de Morais
Eu costumava lembrar Das crianças correndo Rindo e brincando Eu costumava lembrar Das crianças quietas Tristes e chorando Lembrava da minha mãe Lembrava de como sentia sua falta Lembrava de sua doce voz E de como eu queria voltar logo para casa Eu costumava chorar quando ela demorava Mas ela sempre chegava Cantos, ninos e histórias… O que eu poderia desejar mais? Podia durar para sempre 25
Mas, a gente cresce O tempo passa E todos os momentos assim Um dia Chegam ao fim
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X Lembranças da minha infância
Daniele Aparecida Souza Gonçalves Quando eu era pequena Gostava de balançar na rede Chorei muito Pois bati com o queixo no chão, Levei três pontos Minha mãe chorou de montão. Sumi um dia Minha mãe ficou preocupada Enquanto me procurava Estava onde? Dentro do guarda roupa. Só fazia palhaçada Minha mãe sempre preocupada Pulava da minha cômoda Em cima da cama E minha mãe me xingava . Essa foi minha infância 27
Baseada em aventuras e loucuras Sempre caindo e levantando Mas sem desistir de ser feliz. Agora cresci, vivi e aprendi, Mas a minha infância Sempre farå parte de mim.
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XI Brincar... Trabalhar
Enzo Arthur Martins da Silva
Brincar, trabalhar, cansar... Pensei que nunca ia passar. Cansar, trabalhar, pensar... Pensei que nunca ia chegar.
Nem nunca imaginaria essa realidade Muito menos que passaria de verdade. Vivendo isso, esperando passar Agora tenho que dar um jeito de aproveitar.
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XII Memórias
Estevão Marinho do Nascimento A vida é engraçada Brincamos juntos Já zoamos e brigamos Mas hoje juntos não vivemos Porque na vida pessoas entram e saem Nada é eterno Por que as pessoas que merecem estar vivas estão mortas? E por que quem devia estar morto está vivo? As pessoas são como vento Que passam pelos nossos ombros e se vão quando menos percebemos Você se foi Sua vida foi pesada na balança Será mesmo que quando morrermos veremos aquela luz do fim do túnel? Ou será apenas escuridão e trevas? Sua vida inteira interrompida por uma bala Por que as pessoas que mais nos importam morrem? Não sei, mas sei que... Sentirei saudades de você A saudade é como o próprio amor Você não vê na pessoa, mas sabe que está lá
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Mas todo dia é dia de recomeçar é como um carvalho grande Você pode cortar Mas a partir de uma única plantinha novamente crescerá é como a fênix Você pode matar Mas ela sempre voltará Porque só temos uma vida Por isso temos que viver enquanto podemos Porque quando chegar a hora Iremos sem arrependimentos Porque no fim, encontraremos aquela paz
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XIII
Flávia Lopes Porto
Estamos na escola. A professora, ou melhor, como eu dizia naquela época, a “tia” nos dá uma casinha de madeira sem graça e sem cor. E junto com ela, uma porção de tintas coloridas. A tarefa era pintá-la da cor que queríamos. Como eu só tinha seis anos de idade, meu mundo era cor-de-rosa. Logo minha casinha de madeira também ficou sendo rosa. O mais legal é que a casinha de madeira era, na verdade, um cofrinho, para colocar pequenos bilhetinhos que a tia fazia elogiando a gente. O tempo passou e a casinha foi deixada de lado. Hoje, escrevendo esse texto, pude lembrar como tive uma infância fascinante.
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XIV
Frederico Furtado Amantino Vieira Estava eu Muito alegre Tinha ganhado um presente Bem legal e interessante Esperava havia muito tempo Sentir aquele momento Meu pai com uma caixa na mão Eu com minha imaginação Não sabia o que era Nem a mínima ideia Foi quando abri e vi Um violão logo ali Fiquei feliz aquele dia Não sabia se era verdade Se realmente era realidade Mas fiquei com esperança Aquele dia perecia Ser um sonho de criança
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XV Entre as memórias e o futuro
Gabriela Ferreira Rodrigues São tantas memórias juntas sem ordem na minha cabeça. E sempre, quando pedem para eu contar uma, vem sem eu perceber algo relacionado a machucados ou hospital, e acho isso fantástico, porque, apesar de se tratar um pouco de dor e sofrimento, o hospital é um ambiente em que eu gosto de estar e que quero para meu futuro profissional. Em especial, algo inusitado, um objeto, sem bem uma definição especifica. Só sei que foi parar dentro do meu ouvido no ano passado, causando uma dor insuportável. Fui para o hospital. Chegando lá, o médico disse que tinha algo preto no meu ouvido. Fiquei desesperada, achando que era algum inseto ou algo parecido, que eu tenho pavor. Ele conseguiu tirar e era só uma rodelinha de E.V.A. Agora como aquilo foi parar dentro do meu ouvido é uma pergunta que nem eu sei a resposta. Incrível como uma história puxa outra. Vem logo à minha mente quando eu quebrei o braço, com uma brincadeira idiota, com grande possibilidade de me machucar. Uma brincadeira que tinha sido criada por mim e minha irmã. E o que aconteceu? Caí em cima do meu braço e o quebrei, em plena formatura. Na foto da turma está Gabriela com o braço engessado, coisa de quem andou fazendo arte. E histórias com hospitais e formaturas não acabam por aí. Na minha formatura de 5°ano, ia ter o dia de lazer, quando a gente ia para um clube comemorar. Um dia antes, reclamei com minha mãe que 37
estava sentindo dor na barriga e ela disse que era somente ansiedade. No outro dia, com a dor um pouco maior, fui para o clube. Chegando lá, não aguentei nem entrar na piscina, a diretoria já ligou para minha mãe, cheguei ao hospital e tive que fazer uma cirurgia de apendicectomia. Isso tudo dias antes da festa de formatura. Passei a festa inteira sentada por conta da cirurgia, além de ter perdido o dia de lazer. Encontrar um objeto dentro no meu ouvido, sem saber de que modo foi parar lá, é a minha cara. Da mesma forma que quebrar o braço com uma brincadeira, já que era e continuo sendo a sapeca da família. Mesmo com esses momentos, continuo transmitindo a felicidade e me mantendo feliz. Vejo que essas coisas que acontecem comigo, pelo acaso da vida, só mostram o meu jeito de ser, um pouco da minha essência e como a minha relação com o hospital foi se construindo com o tempo, vendo sair sorrindo aqueles que entraram chorando. E poder proporcionar este sorriso é algo que quero para meu futuro.
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XVI
Gardênia Oliveira Silva
Fiz muitas coisas nessa vida. E se me arrependo? Acho que não! Falei que estava doente, só para não ir a aula! Fingi várias vezes entender a matéria, sem ao menos ter escutado o que o professor falava. Já brinquei na rua até depois do horário marcado, mas com aquele frio na barriga, com medo de chegar em casa. Brigava com minhas primas, mas no final a gente sempre fazia as pazes. Já quis ser a mãe na brincadeira de casinha, mas, por ser a mais nova, sempre era a filha. 39
Que pena que cresci, e hoje em dia a única brincadeira que tenho é a de não esquecer tudo o que já vivi.
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XVII Minha infância
Iago Isaias Ferreira Pinto Fernandes Eu já briguei por causa De uma pecinha de madeira Cavei terra Com talheres de mesa Mordi meu primo Revidando um tapa Desmaiei andando de bike Após atropelar minha tia Subi em arvores Para gangorra em seus galhos Fui pra roça e brinquei de guerra de esterco No velotrol rachei minha cara no chão E depois disso tudo fiquei malandrão
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XVIII O gol
Israel Lucas Alves Santos de Oliveira Numa tarde chuvosa, um jogo acontecia, e eu permanecia ali no banco
No segundo tempo, nade de me colocar para jogar, e com o empate o time estaria fora do campeonato
Quinze minutos restavam e finalmente entrei na quadra, e com um chute forte de esquerda, o time saiu com a taรงa 43
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XIX Bons tempos
Júlia Vitória Pereira Ribeiro Através da janela do meu escolar, eu observava o Sol se levantando e os passarinhos voando por cima das árvores. O ônibus andava tão devagar, porque já era um veículo velho e o seu barulho incomodava os ouvidos. Nese dia aconteceria o campeonato de corda e eu representaria minha sala. Cheguei na escola atrasada e tinha que correr para me arrumar, porque o campeonato já estava prestes a começar. A professora de educação física estava com uma folha e uma caneta na mão e chamou a primeira pessoa para pular, depois a segunda, a terceira. Nesse tempo, o nervosismo tomava conta de mim junto com a tremedeira. Até que ouvi meu nome, levantei, fui até o espaço onde eu pularia, peguei a corda e, antes de começar, a professora me desejou boa sorte. Segui em frente. Nos primeiros momentos, comecei a contar os pulos, até que perdi a conta, pois estava observando o céu que estava bem azul e já não ouvia mais o canto dos passarinhos. Fiquei observando por um tempo, depois voltei para a realidade, pulei, pulei, pulei mais um pouco até que cansei. E foi por isso que eu errei. Todos da minha sala vieram me abraçar e comemorar, porque eu tinha conseguido 465 pulos e tinha ganhado. Depois disso, fui para a final e fiquei muito feliz. Aquele mesmo nervosismo e a mesma tremedeira tomaram conta de min, desta vez bem mais intensamente, pois em uma hora eu estaria disputando com uma menina do outro turno. Esses 60 minutos passaram muito rápido e eu estava com muito medo, 45
mas não deveria, porque tinha muita gente me apoiando. Comecei. Desta vez contei meus pulos até o fim: foram 515 pulos. Fiquei feliz pela quantidade, mas triste, porque eu me distraí e por isso errei. Fui beber água e descansar, enquanto a minha adversária pulava. Depois de um tempo, comecei a escutar uns gritos de “é campeã, é campeã!”. Fui correndo ver o que era, mas pela gritaria já dava para saber que ela tinha ganhado. Fiquei triste por ter perdido, mas feliz por ter conseguido o segundo lugar.
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XX SAW
Juliane Ferreira Martins Era mais um final de semana, mas não um final de semana qualquer. Meu pai me buscou e fomos à casa dos meus avós. Bom... O dia foi bem comum, nada de diferente dos outros. Mas a noite... A noite, meu amigo... Foi uma grande noite. Lá estávamos eu e meu pai assistindo Jogos
Mortais. Bom.... Eu sempre durmo assistindo algo, esse dia não foi diferente. No final do filme, toca uma daquelas músicas sombrias, meu pai aumentou o volume da TV e me trancou no quarto, colocou uma de suas fantasias assustadoras e apareceu na janela e começou a fazer uns sons estranhos. Acordei assustada, gritei muito, aquela música entrava no meu ouvido e eu estava ficando louca.
Até que ele
começou a rir, e eu finalmente vi que não era um monstro e sim meu pai.
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XXI Minha primeira apresentação
Kathleen Nicole Barbosa da Silva Eu era uma pequena menina tentando ser uma bailarina não sabia o que fazia mas pelo menos ficava na ponta do pé Fazia um coque no cabelo e depois colocava minha redinha depois minha roupinha e logo a sapatilha Eu era tão pequena e só queria ser uma bailarina eu dancei e dancei me apaixonei e me emocionei Aplausos, sorrisos, orgulho que graciosamente agradecia aquela pequena bailarina que me acenava do espelho 49
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XXII Matemágica
Laura Teixeira Gomes Desde pequena, meu pai me ensinava suas “matemágicas”. Antes mesmo de aprender a primeira palavra, já sabia quanto era a metade de dois mais dois. Aos sete anos, acompanhava meu pai em suas visitas a escolas e uma vez fomos até Ouro Preto, a um evento cultural, pois eu era sua assistente oficial, sua “Calculadora Humana”. Com isso, acabei gostando da Matemática, tendo facilidade em aprender e explicar a matéria e comecei a ajudar meus colegas que não tinham tanta facilidade com os números. No ano passado, formamos um grupo de estudos que funcionava na biblioteca, onde passava alguns dias por semana ajudando meus colegas nos trabalhos e nos estudos para as provas. No último dia de aula do primeiro semestre, fui chamada pela professora Geizi para ir até a sala onde ela estava dando aula. Chegando lá, tive uma grande surpresa: os meus colegas, juntamente com minha 51
professora,
tinham
preparado
uma
pequena
homenagem! Eles me deram uma cesta de chocolates, um livro e vĂĄrias cartinhas de agradecimento. Este foi um momento que guardarei sempre comigo: a gratidĂŁo e o carinho dos meus colegas e da minha professora.
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XXIII Livro Meu
Letícia de Souza Carreiro Pires Livro Meu, que fala sem voz, que fechado me espera todos os dias, por esquecimento o abandonava e já não havia conversa entre nós. Livro Meu, que muitas vezes o fechava com desprezo o molhava de lágrimas e o abraçava com medo. Livro Meu, muitas vezes me lembra quem sou eu, das raízes até a maturidade, guardava um tesouro que era só meu.
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Aquele companheiro que estava sempre ao meu lado, e nem sequer mais quis vê-lo e o deixei destruído Livro sem leitor, coração partido.
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XXIV
Lucca Bacc Preis Ferreira
Busquei o que fazer Te achei sujo, lindo, puro... Alguns ruídos ouvia Pois era gravado de LP Busquei te entender Em vão, mas por querer Encontrei um álbum na net Sorte, era pequeno Degustava várias vezes por dia Essa banda... Minha alegria Minha linda, minha vida Se é que posso chamar de minha Morram antes de mim Mas com isso já me satisfazia.
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XXV Caderno de poemas
Maria Antoniela Fonseca Horta Meu objeto de memória É meu caderno de histórias Guardo nele toda minha trajetória Escrita em versos Geralmente são apelos Ou relatos de coração partido Muitas vezes têm sentido Outras vezes são só ruídos Mas o importante é que eu Sempre levo esse caderno comigo Ele é mais que um amigo Ele sou eu
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XXVI Almanaque do Cebolinha
Mario Lucio Guimarães Junior Eu era um pequeno menino que dali não tirava o olhar, e com aquele almanaque fino queria nada escutar. Viajava naquelas histórias, todas vistas por uma criança como algo que sempre acontece, como algo que dança e balança. O tempo passava rápido, e eu não via ele passar, o mundo gritava à minha volta, e eu nem queria escutar. Não queria parar de ler, queria ler cada vez mais foi daí que conheci os livros depois disso não parei jamais. 59
Os almanaques me ajudaram, com eles aprendi a ler, por isso os doei para que outros possam aprender.
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XXVII
Matheus de Almeida Barroso Matheus! Chamaram meu nome, do hebraico, dádiva de Deus, sim, esse sou eu, e lá vou eu, rumo ao patrimônio da humanidade. Sobe morro, desce morro, canseira que não acaba mais, olha daqui, de acolá, alguma coisa de se alegrar. Uma chave de Ouro Preto, do Museu Inconfidente, olha, linda, que detalhes, tão lisinha, tô contente. Ônibus vai, ônibus vem, para cá tive que voltar, para casa outra vez, fui dormir para outra história.
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XXVIII
Matheus Felipe da Silva Já ri muito na minha vida Fiz muitos rirem Já fiz várias aventuras Quero fazer muitas experiências Meu sonho é entrar pra policia Nada mais nesta vida E olha onde estou Fazendo curso de eletrônica Já fiz muita besteira Até pra galinha correr atrás de mim Fiz muita encrenca Mas eu venci Já caí de bike Atropelei uma pessoa Caí de um barranco Agora não sei o que me espera amanhã
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Pode ser coisa boa Ou uma que me faça morrer Mas agora faço uma pergunta “Já vivi o bastante?”
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XXIX Sentimento de Hoje
Matheus Vasconcelos Costa Santos Eu me lembro de quando eu morava lá Mas eu não me lembro de quando eu vim a me apaixonar Eu sempre me recordo daquele lugar Do rio, das plantas, do ar Mesmo depois de todas as coisas ruins Eu vim a me apaixonar Mas eu me mudei para a capital Onde se encontra o caos Perdi a tranquilidade que eu tinha E comecei a sonhar Também ganhei pesadelos Com lobos em pele de cordeiros Mesmo assim não deixei de me apaixonar Agora já não sei se fico Ou se eu vou embora 65
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XXX
Maysson Santos Arcanjo Minha infância foi bem legal, ser criança é fenomenal ter sustos e alegrias ver o beija-flor pousar no girassol. Sempre amei esportes natação, futebol, vôlei, peteca e até handebol. Andava de bicicleta, vida esportiva como de um atleta. Sonhava em formar uma família, ser um excelente profissional. Era um menino inocente, feliz, pensativo, às vezes carente de um abraço.
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São muitas memórias, prefiro lembrar assim. O passado é infinito e ter memória é alegrar o presente, quando o passado se torna recente.
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XXXI O anel
Muriel Bernardo Cabral Um anel Dois anéis Vários anéis Para uns, anel é um simples objeto Para outros, um sinal de afeto Para mim, uma história de amor Começou com um, Depois dois Quando fui ver... Ao todo eram 60 Pode ser exagero Pode ser ambição Talvez, possa até ser vício Mas eu sei o que é... É uma parte da minha história, uma grande parte dela 69
Podem ser muitos Podem ser diferentes Mas todos dividem uma coisa... Meu amor por todos eles
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XXXII Fotos e recordações
Nathália Cristina Raimundo Eu recordo com saudade Alguns passeios de infância. Como era sem maldade A minha vida de criança. Em Porto Seguro fiz amizade A Bruniele conheci. Hoje não vivo nem a metade Das aventuras que vivi. Naquela praia imensa Brincadeiras não faltavam. Quando vinha a onda intensa Era aí que eu pulava. Fotos e mais fotos tiramos Na praia, no hotel e na piscina. Estas recordações guardamos Do nosso tempo de menina. 71
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XXXIII Nada pode nos separar
Nicolas Gabriel Rodrigues Em quatro anos, fiz grandes amizades. Algumas durarão para sempre e outras nunca serão esquecidas. Junto com meus amigos, eu caí, mas também me levantei. Já aprontamos muito, rimos e choramos vendo séries de TV. Eu não me sentia sozinho, porque sempre tinha os meus amigos do meu lado. Alguns momentos foram difíceis, mas nada pode nos separar. Lembro dos trabalhos de escola, dos almoços, dos apelidos; lembro de nos aceitarmos pelo que somos e não pelo o que temos. Lembro de nos ajudarmos nos momentos de sofrimento. Hoje, mesmo cada um estando em uma escola diferente, não vamos deixar nosso laço especial de amizade se desfazer.
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XXXIV
Rafaela Cristina Nicolau Eu já brinquei na chuva e fiquei gripada Já pulei corda, até passar de dez Brinquei na rua, e caí de bicicleta. Já acordei de madrugada pra beber água Votei da escola, com os amigos Já briguei com meu irmão, por causa da TV E ele me abraçou, quando eu estava triste Já tive diário e uma celular sem internet Perdi e ganhei amizades Já dei risada até o olho sair água E o olho já saiu água por mágoa. Troquei de escola por terminar os estudos E já tomei bomba por não estudar Aprendi com os meus erros.
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Já agradeci a Deus pela minha família E já dormi com minha mãe Fui criança e já tive boneca Agora cresci, E vou continuar vivendo.
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XXXV Tempos de Criança
Ricardo Lucas dos Anjos Vieira Costa
Quando eu era menino, eu morava na roça e tinha muitos deveres e afazeres. Todo dia tinha uma coisa nova para fazer. Eu acordava cedo para tirar leite no curral. Chegava da escola, almoçava e saía para o terreiro, entrava nas matas com meus primos, amigos e irmãos. Fazíamos bodoque pra caçar pássaros, armava arapucas e todo dia pescava na lagoa. Tinha dia que assávamos os bichos e peixes em fornos de barro que eram construídos no fundo de casa. A gente brincava nas árvores de pegador, esconde-esconde, passava de uma árvore para outra, brincávamos
de
rouba-bandeira,
queimadinha,
amarelinha e bolinha de gude. Saudade, meu Deus, daqueles tempos que não voltam mais. Enfim, a gente era feliz e não sabia.
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XXXVI Coração de cristal
Tainá Basílio Sales Minha mãe me deu o nome Tainá Tainá significa estrela e estrelas têm brilho próprio Mas eu não me sinto Tainá, me sinto como o luar Que aparece nas noites claras e some nas noites sombrias E nada continua igual com o passar dos dias E assim sou eu Quando criança, gostava de brincar de caça-tesouro Até que em um dia achei uma corrente de ouro E outro dia um cristal Que brilhava como as luzes de Natal Dei pro papai e ele mandou lapidar E me devolveu um coração que brilhava a cada olhar Cada dia com um brilho diferente, às vezes como uma estrela cadente que brilha por alguns segundos e desaparece sem deixar rastros Tainá é Tupi-guarani, mas eu sou só brasileira Que gosta de cantar e fazer brincadeira Guardei o coração de cristal em uma caixinha de música E quando eu a abria, o coração brilhava como se as luzes estivessem dançando sorrindo e cantando
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às vezes eu o imaginava como um amuleto da sorte, e prometi a mim mesma só dar esse coração ao meu verdadeiro consorte.
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XXXVII O anel
Virgínia Starling Teixeira Cruz Deram-me um anel para superar o momento Era difícil, todos os dias só me vinha o sofrimento Com o anel, poderia suportar todas as dores: dos amigos, a solidão, a depressão e os amores Esse anel veio em cima de cicatrizes que um dia provocaram agonia Estavam estampadas na pele E o que eles queriam era ver minha alegria Mas quem vive na depressão É como viver na escuridão A tristeza invade... Mas havia algo em mim que pedia por socorro e que queria sair dessa solidão Deram-me um anel: brilhante, valioso... Disseram que o seu valor e o da minha alegria não se comparavam E então vencendo a grande luta, onde eu muito guerreava, Eis que até hoje carrego meu companheiro de batalha. 81
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XXXVIII Momentos que nunca mais voltarão
Vitória Ferreira Silva
Momentos que nunca mais poderemos viver, mas que ficarão guardados na nossa memória. Lembro de quando eu era pequenina e ia para casa de vovô todo final de semana. Lá tinha gangorra na árvore, carrinho de rolimã e todas as tardes íamos colher cana. Lembro também que vovô nos dava coisas escondidas, como milhopan, chup-chup e bala. Minha mãe não gostava muito que comêssemos essas coisas. Lembro que todas as minhas tias iam lá. Era tão bom poder passar o tempo com a família inteira. Mas tudo mudou tão de repente. Vovô já não estava tão bem e a família estava separada. Foram momentos difíceis que vivemos. Lembro do primeiro sonho que tive, em que vovô estava partindo, um sonho tão triste que acabou acontecendo de verdade. Que saudade do meu vovô. Lembro de tudo isso como se fosse ontem.
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XXXIX Escola
Vitória Galantine Guirado Molina Eu sou a Vitória, que já foi à escola, que ri e se empolga, que estuda e faz a prova. Uma vez, na infância, fui à escola e encontrei meus amigos. Estavam rindo, brincando e cantarolando. E então perguntei: Por que estão rindo? E daí responderam: Porque a gente não se cansa de ser feliz. Já fui muito à escola e um dia me perguntaram: Mas afinal de contas, o que você já fez?
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E aí respondi: Já dancei, já brinquei, já zoei, já cantarolei, já estudei, e acima de tudo Também serei feliz.
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XL Minha Revistinha em Quadrinhos
Wendel Fernandes Dias De repente Ao lembrar dos brinquedos queridos Que ficaram esquecidos Dentro do armário Me lembro dos meus gibis. Me bate uma saudade Me bate uma vontade De voltar no tempo De voltar ao passado Onde não há nada “elado”, Como já dizia o Cebolinha. Mas nada acontece Nada parece acontecer A parte em que eu viajava na turma, Aventuras sem furtos wifi Eu choro, choro como o bebê que fui E a criança que quero voltar a ser Não queria crescer.
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XLI
Wesley Ferreira Ainda me lembro de como eu era e como eu sou Sonhava em ter bons amigos, sonhava em ser doutor Mas não doutor médico e nem mesmo professor O que eu realmente queria era ser doutor do amor Minha infância foi bem vivida, na rua era da hora Até ter meu pai ausente, que de casa foi embora Mas fiquei feliz, pois minha mãe estava ali Então comecei a estudar para poder vê-la sorrir Às vezes me pego pensando nas minhas lembranças E pra falar a verdade eu fui muito bem tratado Hoje estou aqui com saúde e educação Lembro do meu pai, mas lembro mais do meu irmão Ele foi como um pai pra mim E graças a isso hoje eu estou aqui Para falar das minhas lembranças Para falar do meu passado
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Quando criança eu tinha um sonho Que hoje está sendo realizado Amo minha família, não tenho do que reclamar Até porque sem eles não sei onde poderia estar
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