Volume 29 n 3 Edição n Maio-Junho 2015
OS MELHORES TESOUROS LITERÁRIOS DO YOGA INDIANO
INSTANTÂNEOS RESTAURAÇÃO DE HAMPI
PARCERIA SAGAR YATRA
ENTREVISTA DRA. TESSY THOMAS
A INDIA PERSPECTIVES É AGORA PUBLICADA TAMBÉM EM JAPONÊS
A India Perspectives será agora publicada em 16 idiomas, sendo a edição japonesa a mais recente. A edição inaugural chinesa foi lançada no início deste ano. Outras línguas incluem o persa, pashto, o sinhala e o tamil.
第29巻 第3号 2015年 5月~6月
IDEIAS DE DECORAÇÃO
GANGA DUSSEHRA
Para conhecer as últimas novidades em matéria de design, visite a Ambiente India, uma feira de comércio justo de artigos para decoração de interiores e acessórios para o lar. Produtos das principais empresas, bem como das recém-chegadas ao mercado, serão exibidos neste ponto de convergência para fabricantes, designers e fornecedores.
O dia que o sagrado Rio Ganga (Ganges) desceu à Terra, trazendo consigo a pureza do céu, é celebrado como Dussehra Ganga. As pessoas banham-se no rio sagrado para se absolverem dos pecados e realizam oferendas de 10 itens comestíveis.
QUANDO: 28 de maio
QUANDO: 25-27 de junho ONDE: Pragati Maidan, Nova Deli
ONDE: Nas margens do Ganges インドヨガの 素敵な話
撮影 リストリング
ハンピ
協力
会談
サガール ヤトラ
テッシー トーマス 博士
FESTIVAL DE CINEMA DE DHARAMSALA
Filmes de todo o mundo serão exibidos no Festival de cinema de Dharamsala. Tendo por temas a ‘Consciência’ e a ‘criatividade’, o alinhamento incluirá filmes que exemplificam a capacitação das mulheres. QUANDO: 11-13 de junho ONDE: Alta Dharamsala, Himachal Pradesh
MANGAS EM ABUNDÂNCIA
O Delhi International Mango Festival constitui uma oportunidade para provar mais de 1.100 variedades de mangas de toda a Índia. Inclui concursos de comida, jogos de questionários e representações folclóricas, tudo isto inspirado na “rainha dos frutos”. QUANDO: 30 de junho - 2 de julho ONDE: Deli Haat, Pitampura, Deli
AUDIO FEST
Faça parte da 15ª edição da PALM Expo, uma exposição de áudio profissional, iluminação, som ao vivo, instalações sonoras, instrumentos musicais e indústria de integração AV. Com um legado de 14 anos de sucesso, a Expo oferece o melhor dos intervenientes no mercado a nível mundial.
QUANDO: 28-30 de maio
ONDE: Centro de Exposições de Bombaim, Mumbai
Prefácio Enquanto se celebra o primeiro Dia do Yoga, no dia 21 de junho, focamos esta prática antiga que trata da harmonia entre homem e natureza e de uma abordagem holística à saúde e bemestar. Na nossa reportagem especial, destacamos alguns textos clássicos e com autoridade reconhecida sobre o yoga. Analisamos «The Power of Yoga» (O Poder do Yoga), de Yamini Muthana, um livro que equilibra os aspetos técnicos e filosóficos do yoga e Yoga: «Aligning to the Source» (Harmonizando-se com a Origem), um filme produzido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e pela PSBT, que explora o tema das origens do yoga. No plano bilateral, a SAGAR Yatra (yatra = viagem de peregrinação. N.T) que incluiu a recente visita do Primeiro-Ministro, Sr. Narendra Modi, às Seychelles, Maurícias e Sri Lanka, faz prever um papel mais ativo por parte da Índia no desenvolvimento da economia da região do Oceano Índico. Na forja, outro importante empreendimento – o Projeto Mausam – que visa reatar os há muito perdidos laços entre as Nações do Oceano Índico. A iniciativa do Primeiro-Ministro «Make in India» (Faça na Índia) recebeu um grande impulso com a memorável «Aero India 2015» em Bengaluru, um espetáculo dedicado às empresas aeroespaciais indianas e estrangeiras. Enquanto isso, os Haats (mercados. N.T) Fronteiriços estão a ser abertos, a fim de desenvolver laços de comércio entre Tripura e o Bangladesh. Temos uma fotorreportagem sobre as imponentes e inspiradoras ruínas de Hampi, propostas para uma iniciativa de restauração através do orçamento «Union Budget of India», que tem como alvo nove localizações de património por todo o país. Nos dias 7 e 8 de julho, pode participar no Festival Anual de Hemis, no Ladakh, que comemora a vitória do bem sobre o mal, com danças de máscaras, orações e muito mais. Falamos também sobre os aparentemente herdeiros da música clássica Hindustani, os gharanas, que estão a fazer experiências com os seus instrumentos. Como tributo ao laureado para o Prémio Nobel, Rabindranath Tagore, no aniversário do seu nascimento a 7 de maio, damos um passeio ao seu lar ancestral em Kolkata (Calcutá). A Dra. Tessy Thomas, a mulher por trás de alguns dos sucessos mais significativos da Índia no campo da tecnologia de mísseis, agracia-nos com a sua presença nas páginas da nossa secção de Entrevista. As capacidades de inovação da Índia serão expostas em dois artigos: um sobre o aproveitamento da energia solar para melhorar as condições de vida no inverno em Ladakh e outro sobre a geração de eletricidade a partir de agulhas de pinheiro em Uttarakhand.
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Vikas Swarup
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Volume 29 n 3 Edição n Maio-Junho 2015
Editor: Vikas Swarup Editor Assistente: Nikhilesh Dixit Ministro das Relações Exteriores Sala Nº 152, Ala ‘A’, Shastri Bhavan, Nova Deli - 110001, Índia Tel.: +91.11.23388949, 23381719 Fax.: +91.11.23384663 Web: http://www.indiandiplomacy.in Para comentários/ dúvidas: osdpd2@mea.gov.in MaXposure Media Group India Pvt. Ltd. Editor e Diretor de Operações: Vikas Johari Presidente e Diretor Geral: Prakash Johari Editor Executivo: Saurabh Tankha Sede MaXposure Media Group India Pvt. Ltd. Unit No. G-0-A, Ground Floor, MIRA Corporate Suites, Plot No. 1&2, Ishwar Nagar, Mathura Road, New Delhi - 110 065, Índia Tel: +91.11.43011111, Fax.: +91.11.43011199 CIN No: U22229DL2006PTC152087 Para comentários/ dúvidas: indiaperspectives@maxposure.in
PARA DÚVIDAS | MMGIPL Tel: +91.11.43011111 FAX: +91.11.43011199 www.maxposure.in
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Para uma cópia da Índia Perspectivas, entre em contato com a missão diplomática da Índia mais próxima de você.
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CONTEÚDOS 28
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PARCERIA
MARCO
Cor de Código Azul: SAGAR Yatra.................. 06
Porta de entrada para um futuro brilhante..................................................55
PROGRESSO
Make in India, o novo mantra..........................10 PROGRESSO
Inaugurando a temporada de mudança........ 16
MARCO
A primeira vacina de criação e produção internas contra o rotavírus...............................58 SUCESSO
O grande boom da animação......................... 60
PATRIMÓNIO
Tesouros literários do yoga indiano............... 20
CULTURA
Transformando barro em ouro...................... 65
CRÍTICA
Guia prático para a vida saudável...................26 CRÍTICA
Para além das fronteiras do yoga.................. 28
ARTE
Uma grande convergência de culturas.......................................................68 CULINÁRIA
MÚSICA
Sobre puristas e apaixonados....................... 30
A saga da malagueta indiana............................74 EXPLORAR
INSTANTÂNEOS
As imponentes ruínas de Hampi.................. 34 INOVAÇÃO
Domando o espírito do pinheiro.....................46 INOVAÇÃO
Elevando os padrões de vida.......................... 50
Celebrando os matizados da divindade.....................................................80 EXPLORAR
O poeta Nobel......................................................84 ENTREVISTA
Quando o céu é o limite................................ 88
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Cor de Código Azul
SAGAR Yatra
A cor dominante do SAGAR Yatra (yatra = viagem de peregrinação. N.T.) do Sr. Narendra Modi foi o azul, uma cor que prevê um papel mais proactivo por parte da Índia no desenvolvimento da economia azul na região do Oceano Índico texto | Manish Chand
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rês Países, Um Oceano, Uma Missão. Cor de código: Azul. Em março, o PrimeiroMinistro da Índia, SR. Narendra Modi, viajou por três estados localizados no litoral do Oceano Índico, atravessando dois continentes, a Ásia e a África – Seicheles, Maurícias e Sri Lanka. Tendo sido a primeira viagem do género realizada por qualquer primeiro-ministro indiano, destacou a importância crescente do Oceano Índico na matriz de política externa da Índia e daquilo que o Primeiro-Ministro indiano sugestivamente apelidou de ‘SAGAR (Segurança e Desenvolvimento para Todos na Região) Yatra’. Foi assinada uma série de pactos e revelados vários passos a
dar no sentido de desenvolver a economia na região do Oceano Índico.
Seicheles
Assinalando um progresso significativo na parceria de segurança marítima entre a Índia e os seus vizinhos do Oceano Índico, a Índia e as Seicheles firmaram quatro pactos em diversas áreas, incluindo a hidrográfica, com Nova Deli a anunciar um segundo avião Dornier para a nação do arquipélago. Os dois países assinaram quatro pactos, nos quais se incluem a cooperação quanto à hidrografia, energias renováveis, desenvolvimento infraestrutural e a venda de mapas de navegação e mapas de navegação eletrónicos. O Sr Modi inaugurou formalmente o projeto Coastal Surveillance Radar (Radar de Vigilância Costeira), um projeto assinado pela Índia, que visa reforçar as capacidades de vigilância da nação insular.
Maurícias
Quanto às Maurícias, um parceiro-chave a nível marítimo, a Índia comprometeu-se com uma Linha de Crédito (LOC) de US$500 milhões para uma série de projetos de infraestrutura, tendo assinado ainda cinco acordos, incluindo um pacto fundamental relativamente à economia do oceano. Os dois países também chegaram a acordo quanto à atualização da rede de transportes marítimos e aéreos na ilha Agalega e na Ilha Exterior das Maurícias. Num passo histórico para
Esquerda: O Primeiro-Ministro Indiano, Sr. Narendra Modi inspeciona a costa Sistema de Radar de vigilância nas Seicheles Acima: O Sr Modi cumprimenta a audiência local nas Seicheles
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Esquerda: O Sr Modi acena ao comboio na estação ferroviária Talaimannar 1650 Pier Direita: O Primeiro-Ministro indiano executa a Dana (oferta de esmolas) na Mahabodhi Society em Colombo, Sri Lanka
reforçar as infraestruturas marítimas das Maurícias, o Sr. Modi também presidiu à inauguração formal da Offshore Barracuda nas Maurícias.
economia azul”, disse-nos durante o discurso de definição das prioridades da Índia quanto à promoção do Oceano Índico como um oceano de oportunidades para a região.
Sri Lanka
Fatores-chave
No Sri Lanka, a Índia comprometeu-se com uma Linha de A viagem do Primeiro-Ministro abrangeu múltiplas Crédito (LOC) de US $318 milhões para o desenvolvimento vertentes da diplomacia relativamente ao Oceano Índico por das vias ferroviárias, ao mesmo tempo em que os dois países parte de Nova Deli, visando garantir um conjunto interligado assinaram quatro acordos nas áreas de vistos, alfândegas, de objetivos a nível económico, energético e estratégico. desenvolvimento da juventude e cultura. O Sr. Modi Por um lado, existem desafios de segurança interligados, prometeu apoio no sentido de transformar incluindo a pirataria, a segurança marítima, a Trincomalee num centro petrolífero e proliferação nuclear e o crime internacional revelou um ‘Acordo de Swap de Divisas’ de organizado. Por outro lado, o Oceano Índico No Sri Lanka, US $1,5 bilhões, a fim de manter a economia constitui a linha que define a vida económica a Índia comprometeu-se do país estável. dos países situados no ambiente litoral, sendo com um LOC de US fundamentais para a segurança energética de $318 milhões para Visão coletiva Nova Deli. A Índia importa mais de cerca de o desenvolvimento Transversalmente aos três países, o foco 90 por cento do petróleo através das rotas das vias concentrou-se no aumento da segurança e na marítimas do Oceano Índico. ferroviárias cooperação económica e de desenvolvimento, A importância estratégica do Oceano com o objetivo global de “forjar uma visão Índico, a terceira maior massa de água em coletiva, cooperativa, para a região”. “Para todo o mundo e lar de rotas marítimas que mim o chakra azul, ou roda na bandeira nacional da Índia, nutrem algumas das maiores economias da Ásia, não pode representa o potencial da Revolução Azul ou da Economia ser exagerada; com a sua localização estratégica, a região Oceânica. Eis o quão fulcral é a economia do mar para nós”, marítima converteu-se no ponto fulcral de um novo grande disse o Sr. Modi durante a inauguração formal do veículo de jogo marítimo entre as principais potências. patrulha de alto mar construído na Índia, o Barracuda, nas Face ao aumento dos incidentes de pirataria ao largo do Maurícias, a 12 de março. “Precisamos promover uma maior Golfo de Aden e da costa da Somália, o Primeiro-Ministro colaboração a nível de comércio, turismo e investimento; revelou a sua visão de fazer avançar a cooperação na desenvolvimento de infraestruturas; ciência e tecnologia segurança marítima. “Também apoiamos os esforços no marítimas; pesca sustentável; proteção dos ambientes sentido de fortalecermos os nossos mecanismos regionais marinhos; e desenvolvimento global do oceano, ou de cooperação marítima – desde lidar com o terrorismo da
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O Sr. Modi homenageia os Aapravasis no Aapravasi Ghat, Port Louis, Maurícias
pirataria e outros crimes, até à segurança marítima e aos desastres naturais”, afirmou. A localização geográfica exclusiva da Índia posiciona-a num papel proeminente quanto à formação geopolítica e integração regional da região do Oceano Índico (IOR) através de uma rede de projetos de ligação, energia e transportes. A força motriz da política IOR da Índia consiste em transformar o Oceano Índico numa zona de paz, de oportunidades com benefício mútuo para todos os estados do litoral e que dê prioridade ao rejuvenescimento económico, acima de jogos geopolíticos e projeção militar. O novo governo indiano tomou legitimamente a iniciativa de dar um novo impulso e uma coesão estratégica à diplomacia do Oceano Índico do país. Tendo em mente os seus interesses nacionais vitais, a Índia foi especialmente proactiva na Indian Ocean Rim Association e acolheu a reunião ministerial do conjunto de 20 nações em 2012. O IOR é também um importante tema de envolvimento com as 54 nações ressurgentes do continente africano e o mapeamento das vias de cooperação na região constará proeminentemente do terceiro India-Africa Forum Summit, que Nova Deli acolherá ainda este ano.
Mais adiante
A diplomacia para o Oceano Índico irá adquirir maior força e solidez sob a administração do novo governo indiano, que tem a sua própria visão quanto ao estabelecimento de ligações trans-regionais, abrangendo o Médio Oriente, a África e a Ásia. A Marinha Indiana tem desempenhado um papel fundamental ao assegurar os interesses vitais do país na região; o seu papel de protagonista na escolta de mais de 1.000 navios, defendendo-os contra os piratas no Golfo de Aden, tem abrilhantado as credenciais da Índia como agente fundamental na segurança da região e criou assim uma enorme boa vontade. Subjacente a estes esforços múltiplos e variados, encontra-se a ideia das comunidades marítimas globais – um princípio que anima a diplomacia de Nova Deli para o Oceano Índico, com foco nas sinergias, na cooperação
O Sr. Modi ajuda na fervura tradicional de leite, antes de uma família se mudar para uma casa nova em Jaffna, Sri Lanka
regional e na liberdade de navegação. Ao articular a modernização naval com os seus compromissos bilaterais e com uma vigorosa diplomacia multilateral, através de iniciativas como a Indian Ocean Rim Association e o Indian Ocean Naval Symposium, a Índia está comprometida a reafirmar o seu legítimo papel proeminente na formação do Oceano Índico como um Oceano de Oportunidades.
Manish Chand é o editor-chefe da India Writes Network, www.indiawrites.org, um portal multimédia focado em assuntos internacionais e na história da Índia
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Make in India,
o novo mantra
O espetáculo Aero India testemunhou a entusiástica participação de empresas aeroespaciais indianas e estrangeiras texto | Pallava Bagla
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engaluru, no sul da Índia, é um centro A exibição aérea teve início com um avião da de tecnologias da informação, mas, Força Aérea Indiana (IAF) vintage, o Tiger Moth, durante alguns dias, todos os olhares nesta recordando as origens modestas da Índia, numa cidade hi-tech se viraram para os céus, época antiga dos aviões de guerra. Transcendendo abandonando os ecrãs dos computadores. Voos para os dias de hoje e de acordo com o lema Make baixos em alta velocidade, piruetas e formações in India, duas criações internas – um Avião Ligeiro aéreas fascinaram os espetadores. de Combate e um Helicóptero Ligeiro Aviões de todas as formas e tamanhos de Combate – voaram em rápida deslumbraram a audiência, como sucessão, demonstrando o salto Voos baixos em parte da 10ª edição do espetáculo Aero tecnológico da Índia na produção alta velocidade, Índia, realizado entre os dias 18 e 22 de de aeronaves. O modelo fabricado piruetas e formações fevereiro de 2015. Caças de combate, na Rússia, Sukhoi-30 MKI, da IAF, aéreas grandes aviões de carga, helicópteros, deixou os presentes encantados com a fascinaram os aviões a hélice vintage e veículos aéreos sua versatilidade e agilidade, realizando espetadores não tripulados, todos eles dançaram o Charlie vertical com perfeição. Não presentes no nos céus, encantando multidões de ficando para trás, tivemos também as espetáculo entusiastas. A aeronave Tejas de quarta impressionantes exibições de um jato geração produzida na Índia executou de combate americano F-16 e do jato com precisão e mereceu aplausos. French Rafale. As acrobacias aéreas foram realizadas De acordo com o Ministério da Defesa do por algumas equipas «aerobáticas» estrangeiras, tais Governo da Índia, 635 empresas aeroespaciais como a Breitling Wingwalkers do Reino Unido, e quase 300 CEOs da Índia e do estrangeiro, que atuaram em cima das asas dos aviões em pleno incluindo representantes de 42 países, participaram voo. O momento de maior êxtase do espetáculo foi no evento. Centenas de stands exibiram os seus proporcionado pela Sarang, a equipa de exibição produtos de alta tecnologia. de helicópteros da IAF, nos seus Helicópteros
Acim: O Primeiro-Ministro indiano, Sr. Narendra Modi, na Aero India 2015; Página seguinte: Hindustan Aeronautics Limited (HAL) Helicóptero Ligeiro de Combate
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Ligeiros Avançados, alegremente coloridos e com temas Precisamos de aumentar nossa preparação para defesa. de pavão. Pela primeira vez, participaram também duas Temos de modernizar as nossas forças de defesa.” mulheres oficiais. A Base da Força Aérea Indiana em Yelahanka, Antes de mais, o Primeiro-Ministro indiano, nos arredores de Bangalore, foi convertida numa Sr. Narendra Modi, inaugurou o mega evento que, feira de comércio mega-especializada, contando com de certa forma, constituiu o pontapé inicial do seu a participação de 250 empresas indianas e de 300 programa acarinhado Make in India, empresas estrangeiras, competindo que visa converter o país num polo por comercializarem os seus produtos O momento de de convergência para o fabrico de no espetáculo aéreo bianual. Todas as maior êxtase do equipamentos de defesa. Na inauguração, grandes empresas aeroespaciais, como espetáculo foi O Sr. Modi afirmou: “Este, o maior Aero a Rolls Royce, a Airbus Industries, a proporcionado India de sempre, reflete um novo nível Boeing, a Lockheed Martin, entre muitas pela Sarang, a de confiança dentro do nosso país e o outras, fizeram sentir a sua presença. equipa de exibição interesse global na Índia. Para muitos de As gigantes indianas, como a Hindustan de helicópteros vós, a Índia é uma grande oportunidade Aeronautics Limited (HAL), Bharat da IAF de negócio. Temos a reputação de sermos Electronics Limited (BEL), Kalyani o maior importador de equipamentos de Group e Tatas, apresentaram os seus defesa em todo o mundo. Isso poderá ser música para produtos e procuraram estabelecer empreendimentos os ouvidos de alguns dos presentes. Mas esta é uma conjuntos com parceiros estrangeiros. Nesse sentido, área onde nós não gostaríamos de ser o número um! Os após a Índia ter liberalizado os limites de investimento nossos desafios a nível de segurança são bem conhecidos. direto estrangeiro para um máximo de 49 por cento, o As nossas responsabilidades internacionais são evidentes. grupo Kalyani e a Rafael Advanced Defence Systems
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Da esquerda para a direita: Apresentação em Helicóptero dos Sarang; Yak-52D e Yak-50 da equipa Yakovlevs do Reino Unido; Pilatus PC-7 Mk II, fabricado na Suíça
de Israel constituíram uma joint venture. O presidente treino Pilatus, ao mesmo tempo que adquiriu 38 destes do grupo Kalyani, Sr. Baba Kalyani, afirmou que: “A aviões à empresa suíça. Rafael tem sido um participante ativo no mercado de O Presidente indiano, Dr. Pranab Mukerjee, ao defesa indiano. Como parte da Aliança, esperamos discursar no Parlamento, afirmou: “O programa desenvolver aplicações militares, com base nas nossas Make in India visa criar um ecossistema saudável próprias tecnologias proprietárias.” O para transformar a Índia num polo de grupo Kalyani pretende fazer negócios convergência de fabrico... Estão a ser Todas as principais no valor de US $100 milhões no decorrer envidados esforços relativamente à empresas dos próximos dois anos. O Ministro da investigação e à inovação, enquanto aeroespaciais Defesa da Índia, Sr Manohar Parrikar, um focamos a nossa atenção no fabrico fizeram sentir a engenheiro treinado IIT, declarou: “No como forma de criação de mais postos sua presença na cenário de segurança atual, é importante de trabalho”. base da Força que a Índia se torne autossuficiente quanto A fim de atingir este objetivo, disse Aérea Indiana em à produção de defesa. O Make in India tem o Sr. Modi: “Na Índia, a indústria de Yelahanka imensa importância e este é um momento defesa no setor governamental emprega importante para assegurar que os acordos quase duzentos mil trabalhadores e de negócios são alcançados”. A Índia está também milhares de engenheiros e cientistas. Eles produzem a capacitar a sua marinha. Em fevereiro, o governo quase US $7 bilhões por ano. A indústria apoia-se indiano adjudicou a construção de sete fragatas stealth num vasto conjunto de pequenas e médias empresas. e seis submarinos de propulsão nuclear, cujo custo A nossa indústria de defesa no setor privado é ainda combinado ascende a mais de 10.000 milhões de rúpias. pequena. Contudo, emprega milhares de pessoas. Solicitou à HAL que fabrique cerca de 70 aeronaves de Isto acontece apesar do facto de quase 60 por cento
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Acima: Breitling Wingwalkers do Reino Unido Direita: Variante civil do helicóptero Dhruv da Força Aérea Indiana
dos nossos equipamentos de defesa continuarem a ser importados. E estamos a gastar dezenas de bilhões de dólares com aquisições ao estrangeiro. Os estudos demonstram que até mesmo uma redução entre 20-25 por cento das importações poderia criar diretamente um 100.000 a 120.000 empregos altamente qualificados na Índia. Se conseguíssemos elevar a percentagem de aquisição doméstica entre 40-70 por cento nos próximos cinco anos, duplicaríamos a produção na nossa indústria de defesa. Imaginem o impacto em termos de postos de trabalho criados diretamente e no sector de fabrico e serviços relacionado. Pensem nos benefícios de spin-off noutros sectores em termos de tecnologias e materiais avançados. É por isso que nos estamos a focar no desenvolvimento da indústria de defesa da Índia com um sentido de missão. É por isso que se encontra no cerne do nosso programa Make in India. Estamos a reformular os nossos procedimentos e políticas de aquisição relativamente a defesa. Existiria uma clara preferência pelos equipamentos fabricados na Índia. Os nossos procedimentos de adjudicação irão garantir simplicidade, responsabilidade e rapidez nas tomadas de decisões. Elevámos o nível de autorização para o investimento direto estrangeiro para 49 por cento. Tal valor pode tornar-se ainda mais alto, se o projeto aportar tecnologia topo de gama.
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O público, encantado com as apresentações de tirar o fôlego
Autorizámos investimentos até 24 por cento, através de Investimentos Institucionais Estrangeiros. E não existe mais a necessidade de termos um único investidor indiano com, pelo menos, uma participação de 51 por cento. Os requisitos de licenciamento industrial foram eliminados para uma série de itens. Sempre que necessário, o processo tem sido simplificado. Estamos a ampliar o papel do sector privado, até mesmo nas principais plataformas. O nosso objetivo é fornecermos um campo de atuação nivelado para todos.” O mundo está a acolher bem este novo discurso da Índia. Um texto do Sr. Frank Kendall, Subsecretário da Defesa americano, no jornal The Hindu, declara: “Os nossos governos e indústrias podem trabalhar em conjunto a fim de fortalecer as bases industriais indianas, não só para Make in India (fazer na Índia), mas também para tornar a região e o mundo num lugar mais seguro.” A Índia e os Estados Unidos
iniciaram aqueles que são denominados projetos “pathfinder”, como parte da nova Defence Technology Trade Initiative (DTTI), a qual inclui a construção em conjunto de motores a jato e tecnologia para porta-aviões. Enquanto os grandes negócios iam saindo deste espetáculo aéreo, mais de 350.000 visitantes desfrutaram da fascinante exposição, com o Sr. Modi a destacar que a nossa indústria aeroespacial, só por si, precisa de cerca de duzentas mil pessoas nos próximos 10 anos. Existem grandes Like oportunidades para que os gigantes MEA INDIA a nível mundial façam da Índia um polo de convergência fiável e de baixo custo para o fabrico de Follow equipamentos aeroespaciais, uma @MEAINDIA vez que o governo dá a este sector as asas que o mesmo precisa para voar. Channel
O autor é editor de ciências na NDTV e autor de «Reaching for the Stars»: «India’s Journey to Mars and Beyond» publicado pela Bloomsbury em 2015
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Inaugurando a temporada
de mudança
O projeto Mausam é um projeto multidisciplinar, que reata os laços há muito perdidos entre as nações do Oceano Índico e forja novas vias de cooperação e intercâmbio
Um navio esculpido no Templo de Borobudur na Indonésia
O
projeto Mausam foi lançado pela Índia em parceria com os estadosmembros, durante a reunião da 30ª sessão do World Heritage Committee, realizada em Doha, Qatar, em junho de 2014. O projeto visa permitir dar um passo significativo no registo e celebração desta fase tão importante da história mundial, a partir
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das perspetivas africana, árabe e asiática face ao mundo. “A principal área de atenção do projeto Mausam é a nomeação para património mundial transnacional das rotas culturais de comércio e paisagens marítimas culturais ao longo do Oceano Índico. Esta nomeação transnacional irá basear-se em temas específicos, emergentes de séculos de intercâmbio cultural entre os países
do Oceano Índico, tais como o trabalho escravo, segue um padrão regular, o que facilitou a locais relacionados com o intercâmbio entre circulação de pessoas, bens e ideias através do Budismo, Hinduísmo, Islamismo e Cristianismo, Oceano Índico, permitindo interações culturais portos fortificados, marcos de e trocas, até os cargueiros navegação, sítios relacionados a vapor terem reduzido a O conhecimento com o comércio de conchas, dependência dos outros navios. e a utilização das comércio de especiarias, etc.”, O conhecimento e a utilização monções tiveram explica-nos Ravindra Singh, das monções tiveram impactos impactos no comércio Secretário do Ministério da no comércio da antiguidade da antiguidade Cultura do Governo da Índia. e histórico, nas economias e histórico e nas ‘Mausam’ ou, na sua forma locais, na religião, na política economias locais arábica ‘Mawsim’, refere-se à e nas identidades culturais. As época em que os navios podiam mercadorias trocadas através navegar com segurança. O sistema de ventos destas redes incluíam uma vasta gama de caraterístico da região do Oceano Índico objetos – produtos aromáticos, medicamentos,
Direita: Igreja de São Caetano, Velha Goa, Índia Abaixo: Cidade de pedra de Zanzibar, Tanzânia
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LEGEND UNESCO Cultural Sites UNESCO Natural Sites UNESCO Cultural Sites in danger UNESCO Natural Sites in danger
Map of the Indian Ocean ‘World’
corantes, especiarias, cereais, madeira, têxteis, pedras preciosas, metais e produtos vegetais e animais – tendo sido transportadas em viagens e vendidas em mercados ou bazares ao longo do litoral do Oceano Índico. As identidades nacionais da atualidade e as perceções do passado encontram-se profundamente entrelaçadas com laços antiquíssimos.
comerciais e religiosas, no Oceano Índico. Irá promover a investigação sobre temas relacionados com o estudo das rotas marítimas, através de reuniões e seminários científicos internacionais e da adoção de uma abordagem multidisciplinar. Irá incentivar a produção de obras especializadas, juntamente a publicações destinadas ao público em geral, a fim de promover uma compreensão O projeto mais ampla sobre o conceito de Mausam visa um património comum com transcender múltiplas identidades. as fronteiras
Objetivos do projeto
O projeto visa explorar o «mundo» multifacetado do Oceano Índico – agrupando as pesquisas arqueológicas e históricas, a fim de documentar a diversidade de interações culturais,
nacionais e étnicas da atualidade
Escultura em pedra na costa de Bali, Indonésia
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Reatando as ligações perdidas entre as nações: Os países ao longo do Oceano Índico têm partilhado laços uns com os outros desde há milénios. O projeto Mausam visa transcender as fronteiras nacionais e étnicas atuais, documentando e celebrando os valores culturais comuns e as relações económicas do «mundo» do Oceano Índico. Isto irá fortalecer os laços entre os países ao longo de todo o Oceano Índico e estabelecer um precedente para o surgimento de novas pontes de cooperação e interações contínuas.
Esquerda: Farol em Fort Aguada, Goa, na Índia Direita: Templo de Tanah Lot, Bali, Indonésia
Criação de ligações com locais considerados Património Mundial já existentes: Testar uma plataforma para estabelecer uma ligação discreta entre os locais classificados como Património Mundial Natural e Cultural ao longo do «mundo» do Oceano Índico, fornecendo uma narrativa transnacional e transcultural.
Iniciativas dentro da Índia: Kerala, no sul da Índia, está a envidar esforços no sentido de recuperar a rota de especiarias de há dois milénios. Além de restabelecer as relações de comércio marítimo de Kerala com 31 países associados à Rota das Especiarias, o projeto visa alertar os viajantes modernos no sentido de realizarem viagens e excursões. Redefinição das “Paisagens Culturais”: Durante o processo, deverá ocorrer a O projeto Identificar lacunas na listagem de locais recuperação dos intercâmbios culturais, Mausam e preencher tais lacunas, fornecendo históricos e arqueológicos. O projeto também se uma perspetiva holística, multicamadas e Mausam visa também incluir uma encontra em estabelecendo relações entre as categorias componente significativa de investigação. harmonia com existentes do património “Natural” e O projeto também se encontra em a mudança de “Cultural”. Isto redefiniria o conceito harmonia com a mudança de perspetivas perspetivas da de “Paisagens Culturais”, permitindo da UNESCO sobre a proteção do UNESCO sobre uma nova abordagem multifacetada património e promoção da criatividade. a proteção do às relações. Existem muitos planos para o património futuro próximo. “A Índia acolherá uma Alcançar a nomeação transnacional conferência internacional com 39 estadosno âmbito do Património Mundial: Defender as membros da região do Oceano Índico entre setembro“Rotas Marítimas do Oceano Índico” a fim de atingir outubro deste ano, a fim de alcançar uma estratégia a nomeação transnacional, ao abrigo da etiqueta de coletiva para as nomeações transnacionais ao abrigo Património Mundial, aumentando as possibilidades do projeto Mausam. A lista provisória para Rotas de visibilidade, investigação, turismo sustentável, de Comércio Marítimo / Paisagens Culturais como desenvolvimento do património, bem como promover estratégia coletiva e a seleção dos locais é proposta a outras convenções culturais em toda a região do ser finalizada em abril de 2016, para envio à UNESCO Oceano Índico. World Heritage Centre”, partilha Singh.
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PATRIMÓNIO
Tesouros literários
do yoga indiano Ao mesmo tempo em que o yoga tem as suas origens nos Vedas, são numerosos os livros que o popularizaram a nível global texto | S Sridharan
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yoga, cujas raízes se encontram na Índia, tem vindo a ser praticado desde tempos imemoráveis. Fazendo parte da vida quotidiana na maioria dos lares indianos, o yoga começou entretanto a ganhar popularidade quando os estrangeiros se estabeleceram na Índia e começaram a evidenciar interesse pelo mesmo. O crédito pela introdução e criação de um lugar especial para o yoga nos corações dos cidadãos a nível global atribui-se a Swami Vivekananda, autor que escreveu livros sobre todas as quatro formas de yoga -karma yoga (o yoga da ação), jnana yoga (yoga do conhecimento), raja yoga (yoga da meditação) e bhakti yoga (yoga da devoção). Hoje em dia, o yoga é tão popular em todo o mundo que o dia 21 de junho foi declarado ‘Dia Internacional do Yoga’. As origens do yoga remontam aos Vedas. Redigidos em sânscrito, os Vedas encontramse entre as mais antigas obras de literatura em
Natarajasana
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Dandayamana-Janushirasana
Ekapada Kapotasana
Variação Natarajasana
todo o mundo. Embora existam referências ao aqui na Terra entre 150 A.C. e 450 A.C. Os sutras, yoga nos Vedas, estas são dispersas, muitas vezes que constituem os ensinamentos de Patanjali, indiretas e não exclusivas. Ao longo dos anos, precisam de comentários para serem entendidos e numerosos textos foram escritos a partir da explorados. Novos comentários sobre este valioso experiência dos yogis, os praticantes texto continuam a surgir até ao dia do yoga. As técnicas envolvidas foram de hoje. Patanjali é considerado como Até aos dias sistematicamente documentadas e a encarnação do senhor serpente de hoje, o Yoga vários textos estão já hoje disponíveis Adicena e é tido em alta reverência. Sutra do Sábio no mercado. Alguns destes destacam-se Existem 195 sutras, os quais foram Patanjali é, com como textos antigos, clássicos e textos divididos em quatro secções. A cada todo o respeito, concebidos com autoridade... secção dá-se o nome de pada. considerado o Neste texto, o yoga é definido texto de origem Yoga Sutra como “a capacidade de dirigir a do yoga É ao grande sábio Patanjali que se deve mente para um objeto escolhido o surgimento de um texto exclusivo e manter o foco sem nenhumas referente ao yoga. Foi criado sob a forma literária de distrações”. A mensagem central do Yoga Sutra: um sutra, pelo que é popularmente conhecido como “Tomemos medidas para lidar com as dores que «Yoga Sutra». Até hoje, considera-se que é, com estão por chegar.” Ele mostra um caminho, através todo o respeito, o texto de origem do yoga. do yoga, para uma vida saudável e feliz e para lidar Acredita-se que Patanjali caminhou entre nós com o stress.
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PATRIMÓNIO
Acima: As várias representações do sábio Patanjali; Abaixo: Variação Natarajasana
Enumera uma série de ferramentas para a prática, sendo a mais famosa o “light-limbed path of yoga” (a via do yoga dos membros luminosos). Os oito membros são yama (disciplinas externas), niyama (disciplinas internas), asana (posturas), pranayama (exercícios respiratórios), pratyahara (controlo dos sentidos), dharaea (concentração), dhyana (meditação) e samadhi (integração total). Este texto é único, no sentido de trazer à luz as dimensões sutis do modo como a mente funciona. Através da prática do yoga Antanga, a mente é colocada sob controlo, o que revela a verdadeira natureza e o carácter do «eu» que se encontra além da dor. O objetivo final é
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Yoga Sutras by Patanjali
Hatha Yoga Pradipika by Yogi Svatmarama
Yoga Yajnavalkya Saahita by Sage Yajnavalkya
Yoga Rahasya by Sage Nathamuni
fazer com que o ego se liberte da sua escravidão à natureza e se torne independente.
consiste de yama (disciplinas externas), niyama (disciplinas internas), asana (posturas), pranayama (exercícios respiratórios), pratyahara (controlo Hatha Yoga Pradipika dos sentidos), dharaea (concentração), dhyana Este texto entrega-nos os ensinamentos do Senhor (meditação) e samadhi (integração total). Este Shiva a Parvati sobre o yoga. Chamatexto realça a importância de viver se a esta tradição Hatha Yoga. Em uma vida disciplinada, de acordo O Yoga Rahasya, forma de texto, é composto por com as antigas escrituras, além da ou Os Segredos versos em sânscrito, da autoria do prática de yoga, a fim de alcançar os do Yoga, foi Yogi Svatmarama. Contém 389 resultados pretendidos. originalmente versos no total, que foram divididos redigido em em quatro capítulos. Hatha yoga Yoga Rahasya sânscrito, sob a significa “a união de duas forças, O Yoga Rahasya ou forma de versos chamadas ha e tha”. Tais forças são Os Segredos do também conhecidas como praea e Yoga encontrava-se apana, as quais fluem nos dois nadis chamados originalmente em versos redigidos ida e pingala. É através da prática do pranayama em sânscrito. Os seus ensinamentos com os três bandhas que esta união é alcançada. são atribuídos ao sábio Nathamuni, Por fim, o praticante atinge o mais elevado estado um santo Vaishnavita do sul da a nível mental, ao qual se dá o nome de samadhi. Índia. Acredita-se que o texto A prática para alcançar este estado inclui asana, andou perdido ao longo dos praeayama, mudhra e nadanusandana. tempos, até ser recuperado
Yoga Yajnavalkya Saahita
Os ensinamentos de yoga entregues pelo grande sábio Yajiavalkya à sua esposa e discípula Gargi encontram-se registados neste texto. Tem 462 versos, divididos em 12 capítulos, ou adhyayas. De acordo com este texto, a união entre jevatma (a alma individual) e paramatma (consciência universal) é o yoga ao qual se chama samadhi. Tal estado é alcançado através do anoaiga yoga, que
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Posição de lótus
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PATRIMÓNIO
pelo Yogi Tirumala Krishnamacharya (1888e samadhi. Trata-se do mesmo que o antanga 1989), aclamado a nível nacional e internacional yoga de Patanjali. Ambos os caminhos do yoga como o Pai do Yoga Moderno. Foi um grande deverão ser adotados apenas com a graça de estudioso de sânscrito, que teve instrução formal um guru. Prossegue dizendo que Narayaea é o sobre os Vedas e disciplinas associadas. Nascido senhor presente nos corações de todos os seres. em Karnataka, percorreu os Himalaias até chegar Ele é a causa material e instrumental do mundo. a Kailash Manasarovar, tendo aprendido sob Ele instiga todos os seres a cumprirem os seus orientação do Yogi Ramamohana deveres. Depois de mencionar Brahmachari. O seu texto possui os seis membros da rendição As doenças e 267 versos, os chamados clokas, (prapatti), o autor começa o trabalho maleitas da encontrando-se dividido em quatro afirmando: “Diz-se que as mulheres mente e do corpo capítulos: introdução, aplicação, são especialmente qualificadas para são de três tipos: reflexão e a totalidade do homem... a prática do yoga”. As doenças e adhyatmika, maleitas da mente e do corpo são de adhibautika e Prakaranaadhyaya: Os três três tipos – adhyatmika, adhibautika adhidaivika primeiros versos são uma oração para e adhidaivika. O autor faz um tratado os professores desta linhagem. Os elaborado sobre o Pranayama e o uso ensinamentos começam com a introdução de dois da respiração nos asanas. tipos de yoga: bhakti yoga (o caminho de devoção) Os asanas são descritos com variações e e prapatti yoga (o caminho da rendição). O bhakti apresentados como tendo um papel fundamental yoga é o yoga dos oito membros, enquanto o no praeayama. Os fins específicos para os prapatti yoga contempla seis membros. Os oito quais servem os importantes asanas são aqui membros do bhakti yoga são yama, niyama, discutidos, como a importância dos bandhas asana, pranayama, pratyahara, dharaea, dhyana durante o pranayama.
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Viniyogadhyaya: O viniyogadhyaya trata do yoga por ordem de produção, manutenção e destruição. Alguns asanas deverão ser feitos antes de o indivíduo completar 25 anos de idade. São também indicadas restrições quanto ao tipo de alimentação. Aborda-se o tratamento de doenças físicas. É indicado o padrão de respiração para ultrapassar certas doenças. A duração e a natureza do pranayama deverão também ser estudadas pelo professor e ensinadas ao aluno. Vimarshanaadhyaya: O Vimarcanadhyaya lida com a necessidade de sermos disciplinados enquanto levamos a cabo as práticas de yoga. A natureza O autor descreve instável da mente e do corpo é os asanas que atribuída a hábitos alimentares uma mulher errados e terá de ser corrigida grávida deve meditando sobre Deus e realizar, bem adorando-o. como aquilo que O autor descreve os asanas deve comer e a comida que uma mulher grávida deve ingerir de acordo com as suas circunstâncias. O Pranayama é o único remédio para que se livre de doenças. Kaladhyaya: O que faz com que uma pessoa trate certas matérias como favoráveis ou o contrário, é um tema discutido no Kaladhyaya. É dado um relato detalhado sobre o comportamento humano, que conduz os homens ao engano. O homem tem de se proteger das armadilhas. S Sridharan é fiel-depositário da Krishnamacharya Yoga Mandiram, Chennai e membro do Conselho Administrativo da MDNIY em Nova Deli
(Página seguinte): Padangustha Padma Utkatasana; Direita: Balasana
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CRÍTICA
Guia prático para a
vida saudável
«The Power of Yoga», de Yamini Muthana, desmistifica a natureza profunda do yoga, enquanto dá sugestões úteis para iniciantes e praticantes com experiência
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aramente na lista exaustiva de livros sobre yoga se pode apontar um nome que represente um equilíbrio entre o técnico e o filosófico, constituindo o «The Power of Yoga» de Yamini Muthana uma dessas raras exceções. Estudante do guru de yoga estabelecido em Mysore, BNS Iyengar, há mais de 22 anos, Muthanna, que também dirige o seu próprio instituto de yoga em Bengaluru, decidiu
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(Página seguinte) Chakras - os pontos de energia do corpo; Acima: As representações visuais passo-a-passo tornam os exercícios de yoga mais fáceis de entender
desmistificar a natureza profunda do yoga, a Aquilo que acrescenta uma dimensão extra ao fim de o tornar mais interessante para o grupo livro são as caixas de “cuidado” e “importante”, as atual de entusiastas do yoga. O seu livro é um quais não só explicam as nuances de um asana em reflexo exato do seu pensamento, particular, como também sublinham filtrando o máximo possível de os aspetos técnicos do mesmo. Por O livro visa filosofias e desvendando esta exemplo, o ponteiro de precaução desmistificar a técnica antiga, a fim de revelar para o Matsyendrasana afirma natureza profunda a sua natureza científica. Não que a torção da coluna vertebral do yoga e torná-lo obstante, Muthanna mantém o irá comprimir o diafragma e que interessante para aspeto espiritual intacto, com respiração pode ser restringida, os praticantes uma introdução aos chackras e à poupando-nos assim de termos um atuais verdadeira filosofia do yoga. ataque de pânico! Muitos ponteiros Extremamente fácil de ler de precaução como este encontrame útil, o conteúdo foi apresentado da forma se dispersos pelo livro, sensibilizando os leitores mais abrangente, com a ajuda de bullets, para os mínimos detalhes, convertendo-o numa destaques, subtítulos e um extenso conjunto leitura útil, tanto para principiantes como para de representações pictóricas de passo-a-passo. praticantes com experiência.
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CRÍTICA
Para além das
fronteiras do yoga
Yoga: «Aligning to the Source», um documentário produzido pela PSBT e pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, elabora sobre as formas e os benefícios do yoga, tecendo os aspetos da espiritualidade indiana, a fim de reforçar a compreensão sobre esta ciência antiga texto | Aarti Kapur Singh
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antiga ciência indiana do yoga, palavra que deriva do termo sânscrito yuja, que significa ligar, alinhar e segurar, tornou-se uma das práticas de saúde holística favoritas em todo o mundo. Desde as academias nos EUA aos salões culturais na China, o yoga converteu-se numa das formas de exercício e terapia mais praticadas. Globalmente, milhões de pessoas praticam alguma forma de yoga na sua busca de saúde holística. Yoga: «Aligning To The Source», uma curta-metragem produzida pela Public Service Broadcasting Trust e pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e dirigida por Raja Choudhury, introduz as audiências ao yoga. Este filme explora as origens do yoga, o seu desenvolvimento e práticas, a sua integração através das várias religiões na Índia, a ciência por trás da prática e a sua bem-sucedida difusão em todo o mundo. Ele demonstra como o yoga pode constituir um conjunto abrangente de ferramentas para a vida, a fim de realinhar a mente e o corpo em equilíbrio e aceder a um
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sentido elevado de consciência. O filme de 27 minutos transporta-o numa viagem encantadora através da evolução e do significado do yoga e tenta responder a perguntas pertinentes: O que é realmente o yoga? de onde surgiu? Quais os efeitos da sua prática no corpo e na mente? Como é que se difundiu pelo mundo todo? Poderá conduzi-lo(a) ao equilíbrio com o seu eu e natureza mais profundos? O filme, através de interações com praticantes de yoga de renome, esclarece-nos sobre as escrituras, interpretações e aceitação entre as várias dinastias e gerações. Ele aprofunda-se nos cinco koshas do corpo, asthangana (os caminhos dos oito membros) e nos quatro yogas do Bhagwad Gita. Aprofunda-se também no porquê de o yoga ser mais do que uma forma de exercício e elabora sobre a sua identidade como forma de vida. O yoga é apenas parcialmente entendido como sendo limitado a asanas ou posturas de yoga. Como tal, acredita-se extensivamente que os seus benefícios ocorrem apenas a nível físico. A maioria das pessoas não se apercebe dos imensos benefícios
Imagens paradas do documentário
que o yoga oferece ao unir o corpo, a mente e a respiração. Quando alguém se encontra em completa harmonia com o ambiente que o rodeia, a jornada da vida é mais serena, mais feliz e mais gratificante. O guru de yoga BKS Iyengar defende o desenvolvimento do pensamento positivo e do cérebro positivo. A narração do professor de yoga Sunaina Mathur quanto às cinco disciplinas, relativamente à forma como nos conduzimos a nós mesmos e à nossa relação com O filme de o mundo, é perspicaz e 27 minutos educativa. A parte na transporta-o qual intervém o político numa viagem sénior, Dr Karan Singh, encantadora surge como uma surpresa, através da evolução já que muitas pessoas e do significado desconhecem o seu estudo do yoga sobre esta ciência. Este filme não só elabora sobre a forma, a prática, os benefícios e a ciência do yoga, mas também, ao fazê-lo, tece os aspetos da espiritualidade indiana, a fim de reforçar a compreensão desta ciência antiga. Aprofundando os conceitos de prakriti, purush, aham, srijan e outros aspetos similares da mitologia, o filme sintetiza e integra a história com a tradição. Ao explicar a história dos yogasutras, a narrativa flui no sentido de explicar por que é que o yoga funciona. Com muito mais para oferecer, o filme explica os benefícios do yoga, de uma maneira aprofundada.
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MÚSICA
Sobre puristas
e apaixonados
Conversámos com aqueles que parecem ser os herdeiros dos gharanas do Hindustão, que tocaram uma nota alta no sentido de concederem um apelo de frescura à música clássica texto | Shashi Priya
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ntes de Niladri Kumar, filho do Uma nova sinfonia maestro de cítara Pandit Kartick Comprometer a pureza da tradição musical Kumar, começar a dedilhar inflexões gharanas do Hindustão nunca foi fácil. Ao mesmo hipnotizantes na versão elétrica da tempo em que a jornada do zitar era marcada sua cítara acústica, debateu-se para conseguir por obstáculos, a relação amorosa entre sarangi acrescentar um microfone ao instrumento. No e o eletro-pop foi inundada de controvérsias. A final dos anos 80, antes de Niladri criar a zitar, colaboração da lenda do sarangi, o neto de Ustad uma combinação original entre a Sabri Khan, Suhail Yusuf Khan, com cítara e a guitarra, modificar este a banda de rock fusion, Advaita, À medida que instrumento de cordas, mesmo que foi olhada com desprezo. Khan, o os herdeiros apenas ligeiramente, originou imensa instrumentista de sarangi de oitava dos gharanas controvérsia. A sua capacidade geração da Moradabad Senia gharana, tradicionais foi posta em questão e a sua força com 27 anos de idade, confessa que dominam os seus ridicularizada. “As pessoas diziam muitas pessoas ainda disseram que reinos próprios, que não tinha força e era por isso as suas competências de sarangi se a inovação e o que precisava de um microfone tornaram impuras. No entanto, isso improviso tornampara auxiliar a minha cítara,” não impediu o seu ânimo, pelo que se naturais recorda Niladri. prosseguiram as adaptações técnicas. Por volta de 2015: Enquanto os Khan começou a usar cordas mais debates entre puristas e «mavericks» acalmavam e finas de violoncelo no seu sarangi, em vez das a música clássica Hindustani alargava ainda mais tradicionais, a fim de amplificar as notas. os seus horizontes, Niladri entretinha audiências maiores com o seu meends (deslizar de uma nota O som da música para outra) amplificado em espetáculos nos quais os Predominantemente, a música clássica indiana, seus dedos acariciam o zitar vermelho ardente com seja Hindustani ou Carnatic, manteve-se como cinco cordas em vez das 20 da cítara. uma arte a solo, com apenas um vocalista ou
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Suhail Yusuf Khan toca o seu sarangi improvisado M AIO - J UN H O
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MÚSICA
Niladri Kumar criou o zitar, uma combinação original entre cítara e guitarra
instrumentista a desdobrar um raga. O jugalbandi acrescentando que “outra das principais razões que (colaboração entre dois músicos) também não é levaram ao nascimento do zitar foi que, ao colaborar uma situação frequente. Não admira por isso que com artistas internacionais, o som da minha cítara o som dos instrumentos clássicos indianos se deixe acústica tornava-se inaudível, quando tocada ao lado abafar, quando tocados lado-a-lado de instrumentos eletrónicos tais como a com sons eletrónicos amplificados, guitarra e a bateria”. e que as adaptações técnicas nos Os lendários instrumentistas de O sarod elétrico, instrumentos clássicos indianos sarod, filhos de Ustad Amjad Ali Khan, com um captador não constituam nenhuma surpresa. Amaan e Ayaan, não poderiam estar magnético, As notas do sarangi de Khan não mais de acordo. Há dois anos, Amaan passou por um foram exceção. Eram inicialmente apresentou a uma perplexa audiência processador de subjugadas pelos instrumentos de música clássica no Blue Frog, em guitarra a fim de rock, até ele ter substituído as Mumbai, um sarod completamente de criar mais de suas cordas pelas de violoncelo. Na novo. Este sarod preto, equipado com 100 tons verdade, o tio de Khan, Kamal Sabri, um captador magnético, passou por substituiu o conjunto de cinco cordas do seu sarangi um processador de guitarra a fim de criar mais por um conjunto de violoncelo, para obter maior de 100 tons. “Ao longo dos anos, tentámos dar o capacidade de toque e de som. “Isto não altera muito nosso melhor para fazer chegar o sarod a um novo a sonoridade, mas amplifica-a e leva menos tempo público, que talvez não fosse a um concerto de para encontrar o tom”, diz Sabri. Kumar concorda, música clássica”, diz Amaan.
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Amaan Ali Khan (acima) e o seu irmão Ayaan criaram o sarod elétrico
O mundo todo é um palco TONS DE MUDANÇA Sarod elétrico: Com um captador magnético, passa por um processador de guitarra a fim de criar mais de 100 tons. Sarangi com cordas de violoncelo: As cordas mais finas de violoncelo amplificam as notas. Zitar: As cinco cordas e um captador magnético mantêm-no a par com os sons amplificados dos instrumentos ocidentais.
À medida que os herdeiros dos gharanas tradicionais dominam os seus reinos próprios, a inovação e o improviso encontram também uma forma de entrar na música clássica Hindustani. “Não pretendo classificar a minha música, simplesmente quero tocar,” diz Kumar, que já trabalhou com pessoas da craveira do maestro Zakir Husain, do lendário guitarrista inglês John McLaughin e do baixista sueco Jonas Hellborg. Amaan e Ayaan colaboraram também com Allman Brothers, com o guitarrista Derek Trucks, com a compositora de música folk americana Carrie Newcomer e com o instrumentista de oud nomeado para o Grammy Rahim Alhaj. “Podemos colaborar com músicos de todo o mundo sem diluirmos o conteúdo. A música é uma linguagem universal que ultrapassa as fronteiras e que pode aproximar as pessoas, não segregá-las por categorias”, diz Amaan.
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INSTANTÂNEOS
As imponentes
ruínas de Hampi
Este sítio, classificado como Património Mundial pela UNESCO, antiga capital do antigo Império Vijayanagara, encontrava-se entre nove localizações de Património Mundial, constantes do recém-anunciado orçamento da Índia para restauração
HAMPI
KARNATAKA
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Templo de Virupaksha
É BOM SABER MELHOR ÉPOCA PARA VISITAR Novembro - fevereiro C OMO CHEGAR LÁ O aeroporto de Hubli fica a 144 km de distância. Apanhe um comboio para Hospet, a 12 km de distância. Partidas regulares de autocarros a partir das grandes cidades. V ER TAMBÉM Hampi Dibba, Templo do Macaco
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INSTANTÂNEOS
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Esquerda: A Carruagem de Pedra no Templo de Vitthala é um ícone de Hampi; Acima: Uma escultura do Senhor Krishna, no templo de Rama Hazara
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ravejada de antigas ruínas, Hampi é uma fusão única entre a beleza natural acidentada e a riqueza da história religiosa. Milhões de anos de atividade vulcânica e erosão resultaram nesta paisagem fascinante. Enquanto a maioria da arquitetura é inspirada pelo Império Vijayanagara (1336-1646), existem algumas construções que são anteriores, como os templos Jain na colina de Hemakuta. Hampi possui uma área central de 41,8 km quadrados, mas, contando com a zona neutra, acrescentam-se à mesma até 236 quilómetros quadrados. O local estende-se a norte e a sul do Rio Tungabhadra, que estabelece ligação entre os dois distritos. As ruínas dividem-se em duas áreas principais: o Centro Sagrado, em torno do Hampi Bazaar e o Centro Real, na direção de Kamalapuram.
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INSTANTÂNEOS
CONTOS DO TEMPLO
Topo: Paisagem das ruínas atrás do Templo de Vitthala; Acima: Estátua de Lakshmi Narasimha, perto do Templo de Krishna; (Página seguinte): Templo de Virupaksha
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Com grandes dimensões, ornamentação floreada, entalhes ousados bem como delicados, pilares imponentes, pavilhões magníficos e representações tradicionais do Ramayana e do Mahabharata, os templos de Hampi definem-se numa classe à parte. Cada um tem a sua própria particularidade. Nas paredes do Templo Malyavanta Raghunathaswamy existem motivos interessantes de criaturas marinhas. Virupaksha é o maior templo aqui existente e foi restaurado extensivamente. Os seus nove gopurams (torres) erguem-se acima de todas as estruturas em Hampi. O Templo de Vitthala, com enormes monólitos de Lakshmi, Narasimha e Ganesha, é bastante conhecido. Os seus pilares estreitos emitem tons musicais quando os tocamos. A
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INSTANTÂNEOS
Esquerda e abaixo: Antigas ruínas dos estábulos dos elefantes reais
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impressionante escultura de uma carruagem de pedra no complexo é um ícone simbólico de Hampi. O complexo do Templo de Rama Hazara possui frescos elaborados, um pátio prolongado e jardins bem concebidos em termos de disposição. Mais de mil esculturas retratam o Ramayana. O Complexo do Templo de Krishna foi recentemente escavado, encontrando-se os trabalhos de restauração ainda em curso. Existe um tanque sagrado, ou Pushkarani, localizado no seu lado oriental.
Alta arquitetura
Existem palácios, estruturas aquáticas, antigas ruas de mercado, pavilhões reais, prédios do tesouro e muito mais. Os Paços Reais estendem-se por mais de 59.000 metros quadrados, incluindo muros fortificados, portões e torres, palácios, estábulos e um belo poço de escadas. Vários aquedutos em pedra estabelecem a ligação entre cerca de 20 poços e lagoas neste local. Na verdade, Hampi, na sua totalidade, encontra-se entrecruzada por uma rede de canais de irrigação,
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INSTANTÂNEOS
Esquerda: Vestígios antigos na colina de Hemkunta Abaixo: Pôr-do-sol no Templo de Malayvanta Raghunath Direita: Templo de Krishna
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com tamanhos variados, que se ligam a tudo – templos, palácios, terrenos agrícolas... Tais canais são ainda utilizados para irrigação. O Palácio da Rainha encontra-se localizado no meio do paço zenana (feminino), sendo o maior palácio escavado nas ruínas de Hampi. Não perca o lado do Lotus Mahal, dentro da área de socialização para as mulheres da realeza. Existe
um rebento de lótus esculpido sobre a cúpula central. As arcadas, varanda e a construção da cúpula assemelham-se a um botão de lótus semiaberto. Nas proximidades, encontramos os estábulos dos elefantes, uma fileira de magníficas estruturas em pedra. A Passagem de Bheema é um edifício imponente, construído em homenagem ao poderoso Bheema, um dos cinco Pandavas do Mahabharata. Retrata Bheema com a sua esposa, Draupadi, juntamente com cenas do épico. O seu design inteligente conquistou-lhe elogios – parece-se com um ponto cego e tem curvas repentinas que tornam difícil a manobra a um exército invasor com cavalos e elefantes. O Mahanavami Dibba é outro imperdível, uma estrutura multinível em cima da qual os reis costumavam dirigir as reuniões públicas.
Passeando
Os visitantes descobrem ser fácil explorar Hampi em veículos de duas rodas, que se encontram disponíveis para aluguer. O Hampi Bazaar
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INSTANTÂNEOS
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Acima: Um dos complexos no templo de Vitthala; Direita: Finas esculturas nas ruínas; (Página Seguinte): Antigo Bazar Paan Supari, no exterior do Templo Hazara Rama
é o local onde podemos encontrar a maioria dos restaurantes que disponibilizam acepipes indianos, tais como o idli, o dosa e as refeições thali (variedade de legumes, caris e pães). Também são oferecidos manjares ocidentais. Leve para casa joias e têxteis bordados pelas tribos nómadas Lambani. Pedaços de tecido extremamente colorido são reunidos como colagens em xailes, carteiras, bolsas, saias e colchas, com pedaços de espelho e conchas de Búzios, para se tornarem ainda mais interessantes.
Futuro brilhante
O Levantamento Arqueológico do Círculo Indiano de Bengaluru está a trabalhar no sentido de melhorar as instalações em Hampi, prometendo uma paisagem melhorada, maior estética, estradas mais amplas, sanitários limpos, conectividade wi-fi e câmaras de CCTV, juntamente com esforços acrescidos de conservação e restauro.
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Domando o espírito
do pinheiro
Uma ONG indiana encontrou uma utilização produtiva para as agulhas de pinheiro, uma vez que estas são causa de muitos incêndios nas colinas, gerando eletricidade a partir das mesmas texto | Siddharth M Joshi
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uando era criança, a minha casa em devido a negligência. Seja qual for o caso, Almora, nas colinas de Kumao do elas representam uma enorme ameaça para o Uttaranchal, foi cercada por uma ecossistema e para as selvas. espessa cobertura de pinheiros. Observando esta situação de perto todos Sempre que soprava uma brisa vinda do sul, estes anos estavam Rajnish Jain e a sua esposa, conseguíamos cheirar o aroma familiar das Rashmi, cofundadores da organização sem fins resinas. Em certas noites de verão, a floresta ficava lucrativos, AVANI. em chamas em padrões circulares. Passaram-se Decidiram então ampliar o âmbito da sua anos e a cobertura verde começou opção de residência rural voluntária a diminuir, tanto que, numa visita e assumir o “aproveitamento da Provou-se que recente, fiquei chocado por ser energia destrutiva” das agulhas as agulhas de capaz de contá-los. de pinheiro, na aldeia de Berinag pinheiro podem Levou algum tempo para pertencente ao distrito Pithoragarh ser usadas como se perceber que as agulhas de de Uttaranchal. A ONG sonhava matéria-prima para pinheiro, ou pirul, como lhes desenvolver uma tecnologia que um gaseificador chamamos, eram as culpadas. Elas utilizasse a abundância de agulhas de biomassa, a são altamente inflamáveis, devido a de pinheiro, em conformidade fim de produzir possuírem um alto poder calorífico com o lema da capacitação e eletricidade e baixa densidade. E o seu tapete no desenvolvimento rural sustentável. chão da floresta faz com que a água Esta esperança ambiciosa da chuva escorra ladeira abaixo, em vez de ser pronunciou-se sob a forma de “eletricidade”. absorvida pelo solo. São conhecidos como os Saur Urja na área, por Por vezes, os moradores ateiam-lhes fogo, causa do seu extenso trabalho com energia solar, a fim de se livrarem dos arbustos indesejados e que testemunhou a introdução de eletricidade noutras o fogo propaga-se de forma incontrolável em 25 aldeias.
A trabalhar no gaseificador de 9 kW
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mais além, a ONG montou a Avani Bio Energy Pvt Jain viajou até vários lugares, levando consigo a sua hipótese de uso das agulhas de pinheiro como forragem Ltd em 2012, a fim de utilizar comercialmente a eletricidade assim produzida e estabelecer a ligação às para a geração de eletricidade, mas a sua ideia foi redes elétricas existentes. Os fundos foram angariados a recusada em todos o lados, com base na inviabilidade. “A densidade das agulhas de pinheiro é demasiado baixa, partir de organizações como a nova-iorquina Acumen Funds, foi assinado um acordo de compra de energia era o que todos diziam”, partilha Jain. Sem experiência (Power Purchase Agreement - PPA) com a UPCL e foi passada de investigação científica, ele continuou a conseguida uma autorização para recolha experimentar por sua própria conta e, das agulhas de pinheiro em grande escala por fim, conseguiu superar o problema da O objetivo é junto ao departamento de florestas. Por densidade, cortando as agulhas de pinheiro gerar energia fim, foi montada uma central comercial em pedaços menores e desenvolvendo uma limpa, empregos de 120 kW na aldeia de Chachret, no tecnologia que se encontra na fase final e restaurar a distrito de Pithoragarh. A partir de então, para ser patenteada. Com este sucesso, biodiversidade, vários milhares de unidades foram já provou-se que as agulhas de pinheiro acabando com descarregados na rede. O objetivo é gerar podem ser usadas como matéria-prima os incêndios energia limpa, empregos e restaurar para um gaseificador de biomassa, a fim florestais a biodiversidade, acabando com os de produzir eletricidade. Mas o trabalho incêndios florestais. apenas havia começado. “Um coletor de agulhas de pinheiro, em média, A AVANI montou uma central elétrica de 9kW pode fazer até `25.000 por mês, uma vez que nós completamente operacional, dentro do campus, como lhes pagamos o preço de `1 por quilo. Na temporada projeto piloto, que funcionou favoravelmente. Dos de queda, as florestas ficam cobertas por um grande 9kW de eletricidade gerada, 1,5kW foi utilizado número de agulhas. Quase 1.200 toneladas em menos para o funcionamento do sistema, ficando o restante de 200 hectares de terrenos florestais”, explica-nos disponível para outras utilizações produtivas, tais Jain. A proposta tem proporcionado opções para os como a solda e a calandragem. Avançando um passo As agulhas de pinheiro são utilizadas como matéria-prima para o gaseificador de biomassa
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Esquerda: O gaseificador de 120 kW; Direita: Cozinhando com carvão
desempregados e para as mulheres da área. Existe para o efeito, existem muitos desafios. O maior entre uma equipa de técnicos locais, treinados diretamente eles é a falta de cultura industrial na área, devido pelo próprio Jain, que se encarregam das operações à qual as pessoas se sentem desencorajadas para se com destreza. O processo de gaseificação envolverem ativamente. “Os jovens não desejam também produz um subproduto: carvão em pó recolher agulhas de pinheiro. Preferem mudar-se de alta qualidade que, por sua vez, é para fora da aldeia e partir para vilas convertido em briquetes de carvão. maiores ou cidades”, opina Jain sobre O uso de Estes briquetes funcionam como um problema que traz consigo a questão briquetes garante combustível de alto nível para cozinhas mais profunda da emigração. melhor saúde rurais, substituindo facilmente a A AVANI Bio Energy Pvt Ltd às mulheres, madeira, poupando assim as florestas. planeia expandir-se e reduzir que poderão O uso de briquetes garante melhor dimensões. Diz Jain que “as unidades então cozinhar saúde às mulheres que, desta forma, menores são mais fáceis de gerir e num ambiente poderão cozinhar num ambiente têm a capacidade de alcançarem mais sem fumo sem fumo. Ficam mais baratos do profundamente as aldeias. A ideia é que outros combustíveis e podem ser conseguir envolver empreendedores comprados por dinheiro ou a troco de agulhas de locais, que possam controlar e gerir a cadeia pinheiro. Nas situações em que as localidades deram de fornecimento, as operações e a venda a as boas-vindas ao empreendimento doando terras retalho do carvão.”
“Um coletor de agulhas de pinheiro, em média, pode fazer até `25.000 por mês, uma vez que nós lhes pagamos o preço de `1 por quilo. Na temporada de queda, as florestas ficam cobertas por um número realmente enorme de agulhas. Quase 1.200 toneladas em menos de 200 hectares de terrenos florestais” Rajnish Jain, cofundador da organização sem fins lucrativos AVANI M AIO - J UN H O
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Elevando os
padrões de vida
O Ladakh Ecological Development Group (LEDeG) aproveita a energia solar para melhorar as condições de vida durante o inverno na fria região desértica dos Himalaias Indianos do Oeste
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Vila de Kargil
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Os projetos e técnicas de isolamento são utilizados para minimizar a perda de calor nas casas de Ladakh
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Passive Solar House (PSH), um conceito média num plano horizontal varia entre 5.530-6.360 arquitetónico adaptável ao clima, que Whr/m2/dia. No entanto, para a PSH, os dados críticos incorpora recursos como a orientação dos são a radiação solar global durante os meses de inverno edifícios, dispositivos de sombra e utilização a uma inclinação de 90, uma vez que as paredes da casa de materiais de construção adequados, a são horizontais. Dados detalhados sobre fim de conservar a energia utilizada no a energia solar na região recolhidos com aquecimento, arrefecimento e iluminação uma inclinação horizontal, de 20 / 35 / 50 O objetivo interior dos edifícios, utilizando a energia e 90, revelaram que a energia solar global consiste em do sol, foi introduzido na região transmédia anual é menor com uma inclinação maximizar os Himalaia de Ladakh, na área sombria e de 90,com Whr 4.300/m2/dia, o que ganhos de calor chuvosa dos Himalaias Superiores. O representa 1.230 Whr/m2/dia a menos proveniente do sol e armazenar a objetivo consiste em maximizar os ganhos que a energia no plano horizontal. energia solar no de calor proveniente do sol e providenciar No entanto, se considerarmos os dados interior do edifício a distribuição de aquecimento, do pico dos meses de inverno (novembroarmazenando a energia solar dentro do fevereiro), a média de radiação solar edifício e minimizando as perdas de calor em condições global a 90 de inclinação é de Whr 5.417,5/m2/dia, climatéricas de frio. o que representa mais 1.735 Whr/m2/dia do que no A região é considerada bem posicionado em termos plano horizontal. Da mesma forma, durante o pico de radiação solar em geral. Existem 250-300 dias sem dos meses de verão (maio-agosto), a média de radiação nuvens por ano neste local e a energia solar global é de 3.090 Whr/m2/dia, aproximadamente 42 por
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cento menos do que nos meses de inverno; média. Esta alta variação sazonal observada é favorável para a SPH porque, durante os meses de inverno, fornece a energia máxima. Durante o verão, a baixa radiação observada ajuda a evitar o sobreaquecimento, devido ao isolamento das paredes e do telhado. A radiação global real para a PSH numa determinada localização difere aqui significativamente de casa para casa. Em cidades pequenas, a alta densidade da casa e a sombra do edifício resultante podem constituir outro problema para o aproveitamento da radiação solar disponível. Além disso, as casas situadas em áreas de montanha são dispersas e construídas nas encostas a sul. Pelo contrário, em Ladakh, local agraciado com um potencial imenso de energia solar, fechado e com seissete meses de condições climatéricas de frio intenso, o aproveitamento deste recurso natural abundante, fiável, acessível e inesgotável torna-se imperativo para o aquecimento dos espaços e outras necessidades do dia-a-dia. A Ladakh Ecological Development Group (LEDeG), uma ONG, tem vindo a estar envolvida desde há muito tempo no aproveitamento da energia solar em meio a várias adversidades naturais. A arquitetura solar passiva para aquecimento de espaços
visa o aproveitamento da radiação solar durante o dia. As condições geo-climatéricas áridas e inóspitas proporcionam biomassa de aquecimento insuficiente para lidar com as temperaturas. O aquecimento de espaços durante os meses de inverno torna-se inevitável para a sobrevivência. A vulnerabilidade energética é largamente reconhecida como um fator de reforço da pobreza. Aqui, a maioria das pessoas não têm acesso a instalações energéticas básicas fiáveis e dependem largamente das entradas de energia de biomassa. A escassez de lenha e dos caros combustíveis convencionais importados resulta numa situação de alta vulnerabilidade energética. As casas de Ladak são ineficientes a nível térmico e a temperatura nas mesmas cai abaixo de -10C. Os chullahs (fogões) tradicionais, alimentados por estrume de vaca, madeira e arbustos, são utilizados para lidar com o problema, além de querosene e/ou sistemas de aquecimento baseados em LPG, dependendo da disponibilidade e acessibilidade. A magnitude da utilização dos escassos recursos naturais provoca danos ambientais irreparáveis. A poluição atmosférica é outro dos perigos. A LEDeG tentou incentivar a utilização da energia solar, técnicas
CONHEÇA AS TÉCNICAS «Trombe Wall» (TW) ou Parede Solar: Caixilho de janela orientado para sul e com vidro duplo, para absorção máxima do calor durante o dia, em frente a uma parede de concreto pintada de preto (8”1’) [paredes, telhado e pisos isolados]. O calor é transferido lentamente para a sala e é libertado durante a noite. O ar contido no espaço entre o vidro e a parede torna-se quente e circula dentro da sala, através dos orifícios localizados na parte inferior e superior da parede. Ganho Direto (GD): Grandes janelas de vidros duplos orientadas para sul, paredes, telhado e pisos isolados. A luz solar é absorvida pelos materiais da casa, que aquecem, armazenam calor e voltam a irradiá-lo, aquecendo assim o espaço. Mais de 500 lares receberam assistência da LEDeG
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A LEDeG tenta melhorar os fogões de cozinha, a fim de reduzir o uso dos recursos naturais escassos
de isolamento com base nos recursos locais, fogões solares, apoiadas por ONGs internacionais, incluindo de cozinha melhorados e projetos arquitetónicos. A o Group for Renewable Energy Environment tecnologia Trombe System (Sistema de Isolamento and Solidarity, o grupo Dutch e a Inter-Church Térmico) foi desenvolvida com base no princípio do Organisation for Development Cooperation. ganho solar passivo e da minimização das perdas de Com impactos tremendos a nível ambiental, social, calor através de vários projetos e técnicas de isolamento. financeiro, saúde, higiene e energia, a arquitetura solar Em 1984, a LEDeG instalou 75 sistemas solares passiva está a conquistar popularidade nas aldeias mais passivos, em parceria com o Projeto Ladakh, como fase remotas de Ladakh. A LEDeG tem-se empenhado de demonstração. Depois de duas décadas, a persistentemente em familiarizar-se arquitetura solar passiva tem testemunhado com todas as partes interessadas nesta Mais de 508 um crescimento sem paralelo – as ONGs, tecnologia e no seu impacto duradouro famílias nos o exército e o governo local também sobre o crescimento equilibrado distritos de adotaram a tecnologia. e a saúde global. A monitorização Leh e Kargil, Entre 2003 e 2014, com o apoio da aprofundada da iniciativa revela uma pertencentes Indo-Canadian Environmental Facility notável redução de cerca de 65 por a Ladakh, (ICEF), foram construídas 116 casas com cento no consumo de combustíveis têm recebido tecnologia «Trombe» e de ganho direto, de madeira, num valor aproximado assistência da em aldeias remotas da área de Changthang de duas toneladas de biomassa. O LEDeG no bloco Durbuk do distrito de Leh. Dois desenraizamento dos escassos arbustos quartos por casa são sujeitos a atualizações selvagens é minimizado, permitindo que de melhoria; com tecnologia «Trombe» e outras, para o processo de regeneração aconteça e que se contenha proporcionar o ganho direto de energia. Mais de 508 a desertificação, além de poupar uma quantidade famílias nos distritos de Leh e Kargil, pertencentes a considerável de estrume, utilizado para fertilizar Ladakh, receberam materiais de construção e assistência as terras e aumentar a capacidade de retenção de técnica por parte da LEDeG, a fim de construírem casas humidade do solo de textura arenosa.
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Porta de entrada para um
futuro brilhante
A construção de laços de comércio entre Tripura e o Bangladesh constitui parte dos esforços da Índia no sentido de reforçar as relações amigáveis de vizinhança. Isto ajudará a integrar o resto do nordeste na economia indiana e abrirá o caminho para o comércio com o Sudeste Asiático
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eralmente, a liberdade política melhora as União da Índia, em 1949. Portanto, Tripura, tal como a oportunidades económicas. No entanto, conhecemos hoje em dia, encontra-se encravada por três existem casos em que as regiões que lados pelo Bangladesh, enquanto os outros estados do conquistaram recentemente a independência nordeste ficaram com uma ténue ligação geográfica ao descobrem ter ficado em situação pior. Foi isto que resto do país através do “pescoço de galinha”. aconteceu ao nordeste da Índia, em 1947. As implicações económicas dessas O país conquistou a independência face mudanças têm sido devastadoras. As novas ao domínio britânico e acordou para linhas perturbaram os antigos padrões de O mercado tem a “vida e para a liberdade”, conforme negócio e quase destruíram os ecossistemas potencial para afirmou o Primeiro-Ministro da Índia, comerciais da região. revolucionar o mas a Partição e a consequente criação As ligações rodoviárias a partir do comércio bilateral do Paquistão do leste (liberto em 1971 nordeste, que atravessavam o Paquistão e melhorar a para se tornar no Bangladesh dos tempos Oriental, foram danificadas; o troço qualidade de vida modernos) significou que uma grande parte ferroviário de Assam foi cortado das de ambos os países da nova nação tivesse ficado separada do Indian Railways; a indústria de juta de “continente”, quase da noite para o dia. Bengala foi decapitada e a perda do Porto O antigo Reino de Tripuri recebeu um tratamento de Chittagong significou que as indústrias de madeira e injusto. Parte do antigo reino, diretamente sob chá indianas tiveram que adotar um caminho sinuoso administração da coroa britânica, converteu-se no atual para chegarem ao Porto de Calcutá (agora Kolkata). Bangladesh em 1947, enquanto a restante se juntou à Só quando compreendemos a escala da perturbação
O Haat Fronteiriço foi inaugurado no dia 13 de janeiro de 2015 pela Ministra de Estado (Cargo Independente) para o Comércio e Indústria, A Sra. Nirmala Sitharaman e o Ministro do Comércio do Bangladesh, Sr. Tofail Ahmed
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Da esquerda para a direita, a partir de cima: Comércio no Haat Fronteiriço; Espaço designado para o Haat; Posto de controlo de Agartala na fronteira Índia-Bangladesh
que ocorreu durante a Partição é que conseguimos apreciar a importância da primeira fronteira haat Índia-Bangladesh estabelecida em Tripura. O mercado tem potencial para revolucionar o comércio bilateral e melhorar drasticamente a qualidade de vida das populações fronteiriças em ambos os países. Inaugurado no dia 13 de janeiro pela Ministra de Estado (Cargo Independente) para o Comércio e Indústria, Sra. Nirmala Sitharaman, e pelo Ministro do Comércio do Bangladesh, Sr. Tofail Ahmed, este mercado encontra-se localizado no distrito do sul de Tripura pelo lado indiano e no distrito de Feni pelo lado do Bangladesh. Abre uma vez por semana e os cidadãos nacionais de ambos os países que vivem num raio de 5 km podem aí trocar mercadorias e produtos agrícolas produzidos localmente. O que tem de especial: são aceites moedas de ambos os países e não são cobrados impostos locais sobre a venda de 16 itens definidos, os quais incluem produtos agrícolas, especiarias, produtos florestais secundários (excluindo
madeira), peixe, laticínios, aves de capoeira e itens de artesanato. Quatro outros haats de fronteira foram já planeados em Tripura: 1 no distrito de Sipahijala, dois em Dhalai e um quarto no norte de Tripura. Não é então por acaso que Tripura está a ser preparada para ser um ponto nodal. Historicamente, a região tem sido uma unidade económica integrada e faz parte daquele grupo de coisas em que os laços de comércio e comunicação préPartição devem ser restaurados, a fim de aproveitar todo o potencial da região. A estabilidade política (na Índia e Bangladesh) e o desenvolvimento de infraestruturas (tais como a ligação ferroviária Akhaurah-Agartala) serão outros fatores-chave. Se esses fatores puderem ser alinhados e os laços com Tripura-Bangladesh reforçados, todo o projeto poderá ser rapidamente ampliado de modo a abranger o resto do nordeste no mesmo âmbito. Isto, por sua vez, poderá servir como porta de entrada da Índia no sul da Ásia, conforme previsto pelo North East Vision Plan 2020.
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A primeira vacina de criação e produção internas
contra o rotavírus
Criada na Índia, espera-se que a Rotavac ajude a reduzir significativamente a mortalidade infantil no país e noutras partes do mundo
O esforço tem sido louvado como um exemplo das capacidades de investigação em alta tecnologia da Índia
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O Primeiro-Ministro Indiano, Sr. Narendra Modi, no lançamento da Rotavac
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oi encontrada uma solução indígena procedimentos padrão do governo. Esta é a terceira para a causa mais comum de diarreia entre tais vacinas contra o rotavírus disponível a grave entre as crianças, sob a forma nível mundial e, aos preços atuais, a mais barata. da vacina Rotavac, lançada em março As empresas estrangeiras vendem atualmente pelo Primeiro-Ministro, Sr. Narendra Modi. as vacinas contra o rotavírus na Índia a `1.100 Desenvolvida pela Bharat Biotech India Limited, por dose, enquanto a Bharat Biotech se propõe a sediada em Bharat, conta-se que venha a ajudar vender a Rotavac a `63 por dose, ao governo da significativamente a reduzir as mortes infantis Índia e a outros países de baixos rendimentos. devidas a diarreia causada pelo O primeiro-ministro observou que rotavírus, na India e noutras partes do a India se carateriza pela sua grande A Bharat mundo. O letal rotavírus provoca mais diversidade e grande dimensão, Biotech propôsde 450.000 mortes em todo o mundo e continuando a enfrentar uma série de se a vender 110.000 mortes na Índia anualmente, desafios socioeconómicos. Ele tinha a Rotavac a incluindo 80.000 crianças. esperança que o desenvolvimento da `63 por dose, Resultado da parceria entre o vacina viesse a inspirar níveis mais a mais barata departamento de biotecnologia da elevados de atividades de investigação, vacina contra o Bharat Biotech e várias organizações desenvolvimento e fabrico na Índia, rotavírus a nível indianas e internacionais, o não só na ciência médica, mas também mundial lançamento bem-sucedido da primeira noutras áreas avançadas da ciência e vacina desenvolvida e produzida da tecnologia. internamente é o culminar de um esforço que dura A Bharat Biotech apresentou quatro patentes há mais de 25 anos. mundiais referentes à tecnologia da Rotavac em A Bharat Biotech India Limited tem estado mais de 20 países. empenhada no desenvolvimento e na produção As suas instalações no Genome Valley em da vacina, tendo sido selecionada em 1997-98 Hyderabad possuem uma capacidade de produção pelo India-US Vaccine Action Programme e pelos instalada de 300 milhões de doses por ano.
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O grande boom
da animação
A animação indiana está a viver uma fase ímpar a nível de crescimento, na qual evolui consistentemente para uma indústria de pleno direito. A liderar esta mudança encontram-se os super-heróis animados da atualidade: Chhota Bheem, Hanuman, Little Krishna... texto | Nidhilekha Sahai
Os personagens de animação indianos são maioritariamente retirados da mitologia
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Um still de «Kochadaiiyaan», o primeiro filme realizado com recurso à captura de movimento em 3D
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esde o primeiro filme de animação mão-de-obra anglófona, o baixo custo de produção stop-motion criado em 1941 por e o equipamento topo de gama, conjugados com Dadasaheb Phalke, o pai do cinema a baixa procura no mercado interno, levaram indiano, para a «Chhota Bheem», à ascenção de Mumbai, Chennai, Bangalore, uma série animada de comédia e aventura para Hyderabad e Trivandrum como os maiores polos televisão que foi lançada em 2008 pela Green Gold de outsourcing para animação do país. Animation Inc., a animação indiana percorreu um Os animadores na Índia também contribuíram longo caminho nas últimas sete décadas. para filmes mundialmente aclamados, como Embora os esforços do passado no campo da «A Vida de Pi» e «Prometheus». Nos últimos animação, tais como o histórico anos, os animadores indianos têm filme animado «Ek Aur Anek Ekta» vindo a combinar o conhecimento Os animadores feito em 1974 pela Films Division of técnico com a criatividade, a indianos India e as bem-sucedidas séries de fim de fazerem as suas próprias contribuíram animação para TV, como a «Ghayab produções. O lançamento de significativamente Aya», tenham estabelecido um início «Hanuman», o primeiro filme para gigantes sólido para animação na Índia, a popular indiano animado em 2D, globais, como a enorme procura de capacidades no ano de 2005, assinalou o início Walt Disney técnicas gerada pelas casas de da criação de conteúdo localizado. produção estrangeiras limitou o O filme desenvolve-se em torno florescimento da indústria de animação indiana. de Hanuman, um dos principais personagens do Ao longo dos anos, os animadores indianos épico Ramayana. contribuíram significativamente na criação de Bollywood tentou criar o seu primeiro filme personagens de animação e no fornecimento de de animação comercial em 2008, o «Roadside efeitos especiais para os gigantes a nível mundial, Romeo». Produzido pela Yash Raj Films e como a Walt Disney, a Warner Brothers, a Sony, distribuído pela Disney India, o filme constituiu a Pixar e a Dreamworks. A grande quantidade de um pequeno passo em direção à titularidade
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«Little Krishna» conquistou um enorme sucesso; Abaixo: «Roadside Romeo» foi o primeiro filme de animação comercial de Bollywood
própria de conteúdo na animação indiana. «Kireet Khurana’s Toonpur Ka Superhero» (2010), o primeiro filme indiano a combinar imagens reais e animação 3D, no qual se destacavam nos papéis principais os atores de Bollywood Ajay Devgn e Kajol, conquistou um sucesso moderado. Arjun: «The Warrior Prince», um filme de animação dirigido por Arnab Chaudhuri e produzido pela UTV Motion Pictures e pela Walt Disney Pictures, lançado em 2012 na Índia e nos Estados Unidos em simultâneo, foi aclamado pelo seu conteúdo e produção. O ano de 2014 assistiu ao lançamento do primeiro filme de captura de movimento em 3D, «Kochadaiiyaan», juntamente a «Chaar Sahibzaade» e a «Mighty Raju»: «Rio Calling». No pequeno ecrã, os personagens indígenas como Krishna, Ganesha e Chhota Bheem estão lentamente a superar Tom & Jerry, Popeye e Doraemon. Ashish SK, CEO da Big Animation (I) Pvt Ltd, que criou a série do pequeno
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Krishna, explica que a mitologia foi um bom ponto de partida porque, conforme referido num relatório de média, “sempre que se cria um personagem, temos que gastar provavelmente duas vezes ou três vezes mais para converter o personagem numa marca”, pelo que, para reduzir os riscos ao mínimo, “avançamos com todas as histórias e marcas já existentes”. Tendo sido emitida pela primeira vez no canal Nickelodeon em maio de 2009, a série baseiase em incidentes interessantes retirados da infância do deus indiano, Krishna. Superando a popularidade do pequeno Krishna encontra-se Chhota Bheem. Lançada em 2008, é uma série de televisão de comédia-aventura animada de Rajiv Chilaka, CEO da Green Gold Animation Inc. Embora seja um take-off do personagem Bheem do épico indiano Mahabharata, Chilaka fez por garantir que Chhota Bheem não ficasse limitada à mitologia. “Eu queria criar um personagem para
ANIMATION INDUSTRY FUTURE REVENUE PROJECTIONS 12.0
Compound Annual Growth Rate: 7.1%
10.0
INR Billion
8.0 6.0 4.0 2.0 0 2013
2014P
2015P
2016P
Animation Production
Animation Services
2017P P
2018P Projected figures
Source: FICCI-KPMG Indian Media and Entertainment Industry Report 2014 Um still do filme de animação Hindi «Chaar Sahibzaade»
crianças que fosse exclusivamente nosso” afirmou numa entrevista. A primeira série animada indiana para TV de sucesso, «Chhota Bheem» é facilmente reconhecida por toda a Índia, tendo até encontrado lugar no merchandising, como o vestuário infantil, produtos escolares e revistas de banda desenhada. Adicione-se a isto os tratados de coprodução assinados pela Índia ao longo dos anos com o Reino Unido, Itália, Alemanha, Polónia, França, Nova Zelândia, Espanha e Brasil, os quais incentivaram as colaborações e a partilha de experiência, talento e tecnologia. Os animadores podem agora reunir-se e trocar ideias criativas e know-how técnico em plataformas como a Anifest Índia, o maior festival anual de animação do subcontinente indiano, iniciado em 2005 pela The Animation Society of India (TASI), uma organização sem fins lucrativos com sede em Mumbai. Outra plataforma popular é o 24FPS Animation Awards, que começou em 2003, organizado pela Maya Academy of Advanced Cinematics (MAAC), uma academia de animação que oferece formação em animação 3D, VFX, cinema, design gráfico e jogos.
Existe uma enorme procura por conteúdos de animação localizados. Como afirma Ketan Mehta, diretor de marketing da Maya Digital Studios, no FICCI-KPMG Indian Media and Entertainment Industry Report 2014, “Os canais de televisão
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«Chhota Bheem», uma conhecida série televisiva
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SUCESSO
internacionais, que detêm agora uma forte posição no mercado indiano, começaram a aperceber-se da necessidade de terem conteúdos nacionais para alcançarem a sua audiência e a procura por conteúdos locais está a crescer rapidamente a par da programação internacional.” Os sucessos das produções de animação indígenas como «Kochadaiiyaan», «Chaar Sahibzade», «Hanuman», «Little Krishna» e «Chhota Bheem» são, todos eles, indicadores desta mudança. O relatório FICCI-KPMG 2014 avaliou a indústria de animação indiana, efeitos visuais e pós-produção, em `39,7 bilhões no ano de 2013, com uma taxa de crescimento de 12,4% para 2014. Destes, a partilha de serviços de animação e produção de animação alcança os `12,7 bilhões em 2013. Com uma projeção de Taxa de Crescimento Anual Acumulada (TCAA) de uns saudáveis 7,1 por cento para 2013-2018, não faltará muito para que a indústria de animação indiana se encontre a par dos players globais. Seguindo a sugestão da iniciativa Make in India do Primeiro-Ministro indiano, Sr. Narendra Modi, o Union Ministry of Information & Broadcasting (I&B) (Ministro da União para a Informação e Radiodifusão) anunciou o estabelecimento de um Centro Nacional de Excelência para Jogos, Animação e Artes Visuais no orçamento de 2014. Espera-se que o centro seja um espaço de treino para animação, efeitos visuais 3D
«Toonpur Ka Superhero» foi o primeiro filme indiano a combinar imagens reais com animação 3D
e jogos. “Acredito que este é um passo de incentivo dado pelo Ministério no sentido de impulsionar os segmentos da animação, jogos e VFX. Com este passo, os jovens da nação serão encorajados a considerarem seriamente a possibilidade de desempenharem um papel ainda mais um importante no desenvolvimento do sector”, disse Aruna Kumar, responsável pelas relações de média e radiodifusão da Maya Digital Studios. Espera-se que a proposta venha, não só aumentar as receitas e gerar emprego, como também apoiar a posse da propriedade intelectual pelos indianos neste sector.
Os personagens de «Bal Ganesha» conquistaram enormes aplausos
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CULTURA
Transformando
barro em ouro
Muitos dos objetos votivos de terracota em todo o mundo poderão simplesmente ter tido a sua origem numa aldeia do Rajastão texto | Kalyani Prasher
Placas de terracota retratando a vida diária da aldeia
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CULTURA
Os trabalhos artísticos são postos a secar durante nove dias
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ransformar o barro em arte é uma argila utilizada. A terracota pode ser vitrificada para forma de vida para o povo de Molela, obter maior durabilidade ou para lhe dar cor. É um uma aldeia situada no distrito de material impermeável e resistente, encontrando-se Rajsamand, no Rajastão, a 50 km da as esculturas antigas feitas a partir do mesmo em cidade de Udaipur. É conhecida como «A Aldeia dos excelente estado. Oleiros» e as famílias de artesãos, como Lakshmilal Como todas as formas artísticas, a arte da ou Dinesh Chandra Kumhar, vivem aqui desde há terracota de Molela evoluiu com o tempo. séculos, transformando barro em ouro. Antigamente, os deuses de terracota Estes oleiros são famosos por criarem eram grandes ídolos. A arte A arte da placas de terracota representando transformou-se entretanto em placas terracota de imagens votivas, transmitindo o e ladrilhos usados para efeitos de Molela não se talento de uma geração para a seguinte, decoração. A paisagem desértica e limita mais cada uma delas introduzindo o seu poeirenta de Molela é pontuada por apenas a deuses próprio toque nesta arte. inúmeras cores, à medida que os e deusas; A terracota é um material cerâmico artesãos dão cor aos tons neutros da os artesãos usado na construção de edifícios e terracota, enquanto concebem projetos representam a artes decorativas por várias culturas à criativos e modernos. vida à sua volta volta do mundo desde tempos antigos. A arte da terracota de Molela não O nome significa literalmente “terra se limita a deuses e deusas. Os artesãos cozida”. O material é feito a partir da argila natural, começaram entretanto a representar cenas da vida que lhe confere uma cor castanha-avermelhada em seu redor. Não obstante, as formas e os desenhos caraterística, a qual varia ligeiramente em função da tradicionais permanecem perenes. Em Molela, a arte
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É BOM SABER MELHOR ÉPOCA PARA VISITAR Outubro-abril C OMO CHEGAR LÁ A Estação Ferroviária de Udaipur encontra-se a 47 km. Ou faça uma viagem de um dia a partir de Udaipur, a 60 km de distância. S UGESTÃO TURÍSTICA Visite durante a primeira metade do dia, a fim de ver os oleiros a trabalhar.
Lanternas de terracota tradicionais; Abaixo: Placa com uma representação tradicional do Senhor Ganesha
e a religião conjugam-se, dando forma à trama da vida quotidiana. O fabrico destas placas envolve técnicas simples de escultura manual. Primeiro, a argila é escavada localmente e depois misturada com estrume de burro, mais ou menos na proporção de 1:4, a fim de conferir maleabilidade à argila. Em seguida, é criada uma laje, com um formato superior caraterístico em cúpula; as margens são elevadas a fim de formar o rebordo da laje. As figuras são modeladas com os dedos e devem ser ocas, para que não rebentem no forno. São acabadas acrescentando acessórios às mesmas, tais como joias feitas de pequenas bolas de barro. As placas são postas a secar durante nove dias. A cozedura é feita num forno temporário. A Rural Non-farm Development Agency (RUDA), entidade que promove as microempresas no Rajastão, tem um papel importante na divulgação e destaque do trabalho destes artesãos. “Levamos estes artesãos para exposições em grande escala em Jaipur e Nova Deli. A ideia é apresentá-los ao mundo”, explica Om Prakash, OS de Marketing da RUDA.
A RUDA também dá formação e ajuda a organizar seminários. “A ideia é fazer chegar esta forma de arte ao mundo. Queremos que o processo criativo prospere em Molela. Até chegámos, certa vez, a trazer um protótipo de terracota do NIFT. O mais interessante, no entanto, é que, apesar de ter ocorrido uma certa modernização a nível de projetos, aqueles que permanecem mais populares continuam a ser os estilos antigos, tais como os avatares do Senhor Vishnu e outras representações de deuses”, informa-nos Om Prakash. A Murtikala, nome pelo qual esta arte é conhecida localmente, é feita através do processo de amassar casca de arroz e estrume com argila, que é então alisada de modo a converter-se numa laje na qual são moldadas as figuras votivas. Todo o trabalho artístico é feito à mão, sem recurso a moldes ou máquinas e com o auxílio apenas de ferramentas artesanais, tais como cinzeis e rodas de oleiro. Prefira comprar estes trabalhos artísticos diretamente aos artesãos, uma vez que tal será mutuamente benéfico, para eles e para si.
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ARTE
Uma grande convergência
de culturas
A arte Deccani encarna o espírito do comércio e intercâmbios prevalecente entre os séculos XVI e XIX texto | Poonam Goel
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e pudesse ter tocado os Pichhwais complexas, sobrepostas e cosmopolitas de (pinturas representativas de Krishna. Deccan são mais fáceis de entender e estamos N.T.), exibidos como parte da mais bem sintonizados com esse ethos”, afirma exposição «Nauras» do Museu o Dr. Kavita Singh, co-curador da coleção Nacional: As «Muitas Artes do Planalto de «Nauras». Talvez seja por este motivo que Deccan», provavelmente regressaria com o Metropolitan Museum de Nova Iorque partículas de puro ouro nos seus dedos. Esta apresentou recentemente uma exposição ainda obra datada de finais do século mais alargada da arte Deccani, XVIII, pintada profusamente a reunida a partir do empréstimo A maior parte ouro e representando as monções de 70 coleções a nível mundial. da arte Deccani de Brijbhoomi (Terra do Senhor Comparativamente, a exposição no manteve-se Krishna), é uma das muitas Museu Nacional pode ser apenas escondida dos obras-primas reminiscentes da uma pequena janela para este olhares públicos, arte altamente integrada, híbrida e mundo multicultural... mas as peças talvez ofuscada secular que floresceu sob o domínio exibidas foram grandiosas. pela arte Mogol dos Sultanatos de Deccan (também Consideremos, por exemplo, conhecido em português como a Al-Buraq, uma aguarela Decão. N.T), entre os séculos XVI e XIX. opaca, representativa da criatura mítica que A maior parte da arte Deccani mantevetransportava o Profeta Muhammad (Maomé) se escondida dos olhares públicos, talvez em viagem noturna de Meca para Jerusalém e ofuscada pela arte Mogol, mais opulenta e vice-versa. A imagem deriva de muitas fontes de mais bem registada. “Nos últimos anos, no inspiração, tais como o dragão de aspeto chinês entanto, devido à globalização e à circulação que dá forma à cauda, os leões de aspeto persa e de ideias e influências, todos os lugares se o elefante indiano no seu coração. “A pintura foi tornaram transculturais. Hoje, as culturas executada por um artista de Golconda, no século
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Um Pichhwai pintado a ouro M AIO - J UN H O
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XVIII, mas contém em si influências de metade do mundo”, diz-nos Singh. Talvez a mais importante mostra da grande convergência entre as várias culturas seja um quadro de um templo dos finais do século XVIII, que surge entre cenas bordadas do Ramayana. Criado em Vijayanagara, esta é uma memória preservada da arquitetura da cidade de há 200 anos atrás, quando os templos eram concebidos seguindo a clássica tradição Dravidian, mas os edifícios da realeza eram construídos em estilo islâmico. A cena principal foi a da coroação do Senhor Rama, testemunhada pelos deuses e guardiões, todos eles dispostos sob os arcos de cúspides de estilo islâmico, utilizados nos palácios Vijayanagara. Uma magnífica colcha kalamkari constitui outro exemplo do ambiente cosmopolita
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(Acima) Armadura do rei Aurangzeb (Topo) Quadro de um templo, representando o Ramayana (À direita) Al Buraq – uma aguarela que representa uma criatura mítica
Deccani. As figuras em torno do rei persa no seu palácio são originárias de diversas regiões, incluindo a Arménia, o Reino de Mughal, a China e a Turquia. Uma série de 44 pinturas Ragamala, dos finais do século XVI, retrata o trabalho intrincado da arte da miniatura. O seu estilo é extravagante e exibe a visão híbrida que floresceu no Decão como resultado dos idiomas do Rajastão que foram trazidos pelos generais Rajput do exército de Mughal. A arte de miniatura do Decão, por sua vez, supõe-se ter influenciado as cortes Rajasthani e Pahari. “A série do Ramayana, com 450 ilustrações feitas para Maharana Jagat Singh do Mewar no século XVII tem, pelo menos, um volume realizado por um artista Deccani”, revelou Singh. A utilização de cores ricas e luminosas permaneceu, de fato,
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Da esquerda para a direita: Pintura de Ragmala; Representação artística de Malik Ambar, um africano na corte real; Colcha Kalamkari
na obra dos artistas contemporâneos da região, como Thota Vaikuntam, Chippa Sudhakar e Laxam Goud. “Eles mantiveram-se fiéis às suas raízes e às influências clássicas no retratar de histórias de divindades e folclóricas, que podem ser observadas nos seus trabalhos mesmo na atualidade” diz-nos o diretor da «Gallerie Ganesha», Shobha Bhatia. A arte Deccani encarna o espírito comercial e de intercâmbio prevalecente entre os séculos XVI e XIX.
A história do tabaco, que foi introduzido pelos portugueses e se tornou mais tarde num importante produto de exportação da região, pode ser aprendida sucintamente através das muitas bases huqqa com embutidos de prata bidriware. Felizmente, muitas das técnicas artesanais, tais como a kalamkari e o bidriwork, sobreviveram às provas do tempo, embora a qualidade da caligrafia e marmorização apresentadas sejam muito difíceis de igualar hoje em dia.
Da esquerda para a direita: Escultura Buraq; Item metálico decorativo; Base huqqa bidriware n
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Picante
Concerteza!
Acrescente algo picante e delicioso à sua mesa com esta receita indiana PEIXE FRITO AMRITSARI
Tempo de preparação 15 minutos; Marinada 50 minutos; Tempo de cozedura 20 minutos; Nº de pessoas 4 Ingredientes 750g de filetes de peixe; ½ chávena de vinagre, 1 colher de sopa de sal, óleo, limão. Para a marinada: 2 colheres de sopa de gengibre, 2 colheres de sopa de pasta de alho, 2 colheres de chá de sementes de carom, 1 colher de chá de pimenta branca, ½ colher de chá de sal, ½ chávena de farinha de gram (besan), corante alimentar laranja, ½ chávena de água Método 1. Lave os filetes de peixe, seque-os dando
palmadinhas com toalhas de papel e corte-os em cubos ou «dedos» do mesmo tamanho; Coloque-os numa tigela, esfregue-os com vinagre e sal e deixe a marinar durante 30 minutos; Escorra-os e seque-os novamente dando-lhes palmadinhas com toalhas de papel. 2. M isture todos os ingredientes da marinada e esfregue-os no peixe. Deixe a marinar durante 20 minutos. 3. A queça o óleo numa «wok» (kadhai) e frite os pedaços de peixe, vários de cada vez, em lume brando, até ficarem estaladiços; retire-os e escorra; emprate numa travessa, decore com rodelas de limão. Sirva quente.
Cortesia: Sabores Fabulosos: Pequeno-almoço, chá da tarde, cocktails, parte de uma série de livros de receitas publicados pela External Affairs (Ministry’s) Spouses Association, Nova Deli Peixe Frito Amritsari Dourado-Acastanhado e Suculento
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CULINÁRIA
A saga da
malagueta indiana
Na história das especiarias, se existe um condimento consensualmente considerado com o estatuto de «escaldante», são as malaguetas texto | Madhulika Dash
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o pensar em malaguetas, é difícil cresciam de modo selvagem, pelo menos as não pensar na culinária indiana. variedades mais picantes: a Naga Jolokia e a Conhecidos pelos seus jogos de Naga Viper. sabores e pelo emprego generoso A Ayurveda, a ciência da vida, propagou de malaguetas, os caris indianos são sinónimos a utilização de especiarias na comida – e, em das mesmas. Curiosamente, tal perceção, não é alguns textos apontando diretamente para inteiramente falsa. Na verdade, o as malaguetas – uma vez que Laal Maas do Rajastão e o Rogan acreditava que os alimentos As malaguetas Josh de Caxemira são conhecidos cozinhados com as especiarias foram a primeira pelo uso de malaguetas – apesar certas ajudariam a preservar a especiaria de completamente diferentes nutrição. Além disso, as malaguetas que Vasco da quanto às variedades e níveis de controlam os inchaços! Se tal será Gama trocou intensidade. Enquanto o primeiro verdade, é discutível. No entanto, por um lugar é conhecido pela Mathania Mirch, não existe qualquer dúvida de que as para acampar, que lhe confere uma fogosa cor malaguetas se tornaram populares quando vermelha, o Rogan Josh é famoso na Índia que, naquela época, se desembarcou na pelo sabor doce e picante da Mirch encontrava numa fase transitória Índia em 1498 de Caxemira. de sabedoria culinária, na medida Diz-se que o navegador em que comerciantes e missionários português, Vasco da Gama, trocou malaguetas traziam novas técnicas e pratos para o país. Com por um lugar para acampar, quando Vasco da Gama, chegaram dois pratos: Carne desembarcou na Índia em 1498. Mal sabia ele de porco Vindaloo e Sorpotel (conhecido em que na Índia, naquela época, as malaguetas Portugal como «sarapatel». N.T). Os pratos mais
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Boriya mirch
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CULINÁRIA A partir de baixo, da esquerda para a direita: Bisi Bele Bhaat; Laksa; Carne de Porco Vindaloo; Balchao; Sorpotel; Phaal Curry; Rechado de Peixe – todos utilizam variedades distintas de malaguetas
significativos da cozinha de Goa, hoje em dia, são ambos conhecidos pelo picante. Os Portugueses trouxeram as malaguetas Peri Peri (ou piripiri. N.T) para a Índia, as quais se tornaram numa especiaria intrínseca do masala de Goa. Na medida em que novas variantes eram cultivadas, a malagueta alcançou outras regiões da Índia. No Rajastão, adotou a forma de um pó, usado na maioria dos pratos. No Sul, a Madras Pari, uma variedade especial, tornou-se fundamental nos temperos. A Bhavnagri Mirch tornou-se na escolha para o Mirch Ka Salan, uma vez que se podia jogar com o seu fator de condimento. Graças ao seu baixo teor de capsaicina, a malagueta
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11 SHADES OF INDIAN CHILLIES
JAMMU AND KASHMIR Kashmiri Mirch HIMACHAL PRADESH Kashmiri Mirch
MADHYA PRADESH Sannam,
GUJARAT Jwala MANIPUR Dhani MIZORAM Dhani
MAHARASHTRA Sannam, Nalcheti
ANDHRA PRADESH Sannam, Mundu, Madras Pari, Tadappally, Hindpur
KARNATAKA Byadagi
KERALA Kanthari
TAMIL NADU Mundu, Kanthari
Dhani
Scarlet, highly pungent
Tadappally
Red, thick, mildly pungent
Sannam
Red /reddish hot/very hot
Byadagi
Red, pungency low/almost nil
Nalcheti
Red, very pungent
Kanthari
Ivory white, small, highly pungent
Mundu
Yellowish red/scarlet hot/ fairly pungent
Jwala
Light red, highly pungent
Madras Pari
Bright red, hot
Hindpur
Kashmiri Mirch Deep red, fleshy pungency-negligent
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Red, very pungent
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TIPOS DE PICANTE Sankeshwari Mirch: Picante de intensidade média, encontrado com frequência na cozinha Konkan. Boriya Mirch: Utilizada frequentemente em temperos. Kashmiri Degi Mirchi: Longa, bastante vermelha e enrugada. A malagueta completamente seca de Caxemira é moderadamente picante. Bedgi ou Byadagi Chilli: A especialidade de Karnataka é média no picante e na cor. Um elemento essencial no Goda Masala. Tarvati: Esta malagueta translúcida e brilhante é usada para fabricar a pimenta vermelha em pó comercial. Reshampatti: Larga e curta, esta malagueta moderadamente picante é utilizada nas receitas de picles recheados. Gundu Chilli: Pequena, redonda e brilhante, essencial nas receitas do sul da Índia. Naga Viper Chilli: Um híbrido entre a Naga Jolokia e a Trinidad, criado pelo inglês Gerald Fowler, é uma das malaguetas mais picantes. Naga Jolokia Chilli: Uma única Naga Jolokia pode apimentar uma receita para, pelo menos, 200 pessoas. Piri Piri Chilli: Também chamada «Diabo Vermelho Africano», é identificada pela sua forma cilíndrica e fina, com coloração laranja-avermelhada. Light Green Chilli: Resultando melhor ao ser servida em vada pav, parecem brilhantes, mas são as menos picantes. Dark Green Chilli: Estas pequenas malaguetas são como dinamite; usadas frequentemente no tempero do caril de lentilhas.
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Byadgi funciona em pratos nos quais seja MIRCHI KA SALAN (Para 4 pessoas) necessário menos picante – bisi bele bath, Ingredientes sambar, chutneys e pratos de Udupi, bem Malaguetas verdes: 18-20 grandes; Óleo: 2 colheres de sopa; como picles. A Ellachipur Sannam, o mirch Sementes de sésamo: 2 colheres de sopa; Sementes de coentros: 1 colher de sopa; Sementes de cominhos: 1 colher de chá; Amendoins hari por excelência, foi usada por todo o país torrados: 1/2 chávena; Malaguetas vermelhas secas: 2; Gengibre, para acrescentar aos pratos o paladar preciso. picado: 1 polegada; Alho, picado: 6-8 dentes; Sementes de A Sannam Guntur, outra malagueta do mostarda: 1 colher de chá; Cebola ralada: 1 média; Açafrão em pó: 1 colher de chá; Polpa de tamarindo: 2 colheres de sopa, misturadas sul da Índia, identificada pela sua textura em meio copo de água; Sal a gosto enrugada, foi também usada para condimentar pratos. A Kanthari White, cultivada em Método Corte as malaguetas verdes longitudinalmente. Frite numa «wok». Kerala, converteu-se na escolha para temperos Torre o sésamo, coentros e cominhos e moa juntamente com os e picles, a fim de ajudar a digerir os alimentos. amendoins, pimenta vermelha, gengibre e alho, a fim de criar uma Algumas outras variedades ficaram pasta. Aqueça 2 colheres de chá de óleo na wok. Acrescente as sementes de mostarda. Assim que começarem a estalar, acrescente conhecidas pelo seu picante e pelo sabor a cebola. Quando estiverem douradas, adicione o açafrão. pungente, como a Jwala de Gujarat e a Bird’s Acrescente a pasta preparada anteriormente e cozinhe durante 3 Eye Chilli do nordeste. Conhecidas por minutos, mexendo sempre. Adicione meia chávena de água e leve a ferver. Reduza a chama e cozinhe por 10 minutos. Misture a polpa de se encontrarem entre as malaguetas mais tamarindo. Acrescente as malaguetas verdes fritas e o sal. Cozinhe picantes, são utilizadas na preparação de durante cinco minutos. Sirva quente, com chapatti (pão indiano). pratos de carne por toda a Índia. O guisado mais picante é um caril indiano com origem num restaurante no Reino Unido. O Phaal Curry Como a Mathania Mirch para consiste de borrego grelhado, dar cor ao Laal Maas, Um caril indiano, originário de um ou qualquer tipo de carne, a Dragon Mirch de Like restaurante do servido com molho picante. Caxemira para o Rogan MEA INDIA Reino Unido, o O Phaal inspira-se na Josh, a Bhavnagri Mirch Phaal Curry consiste culinária do nordeste, onde a para o Mirch Ka Salan de borrego grelhado, malagueta é maioritariamente e a Dhani ou Bird’s Follow ou qualquer tipo de o único condimento usado Eye Chilli no Laksa e @MEAINDIA carne, servido com para temperar a comida. No no Thupka assamês. molho picante que se refere às malaguetas na A malagueta Guntur / culinária indiana, não existem Warangal / Khammam Channel muitas referências a seguir em termos de é a escolha convencional para todas MEA INDIA utilização das mesmas, além de umas poucas: as receitas de picles.
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Celebrando os matizados
da divindade
Durante o Festival de Hemis, Ladakh ganha vida através de danças e festividades coloridas. A dança religiosa de máscaras continua a ser o centro das atrações texto | Supriya Agarwal
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Monges transportando água benta ao longo do pátio do Mosteiro de Hemis para purificação
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inónimo de paz, tranquilidade e meditação, Ladakh é conhecida como a “terra das altas passagens”. Depois de um inverno longo e sombrio, o verão é a época para rejuvenescer, com toda pompa e fervor. Aqui, o rejuvenescimento é uma celebração, uma forma de alcançar a verdade suprema. Os festivais são uma combinação perfeita entre os costumes antigos, riqueza cultural e celebração da vida. Um dos mais famosos festivais nestas paragens é o Hemis Festival, comemorado no Mosteiro de Hemis. Situado a 45 km de
Leh, o Mosteiro de Hemis é o maior e mais rico da região. É famoso pela sua magnífica arquitetura e pela estátua de Buda, situada no cume de uma colina com vista para o mosteiro. Este evento de dois dias comemora a vitória do bem sobre o mal e festeja o aniversário de nascimento do guru (mestre. N.T) budista Padmasamabhava, que transportou o budismo Vajrayana para a Ásia Central, China e para a região dos Himalaias. Reverenciado como o segundo Buda, o Guru Padmasambhava foi convidado a visitar a Índia no século VIII, a fim de subjugar as forças das trevas
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É BOM SABER MELHOR ÉPOCA PARA VISITAR Maio-setembro C OMO CHEGAR LÁ Apanhar um avião para o aeroporto Kushok Bakula Rimpochhe, em Leh; Ou um comboio para Jammu Tawi, a 300 km de distância; Ou conduzir através das autoestradas de Srinagar-Leh ou Manali-Leh. V ER TAMBÉM Parque Nacional de Hemis, o maior do sul da Ásia
e transformá-las em guardiões e protetores do dharma. O festival é celebrado anualmente no 10º dia lunar do calendário tibetano. Este ano, calha entre 7 e 8 de julho. O pátio central do Mosteiro de Hemis constitui o palco: Tambores, trombetas e instrumentos de sopro dão início às comemorações, com uma cerimónia matinal, na qual milhares de budistas recebem bênçãos a partir de um retrato do Senhor Padmasambhava. Arroz cru, paus de incenso, tomas (um prato de massa de pão e manteiga) e água benta, são os principais itens cerimoniais. O monge chefe do mosteiro transporta a água benta por todo o pátio para a purificação. No entanto, a principal atração é a dança religiosa de máscaras, realizada no pátio pelos lamas (monges) em torno do mastro central. Conhecidas como Chhams, essas representações dramáticas de dança são realizadas utilizando vestuário vibrante e máscaras assustadoras. A dança consiste de duas partes: a primeira é uma homenagem aos oito aspetos do Guru Padmasambhava. A segunda parte apresenta-nos Maha Dongcren, uma figura mascarada com chifres, destroçando as forças demoníacas. As oito manifestações de Padmasambhava pertencem à tradição dos tesouros revelados. As mesmas incluem a representação da união com a consorte, um
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Acima: As representações dramáticas em forma de dança de máscaras, conhecidas por Chhams Esquerda: O som das trompas é caraterístico das Chhams
monge budista integralmente ordenado, um jovem príncipe coroado, o Salvador que ensina o dharma às pessoas, a juventude inteligente, um yogi nu apontando para o sol, a feroz manifestação de Vajrakilaya e o Leão do Debate. Estas danças religiosas são utilizadas para educar as pessoas quanto à natureza impermanente de todos os fenómenos e quanto à vitória da mente sobre a ignorância e sobre o mal. Trompas e tambores hipnóticos servem de banda sonora perfeita para a dança, consistindo a maioria dos movimentos em passos calculados e rodopios. As cores deslumbrantes das vestes em rodopio, as máscaras antigas e os movimentos ondulantes criam um efeito visual muito agradável. Acredita-se que testemunhar as danças mascaradas elimina a ignorância e aproxima-nos da possibilidade de alcançarmos o nirvana. “Assistindo a estas danças de máscaras, ‘coreografadas’ por seres celestiais para os mestres iluminados, devemos receber as bênçãos necessárias, a fim de sermos capazes de cortar caminho através das emoções aflitivas e entendermos a natureza da nossa própria mente e da nossa própria sabedoria” diz-nos um monge do Mosteiro de Hemis.
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O poeta
Nobel
Uma visita ao lar ancestral de Rabindranath Tagore, Jorasanko Thakur Bari, em Calcutá, permite aos visitantes aproximarem-se do mundo pessoal e da vida do primeiro laureado pelo Prémio Nobel da Índia, que comemora o aniversário do seu nascimento a 7 de maio texto | Sutapa Mukerjee
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e acontecer estar a viajar em direção foi construída no final do século XVIII pelo ao norte de Kolkata (Calcutá), é avô de Rabindranath Tagore, o Príncipe impossível não reparar nos altos Dwarkanath Tagore. O terreno no qual se portões ornamentados de Jorasankho ergue a casa foi-lhe doado por um homem de Thakur Bari (6 Dwarkanath Tagore Lane). Cor negócios abastado de tijolo vermelho, o topo em arco é suportado Além do seu valor arquitetónico, esta casa por colunas de diferentes alturas conquistou um lugar especial nos e larguras de cada lado. O arco corações de todos os apreciadores O nome desta é coberto por uma estrutura de Tagore, uma vez que aqui moradia retangular, na qual se encontra nasceu o primeiro laureado para deriva de uma pintado em Bengali, corajosamente um Prémio Nobel da Índia (7 de estrutura antiga e de modo vistoso, Jorasanko maio de 1861) e aqui deu também de duas pontes Thakur Bari. As paredes têm o seu último suspiro (7 de agosto de madeira belos entalhes em mármore. Uma de 1941). O lar ancestral de Tagore semelhantes varanda longa percorre a frente encontra-se atualmente localizado dos quartos do andar de baixo, no campus da Universidade de com outras varandas mesmo por cima dos Rabindra Bharati, a qual organiza programas andares superiores. culturais e um festival de artes, o Aban Mela, O nome deriva de uma estrutura antiga no aniversário de nascimento do poeta. (jora) de duas pontes de madeira semelhantes É imperativo descalçarmo-nos antes de (sankho) existentes sobre um pequeno riacho entrarmos na morada de Tagore, considerada que passava então por aí. A casa, que se não menos do que um templo. A casa foi estende por mais de 35.000 metros quadrados, transformada num museu pitoresco.
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Uma representação artística de Rabindranath Tagore
The Jorasanko house is a vast, rambling congeries of mansions and rooms, representing the whims of many generations. – Edward Thompson M AIO - J UN H O
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EXPLORAR
Voltei lá um dia destes para passear neste edifício histórico. Como sempre, quando subi a escada e senti o mármore com desenhos diagonais sob os meus pés, fui transportado para outra época. A vista da sacada transportou-me para os anos de crescimento do poeta. Tal como William Wordsworth mencionou no «The Prelude», que o seu primeiro professor foi a natureza, também eu compreendi por que Tagore mencionou a mesma filosofia na maioria dos seus textos. Árvores altas erguemse até chegarem às janelas, enquanto as aves chilreiam incessantemente nos seus ninhos. O pequeno menino solitário (o jovem Rabindra) tinha a natureza como seu melhor amigo, o que se traduzia de forma extremamente bela nos versos dos seus poemas. As pinturas e fotografias que adornam as paredes atualmente, contam uma história de séculos atrás. Existem cerca de 40 pinturas originais do poeta laureado. O Museu tem três galerias dedicadas ao
Esquerda: Um busto de Tagore no Thakur Bari
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MAIS SOBRE A JORASANKO THAKURBARI Aberta todos os dias, exceto às segundasfeiras, entre as 10:00 e as 17:00 Espetáculo de luz e som Novembro a janeiro: 6.00 pm - 7.40 pm Fevereiro a junho: 7.00 pm - 8.40 pm
Acima: A Jorasanko Thakur Bari estende-se por mais de 35.000 m2
período renascentista de O Museu tem Bengala, à família de Tagore três galerias e ao poeta. Na primeira, levei dedicadas bastante tempo a deslocar-me ao período de um quadro para o outro, renascentista tendo ficado a contemplar de Bengala, à fixamente os presentes família de Tagore recebidos por Tagore ao longo e ao poeta das diferentes fases da sua vida. Existiam alguns velhos manuscritos, livros, revistas e discos, aí colocados de forma ordenada. Depois, dirigi-me à área de refeições. Esta encontrava-se adornada por uma grande em diante, passei à segunda Galeria, e luxuosa mesa baixa de madeira de cor dedicada à sua família: O avô, Dwarkanath negra, com algumas cadeiras sem encosto. Maharishi; o irmão Debendranath Tagore Duas salas contíguas apresentavam algumas e o sobrinho Abanindranath poucas vestes, que ainda exibiam o mesmo Tagore. A terceira retrata o enigma usado por Tagore. período renascentista e as Mais abaixo o ‘sanctum sanctorum’ personalidades de bengala, tais desta casa – o quarto, onde Tagore deu como Ishwar Chandra Vidyasagar o seu último suspiro. As portas de fole e Dwarkanath Tagore. permitiram-me a entrada e eu fiquei em Nem me apercebi das horas silêncio, sentindo a paz à minha volta. A que passei aí. Como símbolo luz sutil era carismática e, de dentro do desta visita, comprei alguns meu coração, ecoou pungente uma frase cartões e réplicas e permiti de Tagore: “e porque amo esta vida, sei simplesmente que a música de que deverei amar a morte também”. Daí Tagore tocasse no meu coração.
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Quando o céu
é o limite
A Dra. Tessy Thomas ascendeu vertiginosamente a um sucesso sem precedentes no campo da tecnologia de mísseis
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la acorda às 06:00, vai dar um passeio, Thomas foi ainda diretora adjunta do projeto para assiste a séries de TV e cozinha. Nos o míssil de longo alcance (3.000 km) Agni III e tempos livres, joga badminton e xadrez diretora de projeto do Agni IV. e um dos seus passatempos O seu fascínio desde a infância pela favoritos é a jardinagem. Parecematemática e pela ciência orientaramA Dra. Thomas lhe ser o quotidiano de qualquer na em direção ao seu percurso futuro, passa entre 10 a 12 mulher indiana? No entanto, a Dra. através de uma visita de estudo à horas no escritório, Tessy Thomas é, definitivamente, Thumba Rocket Launching Station a trabalhar em extraordinária. Ela passa 10-12 em Thiruvananthapuram, que lhe algumas das mais horas no escritório, a trabalhar em serviu de inspiração. A Dra. Thomas poderosas armas algumas das mais poderosas armas de concluiu o B Tech em engenharia de destruição em destruição em massa. Popularmente elétrica e em seguida o M Tech em massa conhecida como agniputri (a filha Mísseis Telecomandados, bem como do fogo) e com base estabelecida no um curso patrocinado pela Defence laboratório de sistemas avançados de Hyderabad, Research & Development Organisation (DRDO). foi a diretora de projeto para o míssil de longo Em 1988, juntou-se à DRDO e foi destacada para alcance (5.000 km) Agni V, em 2009. A Dra. o laboratório desta organização com base em Um modelo do Agni V no desfile do dia da República da Índia
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ENTREVISTA
Da esquerda, no sentido dos ponteiros do relógio: A receber uma recordação numa série de palestras; A partilhar um momento de descontração com os colegas; Na cerimónia de atribuição do Lal Bahadur Shastri National Award
Hyderabad, a fim de trabalhar com os grupos de bastante firme na vida, encarando tanto os sucessos navegação e orientação. “Desde então, tem vindo como os fracassos que encontra no seu caminho. “Ele a ser uma carreira de inspiração, de oportunidades introduziu o espírito de abertura e o trabalho em e de apoio científico por parte dos colegas e das equipa, tendo vindo a ser um modelo para todos nós chefias. Como resultado, tornei-me numa designer de na DRDO”, diz-nos a Dra. Thomas. sistemas para mísseis de longo alcance,” diz-nos. Apesar da sua exigente carreira, conseguiu Neste momento, a Dra. Thomas é a encontrar o equilíbrio perfeito entre diretora do Advanced Systems Laboratory, o trabalho e a vida pessoal. “Na vida, Apesar da DRDO. Como parte da equipa do Agni, chega uma altura em que é preciso sua carreira esteve envolvida na criação de modelos atingirmos um equilíbrio entre a extremamente e simulação de sistemas destes mísseis. carreira e o lar. Assim que consigamos exigente, “Durante a fase inicial da minha carreira, superar esse desafio com êxito, a vida conseguiu participei em todas as análises técnicas, torna-se mais fácil e mais feliz”, partilha encontrar o que me ajudou a entender melhor, a Dra. Thomas. Ao mesmo tempo em o equilíbrio o sistema”, diz-nos a que o apoio familiar tem desempenhado perfeito entre o Dra. Thomas, que está um papel importante no seu sucesso, ela trabalho e a vida Like na DRDO há já 27 admite ter enfrentado tempos difíceis a pessoal MEA INDIA anos. “Tive momentos nível pessoal, quando seu filho estava a de agonia e êxtase. estudar e o marido era destacado para Trabalhar com a DRDO tanto me fora. “Mas todos conseguimos. Tejas, o meu filho, Follow deu oportunidades como a coragem tem sido compreensivo e cooperante. Concluiu o seu @MEAINDIA para lidar com qualquer problema” curso de engenharia recentemente” diz-nos ela. afirma ela. Entre outros reconhecimentos, a Dra. Thomas Inspirada pela abordagem focada conquistou recentemente o Y Nayudamma Memorial Channel e orientada para os resultados do Award 2014 pela sua contribuição no campo da MEA INDIA Dr. APJ Abdul Kalam, mantém-se tecnologia de mísseis.
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