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DE NOVOS
Leitores
Como sagas como Percy Jackson e Harry Potter influenciaram de inúmeros jovens leitores pelo Brasil
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Por Maria Luiza Gomes
A literatura fantástica tem como um dos principais pontos responsáveis pelo seu engrandecimento a ausência de preconceitos. Sonhar e poder inventar um novo mundo imaginário é possível em qualquer idade, em qualquer lugar, sem distinção de cor ou classe social. Esta é a explicação fundamental para o sucesso retumbante que um estilo literário desse tipo tem tido entre seu público-alvo. Por isso é surpreendente que cada vez mais crianças rejeitem o hábito de ler em sala de aula como uma atividade normal, deixando os professores numa encruzilhada sem saber que rumo tomar para resolver esse problema.
Desde que se descobriu que os livros seriados liderados pela saga Harry Potter podem gerar uma fonte exorbitante de dinheiro, despertando rapidamente o interesse dos leitores, tornou-se relevante perguntar por que os educadores são intransigentes diante desse tipo de trabalho, uma vez que exibiram como tanto potencial quanto possível criadores de uma nova geração de leitores ávidos.
Durante o exercício da leitura estamos sempre em estado de aprendizagem. Por isso, o livro pode ser uma arma poderosa nas mãos de pais e professores que desejam melhorar o processo de desenvolvimento de seus filhos. Mas, mesmo com tantas qualidades, emergem constantemente dúvidas sobre a melhor forma de despertar o interesse das crianças pela boa literatura. Muitas crianças e adolescentes se encontram dentro do mundo da leitura por ter começado pelas aventuras mágicas e mitológicas, dentre muitos livros um deles é Percy Jackson.
A saga Percy Jackson e os Olimpianos é composta por cinco volumes, com mais três obras que se complementam do mesmo universo, escritas pelo americano Rick Riordan. O primeiro livro, O Ladrão de Raios, foi lançado em 2005, e abrangia a proposta do autor que era falar dos mitos da mitologia grega clássica no século XXI. Com esse objetivo, Percy Jackson é um garoto de 12 anos, vivendo uma rotina normal de escola, família e amigos que a maioria das crianças dessa idade vive. Porém, ele acaba descobrindo que é mais do que um simples pré adolescente, ele é um semideus, filho nascido pela relação entre uma humana com um deus, que porventura era Poseidon.
Ao longo da leitura - além de O Ladrão de Raios, O Mar de Monstros, A Maldição do Titã , A Batalha do Labirinto e O Último Olimpiano -, é mostrado para o leitor uma série com vários personagens míticos que foram marcando o encontro entre o passado e a narrativa do presente, a exemplo do Minotauro, dos Centauros, dos deuses e de outros semi-deuses; trazendo para a história uma ambientação de uma trama que, por acaso, seria apenas a repetição se não houvesse seu caráter fantasioso emprestado da Mitologia.
A vida comum de Percy é apontada por questões atuais, como ele ter dificuldades de aprendizagem por sofrer com dislexia e transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Dessa forma, a proposta de um super-herói sem desvios de conduta e infalível desmorona. Assim, o que é criado no lugar é um personagem capaz de construir laços de empatia com os adolescentes e crianças para quem os textos foram criados porque a persona não é apresentado de maneira superior a eles, não é um ser cheio de moral ou inimaginável, mas sim uma pessoa que está em pé de igualdade, passando pelas angústias típicas da faixa etária, entretanto assumindo um status de inspiração em função de ser dotado de poderes mágicos.
Mesmo muitas crianças e adolescentes demonstrando o seu interesse por livros do mundo dos romances e fantasias, esses não costumam aparecer nas salas de aulas brasileiras. Pelo fato de a grande maioria desses produtos literários serem de criação estrangeira dificulta ainda mais a vinculação às escolas, por causa da preferência por textos de escritores clássicos nacionais. Uma das principais razões para esse distanciamento é também os próprios professores e as séries de livros que residem nesse infindável e irracional preconceito em relação àquilo que se torna um sucesso no mercado, os repudiados best- sellers.
A escola traz um certo pânico aos estudantes quando tem a necessidade de aplicar a literatura em sala de aula. Mas o gosto pela leitura pode ser incentivado por meio de jogos e brincadeiras que mexam com a imaginação da criança.
Claramente, os videogames, a internet e outros eletrônicos substituíram os “sonhadores” porque são mais acessíveis do que os livros didáticos recomendados pelas escolas. Porém, mesmo com seus atributos lúdicos, nenhum consegue eliminar a companhia de um bom livro. Os livros podem combinar o melhor de dois mundos: lazer e educação.
Alguns críticos podem acusar a literatura pós-Harry Potter e Percy Jackson de ser repetitiva. No entanto, os editores apreciam mais esse contexto literário porque é lucrativo com os leitores mais jovens, não por seu valor pedagógico. Mas essas séries não são prejudiciais e podem ajudar a criar leitores esforçados.
O papel do professor não é limitar o desejo de ler dos alunos, mas mediar a conexão entre os alunos e o texto para que sejam mais produtivos, eficientes e mais agradáveis. Então, para tentar despertar a paixão pela leitura é necessário que o público juvenil revise o gênero clássico dos livros selecionados e o use em salas de aulas.