Jornal A Novidade 3

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SABADÃO É A VEZ DOS FILHOS DE GANDHY E ILÊ AIYÊ NA CULTURATA. NÃO PERCA! Matheu Alves - Cuca da UNE

BIENAL DA MÚSICA DJONGA INCENDEIA O FESTIVAL une.org.br | facebook.com/uneoficial

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EDITORIAL

o encontro da festa ^ com a resistencia Quem acompanha as notícias no Brasil sabe que os últimos meses não foram fáceis. Temos ouvido autoridades dizer que o lugar do povo não é na universidade, que a escola pública não serve para pensar nosso país e que pode ser cursada à distância. Exatamente por isso os últimos dias em Salvador têm sido tão extasiantes para quem ainda ousa sonhar com um futuro diferente deste que tentam nos traçar. Ver milhares de estudantes chegando de todos os cantos, mesmo com todas as dificuldades, para debater um outro projeto de educação, fazer arte, se expressar e pensar junto, dá a certeza de que o jogo não está perdido. Este grande e primeiro Festival dos Estudantes, inédito ao unir universitários, secundaristas e pós-graduandos, é a prova de que não será fácil nos tirar o direito de construir uma nação. Já em 1987, Gilberto Gil, grande homenageado deste festival, publicou um manifesto com Jorge Mautner pedindo: “Que faça sambar os que só escrevem, que faça escrever os que só têm sambado”. E ainda por isso fazemos este reencontro do Brasil com o Brasil, de uma forma que só a juventude poderia fazer. Enquanto homens brancos formados decidem pelo nosso afastamento da escola e da universidade, nós exibiremos a cara e a voz do povo brasileiro pelas ruas de Salvador, para dizer que usaremos da irreverência e ousadia pelo direito à formação pública, gratuita e de qualidade. Sem os cordões da elite que costumam desfilar por essa cidade, nosso cortejo é amplo, plural, democrático e está todo mundo convidado!

Matheu Alves - Cuca da UNE

Pedro Gorki Presidente da UBES

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Diretoria Executiva da UNE 2017- 2019 Presidenta: Marianna Dias I Vice-Presidenta: Jessy Dayane Silva Santos 1ª Vice-Presidenta: Nathália Martins de Assis I 2º Vice-Presidente: Rodrigo Moreira Rodrigues 3º Vice-Presidente: Miguel Arthur Monteiro Intra I Secretário Geral: Mário Magno. Tesoureiro Geral: Ivo Braga I Diretora de Comunicação: Nágila Maria Diretora de Políticas Educacionais: Julia Louzada de Souza I Diretora de Universidades Particulares: Keully Meirelles I Diretor de Relações Internacionais: Gabryel da Costa Henrici 1º Diretor de Relações Internacionais: Luiz Eduardo Correa da Silva I Diretora de Movimentos Sociais: Samuel Ted Almeida de Pereira Diretora de Direitos Humanos: Luiza Foltran I Diretor de Memória Estudantil: Iago Montalvão Oliveira Campos Diretora de Cultura: Daniella Rebello I Diretor de Universidades Públicas: Denise Ramos. 1º Diretor de Universidades Públicas: Leonardo da Costa Guimarães I 2ª Diretora de Universidades Públicas: Carla Juliana Almeida dos Santos 1º Diretor de Extensão: Airton dos Santos da Silva Junior I Diretor de Relações Institucionais: Bruna Chaves Brelaz I Diretor de Assistência Estudantil: Hélio Barreto de Carvalho. Cuca da UNE Coordenação-geral: Camila Ribeiro Coordenação de Comunicação e Audiovisual: Daniela Rebello Projetos e Finanças: Philipe Ricardo Coordenação de Cultura e Arte: Caique Renan Expediente O jornal A NOVIDADE é uma publicação da União Nacional dos Estudantes. Jornalista responsável: Cristiane Tada (DRT/PR: 6956). Redação: Cristiane Tada, Renata Bars, Sara Puerta, Patrícia Larsen, Natália Pesciotta, Aline de Campos, Diego Guaglianone, Bruna Rocha. Projeto Gráfico: Grito Propaganda. Fale com a UNE: redacao@une.org.br Endereço: Rua Vergueiro, 2485, Vila Mariana - São Paulo/SP.


ENTREVISTA

ENTREVISTA Defensor da escola democrática, Fernando Penna conversa com estudantes O professor de direito da Universidade Federal Fluminense (UFF) e membro da Frente Nacional Escola Sem Mordaça, Fernando Penna conversou com A Novidade sobre a necessidade de levar a discussão sobre a ameaça do Projeto “Escola Sem Partido” para a sociedade. Ele foi um dos convidados do principal debate da tarde de sexta-feira na UFBA. Veja a entrevista: Karla Boughff - Cuca da UNE

O que um evento como a 11ª Bienal da UNE representa no começo deste novo governo que tem como prioridade aprovar a Lei da Mordaça? Eu acho que é essencial. O projeto, agora, mira diretamente nos estudantes. Eles sabem que a força desta luta contra a censura nas escolas tem que partir, principalmente, da comunidade escolar. Então, a organização estudantil é essencial. O que eles tão querendo é dizer que os estudantes são uma audiência cativa. Esse termo que eles usam, é como se os estudantes estivessem parados em sala de aula recebendo passivamente tudo aquilo que o professor indica. Quem pode provar o equívoco desta ideia são os próprios estudantes. Se derem uma prova de que são pessoas que produzem, organizam eventos e mostrar para a sociedade que não estão nessa posição de audiência cativa, o projeto perde totalmente o sentido. Então, eu acho que um evento como esta Bienal é essencial neste nosso caminho.

Essa nova versão do projeto apresentada pela deputada Bia Kicis (PSL-DF) também prevê a censura aos grêmios estudantis. Isso prejudica a formação política e social da juventude? O projeto atual, que foi apresentado, tem um artigo que proíbe explicitamente que os grêmios exerçam atividades político-partidárias. Por que político-partidárias? Porque eles entendem tudo como político-partidário. Discussão sobre machismo, racismo, homofobia. Então, se isso prejudicaria? Com certeza. O grêmio é o lugar onde experiências positivas com a política e a democracia podem acontecer pela primeira vez. Você tem debates, consolidação de uma organização, de uma representação. Então, atacar isso é atacar um dos cernes da formação política do estudante, e que inviabilizaria toda uma organização do movimento estudantil. Por isso acho gravíssimo.

Na sua visão, por que um país com tantos problemas na educação como o nosso, tem um governo focado em combater uma suposta doutrinação ideológica? Eu vejo como uma ferramenta de manipulação política do pânico moral. Por exemplo, a questão de gênero. Você cria um termo como ideologia de gênero, para proibir discussões como homofobia, transfobia, orientação sexual, etc. Várias questões importantes para a saúde pública e segurança dos jovens, porque a maior parte da violência contra as crianças e jovens acontece dentro do espaço privado. É a escola que capacita esses jovens a identificarem esses abusos que acontecem no espaço privado. Então, quando você vai e fala “olha, eles estão querendo ensinar sexo, pedofilia, querendo transformar as crianças em gays e lésbicas”, a pessoa que não conhece o cotidiano da escola e a atuação dos professores e movimento estudantil, acredita na ideia, inclusive via religião. É uma maneira, infelizmente, de fazer uma política calcada no medo e que não avança em absolutamente nada. A questão que fica é, será que durante quatro anos, somente com retórica e discurso de ódio, um presidente ou um ministério se sustenta? Eu acho que não.

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FAZENDO POLÍTICA

Matheu Alves - Cuca da UNE

Karla Boughff - Cuca da UNE

Karla Boughff - Cuca da UNE

Doze parlamentares da bancada da Educação e Cultura de diversas siglas e estados se reuniram na tarde escaldante de sexta-feira (08) na tenda principal da Bienal para debater com estudantes de todo o Brasil. A ideia das entidades estudantis de reunir parlamentares de diversas siglas foi para a construção de um pacto em defesa da educação, da cultura e da tecnologia. Túlio Gadelha (PDT-PE), Olívia Santana (PCdoB- BA), David Miranda (PSOL-RJ), Jandira Feghali (PCdoB -RJ), Alice Portugal (PCdoB-BA), Margarida Salomão (PT-MG), Juliana Brizola (PDT-RS), Aliel Machado (PSB-PR), Lídice da Mata (PSB-BA), Marcelo Ramos (PR-AM), Dani Monteiro (PSOL-RJ), Bacelar (Podemos -BA), aceitaram o desafio. “Nós enxergamos no Congresso Nacional e nas assembleias legislativas de todo o país um espaço permanente de disputa e garantia dos nossos direitos. Nesses espaços são decididos os rumos do nosso país, dos nossos estados e portanto precisamos garantir a representação da voz dos estudantes”, disse a presidenta da UNE, Marianna Dias. O objetivo é que este exercício seja um processo de construção a longo prazo, os estudantes nas ruas pressionando e os parlamentares também em coro dentro do Congresso Nacional.

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SALA DE AULA

DEBATES EDUCACIONAIS Na sexta-feira (08) foi a vez dos debates educacionais tomarem conta do campus de Ondina. Destacamos alguns dos temas que movimentaram a estudantada no terceiro dia de Bienal.

O ensino superior privado no Brasil também foi tema de debate durante o 15ºConeg. Entre os convidados, o presidente da Contee Gilson Reis e o ex-vice presidente da UNE e professor universitário Augusto Vasconcelos, alertaram para os perigos do agravamento da mercantilização durante o governo Bolsonaro. A escolha de um ministro que não acredita em educação superior para todos e todas, a proximidade com grandes grupos financeiros e o projeto Escola sem Partido foram apontados como os maiores retrocessos. Contudo, a resistência e esperança na juventude marcou presença nas falas dos debatedores.

América Latina unida O debate “ Universidade pública e democracia na América Latina”, trouxe a necessidade de repensar os modelos atuais da universidade, de uma forma que atuem em cooperação, em vez de competição, para obter saídas aos entraves e problemas de todo o continente.Um dos convidados foi Francisco Tamarit, ex-reitor da Universidade de Córdoba e coordenador da CRES 2018 que apontou como caminho, mirar -se na Reforma de Córdoba, na Argentina, que teve como motivação transformar a academia em uma ferramenta para o povo e não um “objeto” das elites. “ Há 100 anos os estudantes foram os primeiros a notar que era urgente a mudança dessa dinâmica. E hoje se faz necessária essa mesma mobilização, com docentes, servidores unidos, ainda mais que estamos vendo a democracia se degradando em todo o continente”, observou Tamarit.

''Mesmo diante de todo esse cenário negativo, esse encontro na Bahia já é um marco importante na luta política brasileira. Vamos lutar transformar e resistir'', destacou o presidente da Contee.

Matheu Alves - Cuca da UNE

Ensino para a vida A reforma colocada para o ensino médio pelo governo de Michel Temer, em 2016, e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que a sustenta, aprovada no fim de 2018, podem “condenar a juventude à desilusão”, defendeu César Calegari, um dos convidados da mesa “Base Nacional Comum Curricular e a escola que queremos”, nesta sexta (8/2). Por outro lado, ele e todos os convidados defenderam uma educação que faça sentido real para a juventude e para o país. Thompson Griffo - Circus de UBES

Educação como negócio não é nosso negócio

“Dizem que precisa de reforma porque alunos estão entediados. Mas querem colocar uma proposta ainda mais individualista, de preparação para a competição cruel do mercado de trabalho. Me parece que o tédio vem justamente daí”, resumiu Lara Sayão, professora de Filosofia.

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REALCE!

gosto, do que eu acredito, porque para além de um ato de resistência, para mim a escrita é um ato de re-existência”, explicou a escritora com dois trabalhos aprovados na Bienal e que tem como maior orgulho poder representar a poesia seridoense. Foram cerca de 300 trabalhos aprovados e uma pena que nosso espaço seja pequeno para mostrar toda a efervescência cultural que os espaços da UFBA tem recebido nesses dia de Bienal. Porém, A Novidade traz alguns destaques de cada mostra estudantil, para saber o que anda rolando. Se liga!

"Nesse espetáculo lendo a história dos personagens, eu pensei na minha trajetória de vida. Interpretar um personagem LGBT é algo muito importante pra mim", afirma Vitor Matsuo de 22 anos. O estudante da Universidade Federal da Uberlândia (MG) interpretou a drag queen Solana, assassinada no massacre de uma boate gay nos EUA que serviu de inspiração para o espetáculo "Manifesto Teatral PULSE!" Pâmela Couto, estudante da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foi uma das selecionadas da Mostra de Artes Visuais com sua intervenção urbana intitulada ''Ouvidoria''. A obra consiste em diversos moldes de orelhas humanas espalhados por muros, ou por uma tela, no caso da exposição.''Tive a ideia dessa obra ao escutar uma frase de um desconhecido nas ruas de Porto Alegre. ‘Eu me drogo porque ninguém me escuta', ele disse. Fiquei pensando muito tempo sobre isso e então resolvi fazer a obra por refletir na falta de escuta que a gente percebe no ambiente urbano'', explicou.

^ Emancipação foi a palavra e o impulso que tirou Sol Saldanha de uma relação abusiva e a levou de volta para os braços da literatura. A estudante de Letras, natural de Currais Novos (RN), aprendeu a amar poesia com o avô, que era cordelista. “A minha escrita é muito intimista. Eu falo muito de quem eu sou, de como eu vivo, do que eu

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FALA AÍ

Francisco Helder

Jogo rápido com o professor Boaventura Batemos um papo com um dos homenageados da 11ª Bienal da UNE - Festival dos Estudantes: Boaventura de Souza Santos. Além de participar dos debates ele lançou o livro “ A universidade do século XXI” durante a programação do evento. Ele falou sobre a América Latina e a luta contra o conservadorismo. Confira:

O MUNDO, ESPECIALMENTE A AMÉRICA LATINA ESTÁ SENDO ATINGIDO POR UMA ONDA CONSERVADORA. VAMOS FALAR UM POUCO SOBRE ISSO?

Esse conservadorismo esteve sempre latente e nunca foi totalmente derrotado na América Latina. São países com heranças colonialistas e muito dependentes de economias mundiais. O conservadorismo está intrinsecamente ligado às “fábricas” de ódio, medo e mentira que são as bases do pensamento reacionário. Esse pensamento atinge uma população fragilizada e temos como resultado o que estamos vivendo agora.

E QUAL É O PAPEL DO ESTUDANTE NA LUTA CONTRA ESSE CONSERVADORISMO?

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Os estudantes são sujeitos históricos semelhantes aos estudantes de Córdoba e os de maio de 68. Agora, vocês estudantes de 2019 vão assumir o papel de manter a educação independente. Não vão se deixar intimidar e vão assumir uma ofensiva contra esta avalanche conservadora e reacionária. Esta é uma grande Bienal, com uma diversidade imensa e o espaço ideal para traçar estratégias de debates sobre a educação no Brasil.

NA SUA OPINIÃO, COMO OS ESTUDANTES PODEM TRANSFORMAR SUAS UNIVERSIDADES?

QUAL É A PREOCUPAÇÃO COM O ATUAL MODELO DE UNIVERSIDADE?

Há 100 anos os estudantes de Córdoba lutavam pela Universidade pública e gratuita. Os estudantes de agora precisam, além desta pauta, avançar em outras questões: trazer mais diversidade e o conhecimento de fora para dentro. Abrir mesmo as portas da instituição para as comunidades.

A universidade foi tomada pelo capitalismo universitário, no sentido de transformá-la em uma empresa. A Reforma de Córdoba é oposto de tudo isso. A proposta é uma universidade aberta e não apenas para uma elite. Atualmente elas estão seguindo em duas direções: uma no movimento de torná-la em uma empresa e a outra dos que sabem que o conhecimento produzido é bem comum.

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Bienal dos estudantes Terceiro dia

PUBLIQUE SUA FOTO USANDO A HASHTAG

#11BienaldaUNE

Keven Oliveira - Cuca da UNE

Jimmy Caldas - Cuca da UNE

PERFORMANCE DE VOGUING

Pedro Caldas - Cuca da UNE

OFICINA CARTONEIRA

RICARDO COELHO - TOCANTINS

BANDEIRAS DE PAULO SERGIO CURUJITO

Letícia Bonini - Cuca da UNE

Mateus Alves - Cuca da UNE

MATHEUS AZEVEDO - PARÁ

THAYNARA MENDES - MARANHÃO


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