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Escrita feminina: do autorreconhecimento à visibilidade

Aescrita exige que lidemos com diversos sentimentos. Escrever é um ato de coragem, um desafio diário. Para mulheres que escrevem, a escrita é mais que um ato. Ela pode ser libertadora a ponto de ser também um ato de manifestação contra as barreiras existentes que diminuem a visibilidade feminina no meio literário.

Visibilidade significa qualidade ou caráter do visível. “A gente se expõe ao escrever. Ler é um ato político, escrever é um ato político e é algo que fica ali registrado e marca a nossa presença no mundo”. Essa é uma das falas sobre a escrita feminina elaborada pela professora de pedagogia e escritora, Tereza Bom-Fim, que faz parte da Academia Imperatrizense de Letras. Para ela, temos que “arregaçar as mangas” e permanecer firmes na luta.

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Não tem como falar de visibilidade sem falar do autorreconhecimento da mulher enquanto escritora e da importância de se permitir conhecer a si mesma como autora, para poder trazer a visibi- lidade dentro da literatura para as mulheres. É isso que a professora Tereza quer dizer quando fala que “às vezes se a gente não tiver muita clareza do nosso potencial como patrimônio mesmo do nosso conhecimento, a gente trata de se boicotar”. Como querer que outros valorizem a escrita feminina se, muitas vezes, não há a valorização da mulher de si própria como escritora?

“Ler é um ato político, escrever é um ato político e é algo que fica ali registrado e marca a nossa presença no mundo”

A visibilidade feminina vem de um longo caminho, e não é à toa que as mulheres fazem manifestações históricas e protestos em prol dos seus direitos. Mas elas também querem ser vistas na sociedade. Na literatura não é diferente. Em um campo predominantemente machista, a escrita feminina precisa ser vista e ser reconhecida com maior amplitude. Quantas mulheres escritoras existem e quantas são nacionalmente conhecidas? Quantas escritoras você já leu?

Maria Firmina dos Reis (18221917) é a escritora maranhense mais conhecida nacionalmente quando se trata de literatura. Apesar de toda a visibilidade concedida à escritora atualmente, ela foi esquecida por décadas antes do historiador paraibano Horácio de Almeida “trazê-la” de volta, em 1962, mais de um século depois de seu primeiro livro publicado, em 1859. Muitas vezes a escrita feminina é vista somente como um apelo social, como uma quebra de estereótipos, uma forma de resistência. Porém, não somente isso representa a literatura feminina. Esses fatores são importantes e são questões que exaltam a história das mulheres da literatura. Mas, existem diferenças entre a escrita feminina e a masculina, especialmente no modo como elas escrevem ao contar detalhes da vida comum das mulheres ou ao descreverem um personagem, assim como nos temas que escolhem como pontos centrais de suas histórias.

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