Volume 29 n 4 Edição n Julho-Agosto 2015
O MUNDO COMEMORA O DIA INTERNACIONAL DO YOGA
INICIATIVA OPERAÇÃO «SUCESSO»
ENTREVISTA SANIA MIRZA
VINDOUROS PELA ÍNDIA NASHIK KUMBH MELA
O Kumbh Mela é comemorado a cada três anos, sendo a maior concentração de pessoas com um fim religioso em todo o mundo. Durante o Nashik Kumbh Mela, os devotos tomam um banho sagrado no Rio Godavari, a fim de «lavarem» os seus pecados.
QUANDO: 14 de julho - 25 de setembro ONDE: Nashik, Maharashtra AMARNATH YATRA
CORRIDA DE BARCOS «NEHRU TROPHY SNAKE»
A peregrinação mais aguardada e mais famosa, Amarnath Yatra, presta homenagem ao Senhor Shiva (Deidade Hindu - N.T.) nas cavernas de Amarnath. Milhares de devotos atravessam árduos terrenos de montanha e condições ambientais extremas, a fim de chegarem ao santuário sagrado situado entre as neves, para venerarem o «lingam» (representação fálica - N.T.) de gelo do senhor Shiva.
O evento é realizado no Lago Punnamda no segundo sábado de agosto. No dia desta corrida de barco, a frente do Lago testemunha a presença de cerca de cem mil visitantes. Em cada aldeia de Kuttanad, no estado de Kerala, Índia, a vitória é celebrada por vários meses.
QUANDO: 9 de agosto ONDE: Lago de Punnamda, Kerala
QUANDO: 2 de julho - 29 de agosto ONDE: Srinagar, Jammu e Caxemira HARIYALI TEEJ
Hariyali Teej é o festival da fé e da diversão, o momento em que todas as mulheres veneram a Deusa Parvati, para o bem-estar das suas famílias. Em Jaipur, inicia-se uma enorme procissão com um palanquim que transporta a imagem da Deusa Parvati, começando no portão do Palácio da Cidade e cobrindo toda a área da mesma.
QUANDO: 22-23 de julho ONDE: Rajastão FESTIVAL DE DREE
PHANG LHABSOL
QUANDO: 4-5 de julho ONDE: Ziro, Arunachal Pradesh
QUANDO: 9 de setembro ONDE: Sikkim
É um festival agrícola comemorado pela tribo Apatani de Arunachal Pradesh. Quatro deuses – Thales, Harniang, Metii e Danyi – são reverenciados durante o festival, ao longo do qual a comunidade festeja com arroz e cerveja de milho painço. Os espetáculos de dança tradicional constituem a marca de magnificência deste festival.
Este festival ímpar é dedicado a Kanchendzonga, a deidade guardiã de Sikkim, e também ao Tratado de Fraternidade entre as comunidades Lepcha e Bhutla. A história do Tratado é retratada através de espetáculos de dança executada por monges, que se apresentam usando máscaras elaboradas.
Prefácio Mudam as estações e as monções chegam à Índia. Temos então a oportunidade de comemorar o sucesso do Primeiro Dia Internacional do Yoga. No ano passado, o Primeiro-Ministro, Sr. Narendra Modi, fez o apelo à celebração deste evento no dia 21 de junho, e uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas foi copatrocinada por 177 nações e apoiada por todos os Estados-Membros. A primeira comemoração constituiu um sucesso retumbante, com eventos a ocorrer em 250 cidades e em 192 países. Na presente edição da Índia Perspetivas, acompanhamos o progresso da jornada e mostramos a forma como o antigo tesouro da Índia, além de proporcionar benefícios para a saúde, pode ser também um caminho para lidar com as tensões e pressões do mundo moderno. No palco internacional, a viagem recente do Primeiro-Ministro, Sr. Modi, à China, expôs os vínculos culturais existentes entre os dois países, que foram destacados durante a visita do PM a Xian. A diplomacia económica esteve também na linha da frente, tendo sido assinados acordos no valor de USD $22 bilhões em Shanghai, bem como consultas políticas, cujo conjunto redefiniu os contornos das relações Índia-China. O mês de abril presenciou um terremoto devastador no Nepal. O governo da Índia, juntamente com as Forças Armadas Indianas, arrancou com um dos maiores programas de auxílio, ao abrigo da Operação Maitri, que se revelou crítico durante os primeiros dias e semanas após a tragédia. Examinamos ainda o sucesso da Operação Rahat, que abrangeu mais de 4.700 cidadãos indianos do Iémen em plena guerra. Além disso, destacamos o satélite IRNSS-1D, que se junta a três outros satélites, a fim de fornecer à Índia e região circundante, um sistema independente de navegação por satélite. O próximo satélite desta constelação, o IRNSS-1E, está preparado para ser lançado no mês que vem, completando-se assim o total da constelação de sete satélites. Aproveitando a sugestão da iniciativa «Make in India» (Faça na Índia) do Primeiro-Ministro Modi, a região nordeste do país encontra-se completamente apetrechada para acompanhar rapidamente o desenvolvimento com a iniciativa «Make in Northeast (Faça no Nordeste). Na secção «Instantâneos», podemos percorrer o fascinante museu ao ar livre de Vijayapur, que remonta à época islâmica da região do Deccan, enquanto nas páginas «A Explorar», oferecemos opções de passeios de luxo no Ganges, Brahmaputra e Hooghly. Na «Entrevista», obtemos um olhar fascinante sobre os anos de crescimento de Sania Mirza, sobre as suas conquistas e sobre as suas aclamações. Um brinde ao espírito desportivo. Volum
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Editor: Vikas Swarup Editor Assistente: Nikhilesh Dixit Ministro das Relações Exteriores Sala Nº 152, Ala ‘A’, Shastri Bhavan, Nova Deli - 110001, Índia Tel.: +91.11.23388949, 23381719 Fax.: +91.11.23384663 Web: http://www.indiandiplomacy.in Para comentários/ dúvidas: osdpd2@mea.gov.in MaXposure Media Group India Pvt. Ltd. Editor e Diretor de Operações: Vikas Johari Presidente e Diretor Geral: Prakash Johari Editor Executivo: Saurabh Tankha Sede MaXposure Media Group India Pvt. Ltd. Unit No. G-0-A, Ground Floor, MIRA Corporate Suites, Plot No. 1&2, Ishwar Nagar, Mathura Road, New Delhi - 110 065, Índia Tel: +91.11.43011111, Fax.: +91.11.43011199 CIN No: U22229DL2006PTC152087 Para comentários/ dúvidas: indiaperspectives@maxposure.in
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CONTEÚDOS 88
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FOCO
TESOURO
Yoga no novo milénio..................................... 06
A marcha da cavalaria..................................... 60
PARCERIA
COZINHA
Remapeamento dos laços entre a Índia e a China: Co-criação de um século asiático......10
Petiscos interessantes para o verão...............65 COZINHA
Trazendo à superfície o paladar indiano....... 66
PARCERIA
Transportando os laços entre a Índia e os EUA para uma nova esfera....................................... 16
INOVAÇÃO
INICIATIVA
SUCESSO
Operação “sucesso” em tempos de necessidade....................................................... 18 EXPLORAR
Luxo sobre as águas.........................................26 PROGRESSO
Transformando as cidades, transformando a Índia.....................................34 ESPAÇO
O grande salto em frente.................................39
Zona Económica Natural da Índia..................72 Uma revolução na investigação forense da vida selvagem................................ 74 PATRIMÓNIO
As maravilhas em madeira de Kerala..............76 HOMENAGEM
Em honra do homem virtuoso....................... 80 CRÍTICA
Um buquê de memórias de guerra................82 CRÍTICA
Vijayapur: Uma joia da arte.............................42
A prática de saúde holística favorita em todo o mundo.................................................. 86
TESOURO
ENTREVISTA
O Legado das Forças Armadas Indianas........54
Por amor ao ténis..............................................88
INSTANTÂNEOS
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Yoga no
novo milénio
Com horários agitados e inúmeros compromissos propensos a assumirem uma importância ainda maior nos anos vindouros, o Yoga parece ser o único remédio aconselhável texto | Yogacharya S Sridharan
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O Dia Internacional do Yoga despertaria as atenções para os benefícios holísticos do yoga
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ela primeira vez, desde sempre, o dia 21 de nesta conjuntura, poderá surgir a questão: Porquê junho está a ser comemorado como “Dia este aumento repentino de interesse no yoga? Até Internacional do Yoga” por todo o mundo. hoje o yoga é considerado uma “prática espiritual”, Curiosamente, esta data foi anunciada a ser adotada apenas por aqueles que têm interesse pela organização da Nações Unidas e todos os nesse caminho e principalmente depois de uma certa países, incluindo a Índia, o local de origem do yoga, idade, quando a mente se volta para a descoberta das concordaram em celebrar a mesma de razões da existência. modo apropriado. Uma das causas mais importantes é A adaptabilidade Nessa ocasião, o secretário-geral da que esta ciência altamente subjetiva foi do yoga a ONU, Ban Ki-moon, declarou que o observada objetivamente pela ciência qualquer Dia Internacional do Yoga despertaria moderna, tendo esta última destacado situação e busca as atenções para os benefícios holísticos os méritos do yoga. Qualquer coisa que constitui a sua do yoga. “O yoga pode contribuir apenas promova o prazer sensual tem curta força para a resistência contra doenças não duração, uma vez que os gostos são sujeitos transmissíveis. Pode unir as comunidades a mudanças. A mente e os sentidos, por de forma inclusiva, gerando respeito, sendo um natureza, encontram-se sujeitos a alterações constantes, desporto capaz de contribuir para o desenvolvimento e sendo incapazes de suportar a monotonia, e as para a paz. Pode até mesmo ajudar pessoas em situações civilizações buscam constantemente, também elas, por de emergência, no sentido de encontrarem alívio mudanças. Somente aqueles que se adaptam às novas relativamente ao stress” disse Ban num comunicado. A circunstâncias sobrevivem. Neste contexto, o yoga consciência cruzou todas as fronteiras. Curiosamente, contém todos os elementos essenciais que fornecem os
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meios para suprir os requisitos de tal demanda. As médico nos dias hoje é o yoga. Curiosamente, os técnicas / objetos que fornecem soluções temporárias efeitos milagrosos na cura de doenças mentais caiem no esquecimento. A adaptabilidade do yoga a fazem do yoga uma primeira escolha, mesmo entre qualquer situação e busca constitui a sua força. os neurocientistas. Esta é a área da “terapia de Algo que teve início nas cavernas dos Himalaias yoga”. Quanto ao yoga como regime de “fitness”, traz hoje socorro a milhares, até mesmo o mesmo começou lentamente a nos hospitais. O yoga é “autossuficiente” substituir os ginásios, mesmo em e faz com que o praticante se torne plataformas internacionais. O yoga Na área da “independente”. É esta característica proporciona boa-forma física e mental, terapia, a ciência única que faz o yoga ser tão popular. O sem efeitos colaterais. Além disso, na está a caminhar para a “cura curso do yoga, tal como o de um rio, flui área da espiritualidade, a sua posição energética” e o para o bem-estar de todos. Até há uma “neutra” quanto à aceitação de Deus yoga é a energia década atrás, o yoga era praticado dentro converte-o numa das melhores práticas alternativa ideal de círculos pequenos, mas hoje assumiu complementares para qualquer sistema para a cura um interesse internacional. de crença religiosa. Com o tempo, Vamos ver o que nos espera iremos testemunhar mais invenções relativamente ao yoga para o milénio. Nos anos científicas, que farão com que os seres humanos vindouros, o yoga assumirá uma posição central no dependam cada vez mais de “engenhocas” para a vida processo de “cura”, tornando-se assim um sistema atual, o que, por sua vez, trará consigo as doenças de tratamento complementar obrigatório e não de “estilo de vida errado”. Portanto, a prática regular apenas alternativo. A primeira prescrição de um de yoga irá tornar-se num regime obrigatório para O yoga proporciona boa-forma física e mental, sem efeitos colaterais
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177 NATIONS CO-SPONSOR THE UN RESOLUTION TO DECLARE INTERNATIONAL DAY OF YOGA NORTH AMERICA (24)
EUROPE (42)
SOUTH AMERICA (12) ASIA (39)
AFRICA (47)
Map not to scale
AUSTRALIA(12)
movimentar todos os membros do corpo e manter os yoga mudará a qualidade da mente e eliminará todas as mesmos corretamente hidratados com sangue fresco, impurezas, tais como a luxúria, o ódio e o ciúme. mantendo o corpo em boa forma. O asana (exercício Na próxima década, o yoga vai encontrar físico), parte do yoga, proporciona uma o seu caminho nos hospitais, forma de treino segura e autossuficiente. escritórios e reuniões comunitárias. Na próxima Na área da terapia, a ciência está a Surgirão universidades de yoga década, o yoga caminhar para a “cura energética” e o yoga independentes por todas as partes. Neste vai encontrar é a alternativa ideal, uma vez que utiliza a contexto, a necessidade mais premente o seu caminho energia do prana na cura. O Pranayama, consiste em gerar bons professores de nos hospitais, o exercício da respiração, irá fornecer yoga, sendo o principal critério o facto escritórios a resposta para a cura de doenças. O de que, quem pratica yoga, encontra e reuniões yoga irá unir a humanidade, uma vez resultados positivos na sua saúde comunitárias que, em última instância, faz com que os física e mental. praticantes desfrutem de momentos de Em suma, nas palavras de Yogacharya “tranquilidade”. O Dhyana, a parte de meditação do Krishnamacharya, “O yoga deve ser adaptado ao yoga, tornará a mente mais adequada e eficiente. O indivíduo e não o indivíduo ao yoga.” O autor é membro do conselho de administração do Morarji Desai National Institute of Yoga, em Nova Deli, bem como administrador do Krishnamacharya Yoga Mandiram, em Chennai
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Remapeamento dos laços entre a Índia e a China:
Co-criação de um século asiático
Após a visita à China por parte do Sr. Narendra Modi, as relações bilaterais entre as duas nações estão preparadas para desempenharem um papel decisivo no século XXI texto | Manish Chand
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Página inicial: O PM, Sr. Narendra Modi, com o Presidente da República Popular da China, Sr. Xi Jinping; No sentido horário: O Primeiro-Ministro indiano visita a Big Wild Goose Pagoda em Xi’an, China; «Selfie» do Twitter do Sr. Modi com o Primeiro-Ministro chinês; O Sr. Modi no Museu dos Guerreiros de Terracota em Xi’an
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ste Foi um momento único para as relações Índia-China, tendo sido transmitida uma ressonância de frescura à narrativa que se desenrola num século asiático. Conjugando diplomacia, cultura, negócios e geopolítica, a viagem de 14-16 de maio do Primeiro-Ministro, Sr. Narendra Modi, a três cidades chinesas -Xian, Pequim e Xangai consolidou uma arquitetura emergente de relações de cooperação mutuamente benéficas entre as principais economias da Ásia.
Diplomacia de «Terra Natal»
A visita conquistou grandes resultados, a nível de simbolismo e substância. Num gesto singular, o Presidente chinês, Xi Jinping, acolheu o PM Modi numa casa de hóspedes majestosa, do próprio governo, em Xi’an, a capital da província de Shaanxi. As relações ChinaÍndia “estão a vivenciar um desenvolvimento estável e a encarar perspetivas alargadas”, disse o Presidente Xi ao PM indiano. A visita do senhor Modi ao Museu dos
Guerreiros de Terracota e a um templo budista que aloja obras traduzidas a partir do Sânscrito, sublinhou os séculos de laços civilizacionais entre os dois vizinhos asiáticos. Esta foi a primeira vez que o presidente Xi hospedou um líder estrangeiro em visita no seu lar ancestral. A viagem do senhor Modi a Xi’an e do Presidente chinês a Gandhinagar e Ahmedabad no ano passado fez nascer um novo vocabulário de diplomacia de «terra natal» no envolvimento florescente entre a Índia e a China, com ênfase nos contactos interpessoais e nas ligações culturais.
Resultados-chave
A diplomacia de «terra natal» definiu o tom para as amplas conversações que decorreram em Pequim entre o Primeiro-Ministro Modi e o Primeiro-Ministro chinês Li Keqiang, no dia 15 de maio. Foi concedida ao Sr. Modi uma cerimónia de boas-vindas no Grande Salão do Povo, em Pequim. Os dois lados assinaram 24 acordos, em áreas que vão desde as infraestruturas, as cidades inteligentes e as vias
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ferroviárias, até à cultura, capacidade de desenvolvimento, o potencial da nossa parceria”, afirmou o Sr. Modi em espaço e mudanças climáticas. Ambos os lados decidiram comunicado de imprensa conjunto com o Primeirotambém intensificar o envolvimento diplomático em Ministro Li. Estas palavras refletem as preocupações da todos os aspetos, com a decisão de realizarem cimeiras Índia quanto a uma série de questões, incluindo a prática regulares e de procederem à abertura de novos consulados chinesa de emissão de «stapled visas» (vistos com os em Chengdu e Chennai. carimbos apostos em documento agrafado à parte - N.T.) Com ênfase por parte do Sr. Modi quanto ao aos moradores de J&K e Arunachal Pradesh. federalismo cooperativo na arena da política externa, a Índia e a China lançaram o Fórum Diplomacia Económica O foco das dos Líderes de Províncias/Estados, uma As conversações que decorreram em conversações iniciativa pioneira dentro do género, que Xian e Pequim entre os líderes das duas centrou-se numa irá facilitar a maior interação entre os seus nações sublinharam a centralidade dos arquitetura estados e províncias. A sua primeira reunião laços económicos no seu relacionamento viável a longo foi realizada em Pequim, a 15 de maio, na em geral. “Estabelecemos um nível prazo, no sentido presença do Primeiro-Ministro Indiano. elevado de ambições para a nossa parceria de estimular o Do lado Indiano, participaram o ministro económica. Observamos que existem envolvimento responsável de Marashtra, Sr. Devendra enormes oportunidades bilaterais e desafios económico Fadnavis e a ministra responsável de semelhantes, tais como os da urbanização”, Gujarat, Sra. Anandiben Patel. disse o senhor Modi. Aludindo às suas conversas com os dois líderes, o Sr. Modi disse que “Eles Franca e Construtiva mostraram-se favoráveis ao aumento da participação Aquilo que distinguiu a interação a nível de cimeira foi a chinesa no setor das infraestruturas e na nossa missão abordagem «franca» e «construtiva» a todas as questões «Make in Índia».” pendentes, incluindo a questão referente às fronteiras, O foco foi reforçado pela visita do Sr. Modi a Xangai, que dura há décadas. “Salientei a necessidade da China onde participou de um fórum Sino-Indiano de CEOs. no sentido de reconsiderar a sua abordagem quanto a Com base no compromisso da China, relativamente algumas das questões que nos impedem de realizar todo ao investimento de US $20 biliões na Índia durante os O Primeiro-Ministro, Sr. Modi, na Universidade de Tsinghua, em Pequim
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À direita: O Sr. Modi e o Primeiro-Ministro chinês Li no Templo do Céu, Pequim; Abaixo: O PM indiano visita o templo de Daxingshan em Xi’an, China
próximos cinco anos, que foi revelado durante a visita do Presidente chinês à Índia em setembro de 2014, os dois lados assinaram acordos de negócios no valor de US $22 biliões. Respondendo às preocupações da Índia sobre o deficit crescente na balança comercial, estimado em mais US $30 biliões, o lado chinês reiterou a garantia de proporcionar mais acesso ao mercado às empresas indianas de TI e farmacêuticas. O foco das conversações centrou-se em consolidar uma arquitetura viável a longo prazo, no sentido de estimular o envolvimento económico em todos os aspetos. Neste cenário, foram tomadas uma série de decisões, incluindo a de manter o Diálogo Económico Estratégico, copresidido pelo vice-presidente da NITI Aayog, da Índia, e pelo presidente da NDRC, da China, que ocorrerá durante o segundo semestre de 2015 na Índia; e foi forjado o plano quinquenal de comércio e desenvolvimento entre os ministérios do comércio.
Parceria para o Desenvolvimento
Na esfera da economia e do desenvolvimento, os resultados mais significativos incluíram: i) C riação, pela China, de dois parques industriais, em Gujarat e Maharashtra ii) C ooperação em projetos ferroviários, incluindo o aumento de velocidade na linha de ChennaiBengaluru-Mysore, os estudos de viabilidade do troço de ligação ferroviária de alta velocidade DeliNagpur e a criação de uma universidade ferroviária iii) P romoção de um relacionamento amigável entre a província de Guangdong, na China, e Gujarat na Índia e de geminação de cidades entre Guangzhou e Ahmedabad iv) Projeto-piloto «Smart City» (Cidade Inteligente) entre a cidade GIFT (Gujarat International Finance Tec-City) na Índia e Shenzhen, na China v) Estabelecimento de cidades geminadas entre Mumbai-Shanghai, Ahmedabad-Guangzhou, Hyderabad-Qingdao, Aurangabad-Dunhuang, Chennai-Chongqing e de estado / província geminados, entre Gujarat-Guangdong e Karnataka-Sichuan.
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O Sr. Narendra Modi e o Primeiro-Ministro Li interagem com as crianças durante o evento conjunto Yoga-Taichi, no Templo do Céu, Pequim
Atenção focada nas pessoas
adicional para o Yatra Manasarovar, através de Nathu A visita do senhor Modi à China será recordada pelo seu La Pass, em Sikkim, além da passagem já existente por enfoque na diplomacia cultural e pelo estabelecimento Lipulekh em Uttaranchal. Numa iniciativa conjunta a de contactos interpessoais reforçados, no cerne da fim de fomentar os contactos interpessoais, o Sr. Modi parceria crescente entre a Índia e a China. A combinação anunciou a facilidade do «e-visa» para turistas chineses, cultural cristalizou-se na demonstração conjunta Yogaenquanto o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Tai Chi. No dia 15 de maio, uma atmosfera Sr. Wang Yi, a classificou como “um eletrizante tomou conta do Templo do Céu presente”. “Agradecemos ao PrimeiroA visita do em Pequim, enquanto as crianças nativas Ministro indiano pelo presente” declarou o senhor Modi indianas executavam os exercícios de Sr. Wang. Conta-se que o «Visit India Year» à China será tai-chi e as crianças chinesas realizavam os (Ano de Visita à Índia) que se encontra recordada pelo exercícios de yoga, na presença do Sr. Modi a decorrer na China em 2015 e o «Visit seu enfoque e do seu homólogo chinês. China Year» (Ano de Visita à China) em na diplomacia Os laços culturais parecem ter sido 2016, venham a fomentar o turismo e os cultural revitalizados através de um conjunto de laços interpessoais. iniciativas, incluindo a criação do Centre for Gandhian and Indian Studies na Fudan University, A visão de Longo Alcance Shanghai; criação de um Fórum de Reflexão Bilateral; A primeira visita à China do Sr. Modi redefiniu os estabelecimento de uma universidade de yoga em contornos das relações Sino-Indianas, que têm potencial Kunming e colaboração entre o Conselho Indiano para para produzir impactos positivos nas vidas de mais de as Relações Culturais e a Yunnan National University, 2,6 biliões de pessoas residentes em ambos os países. a fim de estabelecer uma universidade de yoga. Além O enquadramento da relação foi ampliado através disso, foi assinado um acordo que fornece uma rota da cooperação proativa relativamente a uma série de
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O PM indiano dirigindo-se ao Índia-China Business Forum Meet em Shanghai
questões transversais, nas quais se inclui o terrorismo potências” e posicionou as relações entre a Índia e a situação na Ásia Ocidental. A assinatura do e a China no contexto de um século asiático Programa de Cooperação Espacial 2015-2020 abriu emergente. “Os líderes concordaram que a novas perspetivas de cooperação entre os dois gigantes ascensão simultânea da Índia e da China como duas asiáticos. Num desenvolvimento significativo, a grandes potências da região e do mundo oferece China, pela primeira vez, levou em conta a aspiração uma importante oportunidade de momento para da Índia no sentido de se juntar ao a realização do século asiático”, Grupo de Fornecedores Nucleares. declaração conjunta na sequência O «Visit India Year» “A China atribui grande das conversações alargadas entre o (Ano de Visita à Índia) importância ao estatuto da Sr. Modi e o Primeiro-Ministro Li. que se encontra a Índia enquanto grande país em “Eles sublinharam que as relações decorrer na China em desenvolvimento, relativamente bilaterais entre as duas nações estão 2015 e o «Visit China a assuntos internacionais, e preparadas para desempenharem Year» (Ano de Visita à compreende e apoia a aspiração da um papel decisivo no século China) em 2016, visam Índia no sentido de desempenhar XXI, na Ásia e, em boa verdade, fomentar o turismo um papel maior nas Nações globalmente.” Com esta ampla Unidas, incluindo no Conselho de perspetiva e filosofia animadora, o segurança,” lê-se na declaração conjunta. aspeto das relações Índia-China parece demonstrar Acima de tudo, a visita construiu uma nova que se encontram preparadas para cruzar novas história de envolvimento entre as “grandes fronteiras no futuro. Manish Chand é o editor-chefe da India Writes Network, www.indiawrites.org, um portal e um jornal eletrónico com enfoque nos assuntos internacionais e na história indiana
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Transportando os laços entre a Índia e os EUA para
uma nova esfera
Um pacto de abrangência global prevê a colaboração proativa entre as duas nações, a fim de fazer avançar sistemas de transporte seguros, eficientes e integrados texto | Manish Chand
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rticulando o desenvolvimento com o envolvimento diplomático florescente, a Índia e os Estados Unidos inauguraram um novo capítulo na sua parceria multifacetada, através da assinatura de um memorando de cooperação, no sentido de reforçar os transportes urbanos da terceira maior economia da Ásia. O acordo foi assinado em Nova Deli, no dia 8 de abril, pelo Ministro da União da Índia para os Transportes Rodoviários, Autoestradas e Remessas, Sr. Nitin Gadkari, e o Secretário dos Transportes dos EUA, Sr. Anthony Foxx. O Pacto de Abrangência Global visa a colaboração proativa entre a Índia e os EUA relativamente a todos os meios de transporte, coordenando os recursos e conhecimentos dos setores público e privado, no sentido de fazer avançar sistemas de transporte seguros, eficientes e integrados. Dando uma nota otimista quanto às perspetivas de cooperação neste projeto crítico de transformação nacional, o Sr. Gadkari sublinhou que tal projeto permitiria à Índia implantar “a mais recente tecnologia disponível em todo o mundo, em conjunto com os EUA” no desenvolvimento de aquedutos e de projetos para centros multimodais no país. “O Presidente Obama e o Primeiro-Ministro Modi anunciaram recentemente acordos de trabalho conjunto entre os EUA e a Índia, relativamente a questões importantes para ambos os nossos países”, declarou o Secretário Foxx. O Secretário Foxx sublinhou que o MoU (Memorando de Entendimento) irá reforçar a cooperação entre os dois países “em questões vitais referentes a transporte, que irão
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melhorar a qualidade de vida dos indianos.” O pacto criou a primeira Parceria de Transporte de sempre entre o Departamento de Transportes dos EUA e os Ministérios Indianos dos Caminhos de Ferro, Transportes Rodoviários e Autoestradas, Remessas e Desenvolvimento Urbano. É parte de um projeto mais amplo, no sentido de estimular o renascimento
Sistema de transporte eficiente e inteligente
urbano na Índia, que se encontra patente na missão do Primeiro-Ministro Modi de criar 100 Cidades Inteligentes na Índia e na Nova Missão de Rejuvenescimento Urbano, que abrange 500 cidades. O Departamento de Transportes dos EUA já se comprometeu a oferecer soluções de transporte sustentáveis para Allahabad (Uttar Pradesh), Ajmer (Rajastão) e Visakhapatnam (Andhra Pradesh). Esta conjugação dos sistemas de transporte inteligentes com as cidades inteligentes foi discutida durante as conversações alargadas que o secretário Foxx manteve com o Ministro para os Assuntos Parlamentares, Desenvolvimento Urbano, Alojamento e Alívio da Pobreza Urbana, Sr. M. Venkaiah Naidu. As conversações focaram-se na criação de sistemas de transporte público eficientes, sistemas de transporte inteligentes, controlo e informações de tráfego, integração multimodal, capacitação e treino no campo do transporte urbano. Foi criado um grupo de trabalho interministerial para promover a cooperação quanto aos elementos de transporte do projeto Cidades Inteligentes. Os dois países acordaram ainda cooperar quanto às normas de eficiência de combustível dos veículos e quanto à promoção de vias dedicadas de transporte, a
fim de estimular a circulação de mercadorias desde os portos da Índia até às principais cidades da região. Durante as suas discussões, o Secretário Foxx salientou que o transporte urbano eficiente, com base num planeamento e execução adequados, é a solução para tornar cidades mais habitáveis. Foxx fez alusão aos esforços do governo dos EUA para a promoção de soluções de transporte regional e elogiou a iniciativa da construção de 100 Cidades Inteligentes na Índia, classificando-a como “muito emocionante”. A assinatura do Pacto assinala um ponto alto na colaboração crescente Índia-EUA no setor das infraestruturas e marca o culminar de meses de intensas discussões, que começaram durante a visita inicial do Primeiro-Ministro Narendra Modi a Washington, em 30 de setembro de 2014, e ganharam uma forma mais concreta durante a visita do Presidente dos E.U.A., Sr. Barack Obama, a Nova Deli, como principal convidado para as comemorações do Dia da República. O pacto reflete o espírito do “Sanjha Prayas, Sabka Vikas - Esforço Partilhado; Progresso para Todos”, o tema central da declaração conjunta que fluiu da visita histórica que o Presidente Obama fez à Índia este ano. A renovação urbana e o reforço das infraestruturas urbanas parecem estar prontos a constituir temas «gémeos», que irão enquadrar a parceria de desenvolvimento entre as maiores e mais antigas democracias em todo o mundo para os anos vindouros. Durante a visita do primeiro-ministro Modi aos EUA no ano passado, ambas as partes lançaram a Urban India Water, Sanitation, and Hygiene Alliance (WASH), uma iniciativa pioneira, que provará ser catalisadora para que a promessa de ressurgimento urbano na Índia seja frutuosa. A parceria de desenvolvimento é definida no sentido de aproximar a Índia e os Estados Unidos, uma vez que irá produzir resultados no terreno, que terão impactos visíveis nas vidas das pessoas comuns nos próximos tempos. Manish Chand é o editor-chefe da India Writes Network, www. indiawrites.org, um portal e um jornal eletrónico com enfoque nos assuntos internacionais e na história indian
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INICIATIVA
Operação “sucesso” em
tempos de necessidade
O Governo Indiano desempenhou um papel central no trabalho de resgate, enviando auxílio às vítimas e escutando o que nunca se ouviu durante situações de crise. Casos em questão: Operação Rahat no Iémen e Operação Maitri no Nepal
Sana’a Mumbai
Since 2011, Yemen has been imploding with the scenario getting worse in the past few months as the war for political dominance intensified between religious two sub-sects n
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4,700+
people were rescued in Operation Rahat
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New Delhi
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people were evacuated by Air India
Most aircraft and ships touched base in Kochi and Mumbai and the evacuees were transported to their respective hometowns free of cost by the Indian Railways J U L HO -AG O S T O
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Os esforços indianos foram tão poderosos e eficazes que 26 países, incluindo o Reino Unido e os EUA, aproveitaram a nossa ajuda para trazerem de volta os seus cidadãos
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Trabalho de assistência no Iémen
foi fundamental no sentido de resgatar e evacuar 4.700 indianos. Os esforços indianos foram tão poderosos e eficazes que 26 países, incluindo o Reino Unido e os EUA, aproveitaram a nossa ajuda para trazerem de volta os seus cidadãos. De acordo com as estatísticas, foram resgatados durante esta operação 960 cidadãos de 41 países. Dois C-17 Globemaster da Força Aérea Indiana, com
Sana’a
YEMEN
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Quando uma guerra entre duas subfações religiosas ganhou impulso, os cidadãos do Iémen ficaram em risco. A situação neste país árabe tem vindo a levantar questões desde fevereiro de 2015. Finalmente, a tensão eclodiu em abril deste ano, pondo em risco a vida de milhares de cidadãos indianos. A Operação Rahat, um programa de assistência prestada pelo governo indiano,
De acordo com as estatísticas, foram resgatados durante esta operação 960 cidadãos de 41 países
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capacidade para 600 passageiros de cada vez, três voos da Air India, bem como os navios de guerra indianos - INS Mumbai, INS Tarkash e INS Sumitra - partiram em viagem das suas bases respetivas, a fim de acelerar o processo de evacuação. O INS Mumbai aportou com os evacuados no dia 16 de abril, enquanto o INS Tarkash, depois de completar uma viagem fora do Golfo de Aden, que se encontra infestado de piratas, chegou à base no dia 18 de abril. Além disso, os diplomatas indianos na cidade de Sana’a, liderados pelo embaixador Amrit Lugun, negociaram um período de tréguas, ajudando a fazer cessar o bombardeamento levado a cabo pela Arábia Saudita, a fim de abrir caminho para que os aviões indianos fizessem o que era necessário. Após vários dias de transporte de indianos e estrangeiros para porto seguro, esta operação terminou como um grande sucesso. A Indian Railways desempenhou um papel igualmente importante na operação, oferecendo bilhetes ferroviários gratuitamente aos evacuados, a fim de poderem chegar confortavelmente aos seus destinos.
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A operação de resgate de indianos e estrangeiros para porto seguro, que se estendeu por vários dias, terminou como um enorme sucesso
Kathmandu
A Índia, no âmbito da Operação Maitri, enviou a sua primeira equipa para a nação vizinha no espaço de seis horas após a ocorrência da calamidade natural
Um verdadeiro gesto de amizade
Os tremores de terra recentes e a resultante devastação no Nepal transformaram a vida num caos, com milhões de vítimas deslocadas. A Índia foi um dos primeiros países a estender a mão em resposta ao terremoto de 7,9 graus de magnitude que atingiu o Nepal. Consta que terá sido a maior operação de socorro lançada pelo Governo da Índia e pelas Forças Armadas indianas para ajudar vítimas em solo estrangeiro.
A Índia, no âmbito da Operação Maitri, enviou a sua primeira equipa para a nação vizinha no espaço de seis horas após a ocorrência da calamidade natural. As equipas de resgate da National Disaster Response Force desembarcaram em Katmandu com material de socorro de necessidade imediata. 32 voos da Força Aérea Indiana transportaram quase 520 toneladas de material de socorro, incluindo tendas, alimentos desidratados,
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NEPAL
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32 voos da Força Aérea Indiana transportaram quase 520 toneladas de material de socorro, incluindo tendas, alimentos desidratados, medicamentos, estações de tratamento de água e cilindros de oxigénio
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Dezoito equipas de médicos do Exército Indiano, 18 unidades de engenharia do exército e 16 equipas NDRF, ajudaram pessoas de diferentes nacionalidades que se encontravam presas nos escombros
medicamentos, estações de tratamento de água e cilindros de oxigénio. Além disso, 18 equipas de médicos do Exército Indiano, 18 unidades de engenharia do exército e 16 equipas NDRF trataram e ajudaram pessoas de diferentes nacionalidades. A evacuação de cerca de 900 feridos, o transporte de 1.700 pessoas e a entrega de 207
toneladas de material de socorro, foram feitas por oito Mi-17 da Força Aérea Indiana e cinco helicópteros ALH do Exército Indiano. Não só mão-de-obra, como também maquinaria, foram enviadas para a zona atingida pelo terremoto, a fim de limpar estradas e procurar vítimas mortais. Assim como noutras operações bem-sucedidas, o governo indiano também ajudou cidadãos espanhóis durante este exercício de evacuação. Havia sido prometido ao Ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol estender toda ajuda possível às pessoas que se encontravam em perigo. Esta operação de salvamento chegou ao fim com o governo do Nepal a pedir que partissem para suas respetivas bases. A Operação Maitri, uma operação lendária em termos de resultados positivos, sempre falará mais alto quanto aos esforços envidados pela Índia em situações de crise.
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Luxo sobre
as ĂĄguas
Os dois poderosos rios indianos, Ganges e Brahmaputra, oferecem uma forma de viajar pelo paĂs em total serenidade e conforto, com o conceito de um cruzeiro fluvial
Luxuoso Cruzeiro Fluvial n
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magine-se numas férias, quando Estes cruzeiros operam nos dois o esforço de rebolar na cama para rios principais – Brahmaputra e Ganga estender a mão e fazer deslizar as (Ganges), conhecido como Hooghly cortinas se sente como se fosse uma na Bengala Ocidental. Sejam mansões árdua tarefa. Um cruzeiro urbanas, monumentos em fluvial na Índia dá-lhe a cidades ou mangais em ilhas O cruzeiro oportunidade de passar as remotas – aí se revela o fluvial promete suas férias da forma mais quotidiano impregnado em uma experiência luxuosa, enquanto explora a gerações de costumes, rituais, em primeira beleza e o legado histórico do crenças e artesanato, que se mão a todos os país. Agora, é possível cruzar reflete na variedade do folclore, viajantes cerca de 1.750 milhas através música, tecelagem, cerâmica, dos rios e cursos de água alimentos e festivais. Com navegáveis no interior da Índia, passando opções disponíveis de viagens a montante por grandes cidades, ao lado de monumentos ou a jusante, é possível escolher a rota que históricos e santuários de vida selvagem. se pretende explorar.
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Cruzeiro Fluvial no Rio Bramaputra
artesanato. Ao participar neste cruzeiro, deverá O Brahmaputra, ou Zangbo-Brahmaputra, é um rio visitar o Parque Nacional de Manas, na fronteira transfronteiriço e um dos maiores da Ásia. O curso Índia-Butão, bem como uma estação arqueológica, superior do rio manteve-se desconhecido durante uma vila de artesanato e um centro de peregrinação. muito tempo, tendo sido descoberto somente Além disso, existem cruzeiros que iniciam o em 1884-86, quando se estabeleceu o Yarlung percurso em Guwahati, Assam, e terminam em Tsangpo, que se trata de uma parte do rio que flui Silghat, perto de Tezpur e de Kaziranga. no Tibete. O cruzeiro fluvial promete Aqui, os destaques vão para os uma experiência em primeira mão a Parques Nacionais de Kaziranga e Hoogly, o longo todos os viajantes. Organizados entre para os templos de Tezpur. Um dos afluente do rio outubro e abril, os pacotes de viagens, principais destaques deste cruzeiro, Ganga, com incluindo opções para quatro noites, enquanto ainda nos encontramos em 260 km, é um sete noites e 10 noites, garantem Assam, é a visita a Sibsagar, a antiga percurso de uma estadia plena de natureza, desde capital dos Reis de Ahom, bem como a cruzeiro perfeito Kolkata em Bengala Ocidental, subindo ilha de Majuli, com as suas comunidades o Brahmaputra até chegar a Dibrugarh monásticas hindus. A visita a todos os em Assam. cantos e recantos do país reitera o facto de a arte Os cruzeiros comportam visitas e outras atrações, e o artesanato se encontrarem entrelaçados com a tais como safaris de animais selvagens (tanto de cultura e tradição. jipe como de elefante), passeios a pé pelas aldeias, visitas aos jardins de chá, exploração de cidades em Cruzeiro Fluvial no Rio Ganga (Ganges) riquexós-bicicleta, churrascos nas ilhas desertas Com a sua nascente situada nos Himalaias, do rio, dança, espetáculos e visitas a oficinas de nenhum outro rio desempenha um papel mais
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Da esquerda para a direita, a partir do lado esquerdo em cima: Sala de estar no convés; o pátio do Forte de Ramnagar; Mausoléu Sufi de Maner; Shahi Qila ou Forte de Jaunpur; trecho do cruzeiro PatnaFarakka; stupas votivas em Sarnath
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Da esquerda para a direita, a partir do lado esquerdo em cima, olhando da esquerda: Instantâneos, tirados no cruzeiro desde Patna a Farakka; túmulo de Mughal antigo em Chunar; ghats de Varanasi; solário no cruzeiro; Feira de Gado de Sonepur; vislumbre durante o cruzeiro Patna-Farakka; câmara bloqueada por turistas internacionais
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Da esquerda para a direita, a partir de cima: Serviços de spa oferecidos no cruzeiro; área de solário; sala de estar; iguarias servidas no cruzeiro; área de refeições
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importante do que o rio Ganges – religioso, cultural, económico e social – nas vidas das pessoas. A Índia presenciou já inúmeras mudanças em termos de civilizações, sendo o rio sagrado testemunha de tais espetáculos. Os cruzeiros no Ganga começam a partir de Varanasi em Uttar Pradesh, continuando a sua jornada em direção ao Forte de Chuna dos tempos Mughal, navegando rumo ao cemitério britânico e seguindo depois até Ramnagar, a fim de visitar o Palácio do Maharaja, culminando o percurso no Ganga aarti. Se navegar em direção a Bihar, visite o espaço budista de Sarnath, o Forte de Sher Shah Suri’s Sasaram e Buxar. Em Bihar, os turistas podem planear uma viagem de um dia a Nalanda ou a Bodh Gaya. A Inland Waterways Authority (Autoridade para as Vias Navegáveis no Interior da Índia) planeia operar mais cruzeiros a partir do próximo ano. Além disso, existem cruzeiros que incluem Nabadwip (famosa devido a Chaitnya Mahaprabhu), a antiga e enriquecedora cultura colonial francesa em Chandannagore, navegando ainda mais além até Kolkata Dakshineswar, Belur, Mayapur, Murshidabad (com os seus palácios Mughal, museus e mesquitas, Raj Mahal). Toda a extensão, com cerca de 1.200 km, traz até nós uma experiência de precedência histórica e cultural. Enquanto as margens do Rio prometem mostrarnos o habitat do javali, do chacal, da raposa de Bengala, do gato selvagem, dos macacos rhesus, dos langures cinzentos, do bluebull e do antílope, o canal, por si só, é lar de mais de 90 espécies de peixes, suaves lontras indianas, cágados, tartarugas e golfinhos de água doce.
Cruzeiro Fluvial no Hoogly
Hoogly, o longo afluente do rio Ganga, com 260 km, é um percurso de cruzeiro perfeito. Operando todo o ano, em Bengala Ocidental, estende-se desde Kolkata até Farakka, num cruzeiro de subida até Hooghly, que abrange a famosa ponte Howrah, Hazar Duari e o Palácio Katgola. Vistas extasiantes impregnadas de história, cultura, tradição e beleza cénica; assistência por parte de uma equipa bem treinada, em conjugação com sumptuosidade em abundância. Eis a receita perfeita apresentada por estes cruzeiros fluviais de luxo.
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Transformando as cidades,
transformando a Índia
O país está à beira de uma revolução urbana com a sua iniciativa de Cidades Inteligentes, que tem como alvo 100 cidades
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ritmo constante de crescimento da população global corresponde à migração para as áreas urbanas, levando os especialistas a prever que a população urbana em todo o mundo vai duplicar até 2050. Na Índia, a população urbana constitui, atualmente, 31 por cento do total da população global, contribuindo em mais de 60 por cento para o PIB do país. As cidades são referidas como sendo os motores do crescimento económico. Três quartos dos indianos irão viver em cidades até 2030. A urbanização em grande escala implica
que as cidades deverão estar equipadas com um mecanismo de gestão para lidar com o afluxo vindo das áreas rurais, aumentar a produtividade e a eficiência, reduzir a pressão sobre os recursos e melhorar a qualidade de vida. Em suma, as cidades devem tornar-se “inteligentes”.
Transformando as cidades
Com a sua população urbana a aumentar em mais de 400 a 814 milhões até 2050, a Índia enfrenta o tipo de urbanização em massa testemunhada na China. Muitas das suas cidades já estão
As áreas urbanas contribuem para a maior parte do PIB
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VALORES DE REFERÊNCIA PARA AS CIDADES INTELIGENTES claramente a «rebentar pelas costuras». Antes da sua eleição, em maio passado, o PrimeiroMinistro Indiano, Narendra Modi prometeu 100 Cidades Inteligentes até 2022, para acomodar a rápida urbanização. O que é exatamente uma “Cidade Inteligente”? A interceção entre competitividade, capital e sustentabilidade, é o que faz com que uma cidade seja capaz de proporcionar qualidade de vida aos seus habitantes. De acordo com o site das Cidades Inteligentes do Ministério de Desenvolvimento Urbano do Governo Indiano (indiansmartcities. in): “As cidades inteligentes deverão ser capazes de fornecer boas infraestruturas, tais como água, saneamento, serviços de utilidade pública fiáveis e cuidados de saúde; deverão atrair O Smart Cities investimentos; deverão dispor Council India foi de processos transparentes constituído a fim que facilitem a execução de promover o das atividades comerciais; desenvolvimento deverão ter processos simples de Cidades e online para a obtenção Inteligentes de autorizações.”
Realizações
O Smart Cities Council India foi constituído a fim de promover o desenvolvimento de Cidades Inteligentes no país. Faz parte do Smart Cities Council com sede nos EUA, um consórcio de praticantes e especialistas no sistema de cidades inteligentes com mais de 100 membros e organizações conselheiras, que opera em mais de 140 países. A missão de construir 100 Cidades Inteligentes pretende promover a adoção de soluções inteligentes quanto ao uso eficiente dos recursos e infraestruturas disponíveis, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida urbana e proporcionar um ambiente limpo e sustentável. A iniciativa poderia receber um impulso através de um modelo preparado pela União Europeia. O governo da União planeia gastar Rs 480 biliões na criação destas cidades inteligentes
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TRANSPORTES • Tempo de viagem máximo de 30 minutos nas cidades pequenas e médias e 45 minutos nas áreas metropolitanas. • Ciclovias dedicadas e separadas fisicamente, com largura de 2 m ou mais e uma em cada direção, deverão ser disponibilizadas em todas as ruas que tenham faixas de rodagem maiores que 10 m (não ROW). • Transportes em massa de alta qualidade e alta frequência dentro de uma distância de 800 m (10-15 minutos a pé) de todas as residências, nas áreas com mais de 175 pessoas por hectare de área de construção. • Acesso ao «para-transit» (transporte para portadores de deficiência física N.T.) a uma distância a pé de 300 m.
ELETRICIDADE • 100% dos agregados familiares terão ligação à rede elétrica. • Fornecimento de eletricidade 24 horas por dia, 7 dias por semana. • Contagem a 100% de todo o abastecimento de eletricidade. • Recuperação a 100% dos custos. • Escalonamento de tarifas no sentido de minimizar os resíduos.
INSTALAÇÕES DE CUIDADOS DE SAÚDE • Disponibilidade de instalações de telemedicina para 100% dos residentes. • Tempo de resposta a emergências de 30 minutos. • 1 dispensário para cada 15.000 habitantes. • Centro de berçário, crianças, bem-estar e maternidade 25 a 30 camas por cada cem mil habitantes. • Hospital intermediário (categoria B) - 80 camas por cada cem mil habitantes. • Hospital intermediário (categoria A) - 200 camas por cada cem mil habitantes. • Hospital com Especialidades Múltiplas - 200 camas por cada cem mil habitantes. • Hospital Geral - 500 camas por cada cem mil habitantes. • 10.020 Centros de Bem-Estar Familiar por cada 50.000 moradores.
LIGAÇÕES TELEFÓNICAS • 100% dos agregados familiares terão ligação telefónica incluindo por telemóvel.
ORDENAMENTO
REDE DE ESGOTOS E SANEAMENTO
• 95% das residências deverão ter acesso a equipamentos capazes de suprir as suas necessidades diárias, tais como comércio, parques, escolas primárias e áreas de lazer, a uma distância de 400 m a pé. • 95% das residências deverão ter acesso ao emprego e aos serviços públicos e institucionais através de transporte público, bicicleta, ou a pé.
• 100% dos agregados familiares deverão ter acesso a sanitários. • 100% das escolas deverão ter sanitários separados para as meninas. • 100% dos agregados familiares deverão ter ligação à rede de águas residuais. • 100% de eficiência na recolha e tratamento de águas residuais. • 100% de eficiência na recolha da rede de saneamento.
FORNECIMENTO DE ÁGUA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
• Abastecimento de água 24 horas por dia, 7 dias por semana. • 100% dos agregados familiares terão ligações de fornecimento direto de água. • 135 litros de abastecimento de água per capita. • Contagem a 100% das ligações de água.
• 100% dos agregados familiares ficarão cobertos pelo sistema de recolha diária à porta de casa. • Recolha a 100% de resíduos sólidos urbanos. • Reciclagem a 100% de resíduos sólidos.
EDUCAÇÃO
DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS
ENSINO PRÉ-PRIMÁRIO A SECUNDÁRIO • Pré-primária / Berçário para cada 2.500 habitantes. • Escola Primária (Classe I a V) para cada 5.000 residentes. • Escola Secundária Sénior (Classe VI a XII) para cada 7.500 moradores. • Escola Integrada (Classe I a XII) por cada cem mil pessoas.
• 100% de cobertura da rede rodoviária com rede de drenagem de águas pluviais. • Número agregado de incidentes por ano no abastecimento de água = zero. • Aproveitamento a 100% das águas pluviais.
ENSINO SUPERIOR
LIGAÇÕES WI-FI
• F aculdade para cada 150.000 habitantes. • Universidade. •C entro de educação técnica para cada 1.000.000 habitantes. • F aculdade de engenharia para cada 1.000.000 habitantes • Faculdade de medicina para cada 1.000.000 habitantes. •O utras faculdades de ensino profissional para cada 1.000.000 habitantes. • Instituto paramédico por cada 1.000.000 habitantes.
• Conectividade wi-fi a 100%. • 100 Mbps de velocidade de Internet.
COMBATE A INCÊNDIOS • 1 instalação de combate a incêndios por cada 200.000 habitantes / raio de 5-7 km. • 1 instalação de combate a incêndios secundária com cobertura para um raio de 3-4 km.
OUTROS • Utilização de energias renováveis em todos os setores. • Painéis solares nas coberturas em todos os edifícios públicos, institucionais e comerciais, bem como em edifícios de habitação com vários andares. • Adesão às normas de construção verde.
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A GIFT promete vir a ser um centro financeiro e pretende competir com Mumbai, a capital financeira da Índia, e com as cidades internacionais
nos próximos cinco anos. Por enquanto, a Gujarat organizações como a Microsoft, a IBM e a Cisco, para International Finance Tec-City (GIFT), a primeira dar apoio a este exercício de transformação maciça. cidade a seguir este modelo, tem uma moderna Recentemente, a ministra responsável de Bengala infraestrutura subterrânea e dois quarteirões de Ocidental, Sra. Mamata Banerjee, partilhou a escritórios, existindo um plano em curso para informação de que o seu governo iria desenvolver uma metrópole planeada, com arranha-céus, água sete Cidades Inteligentes no estado, cidades essas potável, recolha de lixo automatizada que irão dispor de todas as comodidades e fornecimento dedicado de energia modernas para uma vida decente. Estas O governo elétrica. A GIFT promete vir a ser um Cidades Inteligentes irão surgir nas planeia gastar centro financeiro e pretende competir proximidades de Siliguri, perto de Gazol Rs. 480 biliões com Mumbai, a capital financeira da no distrito de Malda, próximas a Kalyani na criação Índia, e com as cidades internacionais. no distrito de Nadia, nas redondezas destas cidades A tecnologia ajuda a maximizar a de Bolpur no distrito de Birbhum e inteligentes utilização dos recursos aproveitando os na vizinhança das cidades industriais nos próximos dados recolhidos a partir de sensores, de Asansol-Durgapur, abrangendo cinco anos controlos e análises de dados em tempo Churulia, local de nascimento de real. Tal tecnologia pode ser utilizada Kazi Nazrul Islam, perto de Garia, na para melhorar os principais segmentos, tais como periferia sul de Calcutá e em Nabanna, perto da os prédios, que consomem 40 por cento de toda a Secretaria de Estado. energia na Índia, bem como os serviços de utilidade Assim sendo, as Cidades Inteligentes e o pública, cuidados de saúde, governo, transporte rejuvenescimento das cidades, não só abrem o e educação. Na verdade, em cidades tais como as caminho para cidades mais habitáveis, como também de Dholera e Surat no ocidente e Visakhapatnam fornecem o motor de crescimento que a economia no oriente, já está a chegar ajuda por parte de indiana necessita desesperadamente.
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ESPAÇO
O grande salto
em frente
O IRNSS - 1D junta-se a três outros satélites em órbita, sendo o quarto de uma constelação planeada para 7 satélites, a fim de servir a Índia e regiões circundantes com um sistema independente de navegação por satélite
C
om o lançamento bemsucedido do quarto satélite, IRNSS-1D, no topo de um Polar Satellite Launch Vehicle (PSLV), a 28 de março deste ano, do Satish Dhawan Space Centre SHAR em Sriharikota, a Índia alcançou mais uma meta do seu programa espacial. Os PSLVs fizeram mais lançamentos do que todos restantes foguetões com capacidade orbital da Índia combinados. O satélite de 1.425 kg, IRNSS-1D, foi ejetado para uma órbita elíptica de 282,52 km x 20.644 km e separou-se com êxito do quarto nível do PSLV após um tempo de voo de cerca de 19 minutos e 25 segundos. Após a ejeção, os painéis solares do IRNSS1D foram instalados automaticamente, enquanto a Master Control Facility da ISRO assumia o controlo do satélite. O satélite será posicionado brevemente em órbita geossíncrona a 111,75 graus de longitude este com 30,5 graus de inclinação. O IRNSS-1D é o quarto de uma série de sete satélites que compõe o segmento
O IRNSS-1D é o quarto de uma série de sete satélites que compõem o segmento espacial da IRNSS
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ESPAÇO
OS DOIS PAINÉIS SOLARES DO IRNSS-1D Os dois painéis solares do IRNSS-1D consistem em células solares de Ultra Tripla Junção, que geram aproximadamente 1.660 W de energia elétrica. Os sensores de sol e estrelas, em conjunto com os giroscópios, fornecem referências de orientação ao satélite. Além disso, foram projetados e implementados esquemas especiais de controlo térmico para os elementos críticos, tais como os relógios atómicos. Além disso, o Sistema de Controlo de Ações e Órbita (Orbit Control System - AOCS) do IRNSS-1D mantém a orientação do satélite com a ajuda de rodas de reação, sistemas de aperto magnético e propulsores. O sistema de propulsão
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consiste nos propulsores e num Motor de Apogeu Líquido (Liquid Apogee Motor - LAM). Após ser ejetado nesta órbita preliminar, os painéis solares do IRNSS-1D são automaticamente colocados em funcionamento em rápida sucessão e a Master Control Facility (MCF) em Hassan assume o controlo do satélite, realizando assim as manobras de elevação até à órbita inicial, que consistem numa manobra no perigeu (o ponto mais próximo da Terra) e três no apogeu (o ponto mais distante da Terra). Além disso, é utilizado para estas manobras o LAM do satélite, que o coloca por fim em órbita geoestacionária circular no local designado.
Operação de abastecimento de carburante do IRNSS-1D em curso; Abaixo: O momento do lançamento
espacial da IRNSS. Os seus antecessores – IRNSS1A, IRNSS-1B e IRNSS-1C - 1C – foram lançados pelas PSLV-C22, PSLV-C24 e PSLV-C26 em julho de 2013, abril de 2014 e outubro de 2014, respetivamente. Todos os três satélites encontram-se completamente funcionais nas respetivas posições orbitais projetadas. O sistema de navegação será regional, destinado ao sul da Ásia, e fornecerá serviços de rastreio, navegação e mapeamento. Tendo uma vida útil de 10 anos, o satélite é alimentado por dois painéis solares e a missão tem um custo aproximado de Rs. 14.000 milhões. Construída com base na estrutura do protótipo I-1K da ISRO, a nave espacial IRNSS tem uma massa de 603 kg e é abastecida com 822 kg de carburante para efetuar a subida até à órbita e realizar as manobras necessárias. A nave espacial é alimentada por um par de painéis solares, capazes de gerar 1,6 KW de potência, usados para a transmissão de sinais de navegação na banda L5 e S. Cada um dos satélites contém transponders de banda C e retrofletores, que podem ser usados para a calibragem de distâncias, a fim de determinar precisamente a posição da nave espacial no espaço. O sistema de propulsão e controlo de cada satélite IRNSS consiste num motor de apogeu alimentado por combustível líquido, que produz até 440 newtons de impulso a fim de elevar o satélite até à sua órbita operacional, bem como 12 propulsores de controlo de reação, para controlar as ações do satélite nos três eixos. Espera-se que o IRNSS-1D tenha um tempo de vida operacional de 10 anos. O próximo satélite desta constelação, o IRNSS-1E, está preparado para ser lançado nos próximos meses, completandose assim o total da constelação de sete satélites.
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INSTANTÂNEOS
Vijayapur: Uma
joia da arte
Fundada no século X D.C. pelos Kalyani Chalukas, a cidade de Vijayapur (antigamente chamada Bijapur) é conhecida pelos seus monumentos artísticos e pela complexidade da sua arquitetura
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odemos considerá-la um fascinante museu ao ar livre, que remonta à época islâmica da região de Deccan. A rústica Vijayapur (antiga Bijapur) conta-nos uma história gloriosa, que remonta a 600 anos atrás. Os Kalyani Chalukyas fundaram Bijapur no século X D.C. A cidade mudou de mãos e tornou-se parte do Sultanato Khilji durante a segunda metade do século XIII. Em 1347, os Bahmanis de Gulbarga conquistaram
o sultanato aos Khiljis, apenas para virem a dividi-lo em cinco estados, conhecidos como os Sultanatos do Decão, assumindo os Adil Shahis o controlo sobre Bijapur. Abençoada com um verdadeiro tesouro de mesquitas, mausoléus, palácios e fortificações, a cidade obteve os seus principais monumentos durante o reinado de Adil Shahis. Existem planos para obter o estatuto de Património Histórico Mundial da UNESCO para estes monumentos.
É BOM SABER MELHOR ÉPOCA PARA VISITAR Outubro – março C OMO CHEGAR Aeroporto de Belgaum, a 205 km de distância. Apanhe um comboio para a estação ferroviária de Bijapur, a 2 km de distância. Existem autocarros com partidas regulares a partir das grandes cidades no oeste e sul da Índia.
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V ER TAMBÉM Chand Bawri, Mehatar Mahal
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Acima: Uma torre maravilhosamente esculpida em Gol Gumbaz Abaixo: Portão de entrada para o Gol Gumbaz
VIJAYAPUR
KARNATAKA
Map not to scale
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O túmulo de Mohammed Adil Shah
Gol Gumbaz
Num cenário de jardins tranquilos, o Gol Gumbaz abriga os túmulos do Imperador Mohammed Adil Shah (1627-1655) e da sua família. O mausoléu foi concluído em 1656. Projetado pelo arquiteto Yaqut de Dabul, o Gol Gumbaz tem uma cúpula redonda, com quatro torres de sete andares octogonais em cada canto. O piso superior de todos os quatro minaretes abre-se
para um terraço circular, conhecido pelo nome de «Whispering Gallery» (Galeria dos Sussurros). A acústica garante que qualquer coisa sussurrada a um canto da galeria pode ser escutada claramente no lado oposto na diagonal. Com uns espantosos 38 m de diâmetro, diz-se ser a maior cúpula do mundo depois da Basílica de S. Pedro em Roma.
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Ibrahim Rauza
Considerado entre os mais elegantes e cuidadosamente bem proporcionados monumentos islâmicos na Índia, o Ibrahim Rauza consiste num túmulo e numa mesquita, localizados dentro de uma composição quadrangular. Ambas as estruturas erguem-se num plinto comum
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em meio a um jardim bem cuidado. Diz-se que os seus minaretes, com 24 m de altura, terão sido inspirados nos congéneres do Taj Mahal. Foi construído pelo imperador Ibrahim Adil Shah II (1580-1627) como futuro mausoléu para a sua rainha, Taj Sultana. No entanto, ele morreu antes dela,
sendo assim a primeira pessoa a ser aqui sepultada. A mesquita tem uma sala de orações retangular e uma fachada com cinco arcos e minaretes estreitos em cada um dos quatro cantos. A construção do Ibrahim Rauza fez uso de arquitetura indo-islâmica. O
monumento, projetado pelo arquiteto persa Malik Sandal, tem duas estruturas em forma de quadrado, com entalhes delicados. A primeira estrutura quadrada é constituída pelos túmulos de Ibrahim Adil Shah II e da sua esposa. A segunda estrutura quadrada abriga a mesquita. Toda a estrutura assenta
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Da esquerda para a direita, a partir de cima: Ibrahim Rauza, varanda de pedra esculpida e interior da Mesquita de Ibrahim Rauza
no centro de um jardim murado, existindo também um lago ornamental localizado dentro do complexo. A câmara tumular tem um teto curvo e baixo de alvenaria com um espaço vazio entre o mesmo e a cúpula. As paredes foram decoradas com arcos e inscrições. Minaretes com entalhes apresentam-se nos cantos de ambos os
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edifícios quadrados, sendo cobertos por cúpulas de pétalas de lótus na periferia. A Mesquita de Ibrahim Rauza encontrase localizada à direita e possui uma câmara de orações com formato retangular. Os cinco arcos em frente à mesquita constituem uma característica atraente nesta original estrutura.
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O muro de Jami Masjid tem citações do Alcorão delicadamente gravadas em ouro
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Acima: Jami Masjid; Abaixo: Interiores de Jami Masjid
Jami Masjid
O Jami Masjid, construído pelos Adil Shahis durante o período do Império de Bijapur, em 1578, era a maior mesquita da cidade nessa época. Foi construído para comemorar a vitória do governante de Adil Shahi, Ali Adil Shah, sobre o império Vijayanagar na batalha de Talikota, em 1565. A sua arquitetura é
indo-islâmica. Estreitas passagens estabelecem a ligação à sala de orações com arcadas, a qual ocupa o espaço central da estrutura. Existe uma cúpula brilhante com 33 cúpulas menores à sua volta. Os pilares maciços com entalhes intrincados e as cúpulas são os principais fatores a estarmos atentos por aqui.
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Bara Kaman
O monumento é um sonho inacabado de um dos mais jovens reis da Índia, Ali Adil Shah II, que sucedeu ao trono com 18 anos, em 1657. Bara Kaman significa «12 arcos» e terá possuído alguns arcos colocados verticalmente e outros horizontalmente, em torno do túmulo de Ali Adil Shah.
Sangeet Mahal
Localizada a 3 km do Vijayapu, esta estrutura representa a arquitetura típica de Adil Shahi. Construído no século XVI, comporta as ruínas de um palácio e de um reservatório, delimitadas por um muro alto. Sangeet Mahal mantém-se maioritariamente acessível à contemplação pública e ganha vida durante o Navaraspur Utsav.
Da esquerda, no sentido dos ponteiros do relógio: Estrutura inacabada de Bara Kaman; ruínas de Nauraspur e Sangeet Mahal
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O Legado das Forças
Armadas Indianas
O Army Heritage Museum (Museu do Património do Exército) em Annadale, perto de Shimla, tem como tema o exército indiano e os seus soldados, as suas virtudes, a sua coragem e o espírito militar texto e fotos | Aditya Sharma
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himla, a capital de Himachal Pradesh, tem uma importância histórica incrível. Possui uma incrível variedade de edifícios que fazem parte do património da época BritishRaj. A cidade serviu como quartel-general do Comando Ocidental das Forças Armadas da nação ocidental até meados dos anos 80. Foi em 2006 que o então primeiro-ministro de Himachal Pradesh, Veerbhadra Singh, inaugurou o Army Heritage Museum. Chegar até ao Museu pode ser uma experiência prazenteira. Subindo a partir da Estação Ferroviária de Shimla, chegamos a Knockdrin, que abriga a messe de oficiais do Comando de Treinos do Exército. A partir daqui, começa a descida de 4 km até ao Heliporto de Annadale, onde se encontra o Army Heritage Museum, num espaço parecido com um bonito chalé de montanha. A caminhada, assim que se atravessa o edifício
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Army Heritage Museum em Annadale, perto de Shimla; Abaixo: Paredes da sala de conferências, adornadas com placas e bandeiras de diversas unidades
HPSEB, é deslumbrante. Um dossel de árvores abrange quase todo o trajeto e a variedade da flora à vista é incrível. Na entrada do Museu encontramos uma peça de artilharia de 25 libras, uma peça antiaérea de 40 mm e uma peça de campo de artilharia de 100 mm. O museu é lar de artefactos dos antigos exércitos e contém referências às guerras do subcontinente indiano. Devemos preparar-nos para um curso intensivo, que não se limita apenas à história moderna do Exército Indiano. Numa das placas é possível ler-se: “Este museu tem como tema o Exército Indiano e os seus soldados, as suas virtudes, a lealdade aos companheiros, a fidelidade ao juramento, a coragem sob pressão, a sua mentalidade e espírito militar, passados de geração em geração durante mais de 5.000 anos; É um museu sobre os regimentos e o orgulho de regimento intenso, que prezam tão apaixonadamente,
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TESOURO
Da esquerda para a direita, a partir de cima: Galhardetes; armas e munições; capacetes usados por guerreiros; estátua de guerreiro exibindo uma armadura antiga
relativamente ao capitão de guerra indiano e à sua contribuição, que fazem qualquer indiano sentir-se orgulhoso”. A primeira coisa que chama a atenção do visitante é o relógio de bronze com a forma de um capacete de guerreiro. À esquerda, encontram-se arreios e assentos, usados durante os desafios de polo a cavalo e elefante. À direita, as bandeiras de várias divisões de infantaria. Assim que alguém entra e
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Da esquerda para a direita, a partir de cima: Equipamentos e fotos da área montanhosa; instrumentos musicais de bandas das unidades de guerra; um artefacto; armadura usada por guerreiros
vira imediatamente à esquerda (tal como vedação na Linha de Controlo da fronteira faz a maioria das pessoas, instintivamente), entre a Índia e o Paquistão. O resto da sala é acolhido pela estátua de encontra-se repleto de artefactos, um guerreiro ostentando estatuetas, pequenas armas, um A primeira coisa que uma armadura antiga. Esta documentário sobre a guerra chama a atenção estátua encontra-se ao lado de de 1971 e até mesmo antigos do visitante é o outros capacetes usados pelos textos relacionados com a guerra. relógio de bronze guerreiros naquela época. Desde modelos em escala de com a forma de um Próximo a ela, encontramos canhões, passando por machados capacete de guerreiro o modelo em escala da de guerra, clavas e armaduras,
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Acima: Inauguração e espaço dedicado; Abaixo: Uma peça de artilharia de campo de 100 mm
usadas na antiguidade, até às Rocket Propelled Grenades (RPGs) dos tempos modernos, esta sala é um deleite para os entusiastas de armamento. A secção seguinte tem como tema a guerra de montanha. As paredes encontramse cobertas por equipamentos e fotos. Devido à enorme área de terreno montanhoso (incluindo
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o Glaciar de Siachen) que o país defende, a importância desta secção é imensa. Em seguida, encontramos uma secção dedicada à riqueza histórica das bandas musicais de várias unidades do Exército Indiano. Aí existem instrumentos musicais e manequins que exibem as fardas dos soldados dessas
Fardas impressionantes de várias unidades e patentes, usadas pelos soldados
bandas! Existe também uma requintada estante de madeira com livros e algumas amostras interessantes de minerais! A partir daí, entramos na secção onde se encontra exposta uma variedade de fardas de várias patentes e divisões. Por esta altura, sentimo-nos completamente deslumbrados por tudo o que encontra em nosso redor. É então que o visitante se apercebe que chegou à secção onde iniciou a sua visita ao museu. No entanto, não é o fim. Assim que saímos do edifício principal e subimos as escadas para a esquerda, somos saudados pela Ala da Infantaria, dedicada exclusivamente à coleção sobre a divisão de infantaria, com as paredes adornadas por placas e bandeiras de várias unidades. É aí que encontramos um terraço de observação e uma área de descanso, atrás da Casa de Vidro, onde se pode relaxar após a esmagadora experiência de visitar este museu extraordinário e recuperar a energia antes de iniciar a subida (agora aparentemente árdua) de volta ao cume da montanha.
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A marcha
da cavalaria
A Hodson’s Horse (o 4º Regimento de Cavalaria do Exército Indiano na atualidade) foi criada como parte do Exército Indiano Britânico. Avançamos através dos arquivos deste regimento de cavalaria condecorado durante a Grande Guerra texto | Prerna Singh-Butalia
Da esquerda, no sentido dos ponteiros do relógio: Oficiais da Hodson’s Horse em Qurrien, em junho de 1916; Oficiais britânicos e indianos destacados em Flandres, em 1915; Oficiais durante a verificação dos danos em Marach (Turquia), após a batalha
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Hodson’s Horse foi criada em 1857 pelo Tenente William Stephens Raikes Hodson como um regimento de cavalaria irregular — um regimento concebido para ataques furtivos aos mercenários Sikh do exército
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do outrora do marajá Ranjit Singh, a fim de ajudar os britânicos a acabar com o «Motim de Sepoy» em 1857. A fama de Hodson enquanto espadachim e líder, conquistada durante a Segunda Guerra Anglo-Sikh (1848-49), fez com que os homens corressem para se
De cima para baixo: Os homens Sikh do Esquadrão B em marcha; Os capitães Kirkwood e Frazer com os Pathans do Esquadrão C; Abrigos ad hoc para homens, cavalos e mantimentos, em Cambrai, 1917; A destruição em Canlain Court (17 de setembro de 1917)
alistarem no recém-criado regimento “Hodson Sahib Bahadur”. Em 1858, o regimento teve de ser dividido em três — 1st Hodson’s Horse, 2nd Hodson’s Horse e 3rd Hodson’s Horse (que é agora o Fane”s Horse do exército do Paquistão). Os dois primeiros converteram-se nos 9º e 10º Regimentos de Cavalaria do Exército de Bengala e foram renomeados várias vezes, até se terem fundido por fim, em 1921, adotando o nome de 4th Duke of Cambridge’s Own Hodson’s Horse. Em 1947, o título de Duque de Cambridge foi abandonado e o Regimento passou a chamar-se Hodson’s Horse.
Partida para a guerra
A 31 de agosto de 1914, a 9th Hodson’s Horse, então estabelecida em Ambala, recebeu ordens para mobilização, a fim de Em 1947, o título participar na guerra em de Duque de França como parte da Cambridge foi 3rd (Ambala) Cavalry abandonado Brigade, com oito e o Regimento oficiais britânicos, 18 passou a oficiais indianos e 521 chamar-se outras patentes. Os 14 Hodson’s Horse regimentos indianos que seriam destacados, teriam de fornecer, a custas próprias, cavalos, transporte, tendas, selas, fardas e equipamentos. Os cavalos não treinados tiveram de ser deixados para trás e os mais velhos abandonados. A maioria dos homens embarcaram com roupas tropicais, completamente desadequadas para o clima extremo europeu. O comboio chegou a Marselha no dia 7 de novembro de 1914, tendo o
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desembarque ocorrido no inverno. As tropas Partida Para a Batalha indianas foram recebidas pelos franceses, com A 9th Hodson’s Horse passou cinco anos alémmultidões a encherem as ruas e a gritar «Vivent mar, sendo o regimento indiano com mais tempo Les Hindous» (Vivam os Hindus). de serviço na Grande Guerra, bem As espingardas desatualizadas como no estrangeiro. Entre 1914 e A 9th Hodson’s do contingente indiano foram 1918, provaram o seu mérito, lutando Horse passou substituídas, e cada regimento ficou em condições desconhecidas e, ainda cinco anos com dois intérpretes, fornecidos assim, conquistando honras de além-mar, sendo pelos franceses. A cavalaria indiana batalha. o regimento reuniu-se em Orleans, onde foram A sua primeira experiência de indiano com entregues fardas e baionetas e onde defesa de posição em trincheiras mais tempo o regimento foi treinado, durante alagadas aconteceu em dezembro de serviço na 10 dias, em técnicas de guerra de de 1914, em Flandres, onde os Grande Guerra, trincheira, baionetas e granadas. Os homens sofreram os efeitos do frio bem como no cavalos tiveram de ser condicionados. e da humidade durante três dias. O estrangeiro Inicialmente, foram fornecidos regimento perdeu, devido ao gelo motoristas britânicos e sinaleiros, mas e ferimentos, o seu comandante e os Indian Sowars (unidade de cavalaria pesada) muitos homens, mas foi condecorado com a Battle aprenderam rapidamente os procedimentos. Honour of Givenchy. O regimento participou
Da esquerda, no sentido dos ponteiros do relógio: Estábulos de tempo de guerra; Guarda de Honra provisória; escalão administrativo do Regimento, transportando rações e mantimentos frescos para as frentes de combate em Marach; um oficial britânico e soldados Sikh
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Da esquerda, no sentido dos ponteiros do relógio: Os oficiais arranjam algum tempo para irem à caça, durante um período de pausa nos combates; Uma festa aguarda o regresso dos oficiais e dos seus cães da caçada; O tanque britânico Mark I na Batalha de Cambrai, em 1917
numa das batalhas mais sangrentas da história os falecidos — Maj F St Atkinson e Maj AI Fraser. — a Batalha de Somme (julho-novembro de O Dia do Regimento, agora celebrado anualmente 1916), onde mais de 100,000 homens foram no dia 30 de novembro, comemora o exemplo feridos ou mortos. Sofreu pesadas baixas, mas de bravura da Batalha de Cambrai. Comemora também conquistou o galardão Battle Honours of o facto de a 9th Hodson’s Horse ter sido um dos Somme-1916, o Bazentine e o Flera-Courcelette. Regimentos de Cavalaria Indianos presentes Em novembro de 1917, a cavalaria indiana durante a primeira utilização bem-sucedida de presenciou o primeiro ataque de tanques numa batalha. tanques, realizado por Sir Julian Foi também nesta batalha que o Em novembro de Byng em Cambrai. Mas a visão deles Capitão Som Dutt, o oficial médico 1917, a cavalaria a avançarem sobre os extremos do regimento, foi distinguido com indiana fragilizados da linha inimiga foi a Cruz de Ferro, que foi retirada presenciou o afetada pelo pequeno número por um coronel alemão ferido do primeiro ataque de tanques. Foram dadas ordens seu próprio peito, como louvor pela de tanques, para que a 9th Hodson’s Horse bravura e serviços médicos prestados realizado por Sir apoiasse a 8th Hussars, auxiliandoem Gauzeaucourt. Julian Byng em os no seu percurso em direção ao No dia 15 de fevereiro de 1918, Cambrai sul de Gauzeaucourt. a 9th Hodson’s Horse saiu das A sofisticação e bravura trincheiras, uma vez que a Ambala demonstradas pelos homens surpreenderam Brigade se encontrava esgotada, sendo o regimento os alemães, e eles foram obrigados a retirar. destacado para o Egito, de onde partiram para a O Regimento tinha sofrido cerca de 50 baixas Palestina. A 18 de setembro, em Nahr El Falik, entre os homens e 70 entre os cavalos. Dois dois esquadrões do Regimento capturaram comandantes de esquadrão encontravam-se entre 70 prisioneiros e materiais de guerra. A 30 de
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Da esquerda para a direita, a partir de cima: O Regimento deixa a França e parte em serviço para a Alexandria; os homens a retirarem-se do campo de batalha, antes de zarparem para a Alexandria; um tanque Mark I destruído em Somme, depois da batalha de 1916; soldados indianos a deixarem para trás os climas frios da Europa
setembro, o Comandante da Guarda de Avançada, a Cairo Open Cup, o torneio Alexandria Maj Vigors, teve notícias sobre 70 soldados turcos American, a Alexandria Open Cup e a Public que avançavam para Kiswe. As suas tropas lutaram School Cup, a nível desportivo. No dia 16 de contra 900 soldados turcos e quatro canhões! O dezembro de 1920, receberam ordens para Exército Turco havia perdido a maioria de suas regressar à Índia e no dia 1 de janeiro de 1921, tropas e soldados. No dia 26 de o regimento chegou Ambala. A outubro, a divisão marchou para Alepo 9th Hodson’s Horse foi o primeiro Em 16 de e, na tarde do dia 31, o Exército Turco regimento do Exército Indiano a passar dezembro rendeu-se. Em 38 dias, a Hodson’s cinco anos no estrangeiro, sendo a de 1920, o Horse havia já coberto um percurso unidade com mais tempo de serviço na Regimento total de 567 milhas e a Divisão tinha Grande Guerra. recebeu ordens capturado 1.100 prisioneiros e 58 Pelo seu trabalho extraordinário para regressar à canhões. A 10th Hodson’s Horse durante esses cinco anos, o Regimento Índia no dia 1 de serviu também na Grande Guerra, foi condecorado com a Battle Honours janeiro de 1921 na Mesopotâmia, e desempenhou of France and Flanders 1914-1918, um papel fundamental na captura de Givenchy 1914, Somme 1916, Bazentine Bagdade, conquistando o galardão Battle Honours 1916, Flers Courcelette 1916, Cambrai 1917, Khan Baghdadi and Mesopotamia 1916-1918. Palestine 1918, Khan Bhagdadi 1918, Megiddo 1918, Sharon 1918 e Damascus 1918. O tenente Som O Regresso a Casa Dutt, Risaldars Bur Singh, Laurasib Khan e Nur O Regimento tinha a intenção de partir, mas Ahmad Khan, foram todos eles agraciados com a teve de ficar mais tempo. Entretanto, ganharam Cruz Militar.
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Petiscos interessantes
para o verão
Iogurte gelado com frutas e uma bebida refrescante de manga crua constituem acompanhamentos perfeitos para uma refeição FRUTA COM IOGURTE DE MEL Tempo de preparação 20 minutos; Arrefecimento 1 hora; Número de pessoas 4
Ingredientes 2 copos de iogurte espesso, ½ chávena de mel, 4 chávenas de cubos de fruta fresca, 1½ colheres de sopa de sumo de limão, 3 colheres de sopa de gengibre conservado em calda, 1 colher de chá de canela em pó para decorar Método Ø C oloque o iogurte numa tigela, acrescente o mel e mexa até que fique suave e cremoso..
Aam Panna
Ø C oloque a fruta noutra tigela, misture o sumo de limão e o gengibre.. Ø P repare porções individuais em taças de sobremesa, alternando camadas de fruta e iogurte. Decore com canela em pó e sirva gelado.
AAM PANNA
Preparação 10 minutos; Cozedura 10 minutos; Número de pessoas 4 Ingredientes 400 g de mangas verdes, 1 litro (4 copos) de água, 250 g de açúcar, 1 colher de chá de cominhos secos em pó, 1 colher de chá de hortelã-pimenta seca em pó, sal a gosto, ¼ colher de chá de sal preto
Fruta com iogurte de mel
Método Ø D escasque as mangas, coloque-as numa panela de pressão juntamente com 1 chávena de água e cozinhe durante 7-8 minutos, ou ferva até que as mangas fiquem macias. Deixe arrefecer, converta a polpa numa massa e elimine as sementes. Passe a polpa por um coador, a fim de obter uma consistência suave. Ø Coloque a polpa num recipiente, acrescente a água que sobrou, açúcar, cominhos em pó, hortelã-pimenta, sal e sal preto e mexa se ficar muito espesso. Adicione a água e sirva gelado. Cortesia: Sabores Fabulosos: “Pequeno-Almoço, Chá da Tarde, Cocktails”, parte de uma série de livros de receitas publicados pela External Affairs (Ministry’s) Spouses Association, Nova Deli
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Trazendo à superfície o
paladar indiano
O atlas da culinária indiana foi concebido por restaurantes, reconhecidos pelos seus estilos de cozinha inovadores e interessantes texto | Madhulika Dash
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de abril de 2014: O icónico B Merwan para inovações, novos pratos e iguarias comuns com anunciou que vai «encerrar a loja»! origem na cozinha real, que assimilaram outras mais Os meios de comunicação social recentes entretanto chegadas. enlouqueceram, publicando em massa Desenvolvidos nos corredores exóticos das sobre o restaurante Irani com 100 anos de existência. cozinhas reais, os Galouti Kebabs chegaram ao Nenhum detalhe, independentemente da sua cidadão comum sob a forma de Tunde Kebab ou frivolidade – desde o bolo mawa mais macio até ao pão Bhagu Kebab, com poucas variações. O Bhagu Kebab maska, passando pelas cadeiras checas e era igualmente suculento, não contendo pelas 46 linhas de cozinha – escapou aos no entanto as 160 especiarias usadas O Butter Chicken comentários. Era como se as cortinas na variante Galouti! O caso do Poi é (Frango com tivessem caído sobre mais um capítulo semelhante. Sendo uma importação Manteiga) foi histórico, que estabeleceu a ligação entre portuguesa, o Poi foi reconstruído pelos inventado em Mumbai e Bombaim! arménios – a primeira comunidade de Moti Mahal, Então, o que é que se passava com o padeiros da Índia – com farinha de trigo quando o B Merwan, capaz de inspirar tamanha e «toddy», sendo servido com salsichas e Tandoori Chicken fidelidade? Tal como muitos outros ovo. Foi o primeiro «taco» da Índia! passou a ser antes dele, o B Merwan representava Até mesmo o mundialmente famoso servido banhado parte da história que deu forma à Frango com Manteiga foi inventado em em molho.ç cozinha indiana que hoje conhecemos. Moti Mahal, quando o frango Tandoori Na verdade, a história culinária indiana passou a ser servido banhado em molho. encontra-se repleta de «Merwans», que têm vindo Foi a mesma tenacidade em fazer surgir algo diferente a transformar as civilizações e os seus paladares. que conduziu ao nascimento dos rolos Baida Paratha Conhecidos então como hotéis ou serais, dependendo e Seekh Kebab em 1303. O agora bastante mais da sua localização (os serais seriam o equivalente procurado Tandoori King Prawn era uma iguaria a pequenos motéis situados na beira das estradas, servida num Kori Roti a comerciantes que se dirigiam enquanto os Hotéis se localizavam nas cidades ou nos ao porto, muito antes da sua incursão na corte real de portos). Estes lugares constituíam terrenos férteis Patiala como um dos pratos favoritos da rainha.
Esquerda: Patatas Bravas; Acima: Chicken Kulfi
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COZINHA
De cima para baixo: Peshawari Kebab, Murg Galouti Sangam e Butter Chicken
Um entre os muitos doces que ganhou forma nestes hotéis foi o Rasmalai. Tendo a sua origem nos corredores do Templo de Puri, no estado de Odisha, o Rasmalai foi aperfeiçoado nas lojas «sweetmeat» em Salepur, antes de chegar às travessas de Calcutá (agora Kolkata) e depois à corte de Wajid Ali Shah. Ao longo dos anos, estes restaurantes independentes converteram-se nos centros de invenções culinárias tais como o fafda, jalebi, imarti, chhole bhature, chaat e o samosa. Um valor acrescentado ao encanto destes lugares era o facto de os mesmos servirem como ponto Os restaurantes de encontro. Isto significava independentes que eles podiam experimentar tornaram-se efetivamente, tendo sido o nos centros de que fizeram. O Chocolate convergência Quente Picante foi servido de muitas pela primeira vez na Rota das invenções, como Especiarias após o chocolate o fafda, imarti, ter chegado à Índia com os jalebi e o chaat espanhóis e o primeiro vinho foi feito espremendo em conjunto uvas e beterraba, a fim de lhe dar a cor vermelha. Chandni Chowk, o paraíso das compras da era Mughal, fundado em 1650, tornouse no pot-pourri da gastronomia ao longo dos anos. Os mais antigos e mais famosos espaços comerciais aqui são o Pt Gaya Prasad Shiv Charan, criado em 1872, e o Ghantewala Halwai, que servia aos Mughals as suas porções de Sohan Halwa. O negócio do restaurante floresceu entre 1860 e 1900. Enquanto os hotéis menores permaneceram, novos surgiram por todo o país, especialmente em Deli, Mumbai (então Bombaim) e Kolkata (então Calcutá). Cada um desses lugares tinha a sua própria identidade. O United Coffee House, em
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Tandoori Seekh Kebab
Nova Delhi, tornou-se no primeiro restaurante Na verdade, não seria errado dizer que toda a ter uma parede texturizada, com assentos que a cintura do Gymkhana, na Marine Drive, se copiavam o estilo do Ooty Club. O menu nestes desenvolveu durante este período, tal como o cricket, restaurantes era um misto de iguarias inglesas, o chicken lollipop e o refrigerante! De modo muito chinesas e indianas. Pratos como a Paella espanhola, o parecido ao que sucedeu com Roshanara, um dos Ratatouille de legumes e a Penne Alfredo com Vodka, clubes mais antigos de Deli, que mais tarde se tornou Croissant, ovos Benedict, Rolade, duplamente famoso por ser o lugar Chá - inglês ou não – Sanduíches e onde ocorreu a formação do Board of Kolkata viu o seu o famoso Casserole, converteramControl for Cricket in India (BCCI), primeiro hotel ocidental se em refeições comuns, muito à em 1928. ser construído em 1880 semelhança do que se passou com o Do outro lado desta tendência, por David Wilson, tendo Biryani, o Yakhni, o Zarda e outros encontravam-se sítios como o sido batizado com o pratos durante os tempos de Mughal. Mavalli Tiffin Service (mais tarde nome de Hotel Auckland Calcutá (agora Kolkata) MTR), que começaram a surgir testemunhou o surgimento do seu e a servir a classe trabalhadora. primeiro hotel ocidental – com ventoinhas elétricas, Tais lugares, no estilo Udupi, forneciam alimentos banheiras e um restaurante - em 1880, pelas mãos de de qualidade a preços acessíveis. Kayani, a padaria David Wilson. Batizado como Hotel Auckland, teve mais antiga ainda sobrevivente em Mumbai, a sua primeira loja de café, servindo biscoitos, bolos servia também um propósito semelhante para os e café indiano. O Gymkhanas e os clubes exclusivos, trabalhadores dos moinhos que, mesmo que só no como o Bombay Royal Yacht Club, multiplicaram-se fim do mês, podiam suportar o custo de um almoço por todo o lado como cogumelos. de duas chávenas de chá e dois pães Maskas com
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COZINHA
Chicken Biryani
manteiga, por menos de um anna. No meio de tudo isto, chegaram os restaurantes ligeiramente mais sofisticados que conjugaram, a comida, a decoração e os valores aspiracionais. Como o restaurante o Firpo’s Restaurant em Calcutá (agora Kolkata). Fundado por volta de 1917 pelo italiano Angelo Firpo, foi o espaço favorito da alta sociedade, que serviu Lord Irwin, o então vice-rei e governador da Índia. Mesmo naquela época, já eram aqui servidos o Caviar e o Foie Gras. Entre 1920 e 1950, pouco mudou quanto a restaurantes com novos conceitos ou a nova gastronomia, apesar de a No meio de tudo cultura Rock ter inspirado alguns à isto, chegaram os mudança. Tal como o Café Leopold restaurantes mais em Mumbai, que era uma sala de sofisticados que café, tendo-se transformado num conjugaram, a comida, ponto de encontro para beber a decoração e os cerveja e conviver com amigos. valores aspiracionais As iguarias indianas, de repente, passaram a dominar nos cafés, mas com alguns retoques de outras influências. A gastronomia chinesa e a chamada culinária Punjabi converteram-se na aposta mais comum, com algumas exceções. “Uma mão cheia de restaurantes,
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geridos por hoteleiros experientes, serviam comida de qualidade,” diz Zorawar Kalra, fundador da Massive Restaurants, mas encontravam-se distantes e eram poucos. “Delhi”, acrescenta Kalra, “no entanto, permaneceu como centro de convergência da cozinha experimental à media que a cidade se ia desenvolvendo. De repente, houve uma invasão de comida chinesa e «fast food», que arrastou consigo a cozinha do nordeste. Mas foi apenas isso”. Calcutá (agora Kolkata) no entanto, afirma
Imarti
Chhole Bhature
Rasmalai
o Chefe Sabysachi Gorai, fundador do Fabrica by Saby, continuou a desenvolver novos conceitos. O Blue Fox converteu-se num dos primeiros baresrestaurantes em Calcutá, com bandas ao vivo que tocavam para as pessoas dançarem. É um registo divertido da vida noturna da Calcutá nos anos 50 e 60. A comida aqui, continuou a ser uma mistura de inglesa, europeia e indiana. Após 1970, a cena da gastronomia indiana entrou num período de sossego por quase duas décadas. Sim, ocorreu a abertura de alguns restaurantes – alguns dos melhores nomes abriram durante estes tempos, tais como o Dum Pukht, o Peshwari e o
Bucara – mas a maioria deles localizavam-se em hotéis e eram inacessíveis para o cidadão comum. Até 1990, foi o regresso à cozinha indiana – principalmente a partir da Fronteira do Norte. O negócio do setor alimentar tornou-se repentinamente numa ocupação comercialmente viável, mas as inovações e as experiências pararam. No início dos anos 90, os chefes assumiram como missão trazer para as mesas conceitos interessantes, que começaram pelas azeitonas, cujo consumo aumentou por via de casas como a Pizza By The Bay e, subitamente, a cozinha dos restaurantes indianos foi completamente remodelada. Tal foi a ascensão da cozinha experimental e da comida Like experimental que, no último MEA INDIA semestre de 2000, a Índia tinha já testemunhado a gastronomia molecular, a cozedura lenta, a Follow cozinha vegan, a «sous vide» e o @MEAINDIA nascimento da cozinha progressiva. E com isto, os restaurantes indianos regressaram ao início de Channel 1300, época na qual a inovação MEA INDIA era a chave!
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INOVAÇÃO
Map not to scale
ARUNACHAL PRADESH
SIKKIM
ASSAM
NAGALAND
MEGHALAYA MANIPUR
TRIPURA MIZORAM
Zona Económica
Natural da Índia
A iniciativa «Make in North-East» (Faça no Nordeste) é um plano abrangente, de múltiplas camadas, criado no sentido de integrar a região, o seu povo e a sua economia com o resto do país texto | Mayuri Mukherjee
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s «estados das sete irmãs» de Assam, Arunachal Pradesh, Manipur, Meghalaya, Nagaland, Sikkim e Tripura, que compõem o Nordeste, estão prontos a ser remodelados com a nova iniciativa Make in North-East. Lançado no início deste ano
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pelo Ministério para o Desenvolvimento da Região Nordeste, o projeto é inspirado no plano Make in India do Primeiro-Ministro, Sr. Narendra Modi, que visa desenvolver o país de modo a convertê-lo num centro de convergência de fabrico a nível global. O Make in North-East, no entanto, é muito mais
Indústria do chá; agricultura biológica
do que uma versão regional do programa nacional. suficiente afirmarmos que, com um pouco de cuidado É um plano abrangente, de múltiplas camadas, e apoio, o nordeste poderá de facto emergir como um criado no sentido de integrar a região – o seu povo dos maiores ativos do país. e a sua economia – com o resto do país, bem como Outro elemento importante do programa Make in desenvolver o potencial inexplorado do nordeste. North-East é o impulso que confere ao turismo. Desde A um certo nível, parece nutrir as áreas em que aventura e vida selvagem, até ao turismo religioso e o nordeste já conquistou experiência, tais como a cultural, os «sete estados irmãos» têm sempre algo indústria de transformação do chá. O chá de Assam é a oferecer a toda a gente. A região é salpicada por aclamado pelos conhecedores a nível mundial e houve estações de montanha, conhecidas pela sua beleza um tempo em que o Guwahati foi um dos intocada. Apesar de todos os sete estados maiores mercados de licitação de chá em oferecerem excelentes oportunidades A iniciativa todo o mundo. para caminhadas e montanhismo, Sikkim Make in NorthA competência regional mais marcante é o melhor entre eles para a prática East, no entanto, é a indústria da agricultura biológica. da canoagem de rápidos. Os turistas é muito mais Sikkim e Mizoram, líderes nacionais na interessados numa experiência “espiritual” do que uma agricultura biológica, já estão a caminho são igualmente mimados pela variedade versão regional de se tornarem 100 por cento orgânicos, de opções, incluindo o mosteiro de do programa enquanto Meghalaya realizou já também Tawang, com 400 anos, em Arunachal nacional progressos semelhantes. Globalmente, Pradesh e o templo Kamakhya em a agricultura biológica tornou-se no Assam. Depois disso, temos o Nagaland’s Santo Graal da vida sustentável e o mercado global Hornbill Festival, o Meghalaya’s Shillong Autumn de alimentos orgânicos vale vários biliões de dólares Festival e o Kang Chingba de Manipur, que se juntam nos dias hoje. A Índia, no entanto, não detém sequer às festividades. um por cento de quota neste mercado tão lucrativo. O governo está a empreender esforços concertados A iniciativa Make in North-East poderá vir a virar no sentido de trazer Bollywood para o nordeste e nutre o jogo, principalmente se a horticultura da região bastantes esperanças relativamente às opções que se (consideremos a produção de citrinos em Arunachal abrirão. A infraestrutura regional, principalmente nos Pradesh) e as indústrias de processamento de setores dos transportes, comunicação e hospitalidade, alimentos da região, se desenvolverem eficazmente. terá de ser melhorada. É animador saber que existe Esta lista pode continuar, no sentido de incluir apoio financeiro já alocado para a construção de novas campos e setores tão variados como o das energias estradas, autoestradas, vias ferroviárias e torres de renováveis e o da medicina alternativa, mas deverá ser antenas para telemóveis.
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SUCESSO
Uma revolução na investigação
forense da vida selvagem
A Universal Primer Technology estabelece a identidade das espécies ameaçadas, ajudando a reduzir significativamente a criminalidade contra os animais
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o longo dos anos, tem vindo a ocorrer um apreendida. Na prática, é raro que uma característica extermínio sistemático da nossa preciosa morfológica ou marcadores bioquímicos permaneçam fauna, devido à destruição dos habitats e à intactos nos restos minúsculos e mutilados de um animal caça furtiva. Uma das formas caçado ilegalmente. de lidar com este problema interminável Em março de 2001, o Dr. Sunil Kumar Tradicionalmente, consiste em identificar se amostras Verma e o Dr. Lalji Singh do Centre for os inspetores da confiscadas pertencem a uma espécie em Cellular and Molecular Biology (CCMB) vida selvagem vias de extinção / protegida, para que todos inventaram a Universal Primer Technology. dependiam das os crimes contra animais selvagens sejam “Ela (tecnologia) é capaz de estabelecer se características detetados objetivamente e com precisão. a origem de qualquer amostra biológica morfológicas Tradicionalmente, os inspetores da vida confiscada, como uma gota de sangue ou selvagem dependiam das características uma mecha de pelo, provém de um ser morfológicas e raramente utilizavam marcadores humano ou de um animal. Desde que esta técnica passou bioquímicos para confirmar a identidade da a ser aplicável a uma vasta gama de espécies espécie de uma amostra de animais animais de forma universal, passou a
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UNIVERSAL PRIMER TECHNOLOGY Ø
Não requer informação prévia sobre a origem das amostras.
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É universalmente aplicável.
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Pode ser realizada com quantidades minúsculas de restos apreendidos.
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É simples, rápida e autêntica.
constituir uma solução definitiva para a investigação for Conservation of Endangered Species (LaCONES) forense de animais selvagens”, diz-nos o Dr. Verma. no CSIR-CCMB, a fim de disponibilizar um serviço de Foram enviados pedidos formais de registo de investigação forense para a vida selvagem em toda a Índia. patentes para a tecnologia Primer Universal a 28 de Até à data, a tecnologia já ajudou a solucionar mais de março de 2001. O primeiro caso de criminalidade da 1.500 casos de crimes contra a vida selvagem. vida selvagem a ser resolvido pela CCMB Esta invenção conquistou vários prémios utilizando esta tecnologia partiu do nacionais, incluindo o CSIR Technology Foram concedidas Departamento de Pesca e Oceanos em Award for Life Science em 2008, o BioAsia patentes Adilabad. Foi recebido em novembro de Innovation Award em 2009 e o NRDC relativas à 2000 e o relatório concluído em fevereiro Meritorious Invention Award em 2009. “A Universal Primer de 2001. A 26 de setembro de 2001, a tecnologia tem aplicações bastante vastas, Technology Central Zoo Authority of India escreveu não só quanto à aplicação da lei, como por 12 países uma carta a todos os “guardas responsáveis também relativamente ao controlo de pela vida selvagem” de todos os estados qualidade na indústria alimentar, mantendo indianos, informando-os sobre este avanço tecnológico. a alta qualidade e integridade da nação nas importações As patentes relacionadas com esta invenção foram e exportações” partilha o Dr. Verma. Os cientistas estão concedidas por 12 países e artigos de investigação agora a trabalhar no sentido de converter a tecnologia foram publicados em vários periódicos. Esta técnica num processo de tiras de teste, que poderia ser feito na tem vindo a ser utilizada rotineiramente no Laboratory cena do crime e fornecer os resultados instantaneamente.
A tecnologia de identificação por ADN, desenvolvida pelo Prof. Alec Jeffreys do Reino Unido em 1985, revolucionou a ciência da investigação criminal. A Índia desenvolveu a sua própria sonda de ADN em 1988, convertendo-se no terceiro país a conquistar esta distinção. No entanto, na investigação forense da vida selvagem, precisamos identificar uma espécie.” Dr Lalji Singh, Centre for Cellular and Molecular Biology (CCMB)
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PATRIMÓNIO
As maravilhas em
madeira de Kerala
Um rico manto florestal garante a abundância de esculturas de madeira que se encontram nos lares e templos de Kerala, enquanto a sua localização junto ao Mar Arábico conduz às influências das grandes civilizações marítimas na arte e no design texto | Lakshmi Prabhala
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estilo da arquitetura em Kerala é único, em comparação com a arquitetura Dravidian, muitas vezes observada noutras partes do sul da Índia. Kerala é uma faixa estreita de terreno entre os Western Ghats a este e o Mar Arábico a oeste. A utilização generosa de madeira é observada na maior parte dos lares e templos, devido à riqueza do manto florestal. As chuvas das monções e a topografia ondulada criam grandes massas de água. As costas do litoral no Mar Arábico e a riqueza de culturas de especiarias em Kerala, têm atraído vários países no sentido de se envolverem enquanto parceiros comerciais. Tal situação abriu o caminho para as influências artísticas das grandes civilizações marítimas, tais como a romana e a árabe. As esculturas em madeira de Kerala demonstram o alto nível de Dependendo da funcionalidade, a arquitetura excelência escultural dos artistas que as conceberam em Kerala é classificada em termos gerais em duas categorias – doméstica e religiosa. O aspeto mais marcante da arquitetura de Kerala são atividades, tais como cozinhar, comer, dormir os altos e íngremes telhados, frequentemente e armazenar grãos. Estas divisões têm portas de cobertos por telhas, placas de cobre ou folhas teca e são cravejadas de bronze. Dependendo do de palma, suportadas por uma sólida armação tamanho e da importância, os edifícios podem de madeira. Protege as paredes e ter um ou dois andares superiores, a estrutura do esqueleto interno ou um pátio fechado, pela repetição O aspeto mais contra o clima rigoroso. da nalukettu até formar um marcante da Os materiais de construção ettukettu (edifício de oito divisões). arquitetura de utilizados são pedras, madeira, A arquitetura permite às grandes Kerala são os argila e folhas de palmeira. A famílias das tradicionais tharavadu telhados altos e madeira é a principal matéria-prima (família ancestral) viverem todos íngremes disponível em abundância na região sob o mesmo teto. e a escolha para a adição de um Os templos em Kerala são conjunto artístico de intrincados entalhes. O construídos de forma diferente. Um recinto Bambu castanho escuro é usado para a estrutura amuralhado abriga edifícios, todos eles partes das paredes e telhados. integrantes do complexo. O santuário central Em Kerala, as casas chamam-se nalukettu, é chamado srikovil, o espaço onde o ídolo é um edifício quadrangular composto por quatro venerado. Não partilha nenhum teto ou parede blocos, com um pátio central retangular a com qualquer outro edifício do complexo. céu aberto. Os quatro blocos que delimitam o Os srikovils são construídos em caves de pátio são divididos em espaços para diferentes pedra com formas circulares, quadradas,
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retangulares ou poligonais e o telhado é composto por uma superestrutura de madeira coberta por telhas. A forma do telhado corresponde ao plano do santuário. Se a base for circular, observa-se um telhado cónico, enquanto um plano quadrado resulta num topo em forma de pirâmide. O telhado detém muitas vezes vários andares e vai diminuindo, tanto em área como em altura, à medida que nos dirigimos para o seu topo. A inclinação descendente dos telhados projeta-se muito além das paredes, a fim de proteger os murais e esculturas de madeira que se encontram nas mesmas. Situado em frente do santuário encontra-se o namaskara mandapam, um pavilhão quadrado com uma plataforma elevada, um conjunto de pilares e um telhado piramidal. O tamanho deste mandapam é decidido pela largura da célula do santuário. O chuttuambalam é a estrutura externa ao longo da periferia dentro das paredes do templo. Um complexo separado, chamado thevarapura, é construído para cozinhar alimentos destinados a serem oferecidos à divindade e a serem distribuídos entre os devotos como prasadam (ato de compaixão - N.T.). Cada templo possui um lago sagrado dentro do complexo, utilizado normalmente apenas pelos sacerdotes para o sandhya vandanam, ou banho sagrado.
Um Kalamandalam com entalhes intrincados; uma escultura de madeira
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Os edifícios do santuário e mandapa são confinados numa estrutura retangular chamada nalambalam, nas traseiras da qual o espaço se mantém reservado para atividades rituais. A frente é dividida em dois salões: o agrasalas e o koothuambalam. O agrasalas é usado para a alimentação dos
Os temas dos entalhes em madeira extraídos dos Puranas e um barco de madeira
brâmanes e realização de rituais, enquanto o observadas nos namaskara mandapas e retratam koothuambalam é uma sala de espetáculos para o cenas dos épicos religiosos nas paredes, dos Kathakali, apresentações musicais e outros recitais. navagrahas no teto e imagens dos Puranas nas O koothuambalam, um edifício, é um grande traves e vigas. Os koothuambalams são famosos salão com colunas e um telhado elevado com um pelas suas fabulosas esculturas em madeira. Um piso no interior chamado rangamandapam. São dos melhores exemplares da escultura em madeira tidas em conta considerações visuais e acústicas é o do Senhor Brahma sentado sobre um cisne na disposição das colunas, para que o no centro do teto, no Templo de público possa desfrutar dos espetáculos Mahadeva em Katinakulam, perto A visita a um sem qualquer impedimento. de Trivandrum. dos templos de O aspeto que distingue os templos Nos templos, encontram-se ricas Kerala sublinha é a ênfase na santidade, simplicidade esculturas nas arcadas das portas e a importância e naturalismo. A visita a um templo nos tetos. Alguns templos famosos da natureza sublinha a importância da natureza pelas suas requintadas esculturas no ambiente num ambiente religioso. Os interiores são o Templo de Sri Mahadeva em religioso são iluminados com lâmpadas de óleo Kaviyur, o Templo de Narasimha para um ambiente sereno. A madeira em Chathankulangara, o Templo é o elemento estrutural chave nesses espaços. de Sri Vallabha em Tiruvalla, o Templo de Sri Os entalhes em madeira podem ser observados Rama em Triprayar e o Templo de Krishna em em pilares, vigas, teto, traves e suportes. O uso Trichambaram, apenas para mencionar alguns. das matérias-primas disponíveis tornou-se Existem muitos contos no folclore sobre um parte integrante. mestre carpinteiro Perumthachhan, que era muito Os entalhes intrincados nos pilares de madeira, competente na arte e na ciência da carpintaria, bem tetos e vigas no interior do complexo do templo como na arquitetura. A perfeição do seu trabalho falam-nos sobre as habilidades dos artesãos. é evidente nos pilares, suportes e tetos de muitos As esculturas em madeira são normalmente templos, até aos dias de hoje.
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HOMENAGEM
Em honra do
homem virtuoso
A marcha de caridade anual organizada este ano em Joanesburgo em honra de Mahatma Gandhi, assinalou o seu 30º aniversário, comemorando também os 100 anos do regresso de Gandhi à Índia a partir da África do Sul
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sagacidade espiritual do líder visionário, Mahatma Gandhi, ainda hoje brilha como uma luz que nos guia. Com o seu rosto enrugado, o corpo frágil e um pau na sua mão, Gandhi personifica a determinação e a perseverança, alguém que sacrificou a sua vida a serviço dos outros. “O Mahatma é parte integrante da nossa história, porque foi aqui que ele experimentou primeiramente a verdade; foi aqui que ele
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Um homem vestido como Mahatma Gandhi, juntamente com outros turistas e nativos africanos, participaram na marcha de caridade
demonstrou a sua característica firmeza na praticou o direito. Isto tornou-se visível quando busca da Justiça e desenvolveu o Satyagraha cerca de 3.000 pessoas se juntaram durante a como filosofia e forma de luta”, afirmou caminhada de caridade anual organizada em Nelson Mandela, o ex-presidente honra de Mahatma Gandhi, em da África do Sul, durante a Joanesburgo. A caminhada foi Cerca de 3.000 inauguração do Memorial de organizada em Lenasia (um antigo pessoas juntaramGandhi em Pietemaritzburg, município exclusivamente indiano, se durante a África do Sul. Mandela foi um situado em Gauteng, província marcha de fervoroso seguidor de Gandhi, da África do Sul). Ministros, caridade anual orientando-se fielmente pela sua personalidades dos meios de organizada filosofia de ‘Satyagraha’ e nãocomunicação social ingleses e rainhas em honra de violência durante a luta contra o da beleza, também fizeram parte Mahatma Gandhi, Apartheid na África do Sul. desta iniciativa. Estiveram presentes em Joanesburgo Não constitui nenhuma dois sósias de Gandhi, envoltos no surpresa que Gandhi tenha dhoti tradicional que o Mahatma inspirado milhões de vidas. A sua quota de costumava usar. seguidores estende-se até à África do Sul, onde O evento assinalou o 30º aniversário da caminhada e também comemorou os 100 anos do regresso de Gandhi à Índia, a partir da África do Sul. Foram plantadas duas árvores em Lenasia, nas proximidades do Gandhi Hall. A caminhada foi agraciada pela presença do Mayor de Joanesburgo, Parks Tau e do Alto-comissário Indiano, Ruchi Ghanshyam. Foi seguido por uma festa de entretenimento, na qual foram apresentadas danças e canções Indianas e sul-africanas.
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CRÍTICA
Um buquê de
memórias de guerra
“Índia e a Grande Guerra”, uma coleção de sete atraentes brochuras, nas quais se narram as contribuições do país para a Primeira Guerra Mundial, revela-se uma leitura fascinante, com mapas detalhados, impressões fotográficas e pinturas texto | Dr Sudha Joshi
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conto sobre a quota de desempenho da Índia na Grande Guerra não constitui página indigna nos seus gloriosos anais. Os seus filhos lutaram gloriosamente em todas as frentes”, comentou Lorde Chelmsford, o vice-rei da Índia na época da Primeira Guerra Mundial, sobre a contribuição da Índia na Grande Guerra, durante o seu discurso oficial em 1921. O cenário foi a colocação da primeira pedra do All India War Memorial pelo Duque de Connaught, em visita O memorial a ser construído, ainda em fase inicial, é o Índia Gate – concebido e executado para se manter robusto como uma das estruturas mais emblemáticas da Índia no futuro. Ergue-se para comemorar o sacrifício de milhares de soldados indianos do
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Exército Britânico Indiano, contendo os nomes de França e Flandres constituem essencialmente o 13.300 soldados inscritos nas suas paredes. primeiro livro da série, depois de uma Visão Geral A Índia e a Grande Guerra constituem a sobre como a Indian Corps, apesar de inicialmente crónica por contar destes homens que destacada para o Egito, foi enviada para morreram e dos batalhões que deixaram França em 1914, poucos dias depois da Cada volume a sua terra natal para viajarem pelo declaração de guerra. A narrativa segue contém mapas mundo, a fim de lutarem pelas suas um curso similar na maioria dos livros, detalhados, chefias na Primeira Guerra Mundial. com uma lista de Unidades de Forças do fotografias e A história, que de alguma forma Estado estacionadas numa certa área, factos sobre perdeu o glamour face à arquitetura uma lista de condecorações por bravura as operações de Lutyen, encontra voz nesta coleção. e medalhas militares concedidas aos marciais Dividida em sete brochuras, a obra faz soldados e também a lista de baixas. o registo das estratégias, dificuldades, Os volumes, que cobrem o Egito revezes e vitórias que os soldados indianos foram e a Palestina, Mesopotâmia e África Oriental, acumulando no decurso da guerra. Cada volume respetivamente, sobrepõem-se em relevância contém mapas, fotografias, pinturas e factos sobre as quanto ao período de tempo e quanto à contribuição operações marciais. dos soldados indianos. O Movimento de Khilafat 1/6 das Espingardas Gurkha no cume de Sari Bair em 9 de agosto de 1915
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CRÍTICA
Da esquerda para a direita, a partir do lado esquerdo em cima: Oficiais indianos, os 39th Garhwalis em Estaire, França; uma secção de metralhadora Hotchkiss dos 18th Tiwana Lancers, em Querrien; Shahmad Khan, em pose com uma metralhadora Maxim e a companhia de Punjabi Mussalman, 57th Wilde’s Rifles, ocupa uma posição na periferia de Wytschaete, Bélgica
constituiu uma agenda internacional que se temia vir a afetar a lealdade dos muçulmanos na Índia. Esta situação encontra uma menção em Gallipoli, além de alguns problemas táticos que estiveram na origem de muitas baixas evitáveis, devidos à fraca comunicação e à escassez de homens e armas. A obra «Forças de Estado Indianas» relata sobre os estados principescos indianos, que estabeleceram um entendimento com os britânicos no sentido de cederem as suas tropas para a defesa das fronteiras nacionais. Assim que estalou a I Guerra Mundial, apesar da sua ineficiência no manuseio de armas e metralhadoras modernas, os serviços destas tropas foram oferecidos ao governo britânico, a fim de serem empregues no estrangeiro. O livro passa então a enumerar vários marajás e respetivas cavalarias ao serviço do império na Europa, África e Médio Oriente.
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Acima: Condutores de mulas indianos e ANZAC em Gallipolli; Abaixo: Uma secção de armas de 6 polegadas a regressar a Sheikh Othman vinda de Robat, após o ataque e captura de Hatum em 5 de janeiro de 1918
O título «VCs Indianos 1914-1918» descreve a bravura dos soldados indianos condecorados durante a I Guerra Mundial. Do total de 18 medalhas Victoria Cross concedidas ao Exército Indiano, 11 foram entregues a soldados indianos. O pessoal do exército foi recompensado com medalhas por atos de bravura (um total de 9.200), hectares de terra e pensões. É uma seleção de informações recolhidas a partir de um volume
de documentos e arquivos coloniais, agora, eles mesmos, parte da história indiana. Como parte da operação conjunta USI-MEA India e do Great War Centenary Commemoration Project, esta coleção de brochuras antecipa a história do subcontinente que se seguiu logo depois do final da guerra – a forma feroz que tomou a Freedom Struggle (Luta pela Liberdade), que culminou com a independência da Índia em 1947.
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CRÍTICA
A prática de saúde holística
favorita em todo o mundo
«Yoga – Harmony With Nature» (Yoga - Harmonia Com a Natureza), um documentário de 25 minutos produzido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, coloca em destaque o alcance global do yoga e a forma como esta prática está a preparar o caminho para um planeta mais equilibrado e harmonioso texto | Neharika Mathur Sinha
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ltrapassando as barreiras entre Assembleia Geral das Nações Unidas no dia 27 de classes, credos, raças, religiões, setembro de 2014, onde apresentou a sua proposta etnicidade, cultura e línguas, o yoga inicial de celebração do Dia Internacional do Yoga. encontra hoje uma No dia 11 de dezembro de 2014, a aceitação sem precedentes em todo resolução foi aprovada nas Nações O primeiro guia o globo. O documentário de Raja Unidas, com um registo de 175 nações global sobre o Choudhary, «Yoga – Harmony With a copatrocinarem a proposta. yoga, «Light Nature», produzido em parceria O documentário de 25 minutos on Yoga», por com o Ministério dos Negócios oferece vislumbres sobre a prática BKS Iyengar, é Estrangeiros, destaca este facto tão do yoga em todo o mundo, trazido à ribalta promissor, bem como a celebração do acompanhados por música indiana primeiro Dia Internacional do Yoga , como banda sonora de inspiração. a 21 de junho de 2015. Por exemplo, de acordo com o ethos de que o Começa com trechos do discurso do Primeiroyoga se encontra em harmonia com a natureza, Ministro Indiano, Sr. Narendra Modi, na encontramos na obra um clipe sobre os pilotos
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Imagens paradas do documentário
do primeiro avião movido a energia solar com zero de cada ano, que presencia a participação de mais de emissões – o Solar Impulse – todos eles praticantes 50 países. Depois, surgem vários estudos realizados regulares de yoga. Contrariamente à crença tradicional pelas principais instituições educativas, tais como a de que as mulheres não são entusiastas do yoga, uma Universidade de Harvard, sobre o modo como o yoga cena cativante apresenta mulheres grávidas chinesas melhora a sua saúde a longo prazo, bem como um a praticarem exercícios de yoga, um estudo do NIMHANS sobre os efeitos do Record Guinness a Nível Mundial, pelo yoga no cérebro e como várias áreas do elevado número de participantes. O filme mesmo se alteram para melhor, assim que Existem estudos também apresenta mulheres no Irão e no se começa a praticar yoga. realizados Egito envolvidas no yoga, o que nos diz Choudhary expõe também o longo pelas principais instituições bastante, embora de modo subtil, sobre alcance desta prática: existem momentos educativas, essas conceções equivocadas. dedicados em todo o mundo, desde o como é o caso da O primeiro guia global sobre o yoga, Yogic Solstice na Times Square em Nova Universidade de «Light on Yoga», por BKS Iyengar, York, o Eco Yoga Parque em Buenos Harvard traduzido em sete idiomas, é trazido à Aires, o Africa Yoga Project no Quénia ribalta. O documentário empreende uma e o Yoga Mataji Gurukul no Cairo. longa jornada num espaço de 25 minutos. Começa Todos estes momentos evidenciam que existe agora pelo nascimento do yoga na Civilização de Saraswati uma mudança global de consciência, a qual conduz a Indus Valley e prossegue até ao Festival Internacional um planeta mais equilibrado e harmonioso, e como de Yoga contemporâneo, nas margens do rio Ganges estamos já a colher os benefícios da prática de saúde em Rishikesh, Uttarakhand, realizado em fevereiro holística favorita em todo o mundo.
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Sania Mirza é a primeira mulher indiana a inscrever o seu nome na história dos títulos do Grand Slam
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Por amor
ao ténis
Sania Mirza é a única mulher indiana a ter alcançado o 1º lugar a nível mundial texto | Amritpal Kaur
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evou algum tempo até que a Índia seis anos e, para chegar à piscina, tinha de passasse a aceitar o desporto como atravessar um campo de ténis. Fui atraída pelo uma opção de carreira, e o ténis não desporto nessa altura e, quando comecei a jogar, constituiu exceção. O jogo ainda gostei da sensação da bola nas cordas da raquete. aguarda que surja o seu primeiro campeão de Foi isso que me fez avançar”, diz Sania. individuais do Grand Slam. No entanto, o país Ela nunca olhou para trás. Sania mostrou teve já o seu primeiro grande campeão de pares alguns vislumbres do seu talento nos primeiros em 1997. Existem apenas três jogadores de ténis dias, quando conquistou o título de pares no que conseguiram tal façanha. Wimbledon 2003 para juniores, em conjunto A tenista de 28 anos de idade com Alisa Kleybanova. Não ganhou colocou a Índia no mapa do muitos títulos individuais, sendo o Sania chegou ténis feminino, ao ascender troféu que ganhou em Hyderabad, à final de pares fulgurosamente ao top-50 antes em 2005, o único da sua carreira, 40 vezes, tendo de alcançar um pico de carreira, mas acabou por conseguir o convertido entrando em 27º lugar na segundo lugar em três outros 26 dessas classificação de individuais em torneios WTA. participações em 2007, encontrando-se agora em Não obstante, Sania chegou troféus 1º lugar a nível mundial em pares. à final de pares 40 vezes, tendo Ela é a primeira mulher indiana a convertido 26 dessas participações inscrever o seu nome na história dos títulos do em troféus. A tenista não lamenta o facto de não Grand Slam. Ela é também a primeira indiana ser capaz de elevar as suas conquistas à classe a conquistar um título WTA e a primeira a ser de individuais, projeto que foi interrompido incluída num Grand Slam. abruptamente devido a lesões. “Todas as “Ser classificada como nº 1 do mundo é, carreiras desportivas têm os seus altos e baixos. talvez, uma confirmação oficial de desempenhos Fiquei classificada no top 100 de individuais por consistentes ao mais alto nível” diz a corajosa mais de sete anos e atingi a melhor classificação habitante de Hyderabad, que enfrentou três a nível de carreira com o 27º lugar a nível cirurgias durante a sua carreira. “Comecei a mundial, apesar de ter sido submetida a três nadar num clube em Hyderabad quando tinha cirurgias em quatro anos. O facto de nenhuma
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ENTREVISTA
Da esquerda para a direita, a partir de cima: Sania Mirza no Nach Baliye 5 com o marido, Shoaib Malik; Com Saketh Myneni a segurar a bandeira tricolor indiana, depois de ter ganho a medalha de ouro no evento de pares mistos de ténis; Sania Mirza e Martina Hingis, depois de vencer o Open de Miami
outra mulher indiana alguma vez ter alcançado uma embaixadora do recém-criado estado de Telangana, classificação de top 100 na classe de individuais as controvérsias sempre a acompanharam. No durante os mais de 125 anos do ténis internacional, é entanto, Sania opta por não se sentir incomodada prova do quanto o desporto do ténis é competitivo. com tudo isto. “No mundo altamente competitivo Inicialmente, não queria desistir dos individuais, mas dos canais de notícias a emitirem durante 24 horas o corpo estava a começar a esgotar-se”, diz ela. por dia, é difícil para as pessoas expostas ao domínio “Sinto-me plenamente satisfeita público ficarem longe de controvérsias. com o que alcancei a nível individual “Temos que aprender a lidar com o Foi a primeira a e se não tivesse tido escrutínio intenso e a permanecermos conquistar um essas cirurgias (em focados” afirma ela calmamente. título WTA e a Like ambos os joelhos e Ao longo da sua carreira, foi treinada MEA INDIA primeira a ser no pulso), sinto que principalmente pelo seu pai, Imran. incluída num poderia ter conseguido Sania deixa claro que, sem ele, não Grand Slam ser classificada no top poderia ter alcançado o que conquistou. Follow 10 da classe individual. “Ele assume o papel de um pai, de um @MEAINDIA “Mas não podemos discutir com o mentor, de um treinador, de um amigo e de um guia. destino”, justifica. Ele foi um jogador de ténis a nível de clube e entende Não faltaram controvérsias em o meu jogo melhor do que ninguém. Ele ajuda-me Channel que estivesse envolvida. Fosse por a desenvolver estratégias e a superar problemas MEA INDIA vestir uma saia ou por ser nomeada técnicos”, declara.
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