VADE MECUM

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VADE MECUM PRESERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DAS IGREJAS


FICHA TÉCNICA Coordenação: Gabriela Carvalho Elaboração: Anabela Almeida Gabriela Carvalho Capítulo VII – Ponto 2 e 3 Apoio dos técnicos do Departamento de Conservação Instituto Português de Conservação e Restauro Rua das Janelas Verdes, 37 1249-018 Lisboa Tel. 21 393 42 00 Fax. 21 397 00 67 ipcr@ipcr.pt www.ipcr.pt Outubro 2006

2


ÍNDICE I. INTRODUÇÃO

4

II. ROUBO E VANDALISMO

7

1. QUESTÕES GERAIS 2. RISCOS DE INTRUSÃO 3. FIXAÇÃO E DISPOSIÇÃO DAS OBRAS 4. VIGILÂNCIA

III. FOGO/INCÊNDIO

7 8 9 11

11

VI. SISMOS

ERRO! MARCADOR NÃO DEFINIDO.

1. AVALIAÇÃO DE RISCOS 2. MEDIDAS DE PREVENÇÃO

24 24

VII. MANUTENÇÃO DO S LOCAIS E CONSERVAÇÃO DOS OBJECTOS 1. QUESTÕES GERAIS 2. MANUTENÇÃO E CONSERVAÇÃO 3. EXPOSIÇÃO (CULTO), UTILIZAÇÃO E ARMAZENAMENTO DAS PEÇAS 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

25 26 38

RISCOS DE DEFLAGRAÇÃO, PROPAGAÇÃO E AGRAVAMENTO DO SINISTRO 1. FOCOS DE INCÊNDIO 2. PROPAGAÇÃO Sistemas de detecção e combate em caso de incêndio

IV. ÁGUA

11 13 14

VIII. BIBLIOGRAFIA DE REFERÊNCIA

39

16

PENETRAÇÃO DE ÁGUA E PROBLEMAS LIGADOS AO EXCESSO DE HUMIDADE 1. AVALIAÇÃO DE RISCOS 2. CONTROLO DE INFILTRAÇÕES E CONDENSAÇÕES 3. DETECÇÃO DE ALTERAÇÕES PROVOCADAS PELO EXCESSO DE HUMIDADE

16 18 19

V. INFESTAÇÃO POR ANIMAIS (INSECTOS, PÁSSAROS E ROEDORES) 1. EVITAR 2. EXCLUIR 3. IDENTIFICAR 4. RESPONDER

20 21 21 23

3


I. INTRODUÇÃO

obras pelo seu aspecto funcional, que muitos deles ainda mantêm.

A Igreja é detentora de um significativo acervo de peças, que

pelas

suas

características

e

qualidades

artístico

históricas constituem um importantíssimo conjunto de bens

Muitos desses bens patrimoniais existentes nas igrejas são

patrimoniais.

frágeis

Estes conjuntos de bens patrimoniais estão contidos em

preservação. A forma mais eficaz de contribuir para a sua

locais sagrados – as capelas, as igrejas e possuem uma

preservação e salvaguarda é, em parte, alcançada através

enorme carga de simbologia, significado e mensagem para

do conhecimento dos factores de degradação a que esses

os crentes. Para além da fruição estética e do valor cultural

bens estão sujeitos e da forma como podemos contribuir

que lhes está associado, eles são antes de mais “objectos

para evitarmos esses danos.

preciosos

de

devoção”,

que

se

encontram

expostos

e

necessitam

de

cuidados

de

manutenção

e

à

veneração e ao culto dos fiéis. Originalmente entendidos

Embora em muitos casos, os factores de degradação não

como devocionais, estes objectos acumulam em si mesmo

possam

uma importante dimensão cultural.

minimizados. Podemos identificar e prever as situações de

ser

eliminados

na

sua

totalidade,

podem

ser

risco para os objectos e desenvolver acções programadas e De

retábulos

em

talha

dourada,

a

esculturas,

p i n t u r a s,

planeadas,

com

o

objectivo

de

controlar

ou

mitigar

os

frescos, azulejos e outros objectos como têxteis e peças de

danos, que possam vir a provocar degradações nos bens

ourivesaria

culturais.

constituem

importantes

acervos

a

respeitar,

inventariar, estudar, valorizar e divulgar e sem dúvida a preservar como testemunho da nossa identidade cultural.

Para

melhorar

as

condições

de

conservação

e

de

Dentro do universo de obras de arte, os objectos a culto

manutenção dos bens culturais é essencial conhecer como é

apresentam características que as diferenciam das outras

que eles se comportam face aos factores a que por vezes estão sujeitos e avaliarmos as suas causas de degradação.

4


Em

muitos

dos

Pretende fornecer um conjunto de informações simples, de

dos

fácil compreensão e apreensão, que possam servir de alerta

se

e possibilitar a detecção dos perigos e vulnerabilidades,

profissionais

visando a implementação das medidas de conservação e

habilitados e competentes, podemos contribuir para a boa

segurança necessárias para impedir ou minorar as causas

manutenção desses objectos.

eventuais

materiais, objectos, mostre

a

casos, uma

aliando-se

observação

recorrendo

necessário,

ao

bom

esse correcta senso

procurando

o

conhecimento e e,

apoio

continuada sempre de

que

de

degradação,

designadamente

no

que

diz

respeito, aos riscos mais comuns para este tipo de bens O edifício é sem dúvida o espaço que alberga todos estes

culturais.

conjuntos de bens patrimoniais e desta forma do seu bom e s t a d o d e c o n s e r v a ç ã o r e s u l ta r á e m g r a n d e p a r t e a b o a

Destina-se a párocos, comissões fabriqueiras e todas as

preservação dos objectos.

autoridades religiosas ou laicas que tenham que zelar pelos bens patrimoniais artísticos e históricos nas igrejas.

Por vezes, o simples recurso a acções simples e pouco onerosas permite obter resultados muito satisfatórios, face

Os factores que mais contribuem para a degradação dos

à

objectos

acção

do

tempo

e

aos

poucos

recursos

humanos

e

são

aqueles

que

estão

relacionados

com

as

financeiros, que em regra, temos disponíveis e ao nosso

condições

alcance.

relativa

Este pequeno guia tem como objectivo ajudar aqueles que

provocados

tem a seu cargo a gestão material das Igrejas e do seu

manifestado, através de actos de roubo, furto, vandalismo

património, na árdua tarefa de a assegurar a preservação

e

do acervo e do edifício dando alguns conselhos práticos,

desconhecimento.

ambiente,

incorrectas), por

(como a

ou

temperatura

luz,

as

e

água,

incêndio

negligência

a

incúria,

e

e

infestações, e

o

humidade os

factor

riscos humano

frequentemente

por

que contribuem para a correcta manutenção e preservação dos edifícios, onde esses bens se encontram, e dos próprios

Dependendo da localização geográfica das igrejas, e em

bens patrimoniais neles contidos.

situações,

felizmente,

situações

de

menos

catástrofes

frequentes,

naturais,

podem

como

ocorrer

sismos

ou

inundação.

5


A prevenção é o melhor meio de dar resposta às diversas situações, pois implica um trabalho prévio de previsão e avaliação dos riscos, que esses factores podem causar nos objectos, e recorrer a meios e mecanismos que permitam, no momento em que essas situações ocorrem, dar resposta imediata, evitando a perda os danos nos bens culturais. De referir que a boa manutenção dos espaços vai conduzir e permitir que os objectos permaneçam em bom estado de conservação, evitando que se recorra as acções de restauro desnecessárias, onerosas e que podem vir a descaracterizar e desvirtualizar os bens culturais e a mensagem de que eles são portadores. Por último, é importante termos consciência do património que

temos

à

nossa

necessidade, referência,

guarda

devemos com

adequadas.

Esses

aconselhamento

ao

formação ou

saber

recorrer

nomeadamente

habilitados

e

em

caso

instituições ou

de de

a

profissionais

experiência

profissional

conhecimentos o

às

IPCR,

e

que,

permitem

encaminhamento

fornecer

necessários,

o

quer

para a resolução de problemas, quer para a consultadoria científica

e

conservação

técnica, e

no

restauro,

âmbito de

forma

das a

intervenções

permitir

que

de

estas

possam ser realizadas de acordo com os mais correctos e rigorosos

padrões

de

ética

e

deontologia

profissional.

6


II. ROUBO E VANDALISMO características (materiais, dimensões, nº de elementos que A

prevenção

constitui

a

base

de

todo

o

sistema

de

a compõem, marcas, assinaturas, estado de conservação,

segurança. Neste âmbito, mediante a avaliação dos riscos

restauros,

envolvidos, os esforços devem ser direccionados no sentido

para, em caso de roubo, ajudar tanto na sua divulgação e

de

procura,

implementar

medidas

eficazes

de

protecção

em

etc.), como,

articulação com os recursos humanos e organizacionais da

Deverá

instituição.

documento

documentos

posteriormente,

também de

constituem

ser

na

contemplada

registo

das

sua

a

pessoas

fundamentais identificação.

existência que

têm

de

acesso

um ao

recinto religioso e em especial às zonas reservadas, bem como das pessoas que temporariamente tiveram acesso ao

1. QUESTÕES GERAIS

local

para

realização

de

algum

tipo

de

trabalho

(de

manutenção ou outros). Localização: U m e d i f í c i o i s o l a d o a p r e s e n t a m a i o r e s r i s c o s d e roubo, devendo ser reforçada a sua vigilância. O recurso a

Informação

geral:

Deverá

ser

dada

a

conhecer

às

iluminação exterior de segurança revela-se particularmente

Autoridades Eclesiásticas, e a outras entidades privadas ou

útil nestes casos.

públicas vinculadas a esta problemática, como a Polícia Judiciária, a informação relativa ao acervo de interesse

Vulnerabilidade dos objectos: A presença na colecção, ou

patrimonial e ao regulamento de prevenção e segurança da

no acervo, de obras anteriores séc. XIX, consideradas de

instituição.

valor ou de reconhecida importância, são situações muito atractivas ao roubo e por isso de risco acrescido.

Gestão das chaves: O desconhecimento do número total de conjuntos de chaves da Igreja ou das pessoas que a eles

Documentação: O registo fotográfico actualizado de cada

têm acesso são situações de risco. As chaves da Igreja

uma das peças, bem como a existência de uma ficha técnica

devem ser em número limitado e localizáveis em qualquer

de identificação, com a descrição completa das suas

momento. Deve elaborar-se uma lista, onde constem as indicações

da

sua

localização

e

o

nome

da

pessoa

7


responsável

pela

empréstimo

sua

guarda,

temporário.

mesmo

As

em

chaves

situação

nunca

de

2. RISCOS DE INTRUSÃO

devem

permanecer nas próprias fechaduras, a não ser quando os

Vulnerabilidade

acessos correspondem a saídas de emergência. Em caso

nomeadamente os portões, os muros ou as vedações devem

algum

possuir as características e a resistência necessárias para

as

chaves

devem

ser

confiadas

a

alguém

sem

qualquer tipo de formalidade.

do

local:

No

perímetro

exterior,

impedir a passagem e, para que efectivamente cumpram a sua função. Devem assim, manter-se em bom estado de

Vizinhança: A população, a vizinhança ou as instituições

conservação.

próximas devem ser sensibilizadas para a detecção e alerta em caso de alguma anomalia, e avisadas relativamente aos

A manutenção dos espaços exteriores deve contemplar a

procedimentos a seguir, actualizando regularmente essas

poda de árvores ou a limpeza de vegetação que possibilitem

mesmas instruções.

o

acesso ao interior

ou

que criem

não

áreas

de

difícil

vigilância. Eventos especiais: A realização de eventos (procissões e festas

especiais)

riscos

Relativamente ao edifício, quantos mais acessos disponíveis

adicionais, o que implica a tomada de medidas de reforço

para o exterior existir, maior o risco de intrusão. Um único

de

são

ponto de fecho por cada porta pode não ser suficiente,

Convém,

sobretudo em locais mais escondidos. O acesso deve ser

nestes casos, delimitar os percursos do público em geral e

confinado apenas a uma entrada principal, para diminuir as

providenciar

a

dúvida

pedir-se

segurança,

apresentadas

deve

segurança.

no

espaço

da

considerando

peças

especiais

vigilância

Igreja

que

muitas

nestas

física

comporta

ocasiões.

adequada.

aconselhamento

vezes,

às

Em

caso

de

possibilidades

autoridades

de

assegurando

do

ladrão

também,

a

escapar segurança

sem do

ser

sistema

detectado, de

fecho

existente. O estado de conservação das fechaduras, dos encaixes, dobradiças e da ombreira de apoio das entradas são também factores a ter em consideração.

8


O

reforço

através

de

de

segurança

trancas

dos

acessos,

interiores,

constitui

designadamente uma

medida

de

prevenção prioritária.

protecções

reforçadas,

sensibilização

que

um

deve

preocupações

A existência de um sistema de alarme de intrusão permite o

responsabilidades

reforço da segurança do edifício, de modo a retardar a

locais, de forma rotativa).

de

transmitir

intrusos, o

sinal

ser

a

dada

não à

desprezar,

comunidade

é

a

local,

alertando-os para estes problemas e levando-os a partilhar destas

entrada

meio

dando

de

tempo

alerta,

de

para

modo

se a

detectar

e

possibilitar

a

intervenção das autoridades.

Uma

forma

e

(fazendo

também

a

eficaz

atribuindo-lhes vigilância

de

certas

constante

minimizar

os

destes

riscos

de

assaltos e roubos às igrejas mais isoladas, é criar em redor do edifício, uma iluminação adequada, de forma a torná-lo

As janelas e vidraças localizadas a menos de 2,20 m do

mais visível e a inviabiliza-lo de actos de vandalismo e

s o l o d e v e m s e r m u n i d a s d e b a r r ei r a s e f i c a z e s , c o m o g r a d e s

roubo.

resistentes, protecções aberturas, protegidas. quaisquer

vidros

anti-roubo

(instaladas mesmo O

em

facto

outros

por locais

de

ou

por

outro

tipo

de

profissionais).

As

altos,

também

devem

ser

do inventário (ficha mais ou menos detalhada) que permite

escadas,

bancos

ou

e m s i t u a ç õ e s d e r o u b o , a i de n t i f i c a ç ã o p a r a a e v e n t u a l

existirem

elementos

similares,

outras

relativamente

É também importante, conforme já foi referido, a existência

recuperação dos objectos furtados.

acessíveis, facilita a sua utilização indevida, como meios de acesso ao interior ou aos objectos.

3. FIXAÇÃO E DISPOSIÇÃO DAS OBRAS

Por vezes, algumas igrejas e capelas situam-se longe dos

Cada igreja possui peças que são consideradas pela sua

centros das vilas, povoações ou cidades, em zonas mais

qualidade técnica, estética ou mesmo devocional como as

periféricas ou isoladas. Nestes casos, o cuidado deve ser

mais

redobrado, uma vez que o facto de estarem isoladas as

segurança

t o r n a m a i s s u s c e p t í v e i s e v u l n e r á v e i s a a s s a l t o s e r o u b o s.

pelas

Não

deslocáveis. Essas medidas podem passar por exemplo pela

obstante

a

existência

de

sistemas

de

detecção,

valiosas. suas

É

adicionais

importante para

dimensões,

estas

sejam

contemplar peças

ou

facilmente

medidas para

as

acessíveis

de que, ou

9


sua colocação em áreas de maior segurança, armários ou

problema

vitrinas fechadas, o recurso a sinalização de alarme por

suspensão.

aproximação

ou

contacto,

a

utilização

de

cordões

se

existir

um

reforço

dos

elementos

de

de

demarcação, entre outras soluções adaptadas a cada caso.

Relativamente

Se ainda não existem os meios de segurança adequados à

(relicários, alfaias litúrgicas, peças de ourivesaria, etc.) a

sua

solução passa pelo seu adequado armazenamento. Estes

preservação

em

segurança,

deverá

ser

dado

aos

objectos,

considerados

preciosos

conhecimento às entidades superiores e solicitado apoio

objectos

p a r a a v a l i a ç ã o d o n í v e l d e p ro t e c ç ã o r e q u e r i d o e / o u p a r a a

restrito, fechados à chave, mantendo-a (esta última) em

sua implementação.

local seguro. É importante ter em atenção que os locais

devem

próximos

dos

ser

guardados

armários

e

em

armários

eventualmente

de

acesso

dissimulados,

Objectos de pequenas dimensões: Os objectos de valor

nunca são os locais adequados, porque são os mais óbvios

p a t r i m o n i a l d e p e q u e n a s d i m en s õ e s s ã o m u i t o v u l n e r á v e i s e

e os mais procurados.

correm assim sérios riscos de serem roubados. Cofres: Como

medida

encontrem

a

de

uma

segurança, altura

as

inferior

2

esculturas m

do

que

solo

e

se

sejam

Os

cofres

antigos

aparentam

muitas

vezes

ser

sólidos e seguros. No entanto, muitos deles não resistem ao

arrombamento

com

as

ferramentas

de

que

hoje

se

facilmente transportadas, por uma ou duas pessoas, devem

dispõe. A selecção de um cofre para protecção das obras

ser protegidas, através de sistemas que permitam a sua

mais importantes deve ser realizada em função do risco de

fixação,

roubo

sem

interferir

negativamente

com

as

obras,

danificando-as.

expostas

em

e

das

dimensões

dos

objectos

que

se

pretendem guardar. São também aspectos importantes a ter

Paralelamente,

associado

as locais

pinturas acessíveis

de e/ou

menores próximo

em

consideração

a

localização

e

o

peso

do

próprio

dimensões,

cofre, de modo a dificultar respectivamente o acesso e a

de

deslocação.

saídas,

poderão ser facilmente roubadas, se não forem tomadas medidas de precaução, sendo facilmente minimizado a o

10


4. VIGILÂNCIA É do conhecimento geral, que se torna cada vez mais difícil

das

entradas

e

saídas

de

forma

a

assegurar

por diversos motivos, nomeadamente pela falta de meios

manutenção dos espaços e dos bens ai localizados.

a

boa

humanos, manter as Igrejas abertas ao culto durante as III. FOGO/INCÊNDIO

horas do dia.

RISCOS DE DEFLAGRAÇÃO, PROPAGAÇÃO E AGRAVAMENTO DO SINISTRO Durante o período em que a Igreja se encontra aberta é importante

assegurar

a

vigilância,

principalmente

se

os

O

fogo

é

uma

das

grandes

ameaças

para

os

acervos

objectos não estão de algum modo protegidos. Mesmo que

patrimoniais. As prioridades de intervenção consistem em

se disponha de equipamentos automáticos de segurança,

evitar situações de risco e dotar a instituição de meios que

importa considerá-los como um meio de reforço, que não

possibilitem a detecção e o combate, impedindo que o fogo

substitui, em caso algum, a vigilância humana.

s e p r o p a g u e r a p i d a m e n t e e a t i nj a p r o p o r ç õ e s d e v a s t a d o r a s .

Para que não se tenham de reduzir os períodos de abertura por falta de segurança, sempre que necessário, a vigilância

1. FOCOS DE INCÊNDIO

pode ser realizada por pessoas de confiança, devidamente familiarizados com os procedimentos pré-definidos. Deve

Raios/Relâmpagos: Se a torre sineira constitui um ponto

ser

alto

prevista

também

a

realização

de

uma

ronda

de

nas

redondezas

ou

se

não

existe

nas

imediações

nenhum pára-raios, é importante providenciar a instalação

inspecção, antes do encerramento.

deste equipamento no edifício da Igreja. Este protegerá não É frequente, algumas igrejas terem, permanentemente, um

só o próprio edifício, como também, as áreas circundantes

fluxo de visitantes bastante significativo. Nestas situações

mais

deve

também dispositivos de protecção contra este tipo de risco.

prever-se

acompanhamento

a

presença de

de

visitantes

um ou

responsável fiéis.

Deve

para

ser

o

dada

atenção especial ao controlo dos circuitos dos visitantes e

próximas.

Instalações existência

de

A

instalação

eléctricas: quadros

Nas

eléctrica Igrejas,

eléctricos

deverá para

antigos,

conter

além

da

verificam-se

11


frequentemente

tomadas,

Velas ou círios: São situações de perigo a existência de

tomadas

suportes de velas ou círios instáveis, bem como, em caso

aplicados em suportes de madeira, extensões em que o fio

de queda de algum destes elementos, a proximidade de

não está totalmente desenrolado, aquecimento de fios ou

materiais

aparelhos eléctricos que podem dar origem a incêndios.

possibilidade de acidentes devido a acumulação de resíduos

Todas

é

fios

situações

parcialmente

as

mínima

instalação

de

sobre

eléctrica

competente

e

sobreposição

descarnados,

situações

dúvida

de:

perigo as

deve

executadas

de

comutadores

devem

condições

ser de

ou

evitadas segurança

ser

consultado

um

as

reparações

necessárias.

e

à da

profissional As

extensões eléctricas temporárias só devem ser permitidas em

circunstâncias

excepcionais.

Todos

estes

ou

objectos

importante

remover

inflamáveis.

regularmente

Para

todos

evitar

os

restos

a de

cera. Antes do fecho da Igreja e durante o período de abertura

deve

existir

um

responsável

por

assegurar

a

ausência de riscos relacionados com presença de velas ou círios.

circuitos

devem ser fisicamente desligados dos principais, quando

Realização

não estão a ser utilizados (mesmo que os interruptores se

intervenções

encontram desligados).

adicionais, se não forem tomadas as devidas precauções.

de

trabalhos/obras

realizadas

na

Igreja

de

manutenção:

podem

trazer

As

riscos

Não devem ser realizadas intervenções, sem que primeiro Aparelhos

perigos

se pondere todos os riscos envolvidos, designadamente as

potenciais os aparelhos de aquecimento que se encontrem a

consequências para os objectos, revestimentos decorativos

uma distância inferior de 1,5 m de peças de mobiliário ou

ou para o ambiente. É importante também verificar se os

de

circuitos eléctricos têm capacidade de suportar a potência

objectos.

de

aquecimento:

Estes

aparelhos

Constituem

devem

ser

alvo

de

um

contrato de manutenção ou de um controlo regular mínimo

necessária

pela empresa responsável. São ainda situações de risco a

utilizar. Em caso de trabalhos com materiais inflamáveis ou

proximidade de objectos inflamáveis e o armazenamento de

perigosos

objectos

ou

procedimentos de segurança.

sistemas

eléctricos

materiais ou

em de

locais

onde

aquecimento.

se

encontram

Não

devem

os

para

o

devem

funcionamento ser

dos

rigorosamente

equipamentos seguidos

a os

ser

Eventos de carácter excepcional: Devem ser tomadas

utilizados aparelhos que estejam em mau estado ou com

medidas específicas de segurança de acordo com os riscos

problemas de funcionamento.

acrescidos de uma nova utilização do edifício (eventos de

12


carácter cultural ou outros), a partir das recomendações

O Plano de emergência contempla a organização em caso de

dos

de

emergência (organograma com a identificação das pessoas

protecção e em articulação com as mesmas. Sempre que

e das suas missões e a lista de contactos de pessoas e de

necessário, deve-se impedir a realização nas proximidades

instituições relevantes), a actuação em caso de emergência

da Igreja de espectáculos pirotécnicos (fogos de artifício,

(organização das operações a realizar, designadamente a

decoração festiva de fachadas, etc.), porque, para além de

activação

poderem dar origem a incêndios, podem contribuir também

pessoas e bens patrimoniais, os cortes de energia e de

para a degradação do próprio edifício.

combustíveis, etc.), o plano de evacuação (de pessoas e

serviços

de

bombeiros

ou

outras

entidades

dos

alarmes,

a

coordenação

da

evacuação

de

bens patrimoniais) e as plantas de emergência, afixadas Medidas gerais de prevenção – Regulamento geral de segurança: todas

as

O

regulamento

informações

geral

relativas

de

à

segurança

prevenção

nos devidos locais.

agrupa

(Plano

de

O regulamento geral de segurança deve ser actualizado

prevenção) e à actuação em caso de emergência (Plano de

regularmente

emergência).

segurança.

O Plano de prevenção inclui a identificação do edifício e dos

2. PROPAGAÇÃO

responsáveis, as plantas de segurança (plantas de cada

Natureza do edifício: As coberturas em madeira, com ou

piso com indicação dos locais de risco, dos percursos e vias

sem revestimentos decorativos, tornam os edifícios mais

de evacuação, da localização do acervo e dos dispositivos e

vulneráveis

equipamentos

de

separação entre a cobertura e o interior da Igreja, o fogo,

(relatórios

de

independentemente do local onde se inicie, propagar-se-á

ocorrências,

de

rapidamente ao resto do edifício.

prevenção vistorias

e e

anomalias simulacros).

de os

segurança), registos

inspecções, detectadas

de

os

segurança

relatórios e

das

procedimentos de

acções

de

formação

e

ao

disponibilizado

fogo.

Se

não

às

houver

autoridades

qualquer

tipo

de

de

e Acessibilidade, limpeza e manutenção dos espaços: A falta

de

limpeza

ou

de

m a n ut e n ç ã o

das

partes

altas

e

menos acessíveis do edifício e a acumulação de objectos

13


nas áreas secundárias da Igreja, para além de favorecerem

que

a propagação do fogo, contribuem também para dificultar

material

o u i m p e d i r o a c e s s o d o s m e i o s d e s o c o r r o . D e v e , p o r i s s o,

grandes

realizar-se

deve

regular

a

das

limpeza,

áreas

desimpedimento

secundárias

e

das

não

e

manutenção acessíveis

ao

se

pode

facilmente

também

inflamável,

quantidades.

ser

O

restringido

indispensáveis,

evitar.

A

cera

reduzindo

velas

principalmente

armazenamento aos

das

que as

são

é

um

quando

em

destes

produtos

verdadeiramente

quantidades

às

mínimas

público. Todo o tipo de obstrução à circulação interior, é

necessárias

prejudicial

actividades em curso. Se possível deve recorrer-se a locais

à

eficácia

da

luta

contra

o

sinistro.

Deve

para

assegurar

o

funcionamento

das

promover-se o acesso fácil às zonas mais altas do edifício,

exteriores

realizando as acções necessárias para manter as escadas

pontualmente ou providenciar armários que ofereçam as

seguras

condições de segurança adequadas.

também

(em a

boas

condições)

colocação

de

e

desimpedidas,

iluminação

de

prevendo

segurança.

para

armazenamento

de

materiais

utilizados

No

decurso destas acções deve procurar-se não deitar fora

Sistemas de detecção e combate em caso de incêndio:

indiscriminadamente os objectos, que muitas das vezes já se encontram em uso por não se encontrarem em bom

É importante que o fogo seja detectado logo no seu início,

estado de conservação ou não são funcionais do ponto de

para que se possam activar os procedimentos de alerta e

vista das alterações das reformas litúrgicas.

resposta a tempo de impedir danos maiores. Se possível,

É importante que, mediante aconselhamento, se faça uma

para além da vigilância regular (inclusive durante o período

selecção

em que a Igreja se encontra encerrada ao público) devem

cuidada,

patrimonial

de

ponderando

cada

objecto

o e

valor a

ou

viabilidade

interesse da

sua

recuperação ou conservação.

implementar-se sistemas de detecção e alarme eficazes. A presença de extintores adequados constitui também uma medida de precaução e uma necessidade absoluta. Deve-se

Em

caso

cartões,

de

sinistro,

madeiras,

a

presença

contraplacados,

de

objectos

etc.)

sem

(papéis, qualquer

procurar

aconselhamento

para

a

selecção

do

tipo

e

quantidade de equipamentos necessários, sabendo que o

utilidade que ardem facilmente e de produtos inflamáveis

extintor

como garrafas de álcool, de terebintina ou de cera para o

apropriado para a protecção das obras de arte, mas que é

chão, em armários ou no exterior, é um factor agravante

muito perigoso, por exemplo, em caso de fogo de origem

de

água

pulverizada

(sem

aditivos)

é

o

mais

14


eléctrica. regular

É

importante

destes

assegurar

equipamentos

também

de

acordo

a

verificação

com

as

suas

presença de objectos de interesse patrimonial, dos meios de

combate

disponíveis

(nomeadamente

os

recursos

de

relativas

à

especificações técnicas, a formação do pessoal auxiliar da

água),

Igreja sobre a sua utilização, a realização de simulacros de

segurança

emergência

condições em caso de intervenção de urgência. A acção dos

e

a

criação

de

uma

lista

dos

contactos

abordando contra

também

as

questões

incêndio,

de

modo

a

melhorar

as

telefónicos de emergência, colocada num local facilmente

bombeiros

visível e acessível.

rapidamente os objectos mais facilmente transportáveis ou

deve

ser

direccionada

para

ajudar

a

evacuar

sensíveis e proteger os outros, no decorrer da intervenção Os vizinhos devidamente sensibilizados e com os devidos

de socorro.

conhecimentos são um auxiliar precioso para agir em caso de

incêndio.

Devem

possuir

instruções

para

nestas

Em caso de danos provocados pela água nos objectos, deve

situações chamar os meios de socorro, disponibilizar as

ser

chaves, localizar os objectos de interesse patrimonial ou

competente,

fornecer qualquer outro tipo de informação que possa ser

orientando relativamente aos procedimentos mais urgentes

útil para os bombeiros quando da sua chegada ao local.

para

chamado

de

imediato

para

estabilizar

dar as

um

apoio

obras

Conservador-restaurador

na

de

fase

arte,

de

salvamento,

evitando

assim

o

agravamento da degradação, até que se possa realizar a De modo a evitar as perdas de tempo, por dificuldade de

sua recuperação.

encontrar o edifício ou de aproximação, é importante que a Igreja acesso

esteja

devidamente

estejam

exemplo,

à

sempre

colocação

sinalizada

e

desimpedidas

de

correntes

que

as

vias

(recorrendo,

para

demarcação

de

Acesso ao interior:

mediante

visita

devem ao

ser local,

dos

de

acessos

acções

de

de dia e noite (incluindo períodos de férias), através de

previamente, (incluindo

as

do

pessoas

informados

retardar

socorro é fundamental que, as chaves estejam acessíveis autorizadas

(normalmente bombeiros

evitar

por

espaço exterior mais próximo). Os

Para

são

e

escolhidas

devidamente pessoas

que

identificadas se

encontrem

próximas do local).

as

dificuldades existentes), das características do edifício, da

15


IV. ÁGUA

isolamento da cobertura ou das aberturas, de drenagem das

PENETRAÇÃO

DE

ÁGUA

E

PROBLEMAS

LIGADOS

AO

EXCESSO

DE

águas

pluviais

situações

HUMIDADE

de

e

de

degradação

risco

que

das

canalizações

são

prioridades

de

constituem

intervenção relativamente à prevenção. Todas as economias A existência frequente de níveis elevados de humidade no

que se fizerem abdicando da manutenção do imóvel têm

interior das Igrejas poderá causar danos em alguns dos

custos muito elevados, uma vez que a boa conservação do

objectos. Porém, é frequente que, a maior parte deles já se

edifício é determinante para a preservação dos objectos

encontra

que contém. As obras de manutenção do edifício, quando

de

algum

modo

adaptado

as

essas

condições.

Importa efectivamente é que essas condições onde eles se

necessárias,

encontram se mantenham estáveis. As acções levadas a

entidades responsáveis, de acordo com as especificações

cabo para reduzir a humidade podem provocar alterações

existentes

consideráveis

edificado e sob a orientação de profissionais especializados

no

clima

interno

do

próprio

edifício

em

devem

ser

realizadas

relativamente

protecção

presença de objectos de interesse patrimonial e protegê-los

escorrências

durante os trabalhos, planeando as intervenções de modo a

situações

que

podem

representar

generalizadas,

algum

perigo

são

para

o

É

importante

património

recantos, os problemas de infiltração e a permanência de condensações

intervenções.

do

das

neste

de

de

autorização

detrimento dos objectos. Já o confinamento do ar em certos ou

tipo

à

com

assinalar

a

prever e minorar os riscos suplementares (deposição de

edifício ou para a conservação dos objectos e devem, por

poeiras

nos

isso, ser solucionadas.

utensílios

na

objectos,

manipulação

proximidade

materiais

ou

vibrações

ou

Os sistemas de

drenagem

de

prejudiciais,

forem

dos

de

objectos,

choques mecânicos, roubo, etc.).

1. AVALIAÇÃO DE RISCOS

Manutenção do edifício:

Riscos gerais: A localização em zonas com historial de inundações e a ausência de manutenção do edifício, que se revela

na

maior

parte

das

vezes

por

problemas

de

águas

pluviais

podem

ser

se

mal

concebidos. É importante ter em atenção que, se todas as águas pluviais forem escoadas para o mesmo sítio, perto do edifício,

esse

local

pode

tornar-se

uma

área

de

forte

16


concentração de humidade, bastante mais prejudicial para o

Arejamento/Ventilação: A abertura das portas da Igreja

imóvel

para

do

que

uma

distribuição

uniforme

em

torno

do

arejamento

produz

mais

efeitos

nocivos

do

que

edifício. Para assegurar o bom funcionamento dos algerozes

benéficos (mesmo na Primavera), uma vez que permite a

e sistemas de drenagem de águas pluviais e evitar a sua

entrada de insectos e destabiliza o clima interior, causando

degradação

sua

danos nos objectos. Devem ser revistos os procedimentos

limpeza e manutenção. Para evitar problemas maiores de

de utilização e manutenção dos espaços interiores, de modo

infiltração

pela

a evitar todo o tipo de acções que agravem ou alterem as

degradação do edifício devem-se manter as alvenarias e a

condições termohigrométricas interiores, como a abertura

cobertura em bom estado de conservação, bem como todas

d e s c o n t r o l a d a d e p o r t a s e j a n el a s , a l a v a g e m d o c h ã o c o m

as

excesso de água, etc.

é e

janelas,

aberturas,

fundamental de

realizar

colonização

portas,

biológica

vidraças,

assegurando

a

regularmente

sua

vitrais

a

responsáveis

ou

outro

estanquidade,

tipo

de

protegendo

assim as alvenarias subjacentes ou os objectos próximos.

Limpeza: No interior da igreja, a limpeza é uma operação que requer cuidados especiais, para evitar os danos que daí

As

condutas

de

água

(canalizações

para

etc.)

ser

aquecimento,

podem

advir.

Antes

de

iniciar

a

limpeza

é

fundamental

inspeccionadas

verificar que se conhecem os procedimentos adequados e se

regularmente. A água deve estar fechada sempre que não

possuem os meios necessários. A utilização de água em

for necessária a sua utilização.

excesso, durante a limpeza no interior, tem efeitos nocivos

canalizações

de

água,

devem

para

os

objectos

e

revestimentos

desaconselhado

a

limpeza

em no

madeira.

É

exterior

do

A presença de restos de materiais ou de canteiros junto aos

estritamente

muros dos edifícios favorece a penetração e retenção de

edifício com recurso a agulhetas ou mangueiras, uma vez

humidade. Devem evitar-se estas situações e recorrer-se à

que a água sobre pressão penetra profundamente no solo e

colocação de vasos ou floreiras afastados dos edifícios bem

nas alvenarias, acelerando a sua degradação.

como evitar os depósitos abusivos de desperdícios junto aos edifícios.

17


2. CONTROLO DE INFILTRAÇÕES E CONDENSAÇÕES Infiltrações mínimo

e

sinal

detecção de

de

penetração

presença de

de

água

nas

água:

Ao

coberturas

com o chão. É importante manter uma vigilância atenta e efectiva,

evitando

graves. Caso se detecte uma infiltração que possa afectar

dado o alerta.

os

É importante proceder a observações periódicas a estes

imediato, deve providenciar-se a protecção ou deslocação

locais, uma vez que estes factores são responsáveis pela

das

desestabilização

fragilizados,

não

significativos se não forem tomadas medidas imediatas, de

intervenção

prévia

forma a proceder à correcção das anomalias detectadas. O

restauradores competentes.

do

edifício,

causando

danos

muito

em

cuja

causa

perigo.

Os

devem

não

ter

passe

escorrências nas paredes interiores do edifício, deve ser

e

por isso,

alteração

despercebida

obras

possa,

qualquer

(telhado), nas estruturas em madeira ou a presença de

objectos,

e

que

pode

objectos ser

realizada

consequências ser

que

suprimida

se

de

encontrarem

deslocados por

mais

sem

uma

Conservadores

avançar do problema e da degradação pode, a curto prazo, ter Na

consequências maioria

resolução,

dos basta

catastróficas

casos,

estas

muitas

situações

vezes,

e

onerosas.

são

verificar

o

de

simples

estado

de

Condensação: normalmente

A

condensação

reunidas

duas

ocorre condições,

quando

estão

objectos

ou

conservação do telhado, proceder à simples substituição de

superfícies mais frias e um ar particularmente húmido. Esta

telhas partidas ou deslocadas e ainda ao desentupimento

situação

dos algerozes.

presença de fiéis no interior das igrejas faz aumentar a

É

necessário,

problemas,

para

verificar

além

de

também

determinar os

riscos

a que

origem lhes

acontece

geralmente

no

Inverno,

quando

a

dos

humidade interior. É importante estar a atento à ocorrência

estão

de condensações de água na superfície dos objectos, uma

associados.

vez

que

podem

provocar

alterações

graves

nos

seus

materiais constitutivos. A ascensão de humidade nas alvenarias está, muitas vezes, na origem da degradação dos revestimentos decorativos e pavimentos em madeira ou dos móveis em contacto directo

18


3. DETECÇÃO

DE

ALTERAÇÕES

PROVOCADAS

PELO

EXCESSO

DE

Desenvolvimento de fungos e bolores: A presença de assinala

associado

à

confinados.

o

excesso

existência

Estes

são

de

de

humidade,

microclimas

responsáveis

pela

geralmente em

espaços

destruição

dos

materiais orgânicos mais frágeis como o papel, o couro, os têxteis,

e

outros

objectos

como

pinturas,

esculturas

apodrecimento.

Instalam-se

nos

revestimentos

e

móveis em madeira afectada pela humidade proveniente do solo ou muros, ou sobre as peças de madeira em contacto infiltrações

de

água.

Não

Manutenção

prejudicial

nas

Igrejas

que

do

edifício:

Os

microorganismos

(fungos,

algas verdes, etc.) desenvolvem-se mediante a existência de condições favoráveis. A sua proliferação é geralmente indicadora de uma deterioração das condições de higiene do edifício. Controlar estas condições é bastante mais eficaz do

que

destruir

degradação.

Os fungos e os bolores que atacam a madeira provocam o

com

particularmente

os

microorganismos,

uma

vez

que,

cessando o seu desenvolvimento se diminuem os riscos de

policromas e objectos em madeira.

seu

é

possuem pinturas murais ou pintura decorativa.

HUMIDADE

bolores

presença

dão

origem

a

danos

irreversíveis, como favorecem a colonização da madeira por alguns insectos xilófagos (por ex. o caruncho).

Proliferação de algas: As algas verdes (clorofíceas) são algas microscópicas que proliferam em superfícies muito húmidas e pouco iluminadas. Uma vez instaladas, as algas retêm a água e conservam as superfícies permanentemente húmidas, acabando por se criar um ciclo vicioso. A sua

Devem

por

isso

ser

tomadas

medidas

preventivas para impedir que se criem condições propícias à

sua

proliferação,

assegurando

primeiramente

a

manutenção do edifício e evitando o calor e a humidade excessivas, podendo, em alguns casos, recorrer também a uma intervenção curativa nos objectos afectados. Intervenção nos objectos de interesse patrimonial: O tratamento,

curativo

apresentam

deteriorações

biológica

deve

ser

ou da

preventivo

dos

objectos

causadas

por

contaminação

estrita

responsabilidade

de

que um

Conservador-restaurador ou sob orientação deste, que pode proceder a acções e procedimentos adequados conducentes à

sua

eliminação.

É

desaconselhado

a

utilização

de

produtos fungicidas nos objectos. Os que se encontram, normalmente disponíveis no mercado podem ser nocivos

19


para os objectos e pessoas e não terão qualquer eficácia se

Localização geográfica: Qualquer que seja a região, os

forem mantidas condições de humidade aceitáveis.

insectos, os pássaros e os roedores constituem um risco enorme para o edifício e bens móveis. o

Sensibilidade do edifício e dos objectos de interesse

arejamento regular do interior dos armários ou peças de

patrimonial: No que diz respeito ao edifício, as estruturas

mobiliário, a vigilância dos locais de armazenamento e,

que

relativamente

mais

mais fragilizadas são particularmente sensíveis ao ataque

das

de insectos xilófagos. As peças têxteis mais antigas, as

portas ou janelas e o isolamento do contacto directo com o

pinturas e esculturas de madeira, a talha, os livros, os

chão

documentos antigos e as gravuras constituem um exemplo

Medidas

de

protegidas,

prevenção:

ao

acervo,

incluindo

(elevando

as

o

São

a

medidas

deslocação

afastamento

peças

com

importantes

para das

zonas

paredes,

pequenos

elementos

se

encontram

peças

cujos

húmidas

ou

materiais

apodrecidas

de

coberturas para a protecção de armários, prateleiras ou

sensíveis às infestações. As peças de mobiliário corrente

objectos quando se detectam situações de risco.

podem

constituir

focos

são

portanto,

estanques). Pode também ser necessária a colocação de

igualmente

constitutivos

e,

de

bastante infestação

transmissível aos objectos de interesse patrimonial. Como medida indispensável de prevenção é importante conhecer e V. INFESTAÇÃO POR ANIMAIS (INSECTOS, PÁSSAROS E ROEDORES)

dar

a

conhecer

os

objectos

cujos

materiais

são

mais

sensíveis às infestações, de modo a exercer uma vigilância sistemática,

quer

se

tratem

Sem se conhecer a vulnerabilidade do acervo e dos

patrimonial,

quer

de

objectos

seus materiais, as características do edifício, o tipo

correntes.

AVALIAR

E PREVENIR OS RISCOS

de

objectos

ou

de

peças

de

interesse mobiliário

de pragas e os procedimentos de risco não se pode agir preventivamente e actuar em caso de detecção

1. Evitar

de praga. Conhecer

e

Controlar

o

minimizar ambiente,

os

factores

evitando

o

que

os

calor

favorecem. e

humidade

excessivos. Controlar as fontes de alimento, evitando a

20


proximidade

de

áreas

onde

se

encontrem

os

objectos.

Assegurar a limpeza e a inspecção regular. Clima (devido

interior: a

Uma

problemas

humidade de

do imóvel.

anormalmente

infiltração

ou

relativamente a áreas ajardinadas ou a paredes exteriores

de

elevada

confinamento

extremo) favorece o desenvolvimento de insectos.

Entrada de pássaros: Um pássaro pode penetrar através de

orifícios

muito

inclusivamente

pequenos

nos

e

objectos.

provocar A

danos

presença

enormes,

de

pássaros

mortos favorece a proliferação de fungos e dos insectos que Manutenção: obscuridade

Os e

insectos

da

e

os

roedores

tranquilidade:

eles

gostam

proliferam

da

mais

os

decompõem

e

se

alimentam

das

suas

penas.

Deve

assegurar-se a inexistência de vidros partidos, portas ou

facilmente em armários que raramente são abertos ou onde

janelas

a manutenção for negligenciada. As acções de limpeza e

possíveis, recorrendo se necessário à colocação de redes de

manutenção permitem simultaneamente verificar os locais e

protecção nas aberturas. É, frequente a entrada de aves

objectos para detectar sinais de actividade ou de alguma

(andorinhas, pombos) nas igrejas, penetrando através de

alteração.

Deve

manutenção

frestas

profunda,

com

a

prevenir

partidas ou mesmo por uma porta deixada aberta. Uma vez

inspeccionar

lá dentro do edifício, dificilmente conseguem sair, instalam-

frequentemente o interior dos móveis e armários e não

se, acabam por fazer ninhos, e esvoaçam perigosamente,

deixar

batendo

infestações.

É

acumular

assegurar-se

a

regularidade,

limpeza de

importante objectos

modo

também

inúteis

e

susceptíveis

de

serem

em

ou

mau

estado,

aberturas

contra

os

nos

vedando

todas

edifícios,

retábulos,

as

as

vidros

esculturas,

entradas

de

janelas

sujando

e

contaminados ou de contaminarem.

danificando os objectos com os seus dejectos.

2. Excluir

3. IDENTIFICAR

Impedir a entrada, recorrendo se necessário à colocação de

Detectar eventuais infestações, para se poder alertar as

barreiras. É importante rever a estanquidade de portas,

pessoas

janelas ou outras entradas do edifício, bem como prever

danos e evitar a contaminação de objectos próximos.

perímetros

de

segurança,

com

materiais

ou

entidades

competentes

e

assim

minorar

os

inertes

21


Vigilância/Monitorização: inspecções

periódicas

Devem

insectos. É importante proceder-se ao controlo integrado de

de galerias sobre as peças, podem ser utilizadas armadilhas

infestações, que se baseia na aplicação de métodos não

(colantes com substâncias atractivas ou luminosas).

recurso

a

de

químicos,

infestações

objectos procurando vestígios de serrim recente, dejectos, pequenos pedaços de madeira, marcas de orifícios novos ou

sem

detecção

realizadas por

intrusivos,

para

ser

de

forma

a

para

prevenir ou minimizar o ataque biológico. Na base deste programa

é

importante

monitorizar,

desencorajar

a

Infestação dos têxteis: Os riscos de ataque por traças ou por

outros

insectos

destruidores

das

fibras

têxteis

são

presença de pestes e planear estratégias de tratamento.

particularmente elevados em paramentaria que raramente é

Para determinar o tipo, a quantidade, os seus pontos de

utilizada,

entrada e os locais onde permanecem, deve recorrer-se à

agravando-se

a

colocação

negligenciada.

Constituem

de

armadilhas

em

locais

estratégicos,

onde

se

podem

situação

desenvolver

quando sinais

esta

de

livremente, se

encontra

a

presença,

alerta

constituindo também uma medida preventiva.

junto

As armadilhas devem ser verificadas periodicamente, pelo

dejectos, insectos mortos ou adultos (traças ou pequenas

menos uma vez por vez por mês, e não podem ser deixadas

borboletas

ao abandono, porque passam elas próprias a constituir uma

directamente

fonte

superficial ou de pequenos orifícios. Em caso de infestação,

podem

de

alimento.

utilizar-se

as

Na

primeira

armadilhas

fase

de

monitorização

colantes/adesivas

(para

as

às

peças

peças

têxteis,

brancas) nas

de

ou peças,

contaminadas

casulos,

ainda a

devem

restos

de

mudas,

quando

se

observa,

existência

de

desgaste

ser

isoladas

do

restante

que não se introduzam substâncias estranhas ou tóxicas) e

acervo e colocadas num invólucro de plástico (se o têxtil se

mecânicas (roedores).

encontra húmido é importante, em primeiro lugar, que este seque

Infestação /caruncho: (por

da

madeira

A infestação

exemplo

caruncho)

por

por

insectos

insectos de

pode

xilófagos

larva xilófaga

gradualmente,

levar

naturalmente,

para

evitar

o

desenvolvimento

de

fungos/bolores). As peças de interesse patrimonial devem ser

tratadas

sob

orientação

de

um

Conservador-

à

restaurador. Nos têxteis de uso corrente pode intervir-se

destruição completa dos objectos colonizados, caso esta

directamente, realizando, sob observação atenta, a limpeza

seja detectada demasiado tarde. Para averiguar a presença

com

de insectos em actividade, para além do exame dos locais e

modo a eliminar os vestígios da presença de infestação sem

pincel

macio

e

pinça

(para

utilização

pontual),

de

22


danificar

a

peça.

O

risco

de

infestação

diminui

roídos, restos de ninhos, etc.). Se for detectada a sua

consideravelmente com a limpeza periódica dos arcazes,

existência deve recorrer-se preferencialmente a armadilhas

das gavetas, armários.

em detrimento da utilização de veneno, uma vez que os cadáveres em decomposição favorecem a proliferação de

Infestação

do

papel:

Os

lepismas,

vulgarmente

insectos.

conhecidos como “peixinhos de prata” e os psocopteros ou “piolhos

dos

livros”

colonizam

facilmente

o

papel

e

as

4. RESPONDER

encadernações húmidas. Os danos são normalmente lentos, mas

podem

agravar-se

quando

considerável.

São

de

aparecimento

de

sinais

a

alerta

desgaste

sua em

proliferação

primeiro

superficial

no

lugar papel

é

Avaliar

o

prioridades,

e

existentes.

o

problema definir

e

a

sua

extensão.

estratégias

e

Identificar

mobilizar

os

as

recursos

posteriormente a presença de pequenos orifícios ou galerias ao longo das superfícies. As larvas dos pequenos carunchos

Conhecer

os

que

infestação

activa

colonizam

normalmente

a

madeira

podem

provocar

procedimentos nos

adequados:

objectos

de

Em

interesse

caso

de

patrimonial

também danos importantes sobre os livros e documentos. A

deve-se recorrer a Conservadores-restauradores para o seu

melhoria das condições gerais de conservação é a melhor

tratamento

maneira de prevenir as infestações do papel. Recomenda-se

contaminados

a limpeza dos locais de armazenamento e dos armários, a

restante

diminuição do confinamento ou excesso de humidade, a

infestação deve-se procurar agir não só relativamente aos

vigilância sistemática com iluminação adequada e a limpeza

objectos,

superficial

deram origem, tomando as medidas necessárias para as

do

dos livros (lombada e

parte

superior)

realizada com cuidado e suavidade. Infestação inspecção

do devem

edifício

por

procurar-se

ou

aconselhamento devem

acervo. mas

ser

Mediante

também

técnico.

imediatamente a

detecção

relativamente

de

Os

objectos

isolados

do

problemas

de

às causas

que

lhe

resolver ou controlar a curto e médio prazo. roedores:

dejectos

de

Durante roedores

a ou

qualquer outro sinal da sua presença (tecidos cortados ou

23


VI. SISMOS Os sismos são responsáveis por diversos danos, sendo que

Vigilância: Deve inspeccionar-se regularmente o edifício

a maior parte dos acidentes resultam do desmoronamento

para detecção de elementos soltos, instáveis ou em risco,

dos

que

edifícios

(colapso

parcial

ou

total)

e

da

queda

de

possam

constituir

um

perigo

para

as

pessoas

ou

o b j e c t o s o u d e s t r o ç o s . O p e r i g o p o d e s e r a i n d a a g r a v a do

objectos,

por uma série de danos colaterais, como o deflagrar de

eléctricos e condutas de água, para reduzir a possibilidade

incêndios,

de riscos secundários. Deve providenciar-se a realização

a

obstrução

de

acessos,

a

inexistência

de

sistemas de alarme e de comunicação e pela destruição por

incluindo

também

a

vistoria

dos

sistemas

das devidas reparações.

intrusão e vandalismo. Perante a ocorrência de um sismo é necessário

agir

com

rapidez

e

sangue

frio,

evitando

situações de pânico. No entanto, existem procedimentos

2. MEDIDAS DE PREVENÇÃO

fundamentais que é importante conhecer e cumprir, para que se possam efectivamente minorar os danos inerentes a

Plano

este tipo de desastre.

segurança

de

segurança: em

caso

Devem

de

ser

previstas

ocorrência

de

um

medidas sismo,

de que

contemplem a actuação em caso de emergência, como o

1. AVALIAÇÃO DE RISCOS

desligar da água, gás e electricidade. Constitui também uma prioridade manter acessível, junto ao telefone, uma

Vulnerabilidade determinar

a

patrimoniais

do

edifício

vulnerabilidade

que

contém,

e

acervo:

do

É

edifício

considerando

a

fundamental e

dos

bens

frequência

-

a

Igreja

Relativamente

ao

resistência

prever

e

e

a

edifício a

fracção é

do

acervo

importante

realização,

se

em

verificar

risco. a

necessário,

de fora da região.

de

ocorrência de sismos na região ou área onde se encontra o edifício

lista actualizada de contactos de emergência, inclusive os

sua de

Protecção dos objectos: Para diminuir os riscos de dano, os objectos devem estar dispostos preferencialmente nos locais

mais

seguros.

As

estantes

ou

elementos

de

sustentação devem estar devidamente fixos.

intervenções de reforço e de consolidação estrutural.

24


Sempre

que

os

objectos

não

estão

a

culto

devem

ser

VII. MANUTENÇÃO DOS LOCAIS E CONSERVAÇÃO DOS OBJECTOS

guardados, tendo em consideração que os mais pesados ou volumosos ficam mais protegidos quando colocados mais

As práticas que envolvem os objectos no quotidiano mais

perto do nível do chão.

ou menos frequente, desde a sua apresentação, utilização e manutenção

Como

medida

de

prevenção

devem

ser

deslocados

para

repercutem-se

condicionam

a

sua

na

p r e s e r v a ç ão

sua futura.

conservação A

prudência

e em

outro local todos os objectos que possam sofrer danos por

presença dos objectos, a vigilância dos locais e dos bens, a

impacto de outros elementos. Do mesmo modo é importante

adopção de medidas de conservação, o alerta relativamente

evitar

a procedimentos incorrectos, o incentivo a uma participação

a

colocação

armário ou vitrina.

de

demasiados

objectos

num

mesmo

concertada e eficaz das comunidades e dos interlocutores responsáveis

pela

conservação

dos

bens

culturais

são,

entre outras, acções urgentes e indispensáveis para a uma p r o t e c ç ã o r e a l e e f e c t i v a d o p at r i m ó n i o h i s t ó r i c o e a r t í s t i c o , sobretudo em matéria de prevenção.

1. QUESTÕES GERAIS Identificação e localização dos objectos: A vigilância e a

protecção

do

património

é

tanto

mais

eficaz,

quanto

melhor se conhecer esse património. É importante que o acervo para

esteja que

se

devidamente consiga

inventariado

detectar

e

documentado

atempadamente

o

seu

desaparecimento, dar indicações para a sua procura ou, posteriormente, identificá-lo correctamente.

25


Caso não exista, deve ser criado um dossier, actualizado

edifício e dos objectos. Os documentos originais devem

regularmente, contendo a seguinte documentação:

ser

mantidos

num

arquivo,

num

local

seguro

e

de

preferência num outro edifício. • A planta da Igreja com a localização datada de cada objecto;

Regulamentação: O património cultural é objecto de uma série de regulamentações que é útil e importante conhecer

• O

registo

peças,

bem

fotográfico como

actualizado

uma

ficha

de

de

cada

uma

identificação

das

com

para melhor assegurar a sua salvaguarda.

a

descrição completa das suas características;

Colaboração: A falta de contacto ou de colaboração entre os diferentes intervenientes compromete o pôr em prática e

• Documentos complementares (fotografias, artigos…);

o seguimento das acções de salvaguarda do património das Igrejas.

• A lista dos nomes e coordenadas das pessoas implicadas na

manutenção

e

vigilância

corrente

da

Igreja

2. MANUTENÇÃO E CONSERVAÇÃO

(detentores de chaves, responsáveis da limpeza…); Manutenção • A lista dos nomes e coordenadas dos diferentes serviços e

intervenientes

(de

conservação,

de

a r q u i t e c t u r a,

comissão diocesana de arte sacra, etc.);

esporádica

consonância

com

as

irregular

A

dos

limpeza

espaços

e

põe

manutenção em

risco

os

menos bem intencionados, acumulam-se materiais inúteis

• Indicações precisas em caso de roubo de um objecto em

ou

locais:

objectos. Os locais negligenciados encorajam os visitantes que

(redigidas

dos

directrizes

das

entidades competentes); • Cópias da lista de objectos de interesse patrimonial e da documentação de interesse relativa à conservação do

podem

contribuir

para

propagação

de

um

incêndio,

propiciam o desenvolvimento de pragas e encobrem vários perigos que, pela falta de vigilância, não são muitas vezes detectados a tempo. Deve assegurar-se a organização e continuidade de acções de

limpeza

e

manutenção

e

a

existência

dos

meios

26


necessários,

garantindo,

deste

modo,

a

sua

eficácia.

É

importante também que a comunidade seja sensibilizada relativamente

aos

cuidados

mais

elementares

como

encontra frágil ou com problemas de destacamento, o que nem sempre é fácil de detectar.

por

exemplo não fumar, não comer, nem deitar lixo para o

Recomendações:

chão. -

Não

se

deve

limpar

o

a

obras

policromadas

ou

A limpeza do pavimento deve ser realizada com varredores

douradas. Podem limpar-se as poeiras com espanadores,

de pano (tipo mopa®) ou com aspirador (preferencialmente

trinchas

aspiradores munidos com filtros que retenham eficazmente

madeira não policromada, em superfícies de pedra (se esta

as partículas, ex. filtros Hepa®). Não devem ser utilizadas

não estiver pulverulenta) e em livros ou documentos que

as vassouras tradicionais, para evitar o levantamento de

não

poeiras, que se irão depositar sobre os objectos expostos.

realizando

a

A lavagem deve ser realizada com pouca água, sem utilizar

poeiras

noutras

detergentes ou recorrendo apenas a detergentes neutros,

simultaneamente a um aspirador regulado para uma sucção

deixando no final o pavimento seco. A lavagem de vidros de

fraca, colocado a uma distância mínima de segurança da

janelas e vitrinas deve também ser efectuada com água,

obra (não inferior a 20 cm). Como precaução deve colocar-

seguida de secagem.

se uma rede ou gaze de protecção no bocal do aspirador, para

Conservação

dos

objectos

de

interesse

patrimonial:

se

ou

pincéis

encontrem

evitar

macios

objectos

fragilizados.

limpeza,

que

em

para

À

evitar

superfícies,

algum

f r a gm e n t o

ou

medida a

móveis

que

se

deposição

deve-se

possa

em

for

destas recorrer

ser

aspirado

inadvertidamente.

Nas decisões ou acções que digam respeito aos próprios objectos

deve

ter-se

a

máxima

prudência.

A

simples

-

Nunca

se

devem

lavar

objectos

em

pedra

com

deslocação do objecto, ou mesmo qualquer tentativa de

detergentes,

reparação

ter

porosa e muito sensível à acção de certos produtos que a

consequências nefastas. A limpeza do pó, uma operação

p o d e m d i s s o l v e r o u t o r n á - l a p ul v e r u l e n t o c o m o d e c o r r e r d o

q u e à p r i m e i r a v i s t a p o d e p ar e c e r s i m p l e s e i n ó c u a , p o d e

tempo.

provocar

confiada

alterações

a

pessoas

não

irreversíveis,

qualificadas

quando

a

pode

peça

ácidos

ou

lixívia,

uma

vez

que

a

pedra

é

se

27


- As peças de ourivesaria podem ser limpas, de preferência,

que se encontrem em bom estado, pode ser realizada a

com

limpeza de poeiras, desde que efectuada de modo suave e

panos

secos

e

macios.

Nunca

se

deve

recorrer

à

utilização de materiais ou produtos abrasivos.

com cuidado, recorrendo a uma trincha ou pincel macio.

As peças simples (galhetas, bandejas, salvas, etc.) podem

Durante

ser

aspirador de sucção fraca e controlada, para eliminar as

lavadas

com

água

e

detergente

neutro,

desde

que

o

processo

sejam bem secas de seguida. No caso de usar produtos

poeiras

comerciais

eventualmente

mas

de

que

limpeza

certamente

(cuja

composição

contêm

produtos

se

desconhece,

abrasivos)

deve

assegurar-se a sua total remoção no final.

e

evitar

a

de

limpeza

sua

como

deve

deposição

medida

de

recorrer-se

noutros

a

locais.

segurança

um Pode

recorrer

à

utilização de um tule, de forma a minimizar o efeito de sucção nas fibras dos tecidos. - Os vitrais não devem ser limpos com produtos de limpeza

No seu manuseamento devem ser utilizadas, sempre que possível,

luvas

de

algodão,

para

proteger

as

peças

da

gordura, suor, ácidos fracos e sais libertados pelas mãos. Para além de sujarem os objectos, estes compostos podem causar a corrosão de metais, podendo mesmo danificá-los.

para

vidros,

composição

porque estão

na

maioria

presentes

das

vezes,

produtos

que

na

sua

causam

alterações e que os danificam. - As pinturas murais não devem ser limpas, nem escovadas, sem

o

aconselhamento

técnico

de

um

Conservador-

restaurador, uma vez que dependendo do seu estado de -

Os

têxteis

antigos

não

devem

ser

Conservador-restaurador

especializado

realizar

necessárias

as

intervenções

lavados. poderá

para

a

decidir

um e

conservação

o

simples

contacto

pode

alterá-las

gravemente.

conservação

destas peças. Não se deve também bater, nem sacudir as peças têxteis para remover a poeira depositada, uma vez que as fibras mais fragilizadas não resistirão. Para arejar as peças evite colocá-las directamente sob a acção da luz solar. As peças húmidas devem ser secas naturalmente ao ar, afastadas de qualquer fonte de calor. Nas peças têxteis

28


Recomendações gerais:

S ó d e v e m s e r p e r m i t i d a s i n t e r v e n ç õ e s ( d e l i m p e z a, de

consolidação,

de

conservação

ou

outras)

em

Deve evitar-se que a colocação de velas ou flores

objectos de interesse patrimonial, quando realizadas

interfira

por

directamente

com

as

peças,

impedindo

profissionais

qualificados

qualquer tipo de contacto entre elas.

ou

de sob

conservação a

sua

e

restauro

supervisão

Conservadores-restauradores. •

Não

se

deve

patrimonial

considerar

como

um

objecto

irremediavelmente

de

interesse

perdido,

sem

pedir aconselhamento a um profissional competente.

Deve

garantir-se

o

acompanhamento

regular

do

acervo, através da realização de inspecções de rotina para detectar a existência de qualquer alteração.

A limpeza de poeiras ou sujidade depositada só deve ser

realizada

em

peças

que

não

se

encontrem

fragilizadas, de modo a evitar o agravamento do seu estado

de

conservação.

Deve

também

ter-se

bem

presente que raramente a limpeza do pó constitui uma situação de urgência absoluta e que uma má intervenção pode destruir a obra irremediavelmente. •

Para

evitar

danos

graves

ou

irreversíveis

nos

objectos e revestimentos decorativos não se devem utilizar água, produtos de limpeza comerciais, ceras, decapantes, colas ou quaisquer outros produtos cujo efeito

relativamente

à

conservação

das

obras

se

desconhece.

29


3. EXPOSIÇÃO (CULTO),

UTILIZAÇÃO E ARMAZENAMENTO DAS

PEÇAS

Recomendações gerais: Iluminação –

Clima –

A fruição das obras de arte está dependente de uma visão

Variações

adequada. Sabendo que não se pode eliminar a luz e que

situações de humidade excessiva são factores de risco para

esta

sua

a conservação das colecções, dos acervos. Se os objectos

intensidade, como também o tempo de exposição, evitando

se encontram em bom estado de conservação ou se não

situações de iluminação intensa e contínua e de incidência

lhes

de

deterioração devem tentar manter-se as condições, onde se

degrada

luz

sempre,

natural

importa

directamente

controlar

sobre

os

não

objectos.

a

Deve

bruscas

for

de

detectado

temperatura

qualquer

ou

dano

de

ou

humidade

agravamento

ou

da

considerar-se a possibilidade de alternância dos objectos

encontram

mais sensíveis à luz (bandeiras de procissão, paramentaria,

alteram bruscamente as condições interiores. Para além das

livros e documentos gráficos…) e de protecção dos mesmos

com uma cobertura em tecido ou caixa, quando a Igreja se

aquecimento excessivo e a criação de ambientes artificiais

encontra fechada.

difíceis

Quando não se consegue evitar a incidência de luz solar

preservação do acervo.

directa sobre as peças, deve-se providenciar a colocação de

Para objectos mais sensíveis, que se verifiquem estar em

cortinas

Screen®

perigo, recomenda-se a criação de condições particulares

(utilizadas em museus, reduzem a intensidade luminosa e

(microclimas), recorrendo por exemplo à colocação desses

filtram os raios UV) nas janelas ou aberturas com vidro. É

objectos

em

importante também limitar a iluminação dirigida sobre os

objectos

afastados

objectos para os evidenciar.

penetração de água, evitando o contacto directo destes com

de

pano-cru

ou

cortinas

tipo

Sun

e

referidas de

evitar

todas

as

anteriormente

manter

e

que

vitrinas. de

É

acções é

agravam

importante

constituem

importante fontes

que

de

um

perigo

também calor,

evitar

de

para

ou o a

manter

os

zonas

de

as paredes ou solo.

30


Manipulação

dos

objectos

Se

o

manuseamento

é

• Não transportar vários objectos ao mesmo tempo.

indispensável deve-se: Suspensão e fixação – Deve vigiar-se permanentemente o •

Em primeiro lugar arrumar o local para depois poder

estado dos suportes e dos sistemas de fixação, para se

dispor os objectos;

poder

agir

o

mais

rapidamente

possível

em

caso

de

oxidação ou de degradação dos elementos de fixação. •

Verificar

o

estado

conservação

do

objecto,

garantindo que o manuseamento não põe em risco a

As acções de suspensão e de fixação comportam riscos e

sua

devem

integridade

apresentem

de

física.

Em

fragilidade

caso e

de

objectos

que

necessidade

de

por

isso

ser

realizadas

ou

orientadas

profissionais competentes, de modo a não pôr em perigo os

consolidação, deve recorrer a apoio especializado,

objectos. Devem ser aqui, igualmente, consideradas as

antes de proceder a qualquer deslocação;

questões relativas à segurança das obras.

Utilizar

luvas

de

algodão

para

evitar

o

c o n t a c to

directo com os objectos;

por

Identificação dos objectos – A identificação do objecto (ou nº de inventário) não deve ser colocado sobre zonas de policromia ou sobre zonas demasiado evidentes ou expostas

Prever o número de pessoas suficiente para deslocar

da peça, mas sim em zonas discretas, como o verso ou na

o objecto em função do seu peso;

parte inferior da base.

Definir o trajecto, desimpedir as saídas e vias de

Não devem ser coladas etiquetas ou aplicados quaisquer

acesso, assegurando que as dimensões da peça não

outros tipo de marcações directamente sobre os objectos.

criam constrangimentos durante a passagem;

Proceda da seguinte forma: em primeiro lugar proteja uma pequena área da superfície do objecto com uma camada de

• Ter especial atenção aos pontos de apoio. Não segurar

v e r n i z ( r e v e r s í v e l e d e b a i x a p en e t r a ç ã o ) , s ó d e p o i s p o d e r á

os objectos pelos elementos frágeis ou salientes

realizar

a

marcação

e

posteriormente

(por exemplo: cabeça ou braços de uma escultura);

protecção com nova camada de verniz.

proceder

à

sua

31


No caso de peças têxteis: a marcação deverá ser feita

A fixação de uma escultura não deve ser feita apenas num

numa

numa

único ponto, para que não haja riscos para o objecto e

extremidade da peça com dois pontos de linha. Os livros ou

eventualmente para o público, em caso de ruptura, e ainda

documentos em papel devem ser identificados no verso a

para

lápis

excessiva.

pequena

de

fita

de

grafite.

Caso

esta

deverá

definitiva,

nastro

se

fixa

posteriormente

pretenda

ser

colocada

uma no

marcação verso

com

mais

evitar

a

A

existência

fixação

da

de

uma

base

e

tensão

também

do

localizada verso

da

um

escultura constitui uma medida de segurança e prevenção.

c a r i m b o d e p r e f e r ê n c i a s e c o o u u m a t i n t a a d e q u a d a ( t i n ta

Por outro lado, deve ter-se em atenção que os elementos

da china), que não migre e não danifique a obra.

de fixação devem ser estáveis (isentos de oxidação), para que não percam a sua resistência, devendo ser colocados

Escultura:

As

esculturas

devem

estar

perfeitamente

de modo a não provocar danos nas peças.

estáveis e os suportes em bom estado de conservação. Deve assegurar-se que os suportes, plintos ou prateleiras

Deve evitar-se o armazenamento das peças em áreas de

para

passagem

peças

a

culto

têm

as

dimensões

e

resistência

(de

modo

a

evitar

eventuais

de

choques

adequadas para não as colocar em perigo. Não se devem

mecânicos),

colocar num mesmo espaço demasiadas peças, para que

correntes de ar. Como protecção do depósito de poeiras e

não hajam constrangimentos mecânicos ou problemas no

de

que diz respeito à segurança.

película

sujidade de

em

espaços

deve-se

confinados

colocar

poliéster

sobre

transparente

ou as

em

locais

esculturas

Melinex®

de uma

(película

resistente, neutra, química e fisicamente estável, que não É importante também impedir o contacto directo das peças

contém plastificantes), permitindo assim o acesso visual à

com as alvenarias circundantes, para evitar os riscos de

peça.

contaminação, como o aumento do seu teor de humidade e

regular

consequente fragilização ou a penetração de sais solúveis

qualquer tipo de alteração.

Deve do

manter-se acervo,

a

de

vigilância modo

a

e

acompanhamento

detectar

rapidamente

n a p e d r a o u n a t e r r a c o t a . S e n e c e s s á r i o , d e v e m - s e c o l o c ar materiais isolantes ou protectores nas bases ou áreas de contacto.

32


Livros e documentos em papel: O papel é sensível à

Os livros devem ser colocados nas prateleiras prevendo o

humidade sofrem

e

à

luz.

tensões

abertas, expostas

dando

As

encadernações

consideráveis origem

podem

a

se

livros

antigos

espaço

permanecerem

sempre

facilmente, pegando simultaneamente pela lombada e parte

deformações.

também

d es c o l o r a r

dos As

páginas

mais

progressivamente.

necessário

para

que

possam

ser

retirados

superior. Os

documentos

avulso

(folhas

escritas

ou

i m p r e s s a s,

Muito facilmente este tipo acervo adquire manchas ou sofre

gravuras,

outros tipos de deterioração mecânica e química, através

identificados,

d o m a n u s e a m e n t o s e m p r e c a u ç õ e s o u d o a c o n d i c i o n a m e n to

volumosos, separados entre si por folhas de papel branco

descuidado.

Os

livros

neutro.

manuseados

com

cuidado

litúrgicos e

a

devem

culto

devem

manter-se

ser

registos, devem

etc.) ser

depois

de

guardados

em

devidamente maços

pouco

fechados,

sempre que não estiverem a ser utilizados.

Não

se

devem

utilizar

agrafos,

clipes,

fitas

adesivas,

elásticos ou alfinetes. Se estes já se encontram sobre os Os livros e documentos gráficos que não estão a culto

documentos, devem ser removidos com muito cuidado de

devem ser manuseados com luvas de algodão, prevendo um

modo

suporte plano para os examinar ou deslocar. Devem ser

podem

guardados em armários fechados, protegidos da humidade e

preservação das peças. É importante manter uma vigilância

das poeiras, colocados em invólucros ou caixas próprias

atenta

que os mantenham fora do contacto com materiais ácidos

armazenamento e do acervo.

a

não

danificar

oxidar e

e/ou

uma

ou

rasgar

o

degradar-se

limpeza

papel, e

cuidadosa

pôr dos

uma vez em

risco

espaços

que a de

(madeira, cartões vulgares, etc.) ou nocivos (aglomerados, etc.). Caso não existam estes recursos, deve forrar-se as

Mobiliário: Entre os objectos de mobiliário existentes nas

estantes

igrejas podemos referir os arcazes normalmente situados

com

papel

branco

ou

tecido

de

algodão

mesas,

estantes

de

missal,

cadeiras

ou

previamente lavado, o que constitui também um auxiliar na

nas

detecção da presença de pragas, manchas de humidade,

bancos, púlpito, cadeirais e ainda instrumentos musicais,

fungos (bolores) ou outras alterações.

órgãos ou outros.

sacristias,

D e s d e q u e s e e n c o n t r e m e m b om e s t a d o d e c o n s e r v a ç ã o o s instrumentos musicais devem ser tocados regularmente, em

33


ocasiões especiais e com os devidos cuidados. A sua boa

As peças de mobiliário armazenadas devem ser protegidas

utilização constitui a melhor garantia para a salvaguarda

por

destas peças, contribuindo para a sua boa manutenção.

importante que se verifiquem regularmente todas as peças,

Deve, contudo, controlar-se o acesso à tribuna, impedindo

quer

a presença de pessoas não autorizadas ou a realização de

infestações ou problemas estruturais, perdas e danos (as

acções inadvertidas, de modo a evitar qualquer risco de

dobradiças

contacto danificador.

soltos ou instáveis ou qualquer alteração).

Para a realização de trabalhos na Igreja deve procurar-se

Ourivesaria:

aconselhamento sobre a forma mais adequada de protecção

diversos factores como as condições ambiente, os danos

deste tipo de peças.

físicos causados por impacto e ainda a certas substâncias

uma película estejam

ao

e

de

culto

partes

As

poliéster ou

armazenadas,

móveis,

peças

de

transparente Melinex®.

a

para

existência

ourivesaria

de

são

É

detectar elementos

sensíveis

a

libertadas pelos materiais e agentes poluentes. Para evitar Os móveis devem ser mantidos afastados das paredes e

que se deteriorem as peças de ourivesaria não devem ser

preferencialmente deve evitar-se o contacto directo com o

guardadas

solo, utilizando para isso elementos isolantes (como por

armários/prateleiras de metal. Como medida de protecção

exemplo placas de acrílico), com espessura não inferior a 2

podem

cm, colocados sob os pés ou elementos de apoio. As peças

tecido de algodão branco (previamente lavado) para o seu

devem ser também devidamente protegidas de eventuais

correcto

choques passagem,

mecânicos,

salvaguardando-as

inclusivamente

durante

a

em

própria

ser

em

contacto

colocadas

directo

sobre

acondicionamento.

com

vidro

ou

Devem

a

madeira

acrílico

estar

ou

ou

utilizar

protegidas

áreas

de

depósito de poeiras, armazenadas em locais em que a

limpeza

do

humidade

espaço.

relativa

não

seja

muito

elevada.

em

Desde

do que

existam, devem utilizar-se para acondicionamento os seus estojos originais.

Não se devem aplicar ceras ou quaisquer outros produtos

As

de protecção e/ou hidratação sem aconselhamento de um

constrangimentos de espaço entre elas, para que possam

Conservador-restaurador especializado.

ser devidamente manipuladas sem choques. É importante

peças

devem

ser

dispostas

sem

que

haja

guardá-las em locais seguros, separando, nos armários, as

34


que se encontram a uso, das que já não são utilizadas no

garanta o arejamento necessário.

culto. Devem ser manuseadas com cuidado, utilizando luvas de algodão (devidamente limpas).

Devem

estar

pouco

ou

nada

inclinadas,

fixas

por

4

elementos resistentes e em bom estado, dois em cima, Pintura: As pinturas podem danificar-se se estiverem em

sobre os lados da pintura, e dois em baixo em forma de

contacto

L d e i t a d o , p a r a e v i t a r q u e d e s l i z e p a r a a f r e n t e 1.

directo

com

as

paredes.

Quando

existe

pouco

espaço de separação entre as pinturas e as paredes, os fungos

(bolores)

e os insectos

rapidamente

• As

se instalam

pinturas

devem

ser

dispostas

verticalmente,

nesses espaços confinados e obscuros. Por outro lado, uma

devidamente apoiadas ou encostadas (frente com frente

suspensão demasiado inclinada favorece a acumulação de

e costas com costas, agrupando-as por tipo de suporte),

poeiras

provocar

sem excesso de peso ou tensão entre elas, protegidas

deformações no suporte em tela. Elementos de suspensão

individualmente com uma espuma de polietileno Cell-

muito oxidados e cordas gastas ou apodrecidas colocam

Aire® (estável e inócua).

e

sujidade,

para

além

de

poder

também em perigo as pinturas. • Se a pintura não possuir grade, a tela pode ser enrolada As pinturas cuja leitura se encontra alterada ou se perdeu

posicionando a camada cromática para fora, colocando

grandemente são muitas vezes retiradas e armazenadas de

papel (acid-free ou neutro) a protegê-la.

forma

negligente,

degradação,

contribuindo

impossibilitando

para

agravar

posteriormente

a a

sua sua

• Para

além

dos

cuidados

relativamente

à

iluminação,

recuperação. É importante que as pinturas sejam guardadas

onde se salienta o evitar da incidência de luz solar

em locais adequados (por ex.: numa pequena sala limpa e

directamente sobre as pinturas, é importante não as

arejada).

colocar junto a fontes de calor, em locais de correntes

Existem

alguns

procedimentos

para

o

seu

correcto

de

armazenamento:

ar

ou

espaços

muito

húmidos,

protegendo-as

de

eventuais choques mecânicos.

• Devem ser colocadas com um afastamento não inferior a 5 cm da parede, mantendo assim uma “caixa-de-ar” que

1

O sistema de fixação a utilizar vai depender do tamanho e do peso da pintura.

35


Têxteis:

fibras

As igrejas possuem normalmente um acervo importante em

danifiquem.

peças

têxteis,

(casulas,

nomeadamente

estolas,

peças

manípulos,

de

têxteis

e

contribuir

para

que

se

rompam

e

se

paramentaria

dalmáticas,

etc.),

As

peças

que

não

se

encontram

a

culto

devem

ser

indumentária de igreja, alfaias litúrgicas de culto privado,

manuseadas usando luvas de algodão e como forma de

tecidos e bordados (véus de sacrário, véus de ombros)

protecção do depósito de poeiras, deve utilizar-se tecido de

coberturas, panos e peças integradas em objectos de outras

algodão

categorias

lençol” (algodão), previamente lavado para remoção dos

(frontais

de

altar),

colchas,

rendas,

branco,

por

exemplo

pano-cru

ou

de

“pano

de

Passamanaria (galões, franjas e cordões) entre outros.

produtos de acabamento (goma).

É

muito

Os têxteis de valor patrimonial (vestes litúrgicas, interiores

f r á g e i s , c o n s t i t u í d a s p o r m a t e r i a i s c o m o s e d a s , v e l u d o s,

e exteriores, e seus acessórios, guarnições de altar, entre

bordados

outros)

importante a

lembrar fios

que

os

metálicos,

tecidos que

são

sofrem

peças

significativas

devem

ser

conservados

na

horizontal.

Para

os

alterações cromáticas, perdendo facilmente as suas cores

arrumar devidamente, nada melhor que utilizar os arcazes

se permanecem muito tempo expostos à luz. Para evitar

ou os armários existentes, em muitas sacristias, e que na

que se mantenham a culto em permanência e que sofram

maioria

danos,

utilizadas

desaproveitados, repletos de papéis de jornal, restos de

permanentemente e quando em exposição devem-se prever

ceras de velas já usadas e ainda com inúmeros restos de

períodos de tempo curtos e, sempre possível, contemplando

tecidos e produtos de limpeza.

a alternância de peças.

Os arcazes são fabricados, normalmente, em madeiras de

estas

peças

não

devem

ser

das

vezes

se

encontram

totalmente

boa qualidade e na sua origem foram concebidos com o As peças suspensas (por ex. tapeçarias, colchas) devem

objectivo de acondicionar os paramentos. Como medida de

manter-se afastadas do contacto com as alvenarias e o seu

prevenção, estes móveis devem estar tanto quanto possível

peso

afastados das alvenarias exteriores.

deve

ser

devidamente

apoiado

e

distribuído,

para

evitar a existência de tensões que possam fragilizar as

Em

primeiro

conservação

lugar do

é

arcaz

importante ou

armário

verificar (ver

por

o

estado

de

exemplo

se

36


existem sinais de ataque biológico, e qual a resistência do

O acondicionamento vertical é apenas recomendado para

fundo das gavetas e/ou a estabilidade das prateleiras).

peças

Antes de poder acondicionar as peças deve ter-se o cuidado

evitar

de efectuar a limpeza do interior das gavetas, revestindo o

colocando

fundo

cabide, de madeira ou outras, deve ser forrada com fibra

das

gavetas,

prateleiras

ou

tabuleiros

com

papel

neutro ou tecido de algodão branco.

têxteis aqui

em a

bom

estado

sobreposição

apenas uma

de e

peça por

conservação.

acumulação cabide. A

Deve-se

de

peças,

estrutura

do

de poliéster Dracalon® e revestida com tecido de algodão branco de modo a ficar com a forma adequada e fornecer o

É importante ter em atenção alguns cuidados como:

apoio necessário para suspender a peça, sem a pôr em

• Evitar a sobreposição excessiva e desordenada de

risco.

peças; • Ter em atenção a sua forma (não se devem sobrepor

No caso de existir uma importante colecção de têxteis de

peças com ornamentos salientes) e peso (as mais

valor

pesadas

realizar um móvel à medida, adaptado às necessidades de

são

as

primeiras

a

serem

colocadas,

patrimonial

deve-se

ponderar

a

possibilidade

de

sobrepondo depois as mais leves).

conservação

• Evitar dobrar as peças. Caso não seja possível, estas

aconselhamento relativamente às características do móvel e

devem ser acondicionadas acompanhando as dobras com

dos materiais a utilizar, para que não representam nenhum

pequenos enchimentos em papel neutro ou de tecido de

perigo para as peças.

deste

tipo

de

acervo.

Deve-se

pedir

algodão branco, utilizando estes materiais também para separar as peças entre si. Se necessário, as peças têxteis de pequenas dimensões podem ser enroladas em tubos de polietileno (ou tubos de PVC

ou

de

cartão,

desde

que

forrados

com

tecido

de

algodão branco, para evitar o contacto directo com a peça), protegendo-as

com

papel

neutro

ou

tecido

de

algodão

branco e fixando no final com fita de nastro.

37


4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A Ao

longo

dos

tempos

alguns

presentes

nas

igrejas

tem

utilizados

(confessionários,

dos

vindo teias,

bens

a

patrimoniais

deixar

etc.),

de

porque

serem

intervenção

pleno

em

respeito

bens

pela

patrimoniais

integridade

deve

física

reger-se dos

pelo

objectos,

sustentada em por princípios de ética e deontologia

muitos

deles perderam a sua funcionalidade ao serviço da liturgia

Consubstanciando

actual. Porém, o património da Igreja conserva sempre um

sempre que se detectar alguma alteração no estado de

valor

histórico

funcional

e

não

artístico,

deve

e

levar

a

perda

nunca

do

uma

atitude

vigilante

permanente,

seu

carácter

conservação do acervo deve ser de imediato dado o alerta e

a

atitudes

pedido

levar

aconselhamento

às

entidades

competentes

negligentes. A deslocação, desmembramento, degradação

relativamente ao levantamento/diagnóstico dos problemas

progressiva

existentes, que, por sua vez, os analisarão e indicarão os

ou

a

desaparecimento

intervenção destes

irreflectida

testemunhos.

potencia Esses

o

bens

patrimoniais fazem parte da história da igreja e da nossa

profissionais

com

os

requisitos

necessários

para

os

solucionar.

memória cultural e devocional. Cada bem cultural é único e portador duma mensagem que nos compete legar às gerações futuras. A sensibilização e responsabilização

relativamente

à

salvaguarda

do

património constitui um dever e uma atitude sensata, quer se trate de objectos listados/inscritos ou classificados ou de outras obras de arte de interesse. Cabe-nos

um

papel

fundamental

no

que

diz

respeito

à

prevenção de riscos. Nunca é demais lembrar que a intervenção directa sobre os objectos,

restauradores,

deve com

ser

realizada

formação

por

académica

Conservadoressuperior

em

Conservação e restauro.

38


VIII. BIBLIOGRAFIA DE REFERÊNCIA GUILLEMARD,

Denis;

LAROQUE,

Claude,

Conservation

Préventive

collections”,

Office

coopération

de

Gestion

et

“Manuel

de

RAGER, Geneviève, “La conservation des objets mobiliers

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des

dans les églises - Outil d’auto-évaluation”, Ministère de la

e

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muséographiques (OCIM), Service des Musées de la DRAC

et du patrimoine, Paris, Direction de l’architecture et du

de Bourgogne, Ministère de Culture et Communication, 2ª

patrimoine, 2004.

édition, s.d.. LEVILLAIN,

Agnès, “La

conservation

préventive

des

collections – Fiches pratiques à l’usage des personnels des musées”, Office

Musées

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des

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techniques e

e

cultures

d’information

comtoises,

“Vade-Mecum patrimoine

pour

la

artistique”,

protection Bulletin

de

et

l’entretien

L’Institut

Royal

du du

Patrimoine Artistique XXI, Bruxelles, 1986/87.

muséographiques

(OCIM), 2002. “Manual de instrucciones para la protección del patrimonio artístico e histórico de la Iglesia”, Conferencia Episcopal Perruana, Comision Episcopal para los bienes culturales de la

Iglesia.

Lima,

Comision

Episcopal

para

los

bienes

culturales de la Iglesia, 1999.

39


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