Filiada à Associação de Editores Cristãos (Asec) Presidente
Eduardo Berzin Filho Gerente de oPerações
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EDITORIAL
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editor
Oziel Alves • MTB 14794/RS editorial@eticacrista.com.br eQuiPe editoriaL
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é uma publicação da EBF Comunicação em coedição com a Editora Minuano. A EBF Comunicações criou, produziu e realizou este projeto tendo inteira responsabilidade sobre a originalidade e autenticidade de seu conteúdo. Edição 35 • sEtEmbro / outubro dE 2011
Redação e administração: Rua Otavio Passos, 190, 2º andar Atibaia, SP - CEP: 12942-590 Telefones: (11) 4081-1760 editorial@ebfeventos.com.br Ética cristã
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oziel alves, editor
A Igreja é uma célula em evolução
Todo o líder que se preze, certamente já parou para pensar num fenômeno que se alastra pelas igrejas evangélicas Brasil a fora. Se por um lado a Igreja cresce, por outro ela diminui, já que o exército de soldados feridos - formado por desigrejados, desinstitucionalizados, desviados, nômades, pródigos, exilados, ou seja, lá como for - já ultrapassa a casa dos 5 milhões. Embora a grande maioria dos pastores resista em admitir que tal fenômeno aconteça dentro de suas igrejas, fato é que todas as comunidades cristãs, mesmo que estejam em crescimento, lidam - em maior ou menor escala - com esta constante evasão de fieis. São pessoas que, decepcionadas com algumas incoerências encontradas nas instituições eclesiásticas, decidiram abandonar a comunhão. Como diz o ditado: “contra fatos, não há argumentos”. E se esta evasão é uma realidade, então é preciso encontrar caminhos e estratégias para que a porta dos fundos seja fechada e a perda de fieis seja reduzida, drasticamente. Foi pensando nisso, que elaboramos a matéria de capa desta edição, aqui intitulada “Fora do Aquário”. Nossa proposta fora ouvir as razões pelas quais algumas destas pessoas estão se afastando da Igreja e ao mesmo tempo tentar entender que medidas a liderança tem tomado para coibir a evasão e trazer de volta à casa do Pai, aqueles que abandonaram a fé ou a comunhão. O assunto renderia uma enciclopédia, afinal, cada caso é uma história. Mas, como não há espaço para uma análise individual, prevaleceu a premissa de Conan Doyle que diz “Enquanto o ser humano individualmente é um quebra-cabeças insolúvel, no conjunto ele se torna uma certeza matemática. Você nunca pode prever o que uma pessoa fará, mas pode dizer com precisão o que, em média, um número delas fará. Individualmente elas variam, mas em média se mantêm
constantes” e foi através deste olhar direcionado ao coletivo que esta reportagem, escrita pelo repórter Ricardo Régener, se desenvolveu. Todo este frenesi me faz lembrar que a Igreja é uma célula viva e está em constante evolução. Isso fica muito claro, nesta edição de Revista Ética Cristã. Quer alguns exemplos? Quando, nós cristãos mais antigos, pensaríamos que uma igreja se empenharia em fazer cultos dentro de boates, universidades seculares ou montaria ringues dentro dos próprios templos para, de forma estratégica, evangelizar aqueles que não se identificam com a liturgia tradicional? Que tal falar sobre espiritualidade no mundo dos negócios e defender a ideia de que o cristão pode, sim, ser ambicioso, bem-sucedido financeiramente sem com isso perder a sua alma? E se dissermos que hoje, já há pastores psicanalistas difundindo a ideia de que nem todos os problemas da alma são de ordem espiritual, mas emocional, e que é preciso avaliar se um caso x necessita de terapia profissional ou aconselhamento pastoral, o que você diria? É, seguimos avante. Críticas à parte, o que mais impressiona quando o assunto é a comunidade evangélica, tem sido este espírito de mobilização em prol de algo comum. Nesta edição você poderá ler um pouco sobre tudo isso. Pastores propondo uma revitalização da Escola Bíblica Dominical; Parlamentares se unindo para defender as causas do povo de Deus; Líderes discutindo um planejamento estratégico afim de ganhar mais almas para Cristo. Enfim... Um verdadeiro frenesi. Nosso desejo é que esta célula evolua de forma saudável e que a Igreja ajuste os seus instrumentos e bússola para norte que é Cristo. O que importa é nunca perder a essência do evangelho puro, simples e verdadeiro que Jesus nos deixou. Boa Leitura.
EDiÇãO 35 / sEtEMBrO DE 2011
32 CAPA
Fora do aquário Enquanto os evangélicos comemoram seu crescimento, aumenta significantemente o número de pessoas que não quer mais ir a igreja. Por que isso acontece? Como trazer de volta aqueles que abandonaram a comunhão?
04 EDITORIAL 06 CARTAS 07 GIRO NEWS
Desligamento precoce? Aliança Cristã Evangélica perde bispo McAlister
GIRO NEWS BRASIL
08 DENúNCIA Deputado evangélico mobiliza imprensa contra trabalho escravo 09 IGREJA 140 anos da Igreja Batista no Brasil
22 ENTREVISTA
GIRO MUNDO
11 NEGÓCIOS
ED RENÉ KIVITZ: “Precisamos desmentir o pressuposto de que para ser justo é preciso ser franciscano e deixar de ser competitivo”.
Holandês constrói réplica da arca de Noé
12 CURIOSIDADE Austrália pode retirar termos A.C. e D.C. do vocabulário
REPORTAGENS
16 ESPORTE: MMA: A febre das
artes marciais chega às igrejas
44 POLÍTICA Lei do Aborto: PL que previa a descriminalização do aborto é arquivado, agora a bancada pró-vida quer se mobilizar em favor da aprovação do Estatuto do Nascituro
Pastores Psicanalistas: cresce o número de líderes cristãos que buscam tratar os problemas da alma utilizando técnicas freudianas
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nal de produtos e serviços para o segmento cristão da américa Latina – completa 10 anos
54 EDUCAÇãO Repaginado a Escola Bíblica Dominical: desafios enfrentados pela liderança para tornar o estudo da Bíblia mais atraente
54 ESPECIAL Lideres para transformar a nação:
NOSSOS COLUNISTAS
14
50 HISTÓRIA ExpoCristã – a maior feira internacio-
congresso Voe Mais Alto quer capacitar a liderança a lidar com os desafios da nova Igreja Evangélica 48
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14 ASAPH BORBA / Louvor: Ontem e Hoje 30 GERSON GARROS / Aconselhamento Pastoral 42 PEDRO LUÍS BALDONI / Direito 48 SOLANO PORTELA / Entendimento Cristão 52 MÁRIO SIMÕES / Profissional Cristão 56 RUSSELL SHEDD / Liderança 64 LOURENÇO STELIO REGA/ Ética
56
64
CADERNO EQUIPAR
76 TECNOLOGIA Sua Igreja já tem App para iPhone e smartphone?
76 GAMES Jogos Bíblicos: uma ótima alternativa para as EBDs
78 LANÇAMENTOS Equipamentos e produtos para Igrejas
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38 CIÊNCIA
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E-mails
FALE COM A REVISTA ÉTICA CRISTÃ Para fazer comentários sobre o conteúdo editorial, oferecer sugestões, fazer críticas às matérias ou solicitar informações relacionadas às reportagens envie e-mail para: editorial@eticacrista.com.br Twitter: @eticacrista • As mensagens devem ter nome completo, endereço e telefone.
A Revista Ética Cristã é uma ferramenta fundamental na vida de todos os obreiros. Encontro nela informações fundamentais para o crescimento sócio religioso da Igreja.
Gostei muito da nova Revista Ética Cristã. Se possível gostaria de sugerir alguns nomes do mundo cristão para entrevistas ou matérias. São eles: Ed René Kivitz, Ariovaldo Ramos, Maurício Zágari entre outros.
José Lopes de Oliveira Missionário da Junta de Missões Nacionais – CBB São Paulo - SP
Angélica Lima Assembleia de Deus Ilha do Governador – RJ
Gostei muito da leitura da nova Revista Ética RESPOSTA: Nesta edição estamos atendendo a uma das suas sugestões, Angélica. Cristã. Me deixou com ótimas impressões. Os temas escolhidos como capa, e os demais assuntos abordados foram excelentes. Com certeza é uma das revistas que eu fico ansioso esperando pelas próximas edições. Pr. Sérgio Müller Comunidade Cristã Siloé Joinville - SC Blumenau, SC
• Por razão de espaço e clareza, seus textos podem ser publicados resumidamente.
Nosso ANdAr diário Edição anual vol. 7
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EStER tAMBASCO
POR AlEx FAjARdO
A
Aliança Cristã Evangélica Brasileira, que no próximo mês de novembro completa um ano de formação, recebeu com absoluta surpresa a decisão de Walter McAlister, bispo primaz das Igrejas Cristãs Nova Vida (ICNV) de desligar-se da organização depois de apenas seis meses de membresia. A ICNV, que segundo o bispo tem 200 sacerdotes e 50 mil membros, havia sido integrado na própria formação da mesma, em novembro passado, e já em julho deste ano pediu sua desfiliação. O bispo McAlister era membro do Conselho Geral, juntamente com mais 12 pastores de diversas igrejas. O anúncio do desligamento foi feito por meio de uma carta que, enviada aos membros do Conselho da Aliança, posteriormente veio a ser divulgada em sua íntegra no site da Igreja Nova Vida e reproduzida em sites e blogs na internet. Nesta carta, o bispo alega suas razões e diz discordar dos rumos que a organização está tomando e que, em seu parecer, visa se tornar uma “voz política” em nossa nação. “Presenciei em alguns trabalhos discussões superficiais ou alienígenas à proposta do Evangelho, como a necessidade de se fazer um manifesto sobre o aumento salarial dos deputados federais na ordem de 60%”. Segundo McAlister, o argumento era de se afirmar como uma voz profética na sociedade. O próprio bispo contra-argumenta em sua carta de demissão, dizendo que “voz profética é proclamar o que vai contra o que toda a sociedade aprova. E, nesse aspecto, nós fomos apenas mais uma voz na multidão, visto que aquela reclamação a sociedade inteira
já estava fazendo. A organização não foi criada para chover no molhado e dizer o que todos já dizem.” Em nota, a Aliança Evangélica, que já conta com cerca de 100 filiações de igrejas e outras instituições cristãs, lamenta a decisão, que considera precoce, e reconhece a falta que a ICNV fará “à nossa convivência fraterna”. Diz também que “é de nosso interesse deixar absolutamente claro que não há nenhuma intenção de politização, e sim de carregar a marca da neutralidade e do testemunho evangélico.” Um dos coordenadores da Aliança, o pastor luterano Valdir Steuernagel, diz que os motivos alegados pelo bispo da ICNV não representam a caminhada histórica da organização. Afirma que a Aliança Evangélica precisa ter duas agendas, uma interna e outra externa. “A interna se preocupa com a nossa identidade, unidade e consistência evangélica, e a externa busca o estabelecimento de um testemunho de vida em sociedade. Parece-me que o bispo buscava apenas uma agenda interna e não cremos ser esta a nossa vocação neste momento da história evangélica no país.” O pastor batista Christian Gillis, outro membro coordenador do Conselho Geral, lastima o desligamento precoce do bispo e de sua Igreja, relembrando que sua convivência fraterna no labor e na fundação do grupo será sentida, “bem como os momentos sagrados à mesa, quando partimos o pão e tomamos juntos o cálice”. Na ocasião da fundação, McAlister foi um dos celebrantes da santa ceia (foto). O pastor Gillis diz que a Aliança Evangélica não deve desconsiderar as dificuldades, riscos e desafios com os quais é natural deparar-se.
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Antes de completar um ano de fundação, a Aliança Cristã Evangélica tem sua primeira baixa, ao perder um membro de seu conselho, o bispo Walter McAlister, juntamente com sua Igreja Nova Vida
GIRO
Desligamento precoce?
notícias
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BRASIL
Parlamentar evangélico mobiliza imprensa contra trabalho escravo dA REdAçãO
O deputado estadual Carlos Bezerra Jr. (PSDB-SP) apresentou, no último dia 18 de agosto, um pedido para abrir a investigação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre casos de trabalho escravo em São Paulo, a partir da denúncia que envolveu a marca de roupas espanhola Zara. De acordo com a denúncia, bolivianos, peruanos, paraguaios e brasileiros trabalham, sob condições de extrema precariedade, em estabelecimentos clandestinos de confecções. Em menos de uma semana, o apoio à ação de Bezerra Jr. ultrapassou o total
DIVULGAÇÃO
GIRO
de 32 assinaturas de deputados, exigidas pelas normas da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). A abertura de inquérito somou mais de 40 parlamentares signatários e foi oficializada. A partir daí, o que se viu foi uma sucessão de reportagens. As principais redes de televisão, jornais, emissoras de rádio e sites do país abriram espaço para noticiar a iniciativa. A cobertura se tornou ainda maior quando, por causa do regimento interno da Alesp, afirmou-se que a CPI não poderia ser instaurada. Mas a reação de Bezerra Jr. foi rápida. “O regimento não pode estar acima da defesa da vida humana. Tem gente morrendo como
escravo. A CPI é urgente”, destacou. A maioria dos parlamentares aderiu à causa. 10 dos 13 líderes partidários da Alesp manifestaram apoio e um projeto de resolução, feito para alterar o regimento da Casa, já foi protocolado. De acordo com o deputado Bezerra Jr., que além de pastor da Comunidade da Graça é vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de São Paulo (Alesp), é importante dar agilidade à abertura da investigação de casos de trabalho escravo em SP. “Não podemos ficar de braços cruzados. Quem se omite tem a mesma culpa que quem explora essas pessoas”, finalizou Bezerra Jr.
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Grupo pró-LGBT faz abaixoassinado contra blogueiro brasileiro e mais nove sites
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D
O grupo ativista allout.org lançou um abaixo-assinado na internet para pressionar o PayPal, serviço internacional para transações monetárias e doações, a cancelar a conta de 10 sites considerados pelo grupo como de extremistas anti-LGBT. Entre eles, está o do polêmico blogueiro Júlio Severo, além de outros, por eles chamados “fundamentalistas”, baseados em sites americanos, romenos, Letônios e argentinos. Não é a primeira vez que o PayPal se vê envolvido em situações como essa. No final de 2010, encerrou unilateralmente a conta usada para doações a favor do WikiLeaks, após pressões dos principais países do mundo.
Silas Malafaia lança portal da verdade Desde o dia 24 de setembro, está no ar o site verdadegospel.com. De acordo com o pastor Silas Malafaia, idealizador do site, o excesso de erros e de mentiras nos sites evangélicos o motivou a lançar o portal. “Senti o desejo de criar um portal comprometido com a verdade e com a ética Cristã”, afirma. No verdadegospel.com, o internauta encontrará fotos, vídeos, redes sociais, eventos, enquetes, reportagens e entrevistas sobre os mais diversos assuntos, inclusive os mais polêmicos, tanto cristãos quanto seculares.
Igreja Mundial quer comprar canal nos EUA Após abocanhar o horário antes ocupado por Silas Malafaia nas madrugadas da Band – oferecendo à emissora paulista mais que o dobro do valor pago por Silas-, a Igreja Mundial do Poder de Deus pretende manter seu crescimento na mídia em progressão geométrica. A Igreja do pastor Valdemiro Santiago está em negociações para a compra de uma emissora 24h de TV a cabo nos Estados Unidos. De acordo com o site f5.com, a oferta gira em torno dos US$ 14 milhões de dólares, o equivalente a 25 milhões de reais. Ainda de acordo com o site, o canal em questão tem sede na Flórida (EUA) e terá como foco o público hispano-brasileiro. No exterior, a Igreja Mundial já tem um canal a cabo em Portugal. No Brasil, a denominação possui horários na RedeTV!, CNT, Band e canal 21 (UFH), além de ter igrejas em 13 países, como Angola, Filipinas e Suíça. Atualmente é a Igreja com mais tempo na TV aberta brasileira.
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140 anos da Igreja Batista no Brasil Mais de 5000 pessoas participaram das comemorações de 140 anos da Igreja Batista no Brasil. As festividades foram realizadas pelas igrejas ligadas à Convenção Batista Brasileira, em Santa Bárbara D’Oeste, cidade onde iniciaram (oficialmente) os trabalhos da igreja, no dia 10 de setembro de 1871. Atualmente, a Convenção Batista Brasileira, mais antigo e maior grupo Batista do Brasil, possui 7.661 igrejas e mais de um milhão de membros.
vapt-vupts ECUMENISMO ENTRE CATóLICOS E LUTERANOS
A Igreja Católica e a Federação Luterana Mundial estão preparando uma declaração em comum para 2017, quando as 95 teses de Lutero – marco inicial do Protestantismocompletam 500 anos. De acordo com o cardeal suíço Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para Promoção da Unidade dos Cristãos, “sem um mútuo reconhecimento de culpa não será possível, em minha opinião, nenhum tipo de sincera comemoração da Reforma”. NãO à GULA
Essa é para os cristãos que esquecem que a gula também é um pecado. De acordo com um estudo realizado pela Universidade da Califórnia, a gordura contida em alimentos gordurosos desencadeia um mecanismo biológico no organismo que causa efeitos similares aos da maconha. O excesso de alimentos ricos em gorduras, como batatas fritas e hambúrgueres, são considerados determinantes para a obesidade, diabetes, câncer e doenças cardiovasculares. SENADOR NO UFC
Uma cena no mínimo inusitada pôde ser vista durante o UFC Rio, realizado no dia 27 de agosto. Em um dos cantos do octógono estava o senador Magno Malta, acompanhado de seu afilhado, Paulo Thiago. Além de treinarem juntos, foi através do senador que o lutador, que também é capitão do BOPE, obteve o patrocínio do Cruzeiro, clube de futebol de Minas Gerais. Notório incentivador do esporte, Malta defende a prática como ferramenta de recuperação de jovens viciados em drogas. O senador dá tanta importância ao tema que vem mantendo conversas com Dana White, presidente da modalidade para realizar o UFC temático no combate às drogas. “No ano que vem, vamos para uma campanha internacional, gigantesca, levando para vários cantos do planeta o esporte como alternativa de vida saudável para quem tem disposição de vencer os próprios limites”, finalizou Magno Malta.
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GIRO
BRASIL
Pastor ganha causa na justiça contra IURD
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A Igreja Universal do Reino de Deus foi condenada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) a indenizar um ex-pastor por acusá-lo, sem provas, de haver roubado o dízimo, informou o portal “The Christian Post”. De 1992 até 2005, o funcionário exerceu funções de técnico de som e depois atuou como pastor. Após ter sido “demitido” pela Igreja por um suposto desvio
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de dinheiro –que nunca foi provado-, o ex-pastor entrou com um processo contra a IURD. Embora a 12ª Vara de Campinas tenha negado a existência de vínculo empregatício, reconheceu ter havido danos morais, e condenou a Igreja a ressarci-lo no valor de R$ 70 mil. A sentença foi confirmada pelo TST, não cabendo mais recurso.
MUNDO
E
m 1999, o filme “Todo Poderoso 2” mexeu com o imaginário de cristãos de todo mundo: e se Deus enviasse uma mensagem pedindo para construir uma arca, semelhante a de Noé, do livro de Gênesis? Pois o holandês Johan Huibers decidiu fazer isso por conta própria, juntando testemunho de fé e, obviamente, algum interesse comercial. A ideia surgiu após uma noite de pesadelos, quando Huibers sonhou que seu país estava submerso. Acordou e decidiu: iria construir a arca nas mesmas proporções da descrita no livro de Gênesis. Em 2004, construiu a primeira réplica que, mesmo tendo metade do tamanho da original, ficou aberta ao público por três anos e rendeu ao empresário mais de 1 milhão de dólares, tendo sido visitada por mais de 600 mil pessoas. Em 2008, o grande e ambicioso projeto: a arca, em tamanho real, começou a ser construída. Com quase 128 metros de comprimento (tamanho de um campo de futebol), conta com dois auditórios para receber 1.500 pessoas, além de três andares, e contém réplicas de animais em tamanho real. Para 2012, Huibers pretende aproveitar a multidão presente em Londres, para os Jogos Olímpicos, e levar a arca para a capital inglesa. Já entrou em contato com o prefeito de Londres, Boris Johnson, solicitando sua permissão. Para o holandês de 60 anos, a questão tem um propósito muito maior do que o financeiro. “A arca serve para dizer às pessoas que a Bíblia existe”, comentou, em entrevista ao jornal The New York Times.
EM ALTA
Jovem adventista deixa reality show para resguardar-se no sábado A jovem Wasthi Lauers de Castro, de 25 anos, deu uma grande demonstração de fé e de fidelidade a seus princípios. Membro da Igreja Adventista do 7º dia, a garota de Uberlândia (MG) foi selecionada para o reality show “A casa de Ana Hickmann”, da Rede Record. Porém, ao deparar-se com provas que incluíam atividades no sábado, pediu para sair do programa. A surpreendente coragem de levantar uma bandeira tão séria e polêmica – ao menos aos olhos seculares- foi recompensada por Ana Hickmann, apresentadora do programa. Durante a exibição do reality show, a jovem mineira continuará fazendo participações, entrevistando os eliminados do programa.
EM BAIXA
Por falta de princípios religiosos, site pede “Arrependa-se depois” Na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, o site ohhtel.com, especializado em relacionamentos extraconjugais, veiculou uma peça publicitária que causou polêmica. “Tenha um caso agora, arrependa-se depois”, sugeriu o outdoor. Não contente com a “sutileza”, ainda fez questão de deixar claro sobre qual arrependimento estava falando. Ao lado da frase, uma imagem do Cristo Redentor. Indignada com a peça publicitária, a arquidiocese do Rio de Janeiro, detentora dos direitos de imagem do monumento, ameaçou processar o site, que retirou a peça de circulação. No Brasil, sites do tipo crescem rapidamente em popularidade. Em apenas três meses em território nacional, estima-se que mais de 300 mil pessoas tenham se cadastrado nos três sites disponíveis do gênero.
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Holandês constrói réplica da Arca de Noé
em baixa em alta
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GIRO
M BR UA NSDI O L
0 curiosidade
Autrália pode retirar termos “A.C” e “D.C” do vocabulário Na Austrália, os termos “A.C” (antes de Cristo) e “D.C” (depois de Cristo) podem desaparecer dos programas educacionais para crianças e adolescentes, desde o maternal até os 12 anos. A medida, sugerida pelas autoridades públicas australianas, pretende a substituição dessas palavras por termos mais “politicamente corretos” e “neutros”. De acordo com a proposta, que pretende reforçar a “laicidade” do Estado, os novos termos usados serão: EV (Era Vulgar), AP (Antes do Presente – usado de acordo com a história antiga e a Arqueologia) e EC (Era Comum). O fato curioso é que, na prática, as referências ao cristianismo permanecerão intactas. A “Era Comum”, por exemplo, começa a partir do nascimento de Jesus.
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Religiosos vetados nos 10 anos do 11/9 Quando as solenidades em memória das mais de três mil vítimas do fatídico dia 11 de setembro de 2001 começarem, nenhum líder religioso estará por perto. A polêmica decisão, tomada pelo prefeito de Nova Iorque, Michel Bloomberg, acontece sob o argumento de que o foco da cerimônia está nos parentes das vítimas, e não nos grupos religiosos. Na prática, porém, o motivo é o receio de provocar uma simplificação do debate, resumindo a questão a uma discussão entre “cristãos x muçulmanos”. A decisão tem causado muita controvérsia entre os americanos. Rudolph Giuliani, prefeito de Nova Iorque na época do
atentado, foi irônico ao comentar a posição de Bloomberg. “O microfone não irá derreter se os religiosos forem convidados a participar”, comentou. Disse ainda:“A religião teve um papel muito importante para as pessoas superarem o 11/9, as pessoas acreditando ou não. Essa é a realidade”. Já o diretor do Centro de Liberdade Religiosa, Ken Klukowski, foi além. Sugeriu uma certa “ingratidão” do prefeito em relação a Deus. “Quando os Estados Unidos e os aliados invadiram a Europa no Dia D, em 1944, o presidente (Franklin) Roosevelt dirigiu uma oração, em rede nacional, durante 10 minutos, pedindo para Deus abençoar as tropas”, lembrou.
0 BíBlia
Polêmica na nova Bíblia NVI Atualmente a tradução bíblica mais popular no mundo, a mais recente versão em inglês da Bíblia NVI (Nova Versão Internacional) está sendo criticada por utilizar uma linguagem neutra em alguma de suas definições. Boa parte das críticas faz referência a palavras referentes ao gênero do sujeito na frase. O Conselho sobre a Masculinidade e a Feminilidade da Bíblia, grupo que auxilia na tradução da Bíblia relatou mais de 2500 termos “problemáticos”, com relação ao gênero. Defensores da NVI afirmam que as imprecisões
são melhores traduzidas da linguagem original ou contexto quando o escritor estivesse, possivelmente, endereçando a homens e mulheres em geral, mas, de acordo com a cultura geral, era sempre referido à forma masculina para ambos.
Após 75 anos, Turquia pode devolver propriedade a cristãos Notoriamente um país difícil de viver o Evangelho, a Turquia começa a dar sinais de abertura para a livre profissão de fé em Jesus Cristo. No fim de agosto, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, acenou com a possibilidade de devolver a cristãos e a judeus propriedades que haviam sido confiscadas 75 anos atrás. A decisão definitiva é vista com
expectativa pelos cristãos, que terão de volta escolas, igrejas, cemitérios, hospitais, casas, orfanatos, prédios e fábricas tomados pelo governo em 1936, que as confiscou e as revendeu, mantendo o lucro integral da negociação. Para os lugares que já não pertencem mais ao governo turco, uma compensação financeira foi prometida.
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0 mundo
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LOUVOR: ONTEM E HOJE
Asaph Borba
Asaph Borba
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Considerado o pai do canto congregacional brasileiro, Asaph é ministro de louvor há 35 anos, tem 70 discos gravados, mais de 2 milhões de cópias vendidas e viaja o Brasil e o mundo pregando o evangelho através do louvor.
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Bons tempos aqueles Hoje, com a glamourização dos ministérios é muito fácil perder o foco
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dia cinco de janeiro de 1975 amanheceu quente e ensolarado. Cedo, os jovens já lotavam o ônibus parado em frente à Igreja Metodista Wesley, em Porto Alegre (RS). Quando todos chegaram, o pastor Mércio Meneguetti orou e leu o texto de Colossenses de 12 a 17, preparando nossos corações ansiosos para a jornada de 35 dias, na qual percorreríamos 12 estados do território nacional. Foram dias inesquecíveis. A cada manhã estávamos em um lugar novo. Com uma agenda intensa, o grupo passou por Igrejas Metodistas de diferentes estados, as quais nos recebiam com muita festa e alegria. Estávamos sempre dispostos: dormíamos em qualquer lugar, comíamos o que nos serviam e acordávamos cantando. E, para surpresa de muitos, não ganhávamos nada pelo serviço. Exploração? Não, nosso foco era o amor, apenas isso. Foi um tempo muito intenso: testemunhávamos o que Deus tinha feito em nossas vidas, cantávamos louvores, tudo acompanhado de muita oração. A simplicidade nos acompanhava sempre, e foi ela a grande riqueza deste momento. É incrível pensar que anos se passaram e ainda colhemos frutos deste período de oferta total a Deus. Muitos de nós manAtualmente, os tivemos a amizade, como o bispo eventos são rápidos, metodista Luíz Virgílio e eu, por duram no máximo um final exemplo. Sem dúvida, nossas vidas foram marcadas por aquede semana e têm de ter algum atrativo. Isso mostra le projeto que, além de louvor e adoração, propunha uma ênfase o quanto a Igreja tornounos relacionamentos. se voltada para si. Parece Olhando para os tempos atuque a palavra e os valores ais, é impossível não comparar e à constatação de que houforam invertidos: receber chegar ve uma grande mudança nos mihoje em dia é muito melhor nistros e nos ministérios. Hoje, dificilmente os jovens teriam a que dar. disposição de dar as suas férias
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e recursos para algo desse tipo. Por certo, se o convite fosse para a Disney ou para um evento do United, a repercussão seria outra. Atualmente, os eventos são rápidos, duram no máximo um final de semana e têm de ter algum atrativo. Isso mostra o quanto a Igreja tornou-se voltada para si. Parece que a palavra e os valores foram invertidos: receber hoje em dia é muito melhor que dar. Em tempo de transformação, ministrar virou leilão: quem oferecer mais, leva. Mais exigente e mais arrogante, a maioria dos ministros só aceita viajar de avião, só ministra se a banda estiver completa, exige hotel, som, carro à disposição: uma verdadeira celebridade. Perdeu-se a referência do que é adoração. Hoje, “adora-se” muito mais ao ministro do que a Deus. Antes, havia um interesse maior em compartilhar as bênçãos de Deus. Lembro-me de uma ocasião em especial que, ao chegar em uma comunidade, fui cercado pelas crianças e, ali mesmo na rua, começamos a cantar e a fazer uma linda celebração; as pessoas passavam e paravam, impactadas com a mensagem dos louvores, a simplicidade do momento e a essência do amor de Deus refletidas ali. Eu convido a todos os ministros e ministérios a refletirem sobre suas práticas. Nós não podemos perder a simplicidade e a essência da adoração. Temos de buscar no Senhor para que nossa motivação esteja a serviço Dele, e não de nós mesmos. Constantemente, ouço a doce voz do Espírito Santo perguntando: “O que te move?” A tentação é grande: é muito fácil perder o foco. O dinheiro, o reconhecimento, a glamourização dos ministros e dos ministérios é intensa, e é fácil desviar-se do verdadeiro propósito. Mas todo aquele que olha para Jesus não será confundido. Que possamos sempre voltar à preciosa simplicidade dos que são de Cristo (2 Cor.11:3).
MUNDO
Aborto pode causar doenças mentais A Bowling Green State University, no Estado de Ohio (EUA), divulgou um estudo no último mês de setembro afirmando que mulheres que abortam têm o dobro de chances de terem problemas mentais. Publicado no British Journal of Psychiatry, a pesquisa foi feita com 877 mil mulheres (das quais, 163.831 mil realizaram aborto). O estudo também
concluiu que um em cada dez casos de mulheres com problemas mentais são consequências do procedimento realizado. A professora Priscila Coleman, autora do estudo, afirma: “Existem, de fato, alguns riscos associados ao aborto que deveriam ser compartilhados com as mulheres antes de elas cometerem essa prática”, afirmou.
MMA: a febre das artes marciais chega às igrejas A luta, que se tornou um fenômeno mundial de audiência, ganha adeptos entre cristãos e se torna parte da programação de Igrejas evangélicas no Brasil
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ARqUIVO PESSOAL
RAFAEl CARdOSO
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IGOR GuEdES E ROdRIGO wOlKER
cenário já é conhecido por alguns: dentro de um ringue ou octógono (como se chama aquele espaço que mais parece uma jaula), dois lutadores se enfrentam em um duelo aparentemente violento e que, à primeira vista, parece não possuir regras. A luta é agressiva, e ao redor deles um público eufórico torce por seus atletas favoritos. A plateia é formada por praticantes de artes marciais, que vestem as camisetas de suas equipes e por centenas de admiradores anônimos. Se acrescentarmos o fato de que o ringue está montado dentro de uma igreja evangélica e que, dentre os espectadores, estão seus fiéis, então se observa que algo, no mínimo curioso, está acontecendo. O evento acima descrito é o Fight Night, que teve sua sexta edição no dia 13 de maio deste ano e é promovido pela Igreja Renascer de Alphaville, em São Paulo. Ali, entre uma luta e outra, o público é presenteado com bebidas energéticas, sorteios de luvas e outros produtos relacionados ao esporte, além de participar de reflexões, orações e ouvir uma mensagem que conecta o ringue com as lutas da vida diária. A iniciativa inovadora da Igreja acabou rendendo uma matéria no canal de TV a cabo Nat Geo. Na ocasião, o apóstolo Estevam Hernandes decla-
ESPORTE rou: “Nós começamos com o rock, depois com a dança, depois com o teatro; agora precisávamos de algo novo. Não é um estímulo à violência, mas uma maneira de nós desenvolvermos o esporte e, por outro lado, trazermos o pessoal que gosta de luta pra dentro da Igreja”. Mas não é só na Renascer que as artes marciais têm feito parte das programações eclesiásticas. A Igreja Sara Nossa Terra, de Brasília, possui desde 2004 uma equipe de Jiu Jitsu que, segundo o bispo Robson Rodovalho, líder da Igreja, “Fala a linguagem dos jovens”. Hoje, o que está em debate é a legalidade cristã do esporte. Afinal de contas, é licito ao povo cristão praticar um esporte tão violento? E mais, ele pode mesmo ser um instrumento efetivo de evangelização? Quando questionado sobre as influências que o MMA poderia ter sobre as pessoas, Rodovalho defende: “As artes marciais ensinam a respeitar o oponente e a não utilizar a força fora das competições. Penso que ela ajuda na disciplina e na canalização das emoções negativas, uma vez que os praticantes descarregam sua energia no tatame”. Mas nem todo mundo pensa assim: para o administrador de empresas Daniel Barros, 30 anos, que é cristão
PANORAMA HISTóRICO DO
MMA
WAnderlei SilvA ,“MAd dog” Tem uma música em sua homenagem, feita pelo rapper cristão Pregador Luo (Wanderlei Silva Theme).
rich FrAnklin O americano é evangélico desde pequeno. É tão popular em Cincinnati que o dia 21 de fevereiro foi oficialmente nomeado “the Rich Franklin Day”, pelo prefeito da cidade.
diego nuneS, “the gun” No início de sua carreira, no interior do Rio Grande do Sul, irmãos da igreja onde freqüentava tentaram convencê-lo a mudar de profissão, mas ele insistiu em levar seu testemunho através do MMA.
vítor BelFort, “the PhenoM” Vitórias dedicadas a Deus e testemunho do Evangelho em suas entrevistas.
A história do MMA vem de muito longe. Por volta de 650 a.C. surgiu o Pankration, uma luta Grega que unia várias modalidades numa só e se tornou o evento mais popular dos Jogos Olímpicos de seu tempo. Com a ascensão do Império Romano, a modalidade acabou desaparecendo. Mais de dois mil anos depois, no Brasil, Carlos Graci, aprendia judô com o imigrante japonês Mitsuyo Maeda. Em 1925 fundou, junto com seus irmãos, entre eles Hélio Gracie, sua academia, marcando o início do Brazilian Jiu-jitsu. A fim de chamar atenção para sua nova arte marcial, eles promoveram os chamados Gracie Challenge, onde provariam que o seu jiu jitsu poderia vencer qualquer oponente de outras modalidades. As lutas ganharam grande popularidade no Brasil e passaram a ser realizadas em estádios de futebol. Mais tarde, em 1993, os Gracie migraram para os EUA, onde deram início ao evento Ultimate Fighting Championship (UFC), vendendo 86 mil cotas de per-pay-view já na primeira edição. Hoje, cada evento do UFC vende em média 1 milhão de assinaturas de PPV, gerando cerca de U$ 40 milhões, além de uma média de 20.000 ingressos para assistir o evento ao vivo, com bilheteria de mais de U$ 4 milhões.
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Alguns lutadores cristãos que se destacam no mundo do MMA
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Entrevista: Vítor Belfort EC: Qual a influência que o Evangelho tem em sua vida como lutador de MMA? Viver o Cristianismo e pregar o Evangelho é minha missão. Ser um lutador de MMA é a estratégia pela qual tenho feito isto. O Senhor Jesus distribuiu dons aos homens e eu fui contemplado com o talento para o esporte. Ser um lutador profissional é a realização de meu sonho de criança e eu acredito que Deus me abençoou com esse dom.
EC: Por ser um esporte agressivo, o MMA encontra resistência de pessoas mais conservadoras, incluindo alguns pastores. Por outro lado, algumas igrejas estão aderindo ao esporte, até mesmo, como ferramenta de evangelização. Na sua opinião, o MMA e seus ensina-mentos podem contribuir com o ser humano, enquanto cidadão de bem, e com o Evangelho? A palavra de Deus em Mateus 11:12, fala: “Desde os tempos de João Batista até agora se faz violência no Reino de Deus, e os violentos se apoderam dele...”. Hoje, se não formos agressivos, inclusive no Evangelho, não conquistamos o que queremos. O MMA ensina muitas coisas, foco, disciplina, superação, estratégias e, sobretudo, respeito. Veja que nas lutas, há o contato físico, mas quando ela termina, existe muito respeito entre os atletas.
EC: Você foi designado embaixador do uFC no Brasil. O que significa isso na prática e o que o evento poderá trazer de benefícios à Nação Brasileira? Sempre tive o sonho particular de realizar algo bom, que beneficiasse às pessoas e ao meu País. Ser embaixador desta competição é um título e uma responsabilidade que me honram muito. Lutarei sempre para transmitir a boa imagem e os benefícios do meu esporte a toda sociedade.
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EC: Você acha que a veiculação em massa de um esporte tão agressivo como o MMA poderia de alguma forma incitar a violência?
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Violência é algo sem regras, que viola leis e desrespeita pessoas! Este, definitivamente, não é o objetivo do MMA. Dar sonhos a crianças, adolescentes e adultos é o real objetivo do meu esporte, inclusive, muitos lutadores já estão sendo beneficiados com grandes oportunidades através do crescimento dele. No entanto, nosso dever, como atletas, é o de nos manter íntegros e passar um exemplo positivo à sociedade.
EC: Faria alguma consideração ou proporia cuidados a estas igrejas que tem promovido o MMA como estratégia de evangelização? Acho que esta é uma estratégia como qualquer outra e, se for aplicada da maneira certa, terá um grande resultado, certamente. Mesmo que algumas igrejas não apoiem o MMA, acredito que a luta do “viver cristão” e o MMA têm muito em comum.
EC: Que igreja você freqüenta? Costumo a ir a Calvary Chapel, em Las Vegas, mas mantenho contato com outros irmãos que têm nos acompanhado nesta caminhada de fé, além do apoio constante de meus pais espirituais, Dan e Marti Duke.
e treina jiu-jitsu desde os 16, “de certa forma o esporte pode incitar a violência, sim. Vai muito da cabeça de quem assiste. Se os garotos de antigamente imitavam o Ronaldo, Pelé, Maradona etc., hoje, eles estão começando a imitar os lutadores e esta influência, sem um treinamento específico, pode ser ruim”. O lutador profissional de MMA, Vítor Belfort afirma: “Não se ‘bate’ em um oponente, pois se trata uma competição”. Ele esclarece: “a luta, para mim, sempre foi um esporte e eu sempre respeitei as regras e meus oponentes”. Belfort é casado com a ex-apresentadora de TV Joana Prado e pai de três filhos; ele e sua família moram em Las Vegas, onde freqüentam a Igreja Calvary Chapel. Seu grande prestígio e carinho por parte do público levaram-no a receber o título de embaixador do UFC no Brasil. Ex-campeão dos meio-pesados, ele é um entre os muitos cristãos confessos que praticam o esporte profissionalmente Box 2. Contudo, apesar de simpático para muitos cristãos, há os que defendam que a união desses dois universos não é possível. O teólogo João Rodrigo Weronka, fundador do NAPEC (Núcleo Apologético de Pesquisa e Ensino Cristão), quando perguntado sobre a modalidade que vem ganhando adeptos entre os cristãos, disparou: “Aquilo é selvageria! Como chamar de esporte um negócio que visa arrebentar o oponente?” Enquanto os temas da legalidade e dos resultados do envolvimento das igrejas com o esporte não alcançam consenso, deve-se aguardar que o tempo e os frutos falem por si. Indiscutível mesmo é o sucesso fenomenal do evento UFC e a influência crescente das Artes Marciais no Brasil, dentro e fora da Igreja.
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A emocionante história do homem que brilhantemente desafiou suas limitações e, com entusiasmo e muita determinação, motiva milhares de pessoas a superar seus próprios limites.
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ENTREVISTA
Espiritualidade no mundo empresarial OZIEl AlVES, ROGÉRIO NASCIMENTO
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AlEx FAjARdO
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Pastor Ed René Kivitz, idealizador do FÓRUM CRISTÃO DE PROFISSIONAIS, um evento que acontece mensalmente na Igreja Batista de Água Branca (SP), fala sobre como ser bem sucedido profissionalmente sem perder a alma
Tudo começou no segundo semestre de 2009, quando Ed René Kivitz – pastor da Igreja Batista de Água Branca (SP) - realizou um Fórum de reflexão bíblica e teológica, intitulado Segunda Opinião, que durou oito encontros e abordou o tema “Espiritualidade no mundo do trabalho”. Na ocasião, o pastor, que é líder da IBAB desde 1989, teve a oportunidade de apresentar suas experiências de consultoria e treinamento para empresas e também de expor suas ideias e reflexões acerca do assunto; muitas delas foram desenvolvidas por conta de sua dissertação de mestrado, defendida na Universidade Metodista de São Paulo sob o título: “Espiritualidade no mundo corporativo”. O evento, como já era de se esperar, foi um sucesso e, ao final destes oito encontros, nasceu em 2010 o Fórum Cristão de Profissionais, cuja missão, resumidamente, se estabeleceu como “um jeito cristão de ser profissional, ser empresa e fazer negócios.” Hoje, o alvo dos encontros – que acontecem mensalmente no templo da Igreja e recebem cerca de 700 pessoas por edição - é atender a demanda do mundo do trabalho, que anseia por uma experiência espiritual. Afinal de contas, é cada vez maior o número de cristãos que deseja desenvolver uma relação mais profunda entre a difícil vivência cristã e suas
carreiras profissionais. Além de membros da Igreja, o público que frequenta o Fórum é formado, em sua maioria, por trabalhadores, executivos, empresários, gerentes e pessoas ligadas ao mundo dos negócios. O Fórum serve de apoio aos cristãos que batalham diariamente no mundo corporativo por ética e decência; trabalha, também, a questão da ganância materialista e a ânsia por consumo, como lembra o texto de um material de divulgação do evento, no qual podia-se ler: “Pessoas valem mais do que coisas; relacionamentos valem mais do que dinheiro; família, saúde e caráter valem mais do que sucesso profissional.” Ed René Kivitz é mestre em Ciências da Religião, teólogo formado pela Faculdade Batista de São Paulo e escritor de diversos livros, entre eles: Vivendo com Propósitos, Outra Espiritualidade e O Livro mais Mal-Humorado da Bíblia, todos pela editora Mundo Cristão. Ao perceber que o mundo do trabalho e dos negócios manifestava uma fome de espiritualidade e que as novas empresas encorajavam a criação de um ambiente de trabalho mais humano e menos competitivo, Kivitz desenvolveu seus estudos acerca deste cenário corporativo e agora, em entrevista exclusiva à Revista Ética Cristã, compartilha um pouco desta experiência
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O Fórum existe para difundir umjeito cristão de ser profissional, ser empresae fazer negócios. Queremos daruma contribuição cristã para as empresase influenciar as práticas de mercadocom os valores cristãos. 21
ENTREVISTA
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Existe uma diferença entre ambição e ganância. Ambição é querer mais, e isso ésaudável. Ganância é querer apenas para si e tentar conquistar esse mais a qualquer preço
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Ed. René Kivitz EC - O que é e como nasceu o Fórum Cristão de Profissionais? A ideia do Fórum surgiu quando percebi que o tema espiritualidade estava presente no mundo do trabalho e na pauta de discussão do mundo corporativo. O despertamento espiritual no ambiente de trabalho ocorreu nos Estados Unidos na década de 1980, algo que o jornal Washington Post nomeou como “a década da alma”. No Brasil, o tema começou a ser notado no final da década de 1990. Companhias como a TacoBell, PizzaHut e Wal-Mart têm em seus quadros de profissionais capelães que ficam à disposição 24 horas para o cuidado religioso de seus funcionários: fazem visitas em hospitais, cerimônias fúnebres e casamentos, prevenção de estresse e síndromes nervosas, além de aconselhamento psicológico e apoio espiritual a pretensos suicidas. As empresas estão abrindo espaço para a vivência religiosa, na suposição de que os cuidados com a alma ajudam na solução de conflitos no dia-a-dia do trabalho. As barreiras entre trabalho e religião estão caindo por terra. Por outro lado, a estrutura e a grade de atividades das igrejas se mantém distante dessa realidade, e a maioria dos líderes religiosos não tem uma teologia do trabalho e uma estratégia para mobilizar esse imenso contingente de cristãos que atua no mercado de trabalho. Prevalece a visão tradicional, onde servir a Deus é sinônimo de trabalhar na Igreja, como se o reino de Deus estivesse restrito ao horizonte das atividades religiosas. O Fórum pretende responder a essas demandas do mundo do trabalho, que anseia por uma experiência espiritual; e dos cristãos, que não consideram a estrutura eclesiástica o ambiente prioritário do serviço a Deus, e que desejam uma melhor relação entre sua vivência cristã e sua carreira profissional. EC - Quais são as áreas de atuação e que atividades o Fórum desenvolve? Por enquanto, o Fórum se articula ao redor de quatro grandes eixos. Primeiro, os encontros mensais, onde colocamos assuntos pertinentes em debate e ouvimos a contribuição de pessoas comprometidas com a espiritualidade integral. Também queremos multiplicar pequenos encontros com conversas informais a respeito de toda essa tematização. Imaginamos cafés da manhã, almoços e happy hours, em que as pessoas estejam juntas para conversar a respeito de coi-
sas que afetem suas vidas em profundidade. O site do Fórum [www.forumcristaoprofissionais. com] disponibiliza todo o material dos encontros mensais (video e texto) para subsidiar esses pequenos grupos de discipulado. Além disso, pretendemos realizar congressos anuais, oferecendo a esse público a oportunidade de ouvir pessoas que estão fazendo diferença no mundo, a maioria delas anônimas. Finalmente, queremos oferecer recursos através de um site que possa vir a ser um local virtual de encontro para os interessados no tema. EC - O senhor tem dito que no mundo corporativo há uma fome de espiritualidade. A questão é: como falar de espiritualidade sem falar de religião? Como isso é possível e qual a diferença? Estamos falando de espiritualidade, não de religião. A espiritualidade é própria da natureza humana e, portanto, é universal. Assim como temos corporeidade e racionalidade, temos espiritualidade. A religião é a maneira como cada pessoa desenvolve sua espiritualidade. Tem a ver com crenças e rituais relativos ao mundo dos espíritos, e em última instância a Deus. Tem relação com as virtudes ou atributos do espírito, comuns à maioria das tradições religiosas. Amor, justiça, solidariedade, paz, compaixão, cooperação, busca do bem comum, todos esses são valores universais. Evidentemente, o Fórum é cristão, ou seja, está baseado no Evangelho de Jesus Cristo. Mas não estamos preocupados em converter pessoas para a nossa crença nem queremos levá-la ao mundo do trabalho. Acredito que a religião divide, a espiritualidade agrega.
O LIVRO MAIS MALHUMORADO DA BÍBLIA EditorA Mundo Cristão 224 páginas • ano: 2009
O lugar de trabalho é, exceto raras exceções, laico, isto é, não está atrelado a qualquer credo religioso, pois cada pessoa tem sua própria fé. Mas o ambiente laboral não é vazio de valores espirituais. O que pretendemos é afirmar a importância desses valores e não de uma religião específica. Temos consciência, entretanto, que o posicionamento dos cristãos no local onde trabalham desperta o interesse das pessoas para o Evangelho e suscita nelas o desejo de conhecer mais de Jesus e da espiritualidade cristã. EC - Porque a espiritualidade é tão importante no mundo corporativo? Qual é a relação entre espiritualidade e trabalho? Existe mesmo a espiritualidade corporativa? A espiritualidade é uma dimensão humana, e nesse caso não existe uma “espiritualidade corporativa”. Pessoas jurídicas não têm espiritualidade. As empresas têm uma espécie de alma, que podemos chamar de “cultura corporativa”, mas a espiritualidade, definida como virtudes do espírito: amor, compaixão e justiça, por exemplo, não são características das empresas, mas das pessoas. Há um consenso entre os estudiosos quanto ao fato de que, a
menos que as organizações aprendam a envolver a pessoa integral e a imensa energia espiritual que existe dentro de cada uma, não conseguirão oferecer produtos e serviços em qualidade competitiva em escala mundial. Muitas corporações encorajam essa nova tendência, pois crêem que um ambiente de trabalho humanizado, e poderíamos dizer, espiritualizado, cria uma situação ganha-ganha para empregados, para a empresa e para o mercado em geral. EC - Como conciliar as necessidades humanas das pessoas que fazem parte de uma empresa e as da empresa em si? Este é o grande desafio das empresas na atualidade. As empresas vêm sofrendo grandes transformações nos últimos tempos. A começar pelas leis que favorecem um ambiente e relações de trabalho mais próximas e favoráveis da dignidade humana. As pessoas já não se submetem facilmente a qualquer organização e estrutura de trabalho simplesmente em troca de um salário no final do mês. Hoje em dia, fala-e muito em busca de sentido e significado no trabalho, como fonte de realização pessoal e contribuição social. Acredito que somente empresas que sejam dedicadas ao
OUTRA ESPIRITUALIDADE EditorA VidA noVA 246 páginas • ano: 2006 A mesmice e a acomodação ao pensamento comum, via de regra dominam a literatura evangélica, caracterizada por chavões e apelos triunfalistas. Não é o que encontramos em Outra Espiritualide. Sem querer provocar uma ruptura radical com a Teologia Cristã Ortodoxa, o autor revela, isto sim, uma inquietante reflexão a falta de imaginação e sentido transformador da igreja atual. Este livro é um chamado à graça que se revela na pessoa de Cristo. Não o mago à disposição dos ambiciosos, mas o Filho do Deus vivo, o Pão da Vida de quem a igreja dever ser sinal histórico e, como Ele, agente de transformação.
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Ed René Kivitz palestrando no Fórum Cristão de Profissionais que acontece, mensalmente, no templo da Igreja Batista de Água Branca (SP).
Ler o livro de Eclesiastes não é uma tarefa fácil. Fica pior ainda quando recorremos a um comentário que, em vez de esclarecer, obscurece. Neste livro de Ed Rene Kivitz isto não acontece. O autor faz com que o famoso texto bíblico se torne uma mensagem particular, como se fosse uma lição de casa. Com grande sabedoria, sagacidade e incrível compreensão, tanto da teologia quanto da psicologia humana é uma obra-prima, esclarecedora e de leitura fácil, bem ao nosso alcance.
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MATéRIA ENTREVISTA
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Precisamos acabar com essa falsa ideia de que o sucesso e a prosperidade não são compatíveis com espiritualidade, ética e sustentabilidade. Precisamos desmentir o pressuposto de que para ser justo é preciso ser franciscano e deixar de ser competitivo.
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Ed. René Kivitz diálogo e que desenvolvam modelos de gestão participativa e programas de participação nos resultados conseguirão superar o patamar da mera sobrevivência e alcançarão sucesso. Para isso, precisam desenvolver as habilidades relacionais entre seus colaboradores. A sinergia entre todos os profissionais é essencial para o sucesso coletivo. Os aspectos espirituais podem facilitar muito esta qualificação da rede de relacionamentos das empresas, tanto internamente, com os colaboradores, quanto externamente, com os terceiros, fornecedores e com o mercado em geral. EC - O trabalho, culturalmente, em consequência da intepretação da teologia tradicional, é visto como um sofrimento, um labor, uma consequência do pecado. O senhor concorda com esta visão? Essa visão do trabalho como mal necessário e maldição pelo pecado desconsidera o fato de que, mesmo antes do pecado, Adão e Eva já trabalhavam. Eles receberam a responsabilidade de povoar a terra e cuidar dela, exercendo domínio sobre todos os seres e forças do mundo natural. Adão e Eva trabalhavam no jardim. A maldição decorrente do pecado não é o trabalho em si, mas o ambiente onde ele se desenvolve: agora, não mais o jardim, mas a terra amaldiçoada, árida e seca, que produz espinhos e ervas daninhas. Fazendo um paralelo, podemos dizer que o trabalho é penoso porque estamos funcionando fora dos parâmetros do reino de Deus, isto é, vivemos a competição em vez da cooperação, a injustiça em vez da solidariedade, a escravidão em vez da possibilidade de o trabalhador desfrutar do resultado do seu trabalho, o acúmulo em vez da riqueza coletiva em benefício de todos. O trabalho é sagrado. Meu Pai trabalha até hoje, e eu trabalho também, disse Jesus. EC – O cristão evangélico tem a fama, correta ou não, de criar problemas nas estruturas humanas corporativas. Em sua opinião, porque isso acontece, e qual a contribuição do Fórum neste sentido? A tendência do cristão evangélico é pensar no ambiente de trabalho apenas e tão-somente como “campo missionário”, acreditando que sua responsabilidade se resume a evangelizar pessoas e levá-las para a Igreja. Essa é a visão proselitista da espiritualidade no mundo do trabalho. Além disso, existe também a crença de que o mundo está dividido entre o sagrado e profano, sendo que o trabalho no chamado mundo secular
é profano e os ministérios religiosos e atividades da igreja são sagrados. Precisamos superar esses conceitos errados. Devemos considerar que podemos e devemos fazer de nossas atividades profissionais uma diaconia, um serviço a Deus e ao próximo. Paulo, apóstolo, nos ensinou que devemos trabalhar como quem serve a Cristo, e não apenas aos patrões humanos. EC - Todos querem “crescer na empresa”, correto? Quando a ambição se torna um mal para a pessoa e para os colegas de trabalho? Existe uma diferença entre ambição e ganância. Ambição é querer mais, e isso é saudável. Ganância é querer apenas para si e tentar conquistar esse mais a qualquer preço. O crescimento na vida profissional deve ser um desejo e um compromisso de todo cristão. Mas deve ser desenvolvido à luz dos valores éticos do reino de Deus, respeitadas as prioridades ensinadas pelo Evangelho. EC - Quais a melhores qualificações e que tipo de pessoas as empresas procuram hoje em dia? Cada empresa tem sua própria lista de qualificações, competências e habilidades desejadas ou consideradas imprescindíveis. Mas acredito que duas coisas são importantes para os profissionais hoje em dia: a integridade e as habilidades relacionais. A sociedade brasileira, apesar de todas as dificuldades de um sistema corrompido, clama por novos padrões de
EC - Há lugar para pessoas mais velhas no mercado de trabalho? Como se manter atualizado e preparado à medida que o tempo vai passando? É verdade que as funções de liderança estão sendo ocupadas por profissionais cada vez mais jovens. Provavelmente em razão de melhor adequação e adaptação às novas tecnologias de informação e plataformas de gestão. Por outro lado, somente o tempo traz a experiência e o repertório de soluções necessários para atravessar períodos críticos. Os mais velhos devem buscar a constante atualização de suas competências e habilidades, caso contrário serão mesmo atropelados. Aquele ditado que diz que “não se ensina truque novo para cachorro velho” não se aplica a nós, seres humanos. EC – uma linha de interpretação cristã diz que o mundo secular, e isto inclui o mundo corporativo, é mau em
EC - Quem é deus e quem é diabo no mundo corporativo? Talvez a melhor maneira de lidar com essa questão seja substituir o “quem é?” por “de que lado está?”. Assim fica mais fácil responder, pois na Bíblia Sagrada Deus está sempre do lado dos pobres, das viúvas e dos estrangeiros, isto é, dos desfavorecidos e vulneráveis, dos que não têm vez nem voz, dos mais fracos e geralmente abusados pelos poderosos. Assim deve-se conduzir o cristão, buscando sempre se aliar às causas da justiça, da misericórdia e do serviço ao próximo, especialmente os mais fracos. EC – Como uma empresa pode humanizar seus objetivos e quando uma corporação é humana? Acredito que, antes de tentarmos tornar as empresas mais humanas, precisamos corrigir um mal-entendido. Nossa cultura sugere que as pessoas bem-sucedidas e que enriqueceram certamente venderam a alma para o Diabo. Ricos e bem-sucedidos são inimigos do povo, vistos e tratados como bandidos, e não servem de exemplo de integridade – bem, isso, em muitos ca-
sos, é verdade. Mas precisamos acabar com essa falsa ideia de que o sucesso e a prosperidade não são compatíveis com espiritualidade, ética e sustentabilidade. Precisamos desmentir o pressuposto de que para ser justo é preciso ser franciscano e deixar de ser competitivo. Crenças como “leve a espiritualidade para o seu trabalho e ganhe menos dinheiro” devem ser superadas. O Fórum Cristão de Profissionais pretende afirmar a espiritualidade como caminho para um mundo sustentável. EC – Muitas vezes, o cristão é conduzido e induzido a não “entrar no céu com mãos vazias”, Por esse motivo, ele se sente na obrigação de evangelizar seus colegas de trabalho. Infelizmente, isso nem sempre é feito do jeito certo. Como ser missional e um bom profissional ou como um bom profissional pode ser missional? O Fórum não é proselitista. Isto é, não temos como finalidade principal converter pessoas à religião cristã. O que desejamos é difundir no mundo do trabalho os valores da espiritualidade cristã que, como já disse, são também comuns à maioria das tradições religiosas. Acreditamos que pessoas melhores são profissionais melhores, e que um ambiente de trabalho “espiritualizado” é mais criativo, produtivo e sustentável. O Fórum existe para difundir um jeito cristão de ser profissional, ser empresa e fazer negócios. Queremos dar uma contribuição cristã para as empresas e influenciar as práticas de mercado com os valores cristãos. Queremos acabar com a noção de que a experiência espiritual é uma questão de foro íntimo, privativa, e que não transborda para a vida real. Queremos dizer que trabalho, carreira, dinheiro, business, mercado, produção e consumo, criação de riquezas e distribuição de renda, políticas públicas e sistemas econômicos são assuntos altamente espirituais, e que não apenas os profissionais individualmente, mas as empresas também devem dar atenção a esse fato. Acreditamos também que a melhor
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ética nas empresas, no mercado e nas relações de negócios. Os profissinais cristãos devem empunhar essa bandeira ética. Também, sabemos que os tempos exigem transversalidade e interdisciplinaridade de saberes, cooperação, sinergia, para podermos obter ambientes de trabalho pacificados e respeitosos. Os profissionais que, além de suas competências técnicas, souberem lidar com gente, certamente serão cada vez mais valorizados.
si mesmo e está satanizado. Por isso, o cristão vive uma guerra espiritual. Isso é real? A Bíblia ensina que “o mundo jaz no maligno”, e que o Diabo é “o deus deste século”. Mas também ensina que os cristãos estão no mundo, mas não são do mundo. Jesus pediu a Deus que nos guardasse do mal, sem que fosse necessário sairmos do mundo. Até porque, assim como o Pai enviou Jesus ao mundo, também Jesus nos enviou ao mundo. O apóstolo Paulo nos advertiu que não deveríamos nos deixar moldar pelo mundo, mas buscar viver segundo a vontade de Deus, que é boa, perfeita e agradável. Em outras palavras, vivemos como ovelhas no meio de lobos, mas maior é Aquele que está em nós do que aquele que está no mundo. O Fórum Cristão de Profissionais deseja ser um aliado de todos os que estão conscientes e desejam ser vitoriosos nessa batalha.
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ENTREVISTA maneira de ser missional no ambiente de trabalho é justamente ser um bom profissional. Francisco de Assis recomendou: “Prega o Evangelho o tempo todo, e se necessário use as palavras”. Podemos alterar um pouquinho a última parte, crendo que quem prega o Evangelho o tempo todo, com sua vida e suas ações, sempre será perguntado a respeito da razão de sua esperança, como nos ensinou o apóstolo Pedro. Devemos viver de modo digno do Evangelho, servindo as pessoas, e respondendo com sabedoria a quem quiser saber mais a respeito do Cristo vivo, a quem servimos e amamos.
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EC - Por falar em ética, sabemos dos conflitos morais e comportamentais. O que se espera de um cristão no seu trabalho e nos negócios? Como ensinou Jesus, o que se espera de um cristão enviado como ovelha no meio de lobos é que seja simples como a pomba e prudente como a serpente. Talvez seja isso o que Salomão quis dizer quando afirmou que não devemos ser demasiadamente justos, sob pena de destruirmos a nós mesmos e morrermos antes do tempo. A verdadeira questão ética é aquela que nos coloca diante de duas possibilidades erradas ou inconvenientes. Diante do certo e do errado, não precisamos de uma decisão ética, precisamos de coragem.
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EC – No sua obra O livro mais Mal-Humorado da Bíblia, há a história de um homem de negócios e um engraxate. O homem rico diz que o dinheiro não traz felicidade, o engraxate responde que gostaria de descobrir isso por experiência própria. Qual a relação entre sucesso profissional, dinheiro, bens e felicidade? A felicidade é uma questão que independe do sucesso da forma como ele é compreendido pela nossa sociedade. Jesus disse que a vida de um homem não depende da riqueza que possui, e que de nada adianta ganhar o mundo inteiro e perder a alma, de onde deduzimos que existe grande diferença en-
tre ser um profissional bem-sucedido e um ser humano bem-sucedido. EC – No livro citado, o senhor fala sobre pobreza e riqueza (p.79). Na teologia tradicional, a riqueza é vista como pecado, mas a Igreja sempre “explorou” a riqueza do rico. Qual é a visão bíblica da riqueza? Quem é o rico pobre e quem é o pobre rico? Jesus ensina que o dinheiro tem o potencial de se tornar um deus rival, e adverte que ninguém pode servir a dois senhores, isto é, não é possível servir a Deus e Mamon ao mesmo tempo. Mamon é dinheiro elevado à categoria de Deus. Toda vez que ocupa o lugar de Deus, o dinheiro se transforma num demônio. O verdadeiro rico é aquele que sabe que tudo quanto possui pertence a Deus, foi presente de Deus, e portanto deve ser administrado segundo os interesses de Deus. Não importa se é muito ou pouco. O que importa é que deve ser recebido com ações de graças e usado para as boas obras, isto é, abençoar o maior número possível de pessoas, em nome de Jesus e para a glória de Deus. EC – O livro também faz uma releitura do que seja a felicidade e o sucesso. Cristãos das mais variadas igrejas estão em busca de sucesso e prosperidade. O que é um cristão bem-sucedido? Um cristão bem-sucedido é aquele em quem se manifestam as virtudes do caráter de Jesus Cristo, que a Bíblia chama de fruto do Espírito Santo, especialmente o amor. Também aquele consciente de sua vocação no reino de Deus, que cumpre sua carreira e o ministério que recebeu do Senhor Jesus. Finalmente, aquele que combate o bom combate do reino de Deus sem desistir e sem perder a fé. EC - No capitulo do livro que fala sobre a luta pela sobrevivência, o senhor escreve sobre diversos jeitos de ficar doente. Quando uma empresa está doente e quais são estas doenças, e quais são as doenças mais
comuns encontradas nas pessoas destas empresas? São muitas, infelizmente, as doenças das empresas e dos profissionais contemporâneos. Destaco apenas algumas. Para as empresas, a ação produtiva predatória, desatenta às questões da sustentabilidade, isto é, desenvolvimento econômico, social e ambiental. Apesar dos avanços significativos no surgimento de uma nova consciência, ainda vivemos uma realidade em o lucro é praticamente a única coisa que importa. Para os trabalhadores, as doenças próprias de todo processo de trabalho, como o estresse, a sobrecarga de trabalho e as pressões decorrentes de um mercado competitivo, além das dificuldades da conjuntura econômica de um país que ainda vive dimensões profundas de injustiça social. Mas acredito que uma grave doença dos trabalhadores é a sensação de que são escravos de um emprego, um patrão, uma empresa, e que jamais poderão se reinventar ou dar uma guinada radical em suas carreiras. A luta pela sobrevivência pode sufocar a criatividade, minar as forças e matar os sonhos, mantendo as pessoas em uma condição profissional insatisfatória, aprisionadas a uma vida que não escolheram e para a qual não enxergam saída. Sonhar é preciso. Sonhar é o primeiro passo. EC - uma palavra sua aos empresários e trabalhadores em geral. O Fórum Cristão de Profissionais existe para promover o jeito cristão de ser profissional, ser empresa e fazer negócios. Convido a todos para que visitem o www.forumcristaoprofissionais.com e participem desse esforço comum entre os que desejam aproximar sua experiência espiritual de sua carreira profissional, seu serviço a Deus e seu compromisso como reino de Deus de sua atividade cotidiana no mundo do trabalho. Que o Espírito Santo sobre todos nós derrame uma unção própria para esse esforço de servir a Cristo, servindo pessoas, para a glória de Deus.
MISSõES
Evangelismo universitário Estudantes se mobilizam para anunciar o evangelho dentro de universidades brasileiras
FABIANA COuTINHO
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cada ano que passa, há um aumento gradativo de universidades e de alunos no Brasil. Segundo o INEP (Instituto Nacional de Estudo e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), no Resumo Técnico do Censo da Educação Superior de 2009, o Brasil possuia mais de 2.300 Instituições de Ensino Superior (IEP) e quase seis milhões de matriculados nos cerca de 28 mil cursos de graduação presenciais ou a distância. Pois foi pensando neste público que, há mais de cinco décadas, alguns grupos de jovens cristãos começaram a se reunir em algumas universidades brasileiras para compartilhar a fé cristã e pregar o evangelho de Jesus Cristo. Hoje, grupos como Dunamis, ABUB (Aliança Bíblica Universitária) e Alfa e Ômega contribuem de maneira expressiva para a expansão da palavra nos campi, atuando em mais de 300 universidades, em 100 cidades brasileiras. Palestras, conferências, congressos, grupos de oração, evangelismos e discipulados são alguns dos instrumentos utilizados pelos jovens de várias denominações evangélicas integrantes desses movimentos que, por partilharem de conhecimentos similares e mesma linguagem acadêmica, conseguem atrair a atenção e simpatia dos universitários. O estudante Ricardo Régener, de 22 anos, que está cursando o oitavo período de Jornalismo na USP, considera a faculdade um campo fértil e importan-
te de ser trabalhado, já que ali estão os futuros políticos, engenheiros e presidentes da república. “Infelizmente, muitos estão nas garras do secularismo, do ateísmo, e é importante que tenhamos cristãos universitários, letrados, estudiosos e bem preparados pra alcançar essa gente”, comenta Ricardo, ex- participante da ABUB. O trabalho é realizado por voluntários treinados, que dispõem de hotário parcial ou integral. A estudante Caroline Botelho, de 22 anos, por exemplo, vai dedicar um ano de sua vida ao movimento Alfa e Ômega. Ela faz Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e decidiu reservar o ano de 2012 para a obra evangelística. “Eu concluo meu curso neste ano e dedicarei o próximo ao trabalho missionário universitário em tempo integral”, afirma Caroline. Apesar de estarem trabalhando para o Reino de Deus, esses movimentos já sofreram preconceito por parte de algumas igrejas. Segundo Téo Hayashi, líder do Dunamis - termo em grego que significa “poder” e que deu origem às palavras “dinamite” e “dinâmico” -, as igrejas tinham com certo preconceito no início, mas hoje dão apoio. “Há muitos pastores que enviam seus jovens a nossos eventos e eles testemunham que voltam mais avivados, querendo conquistar as pessoas de suas esferas de influência para Jesus”, afirmou Hayashi, formado em psicologia pela Liberty University (EUA). A secretária de comunicação da ABUB, Giovanna Amaral, por sua vez, declarou: “Primei-
ramente, nós nos vemos como parte da Igreja. Todos os estudantes e obreiros devem fazer parte de uma igreja evangélica local”. O peruano Carlos E. A. Torres, de 27 anos, mestrando em Ciência da Computação, voltou para Cristo através de um grupo de evangélicos que se reunia na USP onde ele estudava. “Existem muitas pessoas na universidade que estão sem rumo. Ficam sobrevivendo e apenas disfarçam a tristeza com entretenimento. Os movimentos cristãos oferecem a esses jovens a oportunidade de se encontrarem com Deus”, analisa Torres. A experiência de conversão de Emiliano Monteiro, de 27 anos, doutorando em Biologia Celular, também foi por meio de um movimento estudantil cristão. Embora já tivesse tido contato com o evangelho através da sua namorada, foi após uma reunião com o grupo de evangélicos que atuava na USP em 2007 que ele se converteu a Jesus de fato. “Depois de convertido, comecei a frequentar encontros e reuniões sempre que podia (meu horário já estava apertado naquela época). Conheci gente muito bacana e algumas amizades preciosas que cultivo até hoje”, finaliza o biólogo. Levando em consideração que o número de evangélicos no Brasil pode passar de 57 milhões em 2011 (segundo dados da SEPAL), a quantidade de estudantes crentes tende a aumentar, o que irá ampliar o alcance desses movimentos.
FOtO: DIVULGAÇÃO
ABuB (AlIANçA BíBlICA
uNIVERSITáRIA dO BRASIl) Criada na década de 50 pela Comunidade Internacional e Estudantes Evangélicos (conhecida como CIEE no Brasil e IFES nos países de língua inglesa), a ABUB foi motivada pelo crescimento estudantil evangélico na América Latina. Atualmente, o movimento existe em mais de 150 países. No Brasil, atua nas seguintes frentes: FOtO: DIVULGAÇÃO
• ABU (Aliança Bíblica Universitária) nas universidades; • ABS (Aliança Bíblica Secundarista) - nas escolas com alunos do ensino médio; • ABP (Aliança Bíblica de Profissionais) no apoio aos estudantes e profissionais;
O Alfa e Ômega é um ministério da Cruzada Estudantil e Profissional para Cristo (CEPC). Teve seu início em 1987 na USP (SP). No Brasil, está presente em 55 campi. Realiza também projetos missionários em outros países, como Angola. No Nordeste, possui parceria com ministério ELO, grupo que atua
auxiliando estudantes em regiões onde não existem missionários. O ministério conta com aproximadamente 28 missionários em todo po país, além dos voluntários. Eles evangelizam a partir da distribuição do folheto “As Quatro Leis Espirituais”, que já teve cerca de 2,5 milhões de exemplares impressos. FOtO: DIVULGAÇÃO
AlFA E ÔMEGA
duNAMIS
Atuante na cidade de São Paulo, o movimento surgiu há três anos a partir da insatisfação do missionário Téofilo Hayashi ao ver amigos que se afastavam de Cristo quando entravam na universidade. Hoje o grupo se reúne nas salas de aulas desocupadas das faculdades, realizam conferências dentro e fora do Estado e fazem cultos dentro em um anfiteatro na zona sul de São Paulo. Em abril de 2011, contou com a presença de 1.200 jovens em seu culto; prevê cerca de 2000 pessoas para a conferência de novembro deste ano. O Dunamis fez eventos no Japão e no Uruguai.
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• Diaconia - na formação de políticas públicas dos jovens.
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ACONSELHAMENTO PASTORAL
gerson garros
Gerson Garros
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é pastor, formado em Jornalismo pela PUC-RS, em Teologia pelo Seminário Batista do RS e Mestre em Divindade pelo Seminário de Sioux Falls, South Dakota, (EUA). Atualmente mora no estado de Wisconsin (EUA), onde trabalha como Capelão Hospitalar, cursa Clinica Pastoral e conclui o Doutorado em Ministério.
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“
É comum, para quem sofre, esconder seus sentimentos por trás de um vocabulário espiritual, muitas vezes no intuito de agradar seu interlocutor” outros para serem curados.
”
O que fazer quando não há mais nada para fazer? Aconselhando os que estão na fase terminal desta vida e seus familiares
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ós, cristãos, costumamos levar esperança a quem está enfermo ou em crise. Quando a esperança parece ter ido embora, é comum partirmos para os clichês, oferecermos frases que não ajudam a lidar com a morte ou termos como único foco a busca de um milagre. Como capelão, acompanhei um paciente com falência no fígado desde sua chegada ao hospital. O diagnóstico mostrou a necessidade de um transplante. Nossas conversas, à época, seguidamente terminavam em palavras de encorajamento e orações para que um novo órgão logo fosse disponibilizado. Com a demora da chegada de um novo figado e com a ocorrência de outras situações adversas, sua condição passou de estável a muito grave. O cirurgião me confidenciou que mesmo um transplante, a essa altura, já não salvaria o paciente. Foi então que percebi que o foco do meu aconselhamento precisaria mudar: da esperança para a aceitação da realidade da morte iminente. Afinal, como ajudar alguém quando a morte estiver se aproximando? A primeira ajuda que podemos oferecer na fase terminal é o ouvir empático. É permitir que o enfermo encontre no outro uma pessoa disposta a ouvir a manifestação de suas emoções, mesmo as mais fortes, sem medo de ser julgado. É comum, para quem sofre, esconder seus sentimentos por trás de um vocabulário espiritual, muitas vezes no intuito de agradar seu interlocutor. Não podemos incentivar isso. Precisamos oferecer nossa presença não ansiosa, temos de conter nosso impulso de reagir com pregações assim que as dúvidas ou a dores do outro parecerem difíceis de aguentar. Às vezes, basta oferecer nosso silêncio, escutar as palavras faladas ou pensadas do outro, concordemos com elas ou não.
Profissionais de cuidado paliativo (terminal) ensinam que pacientes partem em paz quando conseguem: 1) Despedirem-se de quem foi importante em suas vidas; 2) Saber que são amados e expressar seu amor; 3) Sentirem-se perdoados. Nós podemos auxiliar o enfermo e seus familiares e facilitar a conclusão desses passos. No momento de oferecer uma oração, ao invés de orar por aquilo que acredito ser o melhor para a pessoa, costumo perguntar: “Que tipo de oração devo fazer por você?” Muitas vezes, quando já estava ensaiando uma súplica pela cura ou por milagre, fui surpreendido ao ouvir: “Que Deus me venha buscar, pois estou pronto para ir.” Então percebia que Deus já estava trabalhando no coração do outro e que o ansioso era eu. Temos a tendência de evitarmos as perguntas que realmente precisam ser feitas na hora da morte e de focarmos apenas a esperança de continuar vivendo. Perguntei a meu paciente: “Como você encara a possibilidade de que seu novo fígado não chegue a tempo?” Essa questão abriu a porta para que, pela primeira vez, ele expressasse o que no fundo sentia, seus temores e desejos mais íntimos; além disso, pude, a partir dessa conversa, introduzir o tema da vida eterna. Uma boa pergunta a ser feita, tanto aos doentes quanto aos familiares, é: “Como você se sente com a provável proximidade de sua morte?” Encarar nossa própria mortalidade é um bom começo para poder ajudar os que estão no fim da jornada terrena. Você vai se surpreender e será muito mais ajudado se não fugir do tema da morte e das visitas aos seus amigos na fase terminal. O mais fortalecido será você mesmo.
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CAPA O Brasil já tem mais de 40 milhões de evangélicos e este crescimento merece comemoração. No entanto, a porta dos fundos está aberta. Deste total, pelo menos 5 milhões de pessoas não querem mais ir à Igreja. Por que isso está acontecendo e que medidas os grandes ministérios tem adotado para trazer de volta aqueles que estão abandonando a comunhão? RICARdO RÉGENER
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IGOR GuEdES
comunidade evangélica tem motivos para comemorar: nosso crescimento pode ser notado em todos os lugares do país. Estamos nas ruas, nas grandes marchas pra Jesus, nos templos das principais avenidas, nas ruelas dos morros e em casas modestas. Causas evangélicas, como o repúdio ao aborto, tiveram poder decisivo nas eleições de 2010. Até as Organizações Globo se renderam: no mês de dezembro, a emissora transmitirá em horário nobre uma grande premiação de música evangélica. O IBGE constatou que, em 2009, éramos 20,2% da população, algo em torno de 40 milhões de pessoas. Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgado recentemente, o ritmo de crescimento dos evangélicos desde 1980 tem sido 10 vezes maior do que nos 108 anos anteriores. É como se toda a população de São Luiz do Maranhão ou de Campinas (São Paulo) tivesse se convertido anualmente nos últimos 30 anos. As curvas de crescimento enchem nossos olhos, mas um detalhe da pesquisa da FGV assustou a comunidade evangélica: entre 2000 e 2009, mais de quatro milhões de pessoas abandonaram uma igreja local. São pessoas que continuam se identificando como evangélicas, mas preferem não assumir compromissos com nenhuma congregação. Há dez anos, essas pessoas representavam 4% do total de evangélicos. Hoje, eles representam 14% do total. Se fossem uma igreja, seriam a terceira maior do país, atrás da Católica Romana e da Assembleia de Deus. Mantida a taxa de crescimento, esse perfil de crente pode se tornar metade da população evangélica em 10 anos. O dado é tão alarmante que virou manchete do jornal Folha de São Paulo. Os números não contabilizam os chamados “desviados”, que abandonam a Igreja Evangélica para aderirem a outros credos, ou simplesmente permanecem sem religião. No entanto, se contarmos as pessoas que conhecemos nessa situação concluiremos que, se nada for feito, o crescimento magnífico dos evangélicos pode estar próximo de um grande revés. O que, afinal, têm levado as pessoas a se desvincularem de instituições evangélicas ou a abandonarem a fé? É inevitável, ou há erros que precisamos corrigir?
RICARDO RéGENER
OS jOVENS SãO OS QuE
tãos; e os exilados, que ainda procuram manter a sua fé mas se vêem perdidos entre a cultura do mundo e a Igreja. Kinnaman concluiu que a maioria dos jovens adultos desviados não estão se afastando da fé, mas colocando seu envolvimento com a congregação numa espécie de banho-maria. “A maior parte dos Mosaics está lutando mais com a sua experiência de Igreja e menos com a sua fé em Cristo”, pontua o autor, que fez uma lista de observações dos Mosaics: eles acreditam que a instituição mata sua criatividade, sufoca sua sexualidade, não lhes dá senso de vocação e não lhes deixa a vontade para expressar dúvidas. César Laiter tem 21 anos, uma tatuagem no pulso, um penteado que sempre muda, gosto por boa música (não apenas gospel) e por composição musical. Ele gosta de debater temas polêmicos e de encontrar respostas inusitadas. Laiter viveu a infância e adolescência em uma família presbiteriana. Aos 18 anos, foi cursar um seminário para ministros de louvor. Foi lá que descobriu que não se adapta aos padrões: “Eu estava feliz, havia sido aprovado no teste para participar de uma das bandas do seminário, era o meu sonho. Poucas horas depois, o meu nome foi vetado pela liderança, eles disseram que não era o tempo de Deus”. O jovem seminarista chorou: “Orei pedindo a Deus paciência pra aguardar a hora certa, com o tempo descobri que não era nada daquilo: eu havia sido preterido por ter tatuagem, por falar uma linguagem diferente, e eles não querem isso, eles querem uma cara comportada pra aparecer em capa de CD gospel”. Laiter aban-
u Igreja Capital Augusta, do pastor Junior Souza: “priorizamos a criação de um vínculo de amizade com as pessoas, independente delas serem crentes, não crentes ou desviadas”.
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MAIS ABANdONAM A IGREjA Silas Fiorotti vive em São Paulo, tem 30 anos, cursa mestrado em Ciências da Religião e é filho de pastor batista. Apesar de sempre ter se declarado cristão, foi aos 18 anos que se decidiu por Jesus através da leitura do livro A Compaixão de Jesus, de John Stott. Nos 12 anos seguintes, Silas passou por três igrejas, mas não permaneceu em nenhuma: “Sempre gostei de ir aos cultos e de me encontrar com gente, abraçar o povão... esse é o grande barato, vivi bons momentos nos lugares onde eu estive”, relembra. O jovem considera, no entanto, que as igrejas incorrem em um erro grave: “As lideranças insistem em dizer que todos têm que pensar do mesmo jeito. Isso não é verdade! Podemos ter comunhão mesmo não concordando em tudo, mas não há espaço para questionamentos”, desabafa. Há pouco mais de seis meses, Silas não vai à Igreja. “Não recomendo que ninguém saia de sua igreja como eu fiz. Estou fora por enquanto, sei que ainda vou encontrar o meu lugar dentro de uma congregação”, declara esperançoso. A história de Silas não é um caso isolado. A Fundação Getúlio Vargas demonstrou que é na faixa etária entre 20 e 29 anos que é encontrada a segunda menor taxa de adesão aos movimentos evangélicos pentecostais e tradicionais (veja infográfico). O percentual só é menor no grupo de pessoas com mais de 60 anos, frutos de um contexto onde o catolicismo romano era um imperativo. O escritor norte-americano David Kinnaman estuda há anos os comportamentos da nova geração em relação ao cristianismo. Ele acaba de lançar nos Estados Unidos a obra Você me perdeu (tradução livre, ainda não lançada no Brasil), fruto de uma grande pesquisa nos Estados Unidos para entender a evasão eclesiástica entre pessoas que têm entre 18 e 30 anos, denominados por Kinnaman como “Geração Mosaic”. David concluiu que existem três tipos de Mosaics fora da igreja: os nômades, que deixaram de se engajar em uma comunidade, mas que consideram-se cristãos; os pródigos, que perderam a fé e já não se dizem cris-
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CAPA donou o seminário dois meses antes da formatura: “Mantenho o meu relacionamento com Jesus, não vou abandoná-lo, mas não quero mais saber da Igreja.”
EVASãO: TABu dE lIdERANçAS
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u Pastor Sinfrônio Jardim, líder do ministério “Jesus não desistiu de você”, dedicado a trazer de volta as pessoas que abandonaram a Igreja, “a base de tudo é oferecer ao evadido amizade e discipulado”.
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em frente apesar disso: “Qualquer pessoa que esteja na Igreja há 20, 30 anos, vai se decepcionar com alguém em algum momento, isso não é motivo para abandonar”. Já no último caso, Clodoaldo considera que são as lideranças e membresias que precisam mudar: “Uma cultura muito fechada afasta as pessoas, especialmente os jovens. Durante décadas, consideramos que era heresia tocar bateria e guitarra na Igreja: com o tempo, percebemos que não havia base bíblica pra isso. Houve congregações que perderam juventudes inteiras por causa dessa cultura fechada, precisamos mudar”.
Ética Cristã ouviu oito lideranças evangélicas sobre o assunto. Em comum, há o fato de que todos os pastores reconhecem que existe evasão, mas quase nenhum deles parece à vontade para admitir que é um problema que acontece na sua própria congregação. O bispo Robson Rodovalho, responsável pela Sara Nossa Terra, não acredita que as igrejas evangélicas estejam errando. Para Rodo A ExPERIêNCIA dE uM MINISTÉRIO valho, a evasão se explica principalmente pela ESPECíFICO PARA TRAZER OS dESVIAdOS parábola bíblica dos 10 Parece que cada lideleprosos: “as pessoas rança, ainda que encare o chegam à Igreja com tema com incômodo, tem David Kinnaman, escritor nortedoenças emocionais e percebido um aspecto do -americano que estuda há anos físicas, algumas agem fenômeno da evasão em os comportamentos da nova como os 10 leprosos. sua própria comunidade. geração em relação ao cristiaApenas um voltou para É como se possuíssem, nismo, concluiu que existem três agradecer a Jesus e cada uma, uma peça do testemunhar sua cura. quebra-cabeça. Há 17 tipos de pessoas fora da igreja: O ser humano age asanos, o pastor mineiro sim”. O bispo explica Sinfrônio Jardim se dediu os nômades, que deique a Sara Nossa Terca a montar esse quebraxaram de se engajar ra adota uma postura -cabeça. Ele está à frente em uma comunidade, preventiva: “Falamos a do ministério “Jesus não mas que consideram-se linguagem dos jovens, desistiu de você”, dedicacristãos; dos adultos sabemos do a trazer de volta as pesu os pródigos, que pernos relacionar com as soas que abandonaram a deram a fé e já não se diferentes tribos, todos Igreja. O pastor enumera dizem cristãos; têm espaço aqui”. oito principais motivos Já o pastor Clodopara uma pessoa se desu e os exilados, que ainda aldo Caldas, dirigente viar: Decepção com proprocuram manter a sua de uma igreja presbitefecias falsas, frustração fé mas se vêem perdidos entre a cultura do riana conservadora em ao firmar sua fé em emomundo e a Igreja. Guarulhos (São Paulo), ções, desentendimenassocia boa parcela da tos não resolvidos com evasão ao descomproirmãos, legalismo, falta misso e ao comodismo, mas considera tamde ensino, frustração com teologias de prosbém outros dois grupos de evadidos: os deperidade ou, simplesmente, falsa conversão e cepcionados e os afastados por equívocos da preferência pelo pecado. De quem é a culpa por cultura evangélica. Para o primeiro grupo, o tetodas essas mazelas? “A Igreja tem a sua parcela ólogo considera que o melhor remédio é seguir de culpa, mas cada pessoa também tem o seu
População brasileira
É entre os jovens de 20 e 29 anos e entre os idosos maiores de 60 que há a menor adesão a igrejas evangélicas*
* Fonte: www.fgv.br/cps/religiao/
uM CASO dE SuCESSO EM uMA dAS MAIORES IGREjAS dO BRASIl
Um dos ministérios de Centésima Ovelha mais bem-sucedidos do Brasil foi estabelecido na Igreja Batista da Lagoinha. Maior denominação evangélica de Belo Horizonte, explodiu numericamente no ano de 1998. Nessa época, a liderança percebeu a necessidade de criar um ministério para trazer de volta os desanimados e afastados, e adotaram a visão do pastor Sinfrônio. O Centésima Ovelha em Lagoinha é liderado desde 2006 pelo pastor Jasmário Lima, que tem o desafio de descobrir quem está afastado no meio de 40 mil membros. Não é uma tarefa fácil: as notícias sobre essas pessoas chegam por e-mails, cartas com pedidos de ajuda de parentes e também por uma central telefônica que liga para todos os membros no dia de aniversário. Com os dados do membro evadido em mãos, o Centésima Ovelha entra em ação. “Primeiro ligamos e marcamos uma visita, demonstramos que aquela pessoa é importante para Deus e para nós”. Se o membro não volta com a visita, o grupo faz uma serenata: são dois vocais, um violão, um violino e uma flauta doce que saem nas madrugadas de sexta-feira cantando para pegar os afastados pelo coração: “As pessoas se desmancham, a taxa de retorno é de 90%”. Com o membro de volta, o Centésima Ovelha procura engajar aquela pessoa em um grupo familiar, ou então procura um membro mais experiente que possa fazer amizade e caminhar junto daquela pessoa. “Criando vínculos, as pessoas ficam mais fortalecidas; na nossa Igreja já tivemos um caso de um
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20,2% da população brasileira é evangélica. Isso equivale a 40 milhões de pessoas.*
Desse total, 5 milhões de pessoas declaram-se evangélicas, mas não vão à Igreja.*
livre-arbítrio”. O foco de Sinfrônio é resgatar essas pessoas e devolvê-las para uma vida plena com Deus e, consequentemente, para o dia-a-dia de uma comunidade. Como? Para o pastor, a base de tudo é oferecer ao evadido amizade e discipulado. “Nas nossas visitas, não damos sermão nem ficamos questionando porque tal pessoa deixou de comparecer aos cultos. Nosso foco é oferecer acolhimento; com o tempo desenvolvemos uma amizade, aí sim convidamos pra ir novamente à Igreja.”. O pastor mineiro começou a visitar diversas denominações para difundir a visão de recuperar os que se perderam. Sinfrônio passou a propor a criação de um ministério local permanente para o resgate dessas pessoas, o Centésima Ovelha. A proposta tem frutificado em algumas congregações, apesar de encontrar resistências em outras: “Pastor nenhum quer falar dos desviados, porque reconhecê-los é admitir que a sua igreja ostenta fracassos, as igrejas que mais resistem ao Centésima Ovelha são as focadas em resultados numéricos, e não nas pessoas”.
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CAPA jovem que saiu, voltou depois da serenata e passou a ser acompanhado por um membro. De uma hora pra outra, foi o membro mais antigo que teve uma crise de fé e se afastou, e foi o seu amigo que antes estava desanimado que o ajudou a voltar”, testemunha o pastor. Ao que parece, a criação de vínculos firmes de amizade dentro da Igreja é um ponto-chave em qualquer estratégia para trazer os evadidos de volta.
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uMA COMuNIdAdE QuE ENTENdEu OS
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u Para a Bispo Rodovalho – líder da Igreja Sara Nossa Terra - a evasão se explica principalmente pela parábola bíblica dos 10 leprosos: “as pessoas chegam à Igreja com doenças emocionais e fí- sicas, algumas agem como os 10 leprosos. Apenas um voltou para agradecer a Jesus e testemunhar sua cura”.
MOSAICS Foi em uma visita ao coração da boêmia paulistana que encontramos uma igreja que entende a evasão dentro de seus limites, e que adotou estratégias para combatê-la. Rua Augusta, 486, São Paulo. Estamos no Clube Outs, uma casa noturna frequentada por apreciadores de baladas vintage. As garrafas de vodka Absolut estão intactas na vitrine. É domingo à noite, e quem se reúne no local é a descolada membresia da Igreja Capital Augusta, liderada pelo pastor Junior Souza. As diferenças para uma igreja evangélica convencional acabam no local escolhido para os cultos: as canções do louvor incluem “Reina em mim, com o seu poder...” e outras que tocariam em qualquer igreja. A palavra sobre o livro de Êxodo é simples e bem preparada, também poderia ser pregada em qualquer denominação. Por causa da localização inusitada, é comum que a comunidade receba curiosos. O perfil da membresia fixa, no entanto, é de impressionar: são aproximadamente 70 jovens que frequentam os cultos de domingo e que permanecem firmes em sua fé. O motivo? O pastor Junior explica: “priorizamos a criação de um vínculo de amizade com as pessoas, independente delas serem crentes, não crentes ou desviadas”. O sucesso da Capital Augusta, no entanto, não se resume a criar vínculos de amizade. A grande sacada tem sido entender e atender as demandas dos Mosaics. O pastor Junior e sua equipe poderiam simplesmente adotar uma linguagem “irada” e organizarem eventos como baladas gospel, para “dar o querem os jovens precisam”. Eles foram muito além disso, no coração do problema, já que procuram dar conta das dúvidas e questionamentos próprios da juventude. Há, inclusive, um evento no qual os membros são incentivados a perguntarem o que quiserem. “Somos honestos, respondemos a todo o tipo de dúvida e deixamos claro, desde o início, que somos ‘zoados’, e
u Silas Fiorotti, 30 anos, mestrando em Ciências da Religião e filho de pastor batista, afirma “Não recomendo que ninguém saia de sua igreja como eu fiz. Estou fora por enquanto. Sei que ainda vou encontrar o meu lugar dentro de uma congregação”.
que as pessoas podem se decepcionar conosco”, conta o jovem pastor. Questões sobre aparência e sexualidade, que costumam ser problemáticas em outras comunidades, são tratadas abertamente: “Nossa Igreja abraça a Bíblia, portanto, temos orientação heterossexual, pregamos a castidade, o casamento, e tudo o que qualquer outra igreja comprometida com a Bíblia prega, com uma linguagem parecida”, explica. “Mas, como poucas igrejas, levantamos a bandeira de princípios, e não ficamos fiscalizando a vida de cada um. Também não fingimos que problemas de imoralidade não acontecem. Eles acontecem, e tratamos sobre eles, somos amigos uns dos outros”. Na porção final de sua obra, Kinnaman concluiu que é justamente o discipulado a solução para reter essa geração na Igreja. Mas não se trata de um conceito simplista. O bom discipulado, que previne e combate a evasão, especialmente entre Mosaics, é baseado em três princípios: aumento do intercâmbio entre a antiga e a nova geração (criando oportunidades para que os antigos e os novos compartilhem seu cristianismo com honestidade), desenvolvimento do senso de vocação nos jovens, relacionando os ensinos ao cotidiano e permitindo que eles saibam qual é a vontade de Deus para as suas vidas e, por último, há o princípio da sabedoria. “Mosaics têm acesso a mais conhecimento do que qualquer outra geração, falta discernimento sobre como aplicar sabiamente esse conhecimento. A comunidade cristã tem de priorizar a sabedoria”. Em entrevista à Ética Cristã, o pastor Carlito Paes bem sintetizou o espírito que deve nortear nossa mudança de mentalidade: “A Igreja é a única instituição que existe para os que não estão nela. Precisamos colocar a toalha em volta da cintura e lavar os pés dos que nos cercam”.
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CIêNCIA
Pastores
psicanalistas PAulA dAMAS
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ão é novidade que uma das principais marcas da sociedade contemporânea é o estresse e a depressão. Esses males também têm alcançado muitos evangélicos brasileiros, causando ansiedade e desencadeando problemas emocionais que, para alguns, podem ser de ordem espiritual. Em busca de melhor compreender e de lidar com os problemas do rebanho, suas angústias e necessidades, pastores, das mais diversas denominações, têm recorrido à prática e ao estudo da Psicanálise. Estes servos de Deus têm conseguido aliar, em seus ministérios, o que para muitos leigos e clérigos parece incompatível: Religião e Psicanálise. Parte dos questionamentos deve-se à diferença de atuação que essas duas áreas conferem à vida do ser humano. A primeira trabalha com a espiritualidade; já a segunda, com o inconsciente do indivíduo.
Terapia profissional ou aconselhamento pastoral? Cresce o número de líderes evangélicos que buscam conhecer e tratar dos problemas da alma utilizando as técnicas psicanalíticas
Para Marco Antônio de Oliveira, pastor titular da Catedral Metodista do Rio de Janeiro, psicanalista e doutor em Teologia, o grande conflito entre a Psicanálise e a Religião é fruto da incompreensão freudiana: “Freud era filho de judeus, teve uma babá católica conservadora e viveu num contexto histórico conturbado. A experiência dele com a religião foi negativa e, por isso, não fez uma boa síntese dela. Devido à sua característica experimental, a psicanálise entende que os ambientes religiosos podem favorecer os processos neuróticos e obsessivos. Freud viu a religião como negadora da realidade e forjadora de fantasias que aprisionam o ser humano no período da infância. Ele não compreendeu que os ambientes religiosos poderiam promover estágios saudáveis e relacionamentos positivos”, disse o pastor. O doutor William César Castilho Pereira, em entrevista ao site zenit.org, levantou a possibilidade da união entre a Psicanálise e a Religião,
u Marco Antônio de Oliveira é psicanalista, doutor em teologia e pastor titular da Catedral Metodista do Rio de Janeiro.
com o Senhor. Porém, muitos líderes religiosos não compartilham do mesmo pensamento. Renato Vargens, pastor presidente da Igreja Cristã da Aliança em Niterói (RJ), é contrário ao atendimento psicanalítico por pastores, conforme artigo publicado no site pulpitocristao. com. Para ele, boa parte dos líderes evangélicos acreditam que a palavra de Deus não é capaz de sarar um coração ferido e, por isso, acham necessário aplicar técnicas terapêuticas aliadas a doutrinas psicológicas. “Líderes cristãos, das mais diversas denominações, têm abandonado o estudo sistemático da palavra de Deus para dedicarem-se ao estudo do comportamento humano, proporcionando, assim, a adaptação evangelho de Cristo aos padrões humanistas do nosso tempo pós-moderno (...). As escrituras sagradas contêm remédio para a psique. A santa palavra de Deus é o nosso maior e melhor manual
de aconselhamento”, afirmou o pastor Renato. Apesar da polêmica, o pastor metodista Marco Antônio de Oliveira acredita que “um pastor precisa ser versátil em várias áreas do saber humano; em especial, nos saberes que tratam da relação humana e da sociedade como, por exemplo, a Psicanálise. Pois, se um pastor quer desenvolver um bom aconselhamento pastoral deve ter formação além da teológica, sendo um exímio conhecedor do ser humano”, afirmou.
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desde que os lugares e as posições das partes sejam demarcados. Para o doutor William, que atua como professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, e que há mais de 25 anos é docente e palestrante de matérias relacionadas à Religião e à Psicanálise, “a Religião é um campo em que o sujeito livremente tem uma relação com Deus. Então, o seu estudo é exatamente ao redor da figura de Deus, da figura do crente e dessa relação, que é muito ligada à questão da fé. A Psicanálise não tem nenhuma obrigação de entrar no campo da fé, não é seu objeto de estudo, mas ela pode e até deve contribuir para analisar qual é a qualidade da relação do indivíduo com Deus. Essa relação pode ser saudável, de forma a contribuir para que esta pessoa se estruture melhor psiquica e socialmente”. Para ele, é nesse contexto que a Psicanálise ajudará o indivíduo a organizar a sua mente e, assim, ter um melhor contato
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CIêNCIA ACONSElHAMENTO ESPIRITuAl E ATENdIMENTO TERAPêuTICO
u Antonio Jeam é psicanalista e pastor da Igreja da Relva Congregacional do Brasil (SP).
Regulamentação Os cursos livres de Psicanálise não têm reconhecimento do MEC. Também não existe nenhuma lei que proíba a existência de tais cursos. Visando à regulamentação da profissão, no ano de 2000, foi apresentado um projeto de lei na Câmara dos Deputados. O objetivo era tornar a Psicanálise um curso de nível superior, com regras para a formação dos profissionais a serem estabelecidas pelo Ministério da Educação, mas o
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Mas como os pastores psicanalistas delimitam a atuação do aconselhamento pastoral em relação ao atendimento terapêutico ou à sua indicação? Para estudiosos da Psicanálise, há uma diferença clara entre aconselhamento pastoral e atendimento terapêutico. “O aconselhamento pastoral tem a finalidade de atender às necessidades espirituais das pessoas. Assim, esse atendimento deve ter uma veia espiritual, um intuito de ajudar as pessoas no seu crescimento espiritual. É importante que o pastor entenda que, ainda que seja psicanalista, não deve misturar em sua orientação as duas formações. O pastor que estuda a Psicanálise entende que não existe aconselhamento psicanalítico: “o que existe é o tratamento das neuroses, que estão registradas no inconsciente”, declarou o pastor batista Sérgio Fernandes da Costa, professor e mestre em Psicanálise. “Eu junto as duas [formação psicanalítica e religiosa] e , porém muitas vezes, na terapia, dei diversos caminhos como escolha e, outras vezes, no aconselhamento, apenas ouvi o dilema”, revelou o pastor e psicanalista Antonio Jeam, líder da Igreja da Relva Congregacional do Brasil (SP). Adepto de uma linha de aconselhamento pastoral diferente, o pastor metodista Marco Antônio afirmou que “não cabe ao conselheiro pastoral determinar caminhos, decidir pelo aconselhado. Cada ser humano precisa assumir suas responsabilidades, arcando com os prejuízos das péssimas escolhas. A tarefa maior do aconselhamento pastoral é capacitar as pessoas para que encontrem força para viver por intermédio da ação divina em suas vidas. Também não cabe ao conselheiro pastoral tratar de traumas emocionais ou disprojeto acabou sendo vetado. túrbios psicológicos. É nesse momento que entra o trabalho Uma nova tentativa de emdo terapeuta. Quando percebo que os meus paroquianos neplacar o projeto aconteceu três cessitam de um atendimento terapêutico especializado, devo anos depois; no entanto, tamencaminhá-los para um profissional da área”. bém não teve êxito. Apesar das divergências sobre o assunto, aumenta a cada Os psicanalistas podem dia o número dos que consideram que o método psicanalítiexercer a profissão, pois estão co, teoria e técnica, pode se tornar um forte aliado à atividade amparados pelo artigo 50 da de um líder religioso. “Existe muita crítica por pastores mais Constituição (profissão livre). É conservadores à prática da Psicanálise. Já me confrontei com reconhecida pelo Ministério do alguns, no entanto é falta de conhecimento e de entendiTrabalho, Classificação Bramento. A Psicanálise, como qualquer outra filosofia, teoria sileira de Ocupações (CBO) ou teologia, pode ser benéfica ou maléfica, assim como o – portaria n0 397/MTE, de dinheiro. Todo o conhecimento em uso depende muito de 09/10/2002 sob n0 2515quem o usa, porém uma coisa é certa: depois do conheci50. Podem inclusive abrir mento psicanalítico, a pessoa não é mais a mesma. Não se consultório próprio, após cumpermite mais ser controlada pelos dogmas religiosos e se pridas as exigências das Leis torna mais compreensiva com os outros”, conclui o pastor Estaduais. Antonio Jeam.
u “O aconselhamento pastoral tem a finalidade de atender às necessidades espirituais das pessoas. É importante que o pastor entenda que, ainda que seja psicanalista, não deve misturar em sua orientação as duas formações” diz o pastor batista Sérgio Fernandes da Costa, professor e mestre em Psicanálise.
A formação e o exercício da Psicanálise, por parte de pastores evangélicos, também já foi pauta de longas discussões no cenário nacional. Sabe-se que o que faz um psicanalista ter boa reputação é ele ser reconhecido pelos demais profissionais na área e a respeitabilidade da instituição na qual se formou e é associado. Nos últimos 20 anos, vêm surgindo no Brasil instituições não tradicionais, que oferecem cursos livres de capacitação em Psicanálise. Diferentemente das instituições clássicas, que só admitem pessoas formadas nas áre-
as de Medicina ou Psicologia, as novas sociedades acolhem estudantes com formação de nível superior em qualquer área de atuação. O estudo completo pode durar de três a quatro anos, dependendo da instituição. Mas, após concluir a primeira etapa, que seria o curso livre de Psicanálise, o formando é credenciado pela sua respectiva sociedade e recebe um certificado, o que lhe permite pedir um alvará junto à Prefeitura para realizar atividade como profissional autônomo: assim pode abrir seu próprio consultório. Uma dessas instituições é a Sociedade Psicanalítica Fluminense (Es-
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O ESTudO dA PSICANálISE
flup), criada há 20 anos para atender a demanda da Baixada Fluminense (RJ). Atualmente, oferece curso de Psicanálise e um Programa de Neurolinguística (PNL), que juntos duram cerca de 31 meses. Para proporcionar respaldo à profissão de psicanalista, a Esflup participa da organização do Sindicato dos Psicanalistas e Terapeutas do Estado do Rio de Janeiro (Sinpterj), que tem suas atividades previstas para começar em outubro deste ano. Outra instituição pioneira é a Sociedade Psicanalítica Ortodoxa do Brasil (SPOB), criada em 1996 com o objetivo de difundir a Psicanálise e suas teorias em todo o território nacional. Hoje, a SPOB conta com sete pólos em todo o país, além de parcerias internacionais. É o caso da unidade na Bahia, que mantém um intercâmbio com o Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA) da Universidade de Coimbra, em Portugal.
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DIREITO
Pedro luís Baldoni
Pedro Luís Baldoni
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é formado em Administração de Empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, em Direito pelas Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU, com pós-graduação em Direito Empresarial pela PUC/SP, advogado atuante e sócio fundador do Baldoni & Baldoni Advogados Associados. Pastor da Igreja Apostólica Renascer em Cristo – Sede Internacional.
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Redes sociais A responsabilidade por detrás da tela
A
s redes sociais são fenômenos culturais que vieram para ficar: o crescimento desse fenômeno impressiona. Se restringirmos nosso enfoque apenas ao Twitter – rede de migroblogs através da qual é possível publicar textos de até 140 caracteres, os tweets –, poderemos verificar que o Brasil é um dos países que mais utiliza o blog no mundo. Uma pesquisa recente de um importante jornal eletrônico europeu (WebEcology) demonstrou que o português já é o segundo idioma mais utilizado no Twitter, respondendo por 9,5% das postagens, atrás apenas da língua inglesa, com 62% das mensagens. A utilização responsável e a ética nessa ferramenta de comunicação devem ser proporcionais ao crescimento do número de seus usuários e da repercussão que cada mensagem pode assumir. Por isso, preocupa-nos o aumento vertiginoso dos processos levados aos tribunais envolvendo redes sociais e o uso inadequado da liberdade de pensamento e de expressão que tais ferramentas disponibilizam aos seus usuários.
“Sob o manto do ‘anonimato’ e da ‘impunidade’ da conduta que não existe no mundo virtual e nas redes sociais que o compõem – já que tudo pode ser rastreado quando necessário e transformado em provas contra o usuário infrator –, as pessoas se sentem à vontade para dizerem tudo o que pensam e sentem, esquecendo-se de que o seu direito de expressão pode violar a honra, a privacidade e a intimidade de terceiros.”
Exemplo disso é o caso de dois jovens que foram condenados a doar a instituições beneficentes, a título de indenização por danos morais coletivos, a quantia de R$ 20.000,00, cada um, por terem criado o chamado “Rodeio das Gordas”. Durante um evento universitário, eles instituíram uma competição na qual os rapazes deveriam agarrar suas colegas obesas pelo maior tempo possível: vencia o melhor “montador de gordas”. Essa ideia, absurda e agravada pelo fato de sair da mente de universitários, acabou se transformando em uma página do Orkut – rede assíncrona, o que permite a alguém seguir uma pessoa sem que esta pessoa seja seu seguidor –, tornou-se objeto de investigação e causou a posterior assinatura de TAC (Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta) perante as Promotorias de Justiça de Direitos Humanos de Araraquara e Assis. O fato é emblemático porque, a partir do momento em que se tornou pública essa difamação contra as mulheres - que já existia antes da criação dessa página no Orkut -, foi possível identificar os ofensores e os cúmplices que postaram comentários na página, o que permitiu uma punição exemplar. Com as redes sociais, surge a era da hipertransparência: todos estão mais expostos – pessoas físicas e jurídicas – e não mais escapam incólumes. Portanto, compete a todos nós, especialmente àqueles que professam a fé cristã e que desejam ser identificados como seguidores de Cristo, observar um padrão de comportamento ético e responsável. Esse padrão deve ser verificado tanto nas palavras quanto nas atitudes, bem como nos relacionamentos interpessoais reais e nos virtuais. Precisamos vigiar pensamentos e atitudes; assim, além de evitarmos sanções na esfera civil e penal, estaremos mantendo a nossa salvação e a de nossos leitores.
POLÍTICA
A lei do
aborto O recente arquivamento do PL 1135/91 que previa a descriminalização do aborto no país, não acabou com o fantasma que há 20 anos ronda o Congresso Nacional. Agora, o próximo passo da bancada Pró-Vida é a aprovação do Estatuto do Nascituro
CYNTHIA FERREIRA
O
fantasma ainda nos cerca: de 1991 a 2011, tramitou na Câmara dos Deputados o projeto de lei 1135/91 que descriminalizava o aborto. Foi recentemente arquivado, juntamente com os demais PLS a ele apensados. Apesar disso, o lobby Pró-Aborto continua forte e atuante, e o perigo ainda ronda o Congresso Nacional. Para que possamos defender o interesse de Deus e da Igreja com maior embasamento, é mister conhecermos de que maneiras ocorrem as manifestações sobre o tema.Primeira informação relevante: como se articulam os grupos favoráveis ao aborto?
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A PERIGOSA ARTICulAçãO CONTRA O
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dIREITO à VIdA Na mesma semana do arquivamento do PL 1135/91, grupos feministas apoiados por diversos parlamentares avançaram na Câmara e no Senado, pressionando o Poder Público para a efetivação da proposta de legalização do aborto. Uma Plataforma Nacional com diretrizes para a aprovação do aborto foi elaborada em 2010 pela Frente Nacional Contra a Criminalização das Mulheres Pela Aprovação do Aborto. A Plataforma prevê a interrupção da vida até a 22ª semana, ou quando o produto for de até 500 gramas. O “produto” mencionado, acredite, é o indefeso bebê! Diante desta informação aterradora, nos pergun-
tamos: quais seriam os motivos para alguém apoiar o aborto? Um deles é a eugenia (conjunto de métodos a fim de melhorar o material genético humano). Basta conferir o teor dos projetos de lei agregados ao 1135/91. Dos 17, apenas quatro defendiam a vida. Os outros 13 PL’s propunham a eliminação do bebê com má-formação congênita. “Foi essa a fórmula utilizada por Hitler para dizimar seis milhões de pessoas em busca de uma ‘raça pura’. O aborto é o assassinato de crianças indefesas. Temos o compromisso com a vida e de defendê-la desde a sua concepção: o Brasil não pode implantar a cultura da morte”, enfatizou o deputado João Campos, presidente da Frente Parlamentar Evangélica. Outro motivo que leva ao apoio do tema é financeiro: o poder econômico financia a causa pró- aborto. Clínicas abortistas faturam, laboratórios e institutos de pesquisas faturam, a indústria cosmética fatura e fatura alto. É de conhecimento geral que muitos ganharão com a liberação do aborto no Brasil. Há ainda a atuação de grupos econômicos estrangeiros financiando programas de controle de natalidade por trás das campanhas Pró-Aborto. Desde 1960, por iniciativa do Conselho de Segurança dos EUA, estratégias vem sendo elaboradas para o controle do crescimento populacional mundial. Um dos objetivos do Relatório Kissinger era o
controle da natalidade por meio da liberação do aborto, isso ainda em 1974! A representante das Comissões Diocesanas em Defesa da Vida – CNBB, Dr.ª Dolly Guimarães esclarece que “a partir do Relatório Kissinger, espera-se que até 2015 todos os países do mundo legalizem o aborto. Essa meta foi estabelecida na reunião da Federação Internacional de Planejamento Familiar – IPPF, (International Planned Parenthood Federation, organismo internacional com representação no Brasil) em Londres, no ano de 2004”. Em dezembro do mesmo ano, o então presidente Lula assinou o documento intitulado Plano Nacional de Políticas Para as Mulheres, no qual assumiu o compromisso de legalizar o aborto no Brasil. Como se não bastasse o pouco senso de humanidade dos motivos alegados, há ainda outro fator negativo: a possível manipulação de dados referentes à causa abortista. O padre Luiz Carlos Lodi, do Movimento Pró-Vida de Anápolis, questiona as informações contidas nos argumentos dos ativistas. Ele denunciou essa manipulação nas estatísticas divulgadas pelo Ministério da Saúde. “Em 2005, foram realizados 1.054.243 abortos induzidos, diz uma ‘pesquisa’ encomendada pelo citado Ministério. É impressionante a precisão do número, que vai até a casa das unidades, mas na página 3 diz-se que é apenas uma média, que
ENTENdA O CASO
pode variar entre 843.394 (limite inferior) e 1.265.091 (limite superior); nenhuma palavra, porém sobre o caminho usado para chegar a esses resultados”. Fala-se ainda de milhares e até em milhões de mortes no Brasil em decor-
rência do aborto. Duvidando destes dados, em 2007, o então deputado federal Dr. Talmir Rodrigues encaminhou o requerimento 311/07 solicitando informações ao Ministério da Saúde sobre o número de abortos realizados e atendidos pelo SUS motivados por estupros e risco de vida, e a quantidade de mulheres mortas em virtude do procedimento. Afinal, onde estariam os corpos de milhões de mulheres vítimas de aborto? O resultado não surpreendeu, comprovando o que já era de conhecimento dos defensores da vida: dados incompatíveis com os que vinham sendo divulgados oficialmente. De 1997 a 2006, os óbitos decorrentes de aborto e procedimentos de curetagem pós-aborto totalizaram 380 mortes. Em 2006, 37 mulheres morreram ao realizarem algum procedimento ligado ao aborto. Esses números englobam os abortos espontâneos e os provocados de forma insegura. Morrem mais mulheres por picada de cobra no Brasil do que em
virtude do aborto! Mas, ao mesmo tempo em que não há qualquer manifestação de pedido de providência ao IBAMA, há tantas reinvidicações pró-aborto. Curioso, não? Em 1990, o Jornal do Brasil noticiou que a ONU havia ranqueado o Brasil como recordista mundial de abortos, com uma taxa anual de três milhões. Obviamente, tratava-se de outro equívoco, e essa informação foi retificada pela Organização Pan-Americana de Saúde em 11/03/93: “Lamentavelmente, não é a primeira vez que se toma o nome da Organização Mundial da Saúde e/ou da Organização Pan-Americana de Saúde para dar informações que não emanam dessas instituições”. Como cristãos, é importante conhecermos essas inverdades apregoadas para que possamos questionar de maneira mais efetiva a atual promoção da cultura abortista. Como podemos evitar a disseminação dessa prática?
APROVAçãO dO ESTATuTO dO
NASCITuRO É O CONTRAPONTO A 4ª Marcha Nacional da Cidadania Pela Vida – Brasil Sem Aborto aconteceu em Brasília no dia 31 de agosto. Manifestantes reivindicaram agilidade na aprovação do Projeto de Lei 478/07, o Estatuto do Nascituro, dos ex-deputados federais Luiz Bassuma e Miguel Martini. A Marcha contou com a participação de parlamentares, líderes religiosos, cen-
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O PL 1135/91 tramitava na Câmara dos Deputados há 20 anos. Na Legislatura passada foi rejeitado nas Comissões de Seguridade Social e Família, e Constituição e Justiça, mas, como havia sido apensado (termo técnico-jurídico que indica que um projeto de lei foi somado a outro) ao PL 176/95 do ex-deputado José Genoíno (PT/SP), havia um último recurso para que fosse votado em Plenário. Esse prazo expirou em agosto e ele foi arquivado. Um sepultamento simbólico foi organizado, e o cortejo composto por diversos parlamentares das Frentes da Família, Evangélica, Católica e também da Frente Contra o Aborto seguiu rumo a um plenário. A cantora Elba Ramalho, que aderiu à causa Pró-Vida, e Lenise Garcia, presidente do Movimento Cidadania pela Vida, estiveram presentes e com os deputados carregaram o caixãozinho branco. Por onde passou, o grupo causou comoção e até chocou a muitos. Em seguida, um ato foi realizado e os parlamentares reiteraram o compromisso na luta pela defesa da vida.
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POLÍTICA
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tenas de pessoas e organizações não-governamentais, como o FENASP, em uma manifestação plural e apartidária. Em comum, havia a necessidade de defesa daquele que não pode se defender. Os parlamentares acreditam que, quando aprovado, o Estatuto do Nascituro fornecerá os mecanismos que coibirão a prática covarde do aborto que mancha a história do nosso país. “Praticar crimes contra animais é inafiançável, mas quando existe uma condescendência e permissividade em relação à vida humana, ceifando brasileirinhos, temos que nos levantar e clamar em alta voz contra essa covardia e dizer sim à aprovação do Estatuto do Nascituro”, disse o Roberto de Lucena (PV/SP) na ocasião. A assessora jurídica das Frentes Parlamentares da Família, Evangélica, e a secretária nacional do Movimento Brasil Sem Aborto, Dr.ª Damares Alves, avaliou que “uma porta foi fechada com o arquivamento do PL 1135/91, mas ainda não ganhamos a guerra. A aprovação do Estatuto do Nascituro é fundamental e qualquer outra decisão que permita o aborto violará a Constituição Federal que estabelece o direito à vida, considerado inviolável”.
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IGREjA E MEMBRESIA uNIdOS CONTRA
O ABORTO Como cristãos, precisamos estar cientes da posição da Igreja e auxiliá-la nessa causa. A maneira como o assunto é colocado nos meios de comunicação é, no mínimo, irresponsável. O aborto não pode ser considerado uma alternativa para o controle da natalidade. É preciso desenvolver a consciência da necessidade do planejamento familiar e da educação de base. É preciso, também, reconstruir o núcleo familiar: essa é a razão de a família ser atacada incessantemente pelas forças do Inferno. “A família é a célula principal da sociedade, nela está contido todo o potencial de sucesso e fracasso, alegria e tristeza, proteção e crescimento”, enfatizou o ex-deputado federal e presidente do Ministério Sara Nossa Terra, bispo Robson Rodovalho, em um discurso pela vida proferido em Plenário. E onde está a Igreja Cristã brasileira enquanto tudo isso acontece? Ela precisa se envolver mais, sair do conforto e segurança das quatro paredes. Foi o que Jesus nos ensinou e ainda espera que façamos, essa é a verdadeira obra de Deus. Temos homens de garra e de grande coragem nos representando
no parlamento; porém, não podemos nos eximir de nossa responsabilidade enquanto embaixadores de Cristo. Não podemos simplesmente nutrir expectativas quanto ao mandato deles e simplesmente observar a sua atuação. O Brasil é um país continental e de maioria cristã. Os valores da família estão impressos no DNA desse povo alegre e hospitaleiro, que acredita e defende o direito à vida. Para os brasileiros, de um modo geral, não é necessário recorrer às crenças religiosas para repudiar a prática do aborto. A própria natureza humana tem em sua essência a preservação da vida e da continuidade da espécie, e isso é inerente ao seu próprio pensamento e ação. Centenas de grupos e entidades trabalham anonimamente na prevenção e no combate ao aborto no Brasil. Conheça algumas delas:Pró-Vida Anápolis - www.providaanapolis.org.br, Associação Nacional Pró-Vida e Família www.providafamilia.org, Associação Nacional Mulheres Pela Vida - www. defesadavida.com, Associação Nacional de Apoio ao Ser Humano - www.abraceh.org.br, Movimento em Defesa da Vida - www.defesadavida.com.br.
Em meio à revolução da comunicação, as facilidades para abortar invadem as páginas da internet com sites que oferecem até o “delivery” de comprimidos abortivos, basta apenas solicitar via email. Grupos estrangeiros abortistas se apresentam como a tábua de salvação às mulheres desesperadas. “O aborto não é, como dizem, simplesmente um assassinato. É um roubo. Nem pode haver roubo maior, porque ao malogrado nascituro, roubasse-lhe este mundo, roubasse-lhe o céu, as estrelas, o universo, tudo. O aborto é o roubo infinito.” Mário Quintana citado pelo ex-deputado Luís Bassuma, autor do Estatuto do nascituro na Marcha pela Cidadania e pela vida.
Um momento tenso e determinante na votação do Estatuto do Nascituro aconteceu no dia 19 de maio de 2010. A deputada Solange Almeida (PMDB/RJ), relatora do projeto havia apresentado seu parecer e a votação estava aberta. Segundo a assessoria jurídica, a situação era muito difícil e a derrota se aproximava.
u Deputada Fátima Pelaes
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Então, em um emocionante e libertador discurso, a deputada Fátima Pelaes fez seu apelo pela aprovação do parecer surpreendendo a todos ao compartilhar sua história de vida, silenciando os presentes naquela Comissão. Em um ato de total superação emocional, iniciou seu relato. Fátima é filha de uma presidiária, mãe de cinco crianças e vítima de violência sexual na prisão, onde engravidou. Sua mãe considerou abortá-la, porém, bravamente resistiu e decidiu por não cometer mais um assassinato, justo ela que cumpria pena por um crime passional. Deus tem seus caminhos e desígnios, e os homens não podem intentar contra seus planos. Naquela tarde a votação foi revertida e então aprovado o parecer pela aprovação do Estatuto do Nascituro.
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ENTENDIMENTO CRISTãO
Solano Portela
Solano Portela
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é graduado em matemática aplicada, pelo Shelton, mestre em teologia pelo Biblical Theological Seminary, autor de vários livros, professor de teologia e ética cristã, tradutor, palestrante, conferencista e presbítero da Igreja Presbiteriana do Brasil, em Santo Amaro, SP
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Caos econômico A bênção da estabilidade em um mundo instável
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Brasil já foi caracterizado por muita instabilidade. A década de 90, no século passado, foi pródiga em distúrbios financeiros na Ásia, que pareciam eclodir com mais intensidade em nosso território. A crise de 2008 já encontrou a nação com estruturas mais firmadas e o impacto foi menor. No dizer de alguns, foi “uma marolinha”... Em 2011, as ameaças de uma crise sistêmica, muito presente na Europa e nos Estados Unidos, continuam nos cercando, o que gera uma série de indagações e apreensões: escaparemos desta vez? Essas flutuações, que acontecem quando achamos que tudo está resolvido, demonstram a bênção que é a estabilidade, tão rapidamente abalada em nossos dias. Quando perturbações econômicas ocorrem, os governantes e seus assessores buscam soluções que, muitas vezes, agravam a situação e geram tão-somente o desaquecimento do mercado, a diminuição das vendas, a contenção de despesas nas empresas, a recessão, o desemprego e a incerteza: instabilidade. Ou seja, nunca estamos imunes de reNão andeis ceber uma carga de medidas destinadas a um “equilíbrio fiscal” que, em bom ansiosos de coisa governamental, significa exalguma; em tudo, porém, português trair mais dinheiro de quem já paga os sejam conhecidas diante seus impostos em dia para cobrir o furo de caixa gerado por quem não adminisde Deus as vossas trou como devia. Já se fala novamente no petições pela oração e retorno da CPMF, e também de outras pela súplica, com ações garfadas semelhantes. A sensação é a de sermos espoliados de conquistas que de graças. E a paz de alcançadas. Deus, que excede todo o julgávamos É verdade que o aperto financeiro entendimento, guardará em nosso bolso nunca foi aliviado, mas os vossos corações e as queremos planejar com mais tranqüivossas mentes em Cristo lidade e, ingenuamente, passamos a achar que estabilidade é algo permaJesus nente. Aprendendo com a história, clamamos: “pacotes econômicos? Nunca
“
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mais!” Por que será que a constância é algo tão almejado e perseguido? Por que tantos anseiam por uma estabilidade das circunstâncias, pela condição de poderem planejar? Estabilidade é uma característica divina, por isso ela é uma bênção. Deus é estável. O pecado é fator de instabilidade. A graça produz estabilidade: Deus é previsível; Satanás é enganador e astuto. A criação geme, sob o domínio do pecado, mas Deus instala a ordem no meio do caos, e a sua mensagem é construtiva, em meio à turbulência. O plano de salvação é sequencial, lógico e progressivo. Da morte espiritual, pela justificação procedente de Jesus Cristo, passamos à vida e, em santificação, aguardamos a glorificação e a comunhão eterna com o Pai. A Palavra de Deus ensina estabilidade de vida, da família, da Igreja. A estabilidade é algo que podemos esperar de Deus, e só dele: o mais está fadado à desilusão. Mas Deus prepara os seus servos para viverem estavelmente em um mundo instável. Jesus intercedeu não para que fôssemos tirados do mundo, mesmo com suas inconstâncias e perigos, mas para que pudéssemos ser livres do mal. Na realidade, somos comissionados com a mensagem da estabilidade do evangelho, como embaixadores de um país celestial, no qual não existem pacotes econômicos e os tesouros não são corrompidos pela inflação, especulação ou malversação. Serenidade e confiança nele é o remédio para os sobressaltos desta vida. O equilíbrio que o mundo e os governantes nos oferecem é passageiro, é enganoso, é traiçoeiro. A paz que recebemos de Jesus difere da obtida do mundo: ela tem o efeito de serenar os nossos corações. Como enfrentar as inconstâncias da vida? Com a paz de Deus em nossos corações, com a confiança de que ele reina e de que está no controle de tudo e de todos: sabendo que a vitória final é dele e de seus servos.
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ESPECIAL
Túnel do tempo A EXPOCRISTÃ completa 10 anos de sucesso com o título de maior feira internacional de produtos e serviços para cristãos
MAYRA BONdANçA
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o ano de 2002, o Brasil viveu uma série de transformações sociais, políticas e econômicas. Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente do país e, pela primeira vez, um metalúrgico nordestino de origem humilde ocupou o cargo mais almejado da nação. No primeiro dia de 2002, entraram em circulação as notas e moedas de euro em 12 países. Neste cenário de otimismo e novos tempos, nascia um evento que seria um dos principais responsáveis por grandes mudanças e por um crescimento expressivo no mundo evangélico. A EXPOCRISTÃ surgiu para atender às necessidades não apenas do público cristão, mas também das igrejas e de seus líderes. Hoje, com 10 anos, o evento colhe os frutos de uma trajetória de sucesso e se prepara para um Brasil com 109 milhões de evangélicos. A EXPOCRISTÃ foi montada, no Expo Mart, em São Paulo, em um espaço de aproximadamente 1,7 mil m², e contou com a participação das principais empresas evangélicas. O sucesso da primeira edição foi tão significativo
que, no ano seguinte, o evento dobrou de tamanho. A cada edição, era necessário aumentar o tamanho da feira para abrigar todas as editoras, gravadoras e afins, que desejavam ter um estande para expor seus produtos e ficar mais próximo de seus clientes. Na comemoração de seu 10º aniversário, a EXPOCRISTÃ está de casa nova. Dessa vez, o encontro das maiores empresas do segmento será no Anhembi, e contará com 23 mil m² de área de exposição. A expectativa é de que o público ultrapasse 160 mil pessoas. Novas editoras, rádios, gravadoras, jornais e eventos de treinamento – como o Congresso Anle e o Voe Mais Alto – comprovam que a evolução não deve parar tão cedo e que, em breve, o espaço atual também ficará pequeno para abrigar a maior feira internacional de produtos e serviços para cristãos.
uNIdAdE dA IGREjA
Além de oferecer os melhores produtos e serviços para os cristãos e as igrejas, a EXPOCRISTÃ também se preocupa com o bom desenvolvimento e a unidade das lideranças brasileiras. Por
isso, durante a sua realização, oferece diversos eventos, como congressos e cafés de pastores. Além dos já tradicionais eventos da Confederação das Igrejas Evangélicas Apostólicas do Brasil (Cieab) e do Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil (Cimeb), a EXPOCRISTÃ também contará com o Café de Pastores da Convenção Batista Nacional (CBN) no Espaço Cultural. O evento reunirá lideranças, pastores e obreiros de todo o Brasil. A ceia da unidade terá a participação de importantes lideranças da igreja O Brasil para Cristo e da Catedral da Bênção. O congresso Voe Mais Alto volta a acontecer na EXPOCRISTÃ, tendo o tema: “Líderes para Transformar a Nação”. O treinamento de liderança será realizado pelo Ministério com Propósitos, através da produtora e editora Inspire, em parceria com a EBF Comunicações; contará com as participações do reverendo Hernandes Dias Lopes, Carlito Paes, Josué Gonçalves e do bispo Robson Rodovalho.
ENTREVISTA COM EDUARDO BERZIN Eduardo Berzin Filho, presidente da EBF Comunicações e idealizador da EXPOCRISTÃ, fala sobre a evolução da Feira e os dez anos do evento.
EC - Essa edição comemora os 10 anos do evento. Como você vê a trajetória da Feira no meio cristão? A EXPOCRISTÃ passa a ser um evento que reúne o meio evangélico num momento onde tudo o que se faz é promovido de forma amplificada. O evento mantém sua originalidade de fomentar o crescimento e a qualificação do canal de distribuição; porém, por se tratar de um meio cujo crescimento dobrou em menos de 10 anos, há de se investir em treinamento de líderes. Serão aproximadamente 200 mil pontos de pregação que serão abertos neste período. Com isso, movimenta-se todo um sistema que engloba o plano literário, com material didático de desenvolvimento
espiritual, Bíblias, livros e material para escola bíblica, entre outros. No âmbito de produtos, atualmente, há diversas empresas de consultoria especializadas em ajudar a Igreja na construção física, sonorização, ensino teológico, mobiliários e numa infinidade de serviços que envolvem inclusive as áreas de mídia e comunicação, oferecendo todo tipo de solução para levar a palavra de Deus aos mais diversos pontos do Brasil. EC - Quais as novidades que os visitantes irão encontrar nesta edição? Vamos ter espaços mais amplos para eventos paralelos, como o Palácio de Convenções do Anhembi, com 2,5 mil lugares. Teremos também outros espaços, como o espaço literário e cultural, onde acontecerão diversas palestras e lançamentos editoriais. EC - O senhor acredita que o evento contribuiu para a consolidação do mercado cristão brasileiro? O evento faz parte o crescimento da Igreja; quando houve a primeira edição da EXPOCRISTÃ, éramos apenas 20 milhões de evangélicos. Hoje, já passamos de 50 milhões. Foram abertos 100 mil novos templos. EC - Como definir a ExPOCRISTã? Em poucas palavras, é o ponto de encontro dos cristãos. É o lugar onde tudo e todos que estão envolvidos neste meio se encontram.
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EC - O que mudou desde a primeira edição? Quando começamos, tínhamos um projeto muito parecido com o que acontece com a CBA americana. O único foco era o relacionamento com as livrarias evangélicas e os potenciais distribuidores de produtos. Compreendemos, após as primeiras edições do evento, que a indústria e as livrarias existem para dar suporte às igrejas. A partir disso, agregamos uma linha de serviços e produtos para atender a essa demanda composta por ministérios, pastores e obreiros. Aos ministérios, desenvolvemos frente com a indústria de instrumentos musicais, sonorização, mobiliário. Aos pastores, obtivemos recursos teológicos e de atributos para liderança.O mercado hoje é bem diferente de dez anos atrás.
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PROFISSIONAL CRISTãO
Mário kaschel Simões
Mário Kaschel Simões
Empresário, Consultor, Escritor, Palestrante, Pastor da Igreja Ágape de Atibaia (SP), Docente Internacional do Haggai Institute, Sócio-diretor da Escola Internacional Preparando Gerações e Diretor do Instituto 7 Montanhas do Brasil
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Dando as primícias Quando você coloca Deus em primeiro lugar, Ele se encarrega de abençoar o restante! Vivemos num mundo extremamente agitado, corrido, cheio de compromissos, o que nos leva a pensar que não existe tempo para mais nada, a não ser trabalhar. Como profissionais cristãos, dentro do mercado de trabalho, precisamos saber como manter o equilíbrio entre a vida profissional, ministerial, familiar, financeira e pessoal. No meio de tantas atividades, facilmente focamos nossa atenção e recursos no urgente e nos esquecemos de nossas prioridades e daquilo que realmente é importante. Segundo a Palavra de Deus, precisamos colocar nossa atenção naquilo que é mais importante. “Busquem pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas!” (Mt. 6:33) A Bíblia nos ensina o “princípio do primogênito”, também conhecido como primícias, primeiros frutos e dízimo. Deus declara repetidamente que o “primogênito pertence a Ele”, e que este, ao ser sacrificado, estaria redimindo o restante (Êx. 12). A primeira parte é a porção redentora. Ou seja, o primeiro cordeiro que nascesse seria consagrado e sacrificado a Deus, redimindo o restante das crias. Também, os primeiros frutos de uma colheita seriam ofertados a Deus, para que Ele abençoasse o restante da colheita (Êx. 23:19). Deus exemplificou este princípio ao enviar Jesus Cristo, seu Filho primogênito, “o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” para redimir, purificar e abençoar o restante da humanidade, “sendo nós ainda pecadores”. Gostaria de destacar duas áreas onde podemos aplicar esse princípio em nossas vidas.
Tempo
Quando você consagra os primeiros minutos do seu dia a Deus, o restante das horas daquele dia é redimido, abençoado e torna-se mais produtivo. Você nunca gasta tempo com Deus, você investe tempo com Ele.
Outra oportunidade de dar ao Senhor as primícias do seu tempo é quando você vai à igreja aos domingos (que é a primícia, o primeiro dia da semana) e se dedica a adorar a Deus, dar a Deus, estudar a Palavra de Deus, servir a Deus e ter comunhão com o povo de Deus. Ao fazer isso, os demais dias da semana são redimidos e abençoados por Deus. Consagre seu tempo a Deus e veja os resultados que Ele trará à sua vida, sua família e seu trabalho.
Dinheiro
Para o povo de Deus que vivia da agropecuária naquela época, sacrificar o primogênito e consagrar os primeiros frutos era um ato de fé, pois o pastor não sabia quantos bezerros iriam nascer no futuro, nem o agricultor sabia quantos frutos ele iria colher, mas por obediência a Deus, eles davam primeiro, o mais importante a Deus. Como povo de Deus nos dia de hoje, como empresários, comerciantes e profissionais liberais, temos os mesmos desafios de dar a Deus o primogênito, as primícias, os primeiros frutos, ou seja, o nosso dízimo deve ser entregue em primeiro lugar, antes de pagarmos os nossos compromissos financeiros. Isso representa um grande ato de fé e de obediência a Deus. Fazendo isso estamos declarando que ele vai redimir, abençoar e multiplicar o restante de nossas finanças. Resolva esta questão na sua vida de uma vez por todas. Faça prova de Deus e veja os milagres que Ele fará. Não tenho dúvida de que Deus abençoará grandemente todos os profissionais cristãos que são sensíveis à voz do Pai com promoções, bônus, aumentos, comissões, e grandes projetos envolvendo milhões de reais. Isso é somente para aqueles que estão focados na expansão e no avanço do Reino de Deus em nossa geração. Concluo com este pensamento meu: “Quando você coloca primeiro o mais importante, Deus se encarrega de abençoar o restante!” Lembre-se: Primeiro, o mais importante. Um grande abraço e muito sucesso!
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EDUCAçãO
Repaginando a Escola Bíblia Dominical
Pastor Lécio Dornas, especialista em educação cristã, fala sobre os desafios enfrentados pela liderança evangélica para tornar o estudo da Bíblia mais atraente aos diferentes públicos que frequentam as igrejas nos dias de hoje ROBSON MORAIS
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omo tornar o ensino dominical da Palavra de Deus mais atraente para os membros das igrejas evangélicas? Desvendar esse mistério é o objetivo do pastor, escritor mineiro e especialista em educação Lécio Dornas. Bacharel em teologia, com graduação e pós pelos institutos Haggai, Maui (EUA) e Universidade Federal do Mato Grosso, Dornas acredita que esse é o maior e mais complexo desafio da liderança cristã brasileira atual. Para ele, esse problema tende a se estender pelos próximos anos, ancorada no despreparo e na falta de ferramentas que viabilizem o estudo bíblico. O pastor quer clamar por uma visão moderna, buscando alternativas que se comprometam mais com o aprendizado de jovens e adultos dentro da Igreja através da capacitação do educador religioso. “A EBD brasileira passa por um tempo de avaliação e necessidade de ser modificada quanto à sua estrutura e ao seu funcionamento” pontua. A convite da EBF Comunicações
e do Ministério Propósitos, Dornas estará em São Paulo para ministrar no congresso “Voe Mais Alto”, nos dias 21 a 23 de setembro, paralelo à 10ª edição da Expocristã. Em entrevista à Revista Ética Cristã, o palestrante dá uma prévia do conteúdo que preparou para o evento, como a falta de investimento e a necessidade de uma linguagem mais acessível a diferentes públicos. EC - Como o senhor avalia, de modo geral, a EBd brasileira? A qualidade do ensino se mantém em alta? A EBD brasileira passa por um tempo de avaliação e pela necessidade de ser repaginada quanto à sua estrutura e ao seu funcionamento. Sua proposta é de extraordinário valor e de uma relevância cuja atualidade é inquestionável; no entanto, o cumprimento de sua missão educacional e
transformadora tem sido prejudicado exatamente por falta de atualização e contextualização. EC - o que é maior, em se tratando de EBd: a demanda ou a oferta? Qual é o principal público, hoje? É uma questão de avaliação. Se entendermos por demanda o conjunto das pessoas que estão nas igrejas, embora fora da EBD, bem como das que nem na igreja estão, posso afirmar que a demanda é muito maior que a oferta, pois não caberiam nas classes se todos votassem à EBD. Porém, se olharmos apenas os lugares vazios dentro das classes de EBD das igrejas que ainda não acordaram para a necessidade de repaginarem a
comunicar com a nova geração, sem dúvida vai crescer em relevância para ela e, por conseguinte, atrairá, ao invés de afastar a juventude.
oferecer opções novas e alternativas criativas para o estudo das Escrituras e, assim, alcançar cada vez mais pessoas.
EC - não investir em educação bíblica é o que mais afasta o jovem de hoje da igreja? A falta de investimento em educação, sem dúvida, é sempre prejudicial. Penso, inclusive, que um investimento mais sério e comprometido com a Educação Religiosa, focado na infância e adolescência, ajudaria muito na diminuição do afastamento do jovem da Igreja. No entanto, vejo que esta questão é mais abrangente, tocando essencialmente na capacidade da Igreja contemporânea de se comunicar com a nova geração. Tal comunicação requer o entendimento do comportamento, da linguagem e das necessidades espirituais e religiosas do jovem de hoje. Quando a Igreja aprender a se
EC - Há igrejas que, para dinamizar a EBd, alternam horários, locais e até mesmo dias para o ensino. Como o senhor avalia esta prática? É uma ferramenta eficaz e, se achar que é, vale tudo para não perder alunos? Quanto mais a igreja oferecer alternativas de propostas curriculares, locais, dias e horários para o estudo da Bíblia, mais pessoas vai alcançar. Trata-se mais de uma estratégia para dar a mais pessoas acesso ao estudo da Palavra de Deus do que de uma ferramenta.Penso que todos os esforços devem ser feitos para que alunos não sejam perdidos, como também para que novos sejam ganhos. A Igreja deve ser incansável em
EC - Aos que ainda têm dificuldade em manter um ensino forte e com um público grande, o que o senhor recomenda? Quais os erros e quais os melhores caminhos para quem quer investir mais em EBd? Penso que os pontos mais importantes são: foco na capacitação e no preparo dos professores, investimento em recursos viabilizadores de melhoria de ensino, planejamento educacional que contemple alternativas que sejam do interesse dos membros da Igreja, adoção de uma política orçamentária que contemple de forma significativa a tarefa educacional e, por fim, uma ação pastoral incentivadora e apoiadora à proposta da EBD.
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maior escola do mundo, podemos concluir que a oferta é maior que a demanda. Particularmente, prefiro a primeira avaliação.
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LIDERANÇA
russel Shedd
Russell P. Shedd,
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PhD em Novo Testamento pela Universidade de Edimburgo, Escócia, fundou a Edições Vida Nova há 50 anos e é consultor da Shedd Publicações. Como missionário da Missão Batista Conservadora viaja pelo Brasil e o mundo palestrando em conferências, seminários e congressos.
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O Caráter Cristão e a Vitória sobre o Pecado
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queda de Adão e Eva desfigurou, moralmente, os seus descendentes, que vivem em contradição consigo mesmo e com a sociedade na qual estão inseridos; nenhuma outra criatura sofre conseqüências tão devastadoras e destrutivas. Criado à imagem de Deus, o ser humano foi feito para refletir a glória do Criador. Mas a maioria das pessoas pensa que seus avanços e conquistas são de sua própria capacidade. Sua inveja e avareza são notórias, o que promove guerras e matanças. “Donde vêm guerras e contendas, que há entre vocês? Não vêm das paixões que guerreiam dentro de vocês? Vocês cobiçam coisas, e não as têm; matam e invejam, mas não conseguem obter o que desejam”. Estas palavras de Tiago, meio-irmão de Jesus, descrevem a realidade que caracterizam os herdeiros da natureza pecaminosa de Adão. Mas o intrigante fato é que, mesmo reconhecendo o caráter defeituoso, almejamos ser íntegros, confiáveis, amáveis, benevolentes e generosos. O cristão, receptor do Espírito de Deus pelo novo nascimento, deve buscar ser um indivíduo que reflita a imagem que Deus deu ao primeiro casal. Mas os escândalos e decepções com cristãos mancham as páginas da história. J. Goforth afirmou que todos os pecados cometidos fora da Igreja se encontram dentro dela, mas talvez com menos intensidade. Qual seria o problema? Menciono apenas quatro. 1.A soberba: a autoestima não permite que nós nos avaliemos honestamente. Aos nossos olhos, somos pessoas boas, agradáveis, bem intencionadas, honestas e justas. Nós não nos comparamos aos outros, pensando que somos piores do que eles. “Perdoe nossos muitos pecados” é um pedido repetido, porém, sem se mencionar nenhum deles! 2.Liberdade sexual: a censura acabou há muitos anos, quando o governo militar deixou o poder. O sexo tornou-se veículo de propaganda comercial. O efeito deste assalto ao pudor deve
ser não apenas tentação, mas pecado. Jesus nos advertiu: “Qualquer que olhar para uma mulher e desejá-la cometeu adultério com ela no seu coração”. 3. Honestidade financeira: o caráter do cristão revela-se no modo que ele zela pelas riquezas alheias. Paulo tinha grande receio de ser acusado de roubar a oferta que as igrejas da Grécia levantaram para os necessitados da Judéia; pedia que as igrejas mandassem representantes para acompanhá-lo. Não foi somente Judas que aproveitou a confiança dos discípulos para roubar do fundo de manutenção deles. Paulo escreveu para os coríntios dizendo: “ao contrário de muitos, não negociamos a palavra de Deus visando lucro; antes, em Cristo, falamos diante de Deus com sinceridade, como homens enviados por Deus”. 4. Autodefesa: evitar admissão de culpa e esconder os pecados não condiz com a vida transformada pela fé salvadora. Andar na luz e confessar transgressão foi o caminho que Davi tomou quando o profeta Natã o confrontou com o caso de Bate-seba. Creio que é mais comum rebater o confronto direto de algum deslize sério com mentiras ou tentativas de se desculpar. Mesmo quando se admite um pecado condenável, o culpado se defende, tentando minimizar a gravidade da ofensa. “A doutrina bíblica do arrependimento parte do fato de que todo pecado é uma grave afronta a Deus,” diz o escritor Richard Owen Roberts em Arrependimento – a Primeira Palavra do Evangelho (Shedd Publicações, 2011). Conclusão Não sei se nossos dias são mais pecaminosos do que os tempos passados. Uma verdade pode ser afirmada sem perigo de contradição: um caráter que não foi formado no sólido fundamento da Bíblia não vencerá os assaltos que as tentações modernas lançam na cara dos mal preparados. Pais cristãos, pastores e professores da EBD têm um cargo sagrado de prevenir filhos, membros e alunos sobre os perigos que os rodeiam.
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POLÍTICA
Nova organização
político-cristã se estabelece no país A recente criação da Associação dos Parlamentares Evangélicos do Brasil sinaliza que – apesar da oposição - medidas estão sendo tomadas pelo segmento para intensificação de sua representatividade política
CYNTHIA FERREIRA
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u Pastor Wilton Acosta é presidente da FENASP
o dia 25 de agosto passado, a Frente Parlamentar Evangélica do Distrito Federal presidida pela deputada Celina Leão, PMN, recepcionou o Encontro Nacional de Parlamentares Evangélicos na Câmara Distrital em Brasília, num evento promovido pelo Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e Política (FENASP). Como medida prática desse encontro, o Estatuto da Associação foi definido, bem como seu calendário de eventos para os próximos meses. A presidência ficou a cargo do deputado evangélico Antônio dos Santos de Sergipe, e nas vice-presidências regionais os deputados Gilson, no Sul, Sargento Isidoro na região Nordeste, Vanderlei na Região Norte e o professor Rinaldo Dalas com a Região Centro oeste. A proposta é a de que associação agregue e mobilize os parlamentares evangélicos na construção de uma agenda estratégica e integrada que sirva de baliza para as proposições em todas as casas
u Encontro Nacional dos parlamentares evangélicos na Câmara Distrital em Brasília (DF)
legislativas do país, “uma iniciativa arrojada do FENASP que certamente trará ainda mais unidade e força política ao segmento”, afirma o ex-deputado e um dos idealizadores do Fórum, bispo Rodovalho. O Fórum atua entre a mobilização popular e a interlocução entre os parlamentares na busca de ações para a verticalização das articulações na defesa dos princípios cristãos na sociedade brasileira. “Há uma necessidade de desencadearmos uma ação conjunta de defesa dos valores cristãos em todos os cantos desse país”, afirma o recém-eleito presidente da APEB, deputado Antônio dos Santos. O papel do FENASP é o de levar as grandes decisões de temas relevantes como a defesa da Família e da Vida para o âmbito estadual. “Interiorizar essas discussões e levar as Câmaras Legislativas e Municipais a discutirem essas problemáticas têm sido a nossa missão e o nosso desafio”, garante seu presidente, o pastor Wilton Acosta. Ele ainda destaca o preparo e a representatividade da bancada evangélica na Câmara dos Deputados. “O segmento cristão evangélico está muito bem preparado e sua bancada conta hoje com mais de 70 deputados federais, 3 senadores da República e sua re-
PRECONCEITO E dISCRIMINAçãO
Mas nem tudo são flores, especialmente
Forças contrárias a essas representações religiosas se levantam
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presentação é legítima nas duas Casas”, acrescenta. O Fórum tem um raio de abrangência focado no debate e como agente influenciador na conscientização dos líderes religiosos, e também dos parlamentares em todo o país.
em política. Forças contrárias a essas representações religiosas se levantam. Em recente declaração, a subprocuradora do município de São Paulo em Brasília, Simone Coutinho, defendeu a reforma no código eleitoral que acabaria com as bancadas católica e evangélica no Congresso Nacional e também com as representações religiosas, ainda que informais. Segundo ela, “num Estado laico todo poder emana da vontade do ser humano, e não da ideia que se tenha sobre a vontade dos deuses ou dos sacerdotes”, declarou. “Se o poder emana do ser humano, o direito do Estado também dele emana e em seu nome há de ser exercido. Por isso, o interesse público jamais poderá ser aferido segundo sentimentos ou ideias religiosas, ainda que se trate da religião da grande maioria da população”, argumenta Coutinho. Coincidência ou não, o inconsistente rompante jurídico da subprocuradora ocorreu justamente na semana em que o PL 1135/91, que descriminalizava o aborto foi finalmente extinto após o término do prazo para apresen
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POLÍTICA
Cabe ao povo evangélico assumir a responsabilidade pelo fortalecimento desta ação conjunta do FENASP e da APEB u Encontro de Parlamentares Cristãos
u Dep. Joáo Campos, Presidente da Frente Parlamentar Evangélica
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tação de recurso. E não por coincidência foi exatamente esse projeto, um dos mais combatidos pela bancada cristã, católica e evangélica, e outras bancadas, durante todos os anos de sua moribunda e mal fadada existência. O deputado federal João Campos, PSDB/ GO, presidente da Frente Parlamentar Evangélica, comentou as declarações da subprocuradora de São Paulo, “são absurdamente preconceituosas e discriminatórias, e o seu desejo é excluir da vida política brasileira os cidadãos religiosos do país. Uma atitude lamentável que não reverbera na sociedade, já que 99% da população brasileira tem formação religiosa, seja ela católica, evangélica, espírita ou de outras religiões, e invocar o princípio da laicidade do Estado para isso é ausência de argumento e da verdadeira compreensão do significado do Estado Laico. Não prospera”. Para Wilton Acosta do FENASP, “vale lembrar que o Estado é laico, mas não ateu, e as bancadas religiosas são tão legítimas quanto
qualquer outra. No plano democrático, devem possuir a mesma voz, já que estão balizadas nos valores constitucionais”. Com o objetivo de defender e trazer à luz uma posição profética e pública em defesa dos valores do Reino de Deus para com o Governo, o Congresso Nacional e a opinião pública em geral, o FENASP vem atuando de forma decisiva para cumprir sua missão. Suas bandeiras são a luta contra a legalização do Aborto, o combate às Drogas, o combate à Lei da Mordaça, PLC122 e a Homofobia, o Infanticídio indígena, a Liberdade Religiosa, Pedofilia, Pornografia bem como o combate a toda forma de Violência e ainda a promoção de seminários e simpósios para o debate de temas relevantes na conscientização da sociedade em torno de sua responsabilidade política. Cabe ao povo evangélico, pastores e líderes do rebanho assumir a responsabilidade pelo fortalecimento desta ação conjunta do FENASP e da APEB. Afinal, juntos se pode ser muito mais forte!
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LIDERANçA
Líderes para
transformar a Nação Congresso ‘Voe Mais Alto’ quer capacitar a liderança a lidar com os desafios da nova Igreja evangélica brasileira
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VINíCIuS CINTRA
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Com o objetivo de capacitar líderes e empresários evangélicos a lidar com um número cada vez maior de fieis, a EBF Comunicações, em parceria com o Ministério ‘Propósitos’ e com a produtora e editora Inspire, promovem a quarta edição do congresso ‘Voe Mais Alto’, nos dias 21, 22 e 23 de setembro. O evento que acontecerá durante a 10ª Expocristã, tem como tema ‘Líderes para transformar a Nação’ e pretende abordar assuntos como o posicionamento de líderes, gestão de negócios e até mesmo a sua relação familiar. Seis palestrantes versarão sobre as temáticas ‘Restaurando a Família’, ‘Restaurando a Espiritualidade’ e ‘Restaurando a Vida’ e alertarão os ouvintes sobre os cuidados que a igreja e o líder devem ter em suas vidas ministeriais, profissionais e pessoais. Entre os preletores estão especialistas como o professor Menegatti, especialista em desenvolvimento humano, reverendo Hernandes Dias Lopes, escritor e presidente da Comissão Nacional de Evangelização da Igreja Presbiteriana do Brasil e Carlito Paes, mestre e doutor em teologia. As palestras, no entanto, não são os únicos atrativos do congresso que
terá momentos de louvor em todos os dias de evento, com cantores ainda não confirmados pela organização. A cada dia, duas plenárias serão realizadas, a primeira entre as 14h30 e 15h30 e a segunda entre as 16hs e 17hs. Oficinas de aprimoramento ministradas pela equipe da ‘Inspire’ serão realizadas ao longo dos três dias. Carlito Paes, pastor sênior da Primeira Igreja Batista em São José dos Campos (SP), e um dos preletores, preocupa-se com a nova realidade do evangelismo. “Precisamos de uma liderança preparada e essa conferência vai ao encontro dessa necessidade. Queremos que os líderes despertem para um impacto maior na sociedade e que esse seja um tempo de renovação e preparação nas áreas espiritual, relacional e ministerial”, declara o pastor. Segundo o professor Menegatti, um dos maiores conferencistas no desenvolvimento do potencial humano no Brasil, um bom líder precisa ser admirado e causar inspiração. “Não podemos nos esquecer de preparar novos talentos que assumam o seu lugar quando forem promovidos. Temos que capacitar o empresariado cristão, que cada vez mais necessita de informação e conhecimento para gerir seus negócios
com bons resultados”, afirma.
ESPECIAlIdAdES
Durante o ‘Voe Mais Alto’ cada preletor estará voltado a uma temática distinta, condizente com a sua especialidade. No dia 21, dentro da temática ‘Restaurando a Vida’, o pastor Carlito Paes falará sobre liderança ao público presente. O professor Menegatti, por sua vez, versará sobre gestão e liderança. Já para o segundo dia, 22, sob a temática ‘Restaurando a Espiritualidade’ falarão o reverendo Hernandes Dias Lopes e, em seguida, Lécio Dornas, especialista em gestão de Escolas Bíblicas Dominicais. Ele ressaltará as mudanças e os obstáculos que a igreja e as EBDs enfrentam, como a falta de investimento e estrutura, salas de aulas vazias, líderes despreparados, linguagem inacessível aos públicos de diversas idades entre outros pontos que serão debatidos durante o segundo dia do evento. No dia 23, terceiro e último dia de congresso, será a vez do Pr. Cláudio Duarte, conferencista e presbítero da Igreja Batista Monte Hermom no Rio de Janeiro, e de Josué Gonçalves, terapeuta familiar e líder do ministério ‘Família Debaixo da Graça’ que trabalharão a temática ‘Restaurando a Família’.
Conferencistas / Congresso Vôe Mais Alto CARlITO PAES Natural de Macaé (RJ), bacharel, mestre e doutor em teologia. Conferencista e pastor sênior da Primeira Igreja Batista de São José dos Campos (SP), fundador e presidente do Ministério Propósitos. Casado com Leila, Carlito é pai de quatro filhos. Fez diversos cursos de atualização ministerial no Brasil e nos EUA. Tem três livros publicados pela editora Vida e três pela editora Inspire.
CláudIO duARTE Conferencista e pregador, membro da Igreja Batista Monte Hermom no Rio de Janeiro, casado com Jane Mary, pai de Caio e Felipe. É conhecido pelas suas palestras bem-humoradas. É uma das grandes vozes para a restauração de vidas a partir de uma revelação através de textos bíblicos.
REVERENdO HERNANdES lÉCIO dORNAS Especialista em Escola Bíblia Dominical, ele é graduado e pós-graduado pelos institutos Haggai Institute Maui (EUA) e Universidade Federal do Mato Grosso, teólogo, educador, escritor, facilitador em programas de formação de liderança e de docência.
dIAS lOPES
Autor de mais de 90 livros, ele é graduado em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul em Campinas, SP e doutor em Ministério pelo Reformed Theological Seminary, Mississippi, EUA. Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Vitória desde 1985, tem atuado como conferencista e pregador em congressos e cruzadas por todo o Brasil, Canadá e Estados Unidos. Além disso, preside o Presbitério Central do Espírito Santo e também a Comissão Nacional de Evangelização da Igreja Presbiteriana do Brasil.
PROFESSOR MENEGATTI jOSuÉ GONçAlVES Terapeuta familiar, pastor sênior do Ministério Família Debaixo da Graça – da Assembleia de Deus em Bragança Paulista (SP) é membro da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) e da Associação Evangélica Brasileira (AEVB). Bacharel em teologia pelo Instituto Bíblico das Assembleias de Deus (IBAD), com especialização em aconselhamento pastoral e terapia de casais. Exerce um ministério específico com famílias desde 1990. Como conferencista internacional, jã ministrou em países como, Japão, Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Portugal, e Alemanha.
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Considerado um dos maiores conferencistas no desenvolvimento do potencial humano, é um expert em desempenho de alto nível e palestrante em Vendas, Motivação e Liderança. É autor de vários livros e DVD´s, entre eles estão o livro “Talento - É fazer coisas comuns de forma extraordinária”, CD “O Líder Influenciador” e o DVD “Campeão de Vendas”. Administrador de empresas, pós-graduado em Produtividade e Qualidade Total, MBA em Gestão Empresarial. Atuou como professor em cursos de graduação e pós-graduação nas cadeiras de Administração de Serviços e Gestão do Capital Humano. Foi presidente da Associação Catarinense de Supermercados, o 4º maior PIB do setor no Brasil.
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ÉTICA
lourenço Stelio rega
Lourenço Stelio Rega
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é teólogo, licenciado em Filosofia, especialista em Ética Teológica, mestre em Educação, doutor em Ciência da Religião e diretor geral da Faculdade Batista de São Paulo/SP
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A ética irresistível da natureza Quando o instinto fala mais alto
O
utro dia, fui indagado sobre a atitude de uma funcionária: ela foi demitida de uma organização e estava, depois disso, ameaçando entrar com um processo na Justiça do Trabalho porque, num período emergencial, teve de cumprir atividades que não faziam parte de sua rotina. Em outro contexto, lembrei-me também dos saques ocorridos no Chile após o terremoto e do espanto geral das autoridades, que tentavam entender essa conduta. Ambos os casos parecem-me exemplos de pessoas orientadas pelos impulsos da natureza ao invés de princípios éticos. No primeiro caso, ainda que houvesse cobertura legal para a exigência daquela funcionária, por que ela só veio reclamar da situação após a sua demissão? Seria uma espécie de vingança? No caso dos saques, as pessoas viram que as lojas estavam desprotegidas e, diante da ameaça do desabastecimento, invadiram a propriedade alheia, saquearam e roubaram. O ser humano, ainda que deseje fazer o bem, acaba não tendo sucesso, na maioria das vezes. Na teologia, dizemos que as pessoas possuem uma natureza má, pecaminosa, orientada pela própria naJá imaginou como Sentimentos como inveja, será a vida e o ambiente de tureza. inimizade, ciúme, ira, dissensão e trabalho se cada um fizer o vingança confirmam essa ideia. Na época dos saques no Chile, um soque venha à cabeça? ciólogo afirmou que qualquer sueco que estivesse na mesma situação saquearia Estocolmo sem pensar duas vezes; ou seja, a tragédia mostra que,
“
”
no fundo, somos iguais. Quando uma pessoa é orientada por princípios elevados, acaba desenvolvendo sentimentos como amor, alegria, paz, bondade, lealdade, mansidão, tolerância, cooperação e compreensão. Em uma situação de crise, se há princípios, estes devem falar mais alto do que os instintos da natureza. Na reportagem citada, um técnico metalúrgico relatou que não participou dos saques e que passou fome, alegando que não poderia dar aquele exemplo a seus filhos. Havia nele um princípio maior do que o seu instinto: a necessidade de ajudar a construir um sadio e ético futuro para seus descendentes. Já imaginou como será a vida e o ambiente de trabalho se cada um fizer o que venha à cabeça? Todo dia será uma “caixinha de surpresas”. O ambiente se tornará rancoroso, uma verdadeira guerra de egos inflacionados. O desafio é conseguir o equilíbrio, por meio do estabelecimento de princípios norteadores dos interesses e da conduta de todos, seja qual for sua posição hierárquica. Quando cada um coloca como impulsor elevados ideais de conduta, o ambiente se torna menos insalubre e mais habitável; basta a pressão do trabalho e problemas diários. Precisamos de paz, segurança, compreensão e tranquilidade para viver. Você é orientado pelos seus instintos ou por princípios?
CULTURA
Produção evangélica na telona
dA REdAçãO
Depois de uma grande leva de filmes com temáticas espíritas, chegou a vez dos evangélicos mostrarem que também podem reproduzir conteúdo cristão nas telonas do Brasil. Prova disso é que em outubro deste ano, entra em cartaz na rede Cinemark o filme “Poema de Salvação”, uma produção mexicana, filmada na Argentina e dirigida pela Canzion Films - braço cinematográfico do Grupo Canzion - que conta a verdadeira história de Pablo Olivares. Pablo Olivares é um menino talentoso e inquieto, nascido em uma família cristã. Sua mãe, Carmem, dedica todo seu tempo a educá-lo de acordo com os princípios bíblicos, cultivando nele desde pequeno o amor pela música. Roberto, seu pai, dedica-se principalmente aos negócios, mantendo-se distante da vida de Pablo. Diante da ausência emocional de seu pai, Pablo se junta com amigos que o apresentam ao mundo do rock’n’roll e ele começa a se sentir atraído pelo ocultismo. Sua habilidade para a música se torna evidente e embora Carmem acredite em seu talento, o rock é uma questão que ela não apoiará. Carmem tenta de tudo para restabelecer o relacionamento com seu filho e, fiel a seus princípios, ora incessantemente por ele durante quatorze anos. O constante confronto entre Pablo e sua mãe logo deixa de ser uma questão meramente familiar e se transforma em um campo de batalha pela salvação do jovem. Um drama inspirado em
uma história real, filmado na Argentina, do diretor Arturo Allen (dos curta-metragens “Bandeira Branca” e “Não se Renda”). Para Marcos Witt, fundador do grupo, essa é uma oportunidade única para os evangélicos. “Quem disse que nós, cristãos, não podemos conquistar o cinema? Quem disse que não podemos utilizar esse meio para compartilhar nossa poderosa mensagem de salvação? Este é o meio perfeito para esta geração, porque esta é uma geração audiovisual, que quer experimentar, ver”, afirmou. O lançamento do filme será no dia 30 de setembro, com pré-estreia anunciada para o dia 23, apenas para convidados. O filme, lançado em 2009, já foi exibido em diversos países da América Latina e EUA, atingindo um público superior a 500 mil pessoas. No Brasil, a expectativa é que seja exibido, em primeiro lugar, nas salas da cidade de São Paulo, e, em breve, nas principais capitais do Brasil.
SITE: www.poemadesalvacion.com.ar/po TRAILER: http://youtu.be/naVtzRTal0w TEASER: http://youtu.be/Gy8hUKaphTU FACEBOOK: http://migre.me/5CYtO TWITTER: @PoemadeSalvacao
DESTAQUES SOBRE FILMES, LIVROS, CDS, DVDS E PEÇAS TEATRAIS QUE ENRIQUECEM O CENÁRIO DA CULTURA GOSPEL NO BRASIL E NO MUNDO.
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Começando por São Paulo, salas Cinemark exibem, a partir do dia 30 de setembro, a película “Poema de Salvação”, um filme, dirigido pela CanZion Films, que conta a verdadeira história do cantor argentino Pablo Olivares
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CULTURA
Fernando Garros
dEuS NãO ESTá EM SIlêNCIO
TATuAGENS dE A - Z AD SANTOS EDITORA / 147 págs.
EDITORA FIEL / 164 págs.
AUTOR
AUTOR
AUTOR
DO QUE TRATA?
DO QUE TRATA?
POR QUE LER?
POR QUE LER
A OBSERVAR
A OBSERVAR
O QuE É O EVANGElHO?
Editora Fiel / 181 págs.
R. Alberto Mohler Jr. é presidente do Southern Baptist Seminary, a principal escola teológica da Convenção Batista do sul dos Estados Unidos e o maior seminário do mundo. É um dos mais importantes pregadores do Evangelho no mundo. Tem sido citado nos principais órgãos da imprensa americana.
DO QUE TRATA?
Este livro trata da pregação expositiva, uma prática que,tem sido relegada ao desprezo pela maioria dos ministradores da Palavra. Seu objetivo é mostrar a falácia catastrófica de pregar segundo a necessidade das pessoas. Somente a exposição do Evangelho em sua essência e significado pode provocar a transformação do pecador.
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POR QUE LER?
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A leitura deste livro confronta a superficialidade e a falta de conteúdo verdadeiramente bíblico da pregação contemporânea. É uma advertência aos pastores e demais divulgadores do Evangelho para que estes não abandonem a confiança na Palavra de Deus, para que não se tornem obcecados pelo uso da tecnologia e para que sejam fiéis ao texto bíblico.
A OBSERVAR
O autor enfatiza a necessidade de usar o método antigo da pregação, quando o texto era explicado com a finalidade de ser aplicado, em contraste à tendência moderna de apenas aplicá-lo. Outra preocupação é com a centralidade da Palavra de Deus no culto, substituída por programas para atrair e divertir as pessoas.
TRECHO
“A pregação que evita o texto e a verdade bíblica fica aquém de qualquer coisa que se possa chamar de pregação cristã. O pregador cristão tem de confrontar a congregação com a Palavra de Deus. Essa confrontação será, às vezes, desagradável, desafiante e difícil.”
Alex Costa é pastor e ex-tatuador. É conhecido como “Pastor tatuado’ e tem 80 por cento do corpo coberto por tatuagens coloridas, mais precisamente 170 tatuagens. Formado em jornalismo, hoje desenvolve um atuante ministério bíblico, principalmente junto aos jovens.
O livro mostra uma ampla abordagem sobre a história da tatuagem, os significados históricos, artísticos e ocultos de cada desenho, onde e por quem os mesmos são usados. Como alguém que realmente entende do assunto, ele mostra os perigos que a prática traz se não forem tomados os cuidados necessários.
Este livro traz, mais do que conhecimento, uma reflexão poderosa para quem se interessa no assunto ou pensa em fazer tatuagem. Ele responde a perguntas como: Por que marcar o corpo exerce tanto fascínio? Por que tatuar-se? Porque escolher não seguir por este caminho? Quais são as consequências e quais precauções são necessárias?
O texto é claro e sem rodeios, apresentando uma leitura envolvente e até divertida. Grande parte dos símbolos e dos desenhos, além de descritos objetivamente, trazem ilustrações muito bem-feitas, o que esclarece ainda mais o leitor. Observe também o cuidado do autor em deixar que o leitor tire suas próprias conclusões sobre o assunto.
TRECHO
“A tatuagem sempre foi uma maneira de comunicação, afinal, desde que o mundo é mundo, o homem marca o corpo seja para demonstrar sentimentos, crenças ou para diferenciarem-se em tribos, clãs e grupos determinados.”
Greg Gilbert é pastor na Igreja Batista de Lousville, Kentucki (EUA). É formado pela Universidade de Yale e mestre em Divindades pelo Seminário do Sul. Tem se notabilizado por pregar uma mensagem fiel e totalmente bíblica, centralizada na pessoa de Jesus Cristo.
O livro procura responder, de forma clara, a pergunta feita no título. É uma explicação fiel do verdadeiro Evangelho, uma vez que defende a tese de que a melhor maneira de se conhecer o falso é conhecendo o verdadeiro. O Evangelho tem sido deturpado por desvios de todos os tipos. Esta obra procura alertar esta geração sobre esta realidade.
A leitura deste livro leva à compreensão, tanto da natureza teológica quanto da aplicação funcional do Evangelho. Sem perder tempo refutando as falsificações, o autor vai direto ao ponto, mostrando a essência da mensagem de Jesus, que apresenta o ser humano como pecador, necessitado da misericórdia e do perdão de Deus.
Gilbert apresenta um velho tema com nova roupagem, por causa das inovações na mensagem do Evangelho. A descaracterização da mensagem de Jesus, segundo o autor, é tamanha, que o verdadeiro parece falso e o falso parece verdadeiro.
TRECHO
“Infelizmente, essa doutrina da substituição talvez seja uma parte do Evangelho cristão que o mundo mais odeia. As pessoas não gostam da ideia de que Jesus foi punido pelos pecados de outras pessoas.”
O ATEíSMO CRISTãO
EDITORA MUNDO CRISTÃO / 192 pags.
QuEM É jESuS?
SHEDD PUBLICAÇÕES / 131 pags.
IRMãOS, NÓS NãO SOMOS PROFISSIONAIS SHEDD PUBLICAÇÕES / 280 pags.
AUTOR
AUTOR
DO QUE TRATA?
DO QUE TRATA?
POR QUE LER?
POR QUE LER?
Para quem deseja estar pronto a responder sobre conceitos equivocados a respeito da pessoa de Jesus, esse livro é indispensável: é difícil encontrar uma obra que seja simples e, ao mesmo tempo, traga riquezas de detalhes bíblicos e teológicos, além de elucidativos sobre Cristo.
O livro é dirigido especialmente a pastores e pregadores do Evangelho. Em uma época de profissionalização de ministério pastoral, quando há um desprezo aparente de grande parte dos novos ministros pela formação teológica, esta obra lança o desafio de resgatar a seriedade da formação e do chamado ao ministério.
A OBSERVAR
A OBSERVAR
A OBSERVAR
TRECHO
TRECHO
TRECHO
Augustus Nicodemus é pastor presbiteriano. É bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte (Recife), mestre em Novo Testamento pela Universidade de Potchefstroom (África do Sul) e doutor em Interpretação Bíblica pelo Westminster Theological Seminary. Atualmente, é chanceler da Universidade Presbiteriana Masckenzie.
DO QUE TRATA?
É uma coletânea de artigos publicados no conhecido blogue O tempora! O mores! A exceção é o capitulo que serve de título ao livro. O autor aborda e combate os desvios doutrinários que nos últimos anos tem assolado e confundido boa parte da Igreja Evangélica no Brasil. Nicodemus aponta os erros e diz onde está a verdade a ser crida e seguida.
POR QUE LER?
É uma obra fundamental para entender as últimas tendências da Igreja. Em cada capítulo, o autor aborda um tema que considera como um desvio doutrinário: neopentecostalismo, neo-ortodoxia, liberalismo teológico, teologia relativista, neo- calvinismo, fundamentalismo, neo-puritanismo e culto artítistico.
Em cada página do livro, vemos a coragem do autor em se posicionar, não ficando neutro e nem seguindo a tendência atual dos autores, de agradar a todos. Os textos são contundentes, provocativos e esclarecedores, além de muito bem fundamentados teologicamente.
“Os ateus cristãos (ou seria melhor cristãos ateus?), por uma questão de coerência, não deveriam orar, mas simplesmente meditar. Não deveriam adorar e louvar, mas entrar em transe. Não deveriam agradecer, mas congratular-se consigo mesmo.”
Gerald Bray é professor de Teologia da Beeson Divinity School, (Alabama, EUA) e autor de obras importantes como Teu Reino: uma teologia sistemática da oração do Pai Nosso (Shedd Publicações) e também de A Doutrina de Deus (Ed. Cultura Cristã), sendo responsável pela série Teologia Cristã da mesma editora.
Tenta responder à pergunta mais significativa do cristianismo, “Quem é Jesus?”, tantas vezes mal respondida, principalmente pela mídia secular e as ditas “pesquisas cientificas”. De uma forma resumida, porém densa e profunda, narra os principais fundamentos da vida de Jesus.
O texto é muito objetivo. De uma forma enxuta e bem escrita, o autor dá uma aula sobre o tema. Sem perder-se em especulações, vai direto ao ponto ao abordar assuntos que parecem de conhecimento de todos mas que, no entanto, precisam ser revisitados.
“ O acesso a seu poder salvador é franqueado a todo aquele que crê, mas uma parte vital dessa crença é o reconhecimento de que somos pecadores necessitados de perdão, não só pessoas perdidas, isoladas, que esperam por um abraço da parte de Deus”.
Um dos autores mais lidos da atualidade no cenário evangélico, John Piper é pastor da Bethlehen Baptist Churh de Mineapolis, Minnesota (EUA), desde 1980. Obteve o título de doutor em Teologia na Universidade de Munique, Alemanha. É autor de mais de 30 livros, dentre eles A supremacia de Deus na Pregação e A Teologia da Alegria.
Piper, com grande profundidade e solidez bíblica, faz um apelo aos pregadores para que sejam fiéis ao seu chamado, a partir dos fundamentos da teologia ministerial, da espiritualidade evangélica, da oração e da pregação, para que estes não se deixem seduzir pelos resultados fáceis, pelo status ou pelo desejo de popularidade.
Deve-se atentar aos temas tratados, que são de grande importância para o ministério pastoral e para a prática da pregação. Em tempos de obras pragmáticas e superficiais, este livro pode renovar a paixão pela arte de pregar o Evangelho.
“Uma das maiores tragédias enfrentadas atualmente pela Igreja é a depreciação do serviço pastoral. Dos seminários às sedes das denominações, só se ouve falar de gerenciamento, organização e psicologia. E ainda queremos elevar nossa autoestima profissional!”
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AUTOR
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CULTURA
lançamentos CdS DEIGMA MARQUES QUE ELE CRESÇA / ONIMUSIC
São 11 faixas. Gravadas num clima ao vivo, sendo seis de autores diversos, três de Deigma Marques e uma regravação da clássica “Grandioso És Tu”, um hino que está presente na memória de todo bom evangélico.
OS GAUCHINHOS DE DEUS MINHAS CANÇÕES / Graça Music
Além da velha e boa moda de viola, Denian e Dianini incrementaram o disco com uma roupagem mais moderna, que lembra bem o estilo sertanejo universitário. O CD Minhas canções conta com 12 faixas, com destaque para “Bom demais”, “Me libertou” e “Jesus é lindo.”
DAVI FANTAZZINI
MINHAS CANÇÕES / Graça Music
Dois anos após o sucesso de seu álbum de estreia, Fantazzini lança seu segundo disco, Minhas canções. Neste projeto, David interpreta 12 canções escritas pelo Missionário R.R. Soares. Destaque para as faixas “A cada dia mais”, “Fé e coragem” e “Vou confiar em Jesus.”
JOE VASCONCELOS É t i c a c r i s t ã • S E T E M B R O / O U T U B R O • 2011
SEMPRE CONFIAREI
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Primeiro álbum pela Graça Music, Sempre Confiarei foi produzido por ninguém menos do que Paulo César Baruk. São 13 faixas e duas participações especiais: Chris Durán, na faixa “Único, e Baruk, na faixa Tua presença”. Destaque para “Sempre confiarei”, faixa que dá título ao CD, “Tu és maior” e “Free at last”, em inglês.
EDU PORTO
DEUS CONHECE MINHA VOZ / Line Records
Primeiro trabalho de Edu Porto, que se tornou conhecido nacionalmente ao participar dos programas de TV “Qual é o Seu Talento”, “Gente Que Brilha” e “Tem Um Cantor Gospel Lá em Casa”, o álbum vem com 12 canções compostas pelo próprio intérprete. Alguns dos carros-chefes são: “Fiel é o Que Prometeu”, cotada para ser a primeira música de trabalho, “Seja Adorado” e “Vou Clamar.
THALLES
UMA HISTÓRIA ESCRITA PELO DEDO DE DEUS Graça Music
Depois do sucesso de seu trabalho de estreia no gospel (Na Sala do Pai teve 100mil cópias vendidas do CD e 25 mil cópias do DVD), Thalles lança agora seu primeiro registro ao vivo. Uma história escrita pelo dedo de Deus foi uma superprodução gravada no Chevrolet Hall, diante de mais de 5600 pessoas. Ao todo, foram 23 canções, entre inéditas e regravações, além de duas participações especiais: a de André Valadão, na música “Deus me ama”, e de Gabriela Rocha, na faixa “Nada além de Ti”. Imperdível, um dos melhores trabalhos ao vivo dos últimos anos.
KIM
ACÚSTICO (KIM) Line Records
O fim anunciado da Catedral deu espaço para que Kim produzisse o que mais sabe fazer. O álbum conta com seis músicas inéditas e regravações de grandes sucessos do cantor, como “O Amor Eterno”, “Ontem” e “Gratidão”, além de “Teus Preceitos”, da banda Sinal de Alerta. Como não poderia faltar em um projeto de Kim, o CD também traz músicas românticas e inova com faixas no estilo sertanejo universitário, como “A Hora é Essa” e “Declaração de Amor”. Na opinião do cantor, o trabalho é especial por ter nascido durante um período em que teve a oportunidade de estreitar ainda mais seu relacionamento com Deus. Uma das bandas mais bem-sucedidas do gospel nacional.
DISCOPRAISE
COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ Graça Music
Uma das bandas pop mais celebradas do gospel no Brasil lança Como se não houvesse amanhã. As canções mesclam adoração e músicas de celebração, algumas com pitadas bem disco, fazendo uma referência à música dos anos 70. A produção do CD, mais uma vez, ficou a cargo do maestro Ruben di Souza, que já havia produzido os discos anteriores da DP. A canção “Tudo o que eu amo está em Ti”, a primeira de trabalho do novo CD, já roda nas principais rádios do país. Sem dúvida, mais um trabalho do Discopraise que tem tudo para emplacar nos iPods de quem gosta de dance music pop de qualidade, moderno e bem produzido.
ExpoCristã 2011 DOUGLAS BALMANT CASSIANE
AO SOM DOS LOUVORES Sony Music
Oito milhões de discos vendidos ao longo de 30 anos de carreira credenciam Cassiane como uma das maiores representantes do louvor pentecostal ou gospel tradicional brasileiro, e talvez uma das responsáveis pela construção estética do gênero. Agora, Cassiane lança seu mais novo trabalho, o álbum “Ao Som dos Louvores”, com repertório totalmente inédito e identificado com o estilo que a consagrou. A canção “Gritai”, single deste álbum, já está entre as mais pedidas nas rádios do Brasil. Mais do mesmo e, por isso mesmo, mais um candidato ao sucesso na carreira de Cassiane
JULIANO SON & LIVRES PARA ADORAR MAIS UM DIA OniMusic
Hoje, um dos mais populares grupos de adoração, Livres Para Adorar, de Juliano Son, lança seu mais novo trabalho, intitulado Mais um dia. Como aperitivo, a banda divulgou a música “O Ladrão em Mim” - uma forte canção, pegajosa e muito bem-feita. Na internet, rapidamente se tornou um hit. No twitter da banda, também há um post que faz referência ao conteúdo da canção: “Nos identificamos com o ladrão crucificado junto ao Senhor e com a experiência que ele viveu junto ao Pai.”
SÓ TU ÉS / IVC Comunicação
Produzido no melhor do estilo pop/worship, o álbum,produzido por Rodrigo Soeiro, marca a estreia do intérprete. Foi gravado nos estúdios Tonelada e Salluz, em São Paulo, e tem a participação de Helena Tannure, Coral Resgate e Pregador Luo. Um belo trabalho, que tem tudo para consagrar o cantor como um dos nomes da nova geração de vozes masculinas do gospel brasileiro.
REBECA NEMER SOU LIVRE / Salluz
Produzido pelo marido da intérprete, Paulo César Baruk, “Eu sou livre“, terceiro álbum de Rebeca Nemer, inaugura uma nova era em sua carreira. Com um repertório criativo, o CD - apresentado no melhor estilo pop rock e música eletrônica - é fórmula certa para ganhar a simpatia das crianças e jovens em todas as idades.
JESUS CULTURE COME AWAY / Onimusic
Come Away é mais um lançamento no formato combo CD / DVD. Uma coisa diferente sobre esse álbum é que, no DVD, constam versões estendidas de cada canção, além de mais de 12 minutos de adoração prolongada. Come Away foi gravado ao vivo na Conferência de Jesus Redding Culture para uma casa cheia de jovens apaixonados por Jesus.
HELOíSA ROSA
MARIANA VALADÃO VAI BRILHAR Graça Music
Descolar-se de um sobrenome: este é o desafio artítisco de Mariana Valadão. Com o CD e DVD Vai brilhar, isso parece ter acontecido. Gravado ao vivo na Igreja Batista da Lagoinha, o trabalho traz 17 músicas, entre inéditas e regravações dos dois álbuns anteriores da cantora. Mariana, claro, não poderia deixar de convidar os irmãos. André duetou com a caçula em “Tão lindo”. Já Ana Paula participou da faixa “Tu és tremendo, Deus”. Pastor Márcio e pastora Renata, pais de Mariana, também gravaram com a filha a faixa “Se isso não for amor”. Vale conferir também “É tudo teu, Senhor”, single inédito do projeto.
Calejada em backing vocals, Heloisa Rosa já tem no currículo trabalhos com Clamor pelas Nações, Santa Geração e David Quinlan. Agora ela lança seu segundo trabalho ”Confiança”. Heloisa tem como principais influências musicais bandas inglesas de rock, além de várias outros grupos, cantores e compositores cristãos.
LEELAND
THE GREAT AWAKENING / Sony Music Gospel “The Great Awakening” é o terceiro ál-
bum desta banda que já venceu oito Dove Awards. O álbum promete ser um marco na sua história. Recentemente, os membros da banda revelaram que passaram por uma profunda renovação musical e o resultado é este CD, que se aprofunda em suas raízes espirituais.
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CONFIANÇA / Onimusic
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CULTURA
Rogério Nascimento
LIVRO DESTAQUE
Agora sou Pastor AD SANTOS EDITORA / 185 págs. Ser pastor já foi sonho de muitos jovens pregadores, que vendo o exemplo de homens dedicados ao Evangelho e à igreja, desejavam seguir o mesmo caminho. No entanto, hoje a realidade é bem diferente. Ser chamado de pastor, já não inspira. O que todos querem é um cargo bem acima disso. O ministro do Evangelho que antes era chamado ao martírio, hoje recebe fortunas para pregar. Espera receber aplausos e reverências e quando não as tem, sabe-se o que acontece. Não pode ser criticado e contrariado; acha que é uma autoridade no mundo e, não raro, que deve ser honrado como tal. Ao invés de se parecer com Jesus, imita os grandes ícones do cenário pop, da mídia e das grandes corporações. Ao invés de doar-se, espera receber. Mas nem sempre foi assim.
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6 pERgUNTAS pARA O AUTOR
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Ética Cristã conversou com o autor de Teísmo Aberto - A teologia de um Deus limitado e extraiu dele algumas respostas para os assuntos abordados no livro.
Houve um tempo, em que o ministério pastoral era um chamado a servir os irmãos. Não um convite ao status, reconhecimento e vida boa, mas ao sacrifício. Naqueles tempos, a vida pastoral não tinha privilégios, a não ser sofrer por Cristo enfrentado a oposição do mundo, dos reli-
O senhor é pastor a mais de cinquenta anos. O que mudou no ministério pastoral nestes últimos anos? Mudou muita coisa, a começar por uma nova visão teológica do próprio ministério. Mudaram as condições das igrejas, hoje povoadas de crentes com formação universitária. As exigências do ministério pastoral, hoje são muito maiores. Não basta espiritualidade e boa vontade. Requer-se também formação superior, o que muitos pastores jovens já perceberam. Mudou o conceito de missão da igreja. O mundo mudou. O pastor da pós-modernidade deve encarar o seu chamado como uma tarefa mais complexa e desafiadora.
A formação teológica se tornou obrigatória em algumas igrejas onde não era, e se tornou informal em outras onde era norma para o
giosos e descrentes sem achar que fosse algo estranho, mas natural. Consequência do chamado. O pastor se considerava um servo, alguém que fora escolhido por Deus para estar disponível à igreja. João Falcão Sobrinho é um sobrevivente dos tempos mencionados acima e acaba de publicar esta obra - Agora, Sou Pastor - que será lançada na Expo Cristã, no estande da Editora AD SANTOS. Tendo exercido o ministério pastoral por mais de 50 anos, teólogo reconhecido e professor por 34 anos, acompanhou as mudanças que aconteceram no cenário evangélico durante todos estes anos. Perguntado, sobre o porquê quis lançar mais um livro sobre o tema, respondeu de forma categórica: “Depois de 57 anos no pastorado, achei que poderia transformar as minhas experiências em conselhos aos pastores iniciantes.” Muito preocupado com as tendências da igreja brasileira diz que “as diferenças entre o mundo e a igreja já não são tão contrastantes como há 50 anos, o que tem o seu lado bom (pois os crentes já não são
ministério. Como o senhor vê esta questão? Estão certas as igrejas que esperam que o seu pastor tenha uma capacitação teológica adquirida em instituição teológica idônea.
As megas–igrejas são uma benção ou maldição? Podem ser uma coisa e outra. Bênção, se os seus recursos humanos e materiais forem direcionados para a realização dos objetivos do Reino. Mas serão maldição se a sua liderança confundir a sua igreja com o Reino.
Diante da multiplicação de igrejas e seitas, qual o diferencial, o que vai prevalecer no futuro? A multiplicação de seitas é o produto da diversidade de opiniões dentro da pluralidade imposta pela pós-modernidade. Há apenas 20 anos havia somente
Nem por isso, deixa de estar atento ao lado bom das mudanças e da evolução da cultura e da tecnologia. Sua visão é abrangente. Para ele “ O pregador do evangelho deve se perguntar: Primeiro, se sua mensagem é fundamentada na Palavra de Deus; Segundo, se está sendo entendida pelos ouvintes; Terceiro, se está fazendo diferença na vida das pessoas que a aceitam. As mudanças na linguagem, na tecnologia da comunicação, na administração, se processam em velocidade cada vez maior. Quem não acompanhar essas transformações vai ficar perdido no tempo”. Conclui. O autor não deixa de chamar atenção para os perigos do pastoreio diante deste novo cenário: “a visão secularista do ministério, o predomínio do individualismo sobre a visão universal do Reino de Jesus e o hedonismo em detrimento da santidade da adoração.’Não há dúvidas, que estamos diante de uma leitura necessária e oportuna.
cinco ou seis marcas e tipos de carros. Hoje, as opções são centenas e aumentam a cada dia. O mesmo acontece com as religiões e seitas. Atualmente, há igrejas e seitas para todos os gostos e temperamentos. O compromisso de fidelidade a uma doutrina cedeu lugar às conveniências e ao gosto pessoal dos fieis. Isso confunde os não crentes e enseja o surgimento de verdadeiras aberrações doutrinárias, que não têm qualquer compromisso com a verdade revelada.
tualização da mensagem evangélica à cultura contemporânea é inevitável. O evangelho tem os seus aspectos culturais inegáveis, mas a igreja não pode aderir à cultura mundana, sob o risco de perder a sua autenticidade e relevância.
O seu livro não trata diretamente do assunto, mas o que o senhor tem a dizer sobre a onda da contextualização do evangelho à cultura emergente? Indiretamente, a questão é focalizada no meu livro e mais ainda no livro A FAMíLIA CRISTã E OS DESAFIOS DO SÉCULO XXI. A contex-
Quais são as maiores ameaças à igreja atualmente? As maiores ameaças à igreja são, sem dúvida, como vários autores já denunciaram: 1º A secularização. A perda da sua identidade e do poder do Alto. A influência da economia sem Deus. 2º O esfriamento do amor a Jesus e do amor aos irmãos. 3º A mudança do foco na teologia da missão da graça para a teologia do usofruto da graça. 4º A perda da esperança da glória. “Se esperarmos em Cristo somente para esta vida, diz Paulo, somos os mais dignos de lástima dentre todos os homens”.
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perseguidos), mas tem também o seu lado ruim (pois o evangelho já não é uma mensagem tão nova, tão desconhecida).” O livro pode causar certa estranheza pelo tema tratado. Afinal de contas, os novos manuais seguem outros modelos. A nova cartilha para o ministério pastoral, fala mais do sucesso que deve ser buscado - à maneira dos novos executivos - mais do modelo de liderança baseado nas últimas tendências das grandes corporações, do que em como ser servo, de fato. Sobrinho vai contra todas estas tendências e faz uma revisão à moda antiga. Seu manual é a boa e velha Palavra de Deus. Seu exemplo pastoral é Jesus. O alvo é a necessidade da igreja ser servida por um verdadeiro servo. Um chamado que exige a integridade daquele que agora é pastor. A linguagem é quase uma súplica pela volta da simplicidade, um apelo a que voltemos a valorizar e sentir um “santo orgulho” de chamar alguém simplesmente de pastor.
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TEATRO
Jeová Nissi adapta filme americano para o teatro A maior companhia de teatro evangélico do Brasil lança na EXPOCRISTÃ o DVD “A Diretoria”, peça baseada no longa americano “The Board”
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FERNANdO GARROS
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Pense em como é difícil viver do teatro no Brasil. Agora, adicione a isso o elemento gospel. Pronto: você tem nas mãos um grande desafio. Mas parece que é justamente o desafio que move o grupo Jeová Nissi, hoje a maior companhia de teatro evangélico do Brasil, que acaba de lançar um DVD de sua peça mais recente, “A Diretoria”, uma obra baseada no filme americano “The Board”, de 2008. A história do grupo, por si só, já daria um bom roteiro. Caíque Oliveira, líder da hoje companhia, começou sua história no teatro secular em São Paulo, mas após a sua conversão decidiu utilizar seu talento para evangelizar através da quinta arte. Hoje, são mais de 50 jovens divididos em quatro equipes que abriram mão de suas casas e do convívio diário com a família para ganhar almas para Jesus através do teatro. O grupo percorre o Brasil e outros países utilizando a arte como ferramenta de inclusão social e de orientação às famílias de
diversas classes sociais. Caíque também é presidente da Associação Cultural Nissi, uma ONG sem fins lucrativos fundada para estruturar o projeto Tenho Fome, que tem como objetivo apoiar crianças órfãs em Angola. Mas existe uma ideia ainda melhor do que levar a montagem para todas essas cidades. É gravá-los em DVD. Desta forma, tem-se um melhor controle dos elementos técnicos - como áudio e luz – além de todos os recursos eletrônicos que a televisão dispõe. E esta foi mais uma grande sacada de Caíque e companhia. Assim, todas as peças foram transformadas em DVD, expandindo ainda mais as possibilidades para o grupo e para o Evangelho. “Teatro cristão não é para entreter. É para revolucionar o caráter de quem está assistindo,” afirma Caíque. “O teatro sempre foi ferramenta de protestos, como ocorreu na década de 60, e agora precisamos usar esta ferramenta poderosa para transformar a alma de quem assiste”, completa. Os DVDs ajudam exatamente neste processo. O longa original de “A Diretoria” foi uma produção da Bethesda Baptist
Church, de Indianápolis, EUA, tendo custado pouco mais de $350.000,00. A trama retrata o drama interior vivido por uma pessoa cujos seis componentes da alma – mente, coração, emoção, memória, vontade e consciência – precisam abrir mão de diferentes interesses e, de forma unânime, escolherem que direção seguir. A história, que mostra ainda como uma tragédia pessoal é capaz de mudar a conduta de alguém, revela que existe no íntimo de todo ser humano uma busca por respostas. É bem verdade que o roteiro original de A Diretoria parece ter sido pensado para uma peça de teatro, pois tudo acontece numa sala, numa mesa de reuniões. E é exatamente o que acontece na adaptação brasileira em DVD. A diferença é que os recursos de computação gráfica presentes na montagem original – afinal, é um filme – são substituídos por efeitos de luz e trilha musical. A interpretação dos atores, em alguns momentos, é caricata e carregada. Mas ainda assim, o casting é muito bem escolhido e a direção é consistente. O teatro evangélico ainda precisa romper muitas barreiras. Talvez ele seja hoje o que a música foi na década de 70 para a Igreja. No entanto, “algumas manifestações artísticas têm começado a surgir no Brasil, apesar de terem pouca expressividade. Acredito que dentro de cinco anos teremos o maior romper artístico na área do teatro gospel” espera Caíque. Hoje, a companhia realiza workshops por todo o Brasil mostrando que é possível fazer teatro de qualidade, com conteúdo capaz de mudar vidas para sempre.
o evento, que será realizado em dezembro, tem como principal proposta reconhecer o trabalho daqueles que exaltam fielmente o nome de deus por meio da música e o fazem com excelência, influenciando gerações.
os Vencedores serão escolhidos atraVés de Voto popular 16 de agosto - início da primeira fase de Votação / top 20 6 de outubro - início da segunda fase de Votação / top 3
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Vem aí a maior premiação da música eVangélica nacional
IGREJA Soluções em tecnologia e equipamentos para igrejas
JOGOS BÍBLICOS Por um lado, uma alternativa de ensino; por outro, um mercado a ser explorado
SuA IGREjA já TEM APP?
Seguindo a tendência dos grandes ministérios mundiais, igrejas brasileiras começam a utilizar a nova tecnologia dos Apps para se conectar a seus membros através dos iPhones e smartphones
LANÇAMENTOS: CLIMATIZADOR DE AMBIENTE ELECTROLUX • CADEIRAS PECINI
IGREJA
Sua igreja
já tem App? Seguindo a tendência dos grandes ministérios mundiais, igrejas brasileiras começam a utilizar a nova tecnologia dos Apps para se conectar a seus membros através dos iPhones e smartphones
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RAFAEl CARdOSO
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Compartilhar programações, mensagens, notícias, serviços de mapas com geo-localização através de GPS - e ainda transmitir seus cultos ao vivo, podendo ser assistidos em qualquer lugar do planeta, direto de um telefone celular. Estas são só algumas das infinitas possibilidades que já vem sendo viabilizadas por algumas das maiores igrejas do mundo e que já vem conquistando adeptos entre alguns líderes antenados do Brasil. O nome dessa tecnologia? Apps. Abreviação da palavra applications, os aplicativos, como são chamados em português, são pequenos programas que conectam os usuários de smartphones a uma variedade enorme de funções. Os apps podem disponibilizar uma gama gigantesca de serviços, que vão desde a entrega de pizzas, divulgação de artistas, eventos, redes sociais e profissionais, jogos e, recentemente, vem sendo também utilizado por algumas igrejas, como mais um meio de interatividade com seus membros e também com o mundo. A origem desse fenômeno, deve-se ao número crescente de smartphones que têm se espalhado pelo mercado e
também ao fato de que cada vez mais empresas e instituições têm apostado nessa tecnologia, por todas as potencialidades que ela possui. Os números são de fato impressionantes. Estima-se que atualmente existam cerca de 20 milhões de smartphones em funcionamento no Brasil e que, numa comparação entre os primeiros semestres de 2010 e 2011, houve um crescimento de 90% nos acessos via celular entre os brasileiros. Para se ter uma ideia da dimensão que essa tecnologia está tomando no mercado, a App Store, que é a loja de aplicativos da Apple, no início deste mês, chegou aos incríveis 15 bilhões de downloads, dos mais de 400 mil programas disponibilizados. Sobre a razão do crescimento desse fenômeno, o analista e desenvolvedor de sistemas e aplicativos, Brunno Velasco, diz: “As redes sociais também são responsáveis por essa “necessidade” de estarmos conectados a todo momento”. Brunno, que é dono da empresa Velasco TI, especializada em Tecnologia da Informação, garante: “Estar interligado a todo momento com seus conhecidos e com seus negócios será inevitável num futuro bem próximo”. No Brasil, apesar de ainda ser des-
conhecida pela grande maioria das igrejas, a tecnologia promete seguir o sucesso que já vem tendo em outros países. Comum entre os músicos e ministérios de louvor, artistas da cena gospel como Mariana Valadão, Asaph Borba, Nani Azevedo e Diante do Trono, além da gravadora Graça Music, já possuem seus próprios aplicativos, por onde interagem diretamente com seu público. Entre as igrejas, a Presbiteriana do Brasil, por exemplo, disponibilizou um aplicativo geo-localizador (GPS), chamado de Guia IPB. Com ele, qualquer pessoa que possui um smartphone poderá encontrar e ser guiado automaticamente a Igreja Presbiteriana mais próxima de sua posição. Outra que também está com um olhar nessa mídia, é a A igreja Batista da Lagoinha, que já iniciou projeto para um aplicativo que disponibilizará seus boletins, cultos, programas de rádio e diversas informações da igreja. Por ser uma forte tendência mundial e unido ao crescimento vertiginoso das vendas de smartphones, é possível acreditar que este importante meio de comunicação e interação, em breve, será amplamente utilizado pelas igrejas e denominações do Brasil, repetindo o que já acontece com a internet normal.
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GAMES
Jogos Bíblicos Por um lado, uma alternativa de ensino; por outro, um mercado a ser explorado
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Unir o útil ao agradável: há melhor alternativa do que esta? E se fosse possível ensinar princípios bíblicos eternos através de atividades lúdicas, tanto em casa quanto nas igrejas? Pois os jogos de tabuleiro com temas bíblicos estão aí para isso. No entanto, o mercado cristão ainda oferece poucas opções: há grande espaço para crescimento e investimento. Numa sexta-feira à noite, você resolve ficar em casa e aproveitar o convívio familiar jogando um jogo de tabuleiro com seus filhos. Que jogo escolher? Um mero entretenimento, como o “Jogo da Vida” , “Imagem e Ação”, ou um jogo igualmente divertido e interessante, mas com princípios e histórias bíblicas, como “As Jornadas de Paulo”, “O Êxodo” ou “A Arca da Aliança”? Quem sabe sua Escola Bíblica Dominical possa estar sofrendo com a falta de alunos. Por
OuTROS jOGOS
que então não tentar inovar, ensinando o Velho Testamento com o “Escriba” ? Pois essas opções estão disponíveis no mercado evangélico, mas as empresas e autores sofrem com as imensas dificuldades de um mercado promissor, mas que sente a falta de incentivo e interesse. André Reinke, autor do jogo “Escriba” (Ed. Socep) , afirma: “Há muitos evangélicos, mas poucos jogos disponíveis. E a maioria destes jogos são direcionados quase exclusivamente ao público infantil, com características bem lúdicas (jogos de memória, etc).” Exceções a esta regra são o próprio “Escriba”, um jogo que mistura tabuleiro com uma espécie de RPG, e alguns jogos da DARR Publicações, como “As Jornadas de Paulo”, “O Êxodo”, “A Arca da Aliança” dentre alguns outros. Estes, voltados ao público juvenil-adulto, encontram distribuição bastante restrita, e são, de fato, os únicos disponíveis no
mercado evangélico brasileiro visando este público. Esta realidade contrasta enormemente com o mercado americano, onde há verdadeira concorrência de mercado entre empresas e editoras produtoras e publicadoras de jogos. Por lá existe, inclusive, uma tendência de se fazer versões bíblicas de jogos já consagrados no mercado secular, como “Taboo” e “Banco Imobiliário” (em inglês, Monopoly, que ganhou a versão Bibleopoly), entre outros. Além, é claro, dos jogos infantis de personagens, como os da série Veggie Tales (Os Vegetais, no Brasil). Apesar das dificuldades de inserção no mercado brasileiro, já há alternativas. Uma rápida pesquisa na internet sobre jogos de tabuleiro cristãos mostra que diversas livrarias cristãs virtuais têm os jogos em seus estoques. Está aí uma ótima alternativa, tanto para o ensino bíblico na sua igreja quanto para o entretenimento de sua família.
ENTREVISTA: André Reinke, autor do jogo “Escriba” (Ed. Socep) EC - Como é o mercado de jogos de tabuleiro cristãos no Brasil? Existe um mercado grande, mas curioso. Mais ou menos como a história do vendedor de calçados em um país onde todos andam descalços: ele pode ter uma grande oportunidade (já que todos são potenciais clientes) ou nenhuma oportunidade (ninguém usará porque não faz parte da cultura). Há muitos evangélicos, mas poucos jogos disponíveis. E a maioria destes jogos são direcionados quase exclusivamente ao público infantil, com características bem lúdicas (jogos de memória, etc).
EC - Qual a razão para termos tão poucas empresas ou pessoas interessadas em produzi-los? Pela própria dificuldade comercial. Além de ter que apostar na produção – geralmente bem mais cara do que a literatura, por exemplo –, também há o gargalo da distribuição. Por exemplo: dificilmente se consegue comprar algo diferente nos mercados periféricos, como o RS, que só traz aquilo que daria venda certa. É o eixo Rio-SP-Minas que realmente compra, exatamente onde estão o maior número percentual de evangélicos. Daí que,
embora grande, o mercado acaba sendo restrito. E os jogos cristãos somente são vendidos em livrarias cristãs, limitando ainda mais o segmento.
EC - A imensa maioria dos jogos disponíveis no mercado cristãos são infantis. Os adultos não se interessam por jogos de tabuleiro? Ou teriam resistência com uma temática cristã? Os adultos cristãos não se interessam pelo motivo normal de já terem passado da fase lúdica, além de não terem muitas opções. Que adulto se interessaria por um jogo de tabuleiro com formigas falantes? Também existe uma certa preguiça mental do cristão médio brasileiro (principalmente os ditos evangélicos) que o impede de aceitar novidades ou jogos que exijam mais de suas capacidades...
EC - Fora a questão lúdica, quais seriam as aplicações que jogos com temática cristã poderiam ter numa contexto de igreja? Acho que um dos problemas está naquilo que se classificaria como “jogo cristão”. Acho que o termo mais correto para o que tem sido feito, inclusive para o jogo que eu desenvolvi, é “jogo bíbli-
co”. Porque, para ser cristão, qualquer jogo precisaria ser apenas adequado à ética do reino de Deus. Veja o “Jogo da Vida”, por exemplo. Poderia ser um jogo cristão, sem ter necessariamente de ser representado dentro do contexto bíblico do mundo antigo. Por que não podemos ter jogos em que temáticas como família, trabalho, superação de dificuldades, possam fazer parte do universo da diversão que ensina?
EC - O que te motivou a criar os seus jogos? Vontade de fazer um jogo que misturasse tabuleiro com uma espécie de RPG e o conhecimento bíblico médio do estudante da Bíblia. Foi um sonho que realizei, mas percebi que a maior parte das pessoas com as quais tive algum contato tiveram muita dificuldade em entender o jogo, isso que ele não chega nem perto da complexidade de regras dos chamados “Role-playing Games”. Não estou certo de que o mercado brasileiro esteja preparado para jogos diferentes do padrão já conhecido. Preferi continuar investindo na literatura, onde a estrada já está pavimentada.
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